Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MORFOLOGIA E SISTEMÁTICA DE GIMNOSPERMAS Prof. Rafael Trevisan BOT 5120 – Morfologia e Sistemática Vegetal Plantas com sementes são as mais derivadas traqueófitas: Gimnospermas (sementes nuas) Angiospermas (plantas com flores) Grande inovações evolutivas: •Evolução da semente •Redução na geração gametofítica (o gametófito é dependente nutricionalmente do esporófito) Plantas com semente são hererosporadas; Após a fecundação o zigoto se desenvolve até o estágio embrionário quando o crescimento cessa (dentro da semente). A semente contém tecidos de três gerações: 1. Os tegumentos da semente são da planta mãe (esporófito diplóide) 2. Restos do gametófito feminino 3. O embrião (esporófito jovem) A produção de sementes é a maior razão do sucesso evolutivo das plantas com sementes! Espermatófitas: plantas com sementes Uma das inovações mais importantes durante a evolução das plantas vasculares foi a SEMENTE fator responsável pela dominação das plantas com sementes na flora atual, uma vez que a semente amplia a capacidade de sobrevivência da espécie. proteção e nutrição do embrião nos estágios iniciais Plantas vasculares com sementes = ESPERMATÓFITAS GIMNOSPERMAS ANGIOSPERMAS Espermatófitas: plantas com sementes milho feijão araucária dispersão Longo tempo de evolução permite grandes divergências morfológicas; Muitas linhagens extintas durante a evolução o que dificulta entender as tendências morfológicas no grupo; Registros fósseis podem facilitar esse entendimento; Gimnospermas constituem o grupo irmão das Angiospermas. Gimnospermas Gimnospermas • Ainda há controvérsias quanto a monofilia de Gimnospermas; •Cerca 14 famílias, 75-80 gêneros e 720- 900 espécies. • Constituem a vegetação dominante em muitas regiões frias do hemisfério norte (Taiga, também conhecida por floresta de coníferas, ou ainda floresta boreal) Gimnospermas GIMNOSPERMAS “ sementes nuas” sem dobramento do carpelo nu semente sem ovário = sem fruto comumente apresentam canais resiníferos; estruturas reprodutivas em formato de estróbilos; (Judd et al. 2009) Características Angiospermas Pólen bissacado Fibras (A-D), traqueídes (E-F) e elementos de vaso (G-K) •São lenhosas – árvores, arbustos ou lianas; • Apresentam xilema constituído por traqueídes (exceto Gnetales); • Apresentam reprodução lenta, pode levar até um ano entre a polinização e a fertilização, e a maturação das sementes pode levar até 3 anos; •A polinização é pelo vento na grande maioria (exceto Cycadophyta e algumas Gnetophyta) • Raramente apresentam poliplóides; Gimnospermas Características Folhas grandes, pinadas ou pequenas, simples, cilíndricas, curtas ou longas, escamiformes, geralmente com disposição espiralada; Folhas inseridas por todo o caule ou reunidas em ramos curtos chamados braquiblastos; Mega ou microsporófilos reunidos em densas estruturas unissexuais produzidas na mesma planta (plantas monóicas) ou em plantas diferentes (dióicas); As Gimnospermas possuem raízes, caule, folhas, mega/microsporófilos e sementes, mas não produzem frutos; Fanerógamas de óvulos nus, desprovidas de um perianto (cálice e corola) e de ovário por não haver enrolamento dos megasporófilos (carpelos) durante o seu desenvolvimento; Gimnospermas Características Esporófilos reunidos em estruturas chamadas de estróbilos. ESTRÓBILOS ♂ ( amentos ou amentilhos): estrutura onde cada microsporófilo é uma folha modificada fértil que contém os esporos masculinos (em microsporângios); ESTRÓBILOS ♀ (cones): estrutura onde cada megasporófilo é uma folha modificada fértil que contém os