Buscar

Fundamentos de Gestao Escolar - Unidades 1 e 2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Ricardo Leite de Albuquerque
R
ic
ar
d
o
 L
ei
te
 d
e 
A
lb
u
q
u
er
q
u
e
Fundamentos de 
Gestão Escolar
e Inspeção Escolar
F
un
da
me
nto
s 
de
 G
es
tã
o 
E
sc
ol
ar
 e 
In
sp
eçã
o 
E
sc
ol
ar
Su
pe
rv
is
ão
, I
ns
pe
çã
o 
e 
O
rie
nt
aç
ão
 E
du
ca
ci
on
al
Editora
1a Edição / Setembro / 2011
Impressão em São Paulo - SP
FUNDAMENTOS
DE GESTÃO ESCOLAR
E INSPEÇÃO ESCOLAR
Ricardo Leite de Albuquerque
Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353
FUNDAMENTOS
DE GESTÃO ESCOLAR
E INSPEÇÃO ESCOLAR
COORDENAÇÃO GERAL
Nelson Boni
COORDENAÇÃO DE PROJETOS
Leandro Lousada
PROFESSOR RESPONSÁVEL
Ricardo Leite de Albuquerque
REVISÃO ORTOGRÁFICA
Célia Ferreira Pinto
COORDENADORA PEDAGÓGICA DE CURSOS EAD
Esp. Maria de Lourdes Araujo
PROJETO GRÁFICO, DIAGRAMAÇÃO E CAPA
Glaucia Ferraro
1a EDIÇÃO: SETEMBRO DE 2011
Impressão em São Paulo/SP
Copyright © EaD Know How 2011
Nenhuma parte desta públicação pode 
ser reproduzida por qualquer meio sem
a prévia autorização desta instituição.
A345f Albuquerque, Ricardo Leite de.
 Fundamentos de gestão escolar e inspeção escolar. / 
 Ricardo Leite de Albuquerque. – São Paulo : Know 
How, 2011.
 131 p. : 21 cm.
	 	 Inclui	bibliografia
 ISBN : 978-85-8065-120-1
1. Fundamentos da educação. 2. Gestão escolar. 3. Inspeção 
escolar. I. Título.
CDD – 371.2
Você está recebendo o livro-texto da disciplina de 
Fundamentos de Gestão Escolar e Inspeção Es-
colar, construído especialmente para este curso, 
baseado	 no	 seu	 perfil	 e	 nas	 necessidades	 da	 sua	
formação.	A	finalidade	deste	livro	é	disponibilizar	
aos alunos da EAD conceitos e exercícios referen-
tes aos principais temas da Gestão e da Inspeção 
Escolar, em âmbito nacional.
 Estamos, constantemente, atualizando e 
melhorando este material, e você pode auxiliar-
-nos, encaminhando sugestões e apontando me-
lhorias, via monitor, tutor ou professor. Desde já, 
agradecemos a sua ajuda. 
 Lembre-se de que a sua passagem por 
esta disciplina será também acompanhada pelo 
Sistema de Ensino EaD Know How, seja por 
correio postal, fax, telefone, e-mail ou Ambiente 
Virtual de Aprendizagem. 
 Entre sempre em contato conosco quan-
do	surgir	alguma	dúvida	ou	dificuldade.	Participe	
dos bate-papos (chats) marcados e envie suas dú-
APRE
SENTA
ÇÃO
vidas pelo Tira-Dúvidas.
 Toda equipe está à disposição para aten-
dê-lo (a). Seu desenvolvimento intelectual e pro-
fissional	é	o	nosso	maior	objetivo.
 Acredite no seu sucesso e tenha bons mo-
mentos de estudo!
Equipe EaD Know How 
SU
MÁ
RIO
CARTA DO PROFESSOR
PLANO DE ESTUDOS
UNIDADE 1 - A formação do pedagogo na 
função de inspetor escolar no contexto atual
UNIDADE 2 - Fundamentos histórico-antropo-
lógicos para a compreensão dos processos 
de gestão
UNIDADE 3 - Organização dos sistemas de 
ensino I
UNIDADE 4 - Organização dos sistemas de 
ensino II
UNIDADE 5 - A estrutura e o funcionamento 
da Educação Superior
UNIDADE 6 - Fundamentos legais da Inspe-
ção Escolar
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
9
13
15
43
69
83
95
117
129
9
Caro (a) acadêmico (a),
A consolidação dos sistemas públicos e privados 
de Educação e/ou ensino é um fato histórico bas-
tante recente na sociedade brasileira. É somente 
a partir do século XIX que a Educação Brasileira 
começa a ser concebida em uma perspectiva de 
política pública, evidentemente voltada a atender 
aos anseios das elites dominantes; o que, aliás, é 
uma característica marcante da formação socioe-
conômica do país, no que diz respeito às políticas 
educacionais: de um lado, uma educação livres-
ca,	erudita,	artística	e	de	 lazer,	para	os	filhos	das	
classes dominantes, e do outro, uma educação, no 
máximo, de nível médio, de orientação técnica e 
direcionada à formação de mão de obra para uma 
emergente sociedade capitalista, industrializada, 
que se desenhava.
 Essa dicotomização do processo educa-
cional	brasileiro	cristalizou-se	e	imprimiu	o	perfil	
aos modelos educacionais que se seguiram, que se 
caracterizaram por uma inserção subordinada do 
Brasil aos ditames da ordem econômica interna-
CARTA
DO PRO
FESSOR
10
cional, capitaneada pelos países europeus e sob a 
hegemonia política dos Estados Unidos, principal-
mente a partir da Segunda Guerra Mundial (1 de 
setembro de 1939 até 2 de setembro de 1945). 
 Porém, para nossa relativa tranquilidade, a 
definição	de	políticas	públicas	de	Educação,	em	um	
contexto de dominação econômica de cunho libe-
ral, não se dá em uma via exclusiva de mão única, 
como se todos os educadores e gestores da Educa-
ção concordassem com as formas político-educa-
cionais construídas pelas elites políticas e econômi-
cas da América Latina e, em especial, do Brasil.
 É, pois, num contexto de contradições e 
embates ideológicos que se processa a constru-
ção do cenário educacional brasileiro, o que im-
plica a necessária valorização e reconhecimento 
dos	 profissionais	 que	 estão	 à	 frente	 desse	 pro-
cesso, dada a sua importância estratégica para a 
definição	de	um	modelo	educacional	necessário	
para o Brasil do século XXI.
	 Nesse	sentido,	as	figuras	do	Gestor	Edu-
cacional e do Inspetor Escolar aparecem como 
elementos fundamentais, tanto para cristalizar 
sistemas educacionais reprodutivistas do mode-
lo político-econômico, como para imprimir um 
caráter de transformação das estruturas sociais, 
no âmbito dos seus locais de trabalho. O pre-
sente trabalho compromete-se com a alternativa 
transformadora que deve impregnar as ações dos 
11
agentes educacionais.
 Uma tarefa, portanto, que exige grande 
determinação política e a consciência da necessi-
dade de ampliar seus conhecimentos sobre a reali-
dade que o (a) cerca. 
Seja bem-vindo (a)!
Professor Ricardo Leite de Albuquerque
13
Bases Tecnológicas 
Para o nosso estudo, faremos inserções substan-
ciais na literatura pertinente aos assuntos de Ges-
tão Escolar e Inspeção Escolar, de modo a sub-
sidiarmos legalmente – e de fontes primárias – a 
compreensão dos mecanismos sócio-históricos 
que determinam os sistemas educacionais. Tam-
bém, faremos sugestões de páginas disponibiliza-
das na internet (WEB), de instituições de excelên-
cia na área, para subsidiar as discussões e ampliar 
os horizontes interpretativos dos temas em estudo. 
Competências
Esperamos	 que,	 ao	 final	 das	 seis	 unidades,	 você	
esteja apto a reconhecer as variáveis (políticas, eco-
nômicas	e	culturais)	intervenientes	na	definição	de	
projetos educacionais, ao longo da história, bem 
como tenha desenvolvido competência técnica 
para adequar projetos educacionais, ainda no pla-
no das ideias, às exigências da legislação vigente.
