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CAPÍTULO 4 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Apresentar o Project Management Institute (PMI). Relatar a gestão de escopo, tempo e custos do projeto. Apontar aspectos do gerenciamento da qualidade e dos riscos do projeto. Aplicar técnicas e ferramentas no gerenciamento de projetos. 82 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos 83 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 CONTEXTUALIZAÇÃO Neste capítulo conheceremos melhor o modelo PMBOK de Gestão de Projetos. Vimos que há vários modelos de Gestão de Projetos difundidos no mundo, sendo o PMBOK um dos guias mais conhecidos e utilizados por empresas brasileiras. Mas você sabe como o Project Management Institute (PMI) surgiu? Contaremos esta história a você! Você também saberá diferenciar siglas utilizadas pelo PMI. O que seria PMO? E PMP? Vamos descobrir daqui a pouco. Também conhecemos, no capítulo anterior, os processos propostos pelo PMI (iniciação, planejamento, execução, controle e encerramento) e como cada um desses envolve entradas, processos do projeto e saídas. Agora, aprofundaremos em cinco importantes subtópicos de gestão de projetos propostos pelo PMI: 1) Escopo; 2) Tempo, 3) Custos, 4) Qualidade e 5) Riscos. A proposta deste capítulo é apresentar algumas ferramentas que podem contribuir para o desenvolvimento destes cinco subtipos de gerenciamento de projetos. Você aprenderá sobre o Método do Caminho Crítico, PERT, ferramentas da qualidade e outras técnicas que podem ser úteis no gerenciamento de projetos. APRESENTAÇÃO DO PMI Falamos sobre o gerenciamento de projetos, mas o que é o PMI? O Project Management Institute (PMI) é uma associação sem fi ns lucrativos de gerenciamento de projetos reconhecida mundialmente. Ela foi criada nos Estados Unidos em 1969 por cinco voluntários e possui sede na Filadélfi a, Pensilvânia (HELDMAN, 2006). Segundo o próprio PMI: O Instituto de Gerenciamento de Projetos (Project Management Institute PMI) é uma das maiores associações para profi ssionais de gerenciamento de projetos. Nosso trabalho para a profi ssão auxilia mais de 700.000 membros, profi ssionais certifi cados e voluntários em praticamente todos os países do mundo a aumentar o sucesso das suas empresas, evoluir em suas carreiras e tornar a profi ssão mais madura. Fonte: Disponível em: <https://brasil.pmi.org/brazil/AboutUS/WhatisPMI.aspx>. Acesso em: 1 ago. 2016. O Project Management Institute (PMI) é uma associação sem fi ns lucrativos de gerenciamento de projetos reconhecida mundialmente. 84 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Com isso, entende-se que o PMI nasceu com o propósito de promover, divulgar e ensinar o gerenciamento de projetos e os valores da instituição para diversas organizações ao redor do mundo. O PMI contribui para transformar o gerenciamento de projetos em uma atividade profi ssionalizada, ou seja, que vai além da intuição e de técnicas de tentativa e erro. Ademais, é interessante que você saiba diferenciar algumas siglas comumente utilizadas pelo PMI. O PMI contribui para transformar o gerenciamento de projetos em uma atividade profi ssionalizada, ou seja, que vai além da intuição e de técnicas de tentativa e erro. Quadro 11 – Principais siglas do PMI Sigla Nome em Inglês Descrição PMI Project Management Institute Instituto de Gerenciamento de Projetos. PMO Project Management Offi ce Escritório de Gerenciamento de Projetos, ou seja, é um grupo ou departamento dentro de uma organização que faz uso de padrões de gerencia- mento de projetos. PMP Project Management Professional Profi ssional de Gerenciamento de Projetos, para isto é necessária uma certifi cação do PMI. PMBOK Project Management Base of Knowledge Base de Conhecimento sobre o Gerenciamento de Projetos. Trata-se de um guia de boas práti- cas, isto é, um conjunto de técnicas e métodos para o gerenciamento de projetos. Fonte: A autora. O PMI criou o PMBOK visando propor uma visão geral do gerenciamento de projetos e um vocabulário comum aos profi ssionais da área. O guia sugere orientações padronizadas de projetos, o que não signifi ca que cada escritório, ou PMO, identifi que as particularidades do projeto e utilize as indicações do guia de forma fl exível e em conformidade com a cultura e os objetivos da organização (GORGES, 2007). Deste modo, é a equipe que determina quais processos são adequados, podendo utilizar o PMBOK como um guia de boas práticas. Ainda, o PMI oferece atualmente oito certifi