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Cinesiologia e Cineantropometria

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1 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2 
UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO DA BIOMETRIA E USO ATUAL PELA EDUCAÇÃO 
FÍSICA ........................................................................................................................ 4 
UNIDADE 2 – AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA .............. ....................................... 7 
2.1 Definição, conceitos e breve história ................................................................. 7 
2.2 Testar, medir, avaliar ....................................................................................... 11 
2.3 Qualidade x validação...................................................................................... 12 
2.4 Métodos de avaliação da composição corporal ............................................... 13 
2.5 Índices derivados de medidas ......................................................................... 22 
2.6 Índices derivados das circunferências ............................................................. 28 
2.7 Índices derivadas das medidas das dobras cutâneas ..................................... 32 
UNIDADE 3 – CINESIOLOGIA .......................... ....................................................... 34 
3.1 Conceito e aplicação........................................................................................ 34 
3.2 Evolução histórica ............................................................................................ 35 
UNIDADE 4 – BIOMECÂNICA ........................... ...................................................... 38 
4.1 Princípios da biomecânica ............................................................................... 38 
4.2 Músculos x Articulações .................................................................................. 43 
4.3 Cinesiologia da mastigação ............................................................................. 45 
4.4 Osteologia e Artrologia .................................................................................... 46 
4.5 Cinesiologia da marcha ................................................................................... 48 
UNIDADE 5 – CINEANTROPOMETRIA ..................... .............................................. 51 
UNIDADE 6 – MÉTODO CINEANTROPOMÉTRICO ............. .................................. 55 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 60 
 
2 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
INTRODUÇÃO 
 
Avaliações antropométricas, Cinesiologia e Cineantropometria serão as 
disciplinas de estudo neste módulo. 
A Cinesiologia é uma disciplina que estuda o movimento humano e que 
requer dedicação constante, também fundamental para outros estudos, 
principalmente para o trabalho do Fisioterapeuta. 
 
Segundo Fornasari (2001), dela depende todo estudo e trabalho futuro, seja 
na cinesioterapia, eletroterapia ou na interação de técnicas utilizadas para 
restabelecimento músculo-funcional. O ponto de partida para seu estudo reside na 
anatomia e fisiologia dos sistemas ósseos, musculares e ligamentares. 
A Cineantropometria basicamente mede o homem em movimento. Ela foi 
definida por Ross (1978 apud POMPEU, 2012) como aplicação aos humanos das 
medidas quanto à forma, tamanho, proporção, composição, maturação e 
funcionamento global. Tem como finalidade nos ajudar a entender o movimento 
humano, no contexto do crescimento, exercício, desempenho e nutrição. 
3 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Segundo Pompeu (2012), apesar de parecer um campo emergente, suas 
raízes são bem antigas. Quanto aos objetivos atuais, busca-se desenvolver novos 
métodos e modelos que estimulem o uso cooperativo de dados e tecnologias que 
revelem diferenças individuais dentro de tendências amostrais, estabelecendo novas 
perspectivas para a Educação Física. 
Nosso percurso ao longo do módulo passa necessariamente por conceitos, 
definições e um pouco da história evolutiva dessas disciplinas. Daremos certa 
ênfase aos índices derivados de medidas, bem como às extremidades superiores, 
inferiores, esqueleto axial. 
Desejamos boa leitura, mas antes duas observações se fazem necessárias: 
Em primeiro lugar, sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa 
ser científica, ou seja, baseada em normas e padrões da academia. Pedimos licença 
para fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para 
que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos 
científicos. 
Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das 
ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se 
tratando, portanto, de uma redação original. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
muitas outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas e que podem servir 
para sanar lacunas que por ventura surgirem ao longo dos estudos. 
4 
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UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO DA BIOMETRIA E USO ATUAL 
PELA EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
Biometria é um ramo da biologia que, grosso modo, significa “medida da 
vida” ou medida dos fenômenos biológicos. Na atualidade, estuda e mede os 
componentes biológicos e suas correlações. 
Numa sequência histórica, bem didática, não esquecendo que a 
preocupação com o todo sempre existiu, Bergamo, Daniel e Moras (2008) dividem a 
Biometria em 9 períodos básicos: 
1. Medidas Antropométricas (1860-1890). 
2. Medidas da Força (1880-1910). 
3. Medidas Cardiovasculares (1900-1925). 
4. Medida da Habilidade Motora (1900-1920). 
5. Medidas Sociais (1920). 
6. Medidas de Habilidade Esportiva Específica (1920). 
7. Período da Avaliação (1920). 
8. Medidas do Conhecimento (1940). 
9. Conceito de Aptidão Física (1940). 
No Brasil, o uso da Biometria já se faz notar no início do século XX. Fichas 
antropométricas são usadas no serviço médico do Fluminense Football Club, do Rio 
de Janeiro, desde 1917. 
Por volta de 1930 começa o curso da Escola de Educação Física do 
Exército. Na década de 1940, aparece o livro de Biometria de Sete Ramalho, 
divulgando o seu modo de ministrar a disciplina naquela Escola; surge o livro de 
biotipologia de Berardinelli. Na Escola de Educação Física da antiga Universidade 
do Brasil aparecem as figuras de Peregrino Jr. e Armando Peregrino. 
O controle médico desportivo, usando testes simples, difunde-se nos Clubes, 
sobretudo em relação ao futebol. 
Por volta de 1969, cabe a Maurício José Leal Rocha criar, naEscola de 
Educação Física da UFRJ, o primeiro centro de Medida e Avaliação moderna, o 
LABOFISE, difundindo-se e aos outros centros o programa atual de pesquisas em 
bases mais científicas. O processo de renovação desta estrutura foi iniciado em 
1971, ao introduzir os conceitos fundamentais da composição corporal, difundido a 
5 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
determinação do percentual de gordura estimado pela medida da dobra cutânea e o 
cálculo de peso ósseo, através de diâmetros ósseos. 
Em virtude de não necessitar de equipamentos numerosos ou muito 
sofisticados, foram suas técnicas rapidamente assimiladas e implantadas em todo 
país. Já em 1978, o maior número de pesquisas apresentadas por autores 
brasileiros em jornadas e congressos eram oriundas desta área de conhecimento. 
É curioso notar que estes centros, erradamente, localizam-se em cadeiras 
de Fisiologia e não nas de Biometria, sendo a Medida e a Avaliação, ainda hoje 
consideradas, em muitas áreas, como matéria eminentemente fisiológica. 
Em 1974, surge na cidade de São Caetano do Sul o CELAFISCS (Centro de 
Aptidão Física de São Caetano do Sul), criado pelo Dr. Victor K. R. MATSUDO, 
sendo hoje o “número um” no país em termos de pesquisas realizadas e publicadas 
no Brasil e no exterior. Este centro se dedica ao estudo de crescimento e 
desenvolvimento, avaliação física de escolares e atletas de alto nível, detecção de 
talentos, além é claro do projeto de saúde pública (Exercício e Saúde) (BERGAMO, 
DANIEL e MORAS, 2008). 
Quanto ao uso das medidas e avaliações pela Educação Física, por ser esta 
uma atividade que lida com o ser humano, com seu esforço físico e mental, com 
crianças e idosos, torna-se de suma importância a este profissional conhecê-las, 
objetivando: 
1) Avaliar o estado do aluno ao iniciar a programação. 
2) Detectar deficiências, permitindo uma orientação no sentido de superá-
las. 
3) Auxiliar o indivíduo a situar-se em uma atividade física que o motive e 
onde possa desenvolver suas aptidões. 
4) Orientar, detectar e acompanhar a evolução dos problemas posturais, os 
desajustes psicológicos e sociais, transformando um fraco em um indivíduo normal e 
um normal num ser cada vez mais forte. 
5) Acompanhar o progresso de nossos alunos. 
6) Impedir que atividade física seja um fator de agressão rompendo o 
equilíbrio orgânico e desencadeando doenças. 
7) Selecionar elementos de alto nível, para integrar equipe de competição. 
6 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
8) Estabelecer e reciclar o programa de trabalho. 
9) Desenvolver a pesquisa em Educação Física. 
Educação, vigilância, prevenção são palavras de ordem do dia, além, é 
claro, de “superação” dos próprios sujeitos em relação aos seus corpos e 
refinamento. 
Ressalte-se de imediato, a importância da validação dos testes e o lembrete 
de que avaliação é sempre um problema dinâmico e contínuo, portanto, novas 
técnicas surgem e são aprimoradas sempre. 
7 
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UNIDADE 2 – AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA 
 
Guedes e Guedes (2006) afirmam que a avaliação de atributos relacionados 
à prática de atividades físicas tem sido preocupação constante dos profissionais de 
Educação Física. E esse interesse se justifica, pois avaliar indicadores biológicos, 
comportamentais e socioculturais que apresentam relação direta ou indireta com a 
realização de esforços físicos constitui tarefa cuja importância é comparável à 
complexidade, à diversidade e à dificuldade que lhe são inerentes. 
Os profissionais da educação física, no desempenho de suas funções, 
precisam tomar inúmeras decisões sobre prescrição e orientação da prática de 
exercícios físicos; contudo, decidir o que e como avaliar exige habilidades e 
conhecimentos específicos cada vez mais complexos. 
As premissas acima por si só justificam a importância dos estudos que se 
seguem. 
 
