Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Gestão ambiental e responsabilidade social INTRODUÇÃO Nos últimos séculos, o desenvolvimento da Humanidade foi inigualável, com inúmeras descobertas em todos os campos, trazendo enorme capacidade de produção e de controle dos elementos da Natureza. Concomitante a esse desenvolvimento, o ser humano gerou, também, os meios que podem levá-lo à extinção, tanto dele, quanto de outros seres do Planeta. O processo em curso, de contaminação excessiva do meio ambiente, acelerou-se de forma surpreendente com a Revolução Industrial. A compreensão desse processo é de fundamental importância para que nos conscientizemos da gravidade do processo e para obtermos as soluções para sua superação. Entre todas as espécies existentes, o ser humano é a que apresenta a maior capacidade de adaptação ao meio natural. Essa capacidade só é possível porque o homem sempre modificou seu ambiente, criando um ambiente próprio, diferente do meio circundante, que seria o natural. As atividades realizadas que interferem na natureza de modo a transformá-la para satisfazer as suas necessidades são denominadas trabalho. Desse modo, o trabalho é uma atividade desenvolvida pela espécie humana para modificar a natureza e adaptá-la para a satisfação de suas necessidades (DIAS, 2011). Podemos dizer, então, que o trabalho humano tem como objetivo, essencialmente, a manutenção da espécie humana no ambiente, melhorando suas condições ou sua qualidade de vida. Com isso, a capacidade de trabalho do homem aumenta e a sua capacidade de intervir na natureza também é ampliada e, assim, aumentam os impactos causados pelo homem no meio natural. Quando o homem conseguiu produzir os alimentos de forma eficiente, houve um excedente desses alimentos, trazendo o surgimento de ofícios não ligados diretamente à produção de alimentos, surgindo a divisão do trabalho Com o domínio da Agricultura, consolida-se a relação do homem com a Natureza, pois a Agricultura demanda a criação de um meio artificial para o cultivo de plantas e para a criação do gado. Além disso, torna-se necessária a proteção das plantações e do gado dos animais selvagens e, assim, os espaços passam a ser cercados e a ser propriedade de alguém ou de um grupo, surgindo, dessa maneira, a propriedade privada. Com a abundância de comida, ocorre o aumento da população, que acaba ocupando cada vez mais espaços, em detrimento do ambiente natural. Quanto maior as populações humanas, mais destrutivas do ponto de vista ambiental. A construção de grandes cidades aumentou a destruição do ambiente natural circunvizinho. As concentrações urbanas, quando destroem o ambiente natural, acabam provocando, também, a adaptação dos organismos que existiam nos ambientes naturais, como as pragas que se alastram quase sem controle, além de muitos outros organismos que transmitem doenças. Assim, durante todos esses milhares de anos, tivemos notícias de grandes epidemias que assolaram as cidades. A Industrialização A segunda grande mudança após o desenvolvimento da Agricultura ocorreu no século XVIII, com a Revolução Industrial. O surgimento da máquina a vapor deu ao homem uma nova perspectiva. O que antes era feito de modo artesanal, exigindo muito esforço e tempo, passou a ser realizado por máquinas, aumentando muito a produtividade e viabilizando a criação de novos produtos. Com o aumento da produtividade, aumentou-se, também, claro, o uso dos recursos naturais. Quanto mais se desenvolviam os processos de produção, mais se consumiam os recursos naturais e novos hábitos foram surgindo, impulsionando o crescimento demográfico. Concomitante ao aumento da população, houve maior necessidade de expandir a área agrícola, de utilizar a madeira para o carvão vegetal e para a construção de moradias; houve grande exploração de minérios e demais recursos naturais, como se fossem recursos ilimitados. O desmatamento sem restrições, principalmente na Europa, dizimou suas florestas, gerando problemas ambientais vistos ainda hoje. Esse uso desmedido dos recursos, que ocorreu entre os anos de 1950 e 2000, gerou diversos problemas ambientais, como: Alta concentração populacional; Consumo exacerbado de recursos naturais, alguns não renováveis, como petróleo e carvão mineral; Devastação das florestas, extinguindo espécies de fauna e flora; Contaminação do ar, do solo e das águas. Contaminação Ambiental O século XX foi, sem dúvida, o mais devastador para a questão ambiental. Nesse período, as cidades cresceram consideravelmente em decorrência da industrialização e, concomitantemente, as fábricas passaram a poluir os locais em que se instalavam. Após a criação do automóvel movido a motor de combustão de derivados de petróleo, os efeitos nocivos ao meio ambiente foram agravados enormemente. No entanto, grandes acidentes industriais chamaram a atenção da opinião pública sobre esses perigos, como a contaminação do ar gerando a chuva ácida, as alterações climáticas, a contaminação dos lençóis freáticos e do solo com metais pesados e resíduos tóxicos. A Mudança Foi a partir da década de 1960 que iniciaram as discussões sobre a relação do homem com seu meio ambiente. A partir desse momento, começou a conscientização sobre a importância do gerenciamento ambiental para garantir não só a geração presente, mas também às gerações futuras a