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TRabalho de Filosofia - Os pré-Socráticos 1

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UNIVERSIDADE PAULISTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARCUS VINICIUS FERREIRA SANTOS 
RA 1718650 
 
 
 
 
 
 
 
 
OS PRÉ-SÓCRÁTICOS 
Do mito à Sócrates 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2017 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Desde sempre o ser humano está a procura do conhecimento. Conhecer sua 
origem, como tudo começou e o seu fim. De onde vim? Quem sou eu? Para onde vou? 
De que eu sou formado? 
A busca de conhecimento não é apenas de si mesmo, mas de tudo o que podemos 
ver na natureza através dos sentidos e também aquilo que nossa razão sabe que existe, 
mas não podemos (ainda) perceber pelos sentidos. 
Quando olhamos a história, percebemos que o conhecimento vem em ondas. Um, 
dois ou três homens refletem sobre uma hipótese, lanças suas bases, eventualmente esta 
hipótese torna-se uma teoria. A partir daí outros refletem sobre esta teoria. Ela torna-se 
uma escola de pensamento, a sociedade aceita e ela se torna a resposta para os problemas. 
Até que então, surge outra pessoa que, ou contesta a teoria apresentando novas hipóteses 
ou reforça a teoria anterior, no entanto ampliando-a e até certo ponto, modificando-a. 
2 FILOSOFIA 
Quando falamos de Filosofia, alguns nomes são citados até mesmo por aqueles 
que nada entendem ou se interessam por esta ciência. Seguramente Sócrates é 
unanimidade. Curioso é que um dos mais brilhantes nomes da Filosofia teve sua 
existência questionada. "Durante muito tempo se imaginou que ele não existisse, isto é, 
se supunha que Sócrates fosse apenas uma personagem utilizada por Platão, o filósofo 
grego do mundo clássico, que o coloca em vários dos diálogos que escreveu" 
(CORTELLA, 2013). 
No entanto, Sócrates não apenas é um personagem histórico real, ou seja, existiu 
de fato, como sua pessoa, divide a Filosofia antiga em antes e depois de si. Ao menos 
para fins de estudo. Desta forma temos os primeiros filósofos sendo identificado como 
Pré-Socráticos. 
Analisaremos isto com mais detalhes adiante, antes, porém, recuemos um pouco 
no tempo para definirmos o que é a Filosofia, sua origem e alguns dos primeiros filósofos 
que receberam a alcunha de Pré-Socráticos e a seguir, o próprio Sócrates. 
 
3 DEFINIÇÃO DE FILOSOFIA 
A definição simples e direta de filosofia é “amigo do saber”. É também aquele que 
ama o saber. Assim o filósofo, num sentido bem amplo do termo, onde abarcaria todo 
aquele que se interessa academicamente pela filosofia é um amante do saber. 
Miguel Reale, em seu livro Introdução à Filosofia, nos dá uma brilhante 
definição: 
Se nos inspirarmos nas origens do pensamento ocidental verificaremos que a 
palavra filosofia significa amizade ou amor pela sabedoria. O termo é deveras 
expressivo. Os primeiros filósofos gregos não concordaram em ser chamados 
sábios, por terem consciência do muito que ignoravam. Preferiram ser 
conhecidos como amigos da sabedoria, ou seja — filósofos. (REALE, 2002, p. 
20). 
 
Aprecio também o que nos ensina R. C. Sproul (2002, p. 15): "Os pensadores 
daquela época não faziam uma distinção clara entre ciência e filosofia. A palavra ciência, 
em sua etimologia, significa simplesmente 'conhecimento', e o termo filosofia deriva de 
'amor pela sabedoria' ". 
Entretanto, este “amigo do saber” não seria o mesmo que curioso. Não se trata de 
um saber descompromissado, nem um saber superficial das coisas. É um saber racional, 
investigativo e compreendido, que busca sempre a razão última das coisas. 
O professor Rogério de Paula, no entanto, reproduz diversas definições em seu 
blog, PROAÍRESIS: 1 
 Definição atribuída a André Comte-Sponville: 
“A Filosofia é uma prática teórica (discursiva, razoável, conceitual), mas não 
científica; ela se submete unicamente à razão e à experiência – com exclusão 
de toda revelação de origem transcendente ou sobrenatural e visa menos a 
conhecer do que a pensar ou questionar, menos a aumentar nosso saber do que 
a refletir sobre aquilo que sabemos ou ignoramos. Seus objetos de predileção 
são o todo e o homem. Seu alvo, que pode variar segundo as épocas e os 
indivíduos, será com mais frequência a felicidade, a liberdade ou a verdade, e 
mesmo a conjunção das três (a sabedoria)”. 
 Definição atribuída a Wittgenstein: 
“A Filosofia não é uma doutrina, mas uma atividade”. 
 Definição atribuída a Kant: 
“[…] ele (o professor) não deve ensinar pensamentos, mas a pensar, não deve 
carregar seu aprendiz, mas guia-lo se quer que ele seja apto no futuro a 
caminhar por si próprio”. 
 Definição atribuída a Matthew Lipman: 
“O que os filósofos e as crianças têm em comum é a capacidade de se 
maravilhar com o mundo”. 
 
1 PAULA, R. D. O que é filosofia. PROAÍRESIS, 2016. Disponivel em: <http://migre.me/wwarM>. 
Acesso em: 27 abr. 2017 
 Definição atribuída a René Descartes: 
“A filosofia é o estudo da sabedoria, conhecimento perfeito de todas as coisas 
que os humanos podem alcançar para o uso da vida, a conservação da saúde e 
a invenção das técnicas e das artes com as quais ficam menos submetidos às 
forças naturais, às intempéries e aos cataclismos”. 
 
3.1 Quando surgiu a Filosofia 
“Surge no Ocidente, mais precisamente na Grécia do século VI a.C., uma nova 
mentalidade, que passa a substituir as antigas construções mitológicas pela aventura 
intelectual, expressa através de investigações científicas e especulações filosóficas” 
(SOUZA, 1996, p. 4). 
É fato que o pensar filosoficamente existia entre outros povos antigos. Os hebreus, 
por exemplo, têm nos livros dos Salmos e Provérbios coleções importantíssimas de 
pensamentos filosóficos, datando de 800 a 1000 a.C., pelo menos. Podemos citar também 
os egípcios e os chineses. Porém, sem sombra de dúvidas, foi na Grécia do século VI e V 
a.C. que nasce e floresce a Filosofia ocidental como conhecemos hoje. 
 