cações distintas para profi ssionais de projetos. A certifi cação de PMP é indicada para gerentes de projetos experientes, que para se candidatarem precisam cumprir alguns requisitos e ainda se submeterem a um exame para conseguir o título de PMP. De acordo com o PMI, os requisitos para se tornar um PMP são os seguintes: 85 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 • Formação de quatro anos (de bacharel ou equivalente). • Mínimo de três anos de experiência no gerenciamento de projetos. • Mínimo de 4.500 horas de liderança e direção de projetos. • 35 horas de formação em gerenciamento de projetos. Ou • Diploma de Ensino Médio (Ensino Médio ou equivalente). • Mínimo de cinco anos de experiência no gerenciamento de projetos. • Mínimo de 7.500 horas de liderança e direção de projetos. • 35 horas de formação em gerenciamento de projetos. Fonte: PMI. Disponível em: <https://brasil.pmi.org/brazil/ Certifi cationsAndCredentials/PMP.aspx>. Acesso em: 2 ago. 2016. Conheça o site do PMI: <https://brasil.pmi.org/>. Você pode ainda não ser um PMP, mas está no caminho certo para aprimorar seus conhecimentos sobre gerenciamento de projetos. O Leo vai apresentar o site do PMI para você descobrir mais informações valiosas sobre o Instituto. OS SUBCONJUNTOS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS Além dos cinco grupos de processos de gerenciamento de projetos, o PMI (2010) descreve nove áreas do conhecimento relativas ao gerenciamento de projetos: 1) Gerenciamento do escopo. 2) Gerenciamento do tempo. 3) Gerenciamento dos custos. 4) Gerenciamento da qualidade. 86 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos 5) Gerenciamento dos riscos. 6) Gerenciamento dos recursos humanos. 7) Gerenciamento da comunicação. 8) Gerenciamento das aquisições. 9) Gerenciamento da integração. Para fi ns didáticos, neste capítulo abordaremos o gerenciamento de escopo, tempo, custos, riscos e qualidade. Os outros quatro subtópicos de gerenciamento serão abordados no Capítulo 5. Todas as nove subáreas do conhecimento são consideradas pontos de atenção para o gerenciamento de projetos. Dividi-las deste modo é uma forma de facilitar a organização e subdivisão de tarefas, mas as fases do projeto também devem estar compatíveis com as tarefas desenvolvidas em cada área do conhecimento. Começaremos pelo gerenciamento do escopo, que contempla tudo o que deve ser atendido para o sucesso do projeto. Mas, antes disso, o Leo vai fazer uma breve revisão com você. Atividades de Estudos: 1) Quais são os cinco grupos de processos de gerenciamento de projetos propostos pelo PMI (2010)? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Quais são as nove áreas do conhecimento do gerenciamento de projetos propostos pelo PMI? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________87 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 A proposta deste capítulo é enfatizar algumas ferramentas sugeridas pelo PMI (2010) como alternativas para o gerenciamento de projetos. Apesar de muitas ferramentas serem apresentadas aqui por processo da área do conhecimento, tais técnicas são aplicáveis em vários outros momentos do ciclo de vida do projeto. Isto é, não pretendemos restringir, tampouco esgotar o aprendizado e uso das ferramentas e técnicas para os tópicos propostos aqui. Assim, esperamos que você conheça algumas alterativas para depois ser capaz de aplicar as técnicas mais apropriadas para seu projeto. GESTÃO DE ESCOPO A gestão de escopo é um processo sistemático que inclui apenas os processos necessários para terminar o projeto com sucesso. O PMI (2010) resume os principais processos do gerenciamento de escopo em cinco etapas: 1. Coletar os requisitos – requisitos são necessidades ou condições das partes interessadas que devem ser atendidas para satisfazer um contrato e alcançar os objetivos do projeto. Entrevistas, dinâmicas de grupo, ofi cinas, pesquisas e brainstorming são algumas das técnicas que podem contribuir para a coleta de requisitos. 2. Defi nir o escopo – descreve-se detalhadamente o projeto e o produto. O escopo pode ser defi nido com o auxílio de opinião especializada (interna e externa à organização) e identifi cação de alternativas. 3. Criar a EAP – a Estrutura Analítica do Projeto (EAP) é a decomposição do trabalho e das entregas em componentes menores para atingir os objetivos do projeto. Uma das formas de decompor o projeto é por meio do ciclo de vida do projeto, como estudamos no Capítulo 2. 