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38042685-inelegibilidades-ii

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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
ELEITORAL
Inelegibilidades II
Livro Eletrônico
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Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Inelegibilidades – II
DIREITO ELEITORAL
Sumário
Inelegibilidades II . ......................................................................................................................4
1. Inelegibilidades Infraconstitucionais ....................................................................................4
1.1. Inelegibilidade Decorrente da Condenação Criminal – Alínea e . ....................................4
1.2. Inelegibilidade Decorrente da Indignidade do Oficialato – Alínea f . ........................... 10
1.3. Inelegibilidade Decorrente da Rejeição de Contas – Alínea g . ...................................... 11
1.4. Inelegibilidade Decorrente do Abuso do Poder Econômico ou Político por 
Detentores de Cargo na Administração Pública – Alínea h . ...............................................23
1.5. Inelegibilidade Daqueles que Possuem Cargo ou Função em Instituições 
Financeiras Liquidandas – Alínea i . .......................................................................................26
1.6. Inelegibilidade Decorrente da Condenação por Corrupção Eleitoral, por Captação 
Ilícita de Sufrágio, por Doação, Captação ou Gastos Ilícitos de Recursos de Campanha 
ou por Conduta Vedada aos Agentes Públicos – Alínea j . ...................................................27
1.7. Inelegibilidade Decorrente da Renúncia ao Mandato – Alínea k .................................. 31
1.8. Inelegibilidade Decorrente da Condenação pela Prática de Improbidade 
Administrativa – Alínea l . .......................................................................................................34
1.9. Inelegibilidade Decorrente da Exclusão do Exercício Profissional – Alínea m . ......... 41
1.10. Inelegibilidade Decorrente da Simulação de Desfazimento do Vínculo Conjugal 
– Alínea n . ................................................................................................................................42
1.11. Inelegibilidade Decorrente da Demissão do Serviço Público – Alínea o . ...................44
1.12. Inelegibilidade Decorrente da Doação de Recursos para Campanhas Eleitorais 
acima do Limite Legal – Alínea p . .........................................................................................45
1.13. Aposentadoria Compulsória, Perda do Cargo ou Exoneração de Magistrados e 
Membros do MP – Alínea q .....................................................................................................47
2. Momento de Aferição das Causas de Inelegibilidade . ................................................... 48
3. O Artigo 26-C da LC n. 64/1990 e a Suspensão da Inelegibilidade . .............................52
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Inelegibilidades – II
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Resumo .....................................................................................................................................56
Questões de Concurso . .......................................................................................................... 66
Gabarito ....................................................................................................................................87
Gabarito Comentado . ............................................................................................................. 88
Referências Bibliográficas . .................................................................................................. 125
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Inelegibilidades – II
DIREITO ELEITORAL
INELEGIBILIDADES II
Querido(a) aluno(a), tudo bem?
Na primeira parte aula, continuaremos estudando as causas de inelegibilidades infracons-
titucionais, previstas na Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar n. 64/1990), com as modi-
ficações promovidas pela Lei Complementar n. 135/2010 (Lei da Ficha Limpa).
Findo o estudo das hipóteses de inelegibilidade dispostas no art. 1º, I, da LC, discorrere-
mos, na segunda parte da aula, sobre o momento em que tais impedimentos podem se argui-
dos ou afastados na análise dos requerimentos de registro de candidatura apresentados à 
Justiça Eleitoral.
Sem demoras, vamos lá!
1. InelegIbIlIdades InfraconstItucIonaIs
Continuando nosso estudo sobre as inelegibilidades infraconstitucionais dispostas na LC 
n. 64/1990, vamos tratar da causa de inelegibilidade capitulada no seu art. 1º, I, e, que cuida 
daquelas decorrentes de condenações criminais.
1.1. InelegIbIlIdade decorrente da condenação crImInal – alínea e
O art. 1º, inciso I, alínea e, da LC n. 64/1990, dispõe:
Art. 1º São inelegíveis:
I – para qualquer cargo:
(…)
e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial cole-
giado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, 
pelos crimes:
1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público; (Incluído 
pela Lei Complementar n. 135, de 2010)
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que 
regula a falência; (Incluído pela Lei Complementar n. 135, de 2010)
3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído pela Lei Complementar n. 135, de 2010)
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei Complementar 
n. 135, de 2010)
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5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação 
para o exercício de função pública; (Incluído pela Lei Complementar n. 135, de 2010)
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; (Incluído pela Lei Complementar n. 135, 
de 2010)
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos; (Incluído pela 
Lei Complementar n. 135, de 2010)
8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído pela Lei Complementar n. 135, de 2010)
9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei Complementar n. 135, de 2010)
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando; (Incluído pela Lei Complementar n. 
135, de 2010)
Note, inicialmente, que essa inelegibilidade exige o trânsito em julgado de decisão penal 
condenatória de primeiro grau ou, havendo interposição de recurso, decisão condenatória 
mantida por órgão colegiado. Além disso, também haverá a incidência da presente inelegibi-
lidade nas hipóteses de processos que tramitam de forma originária nos tribunais e nos quais 
haja a emissão de uma condenação criminal.
Em outras palavras, se houver decisão penal condenatória pelo juiz singular e, na sequ-
ência, o trânsito em julgado em razão da ausência de recurso, essa decisão e apta a atrair a 
inelegibilidade. De igual modo, se houver recurso de decisão penal condenatória do juiz sin-
gular e o órgão colegiado mantiver a condenação, configurada estará a inelegibilidade com a 
publicação do acórdão, mesmo sem o trânsito em julgado da ação. Neste último caso, incide a 
inelegibilidade independentemente do julgamento de eventuais embargos de declaração opos-tos contra o acórdão condenatório. Assim já decidiu o TSE:
Direto do TSE
1. Nos termos do art. 1º, inciso I, alínea e, item 7, da Lei Complementar n. 64/1990, tor-
na-se inelegível, pelo prazo de oito anos, desde a condenação, o candidato condenado 
por órgão colegiado pela prática de crime de tráfico de entorpecentes.
2. A oposição de embargos declaratórios à decisão colegiada não suspende a incidência 
da respectiva inelegibilidade.
(REspe n. 122-42/CE, rel. Min. Arnaldo Versiani, PSESS de 9.10.2012)
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Em regra, a colegialidade é própria da segunda instância ou das instâncias especial e 
extraordinária do Poder Judiciário. Não obstante, existem órgãos colegiados que compõem 
o primeiro grau de jurisdição: os tribunais do júri. Com efeito, o Tribunal do Júri recebeu da 
Constituição Federal a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida (ho-
micídio, induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, infanticídio ou aborto).
Para o TSE, as decisões do tribunal do júri são consideradas aptas a atrair a inelegibilida-
de. Confira precedente nesse sentido:
Direto do TSE
Incorre em inelegibilidade aquele que foi condenado por crime doloso contra a vida jul-
gado pelo Tribunal do Júri, que é órgão judicial colegiado, atraindo a incidência do dis-
posto no art. 1º, inciso I, alínea e, n. 9, da LC n. 64/1990, com as modificações introdu-
zidas pela LC n. 135/2010”.
(REspe n. 611-03/RS, rel. designada Laurita Vaz, DJe de 13.8.2013)
Por restringir direitos, a incidência dessa causa de inelegibilidade somente pode advir 
do cometimento de crimes enquadráveis em uma das categorias listadas no dispositivo em 
análise, ou seja, necessariamente um crime contra o patrimônio, contra a economia popular, 
contra a fé pública etc.
Nada obstante, uma vez categorizado o crime em uma das hipóteses listadas na alínea e,
não importa, para a incidência dessa inelegibilidade, em qual diploma normativo ele está tipi-
ficado, podendo ser no Código Penal – CP – ou em legislação penal extravagante, conforme 
já decidiu por diversas vezes o TSE: Confira:
Direto do TSE
INELEGIBILIDADE – CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – ATIVIDADE CLAN-
DESTINA DE TELECOMUNICAÇÃO. O desenvolvimento clandestino de atividades de tele-
comunicação configura crime contra a Administração Pública, presente o bem prote-
gido, a teor do disposto no artigo 183 da Lei n. 9.472/1997.
(REspe n. 76-79/AM, rel. Min. Marco Aurélio, DJe de 28.11.2013)
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Para a incidência dessa inelegibilidade, também é irrelevante a natureza da pena concre-
tamente aplicada. Assim, penas privativas de liberdade, restritivas de direito ou simplesmen-
te de multa são suficientes para atrair sua incidência. Nesse sentido, a parte final da Súmula 
61 do TSE:
Direto do TSE
Súmula 61 – O prazo concernente à hipótese de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da 
LC n. 64/1990 projeta-se por oito anos após o cumprimento da pena, seja ela privativa 
de liberdade, restritiva de direito ou multa.
