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XXIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 12 -15 nov. 2019 Documento libre 1 Escritórios de gerenciamento projetos: práticas de implementação de Project Management Office em universidades federais brasileiras Jéssica Morais de Moura Paula Gonçalves Serafini 1 Introdução O presente artigo se insere na temática de gerenciamento de projetos, buscando identificar as práticas de implementação de Escritórios de Projetos em Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil. Desde da década de 1990, tem se observado tendências de implementação de escritórios de projetos em instituições públicas como uma alternativa de modernização e busca de eficiência na prestação de serviços. Neste contexto, Melo (2017) destaca que diversas experiências podem ser identificadas tanto no nível nacional quanto nos entes subnacionais, abordando as experiências de implementação de Escritórios de Projetos em Brasília, Minas Gerais e Pernambuco. Já Santos e Varajão (2015), apesar de reconhecerem essas experiências, destacam que ainda podem ser observados diversos desafios de adoção dessas práticas, sobretudo em razão da dificuldade de desenvolver uma cultura de gestão orientada para resultados. Medeiros et al. (2017) reforçam que as práticas de gerenciamento de projetos contribuem para o aprimoramento das organizações, destacando que diversas Instituições de Ensino Superior (IES) têm procurado implementar Escritório de Gerenciamento de Projetos (EGPs) em inglês (Project Management Office – PMOs) buscando otimizar seus resultados. Ainda de acordo com os autores, com base nos dados da pesquisa PM Survey divulgado em 2014 e considerando as instituições públicas em geral, há um registro de que 50% das instituições públicas na administração direta e 67% da administração indireta já possuem essa estrutura, o que demonstra um aumento significativo dessa prática. Diante desse contexto surgiu o questionamento de como tem sido a prática de implementação dos EGPs em instituições federais de ensino superior no Brasil. Será que essas universidades já possuem Escritórios de Projetos em sua estrutura? Quando foram implementados? Eles possuem regulamentação e são funcionais? Quais benefícios são possíveis observar com a adoção dessa prática? Sobre esse assunto, o referencial teórico aponta a limitação de estudos que estejam preocupados com essa temática de uma maneira mais ampla, existindo pesquisas que abordam a implementação de Escritórios de Projetos em instituições específicas, utilizando a abordagem de estudo de caso. Isso é o que pode ser observado nos trabalhos desenvolvidos por Medeiros et al (2017); Vimercati e Patah (2016); Moutinho, Kniess e Rabechini Junior (2013); Lima, Almeida e Maia (2014); Pinto (2016); Esteves e Falcoski (2013); Silva e Gonzalez (2013) que, de um modo geral, realizaram suas pesquisas sob um enfoque mais direcionado contribuindo com o tema num caráter mais específico. Nesse cenário, o presente estudo se concentrou em mapear o quantitativo atual de Universidades Federais Brasileiras que possuem Escritórios de Gerenciamento de Projetos em sua estrutura, buscando analisar como tem sido a prática de implementação de EGPs nessas instituições. Além disso, o trabalho teve como objetivo secundário realizar uma reflexão teórica do tema de Gestão de Projetos, discutindo a importância da adoção de Escritório de Projetos, seus principais conceitos e definições. Por fim, o intuito maior da pesquisa consiste em produzir um diagnóstico da situação atual dos EGPs nas Universidades Federais no Brasil podendo, assim, contribuir com a disseminação e fortalecimento dessa prática. XXIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 12 -15 nov. 2019 Documento libre 2 Para atingir os objetivos propostos foram adotados três procedimentos metodológicos que consistiram em: i) realização de revisão bibliográfica do tema, identificando conceitos chave do Gerenciamento de Projetos, bem como o levantamento de pesquisas que abordem a temática de adoção de Escritório de Projetos em IES; ii) levantamento junto a 63 Universidades Federais no Brasil por meio de questionamentos solicitados via Lei de Acesso à Informação (LAI), os quais buscaram saber quais Universidades possuem EGPs e como eles funcionam; e iii) cruzamento dos dados da pesquisa, sendo sistematizados quadros que permitem estimular a reflexão sobre a importância e quais as etapas são necessárias para a implementação de EGPs. A pesquisa se fundamenta numa análise quantitativa e qualitativa, adotando o método exploratório que, conforme define Gil (2002), se caracteriza por proporcionar maior familiaridade com um problema, permitindo torná-lo mais explícito, bem como fomentar o aprimoramento de ideias. Segundo o autor, esse tipo de pesquisa se baseia no levantamento bibliográfico e na investigação de experiências práticas que por meio do método de levantamento recolhe informações pertinentes do universo ora pesquisado. Para sistematizar os resultados, o presente estudo está estruturado em cinco seções, incluindo essa introdução que se propôs a apresentar noções gerais do tema, dos objetivos e da metodologia da pesquisa. Na segunda seção, aborda-se os conceitos e definições da Gestão de Projetos, destacando as definições conceituais dos EGPs, suas funções e aplicações atuais. Já a terceira seção se concentra em aprofundar o tema, considerando a importância de se implementar EGPs em Instituições de Ensino Superior e realizando um levantamento teórico sobre os estudos que trataram desse assunto. A quarta seção do artigo apresenta os resultados da pesquisa realizada junto as Universidades Federais, sendo detalhados os questionamentos que foram realizados e quais foram os retornos obtidos junto a estas instituições. Por fim, a quinta e última seção do trabalho apresenta as considerações finais, relacionando os dados levantados com os referenciais abordados, permitindo assim gerar uma contribuição acerca da importância da adoção de práticas de Gerenciamento de Projetos em Universidades Federais. 