 Como o tempo destinado às nossas uni-
dades é relativamente curto, pois trataremos de 
PLANO
DE ESTU
DOS
14
assuntos de relevância histórica, participe ativa-
mente das atividades propostas, utilize os recursos 
informacionais postos à sua disposição, pergunte 
aos seus tutores e aproveite os fóruns de debates. 
A Educação Brasileira necessita de bastante massa 
crítica	para	superar	as	suas	dificuldades.
Carga Horária: 30 horas
Lembrete: Dois documentos serão fundamentais 
na nossa rápida trajetória: o Plano Nacional de Edu-
cação, sancionado pela Lei nº 10.172, de 9 de janeiro 
de 2001 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional – LDBEN 9394 -, de 20 de dezembro de 
1996. Tenha-os à mão para eventuais consultas.
No Portal do MEC (http://portal.mec.gov.br/), 
na coluna à esquerda, clique em “Legislação”.
01/ A FORMAÇÃO
DO PEDAGOGO 
NA FUNÇÃO
DE INSPETOR 
ESCOLAR NO
CONTEXTO ATUAL
17
Nesta unidade, estudaremos “A formação do 
pedagogo na função de inspetor escolar no 
contexto atual”, de forma que você compreenda 
o papel organizacional que se espera da Inspe-
ção Escolar e, por conseguinte, a importância 
que lhe deve ser atribuída no contexto dos siste-
mas públicos e privados de ensino.
Objetivos da Unidade 
Ao	final	desta	unidade,	você	deverá	ter	condições	de:
●	Identificar	a	importância	do	tema;
●	ConceituarInspeção	Escolar;
●	Conceituar	Gestão	Escolar;
●	Verificar	as	diferenças	entre	ambos.	
Conteúdos da Unidade 
●	Etimologia	do	termo	“Inspeção”;
●	A	Inspeção	em	diferentes	contextos	históricos;
●	Evolução	histórica	da	Inspeção	Escolar	no	Brasil;
●	Formação	do	Inspetor	Escolar.
19
O	termo	“Inspeção	Escolar”	tem	sido	identifica-
do, no contexto educacional e ao longo da história, 
como uma atividade rígida de controle de orga-
nizações, de caráter cartorial e legalista, não raras 
vezes	levando-nos	a	associar	a	figura	do	Inspetor	
Escolar a um ser humano caracterizado pela rigi-
dez de princípios, de “mentalidade burocrática”, 
que	não	consegue	ser	“flexível”	o	suficiente	para	
compreender o movimento escolar.
 Com certeza, tal fato reside na própria 
construção histórica da ação de inspecionar, posto 
que, todo ato de inspeção contém, em si, um cará-
ter	fiscalizador	das	ações	humanas,	principalmente	
quando se trata de inspeção vinculada ao poder pú-
blico. Por isso, nesse primeiro momento, faremos 
uma aproximação etimológica do termo (Inspeção 
Escolar), de caráter histórico, para que possamos 
compreender melhor as diversas facetas assumidas 
pela Inspeção ao longo de sua existência.
	 Entre	 os	 vários	 significados	 do	 termo	
“Inspeção”, encontramos:
ETIMOLOGIA 
DO TERMO 
"INSPEÇÃO"
20
INSPEÇÃO
(s.f.) Ação de olhar; vista: à primeira inspeção. / 
Exame; vistoria. / Encargo de vigiar, superinten-
der. / Cargo, emprego de inspetor.
(http://www.dicionariodoaurelio.com/
dicionario.php?P=Inspecao)
 Para ilustrar a ideia, observe as utilizações 
comuns do termo “inspeção”:
“Os analistas da Agência Internacional de Energia 
Atômica (AIEA) devem iniciar hoje a inspeção da 
nova e polêmica fábrica de enriquecimento de urâ-
nio que o Irã constrói sob uma colina.”
“A resolução do Conama determina que todos os 
Estados e municípios com mais de 3 milhões de 
veículos serão obrigados a ter um plano de ins-
peção veicular, que deve ser apresentado em até 
12 meses após a publicação na norma no Diário 
Oficial	da	União.”
(extraído de: http://www.dicio.com.br/inspecao/)
 Pelos exemplos acima, depreende-se que 
o termo Inspeção é aplicável a diferentes situações 
em diferentes contextos, mantendo-se, porém, o 
sentido	de	verificação	ao	cumprimento	de	planos	
e metas de um projeto.
 Para MENESES (1977, pág. 21), o termo 
21
Inspeção vem do latim inspectio, onis, que quer 
dizer:	 ação	de	olhar;	 exame;	verificação.	O	autor	
encontrou nos dicionaristas brasileiros uma am-
pliação das abrangências da palavra. Laudelino 
Freire, por exemplo, dá sete sentidos:
●	Ato	de	olhar;
●	Ação	de	examinar,	de	observar	com	cuidado;
●	Exame,	vistoria;
●	Encargo	de	vigiar,	superintendência;
●	 Tribunal,	 junta	 ou	 repartição	 pública	 encarre-
gada	de	inspecionar,	de	fiscalizar	ou	de	dar	o	seu	
parecer sobre assuntos especiais;
●	Cargo	ou	emprego	de	Inspetor;
●	Exame	feito	por	um	ou	mais	Inspetores	ou	por	
uma Junta Inspetora. 
 Menezes cita, ainda, Aurélio Buarque de Ho-
landa,	que	apresenta	três	significados	de	inspecionar:
●	Examinar	ou	fiscalizar	como	Inspetor;	inspecio-
nar uma obra; inspecionar um colégio;
●	Examinar,	revistar;	vistoriar;	inspecionar	uma	tropa;
●	Examinar	ou	observar	com	grande	atenção.
 Como se pode depreender, a palavra “Ins-
peção” pode ser utilizada com vários sentidos, com 
razoável grau de diferença entre eles, pois se pode 
imprimir uma conotação autoritária ao termo, ca-
racterizando a atuação do Inspetor Escolar como 
um exercício de poder absolutista, ou podemos 
compreendê-la, por outro lado, como uma práti-
ca necessária e estratégica para a manutenção da 
22
qualidade de projetos, em qualquer área de atuação. 
É uma questão de postura pessoal a ênfase que se 
pretende imprimir ao trabalho de Inspeção escolar. 
A Inspeção Escolar, como as demais atividades 
humanas ao longo do processo civilizatório, as-
sumiu	 diferentes	 perfis,	 conforme	 a	 função	 que	
lhe era atribuída pelo contexto histórico no qual 
se inseria. Menezes, (Op. cit., pág. 7), em consulta 
ao Dicionário de Pedagogia Labor1, distingue pelo 
menos três períodos na evolução da Inspeção Es-
colar, tais como se seguem:
●	O	primeiro	 período,	 denominado	 confessional,	
caracterizou-se	pela	forte	influência	religiosa.	Antes	
do século XII não havia outra escola que a paro-
quial. A inspeção era exercida pelo bispo da diocese. 
A INSPEÇÃO
EM DIFERENTES 
CONTEXTOS
HISTÓRICOS 
1. Dicionário de Pedagogia LABOR. Barcelona, Editorial LA-
BOR S.A., 1926, tomo II, pp 1684 e ss.
23
Lembrete: “O mestre-escola já existia antes da 
criação da função de inspetor e exercia atividades 
de elaborar o Plano de Estudos, designar e demitir 
professores e, em nome do bispo, conceder o di-
reito de ensinar.” (MENESES, op. cit. pág. 7)
●	O	segundo	período,	denominado	de	 transição,	
caracterizou-se	pela	paulatina	perda	de	 influência	
religiosa em favor do crescente poder civil [...].
●	O	terceiro	período,	nitidamente	técnico-pedagó-
gico, iniciou-se após a Revolução Francesa, com a 
influência	de	Froebel,	Rousseau,	Pestalozzi,	Con-
dorcet e outros.
 O terceiro período, portanto, delineou 
as características do modelo educacional moder-
no, com todas as mazelas que conhecemos bem, 
conferindo ao poder público a tarefa de inspe-
cionar, por intermédio de funcionários públicos, 
as escolas de sua jurisdição, públicas ou privadas. 
Este modelo se mantém até os dias atuais e não se 
vislumbra, a médio e longo prazos, qualquer pers-
pectiva de mudança na sua estrutura.
 Observe o detalhe: para cada período da 
forma histórica de Inspeção Escolar, correspon-
de um modelo socioeconômico determinante. É 
assim que, no primeiro período, tínhamos a pre-
dominância da Igreja Católica em um contexto de 
relações de produção feudais.