De outro modo, o § 4º do art. 1º da LC n. 64/1990 exclui expressamente do rol de crimes 
aptos a atrair essa inelegibilidade os que forem:
• culposos;
• de menor potencial ofensivo;
• de ação penal privada.
Logo, podemos concluir que é apta a atrair essa inelegibilidade uma decisão condenatória 
transitada em julgada no primeiro grau ou proferida por órgão colegiado pelo cometimento de 
um crime enquadrável nas hipóteses legais, ainda que esteja tipificado em legislação extrava-
gante, e desde que não seja culposo, de menor potencial ofensivo ou de ação penal privada.
Não confunda essa inelegibilidade, cuja incidência reclama apenas uma decisão colegiada, 
com a suspensão dos direitos políticos, hipótese restritiva da cidadania prevista no art. 15, III, 
da CF/1988, que remete seus efeitos necessariamente ao trânsito em julgado da decisão e 
dura apenas enquanto durarem os efeitos da condenação. Diversamente, a hipótese de inelegi-
bilidade decorrente da vida pregressa produz o seu efeito de limitação do exercício da cidada-
nia pelo prazo de oito anos após o cumprimento da pena.
Ademais, a causa de inelegibilidade tolhe apenas a capacidade eleitoral passiva, ou seja, 
o direito de se apresentar como candidato, enquanto a suspensão dos direitos políticos afeta 
tanto a capacidade eleitoral passiva, quanto a ativa, de modo que, neste caso, o cidadão sequer 
poderá votar.
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Nessa compreensão, transcrevo valioso resumo de José Jairo Gomes (2017, p. 240) a 
respeito da dinâmica dos efeitos de uma condenação colegiada sobre a capacidade eleitoral 
ativa e passiva do cidadão.
Direto do Doutrina
I – O réu ficará o réu inelegível no intervalo situado entre (a) a publicação da decisão 
condenatória até (b) o seu trânsito em julgado; (ii) a partir desse evento (trânsito em jul-
gado), seus direitos políticos estarão suspensos até (c) o cumprimento ou a extinção da 
pena; (iii) finalmente, ficará inelegível por oito anos após o cumprimento ou a extinção 
da pena.
Acrescento a esse esquema didático: (i) entre (a) e (B), o cidadão poderá votar, mas não 
poderá ser votado; (ii) entre (b) e (c), o cidadão não poderá votar nem ser votado; (iii) depois 
de (C), o cidadão poderá votar, mas não poderá ser votado nos oito anos subsequentes.
Esquematicamente o resumo fica assim:
Fato Consequência Eleitoral
Após a instauração de inquérito policial pela prá-
tica de crime.
Apto a votar e ser votado.
Após o recebimento da denúncia. Apto a votar e ser votado.
Após a condenação criminal imposta por um juiz 
monocrático.
Apto a votar e ser votado.
Após a condenação criminal confirmada por órgão 
colegiado.
Inelegível (não pode ser votado, mas pode 
votar).
Após o trânsito em julgado da sentença penal con-
denatória.
Suspensão dos direitos políticos (não 
pode votar e ser votado).
Após o cumprimento da pena, descontado o perí-
odo de inelegibilidade anterior à data do trânsito 
em julgado da sentença condenatória.
Cessa a suspensão dos direitos políticos, 
mas está inelegível (pode votar, mas não 
pode ser votado).
Depois de oito anos do cumprimento da pena.
Cessa a inelegibilidade (pode votar e
ser votado).
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Note, do esquema didático, que da decisão condenatória até o trânsito em julgado já incide 
sobre o réu a inelegibilidade. Por ser um prazo incerto, podendo inclusive ser bastante longo a 
depender do número de recursos interpostos, Branco, Carvalhedo e Kalkmann (2017, p. 213) 
nos lembra de que, no julgamento das ADCs 29 e 30, no STF, o rel. Ministro Luiz Fux levantou 
teses acerca da possibilidade de detração do prazo de oito anos de inelegibilidade – o período 
que transcorreu entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado da decisão. Segundo essa 
tese, caso transcorressem quatro anos, por exemplo, entre a decisão colegiada e o trânsito em 
julgado, incidiriam apenas mais quatro anos de inelegibilidade após o cumprimento da pena, 
em virtude da exclusão do período anterior. Essa tese, contudo, foi vencida. Portanto, não há 
detração penal na contagem do prazode inelegibilidade da alínea e.
Destaco, no ponto, quais são os efeitos da incidência da prescrição da pretensão punitiva 
e da pretensão executória do crime praticado sobre a incidência dessa inelegibilidade decor-
rente da vida pregressa.
A prescrição pode ser da pretensão punitiva ou da pretensão executória.
Na prescrição da pretensão punitiva, não há que se falar em inelegibilidade – efeito secun-
dário da pena –, porquanto ela extingue a possibilidade de o Estado instaurar a ação penal ou, 
se já instaurada, impede a aplicação da sanção penal de forma definitiva. Inexiste, portanto, 
condenação penal ou, se já existente (antes de seu trânsito em julgado), desconstitui os seus 
efeitos.
De modo diverso, com o trânsito em julgado da decisão, surge para o Estado a pretensão 
de executar a pena imposta, nos prazos legais. É possível, todavia, que a inércia estatal ope-
re a prescrição da pretensão executória, com a consequente perda do direito de executar a 
sanção penal. Conquanto esse fenômeno jurídico fulmine a possibilidade do cumprimento da 
pena principal, não compromete seus efeitos secundários, entre eles, a inelegibilidade, a teor 
do que dispõe a Súmula n. 60 do TSE:
Direto do TSE
Súmula n. 60 do TSE – O prazo da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC 
n. 64/1990 deve ser contado a partir da data em que ocorrida a prescrição da pretensão 
executória e não do momento de sua declaração judicia.
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A Justiça Eleitoral, todavia, não é competente para, na análise dos processos de registro 
de candidatura, verificar e decretar a prescrição da pretensão punitiva ou executória de penas 
impostas pela Justiça Comum. A Justiça especializada eleitoral apenas reconhece, com base 
na certidão trazida pelo interessado aos autos, o evento jurídico e suas consequências eleito-
rais. É o que afirma a Súmula n. 58 do TSE:
Direto do TSE
Súmula n. 58 do TSE – Não compete à Justiça Eleitoral, em processo de registro de 
candidatura, verificar a prescrição da pretensão punitiva ou executória do candidato e 
declarar a extinção da pena imposta pela Justiça Comum.
Anoto, por fim, que a concessão da graça ou do indulto presidencial alcançam apenas a 
pena principal, permanecendo incólumes os efeitos extrapenais, como a inelegibilidade (AR 
n. 318-52/RJ, rel. Min. Luiz Fux, DJe de 26/8/2016). Já a concessão de anistia fulmina com a 
inelegibilidade, ainda que não haja essa previsão específica na lei.
1.2. InelegIbIlIdade decorrente da IndIgnIdade do ofIcIalato – alínea f
O art. 1º, inciso I, alínea f, da LC n. 64/1990, dispõe:
Art. 1º São inelegíveis:
I – para qualquer cargo:
(…)
f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 
(oito) anos;
A letra do dispositivo nos leva à imediata conclusão de que essa inelegibilidade afeta so-
mente os oficiais das forças armadas, ou seja, o posto de tenente ou superior.
A condição sine qua non para a incidência dessa causa de inelegibilidade é a aplicação 
pela Justiça Militar da pena de indignidade ou incompatibilidade com o oficialato, cujas hipóte-
ses de incidência, listadas no Código Penal Militar – CPM –, estão relacionadas, em regra, com 
a quebra de confiança entre o militar e a pátria, tais como a traição, a covardia, a espionagem, 
entre outros.
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A presente inelegibilidade, frise-se, não é declarada na decisão que aplica a penalidade da 
indignidade ou incompatibilidade com o oficialato. Trata-se de um efeito secundário, reconhe-
cido pela Justiça Eleitoral na análise de processos de registro de candidatura.
1.3. InelegIbIlIdade decorrente da rejeIção de contas – alínea g
O art. 1º, inciso I, alínea g, da LC n. 64/1990, dispõe:
Art. 1º São inelegíveis:
I – para qualquer cargo:
(…)
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por 
irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irre-
corrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, 
para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, 
aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de 
despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição; (Redação dada pela 
Lei Complementar n. 135, de 2010)
Em razão da complexidade desse dispositivo, vamos estudá-lo de forma bastante seccio-
nada, considerando que a configuração dessa inelegibilidade exige cumulativamente os se-
guintes requisitos:
• exercício de cargo ou função pública;
• rejeição das contas pelo órgão competente;
• insanabilidade da irregularidade verificada;
• ato doloso de improbidade administrativa;
• irrecorribilidade do pronunciamento de desaprovação das contas;
• inexistência de suspensão ou anulação judicial do aresto de rejeição das contas.
