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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
ELEITORAL
Inelegibilidades I
Livro Eletrônico
2 de 89https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Inelegibilidades I
DIREITO ELEITORAL
Apresentação . ............................................................................................................................3
Inelegibilidades I . .......................................................................................................................4
1. Conceito de Inelegibilidade . ..................................................................................................4
2. Características Gerais . .........................................................................................................5
3. Inelegibilidades: Classificação..............................................................................................8
4. Inelegibilidades Constitucionais . ....................................................................................... 10
4.1. Inelegibilidade dos Inalistáveis . ...................................................................................... 10
4.2. Inelegibilidade dos Analfabetos . ..................................................................................... 11
4.3. Inelegibilidade para o Terceiro Mandato Consecutivo no Mesmo Cargo . .................. 15
4.4. Inelegibilidade Decorrente da Incompatibilidade com o Cargo Ocupado . .................22
4.5. Inelegibilidade Reflexa ou por Parentesco . ..................................................................23
5. Inelegibilidades Infraconstitucionais . .............................................................................. 28
5.1. A criação de Inelegibilidades e o Princípio da Anualidade . ........................................ 30
5.2. A Aplicação Retroativa da LC n. 135/2010 . ................................................................. 30
5.3. Vinculação das Hipóteses de Inelegibilidade ao Artigo 14, § 9º, da CF/88 . ..............32
5.4. Inelegibilidades da LC n. 64/90 . ....................................................................................33
Resumo ..................................................................................................................................... 41
Questões de Concurso . .......................................................................................................... 48
Gabarito . ................................................................................................................................. 60
Gabarito Comentado . .............................................................................................................. 61
Referências ............................................................................................................................. 86
***
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divisão
de custos
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Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Inelegibilidades I
DIREITO ELEITORAL
ApresentAção
Querido(a) aluno(a), tudo bem?
Na aula de hoje, trataremos das causas de inelegibilidades. Esse assunto está previsto 
na Constituição Federal e na Lei Complementar n. 64/1990, mais conhecida como Lei das 
Inelegibilidades.
O tema inelegibilidades está diretamente relacionado aos direitos políticos, tendo em vista 
que sua incidência é fator impeditivo para o exercício do ius honorum, ou seja, do direito de 
o cidadão participar do pleito na condição de candidato. Noutro falar, a inelegibilidade é uma 
causa impeditiva para o exercício do direito à elegibilidade.
Discutiu-se muito sobre as inelegibilidades no ano de 2010, em razão da edição da Lei 
Complementar n. 135/2010, também denominada de Lei da Ficha Limpa. Embora hoje já te-
nhamos posições doutrinárias e jurisprudenciais mais assentadas sobre a matéria, ainda 
existem pontos controvertidos em debate nos tribunais.
Na primeira parte da aula, vamos estudar o conceito de inelegibilidade, sua natureza jurí-
dica, finalidade e classificação. Na segunda parte, estudaremos as hipóteses de inelegibilida-
de constitucionais e infraconstitucionais até o art. 1º, I, d, da LC n. 64/90.
Estamos diante de matéria na qual existem diversos pontos controvertidos, motivo pelo 
qual traremos à colação diversos julgados, especialmente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) 
e do Supremo Tribunal Federal (STF), a fim de deixá-lo preparado para enfrentar qualquer 
questão acerca dessa matéria.
Está preparado (a)?
Sem demoras, vamos lá!
***
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Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Inelegibilidades I
DIREITO ELEITORAL
INELEGIBILIDADES I
1. ConCeito de inelegibilidAde
A elegibilidade é condição essencial para que o cidadão possa exercer sua capacidade 
eleitoral passiva - ius honorum -, ou seja, participar do pleito na condição de candidato.
O vocábulo “elegibilidade” não se apresenta simplesmente como o oposto da expressão 
“inelegibilidade”, como poderia se pensar por uma interpretação puramente linguística.
Para alcançar o status de elegível, o cidadão deve, cumulativamente, preencher as condi-
ções de elegibilidade, tais como alistamento eleitoral, filiação partidária etc. Não incidir é uma 
das causas de inelegibilidade listadas no texto constitucional e em lei complementar.
Noutro falar, Jorge, Liberato e Rodrigues (2017, p. 102) afirmam que
Não basta preencher as condições de elegibilidade para se estar apto a disputar um cargo eletivo. 
É preciso que não incida sobre o indivíduo, no momento em que pretender registrar a sua candida-
tura, uma série de causas, que levam à sua inelegibilidade.
Em reforço à necessidade do preenchimento cumulativo das condições de elegibilidade e 
da não incidência das causas de inelegibilidade para que o cidadão possa concorrer a cargos 
públicos, o art. 11, § 10º, da Lei n. 9.504/1997 estabelece que:
As condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da 
formalização do pedido de registro da candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, 
supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade. (Incluído pela Lei n. 12.034, de 2009) 
(Grifo nosso)
Essas causas impeditivas, que se colocam ao lado das condições de elegibilidade e que 
devem ser evitadas pelos que pretendam concorrer a cargos públicos (fator negativo), são as 
chamadas causas de inelegibilidades. Na lição de José Jairo Gomes (2017, p. 193):
Denomina-se inelegibilidade ou ilegibilidade o impedimento ao exercício da cidadania passiva, de 
maneira que o cidadão fica impossibilitado de ser escolhido para ocupar cargo político-eletivo. Em 
outros termos, trata-se de fator negativo, cuja presença obstrui ou subtrai a capacidade eleitoral 
passiva do nacional, tornando-o inapto para receber votos e, pois, exercer mandato representativo. 
Tal impedimento é provocado pela ocorrência de determinados fatos previstos na Constituição ou 
em lei complementar.
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Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Inelegibilidades I
DIREITO ELEITORAL
Anote, por fim, que a criação das inelegibilidades não é mero capricho do legislador. Na 
visão de Jorge, Liberato e Rodrigues (2017, p. 109), elas funcionam como
Filtros para o exercício da capacidade eleitoral passiva, filtros esses que irão evitar ou prevenir que 
dentre aqueles que pretendam receber o mandato político existam sujeitosque não tenham condi-
ções morais, probas e éticas para serem eleitos.
2. CArACterístiCAs gerAis
As causas de inelegibilidades são estabelecidas na Constituição Federal ou em lei com-
plementar, nos termos do art. 14, § 9º, da CF.
Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim 
de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida 
pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder 
econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indi-
reta. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão n. 4, de 1994)
Diferentemente das condições de elegibilidade, as inelegibilidades não podem ser criadas 
por lei ordinária, lei delegada, medida provisória, decreto, resolução ou resolução do TSE (REspe 
n. 25107/SP, rel. Min. Gomes de Barros, DJ de 12.8.2005). No ponto, confira esse julgado do STF:
O domicílio eleitoral na circunscrição e a filiação partidária, constituindo condições de 
elegibilidade (CF, art. 14, § 3º), revelam-se passíveis de válida disciplinação mediante 
simples lei ordinária. Os requisitos de elegibilidade não se confundem, no plano jurídico 
conceitual, com as hipóteses de inelegibilidade, cuja definição – além das situações já 
previstas diretamente pelo próprio texto constitucional (CF, art. 14, §§ 5º a 8º) – só pode 
derivar de norma inscrita em lei complementar (CF, art. 14, § 9º). (STF. ADI n. 1.063. Rel. 
Min. Celso de Mello).
José Jairo Gomes (2017, p. 195-196) afirma que podem ser criadas causas de inelegibili-
dade por tratado ou convenção sobre direitos humanos introduzidos no ordenamento jurídico 
pelo procedimento descrito no art. 5º, § 3º, da CF/88, porquanto tais normas se equiparam a 
emendas constitucionais. Por oportuno, transcrevo o dispositivo constitucional:
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Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Inelegibilidades I
DIREITO ELEITORAL
Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada 
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, 
serão equivalentes às emendas constitucionais.
No que concerne aos tratados que versem sobre direitos e garantias fundamentais, que 
não se enquadrem no âmbito dos direitos humanos, o eminente doutrinador consigna que, 
nos termos do art. 5, § 2º, da CF/88, a posição majoritária do STF tem acolhido esses diplo-
mas com status supralegal – abaixo da Constituição, porém acima da legislação interna -, de 
modo que também estão autorizados a criarem novas causas de inelegibilidade.
De modo diverso, não podem criar causas de inelegibilidade aqueles tratados que não ver-
sem direito ou garantia fundamental, por exemplo, um tratado comercial, por serem acolhidos 
pelo nosso ordenamento jurídico com status de lei ordinária.
A incidência em uma das causas de inelegibilidade repercute tão somente na capacidade 
eleitoral passiva do cidadão, não o impedindo de exercer os demais direitos políticos, como o 
de votar, filiar-se a partido político, entre outros. Nesse sentido, confira este julgado do TSE:
A inelegibilidade importa no impedimento temporário da capacidade eleitoral passiva 
do cidadão, que consiste na restrição de ser votado, não atingindo, portanto, os demais 
direitos políticos, como, por exemplo, votar e participar de partidos políticos. [...]”
