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UNIP – Universidade Paulista Educação a Distância Curso: Pedagogia EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL REIS, Tatiane / 1919214 SOUZA, Andriele Aila Mancini Fernandes de / 1734552 SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2019 REIS, Tatiane SOUZA, Andriele Aila Mancini Fernandes de EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL Trabalho Monográfico – Curso de Graduação – Licenciatura em Pedagogia, apresentado à Comissão julgadora da UNIP EaD sob orientação da professora Fabiana Freire. UNIP – Universidade Paulista SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2019 REIS, TATIANE. ... EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL / TATIANE REIS, ANDRIELE AILA MANCINI FERNANDES DE SOUZA. - 2019. 42 f. ... Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao curso de PEDAGOGIA da Universidade Paulista, SAO JOSÉ DOS CAMPOS, 2019. ... Orientadora: Prof.ª Fabiana Freire. ... 1. LEIS E DECRETOS. 2. REDE DE APOIO Á EDUCAÇÃO. 3. PROJETO PEDAGÓGICO. I. MANCINI FERNANDES DE SOUZA, ANDRIELE AILA. II. FREIRE, FABIANA (orientadora). III. Título. Elaborada de forma automática pelo sistema da UNIP com as informações fornecidas pelo(a) autor(a). Dedicamos este trabalho a familiares e amigos, pela compreensão nos momentos de ausência. AGRADECIMENTOS Primeiramente agradecemos a Deus, por nos conceder a vida e ter nos dado força para superar as dificuldades. Agradecemos a UNIP, aos coordenadores, tutores e todo o corpo docente, a oportunidade de estar aprendendo a cada dia mais. Aos familiares e amigos, nosso muito obrigado por estarem sempre ao nosso lado em todos os momentos de fraqueza e acreditando em nosso trabalho. “Quem ensina aprende ao ensinar. E quem aprende ensina ao aprende.” Paulo Freire REIS, Tatiane; SOUZA, Andriele Aila Mancini Fernandes de. Educação Inclusiva no Brasil. São José dos Campos, 2019. RESUMO Esta monografia tem como objetivo analisar o processo de educação inclusiva, apresentando as dificuldades enfrentadas para a adaptação deste processo, buscando maneiras de torná-lo um atendimento que realmente funcione, proporcionando as pessoas que possuem necessidades educacionais especiais, um ambiente rico em oportunidades, sem discriminação ou preconceito, garantindo a participação deles na sociedade como iguais. A metodologia utilizada para este trabalho foi a de pesquisa bibliográfica, através das diversas obras e autores pudemos fazer uma análise crítica sobre o assunto abordado. Trouxemos um pouco do contexto histórico da educação inclusiva no país, as leis e decretos que hoje garantem aos deficientes um ensino igualitário na rede regular de ensino. Apresentamos também adaptação das escolas a este novo modelo inclusivo e pudemos constatar através dos levantamentos que apesar das leis a sociedade ainda se encontra resistente a inclusão. Por fim mostramos a importância da formação continuada dos professores e da ação conjunta de toda a rede de apoio para proporcionar a todos uma educação inclusiva, igualitária e de qualidade. Palavras-Chave: Educação Inclusiva, Necessidades Educacionais Especiais, Atendimento Educacional Especializado. REIS, Tatiane; SOUZA, Andriele Aila Mancini Fernandes de. Educação Inclusiva no Brasil. São José dos Campos, 2019. ABSTRACT This monograph aims to analyze the process of inclusive education, presenting the difficulties faced in adapting this process, seeking ways to make it a service that really works, providing people who have special educational needs, an environment rich in opportunities, without discrimination or prejudice, ensuring their participation in society as equals. The methodology used for this work was the bibliographic research, through the various works and authors we could make a critical analysis on the subject. We have brought some of the historical context of inclusive education in the country, the laws and decrees that today guarantee disabled people an equal education in the regular school system. We also present the adaptation of schools to this new inclusive model and we can see from the surveys that despite the laws society is still resistant to inclusion. Finally, we show the importance of continuing teacher education and the joint action of the entire support network to provide everyone with inclusive, equal and quality education. Keywords: Inclusive Education, Special Educational Needs, Specialized Educational Care. SUMÁRIO INTRODUÇÃO.................................................................................................. 9 1 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA, LEIS E DECRETOS QUE A NORTEIAM NO BRASIL...................................................................................................... 12 2 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA REDE REGULAR DE ENSINO............... 18 2.1 EDUCAÇÃO ESPECIAL x EDUCAÇÃO INCLUSIVA................................ 18 2.2 ADEQUAÇÃO A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NAS ESCOLAS..................... 21 2.3 REDE DE APOIO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA....................................... 24 2.4 PROJETO POLITICO PEDAGOGICO NO CENÁRIO INCLUSIVO......... 27 2.5 FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES................................ 28 3 METODOLOGIA........................................................................................ 31 4 DISCUSSÃO E ARGUMENTAÇÃO........................................................... 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 36 REFERÊNCIAS............................................................................................... 38 9 INTRODUÇÃO A educação é um direito de todos, assegurado pela Constituição de 1988, artigo 205 que diz “direito de todos e dever do Estado e da família” (BRASIL, 1988), nesta mesma Constituição, o artigo 208 estabelece que as pessoas com deficiência tenham direito a frequentar escolas regulares “atendimento especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1988). O movimento de educação inclusiva visa firmar este direito como um todo, garantindo que, não somente o aluno tenha o direito a frequentar a escola regular, mas que também tenha o suporte pedagógico especializado para sua deficiência e necessidade, e que eles possam se sentir parte do coletivo e sejam tratados como iguais. O tema abordado nesta monografia se dá pelo grande aumento no número de crianças, com algum tipo de necessidade educacional especial, sendo inserida em turmas regulares, ou seja, turmas com alunos que não possuam nenhum tipo de deficiência. Muitas vezes quando inseridos nas salas regulares, o profissional e os alunos não sabem lidar com as necessidades do colega, o que acaba ocasionando na exclusão do mesmo no ambiente. Colocar um fim a exclusão, não é uma tarefa fácil, de acordo com Mantoan (MANTOAN, 2003, p.12) “A exclusão escolar manifesta-se das mais diversas e perversas maneiras”, e combatê-la é um missão que envolve mudar todo um pensamento preconceituoso sobre o “ser diferente”, pois está enraizado que as necessidades especiais tornam o diferente em algo ruim. É fato que as escolas regulares possuem salas com grande número de alunos, e para o profissional é muito difícil dar a devida atenção às necessidades especiais de cada aluno. Desta forma, para que a inclusão seja feita de uma forma correta é preciso preparo de toda a equipe pedagógica, é imprescindível queo aluno tenha o suporte correto para o seu tipo de deficiência, o capítulo 5 da LDB 9.394/36, artigo 58 diz que “sempre que for necessário haverá serviços de apoio especializado para atender às necessidades peculiares de cada aluno portador de necessidades especiais”, garantindo assim um atendimento especifico para o aluno. 