4. Verifi car o escopo – formaliza-se a aceitação das entregas efetuadas ao longo do projeto. A técnica utilizada para este processo é a inspeção, que verifi ca e examina o projeto e tudo o que envolve as entregas do produto. 5. Controlar o escopo – monitora-se o progresso do escopo e gerenciam- se as mudanças efetuadas ao longo do projeto. Para tanto, utiliza-se a análise de variação do projeto, que nada mais é do que medições de desempenho do projeto. A gestão de escopo é um processo sistemático que inclui apenas os processos necessários para terminar o projeto com sucesso. 88 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Brainstorming é uma técnica de tempestade de ideias em que os participantes são estimulados a pensar e propor ideias e soluções livremente. Após se esgotarem as ideias, selecionam-se as opções mais viáveis para o contexto determinado. A Figura 10 resume os principais processos de gerenciamento de escopo. Figura 10 – Principais processos de gerenciamento de escopo Fonte: Adaptado de PMI (2010, p. 103). Agora que você já entende quais são os principais processos do gerenciamento de escopo, falaremos sobre o gerenciamento do tempo. GESTÃO DO TEMPO A gestão do tempo é a garantia de que o projeto termine no prazo desejado. Por mais que pareça um processo simples, projetos fora do prazo geram aumento dos custos, insatisfação dos clientes e tensão na equipe do projeto. Gerir o tempo relaciona-se também com o levantamento de atividades e recursos necessários e depende do desenvolvimento e controle do cronograma, como veremos a seguir: 1. Defi nir as atividades – identifi cam-se as ações específi cas a serem realizadas para produzir as entregas do projeto. A técnica mais comum é a decomposição, ou seja, a subdivisão dos pacotes de trabalho do projeto em componentes menores e mais fáceis de gerenciar, chamados atividades. Outra ferramenta útil é utilizar um modelo de um projeto anterior. 2. Sequenciar as atividades – identifi cam-se e documentam-se as relações entre as atividades do projeto. Um método apresentado pelo PMI (2010) é o Método do Diagrama de Precedência (MDP). A ideia da técnica é construir 89 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 Figura 11 – Principais processos de gerenciamento de escopo Fonte: Adaptado de PMI (2010, p. 129). uma rede de cronograma representada grafi camente. Esta rede possui nós ou atividades (representados por quadrados ou retângulos) que se conectam entre si com fl echas que indicam as relações entre as atividades. Por exemplo, é preciso comprar o material para depois produzir o produto e só então entregá-lo. 3. Estimar os recursos das atividades – estima-se os tipos e quantidades de recursos físicos (material, equipamentos e suprimentos) e humanos (pessoas e equipe). Algumas organizações possuem softwares que auxiliam na estimativa de recursos para o desenvolvimento de atividades. Outra forma é utilizar os dados disponíveis na própria empresa, como índices de produção, custos unitários de produtos, materiais e equipamentos. 4. Estimar as durações das atividades – estima-se o período necessário para fi nalizar e entregar cada atividade prevista no projeto. Para estimar as durações das atividades, a opinião especializada e as estimativas estatísticas podem basear as decisões da equipe de projetos. 5. Desenvolver o cronograma – analisa-se a sequência das atividades, suas durações, recursos envolvidos e restrições para criar o cronograma do projeto. Um método utilizado neste processo é o Método do Caminho Crítico (MCC), que auxilia na identifi cação de atividades críticas ou por serem custosas, ou demandarem muitos recursos ou serem demoradas ou arriscadas. O método do caminho crítico calcula as datas teóricas de início e término mais cedo e início e término mais tarde, para todas as atividades, sem se considerar quaisquer limitações de recursos, executando uma análise dos caminhos de ida e de volta através da rede do cronograma (PMI, 2010, p. 155). 6. Controlar o cronograma – monitora-se o andamento do projeto com base no cronograma, que deve ser atualizado e alterado conforme as mudanças necessárias. A Figura 11 resume os principais processos de gerenciamento do tempo. 