2.1 Definição, conceitos e breve história 
A palavra antropometria vem do grego ‘anthropos’ cujo significado se refere 
ao “homem”, correspondente ao objeto principal do nosso estudo ao longo do 
módulo. Já “metrein” tem um significado de fácil compreensão: “medida”. 
A antropometria estuda as medidas de tamanho e proporções do corpo 
humano. As medidas antropométricas, tais como peso, altura, circunferência de 
cintura e circunferência de quadril são utilizadas para o diagnóstico do estado 
nutricional (desnutrição, excesso de peso e obesidade) e avaliação dos riscos para 
algumas doenças (diabetes mellitus, doenças do coração e hipertensão) em 
crianças, adultos, gestantes e idosos (IBGE, 2013). 
A origem da antropometria remonta à antiguidade, pois Egípcios e Gregos já 
observavam e estudavam a relação das diversas partes do corpo. O reconhecimento 
dos biótipos remonta-se aos tempos bíblicos e o nome de muitas unidades de 
medida, utilizadas hoje em dia, são derivadas de segmentos do corpo. 
De acordo com apontamentos de Santos e Fujão (2003), citando NASA 
(1978), a antropometria foi definida como a ciência de medida do tamanho corporal. 
A antropometria é um ramo das ciências biológicas que tem como objetivo o estudo 
dos caracteres mensuráveis da morfologia humana. O método antropométrico 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
baseia-se na mensuração sistemática e na análise quantitativa das variações 
dimensionais do corpo humano. 
O tamanho físico de uma população pode ser determinado através da 
medição de comprimentos, profundidades e circunferências corporais, e os 
resultados obtidos podem ser utilizados para a concepção de postos de trabalho, 
equipamentos e produtos que sirvam às dimensões da população utilizadora 
(SANTOS; FUJÃO, 2003). 
A importância das medidas ganhou especial interesse na década de 1940, 
provocada de um lado pela necessidade da produção em massa, pois um produto 
mal dimensionado pode provocar a elevação dos custos e, por outro lado, devido ao 
surgimento dos sistemas de trabalho complexos, onde o desempenho humano é 
crítico e o desenvolvimento desses sistemas dependem das dimensões 
antropométricas dos seus operadores. 
A antropometria divide-se em: 
a) Somatometria que consiste na avaliação das dimensões corporais do 
indivíduo. 
b) Cefalometria que se ocupa do estudo das medidas da cabeça do indivíduo. 
c) Osteometria que tem como finalidade o estudo dos ossos cranianos. 
d) Pelvimetria que se ocupa das medidas pélvicas. 
e) Odontometria que se ocupa do estudo das dimensões dos dentes e das áreas 
dentárias (SANTOS; FUJÃO, 2003). 
Atualmente, a antropometria (antropologia física) associada aos valores 
culturais (antropologia cultural) constituemum ponto importante nas questões que 
envolvem transferência de tecnologias, é a denominada antropotecnologia. 
(PANERO e ZELNIK, 1991; IIDA, 2005; SANTOS et al., 1997). 
Se focarmos nos aspectos nutricionais, a antropometria nutricional encampa 
um método de diagnóstico que se fundamenta na investigação das variações nas 
dimensões físicas e na composição do corpo humano, visando à predição do estado 
nutricional e/ou das doenças nutricionais, de acordo com suas naturezas distintas e 
graus de gravidade (VASCONCELOS, 2000). 
9 
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A antropometria nutricional tem sido usada em todas as faixas etárias dos 
distintos ciclos de vida da infância à senilidade, e, quando comparada a outros 
métodos de diagnóstico nutricional, apresenta uma série de vantagens, tais como: 
� simplicidade dos instrumentos e equipamentos de coleta; 
� facilidade e rapidez no processo de coleta e na interpretação dos dados; 
� facilidade de padronização técnica; 
� utilização de técnicas não-invasivas, possibilitando boa aceitabilidade; 
� aplicabilidade no distintos períodos do ciclo vital; 
� baixo custo operacional; maior cobertura populacional e reprodutibilidade e 
� níveis adequados de sensibilidade e especificidade (SANTOS; 
VASCONCELOS, 2005). 
Por outro lado, também sofre das limitações inerentes a todo e qualquer 
método de diagnóstico, portanto, nos procedimentos de coleta, análise e 
interpretação dos dados antropométricos, é preciso muita atenção na precisão e 
exatidão dos equipamentos e instrumentos; no treinamento e capacitação dos 
examinadores; na seleção dos parâmetros de referência e no estabelecimento dos 
pontos de corte que garantam o máximo de especificidade e de sensibilidade no 
diagnóstico nutricional. 
Nas últimas décadas, com os avanços científico-tecnológicos que foram 
incorporados à antropometria nutricional, são numerosas as medidas corporais 
usadas no diagnóstico nutricional. 
Dentre elas, as mais usadas são: 
� o peso (ou massa corporal); 
� a estatura; 
� as circunferências (cefálica, torácica, braquial, abdominal, da cintura, do 
quadril, entre outras); e, 
� as dobras cutâneas (tricipital, bicipital, subescapular, suprailíaca, entre 
outras). 
Essas medidas corporais, conhecidas como medidas primárias, quando 
usadas de forma combinada (duas ou mais variáveis), constituem os índices 
antropométricos (medidas secundárias ou índices derivados). 
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Vários índices antropométricos têm sido utilizados para fins de diagnóstico 
nutricional, tais como: Peso ao Nascer (PN), Peso/Idade (P/I), Peso/Estatura (P/E), 
Estatura/Idade (E/I), Índice de Massa Corporal (IMC), Relação Cintura-Quadril 
(RCQ), Circunferência da Cintura (CC), entre outros. Por outro lado, os valores 
assumidos por esses índices antropométricos, quando comparados com 
determinados parâmetros de referência, constituem os indicadores do estado 
nutricional, os quais possibilitam a identificação e quantificação da natureza e da 
gravidade das doenças nutricionais. 
No vasto campo de exploração da antropometria, com certeza um dos 
aspectos de maior importância refere-se ao estudo da composição corporal. 
Segundo Heyward e Stolarczyk (1996 apud PUJOL, 2011), ela tem sido 
utilizada para avaliar o tamanho e as proporções dos segmentos corporais, mediante 
medição de circunferências e comprimento dos segmentos corporais. Em geral, o 
modelo de dois compartimentos consiste na divisão do corpo em gordura corporal e 
em outra fração que perfaz toda a massa livre de gordura. 
A antropometria parece ser o método mais utilizado para avaliar a 
composição corporal por ser de baixo custo e de fácil aplicação, tanto em consultório 
quanto em pesquisa de campo. Roche (1996 apud PUJOL, 2011) atribui vantagens 
em sua utilização em estudos com grandes amostras populacionais, que podem 
proporcionar estimativas nacionais e dados para a análise de mudanças seculares. 
Com medidas antropométricas, é possível também fazer acompanhamento 
de crescimento morfológico, bem como alterações de medidas corporais decorrentes 
da prática de exercícios físicos e dietas, oferecendo dados de grande valia para os 
profissionais que atuam nestas áreas. 
Esse acompanhamento pode ser realizado apenas pela observação da 
alteração das medidas em valores absolutos ou pela utilização de tais medidas em 
modelos matemáticos, com a finalidade de estimar as quantidades dos diferentes 
componentes corporais, como massa muscular, massa óssea, massa gorda e massa 
residual. 
 