esporos femininos (em megasporângios); Gimnospermas Estróbilo ♀, cone ou pinha Estróbilo ♂: mais frágeis e liberam o pólen Diferentes gerações nas Embriófitas Amarelo: gametófito Azul: esporófito espermatófitas “briófitas” “pteridófitas” Angiospermas Gimnospermas Comparação * Desenvolvimento do óvulo (=rudimento seminal) Ciclo de vida das Gimnospermas GUERRA, MP. ; STEINER, NEUSA ; NODARI, RO. ; MANTOVANI, A. ; SANTOS, K L dos . Araucaria Evolution, ontogenesis and genetic diversity. In: Barbieri, R. L.; Stumpf, E.R.T.. (Org.). (Org.). Origin and evolution of cultivated plants. 1ed ed.Brasilia: , 2012, v. , p. 151-186. Divisão: Cycadophyta: 300 spp., 11 gêneros e 3 famílias; Divisão: Ginkgophyta: uma espécie, Ginkgo biloba; Divisão: Coniferophyta: 525 spp, 67 gêneros, 7 famílias; Divisão: Gnetophyta: 76 spp, 3 gêneros, 3 famílias. No Brasil ocorrem de forma nativa os gêneros: Zamia (Zamiaceae), Araucaria (Araucariaceae), Podocarpus e Retrophyllum (Podocarpaceae), Ephedra (Ephedraceae) e Gnetum (Gnetaceae) Gimnospermas: Classificação CYCADOPHYTA Inclui três famílias: Cycadaceae, Stangeriaceae e Zamiaceae As cicas apresentam características primitivas como gametas ♂ ciliados, móveis; Este grupo apareceu há pelo menos 320 ma, durante o período Carbonífero e foram abundantes na Era Mesozóica – “Era das Cycadales e dos Dinossauros” Anterozóide de Zamia Muitas das espécies estão ameaçadas de extinção; Plantas grandes, lembram as palmeiras; Folhas pinadas, verticiladas; Caule não ramificado; Ausência de canais resiníferos; Plantas dióicas; Polinização é entomófila (besouros); Apresentam raízes coralóides associadas com cianobactérias fixadoras de N; Possuem toxinas muito fortes produzidas pelas cianobactérias (compostos carcinogênicos e neurotóxicos); CYCADOPHYTA Família Cycadaceae Cycadophyta Distribuição: Magadascar, África, Sudeste da Ásia, Malásia, Austrália e Polinésia Gên/Spp: família monogenérica: Cycas com cerca de 90 spp. No Brasil: 2 spp. cultivadas, C. revoluta e C. circinalis. CYCADACEAE Folhas compostas; Prefoliação circinada (enrolada); Folíolo com nervura principal bem marcada; Semente com sarcotesta carnosa e colorida (amarela, laranja a avermelhada); Traqueídes; Freqüentemente tóxicas; Megasporófilos não reunidos em cones; Plantas dióicas; Cycas revoluta “sagu-de-jardim, palma-de-ramos” Ilha de Java (Indonésia) Planta feminina Cycas revoluta (não forma estróbilo) M e g a s p o ró fi lo megasporângios = sementes Planta masculina – Cycas revoluta Planta masculina – Cycas circinalis Cycas circinalis Família Zamiaceae Cycadophyta Distribuição: América tropical, África subsaariana e Austrália Gên/Spp: 10/200 spp. Zamia é o gênero mais representativo com cerca de 50 espécies distribuídas no continente americano. No Brasil: ocorrem 4 spp. de Zamia na região Amazônica. Ameaçadas de extinção. ZAMIACEAE Folhas compostas; Prefoliação reta; Folíolos muito duros sem nervura principal bem marcada; Semente com sarcotesta carnosa e colorida (vermelha ou laranja) e uma parte mais rígida internamente; Esporófilos masculinos e femininos reunidos em estróbilos; Plantas dióicas; Do óvulo sai uma gota de polinização (atrair os coleópteros para a polinização); Megasporófilos biovulados; sementes Estróbilo feminino Estróbilo masculino Megasporófilo biovulado Microsporófilo Zamia pumila (única nativa dos EUA) Zamia amazonum (Amazônia) Zamia ulei (Amazônia) Zamia lecointei (Amazônia) Importância ornamental Zamia furfuracea “araruta-da-flórida” Encephalartos ferox – “sagu-de-espinho” Família Ginkgoaceae Ginkgophyta Distribuição: China, Coréia ou Japão