24
No segundo período, o modelo feudal entra em 
processo de decomposição, provocando alterações 
significativas	nas	 relações	políticas	 e	 sociais,	 per-
dendo (gradativamente) a Igreja, parte substancial 
de seu poder.
 O terceiro período pode ser considerado 
a era da hegemonia burguesa, o momento em que 
a burguesia assume a condição de classe dominan-
te e impõe, a partir da Europa, um modelo de or-
ganização social baseado na exploração capitalista, 
com todos os desdobramentos e impactos que co-
nhecemos no mundo moderno... 
RELAÇÃO DA INSPEÇÃO
COM A ADMINISTRAÇÃO
Um dado relevante, para a consideração do estudan-
te de Gestão e Inspeção Escolar, refere-se à relação 
existente entre esses dois tópicos, pois, é fundamen-
tal compreendermos em que momento e em que 
instância administrativa realiza-se a Inspeção Esco-
lar e qual a sua relação com a estrutura jurídico-legal 
do Estado, ou seja: quem inspeciona? Atendendo a 
quais demandas político-organizacionais?
 Para MENESES (op. cit., pág. 23), no 
que se refere à administração, a palavra “inspe-
cionar”	tem	o	caráter	de	fiscalizar	e,	como	tal,	ad-
quire dois aspectos que devem ser devidamente 
compreendidos:
25
a. O primeiro aspecto é aquele no qual a inspe-
ção	 (fiscalização)	“é	parte	 integrante	da	adminis-
tração”, ou seja, “é interna e corresponde aos atos 
de vigilância das autoridades eminentes sobre as 
pessoas que trabalham como agentes da empresa”. 
Nesse sentido, podemos compreender, portanto, a 
Inspeção como sendo um ato rotineiro interno às 
empresas e instituições: “quem delegou a execu-
ção	verifica	como	ela	se	processou”.	Nesse	caso,	a	
inspeção poderá ser também “por meios indiretos 
no caso em que se contratam pessoas de fora da 
empresa para exercer a vigilância, ou seja, estado 
de permanente atenção”. São bastante conhecidos 
os atos de “terceirização” que ocorrem no setor 
produtivo brasileiro e mundial e que consistem em 
delegar, para outras empresas, certas atribuições 
no âmbito da organização, por exemplo: limpeza, 
alimentação, segurança, avaliação (inspeção) etc. 
Fique atento! Este é um comportamento típi-
co do contexto neoliberal em que vivemos, que 
mereceria uma atenção especial, principalmentequando se relaciona à terceirização de serviços 
públicos e retirada do Estado de certas funções 
de interesse social.
b. O segundo aspecto refere-se à forma em que 
“a	fiscalização	é	executada	por	um	organismo	es-
26
tranho, quase sempre o Estado, como garantia do 
cumprimento das suas prescrições legais”. Nesse 
contexto é que surge a função do Inspetor Es-
colar, institucionalizada pelo Estado e parte inte-
grante dos sistemas públicos de Educação. A sua 
existência	 justifica-se	 histórica	 e	 politicamente	
pelos seguintes requisitos:
●	O	melhor	governo	tem	sempre	necessidade	de	
saber se tudo corre normalmente;
●	É	preciso	ter	segurança	de	que	os	subalternos	
cumprem as suas atribuições;
●	É	necessário	coordenar	meios	afins	em	todos	
os aspectos, em todos os estágios do desenvolvi-
mento da ação. (op. Cit., pág. 24)
	 Por	fim,	registre-se	o	caráter	de	contro-
le2 que assume a inspeção, em qualquer nível ou 
estrutura de atuação. Controle, no sentido de 
acompanhar e retroalimentar processos de tra-
balho (produção), de forma a buscar o melhor 
desempenho para o alcance das metas previstas 
pelos níveis estratégicos das organizações.
 Podemos, portanto, encerrar este tópi-
co,	afirmando	que	a	 inspeção	–	e	em	especial	 a	
2.	O	termo	controle	possui	inúmeros	significados,	dos	quais	
extrairemos aqui o que nos parece mais pertinente para o foco 
do nosso trabalho. O Moderno Dicionário da Língua Portu-
guesa	Michaelis	apresenta	uma	definição	interessante:	1.	Ato	
de	dirigir	qualquer	serviço,	fiscalizando-o	e	orientando-o	do	
modo mais conveniente. 
27
Inspeção escolar – não deve ser compreendida 
como um ato de autoritarismo ou de exercício 
meramente burocrático do poder, mas, como um 
elemento estratégico na condução, execução e 
correção de rumos de qualquer projeto e, princi-
palmente,	para	o	nosso	campo	específico	de	atu-
ação que é a Educação.
O termo Inspeção Escolar também é conhecido, 
nos meios educacionais, como Orientação e/ou 
Supervisão, o que causa natural confusão, até por-
que	são	termos	com	significados	diferentes	e,	con-
sequentemente, atribuições diferentes também.
A título de enriquecimento da temática, é relevan-
te considerarmos que, no contexto educacional 
do século XXI, a Orientação Educacional e a Su-
pervisão Escolar tendem a fundir-se e a tornar-se 
uma única função, de caráter abrangente, chamada 
EVOLUÇÃO
HISTÓRICA 
DA INSPEÇÃO
ESCOLAR 
NO BRASIL 
28
de Coordenação Pedagógica. Observe que em vá-
rios Estados da federação, esse fenômeno já está 
ocorrendo. Talvez, fosse interessante uma pesqui-
sa nesse sentido, uma vez que a função social da 
Orientação Educacional, com o sentido de “des-
cobrir”	 potencialidades	 profissionais	 (aptidões	
para o mercado de trabalho), tem perdido a sua 
pertinência histórica.
	 O	mais	importante	é	identificarmos	que,	
na legislação brasileira, encontramos a Inspeção 
escolar com dois tipos principais: a Inspeção do 
sistema federal (compreende-se entre as atribui-
ções do Ministério da Educação – MEC) e a Ins-
peção dos sistemas estaduais e municipais de en-
sino. Acrescente-se o fato de que, cada entidade 
mantenedora de instituições educacionais também 
mantém procedimentos próprios de inspeção, 
conforme citamos no tópico 1.2, acima.
 Nas unidades 3 e 4, que tratarão da orga-
nização dos sistemas de ensino, teremos oportuni-
dade	de	verificar	como,	de	fato,	são	distribuídas	as	
funções da inspeção escolar nas instâncias federal, 
estadual e municipal. No momento, é fundamental 
analisarmos	o	que	afirma	a	legislação,	em	termos	
de	definições	de	papéis	e	 importância	estratégica	
da inspeção escolar.
29
Faremos, a seguir, breve estudo considerando a le-
gislação atual, realçando os aspectos textuais mais 
importantes para a nossa análise. Convém, nesse 
momento, ter à mão a LDB 9394/96. 
 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional n° 9394, de 20 de dezembro 1996, no seu 
TÍTULO IV, Da organização da Educação Nacio-
nal,	Art.	8°,	afirma	o	seguinte:
 Art 8º A União, os Estados, o Distrito Fe-
deral e os Municípios organizarão, em regime de 
colaboração, os respectivos sistemas de ensino.
 § 1º Caberá à União a coordenação (grifo 
meu) da Política Nacional de Educação, articulando 
os diferentes níveis e sistemas e exercendo a função 
normativa (grifo meu), redistributiva e supletiva em 
relação às demais instâncias educacionais.
 Observe que, para realizar a coordenação 
de um Plano Nacional de Educação, em um país 
de dimensões continentais como o Brasil, será ne-
cessário um competente serviço de inspeção, de 
modo a acompanhar, nos Estados e Municípios, a 
sua efetiva aplicação. Por outro lado, a função nor-
mativa, que também será exercida pelos estados e 
Municípios, no âmbito de suas jurisdições, implica 
a elaboração de normas (Leis, Decretos, Delibera-
ções, Resoluções, etc.) e a necessária exigência de 
sua aplicação e cumprimento pela via do controle 
30
(inspeção)	 realizado	 por	 órgãos	 especificamente	
determinados	para	esse	fim,	tanto	no	plano	federal	
quanto nas demais entidades federativas do país. 