90 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos E você? Como gerencia o seu próprio tempo? O Leo vai apresentar uma atividade para fazê-lo refl etir sobre isso. 3, 2, 1. Vamos começar? Atividades de Estudos: Exercício sobre administração do tempo. Preencha o questionário a seguir e veja se você é efi ciente e efi caz no seu dia a dia (anote suas respostas). S = SIM N = NÃO 1. Você tem o hábito de fazer diariamente uma lista de atividades que deverá cumprir? S N 2. Se você faz a lista, sempre prioriza as atividades por ordem de importância e começa a executá-las nessa mesma ordem? S N 3. Você delega todas as rotinas e procedimentos operacionais de suas atividades aos seus subordinados? S N 4. Sempre que você tenta adiar certas decisões, espera que o problema seja resolvido automaticamente ou por outras pessoas? S N 5. Você frequentemente sente difi culdades em tomar decisões relevantes no trabalho? S N 6. Você é daqueles que só começam a produzir realmente depois do expediente, quando as pessoas já saíram, e fi nalmente consegue fi car sozinho? S N 7. Para você, todo trabalho, do mais corriqueiro ao mais importante, deve ser sempre perfeito nos mínimos detalhes? S N 8. Você sempre aceita todo tipo de trabalho que lhe entregam, mesmo que esteja atolado de serviço? S N 9. Você costuma chegar atrasado a compromissos e reuniões? S N 10. No trabalho, você restringe a conversa telefônica ao estritamente necessário? S N 11. Você se deixa ser interrompido por telefonemas a qualquer momento? S 12. Durante sua ausência (férias, viagem etc.) você tem quem o substitua em seu trabalho? S N 91 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 13. Você costuma fazer várias coisas ao mesmo tempo, deixando algumas delas frequentemente inacabadas? S N 14. No seu trabalho há constantemente coisas urgentes a serem feitas? S N 15. Você tem o hábito de trabalhar depois do expediente ou de levar serviço para casa? S N16. As reuniões que você convoca costumam ser objetivas e sem desperdício de tempo? S N 17. Em dias úteis, seu almoço, em geral, é sóbrio, sem bebida alcoólica e sem excessos na alimentação? S N 18. Você costuma fazer reuniões com o seu pessoal logo após o almoço ou no fi nal do expediente? S N 19. Sua mesa de trabalho e gavetas estão sempre cheias de documentos e papéis? S N 20. Você acredita que a maioria dos problemas em seu setor (ou empresa) tem causas que podem ser identifi cadas? S N Faça sua avaliação Conte pontos apenas para as seguintes respostas: ∗ Marque um ponto para cada resposta SIM dada às seguintes questões: 1, 2, 3, 10, 12, 16, 17 e 20. ∗ Marque um ponto para cada resposta NÃO dada às seguintes questões: 4, 5, 6, 7, 8, 9, 11, 13, 14, 15, 18 e 19. TOTAL DE PONTOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO De 18 a 20 pontos – Parabéns. Você sabe como administrar o seu tempo e ser produtivo, tanto individualmente quanto em equipe. De 15 a 17 pontos – Você consegue administrar o seu tempo satisfatoriamente, embora haja alguns aspectos que prejudiquem o seu desempenho. De 12 a 14 pontos – Você tem diversos pontos que prejudicam um desempenho mais efi ciente. Esteja atento para que eles não se agravem. Abaixo de 12 pontos – Você tem sérios problemas para administrar o seu tempo, o que o torna provavelmente uma pessoa improdutiva. Não desanime. Veja as questões em que falhou e 92 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos pratique o inverso do que respondeu. Dessa forma, você certamente terá uma boa melhora em seu desempenho. “Administrar o Tempo É Fazer Mais e Melhor em Menos Tempo”. A afi rmação acima é aparentemente tão simples quanto a clássica pergunta: Quanto são 2 e 2? Na prática, porém, é um pouco mais complicado; da mesma forma que 2 e 2 podem somar 4, podem também representar 22. O fato é que velhos hábitos e comportamentos acabam quase sempre interferindo na boa intenção inicial de administrar suas minguadas horas diárias; quando não, outras pessoas – seu chefe, por exemplo – podem atar um belo nó no seu irretocável plano de ação diário. Nem por isso deixe de continuar tentando repetidamente. O que você vai ganhar com isso? Um real aumento de produtividade, maior e melhor obtenção de resultados e, é claro, uma maior sensação de realização profi ssional e pessoal. Você eliminará (ou pelo menos diminuirá) aquela sensação de perda de tempo, de que mais um dia passou e você pouco fez (apesar de não ter parado um instante), de que os problemas estão gerenciando sua vida em vez de você gerenciá-los, ou de que você tem um par de pesadas algemas acorrentadas aos seus pés, fazendo-o patinar no limo da improdutividade. O que fazer, então? O melhor remédio ainda é afugentar os eternos inimigos de plantão: os desperdiçadores de tempo. Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/objU7K>. Acesso em: 3 ago. 2016. Outro processo muito importante no gerenciamento de projetos é a gestão de custos. A má gestão de custos pode inviabilizar um projeto e afetar signifi cativamente o andamento das atividades. 93 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 GESTÃO DE CUSTOS O gerenciamento de custos envolve estimar e controlar os custos e estabelecer orçamentos com o propósito de fi nalizar o projeto dentro do orçamento aprovado. 1. Estimar os custos – desenvolve-se uma estimativa dos recursos fi nanceiros necessários para terminar o projeto. Técnicas para estimar os custos envolvem opinião especializada (com base em informações históricas e projetos similares), análise de propostas de fornecedores e estimativa análoga, que tem como base os custos reais de um projeto análogo, ou seja, projeto anterior similar. Outra ferramenta é a Técnica de Revisão e Avaliação de Programa denominada de (PERT), em inglês, Program Evaluation Review Technique, que utiliza três estimativas para defi nir o custo apropriado de uma atividade: a) Mais provável. (Cm) O custo da atividade, baseado num esforço de avaliação realista para o trabalho necessário e quaisquer outros gastos previstos. b) Otimista. (Co) Os custos da atividade são baseados na análise do melhor cenário para a atividade. c) Pessimista. (Cp) Os custos da atividade são baseados na análise do pior cenário para a atividade. Fonte: PMI (2010, p. 172) 2. Determinar o orçamento – agregam-se os custos estimados de atividades ou pacotes de atividades para determinar uma linha de base de custos autorizada. Devemos lembrar que o orçamento do projeto abrange apenas os recursos fi nanceiros autorizados para a execução do projeto. Uma técnica para elaborar o orçamento é a análise das reservas de contingência (usadas em imprevistos, mas o gasto é identifi cado como potencialmente necessário) e reservas gerenciais (usadas para mudanças não planejadas). 3. Controlar os custos – monitora-se o andamento do projeto, atualizando- se o orçamento e gerenciando as mudanças feitas com base nos custos. Uma técnica exposta pelo PMI é o Gerenciamento do Valor Agregado (GVA), utilizado principalmente para a medição do desempenho integrando as medidas de escopo, custos e cronograma. Três dimensões-chave são monitoradas no GVA, (PMI, 2010): a) Valor planejado (VP) – o orçamento autorizado designado para uma atividade ou componente da estrutura analítica do projeto (EAP). O gerenciamento de custos envolve estimar e controlar os custos e estabelecer orçamentos com o propósito de fi nalizar o projeto dentro do orçamento aprovado. 94 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos b) Valor agregado (VA) – é o trabalho autorizado que foi fi nalizado mais o orçamento autorizado para o mesmo. c) Custo real (CR) – custo total registrado na execução do trabalho para uma atividade ou componente da EAP. A Figura 12 resume os principais processos de gerenciamento dos custos. Figura 12 – Principais processos de gerenciamento dos custos Fonte: Adaptado de PMI (2010, p. 165). Se você quiser entender mais sobre o gerenciamento de escopo, tempo e custos do projeto, o Leo tem um material complementar rico em detalhes e exemplos. ENAP Escola Nacional de Administração Pública. Gerência de projetos – teoria e prática. ENAP: Brasília, 2014. Disponível em: <http://repositorio.enap.gov.br/bitstream/handle/1/1109/GerenciaDe Projeos_modulo_2_fi nal_.pdf?sequence=1>. Acesso em: 3 ago. 2016. A gestão da qualidade também deve ser tema de interesse dos gerentes de projetos, tratando-se do tópico que veremos a seguir. GESTÃO DA QUALIDADE A gestão da qualidade do projeto “inclui os processos e as atividades da organização executora que determinam as políticas de qualidade, os objetivos e as responsabilidades, de modo que o projeto satisfaça às necessidades para as quais foi empreendido” (PMI, 2010, p. 189). A qualidade, para o Instituto, é verifi cada por meio do grau em que o conjunto de características do projeto e do produto atende aos requisitos, isto é, aos padrões de qualidade acordados entre as partes. Assim, a gestão da qualidade também envolve a satisfação do cliente, 95 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 a prevenção ao invés da inspeção e a melhoria contínua, que já estudamos no Capítulo 3 através da ferramenta do ciclo PDCA (Planejar – Fazer – Verifi car – Agir). O gerenciamento de qualidade se dá por procedimentos que contribuem para a melhoria contínua dos processos relativos a todo o projeto. Os itens a seguir resumem o gerenciamento de qualidade proposto pelo PMI (2010). 