Ginkgo biloba L.: única espécie sobrevivente do gênero (fóssil vivo) No Brasil: ocorre como planta cultivada em praças e jardins botânicos. Gênero com registros fósseis do Triássico tardio (200 m.a.), mas com grande diversificação no Jurássico (120 m.a.) Plantasdióicas, de ca. 30m alt.; Folhas flabeliformes, com nervação dicotômica, em braquiblastos; Caules bem desenvolvidos com entrenós longos e curtos; Semente com sarcotesta carnosa com cheiro de manteiga rançosa (ác. butírico); Compostos que favorecem os impulsos nervosos; 2 a 4 óvulos por megasporófilo; Traqueídes; sem canais de resina; Polinização anemófila; Árvores caducifólias; Gameta masculino é móvel; GINKGOACEAE Microsporófilos Megasporófilos Ginkgo biloba CONIFEROPHYTA (=PINOPHYTA) As coníferas são o grupo mais importante do grupo das Gimnospermas, ecológica e economicamente; Levam este nome por causa das estruturas reprodutivas chamadas CONES; São datadas do Carbonífero (300 ma); São características de regiões frias, como as florestas da América do Norte e Ásia (Floresta boreal ou Taiga); Muitas espécies são usadas como ornamental, na produção de papel, construção, móveis, extração de resina); As coníferas compreendem 7 famílias, dentre elas: Pinaceae Araucariaceae Podocarpaceae Cupressaceae Taxaceae 60-65 gêneros 600 espécies; Estruturas reprodutivas em forma de cone; Plantas monóicas ou dióicas; Folhas escamiformes, lanceoladas a aciculares; Traqueídes; geralmente “sempre verdes”; Ramos verticilados; Crescimento monopodial; Apresentam rudimentos seminais com gota de polinização; Araucariaceae e Podocarpaceae: representantes nativos BR Coniferophyta Família Pinaceae Distribuição: Nativas do Hemisfério Norte: América do Norte, Ásia, África e são amplamente cultivadas no Hemisfério Sul. Gên/Spp: 10 gêneros e 220 espécies; Pinus é o maior gênero (100 spp.); No Brasil: é cultivado o gênero Pinus para produção de madeira; PINACEAE Plantas monóicas; Folhas aciculares espiraladas ou arranjadas em feixes/fascículos – braquiblastos; Estróbilo ♂: amentilho ou amento Estróbilo ♀ : cone ou pinha braquiblasto Os estróbilos ♂ e ♀ encontram-se na mesma planta; Canais resiníferos nas folhas e caules; Esporófilos de simetria bilateral arranjados espiraladamente; Brácteas e megasporófilo livres; Cones femininos amadurecem em 2 ou 3 anos; 2 rudimentos por megasporófilo, com micrópila voltada para o eixo do cone; Poucos arquegônios por rudimento; Sementes aladas; É a família mais importante das coníferas ecológica e economicamente Pinus taeda – pinheiro-americano estróbilos de Pinus taeda Pinus taeda Cedrus libani “cedro-do-Líbano” ARAUCARIACEAE Plantas dióicas (Araucaria) ou monóicas; Megastróbilo (♀) é formado por escamas seminais e brácteas que se soldam e recobrem o óvulo formando o PINHÃO; Rudimento único por escama (=megasporófilo); Semente amadurecem em 2-3 anos; Folhas simples, inteiras, agudas (Araucaria); Hemisfério Sul: Ásia, Austrália, Nova Zelândia, América do Sul (florestas tropicais e subtropicais e também em regiões temperadas) 3 gêneros e 32 espécies; Araucaria (18 spp.) é o único gênero com representantes nativos na flora brasileira; Muito resinosas; Estróbilos ♂ com muitos microesporófilos, cada um com 6-20 esporângios; Araucaria angustifolia – pinheiro-brasileiro, pinheiro-do-Paraná A. Schneider Araucaria angustifolia Venda do pinhão diretamente ao consumidor Uso culinário em pratos típicos: “entrevero” ou pinhão cozinho com sal Araucaria araucana (Chile) PODOCARPACEAE Plantas dióicas; Resinosas; Folhas simples, lanceoladas em espiral; Estróbilo ♂: amentilhos numerosos, com 