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Estrutura e Funcionamento da Educação Básica

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Prévia do material em texto

ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO 
DA EDUCAÇÃO BÁSICA 
2 
 
Wanderlei Sergio da Silva 
Graduado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP), Mestre em Ciências (Geografia Humana) 
também pela USP e Doutor em Geociências e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de 
Mesquita Filho (UNESP). 
Durante quinze anos trabalhou no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) com 
pesquisas relacionadas às geociências e ao meio ambiente. Atuou como consultor em trabalhos da área 
durante seis anos, totalizando cerca de cem projetos de pesquisa, muitos deles como coordenador de equipe. 
Em 2001 ingressou na Universidade Paulista (UNIP), onde lecionou disciplinas do curso presencial de 
Turismo relacionadas à geografia, ao meio ambiente e ao planejamento, bem como as disciplinas didático-
pedagógicas no curso presencial de Psicologia (Licenciatura). 
Atualmente é membro da Coordenadoria de Estágios em Educação e professor nos cursos de Letras e 
Matemática da UNIP Interativa, sendo responsável pelas disciplinas relacionadas a Prática de Ensino, 
Didática Geral, Estrutura e Funcionamento da Educação Básica e Planejamento e Políticas Públicas da 
Educação. 
 
Maria Aparecida Ventura Fernandes 
É licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), com 
especialização em Metodologia e Didática, e em Matemática pela UNIPaulistana, com especialização em 
Estatística pela Universidade de São Paulo (USP). Possui mestrado em Comunicação pela Universidade 
Paulista (UNIP). 
Trabalhou durante 27 anos na área da educação da Prefeitura Municipal de São Paulo como professora 
do Ensino Fundamental e Médio, Coordenadora Pedagógica, Diretora de Escola, Supervisora de Ensino e 
Assessora Técnica e de Planejamento na Secretaria Municipal de Educação. 
Em 1988 ingressou como professora na Universidade Paulista (UNIP), onde ministrou nos cursos de 
Pedagogia, Educação Física e Ciências Biológicas (Licenciatura). Foi também coordenadora auxiliar do curso 
de Pedagogia nos campi Luis Góes e Marquês de São Vicente, nos anos de 2000 e 2001. 
Desde 2005 até o presente momento, como professora adjunta, faz parte da equipe da Coordenadoria de 
Estágios em Educação da UNIP e é co-autora do livro Manual do Secretário de Escola e legislação anexa, 
distribuído para todas as escolas da rede municipal de ensino de São Paulo. 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
S586e Silva, Wanderlei Sérgio da 
Estrutura e funcionamento da educação básica / Wanderlei Sérgio da Silva; Maria Aparecida Ventura Fernandes. - São Paulo: 
Editora Sol, 2011. p. 104, il. 
Notas: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-040/11, ISSN 
1517-9230. 
1. Educação Básica 2. Estrutura 3. Funcionamento I. Título CDU 373.31 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por 
qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em 
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. 
 
3 
 
Prof. Dr. João Carlos Di Genio 
 
Reitor 
Prof. Fábio Romeu de Carvalho 
 
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças 
Profa. Melânia Dalla Torre 
 
Vice-Reitora de Unidades Universitárias 
Prof. Dr. Yugo Okida 
 
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa 
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez 
Vice-Reitora de Graduação 
 
Unip Interativa – EaD 
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza 
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar 
Prof. Ivan Daliberto Frugoli 
 
 
Material Didático – EaD 
Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias 
da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) 
Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e 
Avaliação de Cursos 
Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto 
Revisão: Aileen Nakamura Simone Oliveira 
4 
 
 
Estrutura e 
Funcionamento 
da Educação 
Básica 
 Apresentação ............... 06 
 Introdução ............... 06 
1 Legislação – noções básicas ............... 08 
 1.1 Ciclo evolutivo de uma lei ............... 08 
 1.2 Classificação e hierarquia dos diplomas 
legais 
............... 10 
 1.2.1 Classificação ............... 10 
 1.2.2 Hierarquia ............... 10 
2 A educação na história – BRASIL 
COLÔNIA 
............... 14 
3 A educação na história – BRASIL 
IMPÉRIO 
............... 15 
4 A educação na história – BRASIL 
REPÚBLICA 
............... 15 
5 A PRIMEIRA E A SEGUNDA LDB DO 
BRASIL 
............... 21 
 5.1 A Primeira LDB: Lei Federal nº 
4.024, de 20 de dezembro de 19 
............... 21 
 5.2 A Segunda LDB: Lei Federal nº 
5.692, de 11 de Agosto de 1971 
............... 23 
6 A terceira LDB – Lei Federal nº 
9.394 de 20 de dezembro de 1996 
............... 24 
 6.1 Breve histórico do encaminhamento e 
tramitação 
............... 25 
 6.2 Títulos ............... 27 
 6.2.1 Título I – Da Educação ............... 27 
 6.2.2 Título II – Dos Princípios e Fins da 
Educação Nacional 
............... 28 
 6.2.3 Título III – Do Direito à Educação e do 
Dever de Educar 
............... 31 
 6.2.4 Título IV – Da Organização da Educação 
Nacional 
............... 32 
 
5 
 
 6.2.5 Título V – Dos Níveis e das Modalidades 
de Educação e Ensino 
............... 34 
 6.2.6 Título VI – Profissionais da Educação ............... 40 
 6.2.7 Título VII – Dos Recursos Financeiros ............... 42 
 6.2.8 Título VIII – Das Disposições Gerais ............... 42 
 6.2.9 Título IX – Das Disposições Transitórias ............... 43 
 6.3 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Vigente 
............... 43 
7 O SISTEMA ESCOLAR BRASILEIRO ............... 75 
 7.1 Tipos de sistemas existentes em relação 
à educação 
............... 76 
 7.2 Estrutura do Sistema Escolar Brasileiro ............... 79 
8 Tendências da educação e componentes 
curriculares 
............... 81 
 8.1 Sociedade ............... 82 
 8.2 Educação ............... 83 
 8.3 Escola ............... 83 
 8.4 Objetivos educacionais das escolas ............... 84 
 8.5 Homem ............... 84 
 8.6 Professor ............... 84 
 8.7 Aluno ............... 84 
 8.8 Conteúdo programático ............... 85 
 8.9 Ensino-aprendizagem ............... 85 
 8.10 Espaços de Aprendizagem ............... 85 
 8.11 Classes de alunos ............... 86 
 8.12 Metodologia de ensino ............... 86 
 8.13 Recursos didáticos ............... 86 
 8.14 Relação professor x aluno ............... 87 
 8.15 Avaliação ............... 87 
6 
 
Apresentação 
De modo geral, a disciplina “Estrutura e Funcionamento da Educação Básica” tem 
como objetivo propiciar as condições para que você conheça e compreenda o 
funcionamento do sistema escolar brasileiro, de forma a reconhecê-lo como um 
elemento de reflexão sobre a realidade educacional brasileira e a sentir-se 
estimulado a acompanhar as medidas que realizam alterações no sistema. Essas 
condições serão de grande influência no pano de fundo de seu futuro profissional. 
Visa, também, proporcionar o conhecimento da evolução histórica da educação 
brasileira, bem como esclarecer conceitos e palavras-chave para a sua formação, 
como “sistema” e “sistema escolar”, além de esclarecer alguns dos principais 
motivos que levaram à atual estrutura administrativa e didática do sistema, entre 
outros aspectos relevantes.Introdução 
Educação é um tema abrangente, pois envolve diversos aspectos que se 
articulam, se fundem e se confundem, dando forma a este elemento fundamental a 
toda e qualquer sociedade. Diante da sua grandiosidade, a educação evidentemente 
envolve toda uma situação problemática, fonte de diversas pesquisas acadêmicas. 
Aspectos como família, escola, sociedade, ensino, estrutura social, entre outros, são 
abrangidos pelo tema, criando uma complexidade ao mesmo tempo fascinante e de 
difícil compreensão. 
Neste livro-texto, apenas um aspecto do tema será abordado: a estrutura e o 
funcionamento da educação básica. Trata-se de um dos aspectos mais importantes, 
como poderá ser notado durante o estudo da disciplina. A ideia é esclarecer 
questões fundamentais para o futuro exercício profissional do aluno, oferecendo 
subsídios para responder a perguntas básicas: como a educação está estruturada 
no Brasil? Como ela funciona? O que isto tem a ver com a sua formação? E com o 
seu futuro profissional? 
Desde já, pode-se afirmar que a estrutura e o funcionamento da educação básica 
apoiam-se numa estrutura definida pela legislação. De início, portanto, são 
necessárias noções básicas de legislação para se entender este funcionamento. 
Observação 
A estrutura e o funcionamento da educação básica são definidos 
legalmente. 
 