1.3.1. Exercício de Cargo ou Função Pública
É condição indispensável para atrair essa inelegibilidade a rejeição de contas de gestores 
no exercício de cargo ou função pública.
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Com efeito, a rejeição de contas de gestor de entidade de direito privado, ainda que receba 
recursos públicos, não é apta a atrair a inelegibilidade da alínea g. Nesse sentido:
Direto do TSE
A rejeição das contas seja verificada em entidade privada, ainda que seja destinatária de 
recurso público, não há óbice ao deferimento de registro de candidatura.
(RO n. 0600902-96/SC, rel. Min. Edson Fachin, PSESS de 27.11.2018)
Nessa compreensão, a rejeição de contas relativas ao exercício do cargo de tesoureiro de 
agremiação partidária – pessoa jurídica de direito privado –, assídua no recebimento de re-
cursos públicos, especialmente do Fundo Partidário, não configura a inelegibilidade da alínea 
g, porquanto não se equipara a cargo ou função pública (REspe n. 13724/SE, rel. Min. Nancy 
Andrighi, PSESS de 20/11/2012).
1.3.2. Rejeição de Contas pelo Órgão Competente
Os gestores públicos têm o dever de prestar contas do uso dos recursos públicos sob sua 
responsabilidade. Essa exigência decorre do princípio republicano, que exige a responsabiliza-
ção daqueles que exercem cargos, empregos ou funções públicas.
A competência para julgar as contas dos gestores públicos, à exceção dos chefes do Po-
der Executivo, é dos Tribunais de Contas, nos termos do art. 71, II, da CF/1988 (REspe n. 
13174/BA). Também nesse sentido:
Direto do TSE
Compete ao Tribunal de Contas julgar as contas de presidente de Câmara Municipal, nos 
termos do art. 71, inciso II, da CF/1988, norma de reprodução obrigatória para os Esta-
dos da Federação (art. 75 da CF/1988). Precedentes.
(REspe n. 965-58/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, PSESS de 11.11.2014)
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DIREITO ELEITORAL
Se o recurso for de origem federal, o Tribunal de Contas da União – TCU – será o compe-
tente; se for de origem estadual ou municipal, o Tribunal de Contas do Estado – TCE –, consi-
derando que não previsão legal para a criação de Tribunal de Contas Municipal.
Art. 71. O controle externo, a cargodo Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal 
de Contas da União, ao qual compete:
(…)
II – julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públi-
cos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas 
pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregu-
laridade de que resulte prejuízo ao erário público; (Grifo nosso)
No caso dos chefes do Poder Executivo, há uma peculiaridade. As contas apresentadas po-
dem se referir a contas de governo ou simplesmente à ordenação diária de despesas – contas 
de gestão.
Nas contas de governo, segundo José Jairo Gomes (2017, p. 251):
Direto da Doutrina
O julgamento em foco envolve questões atinentes à execução do orçamento votado e 
aprovado pelo Poder Legislativo, no qual importa averiguar se os projetos, as metas, 
as prioridades e os investimentos estabelecidos na lei orçamentária foram atingidos, se 
as políticas foram implementadas.
Neste caso, a competência para o julgamento das contas de gestão é do Poder Legislati-
vo, nos termos do art. 71 c/c o art. 49, IX, da CF/1988, com reprodução obrigatória, consoante 
dispõe o art. 75 também do texto constitucional:
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
(…)
IX – julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios 
sobre a execução dos planos de governo;
(…)
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal 
de Contas da União, ao qual compete:
I – apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio 
que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
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Inelegibilidades – II
DIREITO ELEITORAL
(…)
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção [Da Fiscalização contábil e Financeira] aplicam-
-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos 
Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
De outro modo, no julgamento das contas relativas à atuação do chefe do Poder Exe-
cutivo como ordenador de despesas, ensina José Jairo Gomes (2017, p. 251):
Direto da Doutrina
O foco é bem diferente da anterior [contas de gestão], pois se trata de perscrutar a 
responsabilidade do ordenador de despesas. É certo não se cuidar de responsabi-
lidade política pela execução orçamentária em seu conjunto, mas, sim, de respon-
sabilidade técnico-jurídica pela ordenação específica de despesas, pela gestão de 
recursos públicos.
Nas esferas estadual e federal, o chefe do Poder Executivo é responsável somente 
por atos de gestão, não havendo dúvida quanto à competência do Poder Legislativo para 
apreciar a prestação de contas dessa atuação.
Todavia, nos municípios de menor porte, é comum o prefeito acumular a função de 
gestor e ordenador de despesa.
Inicialmente, ao apreciar questões relativas à competência para julgar as contas de 
prefeito, o TSE afastava a incidência do art. 71, II, da CF/1988 e, com base no art. 31 da 
CF/1988, assentava a competência do Poder Legislativo para julgar as contas do chefe do 
Poder Executivo, tanto na qualidade de ordenador de despesa, como no papel de gestor 
público. Por oportuno, transcreve-se o mencionado artigo constitucional.
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, me– diante 
controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma 
da lei.
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de 
Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, 
onde houver.
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anu-
almente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara 
Municipal.
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DIREITO ELEITORAL
Com a edição da LC n. 135, em 2010, esse entendimento foi posto à prova, tendo em vista 
que a parte final do dispositivo legal afirma expressamente que se aplica o disposto no inciso 
II do art. 71 da Constituição Federal, que remete aos tribunais de contas a competência para 
julgar as contas do ordenador de despesa, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão 
de mandatários que houverem agido nessa condição.
A partir de então, o TSE passou a entender que os Tribunais de Contas seriam competen-
tes para julgar as contas de gestão, permanecendo com o Poder Legislativo a competência 
para julgar as contas de governo (RO n. 87945/CE, rel. Min. Henrique Neves da Silva, PSESS de 
18.9.2014)
No julgamento do RE n. 848826, com repercussão geral, o STF decidiu definitivamente a 
questão, nos seguintes termos:
Direto do STF
Para os fins do art. 1º, inciso I, alínea “g”, da Lei Complementar n. 64, de 18 de maio de 
1990, alterado pela Lei Complementar 135, de 4 de junho de 2010, a apreciação das 
contas de prefeitos, tanto as de governo quanto as de gestão, será exercida pelas Câma-
ras Municipais, com o auxílio dos Tribunais de Contas competentes, cujo parecer prévio 
somente deixará de prevalecer por decisão de 2/3 dos vereadores” (Tema 835).
(RE n. 848826/CE, rel. para o acórdão o Min. Ricardo Lewandoski, DJe de 24.8.2017)
Segundo o STF, a parte final do art. 1º, I, g, da LC n. 64/1990 não altera a competência da 
Câmara Municipal, cujas balizas são definidas no próprio texto constitucional, mas, tão so-
mente, cria hipótese de inelegibilidade.
Não obstante, como ressaltado na parte final do julgado acima referido, quando o prefei-
to estiver apresentando contas cujos valores são provenientes de outros entes federativos, 
a competência para julgamento das contas relativas a esses recursos é do Tribunal de Contas 
do respectivo ente federativo que repassou os recursos.
Direto do STF
Na linha da jurisprudência do TSE, compete ao Tribunal de Contas da União fiscalizar e 
julgar as prestações de contas de prefeito relativas a convênio que envolve repasses de 
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recursos federais ao município (CF, art. 71, VI), e às cortes de contas estaduais fiscalizar 
e julgar as prestações de contas de convênio relativas a repasses de recursos estaduais. 
Precedentes.
(RO n. 060475207/SP, rel. Min. Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, PSESS de 25.10.2018)
Esquematicamente, temos que:
Cargo Contas de gestão Contas de Governo
Presidente
Não atua como ordenador de 
despesa
Congresso Nacional
Governador
Não atua como ordenador de 
despesa
Assembleia Estadual
Prefeito Câmara de Vereadores Câmara de Vereadores
Prefeito
recursos advindos de outros 
entes federativos
Tribunal de Contas do Estado se 
o recurso é estadual
Tribunal de Contas da União se o 
recurso é federal
Demais gestores de recursos 
públicos
Tribunais de Contas
Não apresentam contas de 
Governo
A definição do órgão competente para julgar as contas do detentor de cargo ou função 
pública é de suma importância, porquanto não incide a inelegibilidade em questão nos casos 
de julgamento por órgão incompetente. Nesse sentido:
Direto do TSE
In casu, a tese defendida pela Embargante – houve aprovação das suas contas de 
governo do ano 2009, pela Câmara Municipal, quando a pretensa candidata acumulou 
os cargos de Prefeita e deGestora – não é suficiente, per se, a afastar o julgamento rea-
lizado pelo Tribunal de Contas. Primeiro porque o próprio Parecer ministerial deixa claro 
ter a Câmara julgado somente as contas de governo (fls. 259 e Parecer Prévio do TCM 
de fls. 28-49), e segundo porque não se está a falar em hierarquia, mas, sim, em com-
petência, não havendo, bem por isso, que se aceitar que ato supostamente emanado de 
autoridade incompetente suplantando decisão posta pelo órgão competente.