1. Planejar a qualidade – identifi cam-se e documentam-se os padrões e requisitos de qualidade do projeto e do produto. Também é necessário relatar como a conformidade será demonstrada. Neste momento, pode-se fazer uso de técnicas como a análise de custo-benefício e de Custo da Qualidade, que mensura o custo de conformidade (dinheiro gasto durante o projeto para evitar falhas) e o custo de falta de conformidade(dinheiro gasto em função de falhas no projeto). Outra técnica comum é o uso de fl uxogramas que representam grafi camente as relações entre as etapas dos processos. Vale ainda citar o benchmarking, que envolve a identifi cação de boas práticas em departamentos da empresa, empresas concorrentes ou de outros mercados que podem servir de modelo para a geração de ideias e melhorias em processos da organização. 2. Realizar a garantia de qualidade – “é o processo de auditoria dos requisitos de qualidade e dos resultados das medições do controle da qualidade para garantir que sejam usados os padrões de qualidade e defi nições operacionais apropriados” (PMI, 2010, p. 201). Entre as técnicas de garantia de qualidade estão processos de auditoria de qualidade, os quais revisam de maneira estruturada e independente as atividades do projeto. 3. Realizar o controle de qualidade – avalia-se o desempenho da qualidade a partir do monitoramento e do registro dos resultados da execução de atividades de qualidade. Diversas ferramentas reconhecidas da qualidade podem ser utilizadas: o diagrama de causa e efeito, os gráfi cos de controle, fl uxogramas, histogramas, diagrama de Pareto são alguns exemplos. Você vai entender um pouco mais sobre as ferramentas da qualidade no texto que o Leo vai apresentar. AS SETE FERRAMENTAS DA QUALIDADE Ferramentas da qualidade são técnicas que se podem utilizar com a fi nalidade de defi nir, mensurar, analisar e propor soluções 96 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos para problemas que eventualmente são encontrados e interferem no bom desempenho dos processos de trabalho. As ferramentas da qualidade foram estruturadas, principalmente, a partir da década de 50, com base em conceitos e práticas existentes. Desde então, o uso das ferramentas tem sido de grande valia para os sistemas de gestão, sendo um conjunto de ferramentas estatísticas de uso consagrado para melhoria de produtos, serviços e processos. As sete ferramentas do controle de qualidade são: Fluxograma, Diagrama Ishikawa (Espinha-de-Peixe), Folha de Verifi cação, Diagrama de Pareto, Histograma, Diagrama de Dispersão e Cartas de Controle. Estas sete ferramentas fazem parte de um grupo de métodos estatísticos elementares, que devem ser de conhecimento de todas as pessoas envolvidas com a empresa, do presidente aos colaboradores, e, por isso, devem fazer parte dos programas básicos de treinamentos das organizações. Fluxograma O Fluxograma tem como fi nalidade identifi car o caminho real e ideal para um produto ou serviço com o objetivo de identifi car os desvios. É uma ilustração sequencial de todas as etapas de um processo, mostrando como cada etapa é relacionada. Utiliza símbolos facilmente reconhecidos para denotar os diferentes tipos de operações em um processo. Diagrama Ishikawa (Espinha-de-Peixe) O Diagrama Espinha-de-Peixe tem como fi nalidade explorar e indicar todas as causas possíveis de uma condição ou um problema específi co. O Diagrama de Causa e Efeito foi desenvolvido para representar a relação entre o efeito e todas as possibilidades de causa que podem contribuir para esse efeito. Também conhecido como Diagrama de Ishikawa, foi desenvolvido por Kaoru Ishikawa, da Universidade de Tóquio, em 1943, onde foi utilizado para explicar para o grupo de engenheiros da Kawasaki SteelWorks como vários fatores podem ser ordenados e relacionados. Folhas de Verifi cação As folhas de verifi cação são tabelas ou planilhas simples usadas para facilitar a coleta e análise de dados. O uso das folhas 97 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 de verifi cação economiza tempo, eliminando o trabalho de se desenhar fi guras ou escrever números repetitivos. São formulários planejados, nos quais os dados coletados são preenchidos de forma fácil e concisa. Registram os dados dos itens a serem verifi cados, permitindo uma rápida percepção da realidade e uma imediata interpretação da situação, ajudando a diminuir erros e confusões. Diagrama de Pareto O Diagrama de Pareto tem como fi nalidade mostrar a importância de todas as