 
7 
 
 
No entanto, apenas a compreensão histórica do tratamento dado à educação nos 
principais diplomas legais que tratam do assunto no país poderá promover o 
aprendizado e a compreensão adequada da questão. Por isto, num segundo 
momento, este aspecto do tema será devidamente apresentado neste livro-texto. 
Toda esta trajetória se torna necessária para o entendimento dos caminhos 
trilhados pela legislação educacional até redundar no atual sistema, definido pela Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) vigente no país atualmente. Os 
detalhes a respeito do tratamento dado ao assunto nesta lei comporão, portanto, o 
restante deste texto, com ênfase no sistema educacional brasileiro e as tendências 
educacionais para um futuro próximo. 
O tema é de fundamental importância para você, futuro professor, pois a estrutura 
e o funcionamento da educação básica representam o “pano de fundo” de toda a 
sua atuação profissional no futuro. Há assuntos correlatos que permeiam o tema. 
Por isto, constantemente será necessário recorrermos a eles, com o intuito de 
esclarecer esta questão de tão grande importância para a sua formação. 
8 
 
1 legislação – noções básicas 
Uma vez que a estrutura e o funcionamento da educação básica são definidos 
pela legislação, torna-se necessário obter certo conhecimento básico sobre o 
assunto. Afinal, o que é legislação? Por que leva tanto tempo para que as leis sejam 
elaboradas? Como se dá a prevalência de um diploma legal sobre o outro? Qual é o 
mais importante? Quem legisla? 
Legislação é definida como a “parte da ciência do Direito que se ocupa 
especialmente do estudo dos atos legislativos” (ORLANDO, P., apud OLIVEIRA, 
T.N.O.). É, também, “o conjunto das leis que regulam particularmente certa matéria” 
(FREIRE, L., apud OLIVEIRA, T.N.O.). Legislação educacional pode ser definida, 
portanto, como o conjunto de diplomas legais (leis, decretos, decretos-leis, portarias, 
resoluções etc.) e documentos correlatos (pareceres, deliberações etc.) que regulam 
a educação. 
 
Legislar é atribuição do Poder Público, principalmente do Poder Legislativo. Num 
regime democrático, inclusive, é indelegável a outro poder. Assim, ao Poder 
Legislativo cabe legislar, ao Poder Executivo cabe executar e ao Poder Judiciário 
cabe julgar. 
Observação 
Legislação é o conjunto de leis que regulam certa matéria. Assim, 
legislação educacional é o conjunto de diplomas legais que tratam da 
educação. 
Lembrete 
Num regime democrático, as funções dos três poderes são muito bem 
definidas: o Legislativo legisla, o Executivo executa e o Judiciário 
julga. 
1.1 Ciclo evolutivo de uma lei 
No caso brasileiro, a estrutura do sistema escolar é estabelecida por um diploma 
legal específico, chamado “Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)”. 
Sendo assim, é importante contextualizar este diploma legal denominado “Lei” na 
estrutura legal vigente no país, de modo a sabermos qual o seu poder de influência 
sobre outros diplomas legais e o seu grau de importância na hierarquia legal. 
A partir do surgimento de uma ideia, até passar a vigorar no país, uma lei passa 
por etapas de um processo que será apresentado sucintamente a seguir: 
 
9 
 
 
• Iniciativa: a iniciativa de propor um projeto de lei pode partir de um legislador 
individualmente (vereador, deputado ou senador), de uma bancada (grupo de 
parlamentares que representa determinada camada da sociedade) ou de todo o 
legislativo. Trata-se do lançamento da ideia para discussão, apoio, reformulação ou 
veto, de acordo com os interesses dos parlamentares; 
• Discussão: a partir do lançamento da ideia, o projeto de lei passa a ser 
discutido no âmbito da casa do poder legislativo onde ela surgiu: 
• Esfera municipal: Câmara municipal; 
• Esfera estadual: Assembleia legislativa; 
• Esfera federal: Câmara dos deputados, Senado ou Congresso Nacional. 
 
O processo de discussão é a parte mais prolongada de todo o ciclo evolutivo da 
lei, pois envolve sugestões de emendas por parte de todos os parlamentares 
interessados no assunto, num jogo de interesses no qual o assunto de interesse 
comum é tratado por parlamentares de interesses diferentes, dependendo de quem 
cada um deles representa. 
• Votação: após muita discussão, procurando equilibrar a balança do perde e ganha 
do processo, o projeto de lei é votado no legislativo. Caso seja rejeitado, ele é 
arquivado. Caso seja aprovado, seguirá para o Poder Executivo, visando transformar 
o projeto em lei; 
 
• Sanção: a sanção de um projeto de lei é prerrogativa do chefe do Poder Executivo: 
• Esfera municipal: Prefeito; 
• Esfera estadual: Governador; 
• Esfera federal: Presidente. 
Trata-se da aprovação da deliberação do legislativo, ou seja, a chancela do chefe 
o executivo para o projeto. Este, ao julgar o documento legal, levará em conta: 
• A constitucionalidade: o projeto é constitucional? Encontra apoio na 
Constituição? Não contradiz nenhum dispositivo da Constituição? 
• A oportunidade: é oportuno que este assunto seja tratado naquele momento? 
• A necessidade do Projeto de Lei: este projeto é mesmo necessário? 
 
• Promulgação: trata-se da autenticação da regularidade da lei e a ordem para 
a sua execução. É um ato do poder executivo, pelo qual a lei adquire força 
obrigatória; 
• Publicação: divulgação da lei em Diário Oficial para que se torne conhecida 
10 
 
por todos. Recomenda-se o acompanhamento constante daquilo que é publicado 
no Diário Oficial da União, do seu Estado e do seu Município, pois após a 
publicação não se aceita a justificativa de descumprimento do dispositivo legal 
por desconhecimento. 
• Veto: é uma prerrogativa do chefe do Poder Executivo, ou seja, sua 
manifestação contrária à conversão do projeto de lei em lei. Somente o chefe do 
poder executivo pertinente pode vetar determinada lei proposta pelo poder 
legislativo. O veto pode ser em parte ou na sua totalidade, de modo que, caso 
ocorra, provocará um novo exame da lei no legislativo, podendo ser rejeitado ou 
derrubado por voto da maioria dos legisladores. Neste caso, portanto, 
prevalecerá a proposta da maioria do legislativo sobre a opinião do chefe do 
poder executivo. 
 
Evidentemente este é um processo demorado, afinal, a tendência é que quanto 
mais importante for o assunto, mais acaloradosserão os debates políticos sobre 
a lei, pois, neste processo, agentes sociais de interesses diferentes discutem um 
assunto de interesse comum até chegarem a um texto final. No caso da atual 
LDB, por exemplo, o processo durou cerca de oito anos, entre 1988 e 1996. 
 
1.2 Classificação e hierarquia dos diplomas legais 
1.2.1 Classificação 
Quanto à classificação dos diplomas legais, há uma relação direta entre os 
diferentes níveis de poder, que pode ser assim sintetizada: 
• Diplomas Legais Federais: os mais importantes, que devem prevalecer 
sobre os demais; 
• Diplomas Legais Estaduais: podem complementar os federais de mesma 
hierarquia, sem contrariá-los; 
• Diplomas Legais Municipais: podem complementar os estaduais de mesma 
hierarquia, sem contrariá-los. 
 
1.2.2 Hierarquia 
Quanto à hierarquia entre os diplomas legais, a relação que se estabelece é a 
seguinte: 
• Constitucionais: as mais importantes; 
• Complementares: regulamentam normas constitucionais, ou seja, 
complementam a Constituição e se aderem a ela, como se fossem suas partes 
integrantes; 
11 
 
• Ordinárias: leis comuns que regulamentam dispositivos constitucionais, 
porém sem se aderirem a ela. 
 
Lembrete 
Aqui está em evidência apenas a classificação e a hierarquia entre as 
leis. Outros diplomas legais (decretos, decretos-leis, medidas provisórias, 
resoluções, portarias etc.) também apresentam suas classificações e 
hierarquias, porém não são objetos deste livro-texto. 
Ficou demonstrado que, quanto à hierarquia, as normas constitucionais são as 
mais importantes. A Constituição é entendida como a “lei suprema” e fundamental 
do Estado e da vida jurídica de um país. Nela são estabelecidas as normas 
fundamentais, às quais todos os demais diplomas legais devem conformar-se, 
cumprindo o “princípio de constitucionalidade”. 
Sendo assim, no caso da legislação federal, prevalece a “Constituição Federal” – 
lei suprema do país. No caso da legislação estadual, prevalece a “Constituição 
Estadual” – lei suprema do Estado onde ela vigora. No caso da legislação municipal, 
prevalece a chamada “lei orgânica”, que é a constituição municipal, ou seja, sua lei 
suprema, sempre respeitando, também, a classificação supracitada em termos de 
prevalência de uma esfera governamental sobre a outra. 
A LDBEN é uma lei ordinária federal, portanto, subordinada apenas à 
Constituição Federal e a suas leis e decretos-leis complementares. Todo o restante 
da legislação educacional do país deve, portanto, seguir as diretrizes e normas nela 
estabelecidas. 
Em síntese, neste módulo enfoca-se o termo “legislação” pelo fato de a estrutura 
e o funcionamento da educação básica no Brasil ser definida com base em uma lei. 
Dessa forma, tendo em mente que legislar é atribuição do Poder Público, 
principalmente do Poder Legislativo, podemos dizer que “legislação” é um termo 
definido como o conjunto das leis que regulam particularmente certa matéria, e que 
“legislação educacional”, portanto, pode ser definida como o conjunto de diplomas 
legais e documentos correlatos que regulam a educação. 
12 
 