2 Gestão de Projetos: definições, conceitos e aplicações em EGPs Gerenciar projetos significa, antes de tudo, ter uma compreensão clara sobre todos os processos que envolve a geração de um produto, serviço ou resultado. Na prática, isso significa a necessidade de planejar adequadamente um conjunto de ações de forma sistemática. A Gestão de Projetos surgiu como um campo de estudo a partir de 1954 quando foi criado o termo “Gestão de Projetos”. Anteriormente a isso, já se observavam iniciativas que abordavam projetos de forma isolada, sendo possível identificar diversos instrumentos e ferramentas que visavam melhorar o desempenho das ações, tais como o gráfico de Gantt (1910), o método de caminho crítico (CPM) inventado por funcionários da Du Pont (1956), o método PERT inventado e usado no projeto Polaris (1958) e a criação da Estrutura Analítica do Projeto (EAP) pela NASA (1962). Em 1969 surge o primeiro instituto dedicado a tratar especificamente da temática de Gestão de Projeto. O Project Management Institute (PMI) foi inaugurado na Pensilvânia – EUA por um grupo de profissionais que promoveram as melhores práticas de gerenciamento de projetos, tornando-se a maior organização sem fins lucrativos no campo de ciência de projetos. O PMI é responsável por desenvolver um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK) que atualmente já se encontra na 6ª edição e se constitui num verdadeiro manual orientador da prática de Gestão de Projetos. Sobre esse tema é importante destacar o papel atribuído as estruturas responsáveis por realizar o gerenciamento de projetos. Assim, de acordo com o PMI e com o guia PMBOK, Escritóriosde Projetos podem ser definidos como um corpo ou entidade organizacional a qual são atribuídos projetos sob seu domínio. Trata-se, portanto, de uma instância que concentra ações de planejamento, priorização e execução coordenada de projetos. XXIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 12 -15 nov. 2019 Documento libre 3 Segundo a 6ª edição do PMBOK: Um escritório de gerenciamento de projetos (EGP) é uma estrutura organizacional que padroniza os processos de governança relacionados a projetos e facilita o compartilhamento de recursos, metodologias, ferramentas e técnicas. As responsabilidades de um EGP podem variar, desde o fornecimento de funções de apoio ao gerenciamento de projetos até o gerenciamento direto de um ou mais projetos. (PMI, 2017: 48). Conforme Dai & Wells (2004) os EGPs ou PMOs podem ser considerados um dos avanços na área de gerenciamento de projetos criados para auxiliar gerentes de projetos, equipes e níveis de gestão em questões estratégicas e funcionais de toda a instituição. A partir disso, entende-se que os Escritórios de Projetos têm por missão manter uma visão integrada do planejamento estratégico em toda a cadeia de valor de uma instituição. O objetivo disso é garantir a implementação dentro do prazo e dos custos definidos no plano estratégico. Nessa perspectiva é importante refletir sobre os benefícios da implementação de EGPs, já que sua atuação pode ser diversa. De acordo com Keeling e Branco (2019) é possível identificar mais de 27 funções e serviços mais frequentemente desempenhadas pelos EGPs, conforme observa-se no quadro 1 a seguir. Quadro 1: Serviços realizados pelo PMO 1. Informar o status dos projetos para a alta gerência 11. Promover um conjunto de ferramentas para GP sem o esforço de padronização 20. Monitorar e controlar o desempenho do próprio PMO 2. Monitorar e controlar o desempenho de projetos 12. Alocar recursos entre os projetos 21. Prover mentoring para os gerentes de projetos 3. Implementar e operar sistemas de informações dos projetos 13. Implementar e gerenciar banco de dados de lições aprendidas 22. Identifica, selecionar e priorizar novos projetos 4. Coordenar e integrar projetos de um portfólio 14. Gerenciar os benefícios de projetos/programas 23. Gerenciar um ou mais programas/projetos 5. Promover o gerenciamento de projetos dentro da organização 15. Recrutar, selecionar, avaliar e determinar salários dos gerentes de projetos 24. Gerenciar interfaces de clientes 6. Participar do planejamento estratégico 16. Desenvolver e implementar a metodologia de GP padrão 25. Executar tarefas especializadas para os gerentes de projetos 7. Gerenciar um ou mais portfólios 17. Desenvolver as competências dos profissionais, incluindo treinamento 26. Conduzir revisões pós- gerenciamento do projeto (lições aprendidas) 8. Gerenciar arquivos/acervos de documentação de projetos 18. Prover aconselhamento à alta gerência 27. Implementar e gerenciar banco de dados de riscos 9. Conduzir auditorias de projetos 19. Desenvolver e manter um quadro estratégico de projetos (project scoreboard) 28. Mapear o relacionamento e o ambiente de projetos Fonte: Keeling e Branco, 2019. XXIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 12 -15 nov. 2019 Documento libre 4 De acordo com cada função desempenhada é possível ter um conjunto de técnicas e procedimentos específicos, podendo existir EGPs que possuem apenas funções de monitoramento e controle e outros que possuem a função de realizar o gerenciamento propriamente dito do projeto. Assim, conforme aponta Albuquerque e Andrade (2014), bem como exemplifica Lima, Almeida e Maia (2014) os EGPs pode ser classificados segundo três principais níveis que podem coexistir simultaneamente, sendo eles: i) Escritório de Controle de Projetos; ii) Escritório de Suporte de Projetos; e iii) Escritório Estratégico de Projetos. O primeiro deles tem como principal foco realizar o controle de um projeto, permitindo o acompanhamento de indicadores e a elaboração de relatórios de progresso. Já o segundo, geralmente é utilizado para o gerenciamento de projetos de pequeno e médio porte, possuindo uma natureza de suporte e sendo utilizado para fornecer treinamentos e metodologias visando padronizar os processos e o desempenho de projetos. O terceiro tipo é entendido como uma instituição que coordena ações de caráter estratégico, podendo dar suporte ao primeiro e segundo nível. A partir dessas conceituações fica evidente que a prática de implementação de Escritórios de Projetos pode trazer diversos benefícios para as instituições que adotam os EGPs em sua estrutura. De uma maneira geral e conforme sistematizado por Keeling e Branco (2019: 59) observa-se que os EGPs podem permitir: Padronizações de operações e processos; Decisões baseadas na corporação como um todo e não em redutos individuais; Melhor capacidade de planejamento (alocação e recursos); Acesso mais rápido a informações de maior qualidade; Eliminação ou redução de redutos individuais na empresa; Operações mais eficientes e eficazes; Menos necessidade de reestruturação; Menos reuniões que consomem um tempo precioso dos executivos; Priorização mais realista do trabalho; e Desenvolvimento de futuros gerentes gerais. Nesse sentido, existem diversos outros estudos que também comprovam as melhorias proporcionadas por um EGPs, podendo-se citar que, de acordo com Albuquerque e Andrade (2014: 4), “a maior vantagem da implantação de um PMO é tornar todos os processos decorrentes do planejamento, desenvolvimento e execução de projeto mais fáceis, além de, concomitantemente, aumentar a taxa de sucesso na Gestão de Projetos”. 