possibilidade de um desenvolvimento sustentável. No ano de 1962, houve um marco, quando a bióloga Rachel Carson publicou o livro Primavera Silenciosa (Silent Spring), no qual a autora denunciava o uso abusivo do dicloro difenil tricloroetano (DDT), um agrotóxico que, além de trazer sérios riscos de câncer e outras doenças, danificaria também a terra e exterminaria os pássaros, pois esse inseticida era amplamente utilizado para proteger a colheita contra os insetos. Do encontro de 10 especialista de vários países em Roma (1968), nasceu o Clube de Roma, uma organização informal, com a finalidade de entender os diversos componentes variados, mas interdependentes – econômicos, políticos, naturais e sociais, e chamar a atenção dos tomadores de decisões e da população global para esse novo modo de entender e, assim, fomentar novas iniciativas e planos de ação. Questionava-se que mesmo ocorrendo profundas mudanças na Economia, o subdesenvolvimento e a pobreza não diminuíam e a desigualdade social entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos se tornava cada vez maior. Em relação ao meio ambiente, questionava-se, principalmente, o uso dos recursos naturais e se constatava que esse modelo de crescimento econômico provocava o agravamento da deterioração ambiental, aumentando a contaminação e acelerando o esgotamento dos recursos naturais. Continuando a cronologia histórica da evolução das questões ambientais, em 1983, na Assembleia Geral da ONU, foi criada a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD). Essa Comissão solicitou um trabalho que consistia em uma “Agenda Global de mudança”. Entre os itens solicitados estava: Estratégias para viabilizar o desenvolvimento sustentável; Propostas dos países desenvolvidos de ajuda na área ambiental para países em várias fases de desenvolvimento para atingir objetivos comuns; Elaborar uma Agenda a ser colocada em prática por um longo período e contribuir com noções comuns a questões ambientais. Em 1987, essa comissão apresentou o relatório “Nosso Futuro Comum”. Esse documento vinculou a Economia à Ecologia, formalizando o conceito de desenvolvimento sustentável e apontando as responsabilidades que os estados devem ter em relação aos danos ambientais. A década de 1990 foi quando as empresas dos países desenvolvidos começaram a sofrer pressão muito grande das agências ambientais e da Sociedade. Nesse período, as empresas começaram a investir no desenvolvimento de Tecnologias para umcontrole mais efetivo da emissão de poluentes, uma maior Economia energética, entre outras medidas de proteção ambiental. Algumas indústrias como as automobilísticas, química e de papel e celulose transferiram suas plantas industriais para os países em desenvolvimento, porque não conseguiam atender à Legislação de seus países. Os problemas ambientais dos países desenvolvidos são atribuídos ao desenvolvimento excessivo e sem planejamento. Podemos citar como exemplo o aquecimento global, provocado por gases emitidos nas sociedades industrializadas. O estilo de vida das nações mais ricas é ecologicamente insustentável. No entanto, nos países em desenvolvimento, a degradação dos recursos assumiu dimensões mais trágicas, devido à necessidade de exploração da natureza para garantir a sobrevivência de suas populações (DIAS, 2002). Todo esse processo gerou o desenvolvimento de normas e regulamentos internacionais que foram também adotados nos estados nacionais e, paralelamente, foram surgindo os órgãos responsáveis por acompanhar e fiscalizar a aplicação desses instrumentos legais. Século XXI, o Desenvolvimento Sustentável como Novo Paradigma Com a crescente discussão sobre as questões ambientais, iniciada por volta dos anos 60 e desenvolvida nas décadas posteriores, consolida-se uma nova visão de desenvolvimento que não se limita somente ao ambiente natural, mas inclui também aspectos socioculturais, nos quais a qualidade de vida do ser humano passa a ser uma condição para o progresso. O conceito de desenvolvimento sustentável está baseado na utilização consciente dos recursos naturais e da sua preservação para as gerações futuras. A primeira ideia de desenvolvimento sustentável surgiu na Conferência de Estocolmo, em 1972, e foi chamada de “Abordagem do Ecodesenvolvimento” (SACHS, 1993, p. 7). Para alcançá-lo, três critérios deveriam ser atendidos simultaneamente: equidade social, prudência ecológica e eficiência econômica. A definição do relatório e a mais difundida até hoje: “O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer as possibilidades das gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades”. A passagem de um modelo de desenvolvimento predatório a um sustentável inclui, entre outras coisas, modificar nossa relação com a natureza, não somente como fonte de matéria-prima, mas é o ambiente necessário para a existência humana. Nesse processo, é necessário o manejo racional dos recursos naturais, a modificação da organização produtiva e social, a alteração das práticas produtivas predatórias e o surgimento de nova relações sociais, cujo principal objetivo deixe de ser apenas o lucro e passe a ser o bem estar dos seres. Resumidamente, o conceito baseia-se no equilíbrio entre três eixos principais do conceito de sustentabilidade: o crescimento econômico, a preservação ambiental e a equidade social.
Compartilhar