2 A Educação na História – Brasil Colônia 
No Brasil, em pleno século XXI, a educação escolar ainda é um produto social 
desigualmente distribuído. O acesso a um padrão elevado de qualidade ainda 
depende de fatores como classe socioeconômica, sexo, etnia, local de residência 
etc., fatores esses diretamente ligados, inclusive, ao tipo de rede escolar a ser 
frequentado, seja pública, seja particular. 
Até algumas décadas atrás, a escola pública oferecia uma excelente qualidade 
de ensino. Na prática, alunos que frequentavam escolas particulares o faziam por 
não conseguirem aprovação nas escolas públicas. No entanto, esta realidade mudou 
drasticamente nos últimos 40 anos. Em decorrência de uma série de motivos, alguns 
dos quais ressaltados neste livro-texto, a escola pública perdeu qualidade, de modo 
que as escolas particulares passaram a ser o padrão de qualidade de ensino do 
país. Dessa forma, hoje, as melhores escolas são acessíveis apenas para quem 
pode pagar, e quem não pode acaba tendo que se contentar com uma escola de 
menor qualidade. 
Toda essa situação tem explicação na história. O conhecimento dos fatos 
históricos nos permite entender a realidade atual de forma a se ter uma noção do 
que está para vir e, assim, evitar possíveis problemas. É aí que reside a importância 
deste tópico para a sua formação. 
Pode-se afirmar que, a partir de certo momento da história (o advento da 
república), o discurso político que insistia sobre a função homogeneizadora e 
igualitária da escola, que fabrica cidadãos iguais, foi-se esvaziando 
progressivamente de sua substância. Passou-se a vivenciar uma heterogeneidade 
provocada pela atual fragmentação da estrutura do sistema escolar brasileiro em 
várias redes, reproduzindo e acentuando as desigualdades sociais e 
comprometendo o desenvolvimento econômico e social do país. 
Como cada rede se dirige a consumidores diferentes, a estrutura do sistema 
deixa de ser de livre mercado concorrencial e passa a acentuar, cada vez mais, 
disparidades sociais que se refletem em estatísticas educacionais muito 
diferenciadas. 
Observação 
A atual estrutura da educação básica é o reflexo de um histórico de 
acontecimentos cujas raízes remontam ao descobrimento do país. Por 
isso, na sequência, serão apontados os principais fatos históricos do 
processo, os quais geraram a atual estrutura. 
 
O período em que o Brasil foi colônia de Portugal corresponde à maior parte da 
13 
 
nossa história, desde o descobrimento (1500) até a proclamação da independência 
(1822). 
A partir do descobrimento até a independência, o Brasil foi uma colônia de 
Portugal, de modo que não dispunha de uma constituição própria. Neste período, 
dentre os principais fatos relacionados à educação que ocorreram, destacam-se: 
• 1549 – Chegada dos jesuítas ao Brasil: entre o descobrimento e a chegada 
dos jesuítas, a educação formal não existia. Ela se restringia ao seu sentido social e 
assistemático, ou seja, entre os indígenas as gerações mais velhas exerciam ações 
sobre as mais novas, orientando sua conduta e transmitindo conhecimentos, 
normas, valores, crenças e costumes aceitos pelo grupo. As sociedades indígenas, 
muito simples, eram separadas umas das outras e possuiam um acervo cultural 
rudimentar. Os mais jovens aprendiam com os mais velhos por experiência direta, 
portanto não havia um acervo cultural suficientemente vasto e complexo que 
exigisse a existência da educação formal em escolas. A partir da chegada dos 
jesuítas, em 1549, teve início um longo período marcado pela educação para a 
catequese e a instrução dos “gentios” por meio de escolas de primeiras letras e 
colégios. Após 15 dias da sua chegada, os jesuítas criaram a primeira escola 
brasileira, em Salvador, BA. Desde então, até serem expulsos da colônia, criaram 
uma rede de escolas por praticamente todas as cidades onde existiam casas de 
jesuítas. A atuação dos jesuítas atendeu aos seus propósitos missionários e aos 
propósitos colonialistas de Portugal, educando por meio de escolas elementares, 
seminários e colégios. 
• 1759 – Expulsão dos Jesuítas pelo Marquês de Pombal: após 210 anos de 
catequese e primeiras letras, a população brasileira passou por um processo de 
tentativa de laicização do ensino. Os jesuítas, única opção de educação, foram 
expulsos do país por Sebastião José de Carvalho Melo, o Marquês de Pombal, e, 
por incrível que possa parecer, houve um retrocesso, algo inimaginável numa 
sociedade tão carente em termos de educação. Esta, por determinação da coroa 
portuguesa, deveria ser posta a serviço dos interesses civis e políticosdo império 
lusitano, o que realmente veio a ocorrer, em prejuízo da população brasileira, à 
época com a sua quase totalidade sem qualquer escolaridade. A princípio, Marquês 
de Pombal extinguiu os aldeamentos indígenas do Pará e do Maranhão. Após três 
anos, a medida foi estendida a todo o território brasileiro. O argumento de Marquês 
de Pombal era o de assegurar a liberdade dos índios, visando facilitar o seu ingresso 
na sociedade branca e, com isso, defender e povoar o território brasileiro. Sua 
reforma criou as chamadas “aulas régias” e o cargo de “Diretor Geral de Estudos”, 
que tinha a função de nomear professores e fiscalizar o seu ensino. Seu maior 
intuito era substituir definitivamente o sistema jesuítico (medieval) por um sistema 
mais moderno (científico), no entanto, ao deixar de destinar recursos financeiros e 
professores para efetivar sua proposta, acabou com o ensino jesuítico sem criar um 
substituto à altura. Assim, a maioria das escolas fundadas antes e depois da reforma 
pombalina continuou utilizando a pedagogia jesuítica, até porque muitos de seus 
professores haviam sido formados por ela, e os professores recém-chegados ao 
Brasil de Portugal eram normalmente hostilizados pelos estudantes e pela 
14 
 
população em geral; 
 
• 1808 – Chegada da Família Real ao Brasil: a partir desta data, com a chegada 
da família real portuguesa ao Brasil, a administração de D. João VI passou a 
privilegiar os estudos técnico-militares, profissionais e superiores, em 
detrimento da instrução elementar. No entanto, houve um ligeiro acréscimo de 
opções para a escolarização da população brasileira, de modo que portas 
começaram a se abrir em termos políticos, econômicos e sociais, com reflexo 
direto e indireto na educação, embora fossem direcionadas a poucos 
privilegiados. 
3 A Educação na História – Brasil Império 
Lembrete 
O período em que o Brasil fez parte do império português está 
compreendido entre a proclamação da independência (1822) e a 
proclamação da república (1889). 
• 1822 – Independência do Brasil: finalmente, em 1822 o país se tornou 
independente, ou melhor, deixou de ser colônia e passou a ser parte integrante do 
império português. Desde então, passou a ser regido por normas constitucionais 
próprias, ou seja, num certo sentido passou a definir o seu próprio futuro em todos 
os aspectos, inclusive o da educação. Com o advento da independência, surgia uma 
nova política para a instrução popular. Veja a seguir os principais fatos ocorridos no 
período do império: 
 1824 – Promulgação da Constituição do Império: com a declaração da 
independência, o trono português fechou a Assembleia Nacional Constituinte e foi 
outorgada a primeira Constituição do Brasil de modo imposto unilateralmente, sem 
participação popular, sequer indireta. Nela, pela primeira vez na história do país, 
reconhece-se o direito de todo cidadão brasileiro à instrução primária gratuita. Este 
princípio repetiu-se em quase todas as demais constituições brasileiras, exceto a de 
1891, que silenciou a esse respeito. Esta Constituição garantia, também, a 
existência de colégios e universidades onde se ensinassem os “elementos das 
ciências, belas artes e artes”. Mesmo de modo incipiente, a educação no Brasil 
passava, então, a ganhar uma forma mais sistemática e estruturada. Apesar de 
incluir princípios aparentemente liberais, as elites ignoraram-na completamente, o 
que se refletia, também, no campo educacional. Garantiu-se o direito à instrução 
primária gratuita a toda a população, mas calou-se, a Constituição, sobre 
obrigatoriedade de se oferecer esta instrução. Além disso, onde se lê “toda a 
população”, leia-se “exceto os escravos”, evidentemente. Construíam-se poucas 
escolas, não havia preparo adequado de professores e ainda previa-se a fundação 
de universidades, o que, no entanto, só veio a ocorrer cerca de um século depois; 
• 1827 – Promulgação da Lei das Escolas de Primeiras Letras: ocorreu em 
15 
 
15 de outubro de 1827, data que posteriormente foi adotada com comemorativa do 
Dia do Professor, mais precisamente a partir de 1963, no governo João Goulart. Em 
termos de legislação ordinária, esta foi a única lei que tratou do ensino elementar até 
1946; 
• 1834 – Reforma Constitucional: descentralizou a responsabilidade 
administrativa educacional, agravando a situação da instrução no país. O poder 
central deveria se preocupar com temas “mais importantes”, deixando a cargo das 
províncias a missão de instruir o povo. Na prática houve uma divisão de 
responsabilidades, com o governo central se responsabilizando pelo ensino superior 
já existente e por outras instituições que fossem criadas por lei imperial. Ressalte-se 
que o governo central não criou nenhum estabelecimento novo nas províncias. A 
elas coube a instrução primária, no entanto, receberam pouquíssima verba para o 
tema; 
• 1837 – Criação do Colégio Pedro II: à época, neste colégio, foi instituído o 
modelo dos estudos secundários; 
 
• 1854 – Reforma Couto Ferraz: estruturou a instrução primária elementar 
gratuita, garantida na Constituição, em dois níveis o primário e o secundário), restrito 
ao Município da Corte, ou seja, ao Rio de Janeiro. Mesmo após a promulgação da 
lei, as escolas de instrução secundárias não foram criadas e as de instrução primária 
não se desenvolveram, principalmente por falta de recursos e de professores; 
• 1878 – Reforma Leôncio de Carvalho: consagrou o regime de exames 
parcelados no ensino médio. 
 