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2.2 Testar, medir, avaliar 
Novamente encontramos suporte em Guedes e Guedes (2006) para 
ressaltar a importância da avaliação, bem como seus procedimentos e recursos 
utilizados na área da educação física que estão evoluindo surpreendentemente nos 
últimos anos, sob influência do desenvolvimento científico e tecnológico observado 
nessa área e muitas vezes determinado pelas diferentes tendências acadêmicas e 
profissionais de cada época. 
Para que se possa compreender, em seu sentido mais amplo, essa 
preocupação em garantir qualidade às informações a serem analisadas nos 
protocolos de avaliação, é conveniente analisar alguns conceitos básicos, vinculados 
ao complexo processo de coleta de informações na área da educação física. Ou 
seja, estamos falando dos termos testar, medir, avaliar que causam certa confusão. 
Testar consiste em verificar o desempenho de alguém mediante situações 
previamente organizadas e padronizadas, denominadas testes. Apesar destes 
serem empregados em larga escala na avaliação de determinados atributos na área 
da educação física, devem-se levar em conta os limites de sua utilização, pois nem 
todas as informações necessárias à avaliação podem ser levantadas tão-somente 
por intermédio dos resultados dos testes. O teste é, portanto, apenas um dos 
diversos instrumentos de medida. Por causa de sua praticidade e objetividade, no 
entanto, quando possível, ele se torna o recurso de medida mais utilizado na 
educação física. 
De maneira operacional, “medir” significa determinar a quantidade, a 
extensão ou o grau de determinado atributo com base em um sistema convencional 
de unidades. O resultado de uma medida é expresso de forma numérica, daí sua 
maior objetividade e exatidão. Medida refere-se sempre ao aspecto quantitativo do 
atributo a ser descrito. Por outro lado, avaliar é julgar ou fazer apreciações do 
atributo selecionado, com base em escala de valores. 
Dessa forma, avaliação consiste na coleta de dados quantitativos e/ou 
qualitativos e na interpretação dessas informações com base em referenciais 
previamente definidos. Comparativamente, pode-se admitir que, enquanto “medida” 
é basicamente um processo descritivo, pois consiste em descrever 
quantitativamente o fenômeno, “avaliação” define-se como um processo 
12 
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interpretativo, pois consiste em julgar com base em referendais selecionados 
especificamente para essa finalidade. 
Observe na ilustração abaixo a relação entre testar, medir e avaliar em 
termos de maior ou menor abrangência. 
 
Menos abrangência Mais abrangência 
testar medir avaliar 
 
2.3 Qualidade x validação 
Precisamos atentar para a questão da validação, pois o desenvolvimento de 
qualquer programa de avaliação depende da qualidade dos seus instrumentos de 
medida. Nesse particular, a validade é considerada requisito básico. Somente 
quando esta característica está presente, é possível considerar as informações 
obtidas para fins de avaliação. Sem instrumentos de medidas que apresentem 
indicações de validação satisfatórias, não se podem obter informações merecedoras 
de maior atenção nem é possível expressar julgamento confiável. 
Problemas associados com a validade dos instrumentos de medida 
utilizados na área da educação física, muitas das vezes de maneira errônea, são 
levados em conta a priori. Isto é, se as informações reunidas, após aplicação ou 
administração dos instrumentos de medida, demonstram ser eficientes para aquilo 
que se pretende avaliar, elas são consideradas válidas. 
Na verdade, aspectos associados à validade devem ser levados om conta 
desde o momento em que se decide avaliar o atributo em questão e subsistem 
durante todo o processo de planejamento, aplicação ou administração dos testes 
e/ou medidas e interpretação dos resultados. 
Se um teste ou medida é válido quando testam ou medem características ou 
comportamento diretamente associados ao atributo que se pretende avaliar, 
podemos inferir que a validade de um instrumento é diretamente proporcional ao 
grau ou à extensão em que realmente testa ou mede o fenômeno ou a dimensão 
que constituem seu objeto. Daí decorre que validade não é uma característica geral, 
mas sim relativa a determinado propósito e a um grupo particular, com 
características específicas. A validade não pode ser considerada tampouco um 
elemento absoluto, pois não está condicionada à questão de tudo ou nada. 
13 
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A validade pode ocorrer em diferentes graus, por isso se define como 
característica relativa (GUEDES; GUEDES, 2006). 
 
Vale guardar... 
Delineamentos direcionados à validação de instrumentos de medidas utilizados no 
campo biológico e associado à Educação Física. 
 
 Validade lógica 
Análise representativa dos escores obtidos com o 
instrumento de medida em relação à característica ou 
ao comportamento que se pretende analisar. 
 
Validade 
Grau com que o instrumento 
de medida oferece 
informações quanto às 
características ou aos 
comportamentos associados 
ao atributo que se pretende 
avaliar. 
 Validade concorrente 
Relação estatística entre os escores produzidos pelo 
instrumento de medida e indicadores da mesma 
natureza que seguramente oferece indicações 
favoráveis quanto à avaliação do mesmo atributo que se 
pretende avaliar. 
 
 Validade preditiva 
Grau de probabilidade com que escores produzidos pelo 
instrumento de medida podem predizer estatisticamente 
o atributo que se pretende avaliar. 
 
Fonte: Guedes e Guedes (2006, p. 3). 
 
2.4 Métodos de avaliação da composição corporal 
Podemos classificar as várias técnicas para determinar a composição 
corporal em métodos diretos, indiretos e duplamente indiretos (PONTES, 2003). 
a) Métodos diretos: 
O método direto consiste na separação e na pesagem de cada um dos 
componentes corporais de maneira isolada. A dissecção de cadáveres é a única 
metodologia considerada direta (COSTA, 2001). 
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b) Métodos indiretos: 
Métodos indiretos são aqueles em que não há segmentação dos 
compartimentos corporais para análise da composição corporal. 
Utilizam-se recursos como a pesagem hidrostática e a densitometria 
radiológica de dupla energia (DEXA do inglês dual-energy X-ray) como padrões-ouro 
nos estudos de validação. 
O método da pesagem hidrostática baseia-se no princípio de Arquimedes: 
“Um corpo imerso em um líquido sofre a ação de uma força hidrostática de 
flutuabilidade, que é evidenciada por uma perda de peso equivalente ao peso do 
líquido deslocado”. 
Através da pesagem hidrostática se determina a densidade corporal, o 
percentual de gordura, a massa gorda e a massa magra de um indivíduo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A densitometria refere-se ao processo geral para estimar a composição 
corporal através da densidade corporal. A densitometria se tornou um sinônimo de 
pesagem hidrostática. Esse método indireto é considerado como padrão e 
frequentemente tem sido usado como critério de validação de novos métodos da 
determinação da DC, %G, MG e MM. 
Fórmula de cálculo da densitometria 
DC= M /(M – MSub) – (VR + 0,1) / D 
DC – Densidade corporal em g/ml 
M – massa do corpo no ar em Kg 
MSub – massa do corpo submersa em Kg 
D – densidade da água em g/ml 
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O método DEXA é um método de avaliação que serve para analisar a 
composição corporal. A quantidade de massa magra ou gorda do organismo é 
medida pelo densitômetro, que traduz para porcentagens as imagens obtidas por um 
tipo especial de raio X dos diferentes compartimentos do corpo: tecido ósseo, 
muscular, de gordura e fluidos. 
O método é aplicado em posição supinada; tem uma área de escaneamento 
de 60 x 200cm; os escaneamentos transversais contam com intervalos de 1cm da 
cabeça aos pés; cada escaneamento gera 120 pixels; o tempo de escaneamento é 
de 20 a 25 min e a exposição à radiação 0,02-1,0 mrem (milésima parte do rem). 
Além dessas, há técnicas como a pletismografia por deslocamento de ar, a 
hidrometria, a ressonância magnética e a tomografia que se encontram validados. 
Entre os duplamente indiretos, destacam-se: a antropometria, a bioimpedância e a 
interactância quase infravermelha, sendo que a antropometria e a bioimpedância 
elétrica têm sido os métodos duplamente indiretos mais usuais nas rotinas de 
avaliação de composição corporal, já que têm algumas vantagens como 
simplicidade e baixo custo, sem mencionar o fato de não serem invasivos (COSTA, 
2001). 
 