condições, a fi m de: escolher o ponto de partida para solução do problema; identifi car a causa básica do problema e monitorar o sucesso. Velfredo Pareto foi um economista italiano que descobriu que a riqueza não era distribuída de maneira uniforme. Ele formulou que aproximadamente 20% do povo detinha 80% da riqueza, criando uma condição de distribuição desigual. Os Diagramas de Pareto podem ser usados para identifi car o problema mais importante através do uso de diferentes critérios de medição, como frequência ou custo. Histograma O Histograma tem como fi nalidade mostrar a distribuição dos dados através de um gráfi co de barras indicando o número de unidades em cada categoria. Um histograma é um gráfi co de representação de uma série de dados. Diagrama de Dispersão O Diagrama de Dispersão mostra o que acontece com uma variável quando a outra muda, para testar possíveis relações de causa e efeito. Cartas de Controle As Cartas de Controle são usadas para mostrar as tendências dos pontos de observação em um período de tempo. Os limites de controle são calculados aplicando-se fórmulas simples aos dados do processo. As cartas de controle podem trabalhar tanto com dados por variável (mensuráveis), como com dados por atributo (discretos). 98 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos Resultados da aplicação das sete ferramentas da qualidade Devidamente aplicadas, as sete ferramentas poderão levar a organização a: elevar os níveis de qualidade por meio da solução efi caz de problemas; diminuir os custos, com produtos e processos mais uniformes; executar projetos melhores; Melhorar a cooperação em todos os níveis da organização; Identifi car problemas existentes nos processos, fornecedores e produtos; Identifi car causas raízes dos problemas e solucioná los de forma efi caz etc. É necessário saber para que serve cada ferramenta e como aplicá-la, pois somente assim será possível obter bons resultados. Fonte: MAGALHÃES, J. (s.d.) Modelos de Gestão: Qualidade e Produtividade. Disponível em: <http://www.aprendersempre.org.br/arqs/9%20 -%207_ferramentas_qualidade.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2016. Finalmente, a Figura 13 resume os principais processos de gerenciamento da qualidade. Figura 13 – Principais processos de gerenciamento da qualidade Fonte: Adaptado de PMI (2010, p. 189). GESTÃO DE RISCOS Um projeto pode ser afetado por impactos positivos ou negativos. A gestão de riscos deve aumentar a probabilidade de eventos de impactos positivos e minimizar os efeitos de impactos negativos. Devemos esclarecer que o risco é diferente da incerteza. Todos nós corremos risco de morte, mas não sabemos o dia em que ela irá acontecer. Não saber o dia da morte é uma incerteza, por outro lado, não há dúvida de que ela ocorrerá (certeza). Porém, praticar um esporte radical, por exemplo, o paraquedismo, pode aumentar o meu risco de morte se comparado a outra pessoa comum. Dito isso, identifi car os riscos, analisá-los e planejar respostas aos riscos são parte do gerenciamento de riscos. Um projeto pode ser afetado por impactos positivos ou negativos. A gestão de riscos deve aumentar a probabilidade de eventos de impactos positivos e minimizar os efeitos de impactos negativos. 99 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 Figura 14 – Principais processos de gerenciamento dos riscos Fonte: Baseado em PMI (2010, p. 273). No caso do paraquedismo, sabendo do risco que envolve o salto, eu posso tomar medidas como: realizar treinamentos, estudar as condições meteorológicas e ambientais no dia do salto, checar meu paraquedas e equipamentos de segurança, contar com equipe de apoio especializada, inclusive médicos e ambulância, dentre outras atividades que podem garantir que eu termine a atividade de maneira segurae minimizando os impactos negativos à minha saúde. 1. Planejar o gerenciamento dos riscos – defi ne-se como conduzir as atividades de gerenciamento de riscos do projeto. 2. Identifi car os riscos – determinam-se os riscos e seus possíveis impactos e características. 3. Realizar a análise qualitativa dos riscos – prioriza-se a análise dos riscos conforme sua probabilidade de ocorrência e os impactos de cada risco. 4. Realizar a análise quantitativa dos riscos – analisam-se numericamente os efeitos dos riscos identifi cados. 5. Planejar as respostas aos riscos – desenvolvem-se ações e alternativas para reduzir as ameaças aos projetos e aumentar as oportunidades. 