Na prática, pode-se afirmar que o império pouco ou quase nada fez para alterar a 
precária situação herdada da gestão pombalina. A burguesia emergente e a 
aristocracia decadente lançaram um primeiro projeto de escolarização com certo 
sucesso, porém este processo não chegou ao povo. Este, quando conseguia manter 
contato com a educação, restringia-se ao básico, mesmo assim arcaico e 
rudimentar. Enquanto isso, o ensino secundário e o universitário eram destinados a 
poucos privilegiados economicamente. 
A seguir, serão apresentados os principais fatos ocorridos a partir da República 
até a promulgação da atual Constituição da República Federativa do Brasil, em 
1988. 
4. A Educação na História – Brasil República 
Observação 
O Brasil passou a ser uma república federativa independente a partir da 
proclamação desta república (1889) e assim permanece até os dias atuais. 
16 
 
• 1889 – Proclamação da República: em 1889, após um golpe militar que 
depôs D. Pedro II, foi proclamada a república. A partir de então, gradativamente a 
educação passou a crescer em importância no cenário político e social do país. No 
entanto, no início deste período, o advento do novo regime não trouxe significativas 
alterações para a instrução pública; apenas após certo amadurecimento é que isto 
viria a ocorrer. A substituição do trabalho escravo ajudou bastante neste sentido. 
Inclusive, a nova educação passaria a seguir princípios positivistas em lugar da 
teologia; 
• 1891 – Promulgação da Primeira Constituição da República Brasileira: 
com a mudança do regime, muda a Constituição. De início, no entanto, a nova 
Constituição pouco modificou a partilha de atribuições entre o governo central e os 
governos locais no que se refere à educação e aos demais temas de interesse. 
Mesmo assim, deve ser ressaltado que ela concedeu competência ao Congresso 
Nacional para legislar sobre o ensino superior e estabeleceu o “ensino leigo”, a ser 
ministrado nos estabelecimentos públicos. A partir do momento em que a nova 
Constituição apregoou a eliminação do ensino religioso, a Igreja Católica 
desencadeou um plano para cristianizar as elites, utilizando-se da educação pública. 
Criou uma rede de escolas confessionais, já que tinha autorização para abri-las sem 
licença,contando com o apoio da oligarquia rural e dos governos provinciais e 
municipais. O governo central relegou a instrução primária e secundária às 
províncias e municípios, os quais, em geral, não dispunham nem de recursos nem 
de vontade política para desenvolvê-la. A igreja e a iniciativa privada não chegaram 
a popularizar a educação; 
 
• 1924 – Criação da Associação Brasileira de Educação (ABE): esta 
agremiação passou a reunir elementos de todo o país na discussão de uma política 
nacional de educação, pela primeira vez na história; 
• 1930 – Fim da Chamada “República Velha”: Getúlio Vargas no poder: por 
meio de um golpe militar, Getúlio Vargas assume o poder, põe fim ao sistema 
oligárquico e esvazia o regionalismo, além de redefinir o papel do Estado a partir de 
uma ação mais intervencionista em todos os setores da vida nacional, sobretudo na 
educação. Getúlio Vargas era gaúcho e, como governador de seu estado, havia 
conseguido pôr fim cerca de três séculos quase ininterruptos de guerras. 
Pessoalmente considerava a educação como prioridade nacional, um instrumento 
muito útil e fundamental para servir aos seus interesses de integrar o território do 
país, até então muito fragmentado em termos culturais e políticos; 
• 1931 – Criação do Ministério da Educação e Saúde Pública e do 
Conselho Nacional de Educação: pela primeira vez, o país tinha um ministério 
específico e um conselho de governo para tratar dos assuntos da educação. Ainda 
neste ano, ocorreu a Reforma Francisco Campos, que promoveu a educação em 
caráter nacional; 
17 
 
 
Lembrete 
O ex-presidente Getúlio Vargas ascendeu ao poder em 1932, por 
meio de uma revolução militar. Assim permaneceu até 1945 e retornou 
ao poder em 1950, dessa vez por meio do voto popular. Foi o grande 
responsável pela mudança radical da visão do país em relação à 
educação, implementando grande parte dos dispositivos legais que 
permanecem até os dias atuais. 
• 1934 – Constituição outorgada por Vargas: aqui, pela primeira vez, inúmeros 
dispositivos constitucionais foram dedicados à educação, dentre os quais se 
destacam: a difusão, por parte da União e dos estados, da instrução pública em 
todos os seus graus; a isenção de qualquer tributo aos estabelecimentos 
particulares de educação gratuita ou profissional, oficialmente considerados 
idôneos; a criação de fundos para auxílio a alunos necessitados, mediante 
fornecimento gratuito de material escolar, bolsas de estudo, assistência alimentar, 
dentária e médica; estabelecimento da educação como direito de todos; a 
liberdade de ensino a todos os graus; o planejamento nacional da educação; a 
ministração do ensino em idioma pátrio; a tendência à gratuidade do ensino 
posterior ao primário; a laicidade do ensino primário, secundário, profissional e 
normal nas escolas públicas; a exigência de concursos de títulos e provas para 
provimento dos cargos do magistério oficial; a liberdade de cátedra; a aplicação de 
recursos na manutenção e desenvolvimento dos sistemas educativos; a 
destinação de recursos à educação nas zonas rurais; a garantia de ensino 
primário gratuito aos operários ou aos filhos destes, por parte das empresas 
industriais ou agrícolas; o desenvolvimento das ciências, das artes, das letras e da 
cultura em geral pelos poderes públicos; 
 
Observação 
A Constituição de 1934 inovou muito e estabeleceu a maior parte da 
base da educação no país que perdura até os dias de hoje. A partir dela 
a educação passou a ser encarada como um elemento realmente 
importante para o desenvolvimento da nação. 
18 
 
• 1937 – Segunda Constituição outorgada por Vargas: apesar de restringir 
liberdades individuais, dedicou alguns dispositivos à educação, dentre os quais se 
destacam: a substituição do conceito de educação como “direito de todos” pelo de 
educação como “dever e direito natural dos pais”, atribuindo à família a 
responsabilidade primeira pela educação integral da prole e, ao Estado, o dever de 
colaborar com a execução desta responsabilidade, suprindo as deficiências e 
lacunas da educação particular; dedicou atenção à infância e à juventude ao dispor 
sobre a garantia da assistência física, moral e intelectual a ser-lhes prestada pelos 
responsáveis e, na falta destes, pelo Estado; a garantia de educação de crianças e 
adolescentes carentes em estabelecimentos federais, estaduais e municipais; a 
destinação do ensino público pré-vocacional e profissional aos menos favorecidos e 
o ensino particular acadêmico às classes privilegiadas; a obrigatoriedade da 
educação física, do ensino cívico e dos trabalhos manuais em todas as escolas 
primárias e médias, como requisito para a sua autorização e reconhecimento; o 
estabelecimento de gratuidade e obrigatoriedade do ensino primário; a instituição, 
para os mais ricos, de uma contribuição “módica e mensal” para o caixa escolar; o 
estabelecimento da laicidade do ensino ministrado nas escolas primárias e médias. 
Esta Constituição omitiu-se, no entanto, quanto à aplicação de recursos públicos 
para a manutenção e o desenvolvimento do ensino; 
1942 – Reforma Gustavo Capanema: por meio dela, surgiram o “Ginásio” e o 
“Colégio”. Dentro do colégio, houve uma subdivisão em dois cursos: o clássico e o 
científico; 1946 – Promulgação da Constituição Pós “Ditadura Vargas”: em 1945, 
após a queda da Ditadura Vargas, retoma-se a orientação descentralizadora e liberal 
da Constituição de 1934. Merece destaque o seguinte dispositivo: estabelecimento 
de que “cabe à União legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional e 
organizar o sistema federal de ensino, de caráter supletivo, estendendo-se a todo o 
país, nos estritos limites das deficiências locais (art. 5 e 170)”. Encontra-se aqui, 
portanto, o embrião das leis de diretrizes e bases da educação, hoje vigentes, que 
orientam a estrutura e o funcionamento da educação no país; o estabelecimento do 
princípio da obrigatoriedade do ensino primário para todos, com gratuidade nas 
escolas públicas; o estabelecimento da laicidade do ensino primário e médio oficial; 
a prioridade da família na educação; a liberdade da iniciativa privada com relação ao 
ensino; a obrigatoriedade da ministração do ensino na língua nacional; a 
vitaliciedade e a liberdade de cátedra; a aplicação de recursos provenientes de 
impostos no desenvolvimento do ensino; o desenvolvimento dos sistemas de ensino 
federal e dos territórios por meio de Fundo Nacional; a autonomia dos estados e do 
Distrito Federal na organização de seus sistemas de ensino; a assistência 
educacional aos necessitados; a manutenção obrigatória, por parte das empresas, 
do ensino primário gratuito aos servidores e seus filhos; a criação de institutos de 
pesquisas; o amparo à cultura como dever do Estado; 
19 
 