a) Antropometria 
A predição da composição corporal por meio da antropometria utiliza 
medidas simples até certo ponto, como peso, estatura, perímetros, diâmetros ósseos 
e espessura das pregas adiposas. 
Se a estimativa necessária refere-se apenas à percentagem de gordura 
corporal, as pregas adiposas são as medidas mais utilizadas. 
Pesquisas demonstram que o valor obtido pela avaliação da gordura 
subcutâneapelo método das pregas adiposas em 12 locais é similar ao valor obtido 
nas imagens de ressonância magnética (HEYWARD; STOLARCZYK, 1996 apud 
PUJOL, 2011). 
Os valores obtidos com as medidas antropométricas podem ser utilizados 
tanto por seu valor absoluto quanto por equações de predição dos diferentes 
componentes corporais. 
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Entre as inúmeras equações que envolvem medidas de espessura das 
dobras cutâneas, estima-se que quatro equações são empregadas com maior 
frequência em nosso meio: 
i. Modelo de Jackson; 
ii. Modelo de Durnin; 
iii. Modelo Petroski; 
iv. Modelo de Guedes. 
Além dessas, há dezenas de equações para esse fim, porém todas criadas 
para populações específicas e, portanto, suscetíveis a resultados distorcidos quando 
utilizadas em indivíduos diferentes dos participantes da amostra que deu origem à 
equação (COSTA, 1996). 
Assim, é preciso ser específico com relação à população que está sendo 
avaliada, como o gênero, a idade, se o indivíduo pratica ou não atividade física com 
regularidade e outras informações. Podem ocorrer erros e resultados distorcidos 
quando uma única equação é utilizada, sugerindo que a escolha da equação seja 
voltada para a base em que a população foi criada. 
Para escolha do método antropométrico, é importante considerar aspectos 
como: 
� validade – a determinação do grau em que o teste mede o que se propõe a 
medir. A forma de determinação pode ser viabilizada por meio direto, pela 
comparação com testes de validade reconhecidos (referência = padrão-ouro); 
indireto, pela definição a partir de opinião de pessoas de reconhecido gabarito 
no assunto; ou por conhecimentos teóricos fundamentados em literatura; 
� objetividade – o grau em que esperamos consistência nos resultados, quando 
o teste é aplicado por diferentes avaliadores na mesma amostra. É 
determinada pela comparação de resultados pelo coeficiente de correlação de 
Pearson ou intraclasse (r>0,90). A objetividade e a fidedignidade nos 
resultados podem ser aumentadas quando os aplicadores são bem treinados 
e a padronização é observada. 
Pujol (2011) alerta que cuidados com a perfeita identificação do ponto 
anatômico, domínio da técnica e calibração dos instrumentos de avaliação devem 
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ser providenciados para diminuir as limitações da antropometria e garantir a 
qualidade das medidas. 
As medidas antropométricas estão sujeitas ainda ao erro não sistemático, 
referente a ocorrências que não podem ser controladas. No caso específico de 
medidas de dobras cutâneas, o erro não sistemático tem relação com as 
pressuposições nas quais o método se embasa e em que consistem suas limitações 
(HARRISON et al., 1988; WHITEHEAD, 1990 apud PUJOL, 2011). 
Entre as limitações das medidas por dobras cutâneas está a necessidade de 
o avaliador, que possui o domínio da técnica, detectar os pontos de medida. Outras 
limitações do método são o adipômetro utilizado (científico ou não científico), a 
gordura regionalizada, a compressibilidade do tecido adiposo, o nível de hidratação, 
o destacamento da dobra e a espessura da pele. 
O aprimoramento da técnica de mensuração antropométrica está 
relacionado de modo direto com o número de medições realizadas pelo avaliador. 
Vegelin et al (2003 apud PUJOL, 2011) constataram em sua análise que os 
melhores escores para medidas de estatura e de dobra cutânea de tríceps foram 
alcançados por antropometristas com mais tempo de experiência. 
Dessa maneira, sugere-se que o constante treinamento dos avaliadores 
garanta maior experiência técnica na aplicabilidade antropométrica, o que contribui 
para a redução de erros intra e interavaliadores e garante a confiabilidade dos 
resultados. 
 
b) Bioimpedância elétrica 
Hoje em dia, a bioimpedância (BIO) é indicada como um método 
potencialmente viável na estimativa da composição corporal, pelo fato de ser uma 
técnica não invasiva, de fácil operação, por ter boa portabilidade, exigir o mínimo de 
cooperação possível por parte do avaliado, rapidez na interpretação dos resultados 
e ser, de certa forma, acessível no meio comercial (LUKASKI et al., 1986; CATON et 
al., 1988 apud PUJOL, 2011). 
 
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O método de Bioimpedância elétrica baseia-se na medida da água 
extracelular, avaliando-se indiretamente a porcentagem de gordura corporal total. No 
corpo humano, os tecidos magros são altamente condutivos, por conterem grande 
quantidade de água e eletrólitos, e apresentam baixa resistência elétrica. A gordura 
e o osso, por outro lado, são pobres condutores, com menor quantidade de fluidos e 
eletrólitos e maior resistência elétrica (BRESSAN; HERMSDORFF, 2011). 
Para a realização do método, são posicionados dois conjuntos de eletrodos 
de folha de alumínio, colocados na superfície dorsal dos pés e mãos, metacarpo e 
metatarso, respectivamente, e também entre as proeminências distais do rádio e 
ulna e entre a parte médio-lateral do tornozelo; os eletrodos externos transmitem a 
corrente, enquanto os internos captam a variação de voltagem (resistência) e a 
resistência capacitativa (reactância), ambas medidas em ohms, secundárias à 
passagem da corrente. 
Essa medida é realizada com o indivíduo em posição horizontal, sem meias 
e luvas ou algum objeto metálico nas mãos e pés, e com os membros estendidos. A 
superfície da pele em que se colocam os eletrodos deve ser higienizada com álcool. 
Aplica-se, no corpo, uma corrente elétrica de baixa amplitude e alta frequência. 
Entretanto, o modelo bicompartimental supõe que massa livre de gordura é 
constante durante mudanças de peso e que somente a gordura pode aumentar ou 
diminuir, sendo adequado apenas para pessoas saudáveis. Ele é insensível nos 
casos de mudanças de composição corpórea, como no edema, na obesidade e 
durante muitas fases do ciclo de vida, como os extremos de idade e gestantes, 
porque não avalia a massa intracelular e extracelular corpórea. O modelo 
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tricompartimental avalia separadamente esses compartimentos e a gordura, e 
considera que a mudança de peso corpóreo pode ser devido a alterações em cada 
compartimento ou nos três (BRESSAN; HERMSDORFF, 2011). 
Em razão do tempo despendido e da necessidade de treinamento dos 
avaliadores, a bioimpedância pode ser uma boa estratégia de avaliação de 
composição corporal. 
Entre as inúmeras limitações para verificar o percentual de gordura corporal, 
a bioimpedância em clínicas de estética pode ser um método simples para evitar oerro intra e interavaliadores, de fácil manuseio e consagrada na literatura como um 
método fidedigno para avaliação de composição corpórea. De acordo com Sun et al. 
(2003 apud PUJOL, 2011), a técnica fornece estimativas de gordura corporal 
confiáveis, quando comparada a outras técnicas mais precisas e, por isso, constitui-
se em um instrumento até certo ponto simples e viável em trabalhos que envolvem 
grandes populações. 
A bioimpedância é simples ao extremo: quanto mais rico é um corpo em 
água, melhor é a condução elétrica. Quanto mais pobre em água, pior condutor da 
corrente elétrica e mais rico em gordura, no entanto. 
Com a finalidade de facilitar o cálculo e a compreensão, considera-se o 
corpo humano como uma composição de diferentes cilindros. O volume (V) de um 
condutor cilíndrico, bem como o corpo humano, é relacionado de maneira direta com 
o quadrado do comprimento corporal (alturas) e inversa à impedância total do corpo, 
sendo: 
V = altura2/resistência 
Logo, explicando novamente: a impedância é obtida ao colocar quatro 
eletrodos no corpo, sendo dois eletrodos em uma das mãos, por exemplo; na mão 
direita, e os outros dois eletrodos colocados no pé direito. 
O tecido adiposo é pouco hidratado, e por esse motivo é um bom isolante 
elétrico, pois a corrente elétrica cruza quase que de modo exclusivo a massa 
muscular esquelética. 
A massa magra, portanto, é proporcional ao volume desses condutores. 
Assim, a impedância medida é considerada resistente a qualquer componente 
reativo. Quando o sinal de frequência é aumentado, a corrente elétrica penetra a 
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membrana da célula e a interface do tecido, causando reactância para aumentar ou 
diminuir a resistência, e aumentar o ângulo de fase. 
Em vista disso, o uso da bioimpedância na análise da composição corporal, 
sem dúvida, constitui um método com razoável precisão e fidedignidade, com a 
possibilidade de demonstrar aspectos importantes relacionados com essa análise. 
As medições que podem ser feitas pela técnica são: peso da gordura (PG); peso da 
massa magra; percentual de água. Alguns aparelhos ainda segmentam a massa 
magra em ossos, músculos e água. 
Ao aplicar a bioimpedância elétrica de corpo inteiro, os segmentos corporais 
são colocados em uma posição linear para serem conectados em séries. Em 
decorrência de seu formato geométrico, as extremidades (braços e pernas) 
contribuem com mais ou menos 90% da impedância do corpo inteiro. A maior parte 
da impedância é contada pelos segmentos distais dos membros superiores e 
inferiores, como resultado de uma menor área seccional. Então, a adução ou o 
cruzamento dos membros provocaria um curto circuito elétrico; com isso, os erros 
podem chegar a 18% por contato entre as pernas e a 43% por contato das mãos 
com a cintura. Ambos são erros que ocorrem por contato de pele com pele 
(KUSHNER; GUDIVAKA; SCHOELLER, 1996 apud PUJOL, 2011). 
Para a determinação da composição corporal por meio da BIO, algumas 
orientações devem ser seguidas: 
� fazer jejum de 4 horas, inclusive de líquidos; 
� não fazer exercícios 12 horas antes; 
� urinar 30 min. antes de iniciar a avaliação; 
� não consumir nenhum tipo de bebida alcoólica nas 48 horas anteriores; 
� não usar diuréticos 7 dias antes; 
� mulheres no período menstrual não podem fazer a BIA; 
� não pode ser feita em portadores de marca-passo ou gestantes; 
� na determinação de um método para utilização na prática clínica, devemos 
levar em consideração alguns fatores, como praticidade, fidedignidade e 
custo. Por isso, o uso da BIA na obesidade deve ser muito criterioso, levando-
se em consideração todas as suas limitações e principalmente o custo 
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(FULLER; SAWYER; ELIA, 1994; VACHÉ et al., 1998; JAKICIC et al., 1998 
apud BRESSAN; HERMSDORFF, 2011). 
Segundo Pujol (2011), a principal limitação deste método surge quando o 
avaliado apresenta alterações em seu estado de hidratação; dessa forma, a 
quantidade de alimentos e líquidos ingeridos pelo avaliado, bem como a atividade 
física realizada no dia do teste, entre outros fatores, como nefropatias, hepatopatias 
e diabetes, podem influenciar o resultado obtido por este método. 
O consumo de fluidos ou alimentos antes da avaliação pode influenciar os 
resultados por causa de mudanças dos volumes de líquido intra e extracelular. 
Dependendo do tempo que a medida precede a ingestão de alimentos ou a 
quantidade de alimentos e líquidos ingeridos, essas situações podem ter pouco ou 
nenhum efeito na predição da água corporal total. Todavia, se a avaliação for obtida 
muitas horas pós-prandiais, após a absorção do fluido pela corrente sanguínea, isso 
pode afetar os resultados da impedância. 
Como a água corporal total corresponde a 45 litros em jovens adultos (60% 
do peso corporal) e a 32 litros em jovens mulheres (50% do peso corporal), a 
absorção pós-prandial de 1 litro de líquido poderia aumentar a água corporal total 
em 2% e 3% em jovens homens e mulheres, respectivamente (KUSHNER; 
GUDIVAKA; SCHOELLER, 1996 apud PUJOL, 2011). 
Para a realização da análise da composição corporal por meio da BIO o 
avaliado tem uma participação decisiva, devendo obedecer a uma série de 
procedimentos prévios ao teste. Sem esses procedimentos, ele poderá estar 
comprometendo seu resultado. 
Outros fatores podem interferir na avaliação, como período pré-menstrual ou 
menstrual e presença de adornos metalizados. 
O paciente deverá ser orientado a seguir os padrões para realização do 
exame. Essa orientação que precede à avaliação deve ser realizada com 
antecedência. 
 