(AgR/AI n. 4.598, rel. Min. Fernando Neves, DJe de 13.8.2004).
A ilicitude não é da essência do conceito de inelegibilidade, de modo que a restrição à ca-
pacidade eleitoral passiva – ius honorum - pode advir de um fato jurídico lícito ou ilícito. Re-
vela-se tão somente como efeito jurídico advindo de algum fato ou complexo de fato descrito 
na facttispecie (situação fática descrita) da norma eleitoral, como a que decorre da condição 
de analfabeto do cidadão.
Nenhuma inelegibilidade pode ter caráter perpétuo. Por tolher direito o exercício de direito 
político – direito fundamental -, as inelegibilidades possuem termo inicial e final definidos, 
sob pena de incidirem em manifesta inconstitucionalidade.
Destaque-se, ainda, que as inelegibilidades possuem caráter personalíssimo. Noutro fa-
lar, à exceção das inelegibilidades reflexas previstas pelo próprio constituinte originário, as 
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Inelegibilidades I
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demais incidem apenas sobre aqueles que possuem a condição exigida por lei – analfabe-
tismo – ou praticaram os atos que as originaram, por exemplo, nos casos de abuso de poder 
apurado em AIJE, em que, uma vez julgada procedente a ação, a inelegibilidade incide sobre 
quem praticou o ato, mas não incide sobre quem dele se beneficiou, caso este não tenha 
conhecimento ou anuído com a prática ilícita. Nesse sentido, transcrevo o art. 18 da LC n. 
64/1990, mas com a observação de que, se o vice tiver anuído ou participado, sobre ele tam-
bém incidirá a inelegibilidade.
Art. 18. A declaração de inelegibilidade do candidato à Presidência da República, Governador de 
Estado e do Distrito Federal e Prefeito Municipal não atingirá o candidato a Vice-Presidente, Vice-
-Governador ou Vice-Prefeito, assim como a destes não atingirá aqueles.
A jurisprudência é pacífica nesse sentido. Confira:
1. No decisum agravado, manteve-se cassação dos vencedores do pleito majoritário de 
Santa Luzia do Norte/AL em 2016, por prática de abuso de poder econômico e compra 
de votos, afastando-se apenas a inelegibilidade imposta ao Vice-Prefeito por falta de 
prova robusta quanto à sua participação ou anuência, o que ensejou agravo regimental 
da parte contrária no particular.
2. Nos termos do art. 22, XIV, da LC 64/90 e da jurisprudência desta Corte Superior, 
a sanção de inelegibilidade possui natureza personalíssima, descabendo aplicá-la ao 
mero beneficiário do ato abusivo. (REspe n. 364-24/AL, Min. rel. Jorge Mussi, DJe de 
25.2.2019).
Por fim, por se tratar de norma restritiva de direitos, no caso direitos fundamentais, as 
causas de inelegibilidade devem ser interpretadas restritivamente. Essa é a pacífica jurispru-
dência do TSE. Confira:
3. As causas de inelegibilidade, por constituírem restrição à capacidade eleitoral pas-
siva, devem ser interpretadas restritivamente, nos termos da jurisprudência desta Corte.
4. Na espécie, o agravado, candidato não eleito ao cargo de deputado estadual do Ceará 
nas Eleições 2018, enquanto coordenador–geral de Organização da Sociedade Civil de 
Interesse Público (OSCIP), teve contas rejeitadas pelo TCU relativas ao exercício finan-
ceiro de 2008 a 2009.
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Inelegibilidades I
DIREITO ELEITORAL
5. Por não ser detentor de “cargo ou função pública”, requisito indispensável à incidência 
da inelegibilidade da alínea g, impõe–se manter deferido o registro de candidatura.
(RO n. 060066041/CE, rel. Min. Jorge Mussi, PSESS de 13.11.2018).
3. inelegibilidAdes: ClAssifiCAção
No que se refere à extensão da restrição do direito de ser votado, as inelegibilidades po-
dem ser absolutas ou relativas:
• Inelegibilidade absoluta – a inelegibilidade absoluta impede o cidadão de concorrer a
qualquer cargo público eletivo. Enquanto persistir a situação geradora da inelegibilida-
de, o cidadão estará impedido de exercer seu direito à elegibilidade. São exemplos de 
inelegibilidades absolutas: inalistabilidade e analfabetismo;
• Inelegibilidade relativa – essas hipóteses de inelegibilidade impedem o cidadãode 
concorrer a determinados cargos eletivos. Isso quer dizer que a restrição advinda da 
inelegibilidade relativa não impede, por completo, o exercício do direito à elegibilidade.
São exemplos de inelegibilidades relativas: a inelegibilidade para os mesmos cargos num 
terceiro mandato subsequente; a inelegibilidade decorrente da incompatibilidade; a inelegibi-
lidade decorrente do parentesco.
Em razão da extensão da restrição da capacidade eleitoral passiva, decorrente da inci-
dência da inelegibilidade absoluta, defende-se que tais inelegibilidades somente podem ser 
previstas na própria Constituição Federal.
Deveras, não se admite a instituição de novas inelegibilidades absolutas por meio de lei 
infraconstitucional. A esse respeito, veja a lição de Alexandre de Moraes (2016, p. 256), Minis-
tro do Supremo Tribunal Federal:
A inelegibilidade absoluta consiste em impedimento eleitoral para qualquer cargo eletivo. O indi-
víduo que se encontrar em uma das situações descritas pela Constituição Federal, como de inele-
gibilidade absoluta, não poderá concorrer à eleição alguma, ou seja, não poderá pleitear nenhum 
mandato eletivo. Refere-se, pois, a determinada característica da pessoa que pretende candidatar-
-se, e não ao pleito ou mesmo cargo pretendido. A inelegibilidade absoluta é excepcional e somen-
te pode ser estabelecida, taxativamente, pela própria Constituição Federal.
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Inelegibilidades I
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Quanto à abrangência, a inelegibilidade pode ser atual ou superveniente:
• Inelegibilidade atual: é aquela que se encontra presente na ocasião em que o cidadão 
postula o registro de candidatura, pois, como sabemos:
As condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da 
formalização do pedido de registro da candidatura (art. 11, § 10º, da Lei n. 9.504/1997);
• Inelegibilidade superveniente: é aquela surgida entre a data do registro de candidatura 
e a eleição, por exemplo, a publicação, nesse período, de acórdão do TRE, que condenou 
o cidadão em uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral, nos termos do art. 1º, I, d, da 
LC n. 64/90. Essa espécie de inelegibilidade pode ser levada a efeito no Recurso Contra 
Expedição de Diploma – RCED.
Quanto à origem, classifica-se em inata ou cominada:
• Inelegibilidade inata ou originária – é aquela que decorre do status ocupado pelo ci-
dadão, independentemente de qualquer conduta, lícita ou ilícita, de sua parte ou de 
terceiros em seu proveito. Como exemplo característico, temos a inelegibilidade do 
analfabeto;
• Inelegibilidade cominada ou inelegibilidade sanção – é aquela que decorre da prática 
de ilícitos e é decretada na própria decisão condenatória. Ocorre no caso de procedên-
cia da Ação de Investigação Judicial Eleitoral, prevista no art. 22 da LC n. 64/90.
Quanto ao modo de incidir, a inelegibilidade pode ser direta ou reflexa:
• Inelegibilidade direta: é aquela que incide sobre o próprio autor do fato que a origina;
• Inelegibilidade reflexa ou indireta: é aquela que incide sobre terceiros.
Exemplo típico é o impedimento para concorrer às eleições na circunscrição dos parentes do 
chefe do executivo local.
E, finalmente, a classificação quanto à fonte, que as dividem em constitucional e infra-
constitucional:
• Inelegibilidade constitucional: é aquela prevista diretamente no texto constitucional, 
tais como a inelegibilidade reflexa dos parentes do chefe do executivo;
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DIREITO ELEITORAL
• Inelegibilidade infraconstitucional: é aquela prevista em lei complementar, atualmente 
a LC n. 64/90.
Aproveitando essa última classificação, vamos, didaticamente, dividir o estudo das inele-
gibilidades em constitucionais e infraconstitucionais.
4. inelegibilidAdes ConstituCionAis
A Constituição Federal enumera as seguintes hipóteses de inelegibilidade:
• inalistabilidade;
• analfabetismo;
• terceiro mandato consecutivo para o mesmo cargo;
• incompatibilidade com o cargo ocupado;
• reflexa por parentesco.
As inelegibilidades estabelecidas no art. 14, §§ 4º a 7º, da Constituição Federal serão es-
tudadas no tópico seguinte.
4.1. inelegibilidAde dos inAlistáveis
A inelegibilidade decorrente da inalistabilidade está prevista no art. 14, § 4º, da CF/88 nos 
seguintes moldes: “Art. 14, § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos”.
Nos termos do art. 14, § 2º, da CF/88, são inalistáveis os estrangeiros e, durante o período 
do serviço militar obrigatório, os conscritos.
Art. 14, § 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço 
militar obrigatório, os conscritos.