Figura 1 - Mapa dos primeiros filósofos 
 
 
3.2 Porque surge a Filosofia 
3.2.1 Os Mitos 
Se pensarmos em causas do surgimento da Filosofia, podemos ter como principal 
que “a Filosofia surge para substituir o modelo mitológico-cosmogônico, pelo 
cosmológico-racional” (CABRAL, 2017). Ou seja, o mito dá lugar ao pensamento 
racional. 
Antes do surgimento do pensamento filosófico na Grécia, o pensamento mítico 
dominava a sociedade helena. Apesar de sob certos aspectos os mitos serem fantasias, 
invenções, crendices, para os gregos desta época eles, os mitos, procuravam explicar ou 
dar sentido a tudo o que não achava aclaração racional. “A palavra ‘mito’ tem sua origem 
etimológica em mythos, que significa palavra, o que se fala” (FERNANDES, 2017, p. 
21). 
Homero e Hesíodo são os autores que nos legaram os principais e mais 
importantes relatos em suas obras. Sem estes dois autores talvez nada saberíamos sobre a 
mitologia grega e o quanto ela foi importante para o surgimento dos primeiros filósofos. 
Homero deixou-nos Ilíada e Odisseia. Hesíodo Também tem duas obras 
atribuídas a si: A Teogonia e Os Trabalhos e os Dias. 
Das obras de Homero temos as guerras de Tróia, de onde conhecemos os heróis 
Aquiles, Ajax e Ulisses. É daqui que temos a famosa expressão cavalo de Tróia, que de 
tão popular, dispensa detalhamento. 
Sem Hesíodo provavelmente não saberíamos nada a respeitos dos deuses gregos, 
ou pelo menos quase nada. Sua obra Teogonia [theos, deus + gonia, nascimento] descreve 
o nascimento dos deuses e suas várias proles. 
Nela o autor, de forma didática, trata do mundo dos mortais e de sua 
organização, centrado no tema do trabalho e da justiça, com algum enfoque na 
história da civilização durante o período clássico da Grécia Antiga. Nestas se 
incluem a célebre história de Prometeu, que tirou o fogo do concílio dos deuses 
e o mito de Pandora2 (WIKIPÉDIA). 
 
O professor Fernandes registra alguns mitos no livro texto Os Pré-Socrático. Um 
deles é o mito de Cora, cuja intensão era explicar os fenômenos físicos da primavera/verãoe outono/inverno. Para eles, estas estações acontecem por causa da visita ou ausência de 
Cora (ou Perséfones) ao Olimpo. 
Cora, filha da deusa das colheitas, Deméter, brinca pelos campos verdejantes 
da Grécia. Cora é uma adolescente pura e cheia de vida. Ela corre, pula, brinca 
 
2 OS TRABALHOS E OS DIAS. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 
2016. Disponível em: < http://migre.me/ww8fi>. Acesso em: 27 abr. 2017. 
com as borboletas, colhe flores. Mas Cora não sabe que está sendo observada. 
Perto dali, Hades, deus do subterrâneo, observa Cora brincar e pensa: que bela 
adolescente, essa Cora! Hades então resolve raptar a doce Cora. Ele coloca em 
movimento sua carruagem puxada por dez fortes cavalos e parte em sua 
direção. Cora, ao perceber o que se passa, corre, mas em vão. Hades toma Cora 
em seus braços e a leva. No mesmo momento se abre no chão uma grande 
fenda e a carruagem desce para o centro da Terra. Ao cair da noite, a mãe de 
Cora, Deméter, sente sua falta e sai à sua procura. Dois camponeses que 
presenciaram a cena contam‑lhe o que aconteceu. Deméter fica louca de dor e, 
desconsolada, proíbe que as plantas, o capim, as árvores, as frutas e os cereais 
cresçam. Os camponeses ficam preocupados e tristes, pois sem o crescimento 
das plantas eles irão perecer. Eles imploram aos deuses para que o verde 
retorne. Os deuses pedem para Deméter deixar a vegetação crescer, mas ela 
está irredutível: nada crescerá ou voltará a florescer enquanto Cora não 
retornar. Zeus resolve intervir. Manda o mensageiro Hermes ao reino dos 
mortos para falar com Hades para deixar Cora voltar. Mas ela só poderá 
retornar se não tiver comido nenhuma comida do reino dos mortos. O 
jardineiro informa a Hermes que ela havia comido seis sementes de romã. 
Dessa forma, Cora não poderia voltar. Mas Deméter não volta atrás de sua 
decisão e não permite que nada floresça. Zeus então estuda o problema e 
propõe uma possível solução para o impasse: como ela comeu apenas seis 
sementes de romã, durante seis meses Cora ficará morando com Hades no 
subterrâneo, será sua esposa e se chamará Perséfone (aquela que causa 
destruição). Durante os outros seis meses, Cora voltará e passará em 
companhia de sua mãe, Deméter (FERNANDES, 2017, p. 9). 
 
No entanto, apesar de a mitologia carecer de bases científicas, não podemos cair 
no erro de desprezar a sua importância. Ela foi fundamental para originar o pensamento 
filosófico. O mito da criação, de Gaia (Terra) e Urano (Céu), foi uma tentativa de explicar 
as origens (arkhé). Ana Paula de Araújo resume desta forma: 
Segundo Hesíodo e sua Teogonia, ela é a segunda divindade primordial, 
nascendo após Caos e foi uma das primeiras habitantes do Olimpo. Urano, o 
senhor do Céu, temia que seus filhos o destronassem, de forma que prendia-os 
no Tártaro. Revoltada com essa ação mesquinha e cruel do esposo, Gaia 
decidiu armar um dos filhos, Cronos, com uma foice. No momento em que 
Urano fora unir-se à esposa, em um ciclo perene de criação, Cronos atacou-o 
e castrou-o, separando assim o Céu e a Terra. O filho lançou às águas marinhas 
os testículos do pai. Ainda assim, algumas gotas do seu sangue recaíram sobre 
Gaia, que fertilizada, concebeu as divindades Erínias (ARAÚJO). 
 