10 Os objetivos do trabalho consistem em apresentar as dificuldades enfrentadas pela educação inclusiva, e procurar maneiras de minimizar os problemas no processo da inclusão, buscando formas de torna-la de fato um atendimento eficaz e proporcionando ao aluno oportunidades de conhecimento e sociabilidade, sem discriminação ou qualquer tipo de distinção, concedendo a eles uma educação igualitária. A metodologia utilizada na monografia foi realizada através de pesquisa bibliográfica. Foram consultados site revistas, artigos, documentos oficiais e livros para embasar e fundamentar todo o trabalho teórico aqui realizado. As obras, como por exemplo, da autora Maria Teresa Egler Mantoan e de Cristiane e Sonia Sampaio foram de grande valia para todo o processo de pesquisa, dando suporte, visão e compreensão do assunto. Este trabalho dividiu-se em quatro capítulos. O primeiro capítulo apresenta de uma forma sucinta a história percorrida da educação inclusiva no país, através das leis, declarações e decretos, passando por entre os anos, explicando brevemente o olhar de cada sociedade com o deficiente, expondo a evolução da inclusão, passando de educação especial para integração, até chegarmos ao termo inclusão. O segundo capítulo está dividido em subcapítulos, nele apresentamos como está a realidade da educação inclusiva nas escolas regulares. Explicamos através de nossas pesquisas a diferença entre os termos educação especial x educação inclusiva e também a separação dos termos de integração e inclusão. Salientamos as necessidades de transformação nas escolas para que a inclusão seja de fato eficaz e trouxemos a rede de apoio da educação inclusiva, explicando como funciona o Atendimento Educacional Especializado (AEE). Também entramos brevemente no Projeto Político Pedagógico (PPP), para que se torne um documento inclusivo e que a escola proporcione condições para realizar de fato uma inclusão. O terceiro capítulo explica a metodologia utilizada para a realização desta monografia, explicando a importância de uma pesquisa bibliográfica e como o levantamento de vários autores, documentos, livros e artigos enriquecem e constroem nossa própria opinião sobre o assunto abordado. 11 O quarto capítulo expõe os resultados obtidos por via de todo o embasamento teórico exposto no presente trabalho, fazendo uma interpretação crítica das informações mencionadas. 12 1 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA, LEIS E DECRETOS QUE A NORTEIAM NO BRASIL Ao adentramos no contexto histórico da deficiência no país, encontramos relatos através de historiadores que os índios, mesmo antes da colonização, excluíam aqueles que possuíam algum tipo de deficiência. As tribos acreditavam que ao nascer com alguma necessidade especial, estariam sendo amaldiçoados de alguma maneira, que as deformidades físicas eram castigos enviados dos céus, desta forma praticavam a exclusão daquelas crianças. Pode-se notar que a cultura de exclusão daqueles que nascem com algum tipo de deficiência ou passe a adquiri-la com o passar do tempo, é algo enraizado em nossa cultura a muito tempo, como cita Figueira “Historicamente, pessoas com deficiência ficaram por muito tempo escondidas do convívio social” (FIGUEIRA, 2011), estas pessoas eram totalmente exclusos pela sociedade, não tendo direito a educação e, muitas vezes, não tendo nem cuidados básicos relacionados a sua saúde, sendo internados em hospitais psiquiátricos, tratados como anormais ou débeis. Nos primeiros anos da colonização brasileira, entre os séculos XVII e XVIII, tivemos as primeiras iniciativas voltadas para o atendimento destas pessoas, a chamada medicina jesuítica, onde foram criados os primeiros hospitais das irmandades de misericórdia, nesta época eram criadas as Santas Casas de Misericórdia. Elas surgiram a partir e iniciativas da Igreja Católica, que era muito forte no país devido aos portugueses e tinham como objetivo cuidar dos excluídos e menos favorecidos, como os órfãos, velhos, doentes e portadores de alguma necessidade especial. A partir do século XVIII, o país passa por duas iniciativas que marcam alguma mudança em relação ao tratamento com pessoas com deficiência, este marco foi intitulado: institucionalização. Este movimento teve como seu ponto principal a criação do Imperial Instituto de Meninos Cegos, em 1854 (atualmente chamado de Instituto Benjamin Constant – IBC) e o Instituto dos Surdos-Mudos (hoje conhecido como Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES). A criação destes institutos, que a princípio eram de responsabilidade do poder central, enquanto a educação continuava a ser de responsabilidade das 13 províncias, abriu portas para um atendimento especializado a um pequeno grupo de deficientes, como afirma Jannuzzi: Enquanto a educação popular permanecia sob a responsabilidade das províncias desde o Ato Adicional 1834, o governo da Corte, numa sociedade agrária, iletrada, assumia educar uma minoria de cegos e surdos, movido, provavelmente, por forças ligadas ao poder político, sensibilizadas com esse alunado por diversos motivos, inclusive vínculos familiares. (JANNUZZI, 2004, p. 7). Somente a partir deste momento, começa se aumentar o número de institutos não financiados pelo poder central, oferecendo um número maior de atendimentos, porém ainda voltados para o lado clínico. Com a implantação da institucionalização, os atendimentos começaram a não ficarem restritos apenas aos cegos e surdos, mas também se ampliaram aos que ficavam em clínicas e manicômios, como cita Jannuzzi (JANNUZZI 2004, p. 36-37), “Os médicos também perceberam a importância da pedagogia, criando instituições escolares ligadas a hospitais psiquiátricos”. Podemos notar que as iniciativas para atendimento as pessoas com deficiência eram tratadas com descaso, e os Estados se isentavam de qualquer responsabilidade, tendo de partir de pequenos movimentos da sociedade, o pouco atendimento a fornecido. Partindo desta visão, foi criada em 1954, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), um grupo formado por professores, pais, amigos e médicos, que procuravam suprir de algum modo a educação para os deficientes, de maneira especializada, porém os mantendo longe de classes regulares. Destacamos que mesmo após a criação do movimento, a educação especial não era responsabilidade do Estado, sendo sempre as associações, entidades ou instituições em caráter filantrópicos ou religiosos que realizavam os atendimentos. As ações acabaram por fazer ainda mais a exclusão destas pessoas, as privando do convívio social, ficando exclusivamente em escolas ou classes especiais. Inicia-se assim em 1961, com a criação da Lei nº 4.024/61, uma série de Leis e Decretos que visam nortear a educação inclusiva. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN indica o direito dos “excepcionais” a educação, preferencialmente no sistema geral de ensino, no entanto não garante a inclusão destes em salas regulares. 