3 A prática de implementação de Escritórios de Gerenciamento de Projetos em Universidades Federais Brasileiras Conforme demonstrado no capítulo anterior, ficou evidenciado os avanços obtidos com o gerenciamento de projetos, sendo destacado a importância e os benefícios que a implementação de um Escritório de Gerenciamento de Projetos pode trazer para as instituições. Num cenário de escassez de recursos e diante de uma sociedade cada vez competitiva, torna-se imperioso que qualquer organização passe a incorporar noções básicas de Gerenciamento de Projetos com vistas a otimizar os seus resultados e fazer o que tem que se feito de maneira mais eficiente. Esse é o contexto observado nas Universidades Federais de Ensino Superior no Brasil, as quais tem tido atuação limitada face ao contingenciamento de recursos financeiros. Conforme destaca Vieira (2014), essas universidades federais tornaram-se instituições complexas, com uma estrutura organizacional que dificulta a eficiência da gestão e da eficácia dos procedimentos. Isso tem provocado mudanças na forma de gerir as suas ações, levando diversas instituições a buscarem conceitos de modernização das suas práticas, sobretudo no que se refere a execução de projetos. XXIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 12 -15 nov. 2019 Documento libre 5 Nessas universidades, o modelo ultrapassado de elaborar e executar projetos passa a ser substituído por um ciclo de vida que permeia cinco grandes fases da Gestão de Projetos, a saber: iniciação, planejamento, execução, monitoramento & controle e encerramento. Isso significa que os projetos dentro das universidades, quando incorporam as noções básicas de gerenciamento, deixam de ser ineficazes e de ter altos custos e passam a seguir um roteiro que se preocupa muito mais com o processo e com a entrega final, permeando a gestãode riscos e o engajamento das partes interessadas. Pinto (2016: 125) reforça essa concepção, destacando que a implementação de EGPs “pode auxiliar no gerenciamento de projetos das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), principalmente em relação a dimensão financeira, quando considera um grande fator de risco”. Já Vimercati e Patah (2016), ao analisarem a implementação de PMOs em Instituições de Ensino Superior, destacam que essa estrutura permite a introdução de uma cultura voltada para projetos e responsável pela gestão deles. No entanto, os autores também destacam que, apesar dessa vantagem, poucas IES públicas implementaram uma estrutura como PMO, fato que implicou a eles o desenvolvimento de um estudo com uma IES privada. Os trabalhos de Moutinho, Kniess e Rabechini Junior (2013), do contrário analisaram a influência da Gestão de Projetos em universidades públicas, evidenciando que: (...) as instituições públicas de pesquisa também devem adequar os seus ambientes, com a implantação de escritórios de projetos, com vistas a aumentar a probabilidade de ter um fluxo contínuo de projetos gerenciados com sucesso, incrementando assim, sua qualidade percebida, já́ que é entendida como um diferencial estratégico (MOUTINHO, KNIESS e RABECHINI JUNIOR, 2013: 45). Nesses termos, percebe-se que a prática de implementação de EGPs está diretamente associada a qualidade que se espera ter com o desenvolvimento de projetos, de forma que eles passam a ser planejados e executados com muito mais critério e rigor metodológico, gerando assim maior eficácia. Esteves e Falcoski (2013) retratam esta realidade afirmando que uma coordenação de projetos eficiente é capaz de promover o bom desenvolvimento das ações e dos agentes envolvidos, utilizando-se de ferramentas gerenciais que permitem uma comunicação eficiente, evitando e diminuindo retrabalhos e desperdícios de tempos e recursos. Sobre a implantação desses EGPs, Medeiros et al (2017) realizaram uma ampla revisão da literatura, buscando identificar quais são as etapas necessárias para criação e funcionamento desses escritórios de projetos. Com base nas pesquisas, os autores sistematizaram um quadro detalhando quais seriam os processos envolvidos na implementação de PMO, conforme ilustra-se a seguir: Quadro 2: Síntese de Processos para implementação de EGPs ETAPA DESCRIÇÃO AUTORES Decisão Envolve o processo decisório para ter ou não uma estrutura de EGP na organização. Carvalho e Piscopo (2014) Pré-estruturação Ter outras referências e informações para consolidar e estruturar o EGP. Carvalho e Piscopo (2014) Estruturação e planejamento Refere-se ao processo de implantação, com a definição de planos e metas para o EGP, bem como a definição das funções a serem realizadas e metodologias adotadas. Rabechini Júnior et al. (2009); Patel et al. (2012). Execução e gerenciamento Trata-se da avaliação, do replanejamento e de ações de correção dos projetos e da atuação do EGP. Patel et al. (2012); Carvalho e Piscopo (2014). Fonte: Medeiros et al. (2017). XXIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 12 -15 nov. 2019 Documento libre 6 Conforme observado, diversos autores abordam o tema sendo possível identificar quatro principais etapas que estão associadas a implementação de Escritórios de Projetos. Inicialmente é necessário ressaltar que tudo parte de uma decisão, sendo preciso que a instituição faça uma escolha de implementar em sua estrutura organizacional uma unidade responsável por coordenar o gerenciamento de projetos. É também nessa etapa que devem ser identificados os benefícios que essa estrutura pode trazer. A fase seguinte consiste na realização de benchmarking, ponderando sobre outras referências, bem como qual seria a melhor forma de conceber tal unidade, refletindo sobre custos e funções a serem desempenhadas. Posteriormente, inicia-se a fase de estruturação que consiste na implementação propriamente dita do EGP, formalizando a sua estrutura, métodos, técnicas e sistemas que serão utilizadas. A execução e o gerenciamento consistem na última fase, estando o EGP já em funcionamento e sendo o momento destinado para monitoramento e avaliação em busca da melhoria contínua e da correção de eventuais desvios que possam ter acontecido em relação ao planejado (MEDEIROS et al., 2017). Apesar desse roteiro, ressalta-se que não existe um padrão único, sendo o processo de implementação de Escritórios de Projetos uma tarefa que exige um engajamento das partes interessadas e compromisso com seu escopo. É o que será evidenciado na seção seguinte a qual irá detalhar os resultados da pesquisa realizada junto as Universidades Federais do Brasil. 