Logo, pela dicção constitucional, incide a inelegibilidade sobre os estrangeiros, os cons-
critos e os analfabetos.
Trata-se de inelegibilidade absoluta. Assim, enquanto perdurar o status de inalistável, o 
indivíduo não poderá concorrer a qualquer cargo público.
Não obstante à existência de previsão constitucional, a doutrina critica a ideia de que 
sobre os inalistáveis incide uma inelegibilidade. Segundo argumentam, esses indivíduos 
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Inelegibilidades I
DIREITO ELEITORAL
não podem seque adquirir ou titularizar direitos políticos no Brasil. No outro vértice, a ine-
legibilidade é uma causa impeditiva ao direito de ser votado, ou seja, daquele que, em tese, 
possui tais direitos.
Assim, concluem não ser possível criar obstáculos ao exercício de tais direitos pelos 
inalistáveis, pois eles sequer os possuem. Asseveram tratar de uma previsão constitucional 
atécnica. Nesse sentido, José Jairo Gomes (2017, p. 207) consigna que:
Impende registrar a falta de técnica da Constituição ao erigir o transcrito § 4º, pelo qual são ‘ine-
legíveis os inalistáveis’. Inalistáveis são os estrangeiros e, durante o período de serviço militar 
obrigatório, os conscritos (CF, art. 14, § 2º). É assente que o alistamento eleitoral condiciona a 
própria cidadania. Enquanto o inalistável não apresenta capacidade eleitoral ativa nem passiva, o 
inelegível encontra-se privado da segunda. Assim, a tautológica dicção constitucional afirma ser 
inelegível aquele que, por ser inalistável, já não o seria de qualquer forma.
Em relação aos analfabetos, vamos estudá-los em tópico próprio a seguir.
4.2. inelegibilidAde dos AnAlfAbetos
Esta é a previsão contida no art. 14, § 4º, da CF/88, in verbis: “Art. 14. Omissis. § 4º São 
inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos”.
Pelo texto constitucional, o analfabeto não pode exercer a capacidade eleitoral passiva – 
ius honorum -, ou seja, não pode ser candidato. Entretanto, friso, a ele é facultado o exercício 
da capacidade eleitoral ativa – ius sufragii -, pois a CF/88 deixou ao seu arbítrio o alistamento 
e, uma vez alistado, o exercício do voto.
Acerca da justificativa de tal restrição, Branco, Carvalhedo e Kalkmann (2017, p. 71) con-
signam que:
A restrição ao exercício de mandatos eletivos por analfabetos justifica-se em razão da necessida-
de de conhecimento linguístico básico para bem gerir a coisa pública, visto que o Estado se organi-
za em uma estrutura burocratizada. Assim, o candidato deverá ser capaz de exercer pessoalmente 
e com autonomia o mandato para o qual foi escolhido
A grande discussão sobre esse tema repousa no conceito de analfabetismo para fins elei-
torais. Para alguns, analfabeto é aquele que não sabe ler ou escrever, ou seja, que não domina 
noções básicas do idioma nacional, emface de uma exigência mínima de compreensão da 
escrita. É aquele, segundo esse entendimento, que nem sequer sabe escrever o próprio nome.
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Inelegibilidades I
DIREITO ELEITORAL
Para outros, o conceito de analfabetismo é mais abrangente e alcança os analfabetos 
funcionais ou os semialfabetizados, ou seja, aqueles que – mesmo sabendo escrever o nome 
e compreendendo algumas palavras – não possuem a capacidade, por exemplo, de ler, com-
preender ou redigir um texto. Nessa acepção, seriam inelegíveis aqueles com severa dificul-
dade de leitura e expressão escrita.
Na visão de José Jairo Gomes (2017, p. 207-208), analfabeto é:
Quem não domina um sistema escrito de linguagem, carecendo dos conhecimentos necessários 
para ler e escrever um texto simples em seu próprio idioma. Assim, a noção de analfabetismo 
prende-se ao domínio da escrita e da compreensão de textos, ainda que singelos. Por outro lado, 
o domínio de tal sistema em algum grau justifica o status de alfabetizado – ou, pelo menos, de 
semialfabetizado.
A orientação da jurisprudência do TSE é no sentido de que candidatos semialfabetizados 
– que ao menos leiam e escrevam seus nomes ou algumas palavras e disponham de um dis-
cernimento mínimo – podem ter o pedido de registro de candidatura deferido. A esse respeito, 
veja o seguinte julgado do TSE:
Inelegibilidade. Analfabetismo.
1. A jurisprudência do Tribunal é pacífica no sentido de que as restrições que geram as 
inelegibilidades são de legalidade estrita, vedada a interpretação extensiva.
2. Essa orientação aplica-se, inclusive, quanto à configuração da inelegibilidade do art. 
14, § 4º, da Constituição Federal, devendo ser exigido apenas que o candidato saiba ler e 
escrever, minimamente, de modo que se possa evidenciar eventual incapacidade abso-
luta de incompreensão e expressão da língua.
3. Não é possível impor restrição de elegibilidade, por meio da utilização de critérios rigo-
rosos para a aferição de alfabetismo. [...]” (AgR/REspe n. 4248-39/SE, rel. Min. Arnaldo 
Versiani, DJe de 4.9.2012).
Essa concepção branda do conceito de analfabetismo está em consonância com o en-
tendimento de que as causas de inelegibilidade, dentre as quais se inclui o analfabetismo 
previsto no art. 14, § 4º, da CF/1988, devem ser interpretadas restritivamente.
A título de exemplo, o TSE admitiu a comprovação de alfabetização de candidato com 
deficiência visual por meio de declaração de escolaridade de próprio punho, firmada na presença 
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de servidor da Justiça Eleitoral. Acrescento que, por óbvio, não se exigiu do deficiente visual a 
formação em braile. Confira o julgado:
6. A aferição da alfabetização deve ser feita com o menor rigor possível. Sempre que o 
candidato possuir capacidade mínima de escrita e leitura, ainda que de forma rudimen-
tar, não poderá ser considerado analfabeto para fins de incidência da inelegibilidade em 
questão. Precedentes.
8. No caso, o candidato, com deficiência visual adquirida, comprovou sua alfabetização 
por meio de declaração de escolaridade de próprio punho, firmada na presença de ser-
vidor da Justiça Eleitoral. Ficou demonstrado, portanto, que possui capacidade mínima 
de leitura e escrita.
9. Não há que se exigir alfabetização em braille de candidato deficiente visual para fins 
de participação no pleito. Para promover o acesso das pessoas com deficiência aos 
cargos eletivos, deve–se aceitar e facilitar todos os meios, formas e formatos acessí-
veis de comunicação, à escolha das pessoas com deficiência. (RO n. 0602475-18/SP, rel. 
Min. Luís Roberto Barroso, PSESS de 18.9.2018).
Na linha da jurisprudência do TSE, a comprovação da condição de alfabetizado, a ser 
realizada nos autos do processo de registro de candidatura, deve ser feita, inicialmente, pela 
apresentação de comprovante escolar.
Havendo dúvida acerca da veracidade do documento, o cidadão pode firmar declaração 
de próprio punho, na presença do juiz ou servidor da Justiça Eleitoral (REspe n. 36-91/
SE, rel. Min. Luiz Fux, DJe 2.6.2017).
Neste caso, destaco, a declaração deve ser assinada na presença do juiz ou servidor 
da Justiça Eleitoral, sob pena de se tornar inservível para comprovação da condição de 
alfabetizado (REspe n. 81-53/PE, rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 23.10.2012).
Esgotados os demais meios de prova e permanecendo ainda dúvida a respeito da con-
dição de alfabetizado, o juiz eleitoral pode, se assim concordar o candidato, submetê-lo ao 
chamado “teste de alfabetização”.
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Acerca desse meio hábil de prova, temos que não há padronização na forma de realização 
do teste. Aliás, recentemente, essa proposta foi rejeitada pelo TSE sob o fundamento, entre 
outros, de que:
A própria realidade multifacetada da sociedade brasileira desaconselha que o analfa-
betismo seja avaliado por critérios rígidos, abstratos e estanques (PA n. 513-71/GO, rel. 
Min. Luiz Fux, DJe de 13.6.2018);
O comparecimento do candidato para realizar o teste não é obrigatório, pois ele não está 
obrigado a produzir prova contra si. (REspe n. 2349-56/SP, rel. Min. Henrique Neves da 
Silva, PSESS de 23.9.2014).
Deve ser feito em ambiente reservado que não exponha o candidato à situação vexató-
ria, como, por exemplo, a realização de teste coletivo em ambiente público e de caráter 
solene (REspe n. 1088-31/PB, rel. Min. Gomes de Barros, PSESS de 17.8.2004). O essen-
cial para a validade do teste e não trazer constrangimento para o candidato, razão pela 
qual ainda que o teste não seja coletivo, se houver o constrangimento do candidato, 
será considerado ilegítimo (AgR/REspe n. 24.343/BA, rel. Min. Gilmar Mendes, PSESS de 
11.10.2004).