Tales de Mileto, considerado o primeiro filósofo, formula suas explicações do 
arkhé analisando o princípio das coisas (physis) concluindo ser a água a gênesis de tudo. 
Na mitologia grega, o Mar é um dos filhos de Gaia e Urano. Vemos aí como a mitologia 
pode ter influenciado os primeiros filósofos. 
Para o professor Gui de Franco (2014), podemos verificar que os mitos tiveram 
sua importância seja para que propõe uma ruptura, seja para quem propõe uma 
continuidade. Há quem nega qualquer vínculo da Filosofia com mitologia. Este é o caso 
dos Filósofos Vernant e Hegel. Outros, como Cornford, afirmam que a Filosofia é uma 
continuidade, uma evolução, do pensamento mítico3. Ora, se se nega o mito é porque ele 
teve sua importância; se se dá continuidade a ele, mais importância ainda deve-lhe ser 
creditada. Concorda? 
3.2.2 Outras causas4 
Eu sua vídeo-aula sobre o surgimento da Filosofia na Grécia Antiga, o professor 
Daniel Gomes (2014) nos apresenta outras três razões que contribuíram para o surgimento 
da Filosofia na Grécia Antiga. Elas são: 
a) Políticas – o despotismo dando lugar à democracia. A ativa participação do 
cidadão (morador da polis) na ágora, deu oportunidade para o exercício do uso 
da palavra e do pensamento. 
b) Sociais – a existência do trabalho escravo na Grécia liberava o senhor grego 
do trabalho para usar o ócio no exercício do pensamento. 
c) Econômicas – o forte intercâmbio comercial na Grécia contribuiu para o 
exercício do pensamento filosófico. 
3.2.3 Os períodos da Filosofia 
Como tudo na história da humanidade, todas as transformações e mudanças têm 
seus períodos. E como há uma evolução, como já foi dito, com ruptura ou continuidade, 
também no caso da Filosofia pode-se perceber períodos distintos com características 
marcantes. 
a) Período Pré-Socrático – que é o objetivo deste trabalho, é caracterizado pelo 
entendimento da natureza (physis), do cosmo, e principalmente pela busca da 
gênesis (arkhé) deste mundo natural. Vai do séc. VII – V a.C. Seus principais 
nomes serão analisados adiante. 
b) Período Socrático – séc. IV a.C., considerado por alguns como o mais 
importante. É a fase ontológica, ou antropológica/metafísica. Aqui estão 
Sócrates, Platão, Aristóteles. 
c) Período Helenístico - séc. IV a.C. - VI d.C. A atenção aqui se volta para a 
ética e a estética. 
Tabela resumida dos períodos mitológico e pré-socrático. 
 
 
3 Este parágrafo é minha síntese da vídeo-aula do Prof. Gui de Franco: Filosofia – Da Mitologia à Filosofia: 
Rupturas e Continuidade. 
4 Outra síntese minha da vídeo-aula do Prof. Daniel Gomes: Filosofia - Causas do Surgimento da Filosofia 
na Grécia Antiga. 
 
Cerca de Período Característica Nomes 
1000 a.C. Mitologia - Universo e deuses surgem ao mesmo 
tempo 
- Mitos explicam a origem de tudo: 
deuses, homens e universo. 
Homero 
Hesíodo 
600 a.C. Pré-Socráticos - Primeiros filósofos/ Filósofos da physis 
- Esclarecimento racional das coisas 
- Ainda há resquícios míticos em algumas 
proposições 
- Busca pelo arkhé 
 
-Tales 
-Anaximandro 
-Anaxímedes 
-Heráclito 
-Xenófanes 
-Pitágoras 
-Parmênides 
-Zenão 
Tabela 1 
 
3.2.4 Escolas filosóficas 
Se as características ao longo do tempo nos fornecem as fases da Filosofia, 
diferentes características num mesmo período dão origem a escolas distintas, o que é 
natural em tudo na raça humana. Pessoas diferentes têm interpretações diferentes, muitas 
vezes, de um mesmo tema. Outra razão pela qual a Filosofia foi identificada por escolas 
foi a localização onde seus principais proponentes estavam. 
No período pré-socrático temos quatro escolas filosóficas: 
a) Jônica – desenvolvida na região de Jônia (Turquia), seus preponentes foram 
Tales de Mileto, Anaxímenes e Anaximandro de Mileto e Heráclito de Éfeso. 
b) Atomista – representada por Leucipo, Empédocles e Demócrito, procuravam 
dar uma explicação do universo atômico. 
c) Pitagórica – leva este nome em função do seu mais eminente personagem, 
Pitágoras, desenvolvida na Itália. 
d) Eleática - Xenófanes de Colofão, Parmênides de Eléia e Zenão de Eléia. 
 
4 OS PRÉ-SOCRÁTICOS 
Os filósofos denominados de Pré-Socráticos são assim chamados não apenas por 
terem vivido antes de Sócrates (Demócrito, foi seu contemporâneo), mas porque esses 
filósofos estão preocupados com a gênesis natural de todas as coisas. 
Para estes pensadores as explicações mitológicas não davam as respostas 
satisfatórias. Estavam inquietos à busca do princípio (arkhé) de tudo o que existe, o 
cosmos. 
Nesta busca,eles irão divergir em alguns pontos. Tales de Mileto, por exemplo, 
pensava que a água era este arkhé, enquanto Anaxímenes, o ar. 
Os pré-socráticos foram os primeiros pensadores que, nas cidades gregas da 
Ásia Menor por volta do séc. VI a.C., procuraram desenvolver formas de 
explicação da realidade natural, do mundo que os cercava, independentemente 
do apelo a divindades e a forças sobrenaturais. É nesse sentido que dizemos 
que os filósofos pré-socráticos romperam com a tradição mítica, e é por isso 
também que denominamos seu pensamento de naturalista, por visar explicar a 
natureza a partir dela própria, entender os fenômenos com base em causas 
puramente naturais. (MARCONDES, 1999, p. 11). 
 
Quer seja rompendo com o pensamento mítico, quer seja dando continuidade a 
ele, o fato é que começa com Tales de Mileto e seus discípulos, o nascimento da Filosofia 
Clássica. 
O declínio do pensamento mítico na Grécia é marcado pelo advento da 
Filosofia, pela ascensão de um saber de tipo racional. Ela tem início na Mileto 
jônica, em princípio do século VI a.C., momento em que os primeiros filósofos 
– Tales, Anaximandro e Anaxímenes – iniciam um novo tipo de reflexão em 
relação à natureza (FERNANDES, 2017, p. 40). 
 