14 Já em 1971, a Lei de Diretrizes e Bases traz a Lei nº 5.692/71, mais precisamente o artigo 9º diz: Os alunos que apresentem deficiências físicas ou mentais, os que encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados deverão receber tratamento especial, de acordo com as normas fixadas pelos competentes Conselhos da Educação (BRASIL, 1971). Porém a Lei apenas reforça o atendimento aos deficientes em salas especiais, não conseguindo proporcionar um ensino igualitário que sejacapaz de atender as necessidades dos alunos, causando assim ainda mais a sua segregação. Apesar dos esforços para tentar mudanças no cenário da inclusão, conseguimos notar que não se faz muito progresso neste período. As leis criadas acabam tendo dupla interpretação e, ao invés do atendimento ser adaptado as salas regulares, o atendimento torna-se cada vez mais exclusivo de escolas e classes especiais. Em 1988 a Constituição vem assegurar o direito de todos à educação básica, no artigo 205 diz “é direito de todos e dever do Estado e da família (BRASIL, 1988)”. O artigo 208 acrescenta diretamente aos portadores de deficiências “atendimento educacional especializado os portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1988). Em 1990 foi criada a Declaração Mundial sobre a Educação para Todos, em uma Conferência Mundial sobre a Educação para Todos, em que o Brasil participou na cidade de Jomtien, na Tailândia. É uma declaração de suma importância que visa assegurar o conhecimento básico para se ter uma vida digna. Vale ressaltar, que em seu artigo 3º ela diz “é preciso tomar medidas que garantam a igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência.” (UNESCO,1990). Neste momento, o país começa a se sentir pressionado a mudar em relação a educação inclusiva, começam a acontecer reformas educacionais com o intuito de obedecer a este novo sistema, prova disto é o grande aumento no número de matriculas efetuadas por alunos com deficiência nas redes regular de ensino. Começa-se assim a introdução do termo de educação inclusiva nas escolas. 15 Porém o grande avanço para a Educação Inclusiva passa a ser em 1994, com a Declaração da Salamanca, que aconteceu na Espanha. O documento implementa a inclusão e garanta o direito das pessoas com qualquer tipo de deficiência ou transtornos de desenvolvimento. A declaração diz: • Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades. • Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias, criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994). Firmando assim o direito a inclusão, garantindo que o aluno seja inserido em uma classe regular independente de sua deficiência. Nesta concepção, vale ressaltar que a escola deve adaptar-se as necessidades do aluno e não ao contrário, como afirma a própria declaração: O Currículo deveria ser adaptado às necessidades das crianças, e não vice-versa. Escolas deveriam, portanto, prover oportunidades curriculares que sejam apropriadas a criança com habilidades e interesses diferentes. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p. 8). Sendo assim, para que a inclusão seja feita de maneira correta é necessário que a escola consiga atender as carências e dificuldades educacionais, proporcionando uma educação de qualidade para todas as crianças. Para conseguir corresponder a esta expectativa de ensino, é estabelecido também, através desta declaração, que as escolares devem receber apoio especializado de instituições que trabalhem com estes alunos. É necessário que toda uma equipe, de psicólogos, terapeutas, profissionais especializados em atendimento a este público, esteja disponível para enriquecer o desenvolvimento dos alunos com necessidades educacionais especiais. Esta declaração só reforça, ainda mais, que cada criança tem suas peculiaridades, sendo interesses diferentes ou capacidades próprias de aprendizagem, e que o sistema educacional deve ser elaborado através desta visão, para que os programas sejam implantados na rede de ensino e consiga atingir a toda e qualquer característica ou necessidade. 16 A Nova Lei de Diretrizes e Bases em 1996 vem reforçar o atendimento das pessoas com deficiências, sejam elas motoras ou cognitivas em salas regulares, garantindo o atendimento desde a Educação Infantil. A Lei procura ajustar o atendimento de forma igualitária a todos, sem preconceitos, respeitando-se as diferenças, sejam elas por causa de sua raça, religião ou alguma deficiência, como afirma Mantoan no trecho: “Se o que pretendemos é que a escola seja inclusiva, é urgente que seus planos se redefinam para uma educação voltada para cidadania global, plena, livre de preconceitos e que reconhece e valoriza as diferenças”. (MANTOAN, 2003, p. 14). O Decreto nº 3298 (Brasil, 1999), vem regulamentar a Lei nº 7853/89, onde se define a educação especial como modalidade transversal a todos os níveis e modalidade de ensino, ressaltando que a educação especial é complementar ao ensino regular. Após a criação destas Leis e Decretos, o país passa a usar o nome de educação inclusiva, oferecendo a população em meados dos anos 2000 atendimento aos deficientes em escolas públicas, porém não mencionado o direito de um acompanhamento especializado complementar. Em 2003 o MEC trás as redes de ensino um novo programa, denominado: Educação Inclusiva: direito à diversidade, tendo como intenção contribuir para a transição de um sistema de ensino comum, para o sistema de ensino inclusivo. Assim, a inclusão passa a ganhar espaço e consegue transformar a visão da sociedade, é necessário neste processo de implementação do novo programa a formação da equipe gestora, professores e todos envolvidos na educação, para garantir a todos o seu direito de escolarização, de forma adequada e de qualidade, garantindo também a acessibilidade e ofertando um atendimento educacional especializado. Toda esta remodelação se é necessária para a continuidade de um Estado democrático, onde a sociedade precisa destas mudanças para dar suporte as pessoas com necessidades especiais, para que possamos trabalhar suas competências, de forma a vivermos em uma comunidade que saiba respeitar as diferenças, acolhendo as diversidades de cada um. No ano de 2009, a Resolução CNE/CEB nº 4, cria as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação 17 Básica, modalidade na Educação Básica, determinando que os alunos com altas habilidades/superdotação, deficiências e transtornos globais do desenvolvimento devem estar matriculados não somente em salas regulares, como também no Atendimento Educacional Especializado (AEE), este serviço é oferecido como apoio aos alunos, como um facilitador, para que seja otimizada sua participação na sociedade e em sala de aula, como cita Meire Cavalcante “O atendimento educacional especializado é apenas um complemento da escolarização e não um substituto” (CAVALCANTE, 2005). As Diretrizes consideram como público-alvo: I – Alunos com deficiência: aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial. II – Alunos com transtornos globais de desenvolvimento: aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra especificação. III – Alunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas de conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, liderança, psicomotora, artes e criatividade (BRASIL, 2009) Este atendimento educacional especializado (AEE) tem como funcionalidade o trabalho conjunto com as salas regulares, onde o aprendizado fica a encargo da escola regular e a AEE trabalha com as potencialidades especificas de cada criança, desenvolvendoestratégias para facilitar o aprendizado e suas competências. O atendimento deve acompanhar o aluno desde o ingresso na educação até sua conclusão, como cita Mantoan “esse atendimento especializado deve estar disponível em todos os níveis de ensino, de preferência na rede regular, desde a educação infantil até a universidade” (MANTOAN, 2007, p. 22), este acompanhamento irá facilitar o desenvolvimento do aluno não somente em suas atividades pedagógicas, como também irá aguçar suas capacidades. 18 2 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA REDE REGULAR DE ENSINO A educação inclusiva pode ser considerada um movimento, que tem como objetivo integrar a todos, independentemente de suas diferenças, sendo elas de raça, cor, etnia, religião, cultura, deficiência ou transtorno, oferecendo uma educação justa, igualitária e de qualidade em salas regulares, como afirma Rosana Glat: O princípio básico deste modelo é que todos os alunos, independentemente de suas condições socioeconômicas, raciais, culturais ou de desenvolvimento, sejam acolhidos nas escolas regulares, as quais devem se adaptar para atender suas necessidades (GLAT, 2007). 