Guarde... 
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� Medir as dobras cutâneas nos leva ao conhecimento de valores que 
determinam o percentual de gordura total do indivíduo ou a quantidade de 
gordura do local avaliado. 
� Através dos conhecimento dos valores dos perímetros, subtraindo-se daí o 
valor da dobra cutânea, poderemos determinar o desenvolvimento muscular 
no local medido. 
� Através do conhecimento dos valores dos diâmetros, poderemos determinar o 
desenvolvimento esquelético do indivíduo. 
� Através do conhecimento dos tamanhos dos segmentos, poderemos 
determinar a posição correta de móveis, equipamentos e utensílios utilizados 
no dia-a-dia, proporcionando desta forma um melhor posicionamento 
ergonômico do indivíduo. 
Aplicação na prática da Educação Física: 
� avaliação da recuperação muscular; 
� avaliação geral do indivíduo; 
� análise da simetria muscular; 
� estudo e desenvolvimento de equipamentos para segurança no trabalho; 
� avaliação e desenvolvimento ou reconfiguração de locais de trabalho; 
� formulação de programas adequados de atividade física. 
Enfim: a escolha da técnica não é tão fácil quanto parece e, qualquer que 
seja a técnica pela qual optemos, é necessário um bom conhecimento da mesma no 
que diz respeito à padronização das medidase sua validade para o grupo ou 
indivíduo a ser avaliado. Considerando que as técnicas mais acessíveis são 
justamente as que podem produzir mais erro, é importante que verifiquemos as 
vantagens e limitações da técnica escolhida, para que possamos errar um pouco 
menos (BARBALHO, 2013). 
 
2.5 Índices derivados de medidas 
a) Peso 
O peso é uma importante ferramenta para se avaliar o estado nutricional, 
porém apresenta algumas limitações já que não é capaz de avaliar compartimentos 
corporais. 
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Para essa avaliação, é possível utilizar balanças digitais ou as chamadas 
balanças de mola com a medida registrada com uma aproximação de 100g. O 
avaliado deve estar em pé, de costas para a escala da balança, com afastamento 
lateral dos pés, estando a plataforma entre os pés. Em seguida, coloca-se o 
indivíduo sobre e no centro da plataforma, na posição ortostática braços 
descontraídos em lateral ao tronco. O avaliado deve usar o mínimo de roupas 
possível, respirar com normalidade e distribuir o peso do corpo igualmente entre 
ambos os pés. A cabeça deve ser posicionada no plano de Frankfurt, configurado a 
partir das seguintes etapas. 
� Localizar o ponto Orbitale, localizado na margem inferior da cavidade 
orbitária. 
� Localizar o ponto Tragion, situado no nível do pavilhão auricular, por cima do 
osso. 
� Considerar uma linha imaginária que una os dois pontos já definidos. Essa 
linha imaginária corresponde, de forma quase exata, ao eixo do olhar quando 
o indivíduo tem seus olhos dirigidos para a frente (KATCH; MCARDLE, 1983). 
Outros critérios devem ser registrados na tomada de peso, como: 
funcionamento intestinal, horário da última refeição e da pesagem, período pré-
menstrual ou menstrual, uso de diuréticos e/ou laxantes. O registro dessas situações 
pode sugerir a fidedignidade nos resultados (PUJOL, 2011). 
 