É perfeitamente perceptível que as explicações míticas já não satisfaziam estes 
primeiros pensadores filosóficos. “Platão e Aristóteles indicaram com precisão a 
experiência que, segundo eles, dá origem ao pensar filosófico. É aquilo que os gregos 
chamaram “thauma” (espanto, admiração, perplexidade)” (REZENDE, 1986, p. 14). 
A atitude de admiração agora passa a propiciar a busca de solução racional para 
um problema, não mais de assombro com resposta sobrenatural. Tanto mito como 
filosofia provocam a admiração. A resposta filosófica é que difere da mitológica, sendo 
aquela apoiada na razão (logos). 
A filosofia, pois, começa quando algo desperta nossa admiração, espanta-nos, 
capta nossa atenção (que é isso? por que é assim? como é possível que seja 
assim?), interroga-nos insistentemente, exige uma explicação (REZENDE, 
1986, p. 14). 
A seguir veremos um resumo de cada um destes importantes filósofos pré-
socráticos. 
4.1 Tales de Mileto (625/558 a.C.) 
Atribui-se a Tales de Mileto ter previsto um eclipse que ocorreu em 28 de maio 
de 585 a.C. Considerando ele não ter os instrumentos modernos de astronomia, foi um 
feito espetacular. Mas não é só por isso que podemos considerar a genialidade deste que 
é o primeiro filósofo. 
Tales resolveu problemas de engenharia desviando o curso de um rio. Elaborou 
um sistema para medir a altura das pirâmides do Egito baseado no movimento 
das suas sombras. Desenvolveu técnicas de navegação seguindo as estrelas e 
criou instrumentos para medir distâncias marítimas. (SPROUL, 2002, p. 17). 
 
 
Figura 2 - Teorema de Tales 
 
Com todo merecimento, a data do eclipse previsto por Tales é considerada como 
a data do nascimento da Filosofia. Para o mundo ocidental ficou claro que a razão (logos) 
podia dar melhores explicações que os mitos para a origem (arkhé) das coisas. 
Tales era um monista corpóreo, ou seja, entendia que todas as coisas existentes 
são modos diferentes de uma mesma substancia. É por isso que ele considerava a água 
como o arkhé. Todos os líquidos são um tipo de água. Todos os gases um tipo de vapor. 
Todos os sólidos um tipo de gelo. 
Teria Tales procurado o que na natureza pudesse se apresentar em estado sólido, 
líquido e gasoso uma vez que ele era um monista corpóreo, ou ele observando que por ser 
a água apresentável em três estados, ela o convenceu a ser um monista? Em outras 
palavras, ele creu porque viu ou viu porque creu? 
Até que ponto Tales poderia estar influenciado pelo pensamento hebreu conforme 
registrado em Gênesis, capítulo um? " No princípio criou Deus o céu e a terra. E a terra 
era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se 
movia sobre a face das águas”5 (grifo é meu). 
 
5 Gênesis 1:1,2, Almeida Corrigida e Revisada Fiel, conforme tradução pela Sociedade Bíblica Trinitariana 
do Brasil. 
Se a água, nas escrituras sagradas hebraicas, é o primeiro elemento criado, Tales 
estaria tentando harmonizar estas escrituras como a lógica/razão? Ou estaria Tales 
negando ou rompendo com o pensamento pentateuco? 
 
4.2 Anaximandro de Mileto (610/547 a.C.) 
“Anaximandro foi discípulo de Tales, porém de sua vida pessoal não há quase 
informações. Sabe‑se que foi autor de um livro que recebeu o título Sobre a Natureza, 
mas este se perdeu, restando apenas fragmentos” (FERNANDES, 2017, p. 49). 
Se para Tales a água era o elemento fundamental e principal, a terra seria 
sustentada pelo mar. Mas... o que sustentaria o mar? Foi pensando nisto que Anaximandro 
afirmou que “o mar teria de ser sustentado por alguma outra coisa, e assim por diante, ao 
infinito” (SILVA, 2016). Esta alguma coisa é o ápeiron, cujo significado é sem fim, sem 
limite, infinito. “Logo, o ápeiron, um elemento ilimitado, é a origem de tudo que é 
limitado e particular” (FERNADES, 2017, p. 50). 
Anaximandro foi dedicado aos estudos astronômicos, da geografia e matemática. 
Anaximandro também foi o primeiro a aventurar-se a apresentar uma descrição 
escrita da natureza, e a publicar um mapa geográfico. Ele desenhou o mundo 
habitado numa tábua e traçou o contorno do mar, e também construiu uma 
esfera celeste (Anaximandro tinha uma teoria de que a terra estava rodeada por 
um número, talvez indefinido, de anéis dos corpos celestes). Ele foi o primeiro 
a: descobrir o equinócio e os solstícios, introduzir um relógio solar (gnómon) 
na Grécia e medir a distância entre as estrelas e o cálculo de sua magnitude (foi 
o iniciador da astronomia grega). Além disso realizou um esboço de geometria 
(SILVA, 2016). 
 
 
Figura 3 - A Terra segundo Anaximandro 
 
4.3 Anaxímenes de Mileto (585/525 a.C.) 
Foi discípulo de Anaximandro e o terceiro dos milésios. Também intitulou seu 
livro de forma homônima a de seu mestre: Sobre a Natureza. Para Anaxímenes nem a 
água nem o ápeiron são o princípio de todas as coisas, mas sim o pneuma (ar). “Filho de 
Eurístratos, nasceu em Miletos e estava entre os ouvintes de Anaxímandros. (...) admitiu 
como primeiro princípio o ar e o infinito. Sustentou que os astros se movem não por baixo 
da terra, e sim em torno dela” (LAÊRTIOS, 2008, p. 47). 
Anaxímenes também nos deixa algumas de suas impressões astronômicas 
sobre a forma e o movimento dos astros celestes. Ele diz que a Terra, a primeira 
de todas as coisas geradas pelo pneûma, é completamente plana, e por isso ela 
flutua, sendo sustentada pelo ar; e o Sol (que teria a forma de uma folha), a 
Lua e os demais corpos celestes têm na rarefação em fogo do vapor proveniente 
da Terra a origem de seu nascimento. Como o nosso planeta teria a forma de 
um tampo de mesa, os astros não poderiam passar por baixo da Terra, mas em 
volta dela como um gorro que gira em volta da nossa cabeça, e que transporta 
as estrelas fixas. O Sol seria ocultado pelas partes mais elevadas da Terra ou 
por sua inclinação sobre o seu eixo horizontal (SILVA, 2016) 
Da mesma forma que penso ter Tales recebido certa influência da escritura sagrada 
hebraica, o mesmo deve ter ocorrido com Anaxímenes e Anaximandro, sendo este último, 
talvez, em menor grau. 
A referência ao Gênesis já citada acima diz que o Espírito de Deus se movia sobre 
a face das águas. Aqui há a citação tanto à água como ao pneuma. A palavra hebraica 
traduzida por Espírito é ruach, que no grego foi traduzida por pneuma. 
Segundo os hebreus, YHWH, o ser infinito, é o princípio, enquanto criador, de 
todas as coisas. Parece haver aqui uma referência na literatura hebraica sobre o 
pensamento dos primeiros filósofos milésios. Quem sabe rompendo, quem sabe tentando 
harmonizar. 
 