4 Perspectivas e Desafios da implementação de EGPs nas Universidades Federais no Brasil: uma análise normativa, estrutural, metodológica e estratégica desta prática A presente seção evidência os resultados da pesquisa realizada junto às Universidades Federais Brasileiras, a qual buscou identificar o quantitativo de instituições que possuem a estrutura de Escritório de Projetos implementada. Para tanto, a pesquisa contemplou um levantamento realizado junto à 63 Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) distribuídas nos 26 Estados Federativos e Distrito Federal e localizadas nas 5 regiões brasileiras, tendo sido enviado questionamentos via Lei de Acesso à Informação. A relação das Universidades contempladas no estudo foi aquela disponibilizada via site do Governo Federal, a qual apresenta o nome da instituição, a região e estado em que está localizada e o seu respectivo ano de fundação. Sobre os questionamentos que foram enviados a estas instituições, ressalta-se que se tratou de um formulário composto por oito perguntas que versavam sobre a implementação de Escritórios de Projetos, informações sobre ano de sua criação, estrutura normativa e de pessoal, metodologia e sistemas utilizados, bem como desafios identificados para a consolidação da unidade. As perguntas foram enviadas por meio do Portal da Transparência, seguindo as premissas da Lei de Acesso à informação, tendo a instituição um prazo máximo de 20 dias para fornecer as respostas solicitadas ou ainda prorrogar o tempo de resposta por mais 10 dias. O quadro 3 apresenta as questões que foram solicitadas, agrupando-as segundo a metodologia de análise. XXIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 12 -15 nov. 2019 Documento libre 7 Quadro 3: Questionamentos enviados as Universidades Federais via LAI CATEGORIA QUESTÃO P e rg u n ta d e P a rt id a 1 Na estrutura institucional da Universidade existe alguma unidade denominada de Escritório de Projetos ou suas variantes? A sp e c to s N o rm a ti v o s- In st it u c io n a is 2 Qual o nome da unidade e nível de hierarquia que possui (Pró-Reitoria, Secretaria, Unidade, Setor, etc.). 3 Quando a unidade foi criada? Há algum documento institucional de implantação (Portaria, Regimento, Normativo, etc.?) Caso possua, gentileza anexar os documentos. A sp e c to s E st ru tu ra is 4 Quantas pessoas fazem parte da Equipe da unidade e quais são as suas formações acadêmicas? 5 Qual o escopo de atuação da unidade? Por gentileza identifique as atribuições da unidade e informe se a mesma gerencia projetos da Universidade, detalhando o quantitativo atual. (Caso possua, enviar documentos normativos que expliquem a atuação da unidade.) A sp e c to s M e to d o ló g ic o s 6 A unidade utiliza alguma metodologia ou software para o gerenciamento dos projetos? Se sim, qual(is)? Gentileza também fornecer informações sobre a licença do software,detalhando se é próprio, alugado, gratuito, etc. 7 A unidade possui site oficial ou mídias sociais para divulgação das suas atividades? Em caso positivo, gentileza inserir os links. A sp e c to s E st ra té g ic o s 8 Qual seria o principal desafio identificado para consolidação das atividades desenvolvidas na unidade? Há algum material de planejamento ou Matriz SWOT que possa ser compartilhado? Fonte: elaboração própria, 2019. Conforme observado no quadro 3, a pergunta de partida permitiu a identificação do quantitativo de Universidades Federais Brasileiras que possuem em sua estrutura institucional unidade de Escritório de Projetos ou equivalentes. Conforme já discutido no capítulo anterior, ressalta-se que a implementação dessa unidade responsável pela coordenação de projetos pode trazer diversos benefícios a instituição, otimizando os resultados das ações e evitando ações ineficazes. No contexto de escassez de recursos públicos e frente a necessidade de modernização da máquina administrativa, emergiu então o questionamento de quais Universidades Federais Brasileiras já possuem a unidade do EGP em sua estrutura, conforme apresenta-se no gráfico 1. XXIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 12 -15 nov. 2019 Documento libre 8 Gráfico 1: Situação de Implementação de EGPs nas Universidades Federais Brasileiras Fonte: elaboração própria, 2019. Observando os resultados desse questionamento, identifica-se que no universo das 63 instituições consideradas na pesquisa, 12 Universidades declararam possuir Escritórios de Projetos (19%); 43 Universidades declararam não possuir em sua estrutura Escritório de Projetos (68%); e 8 Universidades não responderam a pesquisa (13%). De acordo com esse quantitativo, verifica-se que a implementação de EGPs em Universidades Federais Brasileiras ainda não se constitui uma tendência, sendo observado que apenas algumas instituições isoladas adotaram essa prática, conforme identifica-se na Figura 1 que destaca as 12 Universidades Federais que possuem Escritório de Projetos em sua estrutura. Figura 1: Universidades Federais Brasileiras que possuem EGP Fonte: elaboração própria, 2019. 19% 68% 13% Possui EGP Não possui EGP Não respondeu XXIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 12 -15 nov. 2019 Documento libre 9 No que se refere às 43 Universidades que declararam não possuir a estrutura de Escritório de Projetos, é valido ressaltar as respostas fornecidas por algumas instituições que declararam que apesar de não terem EGPs implementados, possuem unidades similares, tais como Coordenadorias de Planejamento e Escritório de Processos, existindo ainda instituições que demonstraram interesse na criação de EGPs. O quadro 4 sintetiza esses destaques. Quadro 4: Universidades Federais com estrutura similar ao EGP ou que possuem intenção de implementação UNIVERSIDADE RESPOSTA 1. UNILAB - Universidade Federal da Lusofonia Afro-Brasileira Há intenção da gestão superior em criar um setor específico para tratar do tema. 2. UFPB - Universidade Federal da Paraíba Existe a Coordenação de Planejamento (CODEPLAN), vinculada à Pró- Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento (PROPLAN), responsável pela elaboração de planos, projetos, metas, normas e políticas institucionais da UFPB. 3. UNIVASF - Universidade Federal do Vale do São Francisco No âmbito da Univasf, os projetos de pesquisa são acompanhados pelo Departamento de Pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós- Graduação e Inovação Tecnológica – PRPPGI. 4. UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco Na Pró-Reitoria de Planejamento, temos a Coordenadoria de Modernização Organizacional (CMO). 5. UFERSA - Universidade Federal Rural do Semi-Árido Existe uma unidade denominada “Divisão de Planejamento e Avaliação Institucional”. Inserida nesta divisão há uma seção denominada "Escritório de Processos". 6. UFAC - Universidade Federal do Acre A Diretoria de Controle e Gestão Institucional, da Pró-Reitoria de Planejamento, está com a incumbência de realizar a implantação de um Escritório de Projetos e Processos, ainda em 2019. 7. UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora Atualmente existe a unidade denominada Escritório de Processos. 8. UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto A UFOP está próxima de aprovar seu novo organograma o qual cria o Escritório de Projetos e Processos que será ligado à futura Pró- Reitoria de Orçamento, Planejamento e Administração. 9. UFF - Universidade Federal Fluminense Possui uma Comissão designada para realizar o mapeamento e a otimização de processos administrativos no âmbito da instituição. 10. UFPel - Universidade Federal de Pelotas A UFPel tem o Escritório de Processos. 11. UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul A Universidade está trabalhando para a implantação do escritório de projetos, conforme previsto na ação 4.2.5. Criar um Escritório de Projetos do Plano de Gestão 2016-2020 da UFRGS. Fonte: elaboração própria, 2019. Conforme observado no quadro, um quantitativo de 11 Universidades forneceu informações complementares sobre a implementação de unidades similares aos EGPs. Nesse sentido, destaca-se que 4 instituições (UNILAB, UFAC, UFOP e UFRGS) demostraram a intenção de formalizar a implementação de Escritórios de Projetos. Outras 4 instituições (UFPB, UNIVASF, UFRPE e UFF) informaram que possuem setores similares e que de alguma maneira se relacionam com a atividade de gestão de projetos, mas, no entanto, atendem demandas mais específicas e por não serem reconhecidos metodologicamente como Escritórios de Projetos não foram contemplados nas demais análises. Destaca-se ainda as Universidades que responderam que possuem a estrutura de Escritório de Processos já implementadas (UFERSA, UFJF, UFOP e UFPel), tendo alguma relação com a temática de projetos, mas não se constituindo na atividade principal. XXIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 12 -15 nov. 2019 Documento libre 10 Após esse momento inicial de levantamento quantitativo, parte-se para a análise qualitativa das instituições que declararam possuir EGP implementado, sendo analisado aspectos normativos-institucionais; estruturais; metodológicos e estratégicos. Espera-se que a partir da sistematização desses resultados seja possível obter um diagnóstico da implementação de Escritórios de Projetos nas Universidades Federais no Brasil, abordando os principais arranjos necessários para sua criação e operacionalização. 4.1 Aspectos Normativos-Institucionais dos EGPs: uma análise de terminologias e legitimação Considerando as 12 Universidades Federais que declararam possuir EGPs, a presente subseção tem o objetivo de refletir sobre os aspectos normativos-institucionais que envolvem a implementação deste setor, abordando questões relativas à nomenclatura da unidade, nível hierárquico, ano de implementação e documento institucional de formalização. De acordo com Abe e Carvalho (2005) existem diversas formas de estruturar um EGP, mas a primeira fase está diretamente relacionada a decisão de ter ou não em sua organização. Segundo os autores, essa fase está relacionada a motivação que a instituição irá desenvolver, refletindo sobre quais benefícios e soluções espera-se que o PMO possa trazer. Além disso, destaca-se a importância de escolher o tipo de Escritório de Projetos que se deseja implementar, alinhando as suas atribuições com a natureza da organização. Outro fator importante relacionado aos aspectos normativos-institucionais de implementação de um EGP está ligadoao patrocínio e apoio da alta direção, sendo tal característica entendida por diversos autores como um Fator Crítico de Sucesso do PMO (VIMERCATI e PATAH, 2016). Nesse sentido, entende-se que o processo de implementação de um Escritório de Projetos inicia com uma decisão e perpassa sobre a definição do tipo de EGP que se quer implementar, sendo fundamental, portanto, o conhecimento preliminar de gestão de projetos e o apoio da alta direção. Em paralelo, ressalta-se a importância de formalizar a estrutura do Escritório de Projetos, de modo que ela possa ser reconhecida pelos membros da instituição e tenha as suas atividades legitimadas por documentos ou manuais que descrevem as suas atribuições. O quadro 5 sintetiza estas questões para as 12 Universidades que declararam possuir EGP implementado. Quadro 5: Universidades Federais que informaram possuir EGP implementado ID UNIVERSIDADE NOME DO EGP E HIERARQUIA ANO DE CRIAÇÃO DOCUMENTO DE FORMALIZAÇÃO 1. UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso Escritório de Projetos e Processos, vinculado à Vice-Reitoria. 2016 Resolução CD nº 16, de 30 de setembro de 2016, que dispõe sobre a estrutura administrativa e acadêmica e o quadro distributivo dos cargos e direções e de funções gratificadas da UFMT. 2. UFSB - Universidade Federal do Sul da Bahia Coordenação de Projetos e Obras – CPO, vinculado à Diretoria de Infraestrutura- DINFRA. 2014 Não informou. 3. UFCA - Universidade Federal do Cariri Coordenadoria de Gestão de Projetos e Processos – CGPP, alocada na Pró-Reitoria de Planejamento e Orçamento. 2017 A Secretaria de Processos Disciplinares e Comissões Permanentes - SEPAD, instituída pela Portaria nº 20, de 27 de janeiro de 2017. 4. UFS - Universidade Federal de Sergipe Diretoria de Projetos e Estruturas Físicas (DOFIS), vinculada a Superintendência de Infraestrutura – INFRAUFS. Não informou Não informou. XXIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 12 -15 nov. 2019 Documento libre 11 5. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Secretaria de Gestão de Projetos, possui status de "secretaria" com autonomia administrativa, patrimonial e financeira, vinculada diretamente ao Gabinete da Reitoria. 2015 A unidade foi criada em 04 de novembro de 2015 por meio da Resolução 020/2015-CONSUNI. 6. UFPA - Universidade Federal do Pará Diretoria de Gestão Estratégica (DIGEST) que possui em sua estrutura a Coordenadoria de Gestão de Projetos para atuar na gestão de projetos estratégicos, vinculada a Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento Institucional (PROPLAN). 2017 Através da Resolução CONSUN nº 769, de 18 de dezembro de 2017. 7. UFES - Universidade Federal do Espírito Santo EGPP – Escritório de Projetos de Gestão e Processos. 2017 Portaria de no 1729, de 08 de agosto de 2017. 8. UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul Departamento de Gestão de Projetos e na hierarquia se encontra no terceiro nível (Reitoria -> Secretaria especial de TI -> Departamento de Gestão de Projetos). 2017 Portaria nº 257/GR/UFFS/2017. 9. UNILA - Universidade Federal da Integração Latino- Americana Departamento de Planejamento Estratégico (DPE), vinculada a PROPLAN. 2017 Portaria PROPLAN nº 003/2017. 10. UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre Escritório de Projetos, unidade administrativa vinculada à Vice- reitoria. 2017 Resolução 11/2017 do Conselho Universitário - CONSUN, publicada no Boletim de Serviços 002/2017. 11. UNIPAMPA - Universidade Federal do Pampa Divisão de Gestão de Projetos faz parte da Coordenadoria de Convênios, Projetos e Captação de Recursos na Pró-Reitoria de Planejamento e Infraestrutura. 2016 Divisão de Gestão de Projetos foi criada quando foi instituída a estrutura organizacional da UNIPAMPA, através da Portaria nº 1695, de 21/12/2016. 12. UFPR - Universidade Federal do Paraná Coordenadoria de Governança e Riscos que trabalha com processos e Projetos, mas tem outras unidades que também trabalham com projetos. 