(RO n. 357-45/BA, rel. Min. Luiz Fux, PSESS de 13.11.2014)
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DIREITO ELEITORAL
Para finalizar, para configuração da inelegibilidade da alínea g, exige-se, entre outros re-
quisitos, uma decisão de rejeição de contas. Não há que se falar na sua incidência em decor-
rência do decurso de prazo conferido à Câmara Municipal para julgar o parecer prévio emitido 
pelo Tribunal de Contas relativo às contas de Prefeito. (REspe n. 44-74/GO, rel. Min. Dias 
Toffoli, DJe de 6/5/2013).
1.3.3. Insanabilidade da Irregularidade
A qualificação jurídica de insanabilidade atribuída às irregularidades verificadas nas con-
tas de gestores públicos é atribuição da Justiça Eleitoral, que se verifica na análise de eventual 
inelegibilidade da alínea g, suscitada em processo de requerimento de registro de candidatura. 
Confira precedente:
Direto do TSE
A Justiça Especializada Eleitoral detém competência constitucional e legal complemen-
tar para aferir, in concrecto, a configuração de irregularidade de cariz insanável, ex vi dos 
arts. 14, § 9º, da CF/1988 e 1º, I, g, da LC n. 64/1990, outrossim examinar se aludido vício 
qualifica-se juridicamente como ato doloso de improbidade administrativa.
(REspe n. 34-64/RN, rel. Min. Luiz Fux, DJe de 21.9.2016)
A Justiça Eleitoral, sem alterar as premissas e conclusões do órgão competente para jul-
gamento das contas, assenta a insanabilidade dos vícios ensejadores da rejeição de contas 
quando decorrem de atos de má-fé, contrários ao interesse público e marcados por desvio de 
valores ou benefício pessoa (AgR-REspe 631-95, rel. Min. Dias Toffoli, PSESS em 30.10.2012). 
Assim, o TSE já pacificou o entendimento de que se constituem em vícios insanáveis, entre 
outros:
• o pagamento indevido de diárias (REspe n. 63-30/SE);
• o pagamento de subsídio a vereadores em desacordo com os limites constitucionais e 
legais (REspe n. 60-85/RJ);
• a inobservância às normas de procedimento licitatório e concreto dano ao erário (RO n. 
0600508-68/PA);
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• a ausência de recolhimento de contribuições previdenciárias (REspe n. 195-87/RJ).
No particular, saliento que a omissão do dever de prestar contas, prevista no art. 11, 
VI, da Lei n. 8.429/1992, constitui falha insanável, apta a atrair a inelegibilidade da alínea g
(060237478/SP, rel. Min. Admar Gonzaga, PSESS de 20.11.2018)
Para finalizar, não é suficiente a devolução integral ou parcial de valores utilizados indevi-
damente pelo gestor público, com vistas a afastar a configuração de insanabilidade dos vícios 
ensejadores da rejeição de contas e, por conseguinte, a incidência da inelegibilidade da alínea 
g (RO n. 060050868/PA, rel. Min. Edson Fachin, DJe de 1º/4/2019).
1.3.4. Ato Doloso de Improbidade Administrativa
Não é qualquer vício apontado pela Corte de Contas que atrai a incidência da inelegibilida-
de da alínea g, mas apenas aqueles que sejam reconhecidos pela Justiça Eleitoral como atos 
dolosos de improbidade administrativa.
Conforme nos lembra José Jairo Gomes (2017, p. 248), não é exigida a prévia condenação 
do agente por ato de improbidade administrativa, tampouco que haja ação de improbidade 
em curso na Justiça Comum para que a Justiça Eleitoral o reconheça como um agente ímpro-
bo. Obviamente que, nos casos em que houver condenação por improbidade administrativa, 
com trânsito em julgado, emanada da Justiça Comum, não há como a Justiça especializada 
negar a existência da improbidade, sob pena de violação ao Enunciado 41 de sua Súmula, 
segunda a qual, não cabe à Justiça Eleitoral decidir sobre o acerto ou desacerto das decisões 
proferidas por outros Órgãos do Judiciário ou dos Tribunais de Contas que configurem causa 
de inelegibilidade.
Não é necessário o dolo específico de causar prejuízo ao Erário para atrair a incidência 
da inelegibilidade da alínea g. Basta a simples presença do dolo genérico, que se configura 
quando o administrador assume os riscos de não atender aos comandos constitucionais, 
legais e contratuais que vinculam a Administração Pública. (REspe 364-74/SP, rel. Min. Edson 
Fachin, DJe de 15.8.2019).
Em situações de dúvida sobre o caráter doloso na conduta do candidato, deve prevalecer 
o direito fundamental ao ius honorum, que se traduz em corolário do princípio da cidadania, 
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configurando–se como excepcionais as restrições a ele estabelecidas (REspe n. 314–63/ES, 
rel. Min. Luiz Fux, DJE de 1º/6/2017).
1.3.5. Irrecorribilidade do Pronunciamento de Desaprovação das Contas
Para a incidência dessa inelegibilidade, é necessário que a decisão de rejeição de contas 
seja irrecorrível na seara administrativa.
Jorge, Liberato e Rodrigues (2017, P. 144) nos lembra a dificuldade de aferir o preenchimen-
to deste requisito, uma vez que o procedimento de análise das contas é regulado pelo regimen-
to interno de cada tribunal de contas. Nesse sentido, cito julgado do TSE em que, observando 
o regimento interno do Tribunal de Contas, foi afastada a incidência dessa inelegibilidade, ante 
a simples oposição de embargos de declaração da decisão que rejeitou as contas:
Direto do TSE
Assentado, no acórdão regional, que os embargos opostos perante a Corte de Contas 
são dotados de efeito suspensivo, nos termos da Lei Orgânica do Tribunal de Contas 
dos Municípios, não se verifica a irrecorribilidade da decisão, elemento indispensável à 
configuração da inelegibilidade prevista no art. 1º, I, g, da Lei Complementar n. 64/1990.
(REspe n. 178-96/GO, rel. Min. Dias Toffoli, j. 28.2.2013)
Em 2019, o TSE sedimentou a possibilidade de o regimento interno dos tribunais de con-
tas atribuir efeito suspensivo a recurso que ordinariamente não o possui.
Direto do TSE
Havendo previsão específica no regimento interno do TCU a respeito dos recursos a 
que se atribui efeito suspensivo, e em se tratando de procedimento administrativo, não 
incide o a regra genérica do art. 1.026 do CPC/2015.
(RCED n. 060189569/RR, rel. Min. Jorge Mussi, DJe de 18.9.2019)
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Inelegibilidades – II
DIREITO ELEITORAL
Outro exemplo bastante ilustrativo remete à interposição do recurso de revisão. É sabido 
que este recurso pressupõe justamente a irrecorribilidade da decisão atacada, à semelhança 
da ação rescisória, conforme decidido no RO n. 1187-97/GO, em que configurada a incidência 
da inelegibilidade da alínea g, ficou mantido o indeferimento do registro de candidatura.
Contudo, no RO n. 0600891-25/AM, o TCE concedeu efeito suspensivo ao recurso 
de revisão interposto contra o acórdão que rejeitou as contas, razão pela qual a Justiça 
Eleitoral, vinculada à decisão alienígena, deferiu o registro do candidato.
Não obstanteessas dificuldades de cunho prático, para concurso público, o que im-
porta para a configuração da inelegibilidade da alínea g é a certificação do trânsito em 
julgado administrativo da decisão de rejeição das contas.
1.3.6. Inexistência de Suspensão ou Anulação da Decisão de Rejeição de 
Contas
Para a configuração da inelegibilidade da alínea g, é necessário que a decisão de re-
jeição de contas esteja produzindo seus efeitos. Em outras palavras, se houver decisão 
judicial, ainda que provisória, suspendendo ou anulando os efeitos da decisão de rejei-
ção de contas, não incide, durante esse período, a mencionada inelegibilidade, conforme 
ressalva expressa da lei.
Ainda que a decisão de suspensão dos efeitos da condenação proferida por outros 
órgãos do Poder Judiciário pareça desarrazoada ou ilegal, não cabe à Justiça Eleitoral 
decidir pela sua não observância, a teor do mencionado Enunciado n. 41 de sua Súmula:
Direto do TSE
À luz do contido do Enunciado n. 41 da Súmula deste Tribunal não cabe a esta Jus-
tiça especializada analisar eventual desacerto no processo de contas que configure 
causa de inelegibilidade. Qualquer vício ou desacerto no processo que desaguou na 
rejeição da contabilidade, inclusive, como no caso, quanto à suposta incompetência 
do Órgão de Contas do Estado, deverá ser deduzido no âmbito do próprio TCE ou da 
Justiça Comum.