Figura 4 - A Terra segundo Anaxímenes4.4 Xenófanes de Cólofon (577/470 a.C.) 
Xenófanes é natural da cidade de Cólofon, na região de Jônia, que atualmente é a 
Turquia. Como muitas das datas não só deste filósofo rapsodo, como de todos os demais 
são incertas, não se pode precisar os anos de nascimento e morte, sendo encontradas 
muitas variações em diferentes biógrafos. Contudo, estima-se que ele tenha morrido com 
92 anos. 
“Poeta de vida errante, nascido em Colofão, colônia grega na Jônia, na Ásia 
Menor, fundador da escola eleática. Emigrou para a Magna Grécia, hoje sul da 
Itália, quando sua terra natal caiu em mãos dos medas, passou por várias 
cidades, radicando-se finalmente em Eléa, na Sicília” (FERNANDES, 2001). 
 
 Xenófanes destacou-se por, numa sociedade absolutamente politeísta, criticar os 
heróis Homero e Hesíodo e seus muitos deuses absolutamente tomados pelas paixões 
humana. Teceu críticas também a Tales e a Pitágoras. 
Os etíopes <dizem que seus deuses> são negros de nariz chato os trácios 
<dizem serem> de olhos verdes e ruivos. Mas se tivessem mãos os bois, <os 
cavalos> e os leões, quando pintassem com as mãos e compusessem obras 
como os homens, cavalos como cavalos, bois semelhantes aos bois pintariam 
a forma dos deuses e fariam corpos tais como fosse o próprio aspecto <de cada 
um>. (TORRES, 2016, p. 66). 
 
Aristóteles testemunhou que Xenófanes foi o primeiro filósofo monoteísta. Qual 
teria sido a sua inspiração para tecer uma teologia de um único Deus? Na antiguidade 
somente os judeus tinham tal concepção. Alfredo Carneiro, fazendo um resumo da 
biografia dos Pré-Socráticos afirma que Xenófanes “sugeriu uma teologia monoteísta ao 
afirmar a existência de um deus único”6. Então ele cita o próprio biografado: “Um só 
deus7, o maior entre os deuses e os homens, em nada semelhante aos mortais” 
(XENÓFANES apud CARNEIRO)8. 
 
4.5 Pitágoras de Samos (570/495 a.C.) 
Sim, este é o cara do famoso Teorema de Pitágoras: o quadrado da hipotenusa é 
igual à soma dos quadrados dos catetos. “Ele tinha interesse espiritual e religioso em 
matemática, pelo qual atribuía significado místico aos números aos números. Considerava 
 
6 CARNEIRO, A. D. M. R. Linha do Tempo da Filosofia – Parte 1. Netmundi.org - Filosofia na rede. 
Disponível em: <http://migre.me/wwCca>. Acesso em: 28 abr. 2017. 
7 “Ouve, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor”. Deuteronômio 6:4, cuja composição data de 
aproximadamente 1400 a.C. Seria possível que Xenófanes tenha sido influenciado por este pensamento 
teológico judaico? 
8 CARNEIRO, A. D. M. R. Linha do Tempo da Filosofia – Parte 1. Netmundi.org - Filosofia na rede. 
Disponível em: <http://migre.me/wwCca>. Acesso em: 28 abr. 2017 
o número 10 o número perfeito” (SPROUL, 2002, p. 20). Pitágoras, e seu discípulos 
chegavam a este número perfeito através da tetractys. 
Um tetraktys (do grego antigo τετρακτύς) é uma representação pitagórica na 
forma de um triângulo, denominado "triângulo perfeito". Para os pitagóricos, 
os números mantinham uma relação direta com a matéria, considerando, por 
exemplo, o número "um" como um ponto, o "dois" como uma reta, "três" uma 
superfície e o "quatro" um sólido. Assumindo que 1 + 2 + 3 + 4 = 10, o número 
"dez" era visto como uma espécie de conjunto de quatro elementos, o "alicerce" 
das coisas do mundo. O número "dez", de acordo com os pitagóricos, 
corresponderia a um tetraktys.9 
 
Figura 5 - Tetractys 
 
 
“Pitágoras não escreveu nenhum livro, e seus ensinamentos, realizados de forma 
oral, não foram registrados por seus discípulos devido a esses fatos” (FERNANDES, 
2017, p. 52). Deve ser por isso que há muitos mitos sobre a vida deste que sem dúvida 
alguma é um dos maiores filósofos pré-socráticos. No entanto, segundo Laêrtios, “de fato 
Pitágoras escreveu três obras: Da Educação, Do Estado, Da Natureza". (LAÊRTIOS, 
2008, p. 230) 
Que Pitágoras cria na transmigração da alma, ou o que hoje é conhecido como 
reencarnação, isto é fato. Laêrtios cita inúmeras reencarnações que Pitágoras diz ter 
experimentado. 
Heracleides do Ponto assinala que Pitágoras dizia de si mesmo que em outra 
encarnação fora Aitalides (...). Subsequentemente voltou ao mundo no corpo 
de Êuforbos (...). Morto Êuforbos, sua alma encarnou-se em Harmôtimos (...). 
Morto Hermôtimos, Pitágoras passou a ser Pirros. (LAÊRTIOS, 2008, p. 230). 
 