Ainda sobre os meios de prova, a jurisprudência do TSE firmou-se no sentido de ser, por 
si só, insuficiente para provar a condição de alfabetizado o exercício de mandato eletivo, nos 
termos da Súmula 15 do TSE.
Súmula 15 do TSE
O exercício de mandato eletivo não é circunstância capaz, por si só, de comprovar a con-
dição de alfabetizado do candidato.
De modo diverso, o TSE entende que a CNH gera presunção da condição de alfabetizado 
do candidato, tendo, inclusive, sumulado a matéria. Confira:
Súmula 55 do TSE
A Carteira Nacional de Habilitação gera a presunção da escolaridade necessária ao defe-
rimento do registro de candidatura.
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Branco, Carvalhedo e Kalkmann explicam que isso ocorre em razão das habilidades de ler 
e escrever serem requisitos para a obtenção da habilitação para conduzir veículo, conforme 
art. 140, II, do Código de Trânsito Brasileiro.
4.3. inelegibilidAde pArA o terCeiro MAndAto ConseCutivo no 
MesMo CArgo
Em 1997, a EC n. 16 modificou a redação do art. 14, § 5º, da CF/88, e criou o instituto da 
reeleição no Brasil. Pela importância do dispositivo constitucional, transcrevo-o:
Art. 14, § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefei-
tos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para 
um único período subsequente. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 16, de 1997)
Ao estabelecer a possibilidade de reeleiçãopara apenas um único período subsequente, o 
novo texto constitucional fixou, por uma interpretação lógica, a regra impeditiva do exercício 
do terceiro mandato no mesmo cargo para o chefe do Poder Executivo e seu vice.
O artigo constitucional, adianto, não previu a necessidade de desincompatibilização/re-
núncia dos ocupantes de cargos do Poder Executivo para concorrer à reeleição.
4.3.1. Reeleição: Justificativas
O texto original do art. 14, § 5º, da CF/88, não previa a possibilidade de reeleição para 
os chefes do Poder Executivo. Ao contrário, em consonância com a ideia de temporalidade 
dos mandatos e a necessidade de alternância do titular da chefia do Poder Executivo, como 
consequência da adoção forma republicana de governar, afirmava expressamente que esses 
mandatários eram inelegíveis para os cargos ocupados no período subsequente.
Todavia, sob o argumento de que o período de quatro anos era insuficiente para garantir 
a finalização de projetos relevantes para o país, o que acarretava, diante da possibilidade de 
mudanças abruptas na orientação ideológica do Governo, descontinuidade na Administração 
e enormes prejuízos financeiros e sociais para a população, o Congresso Nacional promulgou, 
em 1997, a EC n. 16, que alterou a redação do art. 14, § 5º, do texto constitucional.
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A nova redação do dispositivo constitucional, vigente até hoje, autoriza expressamente a 
possibilidade de reeleição dos chefes do Poder Executivo, mas, atendendo ao princípio repu-
blicano, que impede a perpetuação no poder, apenas para um único período subsequente, nas 
três esferas de poder: municipal, estadual e federal.
Nessa compreensão, a jurisprudência do TSE fixou entendimento de que o instituto da re-
eleição veio para homenagear a continuidade administrativa e, restrito pelo texto constitucio-
nal a um único período subsequente, atendeu também ao princípio republicano da alternância 
de poder. Confira:
O instituto da reeleição tem fundamento não somente no postulado da continuidade 
administrativa, mas também no princípio republicano, que impede a perpetuação de 
uma mesma pessoa na condução do Executivo, razão pela qual a reeleição é permitida 
por apenas uma única vez. Portanto, ambos os princípios - continuidade administrativa 
e republicanismo - condicionam a interpretação e a aplicação teleológica do art. 14, § 
5º, da Constituição. A reeleição, como condição de elegibilidade, somente estará presente 
nas hipóteses em que esses princípios forem igualmente contemplados e concretizados. 
Não se verificando as hipóteses de incidência desses princípios, fica proibida a reeleição.
(REspe n. 109-75/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, PSESS de 14.12.2016).
4.3.2. Reeleição: Configuração
A vedação ao terceiro mandato sucessivo, imposta pelo art. 14, § 5º, da CF/88, alcança, além 
dos titulares dos cargos, quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos.
Os termos sucessão e substituição se distanciam conceitualmente. Para fins de incidên-
cia da inelegibilidade do art. 14, § 5º, da CF/88, o TSE entende que na substituição ocorre o 
exercício temporário em decorrência de impedimento do titular, enquanto na sucessão a as-
sunção é definitiva em virtude da vacância do cargo de titular.
Assim:
A sucessão tem contornos de definitividade e pressupõe a titularização do mandato 
pelo vice (único sucessor legal do titular), razão pela qual a sucessão qualifica-se como 
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exercício de um primeiro mandato, sendo facultado ao sucessor pleitear apenas uma 
nova eleição, seja qual for o período da sucessão (REspe n. 109-75/MG, rel. Min. Gilmar 
Mendes, PSESS de 14.12.2016).
Já a substituição tem sempre caráter transitório e pressupõe justamente o retorno do 
titular. Nesses casos, o TSE passou a entender que:
O vice que não substituiu o titular dentro dos seis meses anteriores ao pleito poderá 
concorrer ao cargo deste, sendo-lhe facultada, ainda, a reeleição, por um único período 
(Cta n. 1.058/DF, rel. Min. Humberto Gomes de Barros, julgada em 1º.6.2004). 
De outro modo, aquele que substituiu o titular nos seis meses antes da eleição, poderá 
candidatar-se, uma única vez, para o cargo ocupado, sendo certo que, por ficção jurídica, 
considera-se aquela substituição como se eleição fosse (REspe n. 109-75/MG, rel. Min. 
Gilmar Mendes, PSESS de 14.12.2016).
Situação bastante ilustrativa da diferenciação entre a substituição interina e sucessão 
definitiva ocorre nos casos de dupla vacância em que o presidente da Câmara assume in-
terinamente o mandato de prefeito e, posteriormente, nas eleições suplementares, é eleito, 
assumindo definitivamente o cargo.
Nesse caso, somente a assunção ao cargo decorrente da eleição suplementar – mandato 
tampão - é computada para fins de reeleição. Nesse sentido:
O Presidente da Câmara dos Vereadores que desempenhara temporariamente o cargo 
de Prefeito em decorrência da vacância dos cargos de Prefeito e Vice-Prefeito e que 
fora eleito, em eleições suplementares (“mandato-tampão”), à chefia do Poder Executivo 
municipal poderá concorrer ao mesmo cargo na eleição subsequente, porquanto a inte-
rinidade do cargo não encerra primeiro mandato para fins de exame da inelegibilidade 
por motivo de reeleição, ante a exegese teleológica e sistemática do art. 14, § 5º, da 
Constituição da República.
(Cta n. 125-37/DF, rel. Min. Luiz Fux, DJe de 10.9.2015)
Em um apanhado geral da jurisprudência, verifica-se que o exercício de mandato para fins 
de incidência do art. 14, § 5º, da CF/88 (reeleição), resta configurado independentemente de:
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• Cassação do mandato pela Justiça Eleitoral (REspe n. 23.404/PB);
• Renúncia do cargo (Cta n. 994/DF).
De igual modo, fica configurado o exercício de mandato para aquele que:
• Sucedeu o titular no curso do mandato em caráter definitivo, notadamente nos casos 
de mandato tampão (Cta n. 23048/DF);
• Substituiu ou sucedeu o titular nos últimos seis meses antes do pleito (REspe n. 
109-75/MG).
A contrário da regra que assenta a configuração de um mandato para aquele que subs-
tituiu o chefe do Poder Executivo nos últimos seis meses antes do pleito, pode-se afirmar 
que, se essa substituição, de caráter transitório, ocorrer antes desse prazo fatal, não ficará 
configurado o desempenho de mandato autônomo para fins de reeleição. Essa é a pacífica 
jurisprudência do TSE:
Consoante o disposto no art. 14, § 5º, da CF/88 e o entendimento do TSE e do STF acerca 
da matéria, eventual substituição do chefe do Poder Executivo pelo respectivo vice ocor-
rida no curso do mandato e fora do período de seis meses anteriores ao pleito não con-
figura o desempenho de mandato autônomo do cargo de prefeito.
(REspe n. 70-55/BA, rel. Min. Nancy Andrighi, PSESS de 11.12.2012)
4.3.3. Alcance da Vedação ao Terceiro Mandato: Cargos do Poder Executivo
O art. 14, § 5º da CF/88, que proíbe o detentor de mandato eletivo concorrer ao mesmo 
cargo por três mandatos consecutivos, aplica-se somente aos chefes do Poder Executivo. 
Essa norma constitucional proibitiva não alcança os membros do Poder Legislativo, razão 
pela qual os deputados federais, estaduais e distritais, os senadores e vereadores podem se 
reeleger por vários mandatos consecutivos.