 Ora, a elaboração de um Plano Nacional 
de Educação, ainda que “em colaboração com os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios” (Art. 
9º)	exige	uma	ação	fiscalizadora	sobre	os	parceiros	
(Estados, Municípios e Distrito Federal). Tal ação 
fiscalizadora	 compete,	 evidentemente,	 à	 União,	
que também tem a obrigação de executá-lo (o Pla-
no), e é exercida por órgãos da administração fede-
ral que age, segundo MENESES (op. Cit., pág. 47): 
“direta e indiretamente. Diretamente, com a pro-
moção de encontros com Secretários Estaduais de 
Educação [...] e indiretamente, pela apresentação 
de relatórios federais sobre a situação educacional 
nos estados e sua comparação com as metas e es-
tratégias federais.”
 É importante salientar que o Brasil dispõe 
de instrumentos de avaliação da situação educacio-
nal, para todos os níveis, tais como o Sistema Na-
cional de Avaliação da Educação Básica – SAEB 
e o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, 
que	apresentam,	periodicamente,	uma	radiografia	
da situação de aprendizagem dos alunos de insti-
tuições públicas e particulares nacionais. 
Tais sistemas de avaliação mereceriam uma abor-
dagem mais profunda dos agentes educacionais, 
31
posto que são oriundos de programas educacio-
nais	definidos	a	partir	do	modelo	socioeconômico	
neoliberal	 que	 vigorou,	 no	mundo,	 no	 final	 dos	
anos	70	 e	 exerceu	 (exerce)	 enorme	 influência	na	
definição	 das	 políticas	 públicas	 educacionais	 dos	
últimos trinta anos, no Brasil.
A PRESENÇA DA INSPEÇÃO
ESCOLAR NAS LEIS DE DIRETRIZES E BASES
Pelo que se pode depreender da análise das Leis de 
Diretrizes e Bases implantadas no país, a função da 
inspeção escolar mostrava-se necessária, indispen-
sável, melhor dizendo, pela absoluta importância 
da sua presença na consecução dos objetivos da 
Educação Nacional. Ressalte-se que o exercício da 
inspeção estará sempre atrelado à satisfação dos 
interesses do poder público. É preciso conside-
rar, pois, quais são os interesses do poder público. 
Esse tema remete-nos à discussão sobre o papel 
do Estado, uma discussão de cunho sociológico, 
de absoluta importância nos tempos atuais, uma 
vez que é a concepção de Estado e a sua função 
social que determinará o desenvolvimento de po-
líticas públicas de saúde, educação, segurança e 
afins.	E,	em	pleno	século	XXI,	essa	discussão	se	
torna cada vez mais atual, posto que, as disputas 
políticas pelo poder carregam, no seu interior e 
como plataforma política, as concepções de Esta-
32
do que orientam as agremiações políticas.
Dica de estudo: pesquise sobre os conceitos de 
Estado, na concepção liberal e na visão do Ma-
terialismo Histórico. Faça uma comparação entre 
as duas concepções. Elas serão determinantes na 
definição	de	propostas	educacionais	para	o	país.
 Veremos, a seguir, algumas citações da le-
gislação que implicam a presença da inspeção es-
colar. Busque a legislação citada e componhao seu 
acervo (a sua pasta) de documentos legais. Será ex-
tremamente	útil	na	sua	vida	profissional.	Vejamos:
 A LEI NO 4.024, DE 20 DE DEZEM-
BRO DE 1961, foi a primeira Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação editada no país. Trazia, 
no seu conteúdo, os princípios que passariam 
a orientar a formação da sociedade brasileira, 
conforme se observa no:
 TÍTULO I
 Art. 1º A educação nacional, inspirada 
nos princípios de liberdade e nos ideais de solida-
riedade	humana,	tem	por	fim:
a) a compreensão dos direitos e deveres da pessoa 
humana, do cidadão, do Estado, da família e dos 
demais grupos que compõem a comunidade;
b) o respeito à dignidade e às liberdades funda-
mentais do homem;
c) o fortalecimento da unidade nacional e da soli-
33
dariedade internacional;
d) o desenvolvimento integral da personalidade hu-
mana e a sua participação na obra do bem comum;
e) o preparo do indivíduo e da sociedade para o 
domínio	 dos	 recursos	 científicos	 e	 tecnológicos	
que lhes permitam utilizar as possibilidades e ven-
cer	as	dificuldades	do	meio;
f) a preservação e expansão do patrimônio cultural;
g) a condenação a qualquer tratamento desigual 
por	 motivo	 de	 convicção	 filosófica,	 política	 ou	
religiosa, bem como a quaisquer preconceitos de 
classe ou de raça.
	 Observe	o	que	afirmava	o:
 Art. 14. É da competência da União reco-
nhecer e inspecionar os estabelecimentos particu-
lares de ensino superior.
 No que se refere a Estados e Municí-
pios, indicava o:
 Art. 16. É da competência dos Estados e 
do Distrito Federal autorizar o funcionamento dos 
estabelecimentos de ensino primário e médio não 
pertencentes à União, bem como reconhecê-los e 
inspecioná-los (grifo meu).
 A LEI Nº 5.540, DE 28 DE NOVEM-
BRO DE 1968, que “Fixa normas de organização 
e funcionamento do ensino superior e sua articula-
ção com a escola média, e dá outras providências”, 
afirma	em	seus:
 Art. 6º A organização e o funcionamento dos 
34
estabelecimentos isolados de ensino superior serão 
disciplinados em regimentos, cuja aprovação deverá 
ser submetida ao Conselho de Educação competente. 
 Art. 7º As universidades organizar-se-ão 
diretamente ou mediante a reunião de estabeleci-
mentos já reconhecidos, sendo, no primeiro caso, 
sujeitas à autorização e reconhecimento e, no se-
gundo, apenas a reconhecimento. 
 Evidentemente, as atribuições de orientar 
Regimentos, Autorização e Reconhecimento, são 
típicas da inspeção escolar, sem a qual os sistemas 
educacionais funcionariam, provavelmente, de ma-
neira anárquica, perdendo-se o elemento agregador 
de uma política pública de amplitude nacional, cor-
roendo-se, assim, o próprio espírito de nação, sendo 
este o alicerce sobre o qual se constroem os princí-
pios de nacionalidade, solidariedade e civilidade.
Importante: demais legislações que ilustram a tra-
jetória histórica da Educação Brasileira, consti-
tuem-se como leitura obrigatória para aqueles que 
pretendem se dedicar à área de políticas públicas. 
Citamos e sugerimos a leitura de:
•	Lei	n°	4.440,	de	27	de	outubro	de	1964,	que	ins-
titui o salário-educação.
•	Lei	nº	5692,	de	11	de	agosto	de	1971	e,	evidentemente.
•	Lei	n°	99394/96,	citada	anteriormente	nesta	Unidade.
 Trataremos, no último tópico desta 
unidade da Formação do Inspetor Escolar, na 
35
qual veremos, em linhas gerais as diretrizes 
emanadas do poder público em relação à for-
mação desse profissional.
Finalizaremos essa unidade, explicitando para você, lei-
tor, de que forma o poder público (Estado Nacional) 
contempla	a	formação	dos	profissionais	em	Educação,	
em especial o Inspetor Escolar, e como se expressa 
essa concepção na LDB em vigor (9394/96). Por úl-
timo, teceremos alguns comentários sobre a necessária 
formação intelectual do Inspetor escolar à luz do con-
texto sócio-histórico no qual estamos todos inseridos.
O QUE DIZ A LEI DE DIRETRIZES
E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL
Nº 9394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996
Atenção! O texto utilizado como referência para 
este	 tópico	recebeu	um	conjunto	significativo	de	
FORMAÇÃO 
DO INSPETOR
ESCOLAR 
ESCOLAR 
36
alterações de leis que regulamentaram a LDB, des-
de a sua edição em 1996. Especialmente o TÍTU-
LO	VI,	Dos	Profissionais	da	Educação,	que	trata-
remos	aqui,	 sofreu	modificações	produzidas	pela	
Lei nº 12.014, de 2009.
 É possível, portanto, que se você estiver 
utilizando uma versão da LDB anterior a 2009, en-
contre algumas incompatibilidades entre os textos.