Como Platão, cria na preexistência da alma, na sua transmigração (metempsicose), 
e na capacidade da alma reencarnar em animais (metamorfose) e não apenas em outro 
 
9 TETRAKTYS. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2013. 
Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Tetraktys&oldid=34809420>. Acesso em: 10 
mai. 2017. 
corpo humano, cria na sua imortalidade. Conta-se que Pitágoras teria reconhecido a voz 
de um amigo quando um cachorro latia ao sofrer mau tratos. 
Pitágoras fundou uma comunidade filosófico/religiosa conhecida como 
Pitagóricos. Além da crença na transmigração da alma, os membros deveriam fazer 
sempre exames de consciência e dedicação ascética. 
A peculiaridade do sistema era encontrar nas matemáticas a chave do enigma 
do universo e o instrumento da purificação da alma. Dizia Plutarco, como bom 
pitagórico: “a função da geometria é conduzir-nos do sensível e passageiro ao 
inteligível e eterno, pois a contemplação do eterno é a finalidade da filosofia 
como a contemplação dos mistérios é a finalidade da religião”10. 
 
Pitágoras também relacionou a matemática, mais especificamente os números, 
com a música, harmonizando-os. Esta ideia de harmonia, que começa com a música e 
números, passou a outros conceitos como a harmonia entre corpo e alma. Assim, a música 
pode ser usada para curar a alma. De fato, estudos diversos já provaram o efeito da música 
em muitas terapias, cunhando o termo moderno musicoterapia. 
 
4.6 Heráclito de Éfeso (540/480 a.C.) 
SPROUL (2002, p. 21) diz que “Heráclito é às vezes chamado de ‘o pai do 
existencialismo moderno’ por causa do seu ataque ao que é essencial. Se pensamento é 
resumido pela frase em grego panta rhei ‘todas as coisas fluem’”. 
Ele é autor de um livro cujo título também é Sobre a Natureza. Ao contrário de 
Anaximandro, para ele é o fogo o princípio de tudo, porque este elemento representa o 
motor, o movimento, atividade. 
Heráclito era de família rica e pelo jeito, uma pessoa de difícil trato. Laêrtios 
afirma que ele se tronou um misantropo e s obre seu temperamento, é dito dele: 
Tinha sentimentos elevados, porém era impulsivo, orgulhoso, cheio de 
desprezo pelos outros e sempre se recusou a intervir na política. Também 
manifestou desprezo pelos antigos poetas, era contra os filósofos e contra a 
religião de seu tempo. (SILVA, 2016). 
 
Por ser o filósofo do movimento, diz que o Kosmos é um rio que sempre corre. 
Ele disse que ninguém se banha num mesmo rio duas vezes. 
 
10 Pitágoras. Disponível em <http://www.ghtc.usp.br/server/Sites-HF/Conrado/ >. Acesso em 10 mai. 2017 
Foi o primeiro filósofo a identificar o Logos (verbo) como sendo o princípio que 
governa tudo. Neste sentido, o apóstolo João, em seu Evangelho, faz uma referência a 
Heráclito: “Ἐν ἀρχῇ ἦν ὁ λόγος, καὶ ὁ λόγος ἦν πρὸς τὸν θεόν, καὶ θεὸς ἦν ὁ λόγος”11. 
"O movimento é produto de uma razão universal a que Heráclito chamava de 
logos. A que vemos as raízes filosóficas do conceito do Logos do qual o 
apóstolo João se apropriou para definir a pessoas pré-existente e eterna da 
divindade que se encarnou. Contudo, é um erro grave simplesmente equiparar 
ou identificar o uso que João faz do Logos com o da filosofia grega, porque 
João deu ao termo um conteúdo das categorias hebraicas do pensamento. Ao 
mesmo tempo, é um erro igualmente sério separar completamente do 
pensamento grego o uso queJoão faz do termo (SPROUL, 2002, p. 22). 
 
Figura 6 - Logos em chamas 
 
Sobre seus últimos dias, Heráclito teve uma morte aparentemente muito cruel. Se 
Hermipo estiver correto, Heráclito teria morrido em função de sua hidropisia. Como não 
conseguira a cura, deitou-se no chão e pediu a empregados que lhe cobrissem de esterco. 
Entretanto, como Hermipo foi um poeta cômico grego que viveu em cerca de 435 a 415 
a.C., há grandes chances de esta informação não passar de um humor negro. Até porque, 
Aristão e Hipóbato testemunham a cura do filósofo. 
 
4.7 Parmênides de Eleia (530/460 a.C.) 
Provavelmente o fato mais citado por todos os autores da vida dos Pré-Socráticos 
sobre Parmênides seja sua oposição a Heráclito, o que provocou impacto profundo na 
filosofia grega pós Parmênides/Heráclito. Se o segundo dizia que tudo é movimento, o 
primeiro defende a imobilidade do ser. 
Natural da Eleia, atual Vélia (península itálica), era um homem de nobre 
nascimento. Tomou contato com os pitagóricos, com os ensinos de Zenão e Xenofonte, 
veio a ser o pai da lógica e da ontologia. Aliás, anos mais tarde, o bispo Anselmo de 
Cantuária (1033 – 1109 d.C.) usará a ontologia para provar a existência de Deus. 
Parmênides revolucionou o pensamento até então baseado na cosmologia para a 
ontologia (ontos "ente" ; logoi, "ciência do ser"). Ele concluiu que um objeto tem apenas 
 
11 Jo 1:1 No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus – tradução do original 
grego pela Bíblia de Jerusalém 
duas possibilidades: ser ou não-ser. Porém, rejeita a ideia de não-ser pois, se algo é, ele 
não pode não-ser. 
 “O ser é” – a primeira oração expressa a ideia de que o ser (ou aquilo que 
é) é eternamente, pois o ser constitui, para ele, a substância permanente das 
coisas. Portanto, o ser é de maneira imutável e imóvel, e é o único que 
existe. O ser é a arkhé de Parmênides, não identificada com nenhum 
elemento natural, sensível, mas, ao mesmo tempo, equivalente a toda 
corporeidade, com tudo o que existe, pois o ser é uno, pleno, contínuo e 
absoluto. 
 “O não ser não é” – a segunda oração traz a ideia de que o não ser [a 
negação do ser] não é, não tem ser, substância, essência. Portanto é nada, 
não existe. Essa é uma conclusão lógica, pois, se o ser é tudo, o não ser de 
identifica com a mudança [o devir], pois mudar é justamente não ser mais 
aquilo que era, nem ser ainda algo que é. (SILVA, 2016). 
 