2017 Portaria nº 821, de 08/12/2017. Fonte: elaboração própria, 2019. Conforme observado no quadro, das 12 universidades que declararam possuir EGP, 3 instituições possuem unidades com a nomenclatura de “Escritório de Projetos” (UFMT, UFES e UFCSPA), 1 instituição possui a nomenclatura de “Secretaria de Gestão de Projetos” (UFRN), 2 instituições possuem nomenclatura de “Coordenadoria de Gestão de Projetos” (UFCA e UFPA), 1 instituição possui a nomenclatura de “Coordenação de Projetos e Obras” (UFSB), 1 instituição possui a nomenclatura de “Diretoria de Projetos e Estruturas Físicas” (UFS), 1 instituição possui a nomenclatura de “Departamento de Gestão de Projetos” (UFFS), 1 instituição possui a nomenclatura de “Departamento de Planejamento Estratégico” (UNILA), 1 instituição XXIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 12 -15 nov. 2019 Documento libre 12 possui a nomenclatura de “Divisão de Gestão de Projetos” (UNIPAMPA), e 1 instituição possui a nomenclatura de “Coordenadoria de Governança e Riscos” (UFPR). A variedade de terminologias indica a diversidade que existe nas tipologias dos EGPs, existindo múltiplos níveis hierárquicos que influenciam diretamente o conjunto das principais atribuições que serão exercidas pelo PMO. Sobre a formalização desses EGPs, considera-se que das 12 universidades apenas 2 não informaram questões à respeito da normatização do Escritório, (UFSB e UFS) tendo 10 universidades formalizados suas estruturas por meio de resoluções ou portarias. Tal fato corrobora com a premissa de que a atuação dos EGPs deve ser legitimada por documentos institucionais que descrevam a sua composição e sirvam de amparo legal para o exercício das suas funções. 4.2 Aspectos estruturais dos EGPs: uma análise do escopo e atuação A presente subseção considera os aspectos estruturais dos EGPs, observando o quantitativo de servidores que estão alocados nestas unidades e as atribuições que foram designadas para os referidos Escritórios de Projetos. Conforme aponta Barbalho et al. (2014), os Escritórios de Projetos podem ser de natureza simples ou complexas, a depender da estrutura de pessoal que é alocada na unidade e do conjunto de atribuições que são desempenhadas. Em linhas gerais, não há um modelo quantitativo pré-definido, devendo a estrutura do EGP variar de acordo com as competências que se espera desempenhar. Em síntese: É de extrema responsabilidade do escritório de projetos unificar e padronizar os processos utilizando ferramentas e técnicas, trabalhar no desenvolvimento de pessoas, garantir o melhor aproveitamento dos recursos disponíveis e aumento da produtividade (ALBUQUERQUE e ANDRADE, 2014: 3) Nesse sentido, o quadro 6 apresenta os resultados de acordo com as 12 universidades comtempladas no estudo. Quadro 6: Quantitativo de Servidores e Atribuições dos EGPs nas Universidades Federais ID UNIVERSIDADE QUANT. DE SERVIDORES FORMAÇÃO ATRIBUIÇÕES 1. UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso 5 Contador, Administrador, Sistemas e Tecnologia de Informação, Ciência da Computação. Apoio a gestão de projetos institucionais com ou sem aporte financeiro, por meio de acompanhamento direto ou mentoria de coordenadores de projetos. 2. UFSB - Universidade Federal do Sul da Bahia 5 Arquitetos e Engenheiro Eletricista. O Escritório de Projetos atua em questões de infraestrutura auxiliando a elaboração e execução de obras físicas. 3. UFCA - Universidade Federal do Cariri 4 AdministraçãoGerenciamento dos projetos estratégicos e mapeamento dos processos alinhados ao mapa estratégico e à cadeia de valor da UFCA, fornecendo capacitações para promover a autonomia dos setores para controlarem e monitorarem suas atividades orientadas pelo planejamento estratégico institucional. 4. UFS - Universidade Federal de Sergipe Não informou Não informou Não informou XXIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 12 -15 nov. 2019 Documento libre 13 5. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte 5 Ciências da Computação, Engenharia da produção, Psicologia e Administração e profissionais com especialização em Gestão de Projetos. Atua no gerenciamento de projetos estratégicos, promovendo melhores práticas e realizando a interlocução entre gestores de projetos e processos e administração da UFRN e apoiar a adoção de ferramentas, métodos e técnicas de gestão de projetos e gestão de processos. 6. UFPA - Universidade Federal do Pará 1 Administração Não informou 7. UFES - Universidade Federal do Espírito Santo 4 Engenheiro de Produção e Mecânico. A principal função do EGPP é apoiar as equipes envolvidas, por meio de instruções, capacitações e uso de técnicas apropriadas a cada projeto estabelecido. O EGPP entende como criação de valor a: redução ou eliminação de desperdícios; redução de custos; melhoria no desempenho dos processos, projetos e operações; otimização do uso de recursos e satisfação dos clientes dos serviços. 8. UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul 2 Analista de TI com MBA em Gerenciamento de Projetos. O escopo é realizar as atividades de identificação das demandas, análise de negócios, definição do escopo das soluções, priorização, detalhamento em requisitos e as áreas do PMBOK de tempo, escopo e intervenientes. 9. UNILA - Universidade Federal da Integração Latino-Americana 7 Economistas, Administradores, Técnicos de Gestão Publica e Contador. Desenvolver os trabalhos relacionados ao Planejamento Institucional (Plano de Desenvolvimento. Institucional e Plano Anual), Gestão por Processos, Gestão de Projetos, Estudos sobre Governança, riscos e estrutura organizacional, dentre outros. 10. UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre 3. Estatística, Administração e Direito. Apoiar na elaboração e na submissão de Projetos; Apoiar na finalização de relatórios técnicos e na apresentação dos resultados dos projetos. Promover atividades de qualificação à pesquisa (workshops, oficinas, cursos). 11. UNIPAMPA - Universidade Federal do Pampa Não há no momento. Não há no momento. Acolher, identificar, investigar, sistematizar, orientar, apoiar, realizar e monitorar ações de desenvolvimento de projetos estratégicos de interesse da instituição. 12. UFPR - Universidade Federal do Paraná 4 Não informou. Gestão de Processos, Gestão de Riscos, Gestão de Riscos e Gestão do Sistema Eletrônico. Fonte: elaboração própria, 2019. XXIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 12 -15 nov. 2019 Documento libre 14 De acordo com o quadro, destaca-se que o quantitativo médio de servidores que atuam nos EGPs é de 3 colaboradores, existindo EGPs que também possuem apenas 1 servidor envolvido (UFPA) e EGPs que possuem até 7 servidores (UNILA). Outro destaque relevante consiste na Universidade Federal UNIPAMPA a qual informou que no momento nenhum servidor está alocado na unidade. Relativo as atribuições dos PMOs, observa-se que alguns Escritórios informaram que o seu escopo de atuação está muito mais relacionado a execução e acompanhamento de obras de infraestrutura e arquitetura, não tendo, nesses casos, competências de aspectos gerenciais, mais sim de coordenação de obras. Esse é o caso observado nas Universidades UFSB e UFS. Já o caso da UFPR, verifica-se que consiste numa coordenadoria de gestão de riscos, sendo o tema de gerenciamento de projetos abordado de forma secundária. Por tais motivos, as 3 unidades nomeadas respectivamente por tais Universidades como “Escritórios de Projetos” não foram consideradas nas análises a seguir. Neste sentido, o escopo das Universidades que possuem de fato EGPs implementados passou a ser de 9 instituições, uma vez que são nessas que se observam os conceitos e definições próprias daquilo que se entende por um PMO. Ao analisar tais atribuições ficou evidente que as Universidades em questão têm adotado a prática de implementação de um EGP com a finalidade maior de gerenciar os seus projetos e reduzir os desperdícios de recursos, conforme será evidenciado no capítulo a seguir que irá tratar dos aspectos metodológicos dos 9 EGPs considerados no estudo. 