4.3.4. Alcance da Vedação ao Terceiro Mandato: Mesmo Cargo e Períodos 
SucessivosA expressa autorização da reeleição para um único mandato subsequente conduz, por ób-
vio, a conclusão de que não é possível concorrer a um terceiro mandato para o mesmo cargo, 
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incluindo nessa proibição tanto o chefe do Poder Executivo quanto o seu vice, ainda que este 
tenha exercido o mandato com prefeitos diferentes. Nesse sentido, a jurisprudência do TSE:
Ao ocupante de dois mandatos consecutivos de vice-prefeito é vedado candidatar-se 
ao mesmo cargo no pleito seguinte, sob pena de restar configurado o exercício de três 
mandatos sucessivos.
Tal vedação persiste ainda que, em cada um dos mandatos, o referido vice tenha exer-
cido o cargo com prefeitos de diferentes chapas. (Cta n. 1557/DF, rel. Min. Felix Fischer, 
DJe de 15.4.2008).
Obs.: � sublinho que a CF/88 impede apenas que haja o exercício de mais de dois mandatos 
consecutivos, mas não o exercício de vários mandatos intercalados.
Ademais, a proibição é apenas para o mesmo cargo, conforme pacífica jurisprudência do 
TSE. Confira:
1. É vedado ao vice-prefeito reeleito se candidatar ao mesmo cargo, sob pena de restar 
configurado o exercício de três mandatos sucessivos.
2. Vice-prefeito reeleito pode se candidatar ao cargo de prefeito nas eleições seguintes 
ao segundo mandato. (Cta n. 1469/DF, rel. Min. Arnaldo Versiani, DJ de 10.12.2007).
Contudo, essa regra guarda uma exceção.
No caso de o titular da chefia do Executivo já ter exercido dois mandatos sucessivos, fica 
vedada sua candidatura ao cargo de vice na eleição subsequente, uma vez que, na linha 
sucessória, poderia ocupar novamente a chefia do executivo (Cta n. 768/DF, rel. Min. 
Sálvio de Figueiredo, DJ de 19.7.2002).
4.3.5. Alcance da Vedação ao Terceiro Mandato: Parentes do Titular do Cargo
Ao término do primeiro mandato, não há qualquer empecilho para que o próprio mandatá-
rio concorra à reeleição. Também não há óbice que seu cônjuge ou parente consanguíneo ou 
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afim, até o segundo grau, suceda-o no cargo; mas, nesse caso, como veremos, o titular deve 
renunciar ao cargo antes dos seis meses da eleição.
Não obstante, interpretando conjuntamente o art. 14, §§ 5º e 7º, da CF/88, é forçoso con-
cluir que, ao término do segundo mandato consecutivo, nem o mandatário, nem seu cônjuge 
ou parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau, poderão, no pleito imediatamente 
subsequente, concorrer ao cargo por ele ocupado.
Com efeito, a CF/1988 adota o princípio republicano e, consequentemente, impede a per-
petuação de grupos familiares no poder e a patrimonialização ou privatização de cargos pú-
blicos eletivos. Nessa esteira, veja o seguinte julgado do TSE:
1. O art. 14, §§ 5º e 7º, da Lei Fundamental, segundo a sua ratio essendi, destina-se a 
evitar que haja a perpetuação ad infinitum de uma mesma pessoa ou de um grupo fami-
liar na chefia do Poder Executivo, de ordem a chancelar um (odioso) continuísmo fami-
liar na gestão da coisa pública, amesquinhando diretamente o apanágio republicano de 
periodicidade ou temporariedade dos mandatos político-eletivos.
2. Os §§ 5º e 7º do art. 14 da CRFB/88, compõem a mesma equação legislativa, de 
vez que interligados umbilicalmente pela teleologia subjacente, de maneira que se faz 
necessária uma interpretação sistemática das disposições contidas nos §§ 5º e 7º do 
art. 14 da Constituição da República, no afã de (i) afastar a inelegibilidade do cônjuge e 
dos parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau, de Presidente da República, 
de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal e de Prefeito, para o mesmo 
cargo, quando o titular for reelegível e (ii) estender para o cônjuge e os parentes con-
sanguíneos ou afins, até o segundo grau, dos ocupantes dos cargos ora ventilados, a 
vedação do exercício de terceiro mandato consecutivo nos mesmos cargos dos titulares.
(Cta n. 11726/DF, rel. Min. Luiz Fux, DJe de 12.9.2016).
4.3.6. Prefeito Itinerante
A expressão “prefeito itinerante” ou “prefeito profissional” é de origem jurisprudencial.
O art. 14, § 5º, da CF/88 estabelece apenas que é vedado ao titular do mandato reeleito se 
candidatar para um terceiro mandato no mesmo cargo. Ao analisar o alcance desse disposi-
tivo no RE n. 637485, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. em 01.08.2012, o STF, sob o regime da reper-
cussão geral, firmou o entendimento de que sua escorreita interpretação torna inelegível para 
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o cargo de chefe do Poder Executivo o cidadão que já exerceu dois mandatos consecutivos 
em cargo da mesma natureza, ainda que em ente da federação diverso.
Assevera a Suprema Corte que essa interpretação seria necessária, à luz do princípio re-
publicano, para impedir a perpetuação de uma mesma pessoa no poder, criando a figura do 
“prefeito itinerante”.
No caso de prefeito, a vedação alcançaria municípios do próprio estado ou mesmo aqueles 
localizados em outro ente da Federação. Confira, no que interessa, a ementa do leading case:
O instituto da reeleição tem fundamento não somente no postulado da continuidade 
administrativa, mas também no princípio republicano, que impede a perpetuação de 
uma mesma pessoa ou grupo no poder. O princípio republicano condiciona a interpreta-
ção e a aplicação do próprio comando da norma constitucional, de modo que a reeleição 
é permitida por apenas uma única vez.
O art. 14, § 5º, da Constituição, deve ser interpretado no sentido de que a proibição da 
segunda reeleição é absoluta e torna inelegível para determinado cargo de Chefe do 
Poder Executivo o cidadão que já exerceu dois mandatos consecutivos (reeleito uma 
única vez) em cargo da mesma natureza, ainda que em ente da federação diverso.
(RE n. 637485/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 20.5.2013)
Essa vedação, contudo, não incide sobre o cônjuge e os parentes, consanguíneos ou afins, 
até o segundo grau ou por adoção, do titular em segundo mandato, que queiram se candidatar 
em município diverso, ainda que seja próximo e nele o titular exerça influência política. É o que 
assentou o TSE ao apreciar, recentemente, o REspe n. 19257/AL. Confira, no que interessa, a 
ementa do julgado:
A hipótese de inelegibilidade denominada “prefeito itinerante” ou “prefeito profissional”, 
reconhecida pelo STF (RE n. 637.485/RJ) e por esta Corte Superior, a partir da interpre-
tação do ad. 14, § 5º, da CF, não fulmina o pedido de registro de candidatura do primeiro 
agravado, colateral em segundo grau do prefeito reeleito do Município de Nossa Senhora 
do Socorro/SE, cidade limítrofe com São Cristóvão/SE, pois a inelegibilidade reflexa ou 
em razão de parentesco prevista no ad. 14, § 70, da CF é restrita ao “território de jurisdi-
ção do titular”. (REspe n. 22071/SE, rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 19.4.2017).
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Alerto, todavia, que o TSE, nesse mesmo julgado, reafirmou o entendimento fixado na Cta 
n. 1811-06/DF, no sentido de que a tese restritiva do “prefeito itinerante” se aplica ao côn-
juge e parentes de prefeito reeleito, desde que se candidatem em município resultante de 
desmembramento, incorporação ou fusão realizada na legislatura imediatamente anteriorao 
pleito. Confira:
Na linha da jurisprudência desta Corte Superior, cônjuge e parentes de prefeito reeleito 
são elegíveis em outra circunscrição eleitoral, ainda que em município vizinho, desde 
que este não resulte de desmembramento, incorporação ou fusão realizada na legisla-
tura imediatamente anterior ao pleito.
(REspe n. 22071/SE, rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 19.4.2017)
4.4. inelegibilidAde deCorrente dA inCoMpAtibilidAde CoM o CArgo 
oCupAdo
Como já afirmamos, o art. 14, § 5º, da CF/88, com redação dada pela EC n. 16 de 1997, não 
previu a necessidade de desincompatibilização/renúncia dos ocupantes de cargos do Poder 
Executivo para concorrer à reeleição.
De outro modo, quando os chefes do Poder Executivo desejarem se candidatar a cargo 
diverso do que ocupam, devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do 
pleito. É o que afirma o art. 14, § 6º, da CF/88:
Art. 14, § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Es-
tado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses 
antes do pleito.