2.1 EDUCAÇÃO ESPECIAL X EDUCAÇÃO INCLUSIVA É necessário que todos tenham em mente a diferença entre a educação especial e a educação inclusiva. A educação especial de acordo com Leandro Rodrigues “é uma modalidade de ensino que visa promover o desenvolvimento de potencialidades das pessoas portadoras de necessidades especiais.” (RODRIGUES, 2017), o atendimento especializado a educação especial não é substituto e sim um complemento da escolarização, Ainda de acordo com Leandro Rodrigues a educação inclusiva é: Processo educativo deve ser entendido como processo social, onde todas as crianças portadoras de necessidades especiais e de distúrbios de aprendizagem têm o direito à escolarização o mais próximo possível do normal. (RODRIGUES, 2017). Outro termo que deve ficar bem entendido é a diferença entre a integração e a inclusão. De acordo com Mantoan na integração “o aluno tem acesso às escolas por meio de um leque de possibilidades educacionais, que vai da inserção às salas de aula do ensino regular ao ensino em escolas especiais.” (MANTOAN, 2003, p. 15), ou seja, o aluno pode ir e vir da educação regular para a educação especial, o que acaba ocasionando em uma inclusão parcial deste aluno. Já a inclusão, na visão da mesma autora “prevê a inserção escolar de forma radical, completa e sistemática. Todos os alunos, sem exceção, devem frequentar as salas de aula do ensino regular.” (MANTOAN, 2003, p. 16). 19 Historicamente, as pessoas que possuíam alguma necessidade especial, sempre foram excluídas pela sociedade, acreditava-se que suas deficiências eram algo anormal e sofriam discriminação por não se enquadrarem no padrão imposto pela comunidade. Muitas famílias tiravam estas pessoas do ambiente onde viviam, escondendo-as em casa, as privando do convívio social. O preconceito com deficientes foi passando de gerações em gerações, enraizando uma cultura de que aqueles que eram considerados fora do padrão, eram diferentes e incapazes de se comunicar, de aprender ou até mesmo querer algo. As primeiras iniciativas no país que envolvia o atendimento à deficiência foram por volta do século XVIII com a criação do Instituto de Meninos Cegos e o Instituto dos Surdos-Mudos, porém ambos atendiam uma pequena minoria e não possuíam nenhum incentivo público para a realização do trabalho. A Institucionalização também foi um marco importante ao decorrer do contexto histórico, neste período as pessoas com deficiência eram atendidas de forma totalmente reclusas da sociedade, vivendo longe de suas famílias. Elas eram encaminhadas para conventos, igrejas, hospitais psiquiátricos, manicômios e as chamadas “escolas especiais”. Este contexto só vem mudar em meados do século XX, com o movimento de institucionalização, que criticava o isolamento dos deficientes e apoiava uma vida comum em sociedade, conforme cita Cristiane e Sonia Sampaio: As pessoas com deficiência tinham o direito de usufruir de condições de vida as mais normais possíveis, participando das atividades sociais, recreativa e educacional frequentada pelas demais pessoas de sua idade cronológica em sua comunidade. (SAMPAIO; SAMPAIO, 2009, p. 37.) Neste momento, as autoras também afirmam o surgimento do termo integração: Surge o conceito de integração como novo modelo de atenção à deficiência, cuja manifestação educacional efetivou-se, desde o início, nas escolas especiais, nas entidades assistenciais e nos centros de reabilitação. (SAMPAIO; SAMPAIO, 2009, p. 37.) Ao decorrer cerca de duas décadas, pode-se notar que a uma grande evolução na introdução do deficiente na sociedade, porém as famílias e os próprios deficientes já ambientados com essa realidade passam-se a debater se é o suficiente, eles buscam garantir os mesmos direitos de todos, procurando 20 realizar a transformação da sociedade, promovendo modificações estruturais e um atendimento igualitário e sem preconceitos. Inicia-se assim a inclusão, um processo no qual todas as pessoas tem os mesmos direitos, acessos e oportunidades na sociedade, não apenas as crianças com alguma deficiência, mais toda aquela que sofre algum tipo de segregação, por raça, cor, religião ou situação financeira. A inclusão, de acordo com Mantoan “implica uma mudança de perspectiva educacional, pois não atinge apenas alunos com deficiência e os que apresentam dificuldades de aprender, mas todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral” (MANTOAN, 2003, p. 16), ou seja, todos tem o direito a educação. Cristiane e Sonia Sampaio confirmam esta visão: É nesta perspectiva que se destaca a importância de estudos sobre a escola inclusiva enquanto contexto de desenvolvimento significativo não apenas para as crianças com deficiência, mas também para crianças sem deficiência, pela possibilidade da convivência com a diversidade e do estímulo à cidadania (SAMPAIO; SAMPAIO, 2009, p. 31) Entende-se então, que o processo da educação inclusiva se dá com participação de todos os alunos. É uma reforma escolar, que busca mudar toda uma cultura, reestruturando as práticas e políticas da escola, valorizando a diversidade e diferença dos alunos, de uma forma mais ética e democrática que reconhece o indivíduo e suas particularidades, resgatando neles a vontade de fazer parte da cidadania, mostrando a eles seus direitos e seus deveres, inserindo-os novamente a um convívio social saudável e harmonioso, respeitando seu tempo. Conseguimos assim, perceber a importância do termo inclusão, que está além de colocarmos o sujeito numa sala regular, é garantir a todos a igualdade em direitos a aprendizagem, proporcionando aqueles que tenham alguma necessidade educacional especial um atendimento especializado para dar suporte e aprimorar suas capacidades, buscar flexibilização no currículo escolar de acordo com a singularidade de cada um de uma forma eficaz e de qualidade, mantendo a permanência e o sucesso dos alunos na escola, é proporcionar aos profissionais, suporte e recursos para uma formação contínua. 21 2.2 ADEQUAÇÃO A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NAS ESCOLAS Esclarecidas as diferenças, constatamos que a educação inclusiva é algo novo, implantado no início do século 21 com a proposição de acolher todos os alunos no ensino regular oferecendo recursos e apoio adequados aos que tem dificuldades de aprendizagem, neste modelo de escola o sistema educacional precisa mudar para atender as necessidades de cada aluno reconhecendo que eles aprendem em ritmos diferentes, visando às diferenças como diversidades e não como problemas. Um dos focos da educação inclusiva é incentivar a ética na sociedade através dos alunos, motiva-los a compreender as diferençase aceita-las, valorizando a diversidade, acolhendo as minorias dando voz a elas, Mantoan confirma no trecho: A ética, em sua dimensão crítica e transformadora, é que referenda nossa luta pela inclusão escolar. A posição é oposta à conservadora, porque entende que as diferenças estão sendo constantemente feitas e refeitas, já que vão diferindo, infinitamente. Elas são produzidas e não podem ser naturalizadas, como pensamos, habitualmente. Essa produção merece ser compreendida, e não apenas respeitada e tolerada (MANTOAN, 2003, p. 20) A escola começa passar por uma mudança de identidade institucional, onde o convívio com as diferenças é trabalhado e valorizado, reconhecendo como citado por Mantoan “as diferentes culturas, a pluralidade das manifestações intelectuais, sociais e afetivas” (MANTOAN, 2003, p. 20). Outro intuito da educação inclusiva é promover a interação dos alunos na participação de atividades de aprendizagem, bem como motiva-los a conduzir as suas necessidades, acredita-se que quando o aluno com alguma necessidade educacional especial está inserido em salas regulares, na hora em que vai executar alguma atividade é estimulado a “imitar” os outros colegas, superando suas próprias limitações e proporcionando também o convívio social. Neste conceito, a escola passa a ser um ambiente transformador, indo além