b) Estatura 
Altura ou estatura pode ser determinada em indivíduos com mais de 2 anos 
de idade, ou em indivíduos que consigam se manter em pé. Em geral, é obtida a 
partir de fitas métricas, inextensíveis e inelásticas, ou ainda com o auxílio de 
estadiômetros ou antropômetros apropriados. Na presença de curvaturas anormais 
de coluna, em particular nos idosos, recomenda-se que a altura seja a referida pelo 
indivíduo em período posterior à curvatura da coluna. 
O indivíduo que é alvo da medição deve estar em posição antropométrica, 
caracterizada do seguinte modo: 
� posição vertical com braços pendentes ao lado do tronco e palmas das mãos 
em contato com a face lateral das coxas; 
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� a cabeça deve estar no plano de Frankfurt; 
� descalço, com os calcanhares unidos, formando um ângulo de 60° entre si e 
os dedos dos pés devem apontar para a frente (MARCHINI et al., 1992; 
MOREIRA, 1995; FRAGOSO; VIEIRA, 2000). 
Nosso foco é a Educação Física e embora possa parecer que estamos 
fugindo ao propósito, não estamos, afinal, as crianças podem trazer para a vida 
adulta atrasos que poderiam ter sido corrigidos no tempo adequado, portanto, vale a 
pena conferir que a partir das medidas primárias de peso e estatura, podem ser 
constituídos diferentes índices antropométricos, úteis no diagnóstico nutricional de 
diferentes grupos etários (que vocês irão se deparar no curso da profissão de 
educador), a saber: 
-Peso/idade (P/I), peso/estatura (P/E) e estatura/Id ade (E/I) 
Os índices antropométricos derivados das medidas de peso e de estatura 
mais conhecidos e usados no diagnóstico nutricional de crianças com até 10 anos 
de idade são: peso por idade (P/I), peso por estatura (P/E) e estatura por idade (E/I). 
O índice P/I é o mais tradicional e amplamente usado tanto no diagnóstico 
nutricional como no acompanhamento do crescimento e desenvolvimento. Por ser 
um índice constituído pelas variáveis peso, idade e sexo, consequentemente, ao 
longo do processo de crescimento e desenvolvimento infantis, são observadas 
variações nos valores do P/I de acordo com a idade e o sexo. 
Em crianças menores de 7 anos de idade, expressa o incremento (ou a 
diminuição) da massa corporal que cresceu por hiperplasia e/ou por hipertrofia. 
Portanto, se acompanhado com certa periodicidade, pode diagnosticar 
precocemente alterações do crescimento ponderal, possibilitando a triagem dos 
casos de desnutrição atual ou aguda, bem como dos casos de sobrepeso e/ou 
obesidade. Por outro lado, por não fazer relação com a estatura da criança, o P/I 
pode não refletir o crescimento linear e, portanto, não possibilitar o diagnóstico da 
natureza da desnutrição (não distinguir os casos agudos ou atuais dos casos 
crônicos ou pregressos). Além disso, nos casos de crianças desnutridas que 
apresentam edema, o P/I pode induzir erro de diagnóstico nutricional se o edema 
não for considerado (VASCONCELOS, 2011). 
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Ressaltam-se ainda as limitações oriundas do uso isolado do P/I no 
diagnóstico do excesso de peso (sobrepeso/obesidade), uma vez que esse índice 
não possibilita a diferenciação dos componentes corporais responsáveis pelo 
excesso de peso corporal. Em síntese, apesar de suas limitações, em função de sua 
simplicidade técnico-operacional e de sua sensível capacidade de predizer 
alterações no estado nutricional de crianças menores de 7 anos, o P/I é 
recomendado desde início dos anos 1980 pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2004; 
VASCONCELOS, 2011). 
O índice P/E expressa a proporcionalidade ou harmonia das dimensões do 
corpo ou a harmonia do processo de crescimento. É um índice constituído pelas 
variáveis peso, estatura e sexo, dispensando o conhecimento da variável idade. A 
inadequação do índice P/E reflete, por um lado, uma perda de massa corporal 
indicativa de um processo de desnutrição aguda ou recente (wasting ou emaciação). 
Por outro lado, pode refletir um excesso de massa corporal indicativo de um 
processo de sobrepeso/obesidade. Dentre as limitações do uso isolado do P/E 
destaca-se a possibilidade de esse índice realizar diagnóstico de eutrofia (ou 
normalidade nutricional) para casos de baixa estatura para a idade (ou desnutrição 
crônica). Ressalta-se ainda a limitação do uso isolado do P/E no diagnóstico do 
excesso de peso (sobrepeso/obesidade), uma vez que esse índice também não 
possibilita a diferenciação dos componentes corporais responsáveis pelo excesso de 
peso corporal (BRASIL, 2005; VASCONCELOS, 2011). 
O índice E/I, constituído pelas variáveis estatura, idade e sexo, expressa o 
crescimento longitudinal ou linear do corpo humano. Nesse sentido, ao longo do 
processo de crescimento corporal, da fecundação ao término do crescimento 
estatural, são observadas variações ascendentes do índice E/I de acordo com a 
idade e o sexo. As deficiências quantitativas e/ou qualitativas de consumo alimentar 
desencadeiam imediatamente alterações no crescimento ponderal e, se persistem 
por períodos prolongados,podem provocar atrasos reversíveis ou irreversíveis no 
crescimento linear. Refletem, portanto, os efeitos cumulativos dos múltiplos fatores 
adversos à saúde, particularmente das deficiências nutricionais crônicas. Ou seja, 
déficits de E/I expressam episódios de deficiências nutricionais de longa duração ou 
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pregressos (stunting ou nanismo nutricional) (BRASIL, 2005; VASCONCELOS, 
2011). 
Dentre os distintos critérios de diagnóstico nutricional de crianças, com base 
nos índices P/I, P/E e E/I, se podem identificar: 
a) Sistema de classificação por desvio-padrão (ou escore Z) de referência. E, 
b) Sistema de classificação por valores percentis de referência. 
A referência recomendada pela OMS e também preconizada pelo Ministério 
da Saúde continua sendo o padrão de crescimento do National Center for Health 
and Statistics (NCHS) de 1977. Entretanto, uma revisão do padrão de referência o 
NCHS de 1977 foi publicada no ano 2000 pelo Centers for Disease Control and 
Prevention dos Estados Unidos da América, em substituição ao antigo referencial 
antropométrico (CDC/NCHS, 2000 apud VASCONCELOS, 2011). 
A interpretação dos dados antropométricos por meio do sistema de desvio-
padrão (ou escore Z) expressa a distância em desvios-padrão (DP) entre os valores 
observados dos índices P/I, P/E e E/I e os valores da mediana ou média da 
população de referência. Em geral, para os três índices antropométricos (P/I, P/E e 
E/I), a OMS estabelece valores entre -2,0 e +2,0 DP (ou escores Z) como pontos de 
cortes de “normalidade”. Para valores abaixo de -2,0 DP, quanto mais negativo o 
valor, tanto maior será a confiança/exatidão do diagnóstico de deficiência nutricional. 
Assim: 
� para o índice E/I, valores abaixo de -2,0DP são indicativos de baixa estatura 
para a idade, déficit estatural ou desnutrição de longa duração; 
� para o índice P/E, valores abaixo de -2,0 DP são indicativos de baixo peso 
para a estatura, déficit ponderal ou desnutrição aguda; 
� para o índice P/I, valores abaixo de -2,0 DP são indicativos de baixo peso 
para a idade. 
Entretanto, Vasconcelos (2011) alerta que se deve procurar interpretar esses 
achados com cautela, realizando o diagnóstico diferencial entre desnutrição atual e 
desnutrição crônica. Por outro lado: 
� para os índices P/E e P/I, valores acima de +2,0 DP são indicativos de 
excesso de peso corporal, sobrepeso e/ou obesidade; 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
� para o índice E/I, valores acima de +2,0 DP são indicativo de alta estatura 
para a idade, provavelmente em função de fatores constitucionais, uma vez 
que são raros os casos de patologias e distúrbios endócrinos associados. 
A interpretação dos dados antropométricos pelo sistema de percentis 
fundamenta-se na noção estatística de posição, posto ou número de ordem que os 
valores observados dos índices P/I, P/E e E/I ocupam em relação à distribuição de 
referência. Percentil pode ser definido como medida estatística que divide uma 
distribuição de dados, ordenados do menor para o maior valor, em cem partes 
iguais. Assim, o percentil 50 (ou mediana) corresponde ao valor abaixo do qual se 
encontra 50% da população de referência. De forma análoga, os percentis 10 e 90, 
por exemplo, correspondem aos valores abaixo dos quais se espera encontrar 10 e 
90%, respectivamente, da população de referência (SANTOS; VASCONCELOS, 
2005). 
Em geral, para os três índices antropométricos (P/I, P/E e E/I), a OMS 
estabelece valores entre o percentis 2,3 e 97,7 como pontos de cortes de 
“normalidade” (os quais correspondem, respectivamente, aos valores de -2,0 e +2,0 
DP). 
 