4.8 Empédocles (c. 500/428 a.C.) 
“Leucipos foi o primeiro a afirmar que os átomos são os primeiros princípios das 
coisas” (FERNANDES apud LAÊRTIOS, 2008, p. 259), e pensara ter resolvido o 
problema do conflito entre Heráclito e Parmênedes, pois se o átomo está sempre em 
movimento (mobilismo), este movimento ocorre no vácuo (imobilismo). 
Empédocles foi um exímio orador e atuou na política. Sua contribuição na 
filosofia se dá na argumentação que o arkhé não é um único elemento, mas a combinação 
dos quatro: água, terra, fogo e ar. Assim, é conhecido como aquele que harmonizou, ou 
pelo menos tentou, o pensamento de Heráclito e Parmênides. 
Empédocles harmonizava-se com Parmênides ao dizer que a água não pode se 
transformar num peixe. Por outro lado, as mudanças na natureza que observamos faz com 
que Heráclito tenha razão. A solução seria então a combinação, ou a separação, dos quatro 
elementos, que se sozinhos são inalterados, combinados sofrem alteração. Por fim, ele 
cria que uma força atuava nestes quatro elementos, unindo-os: o “amor”. Quando a força 
atuante os separava, ela a chamou de “ódio”. 
 
Figura 7 - Os quatro elementos 
4.9 Demócrito (460/370 a.C.) 
Discípulo de Leucipos, parecer ter sido aquele que mais contribuiu para o 
pensamento dos atomistas. Para ele, os átomos seriam as partículas invisíveis que 
compunham todos os objetos e existem no vácuo. Também afirmou que os átomos 
diferiam em peso. Ele dizia que estes átomos diferem uns dos outros. É provável que não 
seja o mesmo conceito moderno de peso atômico, mas sim em termos de tamanho e 
formas diferentes. Para Demócrito, o átomo seria eterno, imutável e indivisível. 
Estes átomos estariam se chocando, combinando ou destruindo. Isto harmoniza-
se com a ideia de mobilismo. Já a existência deles no vácuo, harmoniza-se com o conceito 
do imobilismo. Assim, ele foi mais um dos que tentaram acomodar Parmênides e 
Heráclito. 
“Demócrito acrescentava que, embora os corpos decaiam e pereçam, os próprios 
átomos são eternos. Para Demócrito, a alma é uma forma sutil de fogo (sendo este último 
composto de átomos mais sutis) animando o corpo humano”12. 
Demócrito também foi importante na área da ética. Sobre isto, Arildo Luiz 
Marconatto escreve: 
A concepção de ética em Demócrito não tem relação com as suas concepções 
físicas. Para ele o mais nobre bem que o homem pode alcançar é a felicidade. 
Essa felicidade não está no possuir as coisas, na riqueza. A felicidade mora 
somente na alma. A justiça e a razão é que nos tornam felizes. Somente através 
da razão vamos conseguir superar o medo da morte. Os excessos perturbam a 
alma do homem pois geram nele movimentos muito fortes. Os excessos geram 
movimentos de um extremo ao outro criando a inconstância e o 
descontentamento no homem. A alegria espiritual não está ligada ao prazer que 
não é em si mesmo um bem. O que é realmente necessário vai vir do belo. 
Devemos respeitar a nós mesmos antes de qualquer coisa. (MARCONATTO, 
2017). 
 
5 SÓCRATES (469/399 A.C.) 
Quem foi Sócrates? Um charlatão? Um preguiçoso que viveu às custas da esposa? 
Alguém que não cuidava bem da higiene pessoal? Na visão de Aristófanes, assim era 
Sócrates. No entanto, muita gente desqualifica estes adjetivos pelo fato deste seu descritor 
não ser alguém que nutria simpatia, ao contrário, pelo filósofo de Atenas. 
Entretanto, seria seguro dar crédito à descrição física que faz um de seus 
discípulos, Xenofonte? 
Mas a verdade é que os demais retratos do filósofo não contrariam a caricatura 
traçada pelo comediógrafo; de facto, no caso de Sócrates, a sabedoria parece 
 
12 Biografias. Uol Educação. Disponível em < https://goo.gl/LbrjI6 >.Acesso em 15 
mai. 2017 
que não se fizera acompanhar de beleza física e assim o descreve também 
Xenofonte, com humor, no Banquete (4. 19, 5; cf. PL, Smp. 215b): 
notoriamente feio, de olhos esbugalhados, nariz achatado com narinas 
arrebitadas, lábios grossos, parecido com um sileno, mas que vê na sua 
fealdade vantagens que lhe permitem competir com os mais belos. 
(PINHEIRO, 2017). 
 
Segundo os melhores autores, Platão fornece as mais confiáveis fontes sobre 
Sócrates, pois foi seu discípulo mais famoso e conviveu com ele cerca de 10 anos. Isto se 
dá porque ele não deixou nada escrito, nem ditou para que um escriba registrasse suas 
palavras. 
É atribuída a Platão a autoria de mais de trinta diálogos e, entre estes, vinte e 
nove são considerados autênticos, ou seja, não há dúvidas de que seu autor seja 
mesmo Platão. Sócrates se faz presente em vinte e sete desses diálogos e quase 
sempre aparece como personagem principal, como aquele que conduz a 
discussão (FERNANDES, 2017, p. 69). 
 
Sócrates iniciou seu ministério quando efervescia o trabalho dos sofistas. Os 
sofistas eram homens que se dedicavam a discursos sem compromissos com a verdade, 
porém alcançar seus objetivos por meio da persuasão. O que tinham em comum era 
realizar seus trabalhos na ágora, e abandonaram os cuidados de filósofos antecessores em 
explicar a natureza. Agora o foco era a concentração na problemática do ser humano. A 
diferença era que Sócrates não cobrava pelo seu trabalho e unia “o saber ao fazer, a 
consciência intelectual à consciência prática ou moral” (SILVA, 2016). 
“Só sei que nada sei”. Frase famosa de Sócrates que bem pode haver aí muita 
ambiguidadena opinião de diferentes autores. Sócrates realmente não sabia? Ou se fingia 
de “burro” porque era presunçoso? 
Nada disto. Sócrates criou um método que ficou conhecido como Dialética, que 
consistia em travar diálogos críticos para se chegar com conhecimento. Além disso, 
diferentemente dos seus contemporâneos sofistas, ele não arrogava para si saber tudo. Sua 
atitude revelava a verdadeira sabedoria, pois ninguém há que saiba tudo e nunca se pode 
dizer que não há nada mais para ser conhecido. 
Os sofistas não procuravam o diálogo, mas sim convencer o ouvinte, valendo-se 
de suas habilidades de oratória. 
 Sócrates despreza todo esse espetáculo em torno da apresentação de um 
sofista. Sua investigação é decorrente não de um desejo de reconhecimento, 
aplausos e pagamento. A busca pelo conhecimento da natureza das coisas 
obedece a uma exigência interna. É por uma espécie de dever moral que ele se 
lança pelas praças conversando com quem quer que se apresente, para exercitar 
a reflexão e o raciocínio para o que realmente importa: a vida em conformidade 
com os princípios éticos. (SILVA, 2016). 
 