4.3 Aspectos metodológicos dos EGPs pesquisados: uma análise dos métodos e sistemas A presente subseção buscou descrever as metodologias e sistemas que são utilizados pelos EGPs das Universidades Federais Brasileiras. Seguindo a percepção de Correia (2013), destaca-se que na estruturação dos instrumentos e ferramentas de um PMO, deve se ter claramente a dependência com os processos e o modo como as pessoas irão utilizar tais arcabouços. Relacionando esses princípios com a importância de sistemas de informação, o Guia PMBOK (2017) esclarece que: O volume de dados e informações que os gerentes de projeto precisam integrar torna necessária a utilização de um sistema de informações de gerenciamento de projetos (SIGP) e ferramentas automatizadas para coletar, analisar e utilizar informações para atender aos objetivos do projeto e realizar os benefícios do projeto (PMI – Guia PMBOK, 2017: 73) Nesse sentido, fica evidenciado que é fundamental a adoção de metodologias e sistemas coerentes, que Ferramentas permitam criar e conectar pessoas às informações, sendo eficazes para o compartilhamento de conhecimento. De acordo com a resposta dessas instituições foi elaborado o quadro 7 que reúne as informações relativas aos aspectos pesquisados. Quadro 7: Metodologia, Softwares e Sites Oficiais dos EGPs nas Universidades Federais ID UNIVERSIDADE METODOLOGIA E SOFTWARE UTILIZADO SITE DO EGP 1. UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso Software GPWeb https://www1.ufmt.br/ufmt/un/epp https://www.facebook.com/eppufmt/ 2. UFCA - Universidade Federal do Cariri Boas práticas PMBOK e Software Redmine http://sites.ufca.edu.br/cgpp/ 3. UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte Life Cycle Canvas e Software Trello www.sgp.ufrn.br 4. UFPA - Universidade Federal do Pará Não informou. Não informou http://sites.ufca.edu.br/cgpp/ XXIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 12 -15 nov. 2019 Documento libre 15 5. UFES - Universidade Federal do Espírito Santo PMBOK e Software Redmine. www.egpp.ufes.br 6. UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul PMCanvas e Software interno. Não possui 7. UNILA - Universidade Federal da Integração Latino- Americana MGPSISP e MS Project Não possui 8. UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre Não Possui https://www.ufcspa.edu.br/index.php/escrito rio-de-projetos https://www.facebook.com/escritoriodeproje tosufcspa/ 9. UNIPAMPA - Universidade Federal do Pampa Não possui http://porteiras.r.unipampa.edu.br/portais/p roplan/coordenadoria-de-gestao-de- conveniose-projetos/ Fonte: elaboração própria, 2019. Conforme observado, as metodologias que embasam a atuação dos EGPs são ferramentas consolidadas no âmbito do gerenciamento de projetos, existindo instituições que fundamentaramas competências do seu EGP com base no PMBOK e as suas boas práticas, incluindo o Life Cycle Canvas e PMCanvas. Relativo aos sistemas utilizados, destaca-se as instituições tem variado o uso, existindo softwares livres (Trello e Redmine), e softwares pagos (GPWeb e MS-Project). Há ainda o caso de desenvolvimento de software interno como observado na Universidade UFFS. Quando questionadas sobre a existência de site oficial ou mídia para divulgação das suas atividades, 2 Universidades declararam não possuir (UFFS e UNILA) e 6 instituições informaram os links para consulta das atividades do seu EGP. Por fim, destaca-se que 1 Universidade (UFPA) não respondeu adequadamente o formulário, não sendo identificado nem a metodologia, nem sistema e site da unidade. 5 Considerações finais Com base na pesquisa realizada e associando os resultados ao referencial teórico estudado, a presente seção se destina a apresentar de maneira sistemática as principais considerações que podem ser verificadas nesta temática. Inicialmente, cabe destacar que a importância dos Escritórios de Gerenciamento de Projetos já está evidenciada, existindo vasta literatura que discorre sobre os benefícios de implementação de um PMO. Nesse contexto, foi demonstrado o esforço feito pelas instituições para aderirem esse modelo de gestão, tendo sido apresentada as principais etapas necessárias para criação de um setor de coordenação de projetos. Como requisitos necessários para uma adequada implementação de um PMO, é importante destacar o papel atribuído ao patrocínio da alta gestão, bem como o envolvimento das partes interessadas. Unindo esses elementos junto aos conhecimentos básicos da Gestão de Projetos, pode-se iniciar a tomada de decisão para estruturação dessa unidade. Partindo para o levantamento empírico, a pesquisa realizada junto as Universidades Federais Brasileiras apresentaram como o tema tem sido percebido nas Instituições Públicas de Ensino Superior. A premissa levantada no estudo seria que diante de um contexto de escassez de recursos públicos e necessidade de melhoria contínua nos processos de gestão, a existência de um Escritório de Projetos nas Universidades Federais poderia otimizar os resultados, sendo realizado o gerenciamento adequado de projetos da instituição. XXIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 12 -15 nov. 2019 Documento libre 16 Nessa perspectiva, o presente estudo buscou investigar como tem sido a prática de implementação dos EGPs em Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil, analisando o quantitativo de instituições que já implementaram PMOs em sua estrutura, bem como observando os arranjos criados para sua operacionalização, sejam eles: de estrutura, métodos ou sistema. Os resultados que foram dispostos em quadros sistemáticos reuniram um conjunto de informações, apontando que das 63 Universidades Federais apenas 12 instituições, o que equivale a 19%, declararam possuir EGP implementado. Das instituições que informaram não possuir EGP (68%), ressaltasse as informações constantes no quadro 4, o qual abordou o quantitativo de universidades que possuem estruturas similares ou que possuem a intenção de criação de um EGP. Essa informação evidencia que há uma preocupação das instituições em implementar estruturas que abordem a temática