dos processos básicos de aprendizagem, como cita Cristiane e Sonia Sampaio “Para empreender essa transformação, a escola assume um papel fundamental, em que se destaca sua função educativa, que vai muito além da 22 formação acadêmica, pois implica a formação moral, ética, estética e política.” (SAMPAIO; SAMPAIO, 2009, p. 43), ou seja, a escola tem como função de criar cidadãos pensantes, críticos e empáticos. Ainda de acordo com as escritoras, a escola é importante para saúde psíquica das crianças, pois ela é o primeiro contato da criança com o mundo fora do espaço familiar, a escola é quem faz a conexão entre a criança e a sociedade, criando um elo com a cultura, afirmam ainda: Sendo a educação de boa qualidade, um dos fatores essenciais para o desenvolvimento econômico e social de um país, priorizar a qualidade do ensino regular é um desafio que precisa ser assumido por nossa sociedade e pelos educadores, em particular, para que se coloque em prática o princípio democrático da educação para todos. (SAMPAIO; SAMPAIO, 2009, p. 31). Podemos ver que mesmo com o amparo das leis e decretos, o movimento da escola inclusiva ainda vem caminhando “a passos de formiguinha”, mesmo sendo uma ação inovadora, encontramos muitas dificuldades de efetivar a inclusão nas salas regulares. Na maioria das vezes a realidade é totalmente diferente da pratica, o sistema ainda é falho, a segregação dos deficientes ainda é muito recorrente, o preconceito enraizado na nossa cultura ainda exclui o que é considerado “diferente”, muitos educadores se encontram resistentes a adequar- se a este novo modelo pelo grande número de alunos em sala e os educadores que aderem ao movimento muitas vezes são impedidos de realizarem suas ações por falta de recursos ou apoio. É de suma importância que haja uma transformação no sistema educacional, partindo de ações do governo como garantir o direito de todos em salas regulares e investindo verba em projetos voltados para a inclusão, da equipe gestora em como acolher e desenvolver alunos que tenham alguma necessidade educacional especial é necessário também que a comunidade aonde se localiza a escola seja conscientizada e passe a ter informações sobre a inclusão, para que o processo se torne de fácil aceitação e manipulação. Outros tipos de transformações também são fundamentais, como reforma física, estruturando o ambiente para que ele possa acolher qualquer pessoa que tenha algum tipo de dificuldade de locomoção, eliminando qualquer barreira que o impeça de circular no espaço ou promova alguma dificuldade. A tecnologia também é outro recurso fundamental na educação inclusiva, como separar algo 23 tão benéfico a sociedade como a inclusão digital da inclusão dos alunos na escola, é necessário usar este meio ao favor do educador e do aluno, para que ele tenha suas competências ampliadas e suas dificuldades minimizadas. Adequar-se a este novo modelo de escola é um desafio a ser trabalhado todos os dias nas escolas, como afirma Cristiane e Sonia Sampaio: A fim de que a inclusão ocorra de forma gradativa, contínua, sistemática e planejada. Deve ser gradativa para que os ensinos de educação regular e especial possam adequar-se à nova ordem, construindo práticas que garantam a qualidade de ensino. Deve ser contínua, para ampliar constantemente os processos de inclusão, levando em conta as características dos alunos, dos professores, das escolas e dos sistemas de ensino. Enfatiza a necessidade de serviços de apoio que possam contemplar a diversidade dos alunos, para que a inclusão realmente se efetive (SAMPAIO; SAMPAIO, 2009 p. 42) Reforçando assim que é necessário um trabalho árduo a ser feito em relação a inclusão, pois tudo o que é novo gera resistência e com a inclusão não é diferente. Não basta apenas que a criança que tenha alguma necessidade educacional especial, seja ela cognitiva ou física, esteja matriculada na rede de ensino, é necessário que haja uma pedagogia centrada nos alunos. É necessário que exista toda uma equipe profissional voltada para esse movimento, composta por uma equipe pedagógica e de professores que devem se dedicar e observar cada um em sua individualidade, utilizar métodos diferentes, criar condições e acessibilidades a fim de atender especificidade de cada aluno, como afirma Mantoan: A inclusão é um desafio que, ao ser devidamente enfrentado pela escola comum, provoca a melhoria da qualidade da educação básica e superior, pois para que os alunos com e sem deficiência possam exercer o direito à educação em sua plenitude, é indispensável que essa escola aprimore suas práticas, a fim de entender às diferenças. (MANTOAN, 2007, p. 45) É imprescindível que haja investimento na capacitação dos profissionais, assim como a formação continuada que já é implantada em algumas escolas, visando o aperfeiçoamento do conhecimento dos professores e orientadores. Compreendemos que a educação inclusiva não depende somente dos professores, por esse motivo há uma rede de apoio que é sustentada pela gestão escolar, pelos profissionais da área de saúde como fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, psicopedagogos, os apoios centrais como o 24 Atendimento de Educação Especializado (AEE), pela comunidade e principalmente pelas famílias. 2.3 REDES DE APOIO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Adequar a educação já existente para um novo modelo de educação igualitária e inclusiva se faz necessário, e para que haja estas mudanças é indispensável que elas partam da vontade pública e de nossa sociedade. É essencial que para que essas transformações ocorram os envolvidos tornem-se agentes transformadores da educação inclusiva, ou seja, que se crie uma rede de apoio que desenvolvam de forma conjunta um trabalho pensando no atendimento à diversidade social e as necessidades educacionais especiais. O documento desenvolvido de apoio no III Seminário Nacional de Formação de Gestores e Educadores define como funções da rede de apoio à educação inclusiva: • ampliar a atenção integral à saúde do aluno com necessidades educacionais especiais; • assessorar as escolas e unidades de saúde e reabilitação; • formar profissionais de saúde e educação para apoiar a escola inclusiva; • assessorar a comunidade escolar na identificação dos recursos da saúde e da educação existentes na comunidade e orientar a otimização na utilização desses recursos; • informar sobre a legislação referente à atenção integral ao aluno com necessidades educacionaisespeciais e sobre o direito à educação; • sensibilizar a comunidade para o convívio com as diferenças. (BRASIL, 2006) A Gestão escolar é a principal rede de apoio, deve promover o diálogo com o professor, buscando sanar dúvidas, discutir estratégias para juntos enfrentar os desafios que surgem diariamente, como afirma Sage: O diretor deve ser o principal revigorador do comportamento do professor que demonstra pensamentos e ações cooperativas a serviço da inclusão. É comum que os professores temam inovação e assumam riscos que sejam encarados de forma negativa e com desconfiança pelos pares que estão aferrados aos modelos tradicionais. O diretor é de fundamental importância na superação dessas barreiras previsíveis e 25 pode fazê-lo através de palavras e ações adequadas que reforçam o apoio aos professores. (SAGE, 1999, p. 138) A atuação dos profissionais da área da saúde como fonoaudiólogos, psicólogos, psicopedagogos, terapeutas ocupacionais, neurologistas, fisioterapeutas e todos os outros médicos que possam estar envolvidos, ajudam no processo de adaptação dos alunos na vida escolar. Para que haja um atendimento de forma eficiente e essa adaptação seja satisfatória é fundamental que esses profissionais trabalhem em conjunto com a escola, que tracem estratégias para facilitar a interação deles no convívio social. É necessário que a escola esteja sempre passando os avanços