Como consequência de sua dialética, Sócrates em seu diálogo com outra pessoa, 
experimentam o conhecimento através do que o filósofo chamou de maiêutica. Esta 
palavra grega significa parteira, que era a profissão de sua mãe. Sócrates se definia como 
um parteiro do saber, onde ele não gerava no outro o conhecimento, e sim ajuda-o a dar 
à luz ao conhecimento. 
O método socrático e seu estilo de vida desagradou especialmente aos sofistas. 
Movidos de inveja, acusaram-no falsamente. Levado a julgamento, ele mesmo cuidou de 
sua defesa. Apesar de não acharem provas das acusações, ainda assim ele foi condenado 
a morrer, tomando veneno, o que fez na primavera de 339 a.C. 
 
6 CONCLUSÃO 
Analisando a história desde o mito até Sócrates entendemos que inicialmente se 
podia dizer que o mito explica tudo. Até o século VII A.C. as explicações eram dadas 
pelo que chamamos de mitológica: uma narrativa sobrenatural para a origem de todas as 
coisas. 
A partir do séc. VII a.C, inicia a migração das explicações mitológicas para as 
racionais, dando nascimento à Filosofia (amor ao saber). Se nos mitos são explicações 
sobrenaturais do saber, na filosofia são as explicações naturais. 
As circunstâncias sociais, políticas, econômicas e culturais a partir do séc. VII a.C. 
contribuíram para o surgimento do pensamento filosófico. Os primeiros filósofos são 
chamados de pré-socráticos. Eles procuravam explicar a natureza a partir da própria 
natureza (physis), onde tudo que existe surgiu de um elemento básico (água, terra, fogo, 
ar, átomo, ápeiron, números). Este elemento básico seria o arkhé. Seus preponentes são 
Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Xenófanes, Pitágoras. 
O primeiro conflito de ideias aparece dentro deste grupo de pré-socráticos: 
mobilismo versus imobilismo. O mobilismo, (Heráclito) é um constante devir, tudo flui, 
dirigido por um ente, logos, que mantém tudo organizado. Parmênides acreditava que 
razão e opinião são as vias para de se alcançar o conhecimento. Assim, o movimento é 
uma ilusão, ou seja, nada muda. O que Heráclito chama de logos, Parmênides diz que é o 
infinito. O infinito não pode se mover: "o ser é; o não-ser, não é". 
Empédocles e Demócrito tentam conciliar o mobilismo e o imobilismo. Para 
Empédocles, amor e ódio atuam no universo deixando-o imóvel, enquanto a junção dos 
quatro elementos, água, terra, fogo e ar ao se combinarem em constante movimento, dão 
origem a todas as cosas. 
Já Demócrito diz reconciliar o mobilismo com o imobilismo na ideia de átomo se 
movimentando no vácuo. 
Sócrates é o primeiro a romper com este conceito de conhecimento a partir da 
natureza para se concentrar nos problemas antropológicos. 
 
7 Figuras e Ilustrações 
Figura 1 
Mapa.jpg. Disponível em <https://goo.gl/UG5Nzt>.Acesso em 26 de abr. 2017 
Figura 2 
Anaximandermap.png. Disponível em <http://migre.me/wwdzM>. Acesso em 27 abr. 
2017. 
Figura 3 
terra-de-anaxc3admenes.jpg. Disponível em <http://migre.me/wwhfz> Acesso em 27 abr. 
2017. 
Figura 4 
Piramide-tales.jpg. Disponível <http://migre.me/wwhjy>. Acesso em 27 abr. 2017. 
Figura 5 
Bíblia pegando fogo. <https://goo.gl/vyHj4G>. Acesso em 27 abr. 2017. 
Figura 6 
Exemplo de Tetractys < https://goo.gl/AYt37u >. Acesso em 10 mai. 2017. 
Figura 7 
Os quatro elementos < http://monicafilizola.com/?page_id=170>. Acesso 15 mai. 2017 
 
8 BIBLIOGRAFIA 
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<http://www.infoescola.com/mitologia/gaia/>. Acesso em: 21 abr. 2017. 
CARNEIRO, A. D. M. R. Linha do Tempo da Filosofia – Parte 1. Netmundi.org - 
Filosofia na rede. Disponivel em: <http://migre.me/wwCca>. Acesso em: 28 abr. 2017. 
CORTELLA, M. S. Para ler. Mario Sergio Cortella fala sobre Sócrates, São Paulo, 17 
abr. 2013. Disponivel em: <https://www.youtube.com/watch?v=I6NCCqx47zM>. 
Acesso em: 17 abr. 2017. 
FERNANDES, C. Xenófanes. Só Biografias, 2001. Disponivel em: 
<http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/Xenofane.html>. Acesso em: 04 28 2017. 
FERNANDES, V. Pré-Socráticos. São Paulo: Sol, 2017. 
CABRAL, João Francisco Pereira. "Nascimento da Filosofia"; Brasil Escola. 
Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/nascimento-filosofia.htm>. 
Acesso em 18 de abril de 2017. 
LAÊRTIOS, D. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. Tradução de Mário G. Kury. 
2. ed. Brasília: UNB, 2008. 
MARCONATTO, A. L. Demócrito. Só Filosofia, 2017. Disponivel em: 
<http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=19>. Acesso em: 15 maio 2017. 
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TORRES, C. M. Xenófanes de Colofão: a natureza divina como limite para o 
conhecimento. ANAIS DE FILOSOFIA CLÁSSICA, Rio de Janeiro, v. 10, n. 19, p. 
161, 2016. 
TV POLIEDRO. Video Aula Filosofia e Sociologia. TV Poliedro, 2014. Disponivel em: 
<https://www.youtube.com/playlist?list=PLGEYBxymOsE523yp54yrjvaJmv3PsEjF6>. 
Acesso em: 20 abr. 2017.

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