Embora pareça desarrazoada que a renúncia seja exigida para concorrer a cargos diversos 
e desnecessária para concorrer ao cargo ocupado, o STF já decidiu pela constitucionalidade 
da norma. Confira:
A EC 16/1997 não alterou a norma do § 6º do art. 14 da Constituição. Na aplicação do 
§ 5º do art. 14 da Lei Maior, na redação atual, não cabe, entretanto, estender o disposto 
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no § 6º do mesmo artigo, que cuida de hipótese distinta. A exegese conferida ao § 5º 
do art. 14 da Constituição, na redação da EC 16/1997, ao não exigir desincompatibiliza-
ção do titular para concorrer à reeleição, não ofende o art. 60, § 4º, IV, da Constituição, 
como pretende a inicial, com expressa referência ao art. 5º, § 2º, da Lei Maior. Não são 
invocáveis, na espécie, os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, da isonomia 
ou do pluripartidarismo, para criar, por via exegética, cláusula restritiva da elegibilidade 
prevista no § 5º do art. 14 da Constituição, na redação da EC 16/1997, com a exigência 
de renúncia seis meses antes do pleito, não adotada pelo constituinte derivado. (ADI 
1.805-MC, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ de 14/11/2003).
Essa exigência de renunciar ao mandato até seis meses antes do pleito para concorrer a 
cargo diverso não alcança os que exerçam o cargo de vice, desde que estes não tenham subs-
tituído o titular do mandato nos últimos seis meses anteriores ao pleito, consoante dispõe o 
art. 1º, § 2º, da LC n. 64/1990.
No mesmo sentido, posiciona-se a jurisprudência do TSE. Confira:
Ademais, a teor do art. 1º, § 2º, da LC 64/90, “o Vice-Presidente, o Vice-Governador e o 
Vice-Prefeito poderão candidatar-se a outros cargos, preservando os seus mandatos 
respectivos, desde que, nos últimos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, não tenham 
sucedido ou substituído o titular”. (REspe n. 78-66/MA, rel. Min. Herman Benjamin, DJe 
de 31.10.2017).
Contudo, se o vice se tornar titular do mandato e desejar ser eleito para outro cargo, 
inclusive para o próprio cargo que ocupava – o de vice -, deverá renunciar ao mandato 
que ocupa até seis meses antes do pleito, para afastar a inelegibilidade (Cta n. 1179/DF, 
rel. Min. Marco Aurélio, DJ de 13.3.2006).
Por fim, recentemente, o TSE decidiu que esse prazo de renúncia pode ser mitigado no 
cenário excepcional em que ocorrem as eleições suplementares (RO n. 86-33/TO, rel. Min. 
Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, PSESS de 29.5.2018).
4.5. inelegibilidAde reflexA ou por pArentesCo
O art. 14, § 7º, da CF/88 estabelece que:
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Inelegibilidades I
DIREITO ELEITORAL
Art. 14, § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consan-
guíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de 
Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis 
meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição
O dispositivo constitucional traz à lume a chamada inelegibilidade reflexa ou por paren-
tesco, cujo objetivo, segundo Jorge, Liberato e Rodrigues (2017, p. 122), visa:
(i) evitar que o chefe do executivo beneficie seus parentes e seu cônjuge ou companheiro, usando 
a máquina administrativa em favor destes, em agressão frontal à democracia, e (ii) impedir que 
grupos familiares se perpetuem no poder.
Pelo texto constitucional, são inelegíveis para os cargos de chefe do Poder Executivo (Pre-
feito, Governador e Presidente da República), bem como para qualquer outro cargo eletivo no 
território de jurisdição do titular do mandato, os parentes consanguíneos ou afins em linhas 
reta ou colateral, até o segundo grau ou adoção, mais especificamente:
• Cônjuge;
• Parentes consanguíneos – pai, mãe, filhos, irmãos, avós, netos;
• Parentes afins, ou seja, originados de vínculo matrimonial – sogro, genro, nora, cunha-
do, sogro-avô, sogra-avó, genro-neto, nora-neta;
Tendo como parâmetro a jurisdição do titular para aferir o alcance da vedação constitu-
cional, os parentes do prefeito são inelegíveis no município em que este é o titular do manda-
to, os do Governador, no respectivo estado da Federação que governa e os do Presidente, em 
todo país, conforme já decidiu o TSE. Confira:
O art. 14, § 7º, da CR, abarca a hipótese de candidatura ao cargo de Vereador, quando 
o candidato é parente (cônjuge e parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau 
ou por adoção) do Presidente da República. (REspe n. 29730/SP, rel. Min. Félix Fischer, 
PSESS de 18.9.2008).
No mesmo sentido:
Eleições 2012. Registro de candidatura. Recurso Especial. Inelegibilidade. Art. 14, § 7º, 
da Constituição Federal. Governador. Filha. Candidata. Vereador. Indeferimento.
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- Se o município estiver em área de jurisdição do governador, incide a causa de inelegibi-
lidade do § 7º do art. 14 da Constituição Federal. (REspe n. 63220/RS, rel. Min. Henrique 
Neves da Silva, DJe de 22.3.2013).
Destaco que o TSE já assentou que os afins dos cônjuges não são afins entre si. Assim, a 
título de exemplo, é possível concunhado de prefeito, ainda que este não tenha se desincom-
patibilizado nos seis meses anteriores ao pleito, ser candidato à chefia do Poder Executivo 
(Cta n. 1561/DF, rel. Min. Caputo Bastos, DJ de 15.5.2008).
Branco, Carvalhedo e Kalkmann (2017, p. 37) nos lembram que essa inelegibilidade é ex-
tensível aos que vivem em união estável ou em concubinato:
A jurisprudência do TSE é uníssona em considerar a inelegibilidade extensível aos companheiros, 
àqueles que vivem em convivência marital de união estável, notadamente ante seu conhecimento 
como entidade familiar pela Constituição Federal (art. 226, § 3º) e pelo Código Civil (art. 1,723, § 
1º). O entendimento se aplica ainda ao concubinato (art. 1.727 do Código Civil) e às uniões homo-
afetivas, considerando os fins da norma.
Nos termos da Súmula Vinculante n. 18, a dissolução desse vínculo conjugal, no curso do 
mandato, não afasta a inelegibilidade do art. 14, § 7º, da CF/88. Confira:
A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a 
inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.
Por essa jurisprudência consolidada, impede-seque ex-cônjuges de chefes do Poder Exe-
cutivo possam participar do pleito imediatamente posterior quando a ruptura do vínculo pa-
rental se desfaça no curso do mandato.
Esse entendimento jurisprudencial foi adotado para evitar que eventuais simulações de 
extinção de vínculos matrimoniais ou decorrentes de uniões estáveis sejam levadas a efeito 
com a única finalidade de afastar a aplicação da inelegibilidade reflexa.
Não obstante seja essa a regra, o STF decidiu, no RE n. 758461, que, se a dissolução do 
vínculo conjugal ocorrer em decorrência da morte de um dos cônjuges, não incide sobre o 
sobrevivente a inelegibilidade por parentesco. Confira:
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O que orientou a edição da Súmula Vinculante 18 e os recentes precedentes do STF foi a 
preocupação de inibir que a dissolução fraudulenta ou simulada de sociedade conjugal 
seja utilizada como mecanismo de burla à norma da inelegibilidade reflexa prevista no § 
7º do art. 14 da Constituição. Portanto, não atrai a aplicação do entendimento constante 
da referida súmula a extinção do vínculo conjugal pela morte de um dos cônjuges. (RE n. 
758461/PB, rel. Min. Teori Zavascki, DJe de 29.10.2014).
Em julgado recente, o TSE afirmou que, ocorrendo a morte do chefe do Poder Executivo, 
ainda que em segundo mandato, não há falar sequer em terceiro mandato, caso o cônjuge se 
lance candidato, pois este fato evidencia o rompimento do continuísmo do grupo familiar no 
poder. Confira:
ELEIÇÕES 2016. AGRAVOS INTERNOS. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. REGISTRO DE 
CANDIDATURA. DEFERIDO. CARGO. PREFEITO. ART. 14, §§ 5º E 7º, DA CONSTITUIÇÃO 
DA REPÚBLICA. CANDIDATA CÔNJUGE DE PREFEITO REELEITO FALECIDO NO CURSO 
DO SEGUNDO MANDATO. DISSOLUÇÃO DO VÍNCULO CONJUGAL POR MORTE AFASTA 
INCIDÊNCIA DA INELEGIBILIDADE REFLEXA SOBRE O CÔNJUGE SUPÉRSTITE. ENTEN-
DIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (RE N. 758461/PB). INELEGIBILIDADE NÃO 
INCIDENTE. AGRAVOS DESPROVIDOS.
a) extrai-se da moldura fática do aresto regional que o cônjuge da candidata Recorrida 
desempenhou mandato de prefeito do Município de Santana do Manhuaçu/MG referente 
ao quadriênio 2009-2012 e se sagrou reeleito em 2012, assumindo seu segundo man-
dato na chefia do Poder Executivo Municipal de 2013 a 16.2.2015, data em que faleceu;
b) à luz da orientação jurisprudencial da Suprema Corte, entendo que, no caso concreto, 
não incide sobre a candidata a inelegibilidade prevista no art. 14, §§ 5º e 7º, da Consti-
tuição da República, uma vez que a dissolução do seu vínculo conjugal com o mandatá-
rio do Executivo municipal deu-se em virtude do falecimento deste, no curso do segundo 
mandato, cerca de mais de um ano e meio antes do pleito eleitoral de 2016, fato este que 
evidencia o rompimento do continuísmo do grupo familiar no poder; (REspe n. 177-20/
MG, rel. Min. Luiz Fux, DJe de 2.2.2018).