• 1961 – Promulgação da Primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional – LDB (Lei 4.024): finalmente a educação passa a ter um conjunto de 
diplomas legais que regula o assunto. Trata-se de um importante passo no sentido 
da unificação do sistema de ensino e da eliminação do dualismo administrativo 
herdado do Império. Neste ano, também foram criados o Conselho Federal de 
Educação e os conselhos estaduais de educação; 
• 1964 – Implantação da Ditadura Militar: a partir dela, passou a ocorrer uma 
progressiva centralização política e administrativa, na contramarcha do processo de 
descentralização estabelecido pela LDB. Criou-se o Ministério do Planejamento, que 
passou a liderar o processo de planejamento da educação; 
 
Lembrete 
O regime militar instaurado em 1964 perdurou até 1985 no país, 
um longo período caracterizado pela perda de direitos democráticos que 
afetou toda a sociedade. A educação, como parte da sociedade,evidentemente foi adequada ao regime de exceção do período, o que 
levou, por exemplo, à necessidade de elaborar uma nova LDB, em 
1971. 
• 1967 – Promulgação da Constituição: com a mudança imposta pelo regime 
militar ditatorial, antagônico ao regime que imperava naquele período da história 
nacional, esperava-se grandes mudanças na Constituição, mas isto não ocorreu no 
que diz respeito à educação. Foram mantidos os principais dispositivos sobre a 
educação consagrados pela Constituição de 1946, com exceção feita ao dispositivo 
que trata da aplicação de recursos públicos no ensino. Merecem destaque, também: 
a ampliação das possibilidades da iniciativa privada em relação ao desenvolvimento 
do ensino, garantindo amparo técnico e financeiro do poder público, inclusive por 
meio de bolsas de estudos; o estabelecimento da faixa etária de obrigatoriedade 
escolar primária, entre os 7 e os 14 anos; 
 
• 1968 – Promulgação da Lei nº 5.540: organizou e normatizou 
especificamente o ensino superior; 
• 1969 – Promulgação da Emenda Constitucional nº 1: este diploma legal 
adquiriu peso de Constituição, mas não trouxe, no que se refere à educação, 
grandes novidades. Os principais destaques são os seguintes: acréscimo da 
expressão “é dever do Estado” ao dispositivo que trata do “direito de todos à 
educação”, o que passou a garantir este direito; a extinção da liberdade de cátedra, 
restringindo a liberdade de comunicação de conhecimentos; a omissão sobre a 
aplicação de recursos tributários ao ensino; a instituição do salário-educação; 
manutenção da garantia do ensino primário gratuito por parte das empresas 
(comerciais, industriais e agrícolas) aos empregados e filhos destes. 
 
20 
 
• 1971 – Promulgação da Segunda LDB brasileira (Lei nº 5692): no cerne da 
ditadura militar, esta lei apresentava uma tendência centralizadora e tratava apenas 
da educação básica, omitindo-se quanto ao ensino superior, que foi tratado na Lei 
5.540/68; 
• 1982 – Promulgação da Lei 7.044: esta lei aboliu a obrigatoriedade da 
profissionalização no ensino de segundo grau, prevista na LDB então vigente no 
país e que foi um completo fracasso; 
• 1983 – Promulgação da Emenda Constitucional nº 24: esta emenda 
recuperou o dispositivo constitucional de 1946, que tratava da aplicação de recursos 
tributários ao ensino; 
• 1988 – Promulgação da Constituição da República atualmente em vigor: 
com o fim da ditadura militar em 1985, a nova Carta Magna foi promulgada e 
estabeleceu que a responsabilidade pela organização dos sistemas de ensino 
deixava de ser exclusiva dos estados, reconhecendo-se a existência dos sistemas 
municipais. Além disso, estabeleceu a convivência entre as redes pública e 
particular; 
 
• 1996 – Promulgação da atual LDB (Lei 9.394): apoiada na nova Constituição, é 
considerada uma lei completa e será detalhada no item 6 deste livro-texto. 
Lembrete 
A atual LDB, de características democratizantes, somente pôde ser 
debatida e implantada após o regime militar, que findou-se em 1985. 
Saiba mais 
A leitura do livro aqui indicado propiciará um entendimento mais 
detalhado do assunto, especialmente o seu Capítulo 1 – “A Escola 
Moderna Chega ao Brasil”. PILETTI, N. & ROSSATO, G. Educação 
Básica: da organização legal ao cotidiano escolar. São Paulo: ática, 
2010. 
Neste tópico, portanto, enfoca-se o histórico da educação no Brasil com 
ênfase nos principais fatos que contribuíram para o estabelecimento do atual 
sistema vigente no país. 
Os diversos fatos importantes apresentados demonstram que a educação 
sempre foi relegada a um segundo plano no contexto histórico do país. Somente 
muito recentemente, a partir da década de 1930, é que ela passou a ser reconhecida 
e tratada como um aspecto importante da vida nacional. Por este motivo, em grande 
parte, ainda convivemos com grandes problemas e dificuldades que vêm sendo 
21 
 
gradativamente confrontados e resolvidos. Há, inclusive, no campo das ideias e com 
base no Plano Nacional de Educação em discussão no Congresso Nacional, uma 
expectativa de cenário gradativamente melhor para os próximos anos. 
Com a evolução do processo histórico, apenas em 1961 o Brasil passou a ter 
uma lei de diretrizes e bases da educação – LDB, ou seja, uma lei específica para 
definir as bases e as diretrizes que a educação do país deve seguir. Mudanças 
políticas importantes que ocorreram desde então, com a implantação de um regime 
militar que durou mais de 20 anos e cuja transição para a democracia foi lenta, 
gradual e restrita, como afirmavam os militares na época, refletiram-se na 
promulgação de outras duas LDBs. Atualmente, vigora a Lei nº 9394 de 1996, que 
será tratada de modo mais detalhado em módulo específico deste livro-texto. 
5 A primeira e a segunda LDB do brasil 
5.1 A Primeira LDB: Lei Federal nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961 
No total, três leis de diretrizes e bases da educação nacional foram promulgadas 
no Brasil, todas em tempos recentes, a partir de 1961. Até então, o Brasil possuía 
apenas leis e decretos que organizavam ou disciplinavam determinados níveis de 
ensino, separadamente. 
Neste sub-tópico, será apresentada a primeira LDB de modo geral, apenas 
enfocando suas características principais, uma vez que esta lei não se encontra 
mais em vigor e um excesso de informações sobre ela poderia confundir seu 
raciocínio, dado o nível de detalhe que será tratada a atual LDB vigente no país no 
tópico 6 deste livro-texto. 
 Saiba mais 
A leitura do texto desta lei pode esclarecer eventuais dúvidas que 
venham a surgir sobre o assunto. No site aqui recomendado, o texto da 
lei já é apresentado com destaques aos artigos revogados e aos que 
foram alterados por outros documentos legais, o que é de grande valor 
para a sua formação: 
<http://www.jusbrasil.com.br/legislação/129047/lei-de-diretrizes-e-ba 
ses-de-1961-lei-4024-61> 
Lembrete 
No Brasil já houve três LDBs, lei específica que estabelece a 
estrutura e o funcionamento da educação no país. 
 
22 
 
A primeira LDB foi considerada uma lei completa, pois estabelecia diretrizes 
e bases para toda a educação nacional, ou seja, para todos os níveis de ensino, 
desde a pré-escola até o ensino superior. Foi apresentada ao Congresso Nacional 
em 1948 e aprovada somente 13 anos depois, após várias discussões entre os 
setores interessados da sociedade. 
 
Seus títulos tratavam de questões educacionais amplas, como: 
• Os fins da educação; 
• O direito à educação; 
• A liberdade do ensino; 
• Os deveres do Estado para com a educação. 
 
Assim, foi estabelecida a seguinte estrutura para o ensino: 
• Primário: obrigatório e gratuito nas escolas públicas, com duração de quatro 
anos; 
• Ginásio: não obrigatório e gratuito nas escolas públicas, com duração de 
quatro anos. Em razão do número insuficiente de vagas, havia a necessidade de 
realização de “exames de admissão”; 
• Colegial: subdividido em “clássico” e “científico”, não era obrigatório, mas era 
gratuito nas escolas públicas, com duração de três anos; 
• Superior: não obrigatório e gratuito nas escolas públicas. 
 