do aluno que possui alguma necessidade educacional especial para a equipe médica que o atende, para que possam assim “caminhar juntos”, desenvolvendo as capacidades e competências deles não só como aluno, mas como um indivíduo pensante e com vontades próprias. Os profissionais da saúde também devem buscar transmitir à escola a evolução destas crianças, seu quadro clinico (quando houver). O centro de apoio de Atendimento de Educação Especializado (AEE), que é garantido por lei, também deve trabalhar em conjunto com professores, equipe médica, equipe gestora e a família, porém os atendimentos devem acontecer em contraturnos escolar, temos que deixar claro que a AEE não é um substituto da educação em salas regulares e sim um apoio especializado, que visa estabelecer ligações entre o aluno e o professor, contribuindo para o desempenho da aprendizagem, promovendo condições de acesso, assegurando condições para continuidade do estudo. O atendimento educacional especializado, de acordo com o Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011 “ofertas de educação especial preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 2011), ou seja, ele deve ocorrer de preferência dentro das escolas em que o aluno esteja matriculado, com profissionais formados e especializados na área de Educação Especial, em uma sala de recursos própria para esta função. Os professores da sala de recurso são fundamentais no processo de aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais especiais, pois ele é um intermediário entre o aluno e o professor da sala regular, contribuindo assim 26 para uma rica troca de experiências e garantindo a inclusão do mesmo na sociedade. Estes profissionais têm como algumas de suas funções: • Planejar e realizar atividades que complementem a grade curricular escolar, de forma adaptada para as necessidades do aluno; • Colaborar e trabalhar ativamente com o professor de sala regular, traçando estratégias de aprendizagem em conjunto para assim facilitar a compreensão dos alunos nas atividades e na interação com os demais colegas de classe; • Garantir que os alunos atendidos pela sala de recursos tenham os mesmos direitos que os outros alunos e que possam participar ativamente de todas as atividades oferecidas pela escola; • Desenvolver junto à equipe pedagógica modificações nos projetos políticos pedagógicos para assim, garantir os direitos dos alunos com necessidades educacionais especiais, implantando mudanças para que estas necessidades sejam atendidas de forma eficaz e sem preconceitos. De acordo com as Diretrizes Operacionais do ano de 2009, o atendimento educacional especializado está direcionado à alunos que tenham deficiências à longo prazo, que são elas: a física, intelectual, mental ou sensorial, os alunos que tenham transtornos globais do desenvolvimento, que são por exemplo: o autismo, síndromes de Asperger e Rett, e aqueles alunos com altas habilidades ou superdotação (BRASIL, 2009). Para cada um destes aspectos o profissional deve desenvolver uma forma diferente de trabalho, pois cada aluno terá sua peculiaridade e necessidade educacional especializado, é necessário que o acompanhamento seja sempre feito de uma forma personalizada, para que o aluno esteja sendo desenvolvidos em todas as suas áreas, aproveitando todas as suas capacidades e especificidades. A comunidade onde o aluno com necessidade educacional especial vive é de suma importância também em sua interação com a sociedade, pois é o ambiente onde o mesmo vive, sendo assim é necessário que esta comunidade esteja sempre aberta a uma convivência respeitosa, harmoniosa, que entenda as diferenças como potencialidades e não “esquisitices”, como muitas vezes são denominados, é importante que sejam todos tratados como iguais, tendo seus direitos garantidos. 27 Sem dúvidas a família é um dos braços mais importantes na educação inclusiva, pois ela tem um papel fundamental na educação de uma criança. É de suma importância a participação efetiva da família nas conquistas escolares de seus filhos, pois toda criança sente a necessidade de se sentir importante para sua família, sentir-se parte de um todo, principalmente quando a criança tem alguma necessidade educacional especial. É de grande valia que todas as conquistas sejam comemoradas, a família nunca deve focar no fracasso do aluno ou no tempo em que ele leva pra aprender algo. O processo de aprendizagem é o mesmo para qualquer um, todos demandamos nosso próprio tempo para conseguirmos compreender e executar algo da maneira correta e automática. O intuito é que o aluno possua segurança no que lhe está sendo ensinado e não o tempo que ele leva para concluir esta etapa. A família deve sempre trabalhar em conjunto com todos os profissionais envolvidos na educação dos seus filhos, intermediar os avanços e conquistas entre todos, trabalhar em casa com eles para promover a interação diária e continua do indivíduo com o restante da sociedade. A rede de apoio quando funciona em conjunto e de uma maneira eficiente, proporciona uma educação inclusiva de qualidade e uma sociedade transformadora, porém é um desafio fazer com que todas as peças do quebra- cabeça se encaixem e desenvolvam seu objetivo de forma eficaz, como já citamos muitos não conseguiram aderir-se ao movimento da educação inclusiva, não conseguem romper as barreiras imposta por uma sociedade preconceituosa. 2.4 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO NO CENÁRIO INCLUSIVO As instituições de ensino contam com o projeto político pedagógico (PPP) que é um documento obrigatório de acordo com a lei de diretrizes e bases (LDB) de 1996, a escola tem a responsabilidade de elaborar e tornar possível a execução do projeto buscando uma educação participativa e de qualidade onde a sociedade deve estar integrada construindo assim uma gestão democrática. O PPP deve reunir propostas curriculares, diretrizes para a gestão administrativa e formação dos professores. De acordo com Libâneo: 28 O projeto é um documento que propõe uma direção política e pedagógica para o trabalho escolar, formula metas, prevê as ações, institui procedimentos e instrumentos de ação. (LIBÂNEO, 2005, p. 345). Baseado no projeto político pedagógico a escola constrói uma gestão democrática e garante a organização do seu trabalho para um planejamento de ações. O PPP oferece o apoio necessário para atender as necessidades da educação inclusiva em todosos aspectos, atendendo as peculiaridades dos alunos com a flexibilização do funcionamento curricular, determinando uma rede de apoio para facilitar o processo de aprendizagem e inclusão, este documento serve como um guia norteador não só a equipe pedagógica mas também dos alunos e suas famílias. É necessário que as escolas preparem um projeto pedagógico inclusivo e que ofereça aos profissionais condições de viabiliza-lo, garantindo assim a todos os alunos, todas as possibilidades de aprendizagem de forma igualitária e sem distinções. Este documento elaborado no começo do ano letivo para melhor desempenho do corpo docente, deve ser planejado por toda equipe pedagógica, sempre analisando as necessidades da comunidade aonde a escola está inserida, é importante que o projeto pense em uma maneira de otimizar o atendimento as necessidades educacionais especiais. Para que haja um retorno de como as ações estão sendo colocadas em prática e sua eficácia, é importante estar sempre sendo retomado em reuniões o documento e suas orientações, pois é no dia a dia, dentro das salas de aulas que podemos verificar se as práticas estão sendo de fato utilizadas e se estão proporcionando uma educação de excelência. Devido sua grande importância o projeto político pedagógico deve estar sempre completo e disponível para toda comunidade. 