 Para evitar que isso ocorra, manteremos, 
nas	eventuais	citações	que	fizermos,	a	grafia	ori-
ginal do documento e respectivas alterações. O 
texto na íntegra, será disponibilizado no Portal, 
para seu arquivamento.
	 A	formação	dos	profissionais	da	Educa-
ção está prevista na LDB atual e deve ser rigida-
mente	 observada,	 para	 efeito	 de	 qualificação	 do	
processo educacional, posto que se trata de elevar 
o	 nível	 de	 competência	 técnico-profissional	 da-
queles que fazem Educação, em todos os níveis.
 Ao tratar, de maneira geral da formação 
dos	profissionais,	a	LDB	especifica,	em	primeiro	
lugar, quem são os trabalhadores em Educação. 
 Observe o que diz o:
 TÍTULO VI
	 Dos	Profissionais	da	Educação
 (Texto alterado!!! Observe adiante)
 Art.	 61.	 A	 formação	 de	 profissionais	 da	
educação, de modo a atender aos objetivos dos di-
37
ferentes níveis e modalidades de ensino e às carac-
terísticas de cada fase do desenvolvimento do edu-
cando, terá como fundamentos: (Regulamento)
 I - a associação entre teorias e práticas, in-
clusive mediante a capacitação em serviço;
 II - aproveitamento da formação e expe-
riências anteriores em instituições de ensino e ou-
tras atividades.
	 Art.	 61.	 Consideram-se	 profissionais	 da	
educação escolar básica os que, nela estando em 
efetivo exercício e tendo sido formados em cur-
sos reconhecidos, são: (Redação dada pela Lei nº 
12.014, de 2009)
 (Observe este inciso)
I – professores habilitados em nível médio ou su-
perior para a docência na educação infantil e nos 
ensinos fundamental e médio; (Redação dada pela 
Lei nº 12.014, de 2009)
II – trabalhadores em educação portadores de 
diploma de pedagogia, com habilitação em admi-
nistração, planejamento, supervisão, inspeção e 
orientação educacional, bem como com títulos de 
mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; (Reda-
ção dada pela Lei nº 12.014, de 2009)
III – trabalhadores em educação, portadores 
de diploma de curso técnico ou superior em 
área	 pedagógica	 ou	 afim.	 (Incluído	pela	Lei	 nº	
12.014, de 2009)
 Obs.: 1 - Depreende-se, pelo inciso II, 
38
que a área da Inspeção escolar está inclusa na for-
mação em Pedagogia, em nível superior, com ha-
bilitação	específica	para	o	exercício	no	setor.	
 O parágrafo único estabelece os Funda-
mentos para a formação, conforme descrito a seguir:
Parágrafo	único.	A	formação	dos	profissionais	da	
educação,	de	modo	a	atender	às	especificidades	do	
exercício de suas atividades, bem como aos objeti-
vos das diferentes etapas e modalidades da educa-
ção básica, terá como fundamentos: (Incluído pela 
Lei nº 12.014, de 2009)
I – a presença de sólida formação básica, que pro-
picie	o	conhecimento	dos	fundamentos	científicos	
e sociais de suas competências de trabalho; (Inclu-
ído pela Lei nº 12.014, de 2009)
II – a associação entre teorias e práticas, mediante 
estágios supervisionados e capacitação em serviço; 
(Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009)
III – o aproveitamento da formação e experiências an-
teriores, em instituições de ensino e em outras ativida-
des. (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009)
 Obs.: 2 – Sólida formação básica, asso-
ciação entre teoria e prática e aproveitamento das 
experiências anteriores compõem, portanto, o las-
tro teórico-metodológico em que se assenta a for-
mação	dos	profissionais	 da	Educação,	 conforme	
preconiza a LDB 9394/96.
	 O	Art.	64	define	claramente	a	questão	da	
39
formação, explicitando:
	 Art.	 64.	A	 formação	de	profissionais	 de	
educação para administração, planejamento, ins-
peção, supervisão e orientação educacional paraa 
educação básica, será feita em cursos de gradua-
ção em pedagogia ou em nível de pós-graduação, 
a critério da instituição de ensino, garantida, nesta 
formação, a base comum nacional.
 Obs.: 3 – Do ponto de vista jurídico-legal, 
a	formação	do	Inspetor	escolar	fica	definida	como	
sendo, necessariamente, uma formação de nível 
superior, com todas as fundamentações necessá-
rias para o exercício do cargo. A seguir, faremos 
algumas considerações sobre os elementos con-
teudísticos dessa formação, como uma espécie de 
reforço a algumas áreas do conhecimento que não 
podem ser relegadas a plano secundário no pro-
cesso de formação.
DA NECESSIDADE DE UMA FORMAÇÃO 
DE CARÁTER HUMANÍSTICO E HISTÓRICO
A ação da Inspeção Escolar, bem como da Gestão 
Escolar, envolve um conjunto de variáveis de or-
dem social, política e econômica, que deve nortear 
as atenções do Gestor e do Inspetor, na sua rotina 
de trabalho, em seus contatos com o público em ge-
ral e os dirigentes educacionais públicos e privados.
 Isto tem uma implicação na formação 
40
acadêmica	do	profissional:	por	natureza	da	pro-
fissão,	 a	 inspeção	 escolar	 é	 exercida	 no	 âmbito	
jurídico	do	Estado,	o	que	significa	atuar	à	luz	dos	
interesses políticos de grupos que, eventualmen-
te, assumem o poder, para os quais a inspeção 
deve estar atrelada às negociações de caráter po-
lítico-partidário.	O	que	significa,	eventualmente,	
exigir que o Inspetor “agilize” certos processos, 
“permita” certos procedimentos que contrariam 
a	própria	 legislação,	 enfim,	que	 faça	concessões	
às autoridades de plantão.
 Some-se a isso, o fato de que as escolas 
e os órgãos gestores dos sistemas educacionais 
repercutem esse tipo de relações intergrupais, de 
forte conotação política e reproduzem, no interior 
dos seus estabelecimentos, as relações de classe 
que permeiam a vida em sociedade.
 Daí, a necessidade de que o Gestor esco-
lar e o Inspetor escolar possuam, não apenas uma 
sólida formação dos aspectos técnico-operacio-
nais	inerentes	à	profissão,	porém,	mais	do	que	isso,	
uma formação solidamente embasada no campo 
das	 ciências	 humanas,	 em	 especial	 a	 filosofia,	 a	
sociologia, a história e a antropologia. Serão estes 
os fundamentos epistemológicos que imprimirão 
qualidade ao trabalho do Gestor e do Inspetor e o 
auxiliarão nos embates político-sociais que ocor-
rem nas suas respectivas áreas. 
 Por isso mesmo, nossa próxima unidade 
41
utilizará aqueles campos do conhecimento para 
construir, ainda que embrionariamente, uma base 
teórica	que	permita	situar	historicamente	o	signifi-
cado da Gestão e da Inspeção. Vamos a ela. 
Nesta	unidade,	você	pôde	identificar	o	conceito	de	
Inspeção Escolar e a trajetória histórica da Inspeção 
e, em segundo plano, associá-lo, à Gestão Escolar, 
como atividades complementares e intrinsecamente 
relacionadas, bem como avaliar a importância de am-
bos para a consolidação dos sistemas educacionais. 
 Essas compreensões são fundamentais 
para a sequência do nosso Curso.
Faça um levantamento (oral), entre seus cole-
gas	de	 turma	e/ou	de	 trabalho,	 e	verifique	qual	
SÍNTESE 
DA UNI
DADE 
ATI 
VIDA
DES 
42
é a concepção dominante sobre a formação do 
Gestor ou do Inspetor escolar. Observe qual é 
a compreensão que os consultados demonstram 
sobre o tipo de conhecimento que é necessário 
para que o Gestor ou o Inspetor tenha uma for-
mação de excelência. 
02/ FUNDAMENTOS
HISTÓRICO-
ANTROPOLÓGICOS 
PARA A
COMPREENSÃO 
DOS PROCESSOS
DE GESTÃO3
45
Seja bem-vindo (a) à nossa segunda unidade, 
que será dedicada a uma importante reflexão 
a respeito da construção histórica das socieda-
des, as implicações da divisão do trabalho e da 
apropriação de tecnologias no processo de pro-
dução. Talvez, você nunca tenha parado para 
pensar no assunto, mas aproveite agora. Quem 
sabe não é este o seu momento! 