(REspe n. 364-74/SP, rel. Min. Edson Fachin, DJe de 15.8.2019)
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1.3.7. Contagem do Prazo de Inelegibilidade
O prazo da inelegibilidade da alínea g começa a ser contado da publicação da decisão ir-
recorrível que rejeitou as contas. A partir daí, a inelegibilidade se estende para as eleições que 
se realizarem nos oito anos seguintes. Confira:
Direto do TSE
INELEGIBILIDADE – ARTIGO 1º, INCISO I, ALÍNEA G, DA LEI COMPLEMENTAR N. 64/1990 
– PERÍODO – TERMO INICIAL. O termo inicial do período de inelegibilidade – oito anos 
– coincide com a data da publicação da decisão mediante a qual rejeitadas as contas, 
não cabendo olvidar a norma.
(REspe n. 51-63/BA, rel. Min. Marco Aurélio, DJe de 28.5.2013)
Consoante expusemos no item anterior, a decisão de rejeição de contas pode ter seus 
efeitos suspensos provisoriamente por decisão judicial. Uma vez cassada essa decisão, o pe-
ríodo de suspensão deve ser subtraído da contagem do prazo de oito anos previsto em lei. 
Nesse sentido:
Direto do TSE
Da contagem do prazo de oito anos previsto na alínea g do inciso I do art. 1º da LC 
n. 64/1990, com a redação conferida pela LC n. 135/2010, deve ser desconsiderado o 
período no qual suspensos os efeitos da decisão de rejeição das contas, por força de 
liminar deferida em ação anulatória, retomada a contagem do prazo da inelegibilidade, 
pelo tempo faltante, a partir da data em que julgado improcedente o pedido de anulação. 
Precedentes.
À luz do aresto recorrido, rejeitadas as contas em 14.3.2008, suspensos os efeitos do 
Decreto Legislativo, entre 14.7.2008 e 27.8.2009, por força de liminar concedida em ação 
anulatória, revogada a medida de urgência em 27.8.2009, quando julgado improcedente 
o pedido, inelegível o primeiro agravante, titular da chapa, até 27.02.2017.
(REspe n. 560-46/SP, rel. Min. Rosa Weber, DJe de 20.6.2017)
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DIREITO ELEITORAL
1.3.8. Lista Encaminhada pelos Tribunais e Conselhos de Contas à Justiça 
Eleitoral
Para finalizar o estudo da alínea g, vamos tecer algumas considerações sobre a famosa 
lista de gestores com contas rejeitadas, encaminhadas pelos tribunais de contas à Justiça 
Eleitoral.
Para operacionalizar a aplicação e o reconhecimento da inelegibilidade decorrente da re-
jeição de contas, o art. 11, § 5º, da Lei das Eleições, estabelece que, até o dia 15 de agosto 
do ano da eleição, atual data limite para o registro de candidatura, os Tribunais e Conselhos 
de Contas devem disponibilizar para a Justiça Eleitoral a relação dos que tiveram suas contas 
relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável e 
por decisão irrecorrível, salvo quando a decisão tiver sido anulada ou com efeitos suspensos 
pelo Poder Judiciário.
De posse dessas informações, a Justiça Eleitoral poderá, se constatar a presença de todos 
os requisitos exigidos na lei, indeferir, de ofício, o pedido de registro de candidatura do cidadão, 
sem prejuízo dessa atuação por qualquer um dos legitimados, que poderão, pelo mesmo mo-
tivo, ajuizar uma Ação de Impugnação de Registro de Candidatura na tentativa de inviabilizar a 
candidatura daquele constante da mencionada lista.
É de se notar que o mero fato de o nome do cidadão constar na lista encaminhada pelo 
Tribunal ou Conselho de Contas não é motivo suficiente para que a inelegibilidade em análise 
incida sobre ele, impedindo-o de participar das eleições. Na verdade, apesar de ter seu nome 
incluído nessa relação, para que esteja impedido de se candidatar, os demais requisitos pre-
vistos na alínea ‘g’ do inc. I do art. 1º da Lei Complementar n. 64/1990 devem ser aferidos pela 
Justiça Eleitoral. Essa é a jurisprudência do TSE. Confira:
Direto do TSE
A mera inclusão do nome do agente público na lista remetida à Justiça Eleitoral pelo 
Órgão de Contas, nos termos do § 5º do art. 11 da Lei n. 9.504/97, não gera, por si só, 
presunção de inelegibilidade e nem com base nela se pode afirmar ser elegível o candi-
dato, por se tratar de procedimento meramente informativo. Precedentes.
(REspe n. 427-81/RS, rel. Min. Rosa Weber, DJe de 11.4.2017)
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1.4. InelegIbIlIdade decorrente do abuso do Poder econômIco ou 
PolítIco Por detentores de cargo na admInIstração PúblIca – alínea h
O art. 1º, inciso I, alínea h, da LC n. 64/1990, dispõe:
Art. 1º São inelegíveis:
I – para qualquer cargo: […]
h) os detentores de cargo na administração pública direta, indireta ou fundacional, que beneficiarem 
a si ou a terceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem condenados em decisão 
transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concorrem ou 
tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes.
Para a incidência dessa inelegibilidade, é necessária a existência de decisão colegiada 
ou transitada em julgado, proferida pela Justiça Eleitoral ou pela Justiça Comum, que tenha 
reconhecido, em prol de suas candidaturas ou de terceiros, a prática de abuso de poder por 
ocupantes de cargos na Administração Pública.
Vê-se, portanto, que a incidência dessa norma exige cumulativamente a presença de:
• decisão judicial transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado;
• pela prática de poder econômico ou político;
• praticado por detentor de cargo público, abrangendo inclusive o eletivo;
• com fins eleitorais.
A primeira exigência diz respeito à necessidade de existência de decisão judicial transitada 
em julgado, nos casos em que não há recurso da decisão singular, ou, havendo, decisão cole-
giada de mérito sobre a matéria.
A condenação deve necessariamente ocorrer pela prática de abuso de poder eco-
nômico ou de abuso de poder político, ou os dois entrelaçados. O primeiro é, em suma, 
caraterizado pelo uso excessivo de recursos financeiros com fins eleitorais, enquanto o 
segundo, ocorre quando o detentor de cargo público utiliza doseu cargo para auferir de 
forma indevida benefícios eleitorais. As duas situações atentam contra a normalidade e 
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DIREITO ELEITORAL
a lisura do pleito, previstas no art. 14, § 9º, da CF/1988. Assim, forte no entendimento 
de que as inelegibilidades não podem ser interpretadas extensivamente, não incide, na 
linha da jurisprudência do TSE, a inelegibilidade da alínea h nos casos de condenação 
por conduta vedada. Confira:
Direto do TSE
A inelegibilidade disposta no art. 1º, I, h, da LC n. 64/1990 diz apenas com a hipótese de 
condenação por abuso de poder político ou econômico, não incidindo em casos de con-
duta vedada. Precedentes.
(REspe n. 84-64/AL, rel. Min. Rosa Weber, DJe de 18.4.2017)
Essa inelegibilidade incide somente sobre detentores de cargos na Administração Pública 
Direta ou Indireta, abrangendo os detentores de mandato político (RO n. 602-83/TO). Caso o 
autor do abuso de poder não possua esta qualidade, não poderá ser enquadrado nesta alínea, 
sem prejuízo de que seja alcançado pelo óbice da alínea d, preenchidos os demais requisitos 
nela exigidos.
Diferentemente da alínea d, que exige que seja a condenação proferida por órgão da Jus-
tiça Eleitoral, a condenação apta a gerar a inelegibilidade da alínea h pode ser proferida por 
qualquer órgão do Poder Judiciário. Esse, inclusive, é um dos motivos para se exigir inequivo-
camente que a Justiça Eleitoral evidencie a finalidade eleitoreira do ato praticado.
No que concerne ao período de inelegibilidade, o dispositivo informa que os condenados 
ficarão inelegíveis para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como 
para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes. Esse prazo, a exemplo do ocorre nas 
alíneas d e j, é contado a partir da data da realização do primeiro turno da eleição na qual se 
praticou o ilícito eleitoral e termina no dia igual ao de início do oitavo ano seguinte. Esse é o 
entendimento contido no Enunciado n. 69 da Súmula do TSE:
Direto do TSE
Súmula n. 69 do TSE – Os prazos de inelegibilidade previstos nas alíneas j e h do inciso I 
do art. 1º da LC n. 64/1990 têm termo inicial no dia do primeiro turno da eleição e termo 
final no dia de igual número no oitavo ano seguinte
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Inelegibilidades – II
DIREITO ELEITORAL
Com efeito, não importa, para fins de contagem desse prazo, a data da decisão colegiada 
ou do trânsito em julgado da condenação por abuso de poder, mas, sim, a data da eleição em 
que praticado o ilícito. Confira:
Direto do TSE
O prazo da inelegibilidade prevista na alínea h do inciso I do art. 1º da LC n. 64/1990 
não se conta da decisão colegiada ou do trânsito em julgado da condenação por abuso 
do poder econômico ou político, mas, sim, da data da eleição, observando-se a regra do 
§ 3º do art. 132 do Código Civil, verbis: “Os prazos de meses e anos expiram no dia de 
igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência”.