2 esporângios em cada esporófilo; Estrutura ♀ : isoladas ou aos pares ou em grupos de 3; Escamas (megaesporófilo) com 1 rudimento, modificadas em uma estrutura suculenta – epimácio; Nativa do Hemisfério Sul 17 gêneros e cerca de 170 spp. No Brasil temos representantes nativos de Podocarpus e Retrophyllum Podocarpus lambertii Klotzsch, P. sellowii Klotzsch e Retrophyllum piresii (Silba) C.N. Page Podocarpus macrophyllus Podocarpus matudae epimácio Podocarpus costalis ♂ ♀ semente A. Schneider Podocarpus lambertii CUPRESSACEAE Plantas monóicas ou dióicas (Juniperus); Folhas escamiformes, simples, oposta ou alternas distribuídas por todo o caule; Estróbilo ♂: amentilhos; 2-10 microsporângios na face abaxial da escama; Estróbilo ♀ : estróblio com ráquis ou eixo encurtado e os macrosporófilos alaragados e achatados; 1-20 rudimentos na face adaxial da escama; Sementes geralmente 2-aladas; Árvores e arbustos, com folhas aromáticas; Família cosmopolita 29-32 gêneros com aproximadamente 130 espécies; Juniperus (ca. 68 spp.); Cupressus (14 spp.); Thuja (5); Sequoia (1), Sequoiadendron (1) Estróbilos femininos Estróbilos masculinos Cupressus sempervirens (cipreste) Sequoiadendron giganteum megastróbilo Cupressus lusitanica (cipreste-mexicano) Juniperus communis (zimbro) Thuja occidentalis (tuia) GNETOPHYTA Grupo muito importante pois apresenta características de Gimnospermas (sementes nuas) e de Angiospermas (elementos de vaso e dupla fecundação); alguns pesquisadores consideram grupo irmão das Angiospermas não homólogos outras linhas refutam esta teoria Importante: apresentam rudimentos seminais com dois integumentos Desenvolvimento do megagametófito Gnetophyta •O desenvolvimento de elementos de vaso, a dupla fecundação e a presença de duplo integumento em Gnetophyta apresentam ontogenia diferente daquela encontrada nas Angiospermas; •Gnetum e Welwitschia não apresentam formação de arquegônio. •O processo de fecundação em Gnetophyta é mais rápido do que em outras Gimnospermas, podendo ocorrer em poucas horas. •A dupla fecundação em Gnetophyta não forma tecido triplóide. Na verdade não resulta em uma produção celular expressiva. •Nas sementes de Gimnospermas o tecido que armazena energia é haplóide e não triplóide como acontece em Angiospermas. Características Gnetophyta EPHEDRACEAE Arbustos, podendo ser trepadoras; Folhas opostas, 2 reduzidas à escamas; Ephedra tweediana – nativa no Brasil Caule articulado, sulcado e fotossintetizante; Plantas dióicas; Algumas apresentam microsporófilos sobre um pedúnculo, lembrando ESTAME; 2 rudimento por estróbilo feminino (raro 1); Com gota de polinização Familia monogenérica, distribuída em regiões temperadas de todo o globo, com exceção da Austrália. Ephedra: 45 spp. R. Lüdtke Ephedra tweediana Ephedra tweediana GNETACEAE Família monogenérica: Gnetum com 30 spp., basicamente tropicais; Árvores e trepadeiras (lianas), geralmente dióicas; Folhas desenvolvidas, grandes e coriáceas com nervação reticulada; Microsporangióforos geralmente com dois microsporângios; Megasporófilos com um único óvulo; Sementes com sarcotesta carnosa e colorida. Gnetum leyboldii Gnetum no Brasil Gnetum gnemon feminino masculino Exemplo: WELWITSCHIACEAE Família monogenérica e monoespecífica, originária da África; Welwitschia mirabilis (tumboa) – deserto da Namíbia e Angola Planta dióica; Duas folhas opostas e cotiledonares; Pode viver 2000 anos; maior parte do caule é subterrâneo; Welwitschia mirabilis Estróbilos femininos Welwitschia mirabilis Estróbilos masculinos Indivíduo jovem Indivíduo jovem Welwitschia mirabilis
Compartilhar