A inelegibilidade reflexa alcança também sujeitos de uma relação homossexual, como já 
decidiu pelo TSE. Nesse sentido:
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Os sujeitos de uma relação homossexual, à semelhança do que ocorre com os de relação 
estável, de concubinato e de casamento, submetem-se à regra de inelegibilidade pre-
vista no art. 14, § 7º, da Constituição Federal. (REspe n. 24564, rel. Min. Gilmar Mendes, 
PSESS de 1º.10.2004).
A análise dos requisitos para incidência da inelegibilidade por parentesco é objetiva. As-
sim, descabe a justificativa de notória inimizade entre os parentes com o fito de afastá-la. 
Nesse sentido:
- A norma do art. 14, § 7º, da Constituição Federal, que versa hipótese de inelegibili-
dade por parentesco, alcança, além do cônjuge, os parentes consanguíneos ou afins, 
até o segundo grau ou por adoção, do titular do cargo e daquele que o tenha substituído 
dentro dos seis meses anteriores ao pleito.
- A alegação de notória inimizade pessoal e política não afasta a causa da inelegibili-
dade em questão, decorrente, in casu, de parentesco de segundo grau por afinidade. O 
preceito constitucional em tela deve ser aplicado mediante exame estritamente objetivo 
dos casos concretos. (RO n. 592/MA, rel. Min. Barros Monteiro, PSESS de 25.9.2002).
De igual modo, a jurisprudência do TSE já fixou entendimento de que a inelegibilidade do 
§ 7º do art. 14 da CF/88 não alcança parente de vice que não tenha substituído o titular nos 
últimos seis meses do curso do mandato (AgR/REspe n 31-61/PE, rel. Dias Toffoli, PSESS de 
13.12.2012).
De forma expressa na parte final do dispositivo constitucional, a norma também afasta 
do seu campo de incidência situações em que o cônjuge ou parente seja titular de mandato 
eletivo e candidato à reeleição.
Essa situação é bastante interessante e merece uma hipótese didática:
Exemplo: imagine, por hipótese, que nas eleições 2012, Maria, cônjuge de José, tenha sido 
eleita vereadora no Município Campina Grande/PB no Estado da Paraíba. Em 2014, José, seu 
cônjuge, foi eleito Governador do Estado. Em 2016, Maria, mesmo sendo esposa do atual 
Governador, apresenta sua candidatura à reeleição ao cargo de vereadora – mesmo cargo 
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- no Município Campina Grande/PB. Pela regra geral, Maria estaria inelegível, pois a circuns-
crição do cargo exercido por seu marido, Governador, alcança todo o Estado. Porém, consi-
derando que Maria está pleiteando sua reeleição, o juiz eleitoral deve deferir seu registro de 
candidatura, com base na exceção contida na parte final do art. 14, § 7º, da CF/88.
Para finalizar esta matéria, podemos afirmar que, se o cônjuge ou parente da chefia do 
executivo no primeiro mandato desejar se lançar candidato a qualquer cargo na circunscri-
ção, inclusive ao chefe do executivo, será necessário que o titular do mandato (chefe do Poder 
Executivo) renuncie ao cargo antes dos seis meses da eleição, sob pena de incidir sobre o 
candidato a inelegibilidade reflexa ou por parentesco, prevista no art. 14, § 7º, da CF/88. Essa 
regra também se aplica para os parentes do vice que tenha substituído o titular nos últimos 
seis meses do mandato. Confira um precedente:
Aplicação da inelegibilidade constitucional reflexa ainda que o mandatário seja reele-
gível. O cunhado de prefeito é inelegível ao cargo de vereador, na mesma circunscrição, 
salvo se o titular se afastar do cargo 6 (seis) meses antes do pleito. Precedentes. (REspe 
n. 142-42/MG, rel. Min. Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, DJe de 12.8.2019).
Se o titular da chefia do Poder Executivo estiver no segundo mandato, a renúncia do titular 
do mandato antes dos seis meses da eleição não produzirá efeito algum, caso os parentes 
queiram se candidatar ao cargo por ele ocupado, pois, se permitido, estaria caracterizado o 
terceiro mandato, o que é vedado pelo art. 14, § 5º, da CF/88. Nesta situação, caso queiram se 
candidatar a outros cargos, a renúncia do titular do mandato continua obrigatória.
Com isso, finalizamos o estudo das inelegibilidades constitucionais. Agora, vamos come-
çar a estudar as inelegibilidades de natureza infraconstitucionais, instituídas por lei comple-
mentar mediante autorização do art. 14, § 9º, da CF/88.
Vamos lá!
5. inelegibilidAdes infrAConstituCionAis
A criação de inelegibilidades infraconstitucionais está autorizada pelo art. 14, § 9º, da 
CF/88, que transcrevemos:
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Art. 14, § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua 
cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato 
considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a 
influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na adminis-
tração direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão n. 4, de 1994)
A autorização constitucional se dirige especificamente à edição de lei complementar, 
não sendo permitido a criação de inelegibilidades, como já dissemos nesta aula, por 
lei ordinária, lei delegada, medida provisória, decreto, resolução ou resolução do TSE 
(REspe n. 25107/SP, rel. Min. Gomes de Barros, DJ de 12.8.2005).
Antes da edição da lei complementar regulamentadora do art. 14, § 9º, da CF/88, o TSE se 
deparou com questionamentos acerca da sua auto aplicabilidade. Na análise da questão, o 
Tribunal decidiu tratar-se de norma de eficácia limitada, a exigir, portanto, lei específica para 
produzir seus efeitos – Súmula 13 do TSE -, razão pela qual, nos lembra Branco, Carvalhedo 
e Kalkmann (2017, p. 64):
Definiu que os registros de candidatura, à época, somente poderiam ser indeferidos com funda-
mento nas hipóteses expressamente previstas em lei complementar como causa de inelegibilida-
de, não se admitindo a análise judicial da vida pregressa do candidato para considerá-lo inelegível 
enquanto não editada lei sobre a matéria.
Esse entendimento foi confirmado pelo STF na ADPF 144, na qual se decidiu ser inviável 
negar o registro de candidatura com fundamento na vida pregressa do candidato, sem que 
houvesse o trânsito em julgado, na Justiça Comum, das acusações a ele imputadas.
Não obstante já existisse a Lei Complementar n. 64/90 – Lei das Inelegibilidades -, esse 
diploma normativo, por ser anterior à Emenda à Constituição n. 4 de Revisão, não cuidava da 
proteção dos princípios instituídos no art. 14, § 9º, da CF/88.
Somente com a edição da LC n. 135/2010, mais conhecida como Lei da Ficha Limpa, que 
alterou profundamente o LC n. 64/90, o artigo constitucional foi regulamentado, passando 
a incluir hipóteses de inelegibilidade especificamente dirigidas a proteger os bens jurídicos 
nele versados.
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5.1. A CriAção de inelegibilidAdes e o prinCípio dA AnuAlidAde
O princípio da anualidade eleitoral, hospedado no art. 16 da CF/88, prevê que qualquer lei 
que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando 
à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.
Com a edição da LC n. 135, de 4.6.2010, criando hipóteses de inelegibilidade, o STF foi 
instado a se manifestar sobre a incidência da nova legislação às eleições de 2010, uma vez 
que tinha sido editada dentro do ano eleitoral. Contrariando diversas decisões do TSE, a Corte 
Suprema decidiu que a criação de hipóteses de inelegibilidade altera o processo eleitoral e 
determinou a não aplicação do normativo às eleições daquele ano, com base na vedação do 
princípio da anualidade, previsto no art. 16 da CF/88. Confira o leading case:
A LC 135/2010 interferiu numa fase específica do processo eleitoral, qualificada na 
jurisprudência como a fase pré-eleitoral, que se inicia com a escolha e a apresentação 
das candidaturas pelos partidos políticos e vai até o registro das candidaturas na Jus-
tiça Eleitoral. Essa fase não pode ser delimitada temporalmente entre os dias 10 e 30 
de junho (atualmente, entre os dias 20 de julho a 5 de agosto), no qual ocorrem as con-
venções partidárias, pois o processo político de escolha de candidaturas é muito mais 
complexo e tem início com a própria filiação partidária do candidato, em outubro do ano 
anterior. A fase pré-eleitoral de que trata a jurisprudência desta Corte não coincide com 
as datas de realização das convenções partidárias. Ela começa muito antes, com a pró-
pria filiação partidária e a fixação de domicílio eleitoral dos candidatos, assim como o 
registro dos partidos no Tribunal Superior Eleitoral. A competição eleitoral se inicia exa-
tamente um ano antes da data das eleições e, nesse interregno, o art. 16 da Constitui-
ção exige que qualquer modificação nas regras do jogo não terá eficácia imediata para o 
pleito em curso. (RE n. 633703/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 17.11.2011).