(CTA n. 131-15/DF, rel. Min. Henrique Neves da Silva, DJe de 20.8.2014)
O TSE, na mesma linha do que decidido para as alíneas d e j, fixou a data de realização 
do primeiro turno das eleições, tendo em vista que o segundo turno de votação não configu-
ra nova eleição propriamente dita, entendida como nova verificação de preenchimento das 
condições de elegibilidade ou de eventual incidência em causa de inelegibilidade, mas critério 
constitucional para alcançar o princípio da maioria absoluta, estabelecido para a eleição de 
presidente da República, governador de estado e prefeito de municípios com mais de 200 mil 
eleitores (arts. 28, 29, inciso II, e 77, da CF/1988) (RO n. 566-35/PB, rel. Min. Gilmar Mendes, 
PSESS de 16.9.2014).
Finalizando, confira, para afastar qualquer dúvida, um caso clássico de inelegibilidade da 
alínea h, em que o prefeito pratica abuso de poder em benefício de candidatos a sua suces-
são. Note, também, como se dá na prática a contagem do prazo de inelegibilidade.
Direto do TSE
Abelardo Rodrigues Filho foi condenado na AIJE n. 71/2008 por ter, na qualidade de pre-
feito, praticado abuso de poder em benefício de Francisco de Assis Pinheiro e Francisco 
Paiva da Silva, então candidatos a prefeito e vice-prefeito do Município de Alto do Rodri-
gues/RN, nas eleições de 2008;
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O exaurimento do prazo da inelegibilidade do Recorrido, considerada a data da eleição 
em que praticado o abuso (5.10.2008), ocorreu no dia 5.10.2016. É fato incontroverso, 
portanto, que o recorrido estava inelegível na data do pleito de 2016 (2.10.2016).
(REspe n. 145-89/RN, rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 13.9.2018)
1.5. InelegIbIlIdade daqueles que Possuem cargo ou função em 
InstItuIções fInanceIras lIquIdandas – alínea I
O art. 1º, inciso I, alínea i, da LC n. 64/1990, estabelece:
Art. 1º São inelegíveis:
I – ─ para qualquer cargo: […]
i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento ou seguro, que tenham sido ou estejam 
sendo objeto de processo de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, nos 12 (doze) me-
ses anteriores à respectiva decretação, cargo ou função de direção, administração ou representa-
ção, enquanto não forem exonerados de qualquer responsabilidade.
Essa inelegibilidade atinge os que exerceram, nos doze meses anteriores à decretação de 
liquidação judicial ou extrajudicial, cargo ou função de direção, administração ou representa-
ção, em estabelecimento de crédito, financiamento ou seguro.
A respeito do processo de liquidação, José Jairo Gomes (2017, p. 264) consigna:
Direto da Doutrina
A liquidação tem como pressuposto a insolvência da entidade. As atividades desta ficam 
paralisadas com a instauração do procedimento, apenas sendo praticados atos, pelo 
liquidante, com o objetivo de adimplir as obrigações remanescentes.
Para a incidência do presente dispositivo restritivo da cidadania, não é exigível a demons-
tração da responsabilidade do agente, que fica inelegível a partir do decreto de intervenção 
nos estabelecimentos de crédito, financiamento ou seguro. Esse entendimento, a nosso ver, 
colide frontalmente com o princípio da presunção de não culpabilidade, pois inexiste, antes 
da subtração da capacidade eleitoral passiva, procedimento que certifique a culpabilidade do 
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agente pelo fato ensejador da liquidação, configurando-se em verdadeira atribuição de res-
ponsabilidade objetiva do cidadão interpelado.
Somente depois do processo de liquidação e se ficar demonstrada a ausência de qualquer 
responsabilidade, afastada estará a incidência dessa inelegibilidade.
Perceba que o dispositivo legal em análise não estabeleceu um período certo de incidência 
da norma. Ao contrário, vinculou o período de inelegibilidade do cidadão a evento incerto, con-
substanciado na apuração e exoneração de sua responsabilidade no processo de liquidação. 
Assim, ainda que o processo de liquidação judicial ou extrajudicial perdure por vários anos, 
enquanto não houver a exoneração da responsabilidade do detentor de cargo ou função de 
direção, administração ou representação da empresa liquidanda, incidirá a inelegibilidade em 
comento.
Essa indeterminaçãono prazo da inelegibilidade em estudo é incompatível com o disposto 
no art. 14, § 9º, da CF/1988, que prescreve a possibilidade de a lei complementar estabelecer 
hipóteses de inelegibilidade, mas alerta para a necessidade de nela se estabelecer os prazos 
de sua cessação de produção de efeitos.
Não obstante essas considerações, o TSE declarou a constitucionalidade dessa inelegi-
bilidade e afirmou explicitamente, no julgamento do REspe n. 22.739/PR, Rel. Min. Humberto 
Gomes, PSESS de 17.12.2012, que “a teor da jurisprudência, o art. 1º, I, i, da LC n. 64/1990 não 
padece de inconstitucionalidade”. Essa é a posição a ser adotada para responder questões 
sobre esse tema.
1.6. InelegIbIlIdade decorrente da condenação Por corruPção 
eleItoral, Por caPtação IlícIta de sufrágIo, Por doação, caPtação ou 
gastos IlícItos de recursos de camPanha ou Por conduta Vedada aos 
agentes PúblIcos – alínea j
O art. 1º, inciso I, alínea j, da LC n. 64/1990, dispõe:
Art. 1º São inelegíveis:
I – para qualquer cargo: […]
j) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado 
da Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação 
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ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos em cam-
panhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a 
contar da eleição. (Incluído pela Lei Complementar n. 135, de 2010)
Essa hipótese de inelegibilidade foi introduzida no ordenamento jurídico com a edição da 
LC n. 135/2010 (Lei da Ficha Limpa). De acordo com esse dispositivo legal, aquele que for con-
denado em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral 
por um dos ilícitos eleitorais expressamente nele referidos ficará inelegível pelo prazo de oito 
anos, a contar da eleição.
A incidência dessa inelegibilidade remete necessariamente a condenações proferidas em 
razão da prática de corrupção eleitoral, de captação ilícita de sufrágio, de doação, captação ou 
gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada a agente público.
No ponto, alerto que essa inelegibilidade incide somente nos casos em que a condenação 
implicar a cassação do registro ou do diploma, sendo, portanto, insuficiente a simples aplica-
ção de multa. Confira:
Direto do TSE
A causa de inelegibilidade referida no art. 1º, inciso I, alínea j, da LC n. 64/1990 decor-
rente da prática de conduta vedada a agente público exige o pronunciamento judicial de 
cassação do registro ou do diploma do representado.
(REspe n. 79-22/PA, rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 19.4.2017)
Assentada essa premissa, vamos prosseguir com o detalhamento de cada uma das hipó-
teses de incidência.
Como causa de pedir da AIME, a palavra “corrupção”, referida no art. 14, § 10, da CF/1988, 
não se refere ao termo técnico próprio do direito penal. A CF/1988 preferiu, com o fito de me-
lhor cumprir os seus eminentes fins tutelares, utilizar a expressão no sentido coloquial [não 
tecnicamente penal] de “conspurcação”, “degeneração”, “putrefação”, “degradação”, “depra-
vação” (REspe n. 28.040/BA, rel. Min. Ayres Britto, DJ de 1º/7/2008).
A procedência do pedido da AIME por corrupção implica necessariamente a cassação do 
mandato do autor do ilícito. Noutro falar, inexiste a possibilidade de dosar a sanção diante das 
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circunstâncias do caso concreto, aplicando, por exemplo, apenas multa. Assim, a procedência 
do pedido da ação pela prática de atos de corrupção necessariamente atrai a incidência, de 
forma reflexa, da inelegibilidade da alínea j sobre o autor do ilícito.
A captação ilícita de sufrágio, hospedada no art. 41-A da Lei n. 9.504/97, consiste nas 
ações de doar, oferecer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vanta-
gem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública.