6. Monitorar e controlar os riscos – coloca-se em prática os planos de respostas aos riscos, monitorando-se os riscos existentes e potenciais. Também é feita a avaliação da efi cácia dos processos de tratamento dos riscos. A Figura 14 resume os principais processos de gerenciamento da qualidade. Tendo em vista que você já conhece os principais processos do gerenciamento de escopo, tempo, custos, qualidade e riscos, vamos assistir a um vídeo que reconta parte da história do gerenciamento de projetos. Neste vídeo, 100 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos veremos como o PMI se insere como instituição que contribui para o tema. Além disso, o vídeo também demonstrará algumas ferramentas utilizadas por gerentes de projetos. Atividades de Estudos: 1) Veja o vídeo sobre a história do Gerenciamento de Projetos e responda às questões. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=le0GTYjlvl4>. a) Qual é o primeiro projeto citado pelo vídeo? Quais são os obstáculos para a fi nalização do projeto citado? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ b) Quais são as diferenças das responsabilidades de um supervisor de projetos no século XIX para o gestor de projetos que segue as orientações do PMI? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ c) Explique por que o Empire State Building pode ser considerado um projeto de sucesso. Quais áreas do conhecimento foram bem aplicadas neste projeto? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ d) “A fi gura do gestor de projetos profi ssional também é valorizada”. Como o vídeo comprova essa afi rmativa? ____________________________________________________ ____________________________________________________ 101 O MODELO PMBOK DE GESTÃO DE PROJETOS Capítulo 4 ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ e) Cite três ferramentas ou técnicas de gerenciamento de projetos citadas no vídeo. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Vimos que o PMI é uma instituição americana fundada há mais de quatro décadas com o intuito de fomentar o gerenciamento de projetos ao redor do mundo. O Guia PMBOK registra boas práticas e vocabulário utilizados por profi ssionais de gerenciamento de projetos, muitos dos quais estamos aprendendo neste caderno de estudos. A partir de agora, você deve ter noções do signifi cado e das principais ferramentas para a gestão de subtópicos do gerenciamento do projeto, a saber: escopo, tempo, custos, qualidade e riscos. Também deve ter maior domínio sobre ações efetivas que podem ser tomadas por você e sua equipe para o gerenciamento de projetos com sucesso. No próximo capítulo veremos as outras quatro áreas do conhecimento propostas pelo PMI, a gestão de: 6) Recursos Humanos, 7) Comunicação, 8) Contratação e 9) Integração. Por fi m, aprenderemos outras técnicas e teorias para a gestão do conhecimento em gerenciamento de projetos. Até o próximo capítulo! REFERÊNCIAS ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Gerência de projetos: teoria e prática. Disponível em: <http://repositorio.enap.gov.br/bitstream/ handle/1/1109/gerenciadeprojeos_modulo_2_fi nal_.pdf?sequence=1>. Acesso em: 3 ago. 2016. 102 Tópicos Essenciais em Gestão de Projetos GESTÃO DO TEMPO. Exercício gerenciamento do tempo.Disponível em:<https:// www.google.com.br/l?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=5&cad=rja&uact=8 &ved=0ahukewj3ib7g4qxoahvjhjakhcmyd4uqfgg7maq&url=https%3a%2f%2fgsi2008. fi les.wordpress.com%2f2008%2f08%2fexercicio-sobre-administracao-do-tempo.doc& usg=afqjcngpriwsgjrgkzrcnt8-8tfczh_2uw&sig2=gzdb7alpcjydlde1uhcc9a&bvm=bv.12 8617741,d.y2i>. Acesso em: 5 ago. 2016. GORGES, E. A Lei de Murphy em gerenciamento de projetos. Rio de Janeiro: Brasport, 2007. HELDMAN, K. Gerência de projetos: guia para o exame ofi cial do PMI. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. MAGALHÃES, J. (s.d.) Modelos de gestão: qualidade e produtividade. Disponível em: <http://www.aprendersempre.org.br/arqs/9%20-%207_ ferramentas_qualidade.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2016. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. PMBOK: um guia do conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos. 4. ed. Pensylvania: Project Management, 2010. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. PMI Brasil. Disponível em: <https:// brasil.pmi.org/>. Acesso em: 3 ago. 2016. YOUTUBE. A história do gerenciamento de projetos. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=le0gtyjlvl4>. Acesso em: 8 ago. 2016.
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