c) Perimetria 
Perimetria é um conjunto de medidas de circunferência, realizadas em 
diferentes pontos do tronco, dos membros superiores e dos membros inferiores. 
Essas medidas permitem detectar assimetrias musculares, bem como a 
sequência das reavaliações e a associação dos dados da composição corporal, 
além da variação da massa muscular em resposta à terapia nutricional (PUJOL, 
2011). 
Perimetria é a verificação dos perímetros máximos de um segmento corporal 
medido em ângulo reto com relação a seu maior eixo (MARTINS; LOPES, 2007). 
Mais uma vez vemos a importância da padronização, tanto que de acordo 
com o Protocolo de Avaliação Antropométrica em Estética (PAAE), os perímetros 
avaliados são: 
� perímetro do braço; 
� perímetro do abdome; 
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� perímetro da coxa; 
� perímetro dos flancos; 
� perímetro dos glúteos; 
� perímetro dos culotes. 
Para realização da perimetria, é preciso que o avaliado permaneça em pé 
em posição ortostática e realize a marcação dos pontos anatômicos. Como 
instrumento, sugere-se fita métrica inelástica com extensão de dois metros e 
precisão de 0,1cm, de retração automática e trava na extremidade da fita para que, 
com um único toque, no botão central, envolva a região a ser medida liberando as 
mãos do profissional para suas anotações. 
Ainda, quando da realização da perimetria, devem-se observar os seguintes 
fatores: 
� A posição de colocação do instrumento é fundamental para a validação e a 
confiança do teste: 
 - uniformidade do alinhamento da fita; 
 - colocação da fita sobre a pele nua; 
 - não colocar o dedo entre a pele e a fita. 
� A tensão aplicada à musculatura – não comprimir o tecido subcutâneo. 
� A perimetria é afetada pela massa magra, pela massa gorda e pelo tamanho 
do osso (PUJOL, 2011). 
 
2.6 Índices derivados das circunferências 
a) Relação circunferência torácica /cefálica (CT e CCef) 
Pensando ainda na antropometria nutricional, o uso da circunferência 
cefálica (CCef) como método de diagnóstico de desnutrição está associado à 
circunferência torácica (CT), a partir da construção do índice CT/CCef. 
Em geral, do nascimento até os 6 meses de vida, as circunferências cefálica 
e torácica são aproximadamente iguais, resultando uma relação CT/CCef = 1. Dos 6 
meses aos 5 anos de idade, uma relação normal entre CT/CCef é sempre maior que 
1. Uma relação CT/CCef < 1, dos 6 meses aos 5 anos, é indicativa de desnutrição 
na medida em que a circunferência torácica não se desenvolve em função da atrofia 
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dos músculos torácicos e da redução do tecido gorduroso (JELLIFE, 1968 apud 
VASCONCELOS, 2011; VASCONCELOS, 2000). 
A OMS recomenda o uso dos índices CCef e CT para recém-nascidos e 
crianças menores de 5 anos de idade. Entretanto, não faz menção ao uso do índice 
CT/CCef, nem a padrão de referência para os índices CCef e CT. Em relação à 
análise e interpretaçãodos valores desses índices, apenas para CT aparece 
recomendação. Assim, quando a criança não pode ser pesada e o peso ao nascer 
não pode ser determinado, sugere os seguintes pontos de cortes de CT para recém-
nascidos: CT < 29 cm = alto risco e CT ≥ 29 cm e < 30 cm = risco (OMS, 1995 apud 
VASCONCELOS, 2011). 
O padrão de referência do CDC 2000 apresenta dados de CCef para 
crianças de 0 a 36 meses segundo sexo e distribuição em percentis e desvio-
padrão. Os pontos de cortes CCef < percentil 5 e CCef > percentil 95 são definidos 
como indicativos de “problemas de desenvolvimento” infantil (CDC/NCHS, 2000 
apud VASCONCELOS, 2011). 
 
b) Circunferência braquial 
A circunferência braquial (CB) é uma medida corporal recomendada no 
diagnóstico nutricional de desnutrição atual de gestantes, pré-escolares, adultos e 
idosos. Tradicionalmente, a CB foi considerada um bom indicador de desnutrição 
atual por expressar a massa muscular do braço e estar correlacionada com a massa 
muscular total (JELLIFE, 1968 apud VASCONCELOS, 2011). 
Nos últimos anos, entretanto, têm sido observadas tentativas para ampliação 
do significado e do seu poder preditivo como indicador isolado ou complementar no 
diagnóstico e acompanhamento de desnutrição, hipertensão arterial, obesidade e 
outras doenças relacionadas. 
Durante muitos anos, o uso de pontos de corte fixos da CB (por exemplo, 
12,5 cm ou 13,0 cm para diagnóstico de desnutrição severa) foi recomendado na 
triagem de desnutrição atual de crianças de 6 a 60 meses de idade ou quando não 
era possível a obtenção das medidas de peso e estatura. Essa recomendação 
fundamentava-se em evidências de que em pré-escolares a velocidade de 
crescimento da CB era muito pequena e variava muito pouco, sendo influenciada, 
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principalmente, pelas condições nutricionais. Estudos posteriores, entretanto, 
começaram a questionar essas evidências, apontando que a CB é uma medida 
dependente das variáveis idade e sexo (JELLIFE, 1968 apud VASCONCELOS, 
2011). 
Na prática clínico-nutricional, as vantagens do uso da CB têm sido bastante 
realçadas, sobretudo em função da simplicidade, facilidade, rapidez, aceitabilidade e 
precisão dos procedimentos de coleta, análise e interpretação da medida. Por outro 
lado, as limitações apontadas dizem respeito, particularmente, à questão dos 
padrões de referência e pontos de cortes específicos e sensíveis para os distintos 
grupos etários e sexos (VASCONCELOS, 2011). 
 
c) Circunferência muscular do braço 
A circunferência muscular do braço (CMB) é um índice antropométrico 
derivado das medidas corporais circunferência braquial e dobra cutânea tricipital 
(DCT). A CMB é estimada a partir da equação: CMB (cm) = CB (cm) - [π(3,14) X 
DCT (cm)]. Expressa a quantidade de massa muscular do braço e como proxy 
(aproximação) a massa muscular corporal total. Por estar diretamente 
correlacionada com a massa corporal magra, a CMB constitui uma medida sensível 
das manifestações mais gerais da desnutrição (JELLIFE, 1968; OMS, 1995 apud 
VASCONCELOS, 2011; VANNUCCHI et al., 1984). 
Segundo Vasconcelos (2011), a OMS recomenda o uso da CMB apenas 
para diagnóstico nutricional de desnutrição em adultos. Para análise e interpretação 
dos valores de CMB em adultos, propõe como padrão de referência o uso da 
distribuição de percentis de CMB (mm) por idade e sexo (1 a 74,9 anos) publicada 
por Frisancho (1981). Como ponto de corte para diagnóstico de desnutrição em 
adultos, estabelece um valor de CMB < percentil 5. 
Destaca-se, ainda, a existência de dois outros índices antropométricos 
derivados das medidas CB e DCT: a área muscular do braço (AMB) e a área de 
gordura do braço (AGB). A AMB é estimada a partir da equação: AMB (cm2) = [CB 
(cm) - π (3,14) = DCT2 (cm2)] / 4π (3,14). A AGB é estimada a partir da equação: 
AGB (cm2) = [DCT (cm) X CB (cm)] /2 - [π (3,14) X DCT2 (cm2)] /4. Para análise e 
interpretação dos valores de AMB e AGB em adultos, propõe-se como padrão de 
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referência o uso da distribuição de percentis por idade e sexo (1 a 74,9 anos) 
também publicada por Frisancho (1981). Entretanto, a OMS recomenda apenas o 
uso da AMB para diagnóstico nutricional de desnutrição em adultos 
(VASCONCELOS, 2011). 
 
d) Circunferência da Cintura (CC) 
A CC é uma mensuração prática e simples que não se correlaciona com a 
altura, mas que tem uma estreita relação com o IMC e com o acúmulo de gordura 
abdominal subcutânea e visceral, tornando-a um forte preditor de risco para 
hipertensão, resistência insulínica e doenças cardiovasculares (NUNEZ et al., 2002; 
YALCIN;SAHIN;YALCIN, 2005 apud BRESSAN; HERMSDORFF, 2011). 
A classificação para risco de doenças cardiovasculares, segundo valores da 
circunferência da cintura, foi determinada pela Organização Mundial de Saúde, em 
1998, indicada no quadro abaixo: 
Valores da circunferência da cintura (cm) 
Sexo Risco elevado Risco muito elevado 
Homens >94 >102 
Mulheres >80 >88 
 
e) Relação Cintura-Quadril (RCQ) 
A relação entre as medidas da circunferência da cintura (ou abdominal), 
medida com uma fita flexível no menor diâmetro do abdome entre a última costela e 
a crista ilíaca, e a circunferência do quadril, medida na maior circunferência da 
região das nádegas, pode fornecer uma correlação mais prática da distribuição de 
gordura corporal. 
O cálculo da RCQ é feito pela divisão da medida da circunferência da cintura 
pela circunferência do quadril ou utilizando o nomograma proposto por Bray e Gray 
(1998 apud BRESSAN; HERMSDORFF, 2011). Segundo o Consenso Latino-
Americano em Obesidade, considera-se risco o valor de RCQ maior que 0,9 para 
homens e 0,85, para mulheres. 
A RCQ também é um índice muito utilizado para avaliação da gordura 
corporal em estudos epidemiológicos, como um determinante de risco metabólico e 
de doenças cardiovasculares. É um método prático, com mensurações simples, e 
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que diferencia a obesidade com acúmulo de gordura abdominal (andróide) da 
obesidade com aumento periférico de gordura (ginóide). 
Atualmente já está claro que, além da determinação da quantidade de 
gordura na obesidade, é muito importante se estabelecer sua localização, em função 
da relação com os fatores de risco. 
 