Objetivos da Unidade 
Ao	final	desta	unidade,	você	deverá	ter	desenvolvido:
●	Um	conceito	de	Revoluções	Tecnológicas	e	Pro-
cessos Civilizatórios;
●	Uma	compreensão	precisa	sobre	o	que	é	Orga-
nização Social;
●	A	compreensão	da	relação	que	existe	entre	a	Orga-
nização Social, a Tecnologia e o Patrimônio Simbólico.
Conteúdos da Unidade 
●	Os	processos	sociais	fundamentais:	a	organização	social.
●	Introdução	aos	conceitos	de	Revoluções	Tecno-
lógicas e Processos Civilizatórios;
3. Esta unidade será desenvolvida a partir de texto que elabo-
rei para a Universidade para o Desenvolvimento do Estado 
e da Região do Pantanal – UNIDERP, Campo Grande/MS, 
para	a	Unidade	Temática:	Sociologia	e	filosofia	aplicadas	às	
Ciências Contábeis, no ano de 2007. Promovi as alterações 
necessárias para o contexto atual. A fonte comporá as Refe-
rências	Bibliográficas	deste	livro.	O	autor.
47
A organização social é o elemento fundamental 
para compreendermos o desenvolvimento da hu-
manidade. Quando falamos em “organização so-
cial” estamos falando em “divisão do trabalho”, 
“divisão de funções” dentro da coletividade, os 
papéis sociais que os indivíduos devem executar 
para	solidificar	a	existência	do	grupo,	na	sua	for-
ma histórica. Para isso, é fundamental recorrermos 
aos fatos históricos que deram origem às forma-
ções sociais, porque, é partindo do conhecimento 
dos fatos originais que compreenderemos o que se 
passa no presente e teremos melhores condições 
de projetar o futuro.
 É assim que, para a primeira aproximação 
da temática do Módulo, utilizaremos alguns funda-
mentos da Antropologia Histórica, com o objetivo 
de recuperarmos os passos iniciais do processo de 
humanização do Homem.
OS PROCESSOS 
SOCIAIS FUN
DAMENTAIS: 
A ORGANIZA
ÇÃO SOCIAL
48
 O termo “humanização do Homem”, 
aparentemente redundante, é colocado aqui pro-
positadamente, com o objetivo de evidenciar que 
o processo de desenvolvimento do ser humano 
possui	um	caráter	histórico,	o	que	significa	que	“se	
tornar humano”, no sentido civilizatório, é uma 
conquista do grupo, um fazer coletivo, portanto, 
um ato intencional do Homem na busca da sua 
autossuperação.
 No nosso estudo, o termo “evolução” 
refere-se ao conjunto de transformações pelas 
quais passam (passaram) as sociedades humanas 
ao longo dos tempos, transformações essas, que 
são expressas por uma “sucessão de revoluções 
tecnológicas e processos civilizatórios, através dos 
quais a maioria dos homens passa de uma con-
dição generalizada de caçadores e coletores para 
diversos modos de prover a subsistência, de orga-
nizar a vida social e de explicar suas próprias expe-
riências.” (Ribeiro,1997, pág. 39-49)
Observe, caro acadêmico, os termos: prover a 
subsistência, organizar a vida social e explicar suas 
próprias experiências. Serão fundamentais para a 
compreensão da unidade.
 São esses diferentes modos de prover a 
subsistência, de organizar a vida social e de ex-
plicar suas próprias experiências, que comporão, 
49
como uma base sólida, as relações socioculturais 
dentro dos grupos e entre grupos distintos, em um 
município, em um Estado ou entre países. Con-
vém, nesse momento, entendermos melhor o sig-
nificado	e	a	relação	entre	os	três	elementos	acima	
evidenciados: são eles que nos darão a “chave” 
para compreendermos o que é um processo civili-
zatório	e,	portanto,	o	que	significa	uma	“evolução	
sociocultural”. Vamos a eles:
a. Prover a subsistência: relaciona-se ao trabalho, 
ao domínio das tecnologias, para a produção e a 
satisfação das necessidades básicas do grupo, tais 
como: alimentação, moradia, vestuário, saúde etc. 
Para Ribeiro (p. 40) existe “o caráter acumulativo 
do progresso tecnológico, que se desenvolve desde 
as formas mais elementares a formas mais com-
plexas, de acordo com uma sequência irreversível”. 
Ou seja, à medida que a sociedade desenvolve no-
vas tecnologias, esse conhecimento incorpora-se à 
cultura do grupo, provocando novas necessidades 
e determinando novos comportamentos dos indi-
víduos (esse aspecto, veremos mais adiante).
b. Organizar a vida social: refere-se à distribuição 
de funções dentro do grupo, oque poderíamos 
chamar também de divisão do trabalho, ou, ainda, 
uma	forma	específica	de	organização	interna	entre	
os seus membros, “bem como, das suas relações 
com outras sociedades” (pág. 40). É essa organiza-
ção	que	vai	definir	o	perfil	social	da	comunidade,	a	
50
sua	hierarquização	e	sua	estratificação	em	classes.
 Já podemos, nesse momento, estabelecer 
uma relação entre os dois primeiros tópicos: exis-
te, nas sociedades em geral, uma interação (uma 
relação recíproca) absoluta entre os esforços de 
controle da natureza para produzir bens, pelo do-
mínio do uso das tecnologias, e a magnitude de sua 
população, a forma de organização das relações 
das relações internas entre seus membros, bem 
como das relações com outras sociedades.
Fique “de olho” nessa questão: é assim que as so-
ciedades mais primitivas deram início ao seu pro-
cesso civilizatório, desenvolvendo uma organiza-
ção social peculiar. Veremos isso mais adiante!
c. Explicar suas próprias experiências: o ser hu-
mano elabora as suas ideias sobre a vida, o meio 
em que vive, suas relações, por intermédio daquilo 
que chamamos de cultura, entendida aqui como o 
patrimônio simbólico dos modos padronizados de 
pensar	e	de	saber.	Significa	admitir	que	a	sociedade	
produz, em seus membros, uma forma “coletiva” 
de entender a realidade, compreender o mundo 
em que vivemos e expressar essa compreensão. 
Para Marilena Chauí, o Homem manifesta a sua 
compreensão do mundo de três maneiras distintas, 
porém, relacionadas. São elas:
●	Materialmente,	pelos	artefatos	e	bens	produzi-
51
dos e utilizados;
●	Expressamente,	através	da	conduta	social;
●	Ideologicamente,	“pela	comunicação	simbólica	
e pela formulação da experiência social em corpos 
de saber, crenças e de valores”.
 Os elementos acima descritos (a, b e c) 
constituem aquilo que se pode chamar de “impe-
rativos”, no sentido de que a sua participação no 
processo social é fundamental para os fenômenos 
de desenvolvimento e transformação das socie-
dades. Tais imperativos, que poderíamos chamar 
de tecnológico, social e ideológico, apresentam 
uma necessária conexão entre eles, de modo 
que, a certas transformações na base tecnológica 
correspondem	modificações	nos	padrões	de	or-
ganização	social	e	“nos	moldes	de	configuração	
ideológica”, ou seja, nas formas (mentais) de re-
presentação do mundo, na maneira peculiar de 
“ver as coisas”.
 Poderíamos buscar vários exemplos con-
cretos para ilustrar essa ideia: pense na introdução 
do computador no processo produtivo (no seu tra-
balho). Quantas transformações são causadas pelo 
uso do computador? Transformações relacionadas 
à própria agilidade da produção, à introdução de 
formas diferentes de trabalho, novas funções que 
exigem	capacitações/qualificações	específicas,	no-
vas linguagens que os ambientes informatizados 
propiciam,	enfim,	caberia	a	pergunta:	
52
Você preferiria retornar à velha máquina de escre-
ver para produzir seus textos, abandonando o seu 
micro, com todas as facilidades de escrita que ele 
oferece? Com certeza, a resposta será não!
 Para sintetizar este primeiro tópico, esta-
beleceremos a nossa primeira síntese parcial sobre 
o estudo do Homem e a construção histórica das 
sociedades:	podemos	afirmar	que	toda	e	qualquer	
sociedade, ao longo dos tempos, fundamenta-se 
em um tripé, composto daquilo que chamamos de 
imperativos, que constituem a base antropológica 
para a formação social. Esse tripé é constituído do 
domínio da tecnologia (saber fazer!), da divisão do 
trabalho (organização social) e do patrimônio sim-
bólico, sendo este o conjunto das nossas opiniões, 
mitos,	crenças,	filosofias,	religiões,	ciências,	enfim,	
a totalidade da nossa representação do mundo, 
que também pode ser chamada de cultura. 