5.2. A ApliCAção retroAtivA dA lC n. 135/2010
A Lei da “Ficha Limpa” é compatível com a Constituição e pode ser aplicada a atos e fatos 
ocorridos anteriormente à edição da LC 135/2010.
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DIREITO ELEITORAL
Essa foi a conclusão do Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao julgar, de forma conjun-
ta, procedente pedido formulado em duas ações declaratórias – ADC n. 29 e n. 30 – e impro-
cedente o pedido da ADI n. 4578. Pela importância do julgado, peço permissão para descrever, 
com base da ementa do julgado, os principais fundamentos do acórdão:
• A elegibilidade é a adequação do indivíduo ao regime jurídico – constitucional e legal 
complementar – do processo eleitoral, razão pela qual a aplicação da Lei Complemen-
tar n. 135/10 com a consideração de fatos anteriores não pode ser capitulada na retro-
atividade vedada pelo art. 5º, XXXVI, da Constituição, cuja redação prevê que a lei não 
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
• Não é violado pela Lei Complementar n. 135/10 o princípio constitucional da vedação 
de retrocesso, posto não vislumbrado o pressuposto de sua aplicabilidade concernente 
na existência de consenso básico, que tenha inserido na consciência jurídica geral a 
extensão da presunção de inocência para o âmbito eleitoral;
• O direito político passivo (ius honorum) é possível de ser restringido pela lei nas hipó-
teses que, in casu, não podem ser consideradas arbitrárias, porquanto se adequam à 
exigência constitucional da razoabilidade, revelando elevadíssima carga de reprovabili-
dade social, sob os enfoques da violação à moralidade ou denotativos de improbidade, 
de abuso de poder econômico ou de poder político;
• O princípio da proporcionalidade resta prestigiado pela Lei Complementar n. 135/10, na 
medida em que: (i) atende aos fins moralizadores a que se destina; (ii) estabelece re-
quisitos qualificados de inelegibilidade e (iii) impõe sacrifício à liberdade individual de 
candidatar-se a cargo público eletivo que não supera os benefícios socialmente dese-
jados em termos de moralidade e probidade para o exercício de referido munus público;
• A Lei Complementar n. 135/10 também não fere o núcleo essencial dos direitos políti-
cos, na medida em que estabelece restrições temporárias aos direitos políticos passi-
vos, sem prejuízo das situações políticas ativas;
• O cognominado desacordo moral razoável impõe o prestígio da manifestação legítima 
do legislador democraticamente eleito acerca do conceito jurídico indeterminado de 
vida pregressa, constante do art. 14, § 9º, da Constituição Federal. Aqui ressalto que 
desacordo moral razoável tem origem na ausência de consenso sobre uma questão 
polêmica cujos argumentos contrapostos decorrem de uma conclusão racional;
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DIREITO ELEITORAL• Ausência de inconstitucionalidade na cumulação entre a inelegibilidade e a suspensão 
de direitos políticos.
5.3. vinCulAção dAs Hipóteses de inelegibilidAde Ao Artigo 14, § 9º, 
dA Cf/88
Embora a instituição de novas hipóteses de inelegibilidades possa ser obra do legislador, 
ele não pode criá-las ao seu bel prazer. Em sua gênese, ele deve observar os exatos ditames 
do disposto no art. 14, § 9º, da CF/88, cuja redação remete à vinculação das novas hipóteses 
ao desiderato de proteger:
[...] a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregres-
sa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econô-
mico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
Em suma, as causas infraconstitucionais de inelegibilidade apontam para a proteção dos 
seguintes princípios constitucionais:
• Princípio da probidade administrativa – Princípio previsto no art. 37, caput, da CF, cujo 
teor impõe ao administrador vincular sua atuação nos exatos ditames da moral e da 
ética administrativa, sobretudo por estar sob sua batuta a res pública. Em homenagem 
a esse princípio constitucional, o legislador capitulou, como hipótese de inelegibilidade, 
a desaprovação das contas do gestor público, nos termos do art. 1º, inc. I, alínea ‘g’, da 
Lei Complementar n. 64/1990;
• Princípio da moralidade para o exercício de mandato eletivo, considerada a vida pre-
gressa – Na linha defendida por esse princípio, o exercício de cargo público exige do 
cidadão: lisura, moralidade, responsabilidade, honestidade em suas relações privadas 
e com o Poder Público. Esses requisitos são levados a efeito no registro de candidatura 
por meio de certidões de diversos órgãos públicos, inclusive da própria Justiça Eleitoral.
• Logo, se o candidato tiver “ficha limpa”, poderá, não existindo outro empecilho, partici-
par do pleito; se, por sua vez, o candidato for “ficha suja”, dele estará excluído. Exemplo 
bastante ilustrativo de norma afeta a essa matéria, revela-se no disposto no art. 1º, I, e, 
da LC n. 64/1990, cuja redação assenta a inelegibilidade:
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DIREITO ELEITORAL
[...] para qualquer cargo daqueles que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou 
proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) 
anos após o cumprimento da pena, pelos crimes nela previstos.
• Princípio da normalidade e legitimidade das eleições – As eleições devem refletir a 
vontade popular, e os instrumentos que possam manipular a vontade do eleitor devem 
ser coibidos. Como prática violadora da normalidade e da legitimidade das eleições, 
tem-se o abuso de poder econômico e abuso no exercício de cargo, emprego ou função 
pública, também denominado de abuso de poder político. A esse respeito, o legislador 
previu, no art. 1º, I, d, da LC n. 64/90, a inelegibilidade daqueles que:
[...] tenham contra sua pessoa representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão 
transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de apuração de abuso do 
poder econômico ou político, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem 
como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes.
Apresentados os aspectos gerais sobre as inelegibilidades infraconstitucionais, vamos 
agora estudar, com detalhes, cada uma das inelegibilidades da LC n. 64/90.
5.4. inelegibilidAdes dA lC n. 64/90
Antes de iniciarmos o estudo detalhado de cada uma das inelegibilidades da LC n. 64/90, 
cumpre informar que as inelegibilidades dispostas no art. 1º, alíneas a até q, são de natureza 
absoluta, ou seja, impedem o candidato de concorrer a qualquer cargo, seja municipal, esta-
dual, federal ou presidencial.
Feita essa observação, vamos a elas!
5.4.1. Inelegibilidades dos Inalistáveis e dos Analfabetos - Alínea a
O art. 1º, inciso I, alínea a, da LC n. 64/1990 repete a disposição contida no art. 14, § 4º, da 
Constituição Federal. Esta é a disposição referida: “ Art. 1º São inelegíveis: I – para qualquer 
cargo: a) os inalistáveis e os analfabetos; ”.
Trata-se da inelegibilidade dos inalistáveis e analfabetos já analisada no tópico “Inele-
gibilidades Constitucionais”, motivo pelo qual não vamos aqui renovar o estudo. Caso ainda 
tenha dúvida neste ponto, releia o tópico mencionado.
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Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Inelegibilidades I
DIREITO ELEITORAL
5.4.2. Inelegibilidade Decorrente da Perda de Mandato de Membros do Po-
der Legislativo - Alínea b
O art. 1º, inciso I, alínea b, da LC n. 64/1990, dispõe:
Art. 1º São inelegíveis:
I – para qualquer cargos:
b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa e das 
Câmaras Municipais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infringência do disposto nos 
incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de man-
dato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal, para as 
eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos 
e nos oito anos subsequentes ao término da legislatura.
O art. 55 da CF/88 estabelece que:
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:
I – que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;
II – cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;
Pelo inciso I do artigo 55 da CF/88, a inelegibilidade é aplicável aos membros do Poder 
Legislativo Federal que infringirem qualquer das proibições estabelecidas no art. 54 da CF/88, 
que transcrevo (aqui não adianta, tem que decorar):
Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:
I – desde a expedição do diploma:
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, 
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o con-
trato obedecer a cláusulas uniformes;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis 
ad nutum, nas entidades constantes da alínea anterior;
II – desde a posse:
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contra-
to com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades referidas no inciso I, “a”;
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, “a”;
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.
Pela segunda hipótese – inciso II -, a inelegibilidade decorre da perda do cargo por infrin-
gência do decoro parlamentar.
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Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Inelegibilidades I
DIREITO ELEITORAL
Ressalto que essa inelegibilidade alcança os vereadores e deputados estaduais cassados 
por infringência a dispositivos equivalentes sobre perda de mandato nas Constituições Esta-
duais e Leis Orgânicas dos municípios e do Distrito Federal. Nesse sentido:
Direto do STF
ELEIÇÕES 2016. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDI-
DATURA AO CARGO DE VEREADOR. INDEFERIMENTO PELA CORTE REGIONAL, POR INCI-
DÊNCIA DA CAUSA DE INELEGIBILIDADE PREVISTA NA ALÍNEA “B” DO INCISO I DO ART. 
1º DA LC 64/90. ATOS DE IMPROBIDADE E OFENSA À DIGNIDADE E AO DECORO PARLA-
MENTARES. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
3. Não socorre o recorrente o argumento

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