Julgada procedente a representação do art. 41-A, incidem sobre o representado as san-
ções de cassação de registro ou diploma e multa. A reprimenda é incindível, de modo que, jul-
gada procedente o pedido da ação, não há como dosar sua aplicação, com base nas circuns-
tâncias do caso concreto, para aplicar somente multa (RO 1715-30, rel. Min. Arnaldo Versiani, 
PSESS em 2.9.2010).
É comum, embora equivocado, o dispositivo da condenação pelo art. 41-A fazer referência 
apenas à sanção de multa quando o representado for candidato não eleito. Neste caso, não 
há óbice algum à incidência da inelegibilidade da alínea j, porquanto, ainda que não explicitado 
no dispositivo da representação, a condenação também implicou, pela natureza incindível da 
sanção, a cassação do registro de candidatura do representado.
Direto do TSE
Transitada em julgado condenação por captação ilícita de sufrágio, é de se reconhecer a 
inelegibilidade da alínea j do inciso I do art. 1º da Lei Complementar n. 64/1990, acres-
centada pela Lei Complementar n. 135/2010, ainda que a condenação somente tenha 
imposto a respectiva multa, em virtude de a candidata não haver sido eleita.
Recurso ordinário provido.
(RO n. 1715-30/DF, rel. Min. Arnaldo Versiani, PSESS em 2.9.2010)
As condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas eleitorais, listadas exaustiva-
mente nos arts. 73 e seguintes da Lei n. 9.504/97, consistem em situações de flagrante abuso 
de poder político, as quais, segundo José Jairo Gomes (2017, p. 762), o legislador destacou 
em razão da relevância e reconhecida gravidade sobre o processo eleitoral, interditando-as 
expressamente.
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Diferentemente das condutas tipificadas no art. 41-A – captação ilícita de sufrágio –, 
a sanção decorrente da prática de condutas vedadas a agentes públicos pode ser, a depender 
da gravidade da conduta, cassação do registro ou diploma ou multa. Assim, aqui há a possi-
bilidade de o cidadão não se tornar inelegível mesmo condenado pelo cometimento de ilícitos 
dessa natureza. Basta que, em razão da ausência de gravidade da conduta, a sanção aplicada 
tenha sido apenas a de multa. Nesse sentido:
Direto do TSE
Registro. Condenação eleitoral. Conduta vedada.
1. A inelegibilidade referente à condenação por conduta vedada, por órgão colegiado 
ou com trânsito em julgado, prevista na alínea j do inciso I do art. 1º da LC n. 64/1990, 
somente se configura caso efetivamente ocorra a imposição da sanção de cassação de 
registro ou de diploma no respectivo processo.
2. Evidencia-se não configurada a hipótese de inelegibilidade da alínea j se o candidato 
foi condenado pelas instâncias ordinárias apenas ao pagamento de multa pela prática 
de conduta vedada.
Agravo regimental não provido.
(REspe n. 230-34, rel. Min. Arnaldo Versiani, PSESS em 30.10.2012)
No caso de condenação por doação, captação ou gastos ilícitos de recursos em campa-
nhas eleitorais, nos termos do art. 30-A da Lei n. 9.504/97, a sanção aplicada é exclusiva-
mente a cassação de registro ou diploma. Assim, a exemplo do que relatado no estudo da 
AIME por corrupção, necessariamente a condenação terá o condão de atrair a inelegibilidade 
da alínea j.
No que concerne ao período de inelegibilidade, o dispositivo informa que os condenados 
ficarão inelegíveis pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição. A exemplodas alíneas d e h, 
o prazo da inelegibilidade é contado a partir da data da realização do primeiro turno da eleição 
na qual se praticou o ilícito eleitoral e termina no dia igual ao de início do oitavo ano seguinte. 
Esse é o entendimento contido no Enunciado n. 69 da Súmula do TSE:
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Súmula n. 69 do TSE – Os prazos de inelegibilidade previstos nas alíneas j e h do inciso I 
do art. 1º da LC n. 64/1990 têm termo inicial no dia do primeiro turno da eleição e termo 
final no dia de igual número no oitavo ano seguinte.
Com efeito, friso, não importa, para fins de contagem desse prazo, a data da decisão co-
legiada ou do trânsito em julgado da condenação por uma das hipóteses previstas na alínea 
j, mas, sim, a eleição em que praticado o ilícito.
O TSE, na mesma linha do que decidido para as alíneas d e h, fixou a data de realização do 
primeiro turno das eleições, tendo em vista que:
O segundo turno de votação não configura nova eleição propriamente dita, entendida 
como nova verificação de preenchimento das condições de elegibilidade ou de even-
tual incidência em causa de inelegibilidade, mas critério constitucional para alcançar o 
princípio da maioria absoluta, estabelecido para a eleição de presidente da República, 
governador de estado e prefeito de municípios com mais de 200 mil eleitores (arts. 28, 
29, inciso II, e 77, da CF/1988) (RO n. 566-35/PB, rel. Min. Gilmar Mendes, PSESS de 
16.9.2014)
1.7. InelegIbIlIdade decorrente da renúncIa ao mandato – alínea k
A incidência das inelegibilidades do art. 1º, I, alíneas b e c, da LC n. 64/1990, exige a decre-
tação de perda do cargo eletivo. Para evitar serem alcançados por essas hipóteses legais de 
restrição da capacidade eleitoral passiva, bastaria que os representados renunciassem aos 
seus cargos eletivos antes de findo o processo de cassação.
Com a finalidade de evitar essa imoral manobra jurídica dos mandatários e garantir a pro-
teção à probidade administrativa e à moralidade para o exercício de cargo eletivo, a LC n. 
135/2010 introduziu a hipótese de inelegibilidade do art. 1º, inciso I, alínea k, na LC n. 64/1990, 
que estabelece:
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Art. 1º São inelegíveis:
I – para qualquer cargo: […]
k) o Presidente da República, o Governador de Estado e do Distrito Federal, o Prefeito, os membros 
do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câmaras Mu-
nicipais, que renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de representação ou petição, 
capaz de autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da 
Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as 
eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos 
e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término da legislatura. (Incluído pela Lei Complementar n. 
135/2010)
Essa causa de inelegibilidade alcança os mandatários de cargo eletivo dos Poderes Exe-
cutivo e Legislativo.
A tramitação do processo punitivo decorrente da prática de atos atentatórios aos diplo-
mas mencionados no dispositivo legal se dá nas Casas Legislativas, a depender do cargo 
ocupado. Se mandatário de cargo federal, no Congresso Nacional; se o cargo for estadual, na 
Assembleia Estadual; e se o cargo for municipal, na Câmara de Vereadores.
O motivo ensejador da causa de inelegibilidade é a renúncia ao cargo depois de ofere-
cida representação capaz de autorizar a abertura de processo por violação a dispositivo da 
Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei 
Orgânica do Município.
Em regra, uma vez apresentada a representação, ela é encaminhada a um órgão interno 
responsável pela emissão de parecer sobre sua admissibilidade, nos termos do Regimento 
Interno de cada Casa Legislativa. A manifestação pela admissibilidade da representação é o 
momento a partir do qual o pedido de renúncia do mandatário será capaz de atrair a inelegi-
bilidade da alínea k, ou seja, se torna capaz de autorizar a abertura do processo, nos termos 
exigidos pelo dispositivo legal.
O conhecimento da existência da representação pelo representado não é requisito neces-
sário para, uma vez admitida, atrair a inelegibilidade em estudo. Basta apenas que as condi-
ções objetivas estejam presentes: representação apta a autorizar a abertura do processo e a 
renúncia do representado. Confira:
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A jurisprudência deste Tribunal é no sentido de que, para a incidência da alínea k do 
inciso I do art. 1º da LC 64/1990, é desnecessário o conhecimento oficial do par-
lamentar acerca do oferecimento de representação perante a Câmara Legislativa. 
Precedentes.
(REspe n. 149-53/PR, rel. Min. Henrique Neves da Silva, DJe de 10/3/2017)
Para fins de inelegibilidade, não cabe à Justiça Eleitoral, na análise do pedido de registro 
de candidatura, apreciar o quão justo foram os motivos que ensejaram a renúncia, tampouco 
adentrar em aspectos formais alusivos ao trâmite da representação instaurado no Poder Le-
gislativo.
Direto do TSE
Não compete à Justiça Eleitoral adentrar questões interna corporis referentes ao trâmite 
do procedimento instaurado no Poder Legislativo.
(RESpe n. 149-53/PR, rel. Min. Henrique Neves da Silva, DJe de 10.3.2017)
Não obstante bem assentadas as premissas teóricas para a incidência da alínea k, co-
lhe-se da jurisprudência do TSE dois julgados em que, em razão das circunstâncias do caso 
concreto, o plenário do Tribunal entendeu por afastá-la.