 Aqui, reside a “pista” para compreen-
dermos a construção histórica dos processos de 
gestão e Inspeção, em qualquer ramo da atividade 
produtiva.	 Vejamos	 a	 definição	 do	 termo	 “Ges-
tão”, segundo o Dicionário Priberam da Língua 
Portuguesa. (http://www.priberam.pt/DLPO/
default.aspx?pal=Administração):
53
Gestão 
s. f.
Gerência; administração.
Gerência 
s. f.
1. Ato! de gerir. = GERENCIAMENTO
2. Funções de gerente.
3. Administração.
Administração 
s. f.
1. Gerência de negócios próprios, alheios ou políticos.
2. Casa onde se exerce a administração.
3. As pessoas que administram.
4. Exercício.
5. Ação! de conferir.
 É possível percebermos que, etimologi-
camente: a) os termos Gestão e Administração 
possuem	o	mesmo	significado;	b)	tanto	a	gestão	
como a Inspeção não podem ser entendidas ex-
clusivamente como uma atividade burocrática, 
muitas vezes exterior à organização (à escola, por 
exemplo). Muito pelo contrário, já vimos que, no 
processo de desenvolvimento das sociedades, a 
organização social é um ato de gestão que pro-
voca novas situações de gestão e inspeção, como 
54
tecnologia (conhecimento) necessária para o 
aprimoramento das atividades humanas. Logo, é 
correto	afirmarmos	que	todo	ser	humano	é,	po-
tencialmente e historicamente, um Gestor e um 
Inspetor dos seus próprios atos.
 É a relação entre os elementos acima 
descritos (tecnologia, organização social e patri-
mônio simbólico), e a eventual supremacia de um 
deles sobre os demais em determinados momen-
tos da história, que promovem as transformações 
sociais, possibilitando aos países e/ou outros 
grupos	 sociais,	 modificações	 profundas	 na	 sua	
estrutura social. Constituem-se, portanto, como 
categorias fundamentais para o estudo do Ho-
mem na sociedade e devem nos acompanhar nas 
nossas leituras e discussões sobre o assunto. An-
tes de darmos continuidade, porém, à compre-
ensão de outros conceitos importantes, é preciso 
estabelecer um princípio adotado na abordagem 
antropológica, que deve servir de referência para 
a compreensão da temática:
●	Apesar	de	os	estudos	arqueológicos	e	antropo-
lógicos situarem o surgimento do Homem num 
período compreendido entre 500 mil e um milhão 
de anos, a existência do ser humano como um pro-
cesso histórico-cultural, em que o Homem passa 
a controlar sistematicamente a natureza e dela 
extrair – de forma organizada – o seu sustento, é 
relativamente recente: é nos últimos dez mil anos 
55
que se dá início aos primeiros processos civiliza-
tórios, e é essa referência temporal (dez mil anos) 
que constituirá o nosso foco de análise, uma vez 
que a nossa temática está determinada pela relação 
do Homem com a Sociedade (organizada – por 
ele); portanto, não estamos falando do Homem 
nômade, caçador e coletor, mas, do Homem que 
se sedentariza e promove transformações substan-
ciais na sua organização social, em outras palavras, 
do Homem que produz cultura e torna-se um ser 
civilizado, transcendendo da escala zoológica ao 
plano da conduta cultural.
 No próximo tópico, estudaremos os 
conceitos de Revoluções Tecnológicas e Pro-
cessos Civilizatórios e como aconteceram (e 
acontecem), concretamente, na organização 
social dos povos.
 Procure rever todos os conceitos aqui 
trabalhados. O seu domínio é um requisito 
indispensável para a compreensão dos próxi-
mos assuntos.
56
Como vimos no tópico anterior, a construção 
histórica das sociedades acontece sobre um tripé 
formado pela tecnologia (saber fazer), pela orga-
nização social (divisão do trabalho) e pelo patri-
mônio simbólico (ideologia). Na nossa análise, a 
tecnologia assume papel determinante sobre os 
outros dois componentes, o que implica consi-
derarmos que a apropriação e/ou inserção de 
novas tecnologias em um ambiente social, provo-
cará transformações substanciais nesse próprio 
ambiente e, consequentemente, no conjunto de 
conhecimentos que compõem o patrimônio sim-
bólico do grupo.
	 São	 essas	 transformações	 significativas	
– e impulsionadas pela absorção de tecnologias 
– que imprimirão o caráter de desenvolvimento 
da	 população	 e	 definirão	 o	 seu	 perfil	 político-
INTRODUÇÃO
AOS CONCEITOS
DE REVOLUÇÕES
TECNOLÓGICAS 
E PROCESSOS
CIVILIZATÓRIOS
57
-social, econômico e culturale o seu consequen-
te posicionamento político no conjunto dos 
povos, vale dizer, na totalidade das relações so-
cioeconômicas internacionais.
 Para entendermos como se dá, historica-
mente, a interconexão entre os três elementos ci-
tados e as implicações dessa relação na produção 
do ser humano civilizado, dois conceitos surgem, 
agora, como essenciais ao desenvolvimento do as-
sunto: Revoluções Tecnológicas e Processos Civi-
lizatórios.	Vejamos	a	definição	de	cada	um	deles,	
na óptica de Ribeiro (1997, pág. 57-68):
"Empregamos o conceito de revolução tec-
nológica para indicar que a certas trans-
formações prodigiosas no equipamento de 
ação humana sobre a natureza, ou de ação 
bélica, correspondem alterações qualitati-
vas em todo o modo de ser das sociedades, 
que nos obrigam a tratá-las como catego-
rias novas dentro do continuum da evolu-
ção sociocultural. Dentro dessa concepção, 
supomos que ao desencadeamento de cada 
revolução tecnológica ou à propagação de 
seus efeitos sobre contextos socioculturais 
distintos, através de processos civilizató-
rios, tende a corresponder a emergência de 
novas formações socioculturais” 
58
 Podemos deduzir da frase anterior que, 
modificações	 importantes	 (“prodigiosas”)	 ocor-
ridas nos instrumentos de trabalho do Homem 
(“equipamento de ação humana sobre a natu-
reza”), bem como aqueles direcionados para a 
guerra (“ação bélica”), acarretarão, consequen-
temente,	modificações	(“alterações	qualitativas”)	
no conjunto da sociedade, em seus aspectos 
profissionais	(divisão	do	trabalho,	especialização	
etc.) e culturais; novos instrumentos, desencade-
ando a necessidade de novos conhecimentos e 
provocando novas necessidades sociais, em uma 
espiral ascendente a que poderíamos chamar de 
desenvolvimento.
Pequena	reflexão:	o	que	seria,	por	exemplo,	dos	
exércitos que continuassem, na idade moderna, 
com a mesma tecnologia de guerra dos esparta-
nos da Antiguidade?
 Ou, como fariam as sociedades de gran-
des massas (em termos de população) para a pro-
dução de alimentos, com os antigos arados de tra-
ção animal, como base tecnológica para saciar a 
fome de milhões de pessoas?
	 Apenas	esses	dois	exemplos	são	suficien-
tes para vislumbrarmos a importância da questão 
tecnológica para o processo civilizatório, o que 
significa	 dizer:	 para	 o	 trabalho,	 a	 saúde,	 o	 lazer,	
59
a	ciência,	enfim,	para	todas	as	áreas	em	que	o	ser	
humano atua, transformando a natureza.