Foi promulgada no âmbito da Constituição de 1946, ou seja, pós-ditadura 
militar da era Vargas, num ambiente político de certa liberdade civil. No entanto, 
havia muita instabilidade na política mundial em decorrência da guerra fria vigente 
entre a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e os Estados Unidos da 
América, tensão essa que se refletia no ambiente interno. Na época, pouco tempo 
antes da promulgação da lei, Cuba havia passado por uma revolução comunista 
praticamente no quintal dos americanos, muito próximo de seu território. Temendo 
novas investidas comunistas no continente, os americanospassaram a financiar 
revoluções militares praticamente em toda a América Latina, inclusive no Brasil, o 
que decorreria no golpe militar de 1964, que mudou completamente o cenário 
político do país, com reflexos importantes na educação, entre eles a promulgação de 
uma nova LDB para o país. 
23 
 
5.2 A Segunda LDB: Lei Federal nº 5.692, de 11 de Agosto de 1971 
Este sub-tópico, de igual modo, trata da segunda LDB de modo geral, apenas 
enfocando suas características principais, uma vez que esta lei também não se 
encontra mais em vigor e um excesso de informações sobre ela poderia confundir 
seu raciocínio, dado o nível de detalhe com o qual será tratada a atual LDB vigente 
no país no próximo tópico do livro-texto. 
Saiba mais 
A leitura da íntegra desta lei também pode esclarecer eventuais 
questões que venham a surgir sobre o assunto. Neste caso, optou-se 
pela íntegra da lei por tratar-se de um documento legal diferenciado 
pelo fato de inserir-se num momento histórico de exceção, ditatorial. 
Sua leitura, portanto, é de grande valor para a sua formação. Ela pode 
ser obtida em: <http://www.pedagogiaemfoco.com.br/5692_71.htm> 
A principal mudança introduzida, com relação à lei anterior, dizia respeito à 
unificação do ensino primário com o ginásio, constituindo o primeiro grau, o que 
significou o prolongamento da escola única, comum e contínua de oito séries. 
Apesar de representar um ganho significativo para a sociedade ao acabar com a 
necessidade do exame de admissão para a passagem do primário para o ginásio, 
isto também se refletiu em problemas muito sérios que acarretariam, mais tarde, na 
diminuição da qualidade do ensino, notadamente nas escolas públicas. As escolas 
particulares, por sua vez, encontraram nesta lei uma base sólida de sustentação 
para absorver parte significativa desta demanda que tinha condições de pagar pela 
educação. 
Da noite para o dia os poderes públicos federal, estaduais e municipais se viram 
obrigados a providenciar vagas para todos os estudantes aprovados na quarta série 
do ensino primário e que pretendiam continuar seus estudos. Além do espaço físico 
para cumprir com tal tarefa, era necessário providenciar professores e outros 
profissionais da educação, de modo a atender à nova demanda. Assim, para cumprir 
este novo dispositivo legal, centenas de milhares de professores foram contratados, 
nem sempre com o necessário cuidado com relação ao seu preparo para a 
docência. 
 
Esta lei não renovou toda a anterior, mas vários de seus artigos, principalmente 
os que tratavam dos antigos ensinos primário, ginasial e colegial, permanecerão em 
vigor. No total, 86 artigos foram revogados e 34 permaneceram. 
Esta lei não foi considerada completa, pois se limitou a estruturar apenas dois 
níveis de ensino, não tratando do ensino superior. Inclusive, foi elaborada e 
24 
 
aprovada durante o regime militar, sem discussões ou sugestões por parte da 
sociedade e por “decurso de prazo”, em 40 dias. A reforma do ensino promovida por 
ela foi realizada com base em dois eixos: 
• Adequação do sistema educacional à política socioeconômica da época, o 
chamado “milagre econômico”; 
• Necessidade de atender à demanda da sociedade por mais escolaridade. Seu 
grande mérito foi unificar os antigos cursos “primário” e “ginásio”, transformando-
os no “Curso de 1º Grau”, abolindo, assim, as barreiras do exame de admissão. 
Seus títulos tratavam de questões específicas de 1º e 2º Grau, como: 
 Objetivos desses níveis de ensino; 
 Objetivos das matérias de ensino; 
 Mínimo de dias letivos e carga horária anual dos cursos; 
 Normas para o financiamento desses níveis de ensino; 
 Normas para a formação de docentes. Esta lei estabeleceu a seguinte 
estrutura para o ensino: 
 Ensino de 1º Grau: obrigatório e gratuito nas escolas públicas, com duração 
de oito anos; 
 Ensino de 2º Grau: não obrigatório, mas gratuito nas escolas públicas, com 
duração de 3 a 4 anos e obrigatoriamente profissionalizante. 
 
A obrigatoriedade da profissionalização do ensino de 2º Grau foi abolida em 
1982, já que fora um completo fracasso em função da falta de condições e de 
recursos necessários por parte da maioria das escolas. 
 
Esta lei, conhecida como “colcha de retalhos”, esteve em vigor até 1996, quando 
foi aprovada uma nova LDB, em vigor até os dias de hoje. 
6 A terceira LDB – Lei Federal nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996 
Trata-se da lei atualmente vigente, que estabelece as diretrizes e bases da 
educação nacional e norteia a estrutura e o funcionamento da educação no país em 
todos os níveis, da educação infantil ao ensino superior. Por este motivo, será 
enfocada com maior nível de detalhes, se comparada às LDBs descritas nos tópicos 
anteriores. Salienta-se que sua leitura é fundamental. Não deixe de ler, pois os 
comentários aqui descritos de modo algum substituem a leitura da própria LDB. 
De modo geral, a estrutura do ensino apresenta a seguinte configuração: 
25 
 
• Educação Básica, compreendendo: 
− Educação Infantil: gratuita na escola pública, não 
obrigatória; 
− Ensino Fundamental: gratuito na escola pública e 
obrigatório; 
− Ensino Médio: gratuito na escola pública, não obrigatório, mas com tendência 
à progressiva obrigatoriedade. Envolve o ensino profissionalizante, 
desvinculado do propedêutico, sendo que a profissionalização pode se dar 
paralelamente ou após o aluno ter concluído o Ensino Médio. 
• Ensino Superior 
A elaboração desta nova LDB surgiu da necessidade de a educação atender e 
adequar-se à realidade brasileira e às exigências de um mundo cada vez mais 
globalizado. Do mesmo modo, era necessário elaborar uma lei que fosse mais 
adequada aos dispositivos constitucionais que tratam da educação. 
Lembrete 
Os termos “ginásio” e “colégio” ainda são usuais no meio leigo. No 
entanto, você, futuro professor, deve habituar-se a utilizar os termos 
“Ensino Fundamental”, “Ensino Médio”, entre outros, que correspondem 
à nomenclatura atualizada. 
 
A partir da sua entrada em vigor, novas medidas e regulamentações vêm 
surgindo, tanto por parte do Ministério da Educação quanto do Conselho Nacional de 
Educação e dos conselhos estaduais e municipais, visando adequar seus 
dispositivos às condições locais e regionais. 
 
6.1 Breve histórico do encaminhamento e tramitação 
Observação 
A LDB é o diploma legal que define as regras gerais a serem 
seguidas nas políticas educacionais do país. 
 
A atual LDB foi proposta no final de 1988, durante o Governo Sarney, após a 
26 
 
promulgação da atual Constituição da República. 
O então denominado “Projeto de Lei Otávio Elísio” tramitou no Congresso 
Nacional e recebeu 1.263 emendas até sua primeira votação na Comissão de 
Educação do Congresso, cujo relator era o então deputado federal Jorge Hage, em 
junho de 1990. 
O projeto de lei continuou a ser discutido durante todo o governo Collor/Itamar, 
agora com novo congresso que havia sido reformulado em 1990. Neste período, o 
senador Darcy Ribeiro colocou em discussão o seu primeiro projeto sobre o assunto 
em maio de 1992, o qual foi aprovado na câmara dos deputados em maio de 1993, 
tendo como relatora da comissão a deputada federal Ângela Amin. No senado, foi 
alvo de um parecer do senador Cid Sabóia em novembro de 1994, postergando sua 
aprovação. 
No governo de Fernando Henrique Cardoso, em fevereiro de 1996, o projeto de 
lei do senador Darcy Ribeiro foi aprovado no senado, tendo ele mesmo como relator, 
e na câmara dos deputados em dezembro de 1996, tendo como relator o deputado 
federal Jorge Hage. O projeto recebeu a sanção presidencial sem vetos e foi 
publicado no DiárioOficial da União em 20 de dezembro de 1996, passando a 
vigorar na forma de lei. 
Lembrete 
O ciclo evolutivo de uma lei, entre a tomada de iniciativa de sua 
discussão e a entrada em vigor, é demorado, o que não é 
necessariamente ruim, pois possibilita a discussão democrática do 
assunto na sociedade. 
O Quadro 1, a seguir, apresenta uma síntese dos assuntos tratados na LDB: 
27 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 1 – Assuntos 
Tratados na LDB 
 
6.2 títulos 
Na sequência serão abordados os principais aspectos de cada título, no que 
concerne a sua formação e sua futura atuação profissional. Ressalta-se que é do 
seu maior interesse a leitura atenta do conteúdo completo da lei, de modo a 
propiciar a reflexão adequada. Aqui, serão citados apenas os principais aspectos e, 
eventualmente, alguns deles serão comentados. 
6.2.1 Título I – Da Educação 
Basicamente, este título apresenta o conceito do termo “educação” com um 
sentido bastante amplo e, segundo alguns críticos, com certa ambiguidade 
terminológica. Além disto, define os limites da lei e registra que a educação escolar 
deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. 
Ao afirmar que a educação é “um somatório de processos formativos que 
ocorrem na sociedade e que se desenvolvem mediante a interação do educando 
com a vida familiar, a convivência humana no trabalho, nas instituições de ensino e 
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas 
manifestações culturais”, o artigo procura abranger todas as fontes de estímulo 
educativo a que estão sujeitos os indivíduos no seu processo formativo. 
No § 1º, o artigo destaca a abrangência da LDB, que se refere exclusivamente à 
educação escolar, uma vez que esta é uma lei destinada a regulamentar a estrutura 
e o funcionamento dos sistemas de ensino. As instituições próprias a que se refere 
este parágrafo são as escolas regulares que integram tais sistemas. 
O § 2º, ao declarar que a educação escolar se deve vincular “ao mundo do 
trabalho e à prática social”, preconizou a formação concomitante do cidadão e do 
trabalhador. Educar é, portanto, um termo muito mais amplo do que meramente 
ensinar ou escolarizar. 
 