2.5 FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES O professor é um agente transformador na vida de qualquer pessoa, ele faz parte da formação do cidadão, ensinando-lhes seus aprendizados das diversas áreas de conhecimento, trocando experiências sobre a vida e sobre a sociedade, ampliando nossas competências. Mantoan afirma esta visão no trecho: “referência 29 para o aluno, e não apenas um mero instrutor, a formação enfatiza a importância de seu papel, tanto na construção do conhecimento, como na formação de atitudes e valores do cidadão.” (MANTOAN, 2003, p. 44). Partindo dessa relevante importância do papel do professor em nossa formação, podemos dizer que o professor, na inclusão, torna-se chave principal de sucesso em todo o processo. Infelizmente é que quando um aluno com necessidades educacionais especiais bate a porta das salas regulares, a realidade é que muitos professores se encontram resistentes a inclusão, alegam não estarem preparados para atender a estes alunos, que não sabem como desenvolver as habilidades e especificidades deles. Muitos professores tem a ilusão de não estarem capacitados para lidar com as deficiências, o que os fazem pensar que não são competentes para trabalhar com as singularidades, o professor Leandro Rodrigues, porém diz em um de seus artigos: Um professor não ter formação específica nessa ou naquela deficiência não quer dizer que seja incompetente. O professor, na educação inclusiva, precisa ser preparado para lidar com as diferenças, com a singularidade e a diversidade de todas as crianças e não com um modelo de pensamento comum a todas elas. (RODRIGUES, 2017). Ou seja, um professor de sala regular, não é menos capacitado que outro, por não especialização em todas as deficiências. Mas é fato que para que um bom educador não se permite estar desatualizado, está sempre buscando conhecimentos para ampliar a eficácia de seus métodos de ensino, é necessário estar sempre se preparando para o novo, estar aberto a mudanças. Desta maneira podemos constatar que a formação continua é a melhor forma preparar o professor para receber alunos com necessidades educacionais especiais. É necessário que o profissional saiba reconhecer que todos precisaram estar em constante renovação, sair de nossa zona de conforto, promovendo inovações em nossas práticas pedagógicas. Esta formação continuada é uma das principais maneiras de enriquecer as potencialidades do professor, aumento assim as de seus alunos. A partir de estudos de novas teorias são possíveis realizar um planejamento prévio de uma nova abordagem de técnicas de aprendizagem, 30 porém é indiscutível que somente a vivência trará ao professor a experiência necessária para trabalhar com as diferenças e peculiaridades de cada aluno, será um trabalho diário de autoconhecimento e doação para poder compreender suas próprias técnicas de ensino. Além de tudo é necessário que toda a gestão escolar esteja disponível para o enriquecimento deste profissional, é de suma importância que haja investimentos para a formação continuada, mas não devemos nos contentar apenas com o que nos é disponibilizado, tornar-se um educador inclusivo faz com que esteja sempre em busca de outras maneiras para se preparar a todos para a transformação do ambiente escolar, como afirma Mantoan: Por tudo isso, temos de ficar cada vez mais atentos, questionando o que existe, mas, ao mesmo tempo, apresentando outras maneiras de se preparar profissionais para transformar a escola, na perspectiva de uma abertura incondicional às diferenças e de um ensino de qualidade. (MANTOAN, 2003, p. 44). O professor quando adere ao movimento inclusivo tem que estar preparado para enfrentar diversas batalhas diárias, saber mediar conflitos sem beneficiar os alunos que possuam necessidades educacionais especiais, todos precisam ser tratados como iguais. É fundamental que o professor estimule em toda a classe a solidariedade e encorajar as capacidades de todos, promovendo um ambiente escolar onde os alunos estejam envolvidos na inclusão, ajudando os colegas com dificuldades sem rivalidades ou competitividades. É imprescindível que o professor respeite o tempo de aprendizagem dos alunos, que desenvolva métodos e práticas de ensino para que o aluno consiga acompanhar os demais alunos, fazendo com que ele se sinta acolhido e parte do grupo. Fica claro que toda essa mudança, deve ocorrer em toda rede de ensino, todos os professores devem ter acesso a condições de trabalho que proporcione executar a inclusão, que tenham a oportunidade de realizar a formação continuada com o apoio de gestores e coordenadores, é importante que estejam sempre sendo acompanhados e sinalizados. Todos os envolvidos no processo de inclusão, a rede de apoio escolar e a sociedade deve trabalhar em conjunto com os professores para que obtenhamos resultados positivos na inclusão e que ela aconteça de uma forma natural, 31 proporcionando a todos um ambiente provedor de igualdade social e aceitação, garantindo uma educação de qualidade a todos. 32 3 METODOLOGIA Com o intuito de compreendermos melhor o tema e apresenta-lo, utilizamos em nossa monografia a técnica de pesquisa bibliográfica, na qual o escritor Antônio Carlos Gil define “A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente por livros e artigos científicos.” (GIL, 2002, p. 44), através desta definição realizamos nossas pesquisas e desenvolvemos o assunto embasando nossas teorias em autores como Maria Teresa Egler Mantoan e de Cristiane e Sonia Sampaio. De acordo com as autoras Marina de Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos, a pesquisa bibliográfica nos permite ter contato com todo o material já elaborado sobre o assunto escolhido: A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 183). Por meio desta técnica, é possível ter acesso a diversos materiais, permitindo assim que realizemos uma autoanálise sobre o assunto e possamos criar a nossa própria teoria, enriquecendo o nosso conhecimento e nossa monografia. Para elaborarmos o embasamento teórico do presente trabalho realizamos um exclusivolevantamento bibliográfico, por intermédio de documentos internacionais oficiais como a Declaração de Jomtien (1990) e a Declaração de Salamanca (1994), documentos oficiais do Brasil tais como a Constituição da República Federativa do Brasil (1988) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), livros como, por exemplo, o da autora Mantoan: Inclusão Escolar. O que é? Por quê? Como fazer? Entre outros. Todos esses documentos, livros e artigos nos permitiram entender a realidade da inclusão no país desde a colonização até os dias atuais, conhecer os direitos garantidos por lei dos deficientes quanto a educação e como a inclusão está sendo aderidas nas redes regulares de ensino. 33 Dado o exposto, podemos concluir que a pesquisa bibliográfica foi enriquecedora, viabilizando a construção de uma monografia com dados verídicos e expondo a visão de diversos autores. Pudemos compreender a importância do movimento de educação inclusiva nas escolas não somente para os alunos que tenham necessidades educacionais especiais, mas também para todo aquele aluno que seja segregado de alguma forma por ser considerado diferente por uma sociedade ainda preconceituosa. 