f) Circunferência da panturrilha 
A circunferência da panturrilha (CP) é uma medida corporal recomendada 
pela OMS para o diagnóstico nutricional de desnutrição em gestantes e idosos. A CP 
reflete alterações no conteúdo da massa corporal da região da perna (músculos, 
gordura, ossos e água), particularmente do conteúdo do tecido muscular. 
Consequentemente, por estar correlacionada com a massa muscular total, constitui-
se em indicador de desnutrição atual (OMS, 1995 apud VASCONCELOS, 2011). 
Na prática clínico-nutricional, as vantagens do uso da CP têm sido 
enfatizadas particularmente quando nãoé possível a obtenção das medidas de peso 
e estatura. Entre as limitações, ressalta-se que a CP pode ser afetada por edema 
dos membros inferiores, situação muito comum em gestantes e idosos. Nos idosos, 
a CP é considerada a medida de massa muscular mais sensível. Entretanto, com o 
aumento da idade, observa-se uma redução mais acentuada da CP nos idosos do 
sexo masculino do que no sexo feminino. Essas evidências podem ser explicadas 
pelas diferenças nos perfis de atividade física entre os sexos. 
 
2.7 Índices derivadas das medidas das dobras cutâne as 
As medidas das dobras cutâneas são úteis para determinar os depósitos de 
gordura subcutâneos, o que de forma indireta determina o compartimento de 
gordura do corpo. A estimação da gordura corporal total se baseia na suposição de 
que 50% da gordura corporal é subcutânea. 
As dobras cutâneas normalmente medidas são a tricipital, a bicipital, a 
subescapular, a suprailíaca, a abdominal e a da coxa. Os valores encontrados 
podem ser aplicados em equações para homens e mulheres para se estimar o 
percentual de gordura corporal, como as equações de Durnin e Wormersley, 
Jackson e Pollock e Siri. Atualmente, existem tabelas diferentes para cada sexo, 
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para facilitar a determinação do percentual de gordura, com base na idade e no 
somatório de algumas dobras. 
As medidas das DC apresentam algumas limitações. Em primeiro lugar são 
necessários compassos (ou adipômetros) calibrados para a avaliação; o uso 
constante com aumento da amplitude de abertura do aparelho, para medir dobras 
maiores, favorece que o aparelho fique descalibrado. Além disso, não existe uma 
exatidão nas medidas das DC. É possível o registro de uma diferença de até 12 mm 
em uma única dobra e de até 3% no percentual estimado para a gordura corporal, 
mesmo quando realizada por profissional experiente. Quando há uma padronização 
dos procedimentos por um grupo, essa diferença pode cair para menos que 1% no 
percentual calculado para a gordura corporal. A precisão para essa avaliação 
diminui à medida que a obesidade aumenta. Nos obesos mórbidos, que têm as 
dobras mais grossas, é impossível se medir, já que os aparelhos não medem mais 
que 50 mm. 
Com base nos estudos e trabalhos publicados, considerando a praticidade, o 
custo e a correlação com os fatores de risco, o IMC e a medida da CC, isolada ou 
relacionada à circunferência do quadril, são os índices mais utilizados na prática 
clínica, principalmente em consultório. O mais importante na avaliação do paciente é 
usar esses dados para estabelecer as estratégias do tratamento e avaliar a conduta 
estabelecida, e prevenir que o paciente atinja graus mais elevados de obesidade. 
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UNIDADE 3 – CINESIOLOGIA 
 
Sabemos que ao longo de sua evolução, o homem vem se moldando, 
principalmente em relação aos seus aspectos físicos. Nos primórdios usava suas 
alavancas para desenvolver velocidade, afinal de contas precisava desta para fugir 
dos predadores ou correr atrás de sua alimentação. 
Essa é uma primeira constatação da importância em compreender o 
movimento humano em suas dimensões anatômica e funcional, o que acontece por 
meio da Cinesiologia. 
Outro aspecto que caracteriza a importância de estudar Cinesiologia diz 
respeito ao fato de que ao compreender as causas e efeitos do movimento, 
podemos, através do uso deste conhecimento, estabelecer os limites aceitáveis de 
estresse que as estruturas locomotoras do corpo humano são capazes de suportar. 
Isto assume especial importância na prescrição do exercício físico para as diferentes 
populações, tanto para a melhoria das capacidades físicas, quanto para a 
elucidação dos mecanismos que acarretam lesões no sistema muscular e 
esquelético humano (OLIVEIRA et al., 2011). 
 
3.1 Conceito e aplicação 
A cinesiologia é o estudo do movimento humano, caracteristicamente no 
contexto do esporte, arte ou medicina (NEUMANN, 2011). 
A Cinesiologia é uma disciplina multidisciplinar, envolvendo conhecimentos 
de anatomia, fisiologia articular e aplicando os mesmos aos movimentos humanos 
simples e complexos. Ela relaciona-se de forma permanente com o estudo das 
multiplicidades dos movimentos executados pelo ser humano, compreendendo as 
forças internas e externas atuantes e seus limites, possibilitando em muitos casos 
até a prevenção de lesões. 
Tem como objetivo compreender os fundamentos do movimento humano a 
partir da criteriosa análise de suas estruturas anatômicas, especialmente, dos ossos 
e músculos esqueléticos (OLIVEIRA et al., 2011). 
Ainda de acordo com os autores acima, no mundo do esporte, a Cinesiologia 
também é fundamental; uma boa técnica na execução de um gesto locomotor em 
qualquer esporte, nada mais é do que o movimento realizado com habilidade, ou 
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seja, com economia de energia e no menor tempo possível, configurando o que 
chamamos de movimento com elevada eficiência. 
Segundo Fornasari (2001), o enfoque dado ao estudo cinesiológico pode 
acontecer de, pelo menos, cinco maneiras diferentes que consistem em estudar as 
condições musculares a partir de: 
a) Deduções anatômicas e biomecânicas, considerando pontos de origem e 
de inserção, direção da tração, alavancas, entre outros. 
b) Experimentos anatômicos, ou seja, tracionar um músculo, previamente 
dissecado, e observar os movimentos realizados. 
c) Estimulação elétrica e observação dos movimentos resultantes. Desta 
forma ter-se-ia uma contração muscular, eletricamente provocada. 
d) Estudos com indivíduos que perderam a função de certos músculos. 
e) Estudos eletromiográficos. 
 
3.2 Evolução histórica 
Não vamos alongar na história da Cinesiologia, mas acreditamos ser 
importante conhecer o momento do seu surgimento e as descobertas de alguns 
estudiosos para entendermos seu momento presente e suas perspectivas futuras, 
que passa pela multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. 
 Essa história se confunde com os primeiros experimentos físicos na área da 
Mecânica dos Corpos e remonta a quase 400 a.C. A compreensão do movimento 
humano sempre fascinou os homens, visto o mesmo estar diretamente relacionado 
com sua sobrevivência. Muitos dos grandes filósofos e físicos da humanidade 
tiveram contribuição para compreender a complexa quantidade de alavancas que 
constituem o corpo humano. Dessa forma, cientistas físicos como Newton, Torricelli, 
Copérnico, Galileu e tantos outros, conseguiram, através do desenvolvimento de 
seus estudos, relacionar a mecânica dos corpos rígidos com a mecânica corporal. 
Também é notável a contribuição dos fisiologistas que, na busca da compreensão 
do funcionamento dos organismos vivos, relacionaram os estudos da mecânica com 
a fisiologia humana (OLIVEIRA et al., 2011). 
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