28 
 
6.2.2 Título II – Dos Princípios e Fins da Educação Nacional 
Define os seguintes princípios: 
• igualdade de condições para acesso e permanência na escola; 
• liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, 
a arte e o saber; 
• pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; 
• respeito à liberdade e apreço à tolerância; 
• coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; 
• gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
• valorização do profissional da educação escolar; 
• gestão democrática do ensino público; 
• garantia de padrão de qualidade; 
• valorização da experiência extra-escolar; 
• vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. E as 
seguintes finalidades: 
• Pleno desenvolvimento do educando: os alunos precisam ser educados, o que 
abrange muito mais do que apenas ensinar. Além dos aspectos cognitivos (o que 
saber), deve abranger aspectos afetivos (o que sentir) e ativos (o que fazer), ou seja, 
buscar atingi-los plenamente com a educação, para o bem de toda a sociedade; 
• Preparação para o exercício da cidadania: na escola, entram alunos e devem 
sair cidadãos, ou seja, pessoas devidamente preparadas para o convívio em 
sociedade, ciente de seus direitos e obrigações; 
• Qualificação para o trabalho: na escola, entram alunos e devem sair pessoas 
preparadas para ocupar seus lugares no mercado de trabalho, ou seja, profissionais. 
 
Observação 
Na LDB são estabelecidos desde os princípios até os fins da educação. 
 
 
29 
 
Lembrete 
É interessante notar que, apesar de a LDB tratar objetivamente dos 
princípios e fins da educação, os “meios” são objeto, principalmente, 
dos planos nacionais de educação e da legislação correlativa. É muito 
importante conhecê-los. 
O artigo 2º caracteriza a educação como dever da família e do Estado. Na 
verdade, mais que dever, ela é uma função da família e do Estado, os quais dela 
não podem se alienar. Este artigo trata de três assuntos ao mesmo tempo: dever de 
educar, princípios inspiradores da educação e fins da educação. 
O artigo 3º arrola os princípios da educação, os quais devem presidir a 
organização e o funcionamento escolar. Assim, torna-se necesário um breve 
comentário para que haja um melhor entendimento da questão. 
I – Se o ensino fundamental é obrigatório e universal, há que insistir na igualdade 
de condições de acesso e permanência, a fim de que eventuais diferenças de 
natureza socioeconômica não venham a privilegiar uns, em detrimento dos outros. 
Não basta oferecer vagas para todos na faixa etária de 6 a 14 anos na primeira série 
do ensino fundamental. É preciso também assegurar a permanência do educando 
na escola, como forma de alerta contra a evasão e a retenção escolar. Este princípio 
abre um precedente, uma possibilidade para que todo e qualquer privilégio no 
acesso e na permanência na escola seja eliminado e que, caso ocorra, seja 
combatido pelas autoridades, com base neste dispositivo legal. 
II – A liberdade de aprender, ensinar, pesquisar, bem como divulgar a cultura, o 
pensamento e o saber é inerente ao sistema democrático e não pode ser cerceada 
de forma alguma. É desse princípio que nasce, por exemplo, a possibilidade de 
haver cursos livres diversos e o direito da iniciativa privada para a implantação de 
rede de escolas particulares. Trata-se de direitos democráticos a serem garantidos a 
todos os brasileiros. 
III – O pluralismo de ideias e concepções é outro princípio básico da democracia 
que deve ser livremente buscado e pesquisado pelo confronto de diferentes ideias e 
concepções. Nota-se aqui a valorização de mais um direito eminentemente 
democrático. 
IV – O respeito à liberdade e o apreço à tolerância é consequência do inciso 
anterior, pois sem o respeito a esse apreço o pluralismo se tornaria inviável. A 
liberdade não pode e não deve ser tolhida, embora deva inserir-se em limites de 
respeito mútuo muito bem definidos. 
V – A coexistência de instituições públicas e privadas de ensino traduz, na 
prática, a objetivação do princípio da liberdade de ensinar. Abrir escolas é direito de 
30 
 
qualquer cidadão, atendidos os requisitos legais. Dado o gigantismo do sistema 
escolar brasileiro, torna-se necessária a abertura deste mercado para atender à 
demanda. 
 
VI – A gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais expressa a 
preocupação social da universalização da oferta de oportunidades educacionais, 
apesar da limitação da capacidade de atendimento das escolas públicas em virtude 
da escassez dos recursos orçamentários destinados à educação. Qualquer tentativa 
de cobrança pela educação em estabelecimentos e instituições públicas é ilegal. 
 
VII – A valorização dos profissionais da educação se faz urgente na atualidade 
brasileira. Não se pode ter qualidade de ensino sem dispor de professores 
qualificados. A qualificação docente diz respeito tanto a sua maior titulação, quanto a 
sua melhor remuneração. Trata-se de um direito adquirido a partir do qual você, no 
exercício futuro da sua profissão como docente, possa cobrar das autoridades. 
VIII – A gestão democrática visa à participação da comunidade escolar 
(professores, funcionários, alunos, pais ou membros da comunidade) no governo da 
escola. Somente se aplica obrigatoriamente às escolas públicas, por definição 
constitucional (artigo 206, inciso VI da Constituição Federal). A gestão democrática égarantida na lei. Na disciplina “Planejamento e Políticas Públicas”, no próximo 
semestre deste curso, o tema será devidamente tratado e a gestão participativa e 
democrática será detalhada e apoiada. 
IX – A garantia do padrão de qualidade do ensino supõe a formulação desse 
padrão pelos sistemas de ensino. O padrão de qualidade deve conquistar patamares 
cada vez mais altos de qualificação pelas escolas. Atualmente a qualidade da 
educação pública tem sido muito contestada. É necessário, portanto, envidar 
esforços para atingir um padrão minimamente aceitável perante a sociedade 
globalizada em que vivemos. 
X – A valorização da experiência extraescolar, por um lado, não apenas para 
permitir matrícula inicial dos alunos em séries mais avançadas do processo de 
escolaridade ou para eliminar matérias equivalentes do currículo, ou ainda para a 
certificação de equivalência com séries e cursos, sobretudo no campo das 
habilitações profissionais, é um princípio que flexibiliza a ação educativa. Por outro 
lado, a educação não acontece somente na escola, portanto, deve-se explorar os 
diferentes ambientes educativos no intuito de aprimorar a aprendizagem dos alunos. 
XI – Se você não sabe para onde quer ir, qualquer caminho serve. A educação 
deve saber para onde quer ir, seguir em direção a uma finalidade. O preparo para o 
trabalho e a cidadania faz parte da finalidade da educação nacional. 
 
 
31 
 
 
6.2.3 Título III – Do Direito à Educação e do Dever de Educar 
Neste título, define-se “Educação” como “Dever do Estado”. É importante notar 
que o Ensino Superior não aparece neste título, o que pode significar que não seja 
dever do Estado. O conteúdo se atém especificamente à Educação Básica e define 
cada elemento da seguinte forma: 
• Educação Infantil: atendimento gratuito às crianças de zero a cinco anos (de 
acordo com a legislação correlativa mais atualizada); 
 
• Ensino Fundamental: obrigatório e gratuito nas escolas públicas (ou seja, caso 
não haja vagas o sistema é obrigado a criá-las para prover o atendimento nesta 
faixa escolar, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria); 
• Ensino Médio: progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade; 
• Educação especial: atendimento especializado gratuito aos educandos com 
necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino. 
 