34 4 DISCUSSÃO E ARGUMENTAÇÃO A partir do exposto de todo contexto histórico da educação inclusiva no país, podemos notar que apesar de todos os esforços para que a inclusão seja feita da melhor maneira possível, pode-se notar que a realidade nas escolas ainda é bem diferente. São muitas as leis, decretos e declarações que firmam o direito dos alunos como necessidades educacionais especiais, mas na integra a segregação da classe ainda é enorme. Vemos que apesar de termos um breve começo de educação especial antes dos anos de 1970, somente em 1971 através da Lei nº 5.692/71, o deficiente passa a ter mais atenção e é garantido a eles tratamento especial, porém a lei é interpretada de outra maneira pelas escolas, ocasionando ainda mais a exclusão dos deficientes. Em 1988 com a Constituição garantindo o direito de todos á educação, os deficientes passam a ter, por lei, garantia de atendimento educacional especializado preferencialmente nas redes regulares de ensino, o que vem mostrar um olhar diferenciado já para a inclusão. Os próximos passos para a educação inclusiva vêm com as declarações de Jomtien de 1990 e a declaração de Salamanca em 1994, ambas importantes para o crescimento do movimento. Jomtien passa a garantir a igualdade de direito dos deficientes com os demais alunos e a Salamanca mostrar que é o ambiente escolar que deve adaptar-se as necessidades e peculiaridades dos alunos e não ao contrário. Com o passar dos anos, podemos considerar que as tentativas de se fazer uma educação realmente inclusiva vem tomando forma em questões legais, em 1996 as Novas Diretrizes reforçam o atendimento dos alunos em salas regulares desde o Ensino Infantil, e em 1999 o Decreto nº 3298 vem ressaltar que a educação especial é apenas complementar a educação regular e não um substituto. Em 2003 o Ministério da Educação cria o programa denominado Educação Inclusiva: direito a diversidade e em 2009 a Resolução CNE/CEB nº 4, cria as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, analisando até este momento na história podemos perceber a criação de várias formas de tornar efetiva a igualdade de direitos e o atendimento 35 educacional especializado aos que possuem necessidades educacionais especiais. Ao nos depararmos com a realidade de todo esse cenário em que o governo parece estar dando a devida atenção ao processo inclusivo, garantindo a vaga do aluno em sala regular, podemos observar que o que realmente acontece nas escolas não contempla a inclusão com tanta efetividade. Os recursos financeiros destinados para custear o atendimento especializado não são suficientes, pois as escolas não possuem estruturas físicas para receber alunos que possuam necessidades de locomoção, não possuem banheiros adaptados ou rampas de acesso, não dispõem de espaços físicos para a criação de salas de recursos garantidas por lei para a AEE. Existe uma grande escassez de profissionais formados e qualificados para realizar o atendimento especializado, ocasionando muitas vezes a contratação de professores que não estão devidamente capacitados ou preparados para desenvolver atividades adaptadas às peculiaridades de cada aluno, realizarem atendimentos respeitando os limites e tempo do aluno, e os poucos profissionais especializados na área não conseguem dar suporte suficiente às necessidades dos alunos devido ao grande número de atendimento que precisa realizar. Os professores de sala regular também encontram dificuldades em executar um trabalho com excelência, é um fato que o professor precisa estar preparado para atender alunos que tenham algum tipo de deficiência, mais são poucos os que conseguem conciliar um atendimento especial ao aluno que apresenta alguma dificuldade com o restante da turma, o que acaba deixando o aluno de lado e promovendo a exclusão do mesmo no processo de aprendizagem. Toda esta falta de preparo nos leva sempre ao ponto de uma formação continuada e assistida, aonde o profissional deve ter o mínimo de conhecido para o desenvolvimento de uma educação inclusiva, ofertando a todos uma aprendizagem igualitária e efetiva. Mesmo com todos os esforços para tornar a educação inclusiva, é possível ver que a segregação ainda continua enraizada na sociedade, seja ela em ambiente escolar ou na comunidade. Nota-se que a aceitação das diferenças ainda é mínima, os demais alunos acabam isolando os alunos com necessidades educacionais especiais, não ofertando a eles a oportunidade de participar de atividades recreativas ou que demandam alguma habilidade específica. Os 36 professores acabam, seja por falta de experiência ou capacitação, "facilitando" as atividades oferecidas e desenvolvendo atividades diferentes do restante da turma, provocando mesmo que sem a intenção, a sensação de exclusão do indivíduo na turma. Apesar de todos estes direitos garantidos por lei, como o de uma educação de qualidade e igualitária, a maioria da sociedade ainda continua a ignorar a inclusão, não sabendo lidar com as diferenças, sendo preconceituosa e os excluindo. É necessário que haja uma conscientização e uma grande mudança em nossa cultura, para que esta luta seja de fato satisfatória, gerando um novo tempo, aonde exista uma sociedade justa e democrática que respeite o outro e suas diferenças. 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS O tema da educação inclusiva nos surgiu da necessidade de abordarmos um assunto tão importante nos dias atuais. O grande aumento de crianças com necessidades educacionais especiais inseridas nas redes regulares de ensino, só vem evidenciar cada vez mais a necessidade de tomarmos para nós, profissionais da educação, a missão de proporcionarmos um ambiente escolar incluso, garantindo os direitos dos alunos que possuam alguma deficiência, eliminando barreiras nos processos de adaptação e aprendizagem e promovendo mudanças na cultura preconceituosa existente. As pesquisas realizadas ao decorrer da elaboração desta monografia conseguiram nos mostrar que estamos apenas no começo do processo da educação inclusiva, que temos um caminho longo e cheio de batalhas para percorrer. Os estudos apresentados vieram apontando as evoluções da educação inclusiva ao longo da história do país. As iniciativas de educação para os deficientes começaram no Brasil sem o apoio de governo, apenas com a contribuição de pequenos grupos que tinham algum interesse, eram eles familiares, amigos, instituições e professores. No entanto, através das leituras, podemos constatar que o movimento de educação inclusiva só ganha forças já em meados da década de 90, com a criação da Declaraçãode Salamanca, que é quando o país se sente pressionado a tomar providências e começa a pensar de uma forma inclusiva, garantindo através das leis, cada vez mais o direito das pessoas que tem necessidades educacionais especiais. Abordamos em nossa monografia a separação dos termos educação especial e educação inclusiva, apontando a diferença entre ambas, deixando claro que a inclusão é a garantia de que todas as pessoas tenham iguais acessos de oportunidades. Através de nossos levantamentos, conseguimos trazer um pouco da realidade da educação inclusiva nas escolares regulares, as ações que devem ser tomadas pelo governo, a gestão escolar e a equipe pedagógica, a comunidade, os familiares e os alunos. Numa revisão dos estudos realizados conseguimos compreender que a educação inclusiva jamais caminhará sozinha e que para 38 termos uma sociedade justa é necessário que todos façam sua parte e tomem para si a missão de tornar não só a educação, mas também o mundo, um lugar mais inclusivo, tolerante e rico em troca de experiências. Por fim, podemos concluir com todo o material apresentado, que apesar dos desafios a serem percorridos, acreditamos que com trabalho árduo, uma formação continua investimento e visibilidade, é possível sim termos uma sociedade inclusiva, porém para que isso ocorra é importante não tratar as diferenças como problemas e sim como diversidade, oportunidades de enriquecimento pessoal, tendo admiração pela superação de limitações, assim podemos ter uma sociedade mais justa e humanitária, extinguindo essa cultura preconceituosa e limitada, e não só apenas com os deficientes, mais com todas as minorias marginalizadas e inferiorizadas por um sistema antigo. 39 REFERÊNCIAS ASSUNÇÃO, Alex Sander. A educação inclusiva no Brasil. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/a-educacao-inclusiva- no-brasil/56318. Acesso em 08 de setembro de 2019. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 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