de “Gerenciamento de Projetos”, porém ainda não foram formalizadas. Ao observar apenas as 12 instituições que declararam possuir EGP implementado, cabe ressaltar a diversidade de terminologias e variações tipológicas do EGP. Nesse quesito, é importante a reflexão sobre o desafio ainda a ser superado de desvincular a gestão de projetos apenas a coordenação de obras de infraestrutura. Tal fato foi percebido pois algumas instituições que declararam possuir EGP, na verdade possuem setores de acompanhamento de obras que não possuem caráter transversal e não estão aderentes a metodologia de Gerenciamento de Projetos. Isto é, não são EGPs pois não possuem a natureza fundamental de agregar valor à instituição, constituindo-se apenas em setores operacionais. Considerando essa análise, o universo de estudo foi reduzido para apenas 9 universidades (UFMT, UFCA, UFRN, UFPA, UFES, UFFS, UNILA, UFCSPA e UNIPAMPA). A partir delas passou a ser observado aspectos de normatização, estrutura, metodologia e sistemas utilizados. No que se refere a normatização, ficou explícito a importância de que, ao se criar um EGP, sejam editados documentados que legitimem o papel da unidade, de modo que as suas competências possam ser legalmente reconhecidas e disseminadas entre todos os membros da organização. Para tanto, a criação de EGPs nas universidades se faz valer de portarias e resoluções, dando um caráter legal a criação da unidade. Sobre os aspectos estruturais, foi observado que ainda há precariedade no número de servidores envolvidos nos escritórios de projetos, o que reflete a limitação das universidades em compor uma unidade com formação e perfil adequado. Apesar disso inicialmente não ser um problema, torna-se uma restrição pois, em tese, um PMO deveria ser composto por profissionais com formação e habilidades próprias de um especialista na área de “Gestão de Projetos”. Relativo aos aspectos metodológicos, cabe ressaltar a influência do guia PMBOK na concepção dos EGPs das universidades, tendo sido citadas também outras ferramentas da Gestão de Projetos, tais como Life Cycle Canvas e PMCanvas. Isso se constitui num aspecto importante, pois permite a padronização de rotinas e metodologias, de modo que as mesmas possam ser disseminadas entre os membros da organização, facilitando o aprendizado e execução dos projetos. Sobre os sistemas utilizados, não houve como aprofundar o estudo, tendo sido apontado apenas os softwares que tais instituições utilizam para o gerenciamento de seus projetos. Observando a área de comunicação, foi solicitado que os EGPs informassem se possuem sites ou mídias sociais para divulgação de seus trabalhos. Nesse aspecto, constatou-se limitações das redes uma vez que muitos dos sites se apresentam pouco funcionais e acessíveis para o intercâmbio de informações. Faltam apresentações institucionais, composição da equipe, informações sobre metodologias e sistemas utilizados e também do quantitativo de projetos que são gerenciados. Em suma, os sites não comunicam adequadamente as atividades dos EGPs. XXIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 12 -15 nov. 2019 Documento libre 17 Por fim, quanto questionadas sobre os principais desafios identificados para consolidação das atividades desenvolvidas pelo EGP, as universidades elencaram um conjunto de pontos fracos que devem ser objetos de melhorias, buscando aprimorar o desempenho e a atuação do EGP. Esses desafios são principalmente de ordem organizacional, sendo destacadas as dificuldades para promover a mudança da cultura organizacional, a necessidade de patrocínio para aplicação das técnicas e metodologias, as dificuldades na promoção do engajamento dos servidores, a incorporação das práticas de gestão de projetos pelas unidades apoiadas e o aumento do nível de maturidade. Para exemplificar, compartilha-se a resposta enviada pela Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS, que destaca: O principal desafio do setor é convencer os outros setores da importância e dos benefícios que os quase 50 processos e as 10 áreas do PMBOK são, desde que adaptados para a realidade da instituição (como por exemplo o PMC), a maior arma que uma organização tem para o atingimento dos objetivos e para reduzir ao máximo as incertezas em projetos. (Resposta à pesquisa enviada pela UFFS, 2019). A figura 2 ilustra a nuvem de palavras elaborada para exemplificaras respostas obtidas na pesquisa. Figura 2: Desafios enfrentados pelos EGPs das Universidades Federais Fonte: elaboração própria, 2019. Feitas tais observações, conclui-se o presente artigo, na certeza de que ainda há muito a avançar no tema e de que toda análise de experiência é válida, sobretudo se for realizada com a intenção maior de gerar conhecimento que possa ser replicado e absorvido por outras instituições nessa constante busca de aprimoramento técnico e eficientização dos projetos. Referências Abe, César Kendi & Carvalho, Marly Monteiro de (2005), “Fatores críticos para a implantação do PMO: um estudo de caso. Sistemas Revista GEPROS, [S.l.], n. 2, p. Pag. 61, jul. 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Atualmente cursa Doutorado em Planejamento Urbano pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN e faz Especialização em Gestão Pública pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - IFRN. É mestra em Arquitetura e Urbanismo (2016) e Graduada em Gestão de Políticas Públicas (2013). Atuou como professora substituta do curso de Gestão de Políticas Públicas da UFRN (2017) e desenvolve trabalhos na área acadêmica relacionados às temáticas de Elaboração e Avaliação de Políticas Públicas, Gestão de Projetos, Planejamento Urbano e Produção do Espaço. No serviço público, atuou de 2013 a março de 2019 na Secretaria Estadual de Planejamento e das Finanças do Rio Grande do Norte - SEPLAN/RN, onde exerceu a função de Gerente do Escritório Central de Projetos do Governo do Estado do RN no âmbito do Projeto Governança Inovadora, elaborando, monitorando e avaliando políticas públicas do Mapa Estratégico RN 2035. Paula Gonçalves Serafini. Bacharel em Administração pela UNP – Universidade Potiguar, Comunicação & Marketing como profissão, Formação e Certificação em Coaching pelo IBC – Instituto Brasileiro de Coach, atualmente cursando Gestão Dinâmica de Projetos e Fundamentos Linguísticos pela UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Fluente em Português, Inglês e Espanhol. Mais de 15 anos de experiência profissional em organizações privadas. Atuou como gestora no período de 2006 a 2011 pelo grupo Flytour DPR Turismo Curitiba. Em 2011 passou a atuar na empresa SIMM (Soluções Integrais em Montagem e Manutenção de parques Eólicos e Usinas Solares) como Gestora de Marketing e Viagens. Desenvolveu trabalhos relacionados a organização de ambientes corporativo, identidade visual, plano de negócios e gestão de indicadores.
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