No primeiro, foram apresentadas duas representações lastreadas nos mesmos fundamen-
tos. Após a apresentação da primeira, o mandatário renunciou. Contudo, na tramitação da 
segunda representação, a Casa Legislativa apreciou e arquivou o pedido. Esse novo fato foi 
considerado pelo TSE como suficiente para modificar o quadro fático-jurídico do recorrente e 
afastar a incidência da inelegibilidade. Confira:
Direto do TSE
A instauração de representação por quebra de decoro parlamentar, lastreada nos 
mesmos fundamentos de representação anterior – em vista da qual o candidato 
havia renunciado no primeiro mandato – dessa vez apreciada e arquivada pela 
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DIREITO ELEITORAL
Casa Legislativa, constitui circunstância alteradora do quadro fático-jurídico do 
recorrente, apta a afastar a incidência da inelegibilidade da alínea k do inciso I do 
art. 1º da LC n. 64/1990.
(RO n. 732-94.2014, Rel. Min. Luciana Lóssio, PSESS em 2.10.2014)
No segundo caso, contrariando toda a lógica jurídica erigida pelo Legislador, que assentou 
ser a simples renúncia ato, por si só, suficiente para atrair a inelegibilidade da alínea k, o TSE, 
por maioria, entendeu que a absolvição do renunciante na Justiça Comum da imputação que 
dera causa a sua renúncia é suficiente para afastar a inelegibilidade em questão.
Direto do TSE
Consideradas a absolvição do recorrente, em decisão transitada em julgado, da prática 
do crime motivador da renúncia e a não instauração do processo por quebra de decoro 
parlamentar,conclui-se não ser aplicável ao caso específico a inelegibilidade prevista na 
alínea k do inciso I do art. 1º da LC n. 64/1990, acrescida pelo art. 2º da LC n. 135/2010.
(RO n. 1011-80/PA, rel. designado Min. Gilmar Mendes, PSESS de 2.10.2014)
Por fim, no que concerne ao prazo da inelegibilidade, o renunciante ficará inelegível pelo 
período restante do mandato para o qual foi eleito, bem como nos oito anos subsequentes.
1.8. InelegIbIlIdade decorrente da condenação Pela PrátIca de 
ImProbIdade admInIstratIVa – alínea l
O conceito de improbidade administrativa é doutrinário. Atos ilegais não se confundem 
conceitualmente com atos ímprobos, embora a contrariedade à lei seja parte integrante do 
conceito de improbidade administrativa. Contudo, para a configuração de atos ímprobos, 
a conduta praticada deve ser, além de ilegal, capaz de ferir os princípios constitucionais da 
Administração Pública e vir coadjuvada pela má-fé do administrador. (STJ, 1ª turma, REsp 
n. 480387, rel. Min. Luiz Fux, DJ de 24.5.2004). Em suma, é uma ilegalidade qualificada pela 
má-fé do administrador público.
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DIREITO ELEITORAL
Segundo o art. 37, § 4º, da CF/1988, a condenação pela prática de atos de improbidade 
administrativa importa a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indis-
ponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem 
prejuízo da ação penal cabível. Esse rol exemplificativo de sanções foi ampliado pela Lei n. 
8.429/1992, que estabeleceu ainda a possibilidade de aplicação de multa e de proibição de 
contratar com o poder público.
Não bastasse isso, a LC n. 135/2010, guiada pelo princípio da moralidade administrativa, 
albergado no art. 14, § 9º, da CF/1988, introduziu na LC n. 64/1990 mais um gravame a ser 
suportado pelos condenados pela prática de atos de improbidade. Trata-se da hipótese de 
inelegibilidade prevista no art. 1º, I, , da Lei das Inelegibilidades, cujo objetivo é o de impedir o 
acesso a qualquer cargo público de pessoas que:
Art. 1º São inelegíveis:
I – para qualquer cargo:
l) forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida 
por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patri-
mônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do 
prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena. (Incluído pela Lei Complementar n. 135/2010)
Da leitura do texto legal, extrai-se que a subtração temporária da capacidade eleitoral 
passiva – ius honorum – em razão da condenação por improbidade administrativa exige:
• condenação por decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado;
• condenação à pena de suspensão dos direitos políticos;
• condenação por ato doloso de improbidade administrativa;
• condenação que importe, cumulativamente, lesão ao patrimônio público (art. 10 da 
Lei n. 8.429/1992) e enriquecimento ilícito próprio ou de terceiro (art. 9º da Lei n. 
8.429/1992).
Antes de adentrarmos no estudo específico de cada um desses requisitos legais, cumpre 
informar que, nos termos da jurisprudência do TSE, a Justiça Eleitoral pode extrair da funda-
mentação da decisão condenatória da Justiça Comum os requisitos para incidência dessa 
inelegibilidade, mesmo que não estejam expressos na decisão da Justiça Comum. Assim, 
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Inelegibilidades – II
DIREITO ELEITORAL
para configurá-la, por exemplo, não é necessário que a decisão da Justiça Comum faça men-
ção expressa à existência de dolo ou ao enriquecimento ilícito próprio ou de terceiro, basta 
que a Justiça Eleitoral, com base no quadro fático delineado na decisão, identifique a presen-
ça dos elementos exigidos pela lei. Nesse sentido:
Direto do TSE
É possível à Justiça Eleitoral reconhecer a existência de enriquecimento ilícito que 
não conste do decreto condenatório da Justiça comum sem que isso represente 
inelegibilidade eterna do agente. A aferição, pela Justiça Eleitoral, de que o ato pra-
ticado pelo agente causou não apenas dano ao erário, mas, também, enriqueci-
mento ilícito possui relevância apenas para fins de análise das causas de inelegibi-
lidade, matéria eminentemente eleitoral.
(RO n. 0600687-93/SE, rel. Min. Og Fernandes, DJe de 18.12.2018)
Contudo, descabe, nesse itinerário interpretativo, alterar as premissas fáticas da decisão, 
sob pena de invadir a competência jurisdicional do órgão competente. Confira:
Direto do TSE
Embora a Justiça Eleitoral possa extrair da fundamentação do decreto condenatório os 
requisitos para incidência da referida inelegibilidade, descabe, por outro vértice, alterar 
as respectivas premissas fáticas, sob pena de invadir a competência jurisdicional de 
outros órgãos do Poder Judiciário. Precedentes.
(RO n. 0600204-47/RO, rel. Min. Jorge Mussi, PSESS de 19.12.2018)
1.8.1. Decisão Transitada em Julgada ou Proferida por Órgão Colegiado
A configuração da inelegibilidade da alínea  reclama a condenação por ato de improbi-
dade administrativa com trânsito em julgado ou simplesmente proferida por órgão colegiado.
Note que, para fins de inelegibilidade, a decisão monocrática, sem trânsito em julgado, 
não produz efeito algum sobre o condenado.
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Inelegibilidades – II
DIREITO ELEITORAL
1.8.2. Condenação à Pena de Suspensão dos Direitos Políticos
No dispositivo da condenação por ato de improbidade pela Justiça Comum, deve vir ex-
pressa a sanção de suspensão dos direitos políticos, sob pena de torná-la insuficiente para 
atrair a inelegibilidade da alínea . Confira:
Direto do TSE
Na espécie, a despeito de o candidato ter sido condenado em duas ações de improbidade 
administrativa, em nenhuma delas houve a cominação da pena de suspensão dos direitos 
políticos, o que impossibilita a incidência da cláusula de inelegibilidade em questão [alínea ].
(REspe n. 187-74/MT, rel. Min. Luciana Lóssio, PSESS de 30.9.2016)
1.8.3. Condenação por Ato Doloso de Improbidade Administrativa
A condenação por atos de improbidade administrativa apta a atrair a inelegibilidade da alí-
nea  restringe-se àquelas em que os condenados agiram de forma dolosa.
Para satisfazer esse requisito, basta que tenha agido com dolo eventual, ou seja, tenha pra-
ticado o ato sem se importar em produzir este ou aquele resultado. Não é necessária, portanto, 
a prática da conduta com dolo direto, aquele em que o agente age com a intenção de produzir 
o resultado, aqui consubstanciado no dano erário ou no enriquecimento ilícito próprio ou de 
terceiros. Confira:
Direto do TSE
1. A incidência da inelegibilidade prevista na alínea l do inciso I do art. 1º da LC n. 64/1990 
não pressupõe o dolo direto do agente que colaborou para a prática de ato ímprobo, 
sendo suficiente o dolo eventual, presente na espécie.
2. É prescindível que a conduta do agente, lesadora do patrimônio público, se dê no 
intuito de provocar, diretamente, o enriquecimento de terceiro, sendo suficiente que, da 
sua conduta, decorra, importe, suceda, derive tal enriquecimento, circunstância que, 
incontroversamente, ocorreu no caso dos autos.
(RO n. 2373-84/SP, rel. Min. Luciana Lóssio, PSESS de 23.9.2014)
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