Observação 
Todos os cidadãos podem exigir do Poder Público vagas no ensino 
fundamental. 
Deve-se ressaltar que, com base neste título da lei, qualquer pessoa pode exigir 
do Poder Público o direito ao acesso ao Ensino Fundamental. Acrescenta-se, ainda, 
que a matrícula pode ser feita a partir dos seis anos (legislação correlativa 
atualizada), ou seja, os pais podem e devem ser responsabilizados, caso a prole não 
seja matriculada em escolas de ensino fundamental a partir dos seis anos de idade. 
O Estado, entendido no caso como o Poder Público (União, Estado, Município e 
Distrito Federal), para dar efetividade à obrigatoriedade inscrita na Constituição, 
assume o ônus de manter gratuitamente as escolas de ensino fundamental de 
qualidade desejável, de modo a assegurar matrícula a todas as crianças em idade 
escolar e àquelas que não puderam estudar na idade própria. Para que melhor se 
cumpra este dever, Estados e Municípios, com a assistência da União, deverão 
recensear periodicamente a população em idade escolar, bem como jovens e 
adultos que não estudaram na idade própria, e fazer-lhes a chamada pública por 
ocasião da matrícula e atuar junto a pais e responsáveis para que os encaminhem à 
escola. 
O ensino médio, que sucede ao fundamental, ainda apresenta insuficiente oferta 
de vagas nas escolas públicas. A lei trata de uma progressiva extensão da 
obrigatoriedade desse ensino, tendo em vista que os países mais desenvolvidos 
32 
 
mantêm escolaridade obrigatória de mais de doze anos. Como toda obrigatoriedade 
passa a implicar em gratuidade, há que estendê-la progressivamente e sem prejuízo 
de que o ensino fundamental venha a ser plenamente satisfeito em sua demanda. 
O atendimento especializado aos educandos com necessidades especiais se fará 
não só gratuitamente como também na escola comum. Somente nos casos 
extremos é que se justificaria a oferta de vagas em escolas especiais. O texto legal 
privilegia o atendimento em classes comuns de alunos e não trata de casos clínicos. 
As creches e pré-escolas mantidas pelo Poder Público atenderão crianças de 
zero a cinco anos de idade, de modo inteiramente gratuito, embora não se trate de 
nível obrigatório. 
O ensino noturno deverá ser ofertado pelo Poder Público e sua estrutura e 
funcionamento devem sempre levar em conta as condições do aluno. Trata-se de 
uma alternativa de escolaridade destinada de preferência aos alunos trabalhadores 
e que se reveste de um alto sentido social, garantindo as condições de acesso e 
permanência na escola. 
Além do oferecimento de vagas, no ensino fundamental público deverá ser 
garantido o atendimento por meio de programas suplementares de material didático, 
transporte, alimentação e assistência à saúde. 
Deverão ainda ser garantidos os padrões mínimos de qualidade de ensino, 
definidos como a variedade e a quantidade mínimas por aluno de insumos 
indispensáveis ao desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. 
6.2.4 Título IV – Da Organização da Educação Nacional 
A organização é apresentada para as diferentes esferas de governo, definindo os 
limites de cada sistema e suas respectivas incumbências, da seguinte forma: 
União: sistema federal que compreende: 
• Escolas federais; 
• Escolas particulares de educação superior; 
• órgãos federais de educação. Incumbências: − Elaboração do Plano Nacional 
de Educação, em colaboração com os Estados, Distrito Federal e Municípios; 
− Prestar assistência técnica e financeira aos Estados, Distrito Federal e 
Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o 
atendimento prioritário à escolaridade obrigatória; − Estabelecer competências 
e diretrizes curriculares para assegurar a formação básica comum; − Autorizar, 
33 
 
reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos 
das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema 
de ensino. 
Estados: sistema estadual que compreende: 
• Escolas estaduais; 
• Escolas municipais de educação superior; 
• Escolas particulares de ensino fundamental e médio; 
• órgãos estaduais de educação. 
 
Incumbências: − Assegurar o ensino fundamental e oferecer com prioridade o 
ensino médio; − Assegurar a formação dos profissionais da educação; − 
Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar os cursos das 
instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de 
ensino. 
 
Municípios: sistema municipal que compreende: 
• Escolas municipais de educação básica; 
• Escolas particulares de educação infantil; 
• órgãos municipais de educação. Incumbências: 
• Oferecer educação infantil em creches e pré-escolas e, com prioridade, o 
ensino fundamental; 
• Autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de 
ensino. 
Neste contexto, portanto, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino. 
Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os 
diferentes níveis e sistemas e exercendo a função normativa, redistributiva e 
supletiva em relação às demais instâncias educacionais. 
Ainda dentro deste título, a lei estabelece as incumbências dos estabelecimentos 
de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, entre elasa de elaborar e executar sua proposta pedagógica, administrar seu pessoal e seus 
recursos financeiros e materiais, assegurar 
o cumprimento dos dias letivos, oferecer meios para a recuperação dos alunos, criar 
processo de integração escola x comunidade etc. Também estabelece as 
incumbências dos docentes, tais como: participar da elaboração da proposta 
pedagógica da escola, elaborar e cumprir o plano de trabalho, segundo a proposta 
pedagógica, zelar pela aprendizagem dos alunos, estabelecer estratégias de 
recuperação dos alunos de menor rendimento, colaborar com as atividades de 
articulação escola X comunidade etc. 
 
34 
 
De acordo com suas peculiaridades, os sistemas de ensino definirão as normas da 
gestão democrática do ensino público, em conformidade com os princípios de 
participação: 
• dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da 
escola; 
• das comunidades (escolar e local) em conselhos escolares ou equivalentes. 
 
6.2.5 Título V – Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino 
A educação escolar se divide em: 
• Educação Superior: envolve cursos sequenciais por campo do saber, de 
graduação, extensão e pós-graduação. 
• Educação Básica: subdividida em Educação Infantil, Ensino Fundamental e 
Ensino Médio. Educação Infantil 
 
Como primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o 
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade em seus aspectos físico, 
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da 
comunidade. É oferecida em creches para crianças de até 3 anos e em pré-escolas 
para crianças de 4 a 5 anos. 
Nesta etapa não há obrigatoriedade de cumprir a carga horária mínima anual de 
800 horas distribuídas nos 200 dias letivos, assim como não há avaliação com 
objetivo de promoção. A avaliação na educação infantil destina-se ao 
acompanhamento e registro do desenvolvimento da criança. 
Ensino Fundamental 
Como segunda etapa da educação básica, com duração de nove anos, é 
obrigatório e gratuito na escola pública. Inicia-se aos 6 anos de idade e tem como 
objetivo a formação básica do cidadão, mediante: 
• o desenvolvimento da capacidade de aprender, pelo domínio da leitura, da 
escrita e do cálculo; 
• a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, 
das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; 
• o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição 
de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; 
• o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e 
35 
 
de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. 
 
O ensino fundamental é presencial, diferentemente do ensino a distância, que é 
utilizado como complementação da aprendizagem. É ministrado em língua 
portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas 
maternas e processos próprios de aprendizagem. 
 
O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação 
básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de 
ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa. Cabe aos 
sistemas de ensino definir os conteúdos do ensino religioso, ouvida a entidade civil, 
constituída pelas diferentes denominações religiosas. 
A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de 
trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de 
permanência na escola para o tempo integral, a critério dos sistemas de ensino. 
Ensino Médio 
Como etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, 
apresenta as seguintes finalidades: 
 Consolidação e aprofundamento dos conhecimentos adquiridos; 
 Preparação básica para o trabalho e para a cidadania, para continuar 
aprendendo; 
 Aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação 
ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; 
 • Compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos 
produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. O 
currículo do ensino médio observará as seguintes diretrizes: 
 destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da 
ciência, das letras e das artes, o processo histórico de transformação da sociedade 
e da cultura, a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao 
conhecimento e exercício da cidadania; 
 adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos 
estudantes; 
36 
 
 será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, 
escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das 
disponibilidades da instituição; serão incluídas a 
Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino 
médio. Ao término do ensino médio, o aluno 
deve demonstrar: 
• Domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção 
moderna; 
• Conhecimento das formas contemporâneas de linguagem; 
• Domínio dos conhecimentos de Filosofia e Sociologia, necessários ao 
exercício da cidadania. 
 
O aluno deve também prestar o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM e 
participar de processos seletivos para evoluir ao ensino superior. 
O nível médio de ensino comporta diferentes concepções: uma concepção 
propedêutica, que se destina a preparar os alunos para o prosseguimento dos 
estudos no curso superior, e uma concepção técnica, que prepara os alunos como 
mão de obra para o mercado de trabalho. Na compreensão humanística e cidadã, o 
ensino médio é entendido no sentido mais amplo, que não se esgota nem na 
dimensão da universidade nem na do trabalho, mas compreende as duas – que 
constroem e reconstroem pela ação humana, pela produção cultural do homem 
cidadão – de forma integrada e dinâmica. 
Esta concepção está expressa em alguns documentos oficiais sobre as 
competências e habilidades específicas esperadas do aluno deste nível de ensino. 
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais, instituídas pela Resolução nº 3, 
de 26 de junho de 1998, a base nacional comum dos currículos do ensino médio 
será organizada em áreas de conhecimento, a saber: 
a) linguagens, códigos e suas tecnologias; 
b) ciências da natureza, matemática e suas tecnologias; 
c) ciências humanas e suas tecnologias. 
Os princípios pedagógicos que estruturam os currículos do ensino médio são 
identidade, diversidade, autonomia, interdisciplinaridade e contextualização, que 
podem ser assim sintetizados: 
a) identidade: supõe o reconhecimento das escolas que oferecem esse nível de 
37 
 
ensino como instituições de ensino de adolescentes, jovens e adultos, 
respeitadas suas condições e necessidades de espaço e tempo de 
aprendizagem; 
b) diversidade e autonomia: referem-se à diversificação de programas e aos tipos 
de estudos disponíveis, estimulando alternativas, de acordo com as 
características do alunado e com as demandas do meio social; 
c) interdisciplinaridade: relaciona-se ao princípio de que todo conhecimento 
mantém diálogo permanente com outros conhecimentos; 
 
d) contextualização: significa que a cultura escolar deve permitir a aplicação do 
conhecimento às situações da vida cotidiana dos alunos, de forma que 
relacione teoria e prática, vida de trabalho e exercício da cidadania. 
 
A LDB estabelece que o ensino médio poderá preparar o aluno para o exercício 
de profissões técnicas, desde que atendida a sua formação

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