 Temos, então, que:
a. Uma Revolução Tecnológica pode ser con-
siderada como a propagação de uma invenção 
original ou inovação (conhecimento, artefato, 
máquina) sobre diversos contextos socioculturais 
(ambientes, povos, países) e sua aplicação a di-
ferentes setores produtivos. A partir dessa cons-
tatação, podemos inferir que “a cada revolução 
tecnológica podem corresponder um ou mais 
processos civilizatórios, através dos quais ela des-
dobra suas potencialidades de transformação da 
vida	material	e	de	 transfiguração	das	 formações	
socioculturais” (op. cit., pág. 60).
b. O Processo Civilizatório, nesse contexto, é o re-
sultado (dinâmico) das transformações ocorridas a 
partir da introdução de novas tecnologias no gru-
po social, o que vai provocar alterações na forma 
de organização social desse grupo e, consequente-
mente, no seu conhecimento, suas crenças e valo-
res (patrimônio simbólico). Podemos acrescentar 
uma mudança nos padrões de vida do grupo (em 
tese, mas não necessariamente, para melhor), que 
passa a viver uma nova condição material de exis-
tência, um novo estágio de desenvolvimento.
 É possível expressar sinteticamente os ra-
ciocínios acima, pelo seguinte mapa conceitual: 
60
Corresponde
A cada revolu-
ção tecnológica 
Um processo 
civilizatório geral
Novas formações 
socioculturais
Que dá origem a
 Um exemplo concreto, importante, cujo 
detalhamento será realizado mais adiante, é a 
Revolução Agrícola que, além de representar o 
passo decisivo no processo de “humanização do 
Homem”, pelo que provocou de transformações 
na consciência dos seres humanos, constitui, ela 
mesma, um Processo Civilizatório, à medida que 
configurou	 as	 primeiras	 formações	 sociocultu-
rais, na forma de aldeias agrícolas e pastoris.
 Para a Antropologia Histórica, na ótica de 
Darcy Ribeiro, vamos encontrar, ao longo dos dez 
mil anos de Processos Civilizatórios, pelo menos 
oito grandes Revoluções Tecnológicas, responsá-
veis	pela	configuração	do	mundo,	para	as	quais	de-
dicaremos nossa atenção nos próximos instantes. 
São elas:
●	Revolução	Agrícola
●	Revolução	Urbana
●	Revolução	do	Regadio
●	Revolução	Metalúrgica
61
●	Revolução	Pastoril
●	Revolução	Mercantil
●	Revolução	Industrial	
●	Revolução	Termonuclear
 Veremos a seguir, em linhas gerais, as ca-
racterísticas de cada revolução tecnológica:
REVOLUÇÃO AGRÍCOLA
A primeira grande Revolução Tecnológica identi-
ficada	como	o	primeiro	passo	do	ser	humano	no	
que se convencionou chamar de Processo Civili-
zatório, deu-se a “apenas” 10 mil anos, na região 
conhecida, à época, como Mesopotâmia e, hoje, 
como Iraque.
 A Revolução Agrícola, considerada o “mo-
tor” do Processo Civilizatório e, como tal, o início 
de todos os processos de transformação social, 
produziu vários “fatos novos”, que caracterizaram 
essa nova formação social. Vejamos alguns:
●	A	ruptura	com	a	condição	das	tribos	de	caçado-
res e coletores nômades;
●	A	especialização	funcional	de	alguns	grupos	hu-
manos nessa atividades produtiva;
●	Como	essa	Revolução	Tecnológica	desdobrou-
-se em dois Processos Civilizatórios (a agricultura 
e o pastoreio), encontramos, de um lado, povos 
que	se	fizeram	lavradores	de	tubérculos	ou	de	ce-
reais (aldeias agrícolas), e do outro, povos que se 
especializaram na criação e domesticação de ani-
mais (hordas pastoris nômades).
REVOLUÇÃO URBANA
Suas características essenciais podem ser descritas 
como se seguem:
●	Surgimento	das	cidades	e	dos	Estados;
●	Estratificação	das	sociedades	em	classes	sociais;
●	Acontecem	os	primeiros	passos	na	agricultura	de	
regadio, na metalurgia do cobre e do bronze, na es-
crita	ideográfica,	na	numeração	e	no	calendário;
●	As	sociedades	adotam	o	conceito	de	proprieda-
de privada e estabelecem a escravização da força 
de trabalho.
REVOLUÇÃO DO REGADIO
Caracteriza-se, fundamentalmente, pelo desenvol-
vimento das grandes obras de irrigação, o que per-
mitirá a formação das primeiras civilizações regio-
nais,	os	impérios,	dos	quais	os	mais	significativos	
são: Acádio (2350 a.C.) e Babilônico (1800 a.C.), 
Egípcio (Império Médio – 2070 a.C.), Maurya (na 
Índia – 327 a.C.), impérios chineses (de 1122 a.C. a 
1644), Maias, Incas e Astecas, nas Américas, estes 
em fase mais recente.
 A quarta Revolução Tecnológica, como 
veremos a seguir, permitiu o incremento das ativi-
dades produtivas e o consequente expansionismo 
63
do colonialismo europeu. Chama-se:
REVOLUÇÃO METALÚRGICA
Essa Revolução caracteriza-se pela generalização 
de algumas inovações tecnológicas, como por 
exemplo, a técnica do ferro forjado, que possibili-
tou, entre inúmeros outros artefatos:
●	 O	 desenvolvimento	 de	 uma	 agricultura	 mais	
produtiva	nas	áreas	florestais;
●	A	 fabricação	de	 ferramentas	de	 trabalho	–	 ar-
mas, machados, pontas de arado e partes metálicas 
de embarcações, carros de transporte e de guerra, 
a mó rotativa, moinhos movidos a água – e, con-
sequentemente, o aprimoramento dos veleiros, o 
que contribuiu sobremaneira para a expansão mer-
cantilista europeia, da qual somos – no Brasil – a 
mais viva expressão histórica;
●	A	cunhagem	de	moedas,	o	que	viabilizou	o	co-
mércio externo.
REVOLUÇÃO PASTORIL
Utilizando-se dos benefícios da aplicação do 
ferro fundido aos problemas de produção e de 
guerra, permitirá a generalização do uso de selas 
e estribos, de ferraduras e do arnês rígido (antiga 
armadura completa de um guerreiro; arreios de 
cavalo; proteção, amparo), o que melhorará signi-
ficativamente	a	eficiência	dos	animais	de	monta-
64
ria e tração, bem como a performancecombativa 
dos guerreiros.
 De posse dessa tecnologia, alguns povos 
desencadeiam um movimento de expansionismo 
messiânico, atacando áreas de antigas civilizações 
e cristalizando-as como uma nova formação so-
ciocultural chamada de impérios despóticos sal-
vacionistas.
 A expansão acelerada das relações co-
merciais, associada ao ímpeto imperialista de 
algumas civilizações, provocará a emergência da 
sexta	Revolução	Tecnológica,	que	terá	um	signifi-
cado especial para compreendermos a formação 
socioeconômica brasileira. Saberemos o porquê, 
no próximo item que é a:
REVOLUÇÃO MERCANTIL
Essa	 Revolução	 define	 um	 momento	 absoluta-
mente novo para a humanidade e irá construir um 
novo	perfil	das	relações	entre	os	países,	o	que	sig-
nifica	estabelecer	uma	hierarquia	mundial	de	po-
der	e	uma	configuração	política	em	que	as	grandes	
decisões estarão centralizadas em alguns países da 
Europa e Estados Unidos, condição que perdurará 
em toda a era moderna, persistindo até os dias de 
hoje. É bem verdade que, no século XXI, as rela-
ções político-econômicas internacionais (capitalis-
tas) passam por um processo de resistência e ques-
65
tionamento por parte de vários países periféricos 
e organizações da sociedade civil, o que implica 
reconhecer que há, concretamente, evidências de 
que boa parte da população mundial questiona 
os comportamentos adotados, hoje, por países 
como Estados Unidos ou os membros da União 
Europeia, no sentido do protecionismo aos seus 
produtores, em detrimento da abertura dos seus 
mercados aos produtos estrangeiros.
 A Revolução Mercantil tem como gran-
des características:
●	 A	 sua	 consolidação	 como	 uma	 Revolução	
“com a qual se expandem as primeiras civiliza-
ções mundiais na forma de impérios mercantis 
salvacionistas e suas áreas de dominação, confor-
madas principalmente como colonizações escra-
vistas” (pág. 63).
●	O	desenvolvimento	de	uma	tecnologia	produti-
va e militar, no século XVI, fazendo aparecer, além 
dos impérios mercantis salvacionistas, o capitalis-
mo mercantil.
●	O	desenvolvimento	da	tecnologia	de	navegação	
oceânica, baseada no aperfeiçoamento dos instru-
mentos de orientação (a bússola magnética, o as-
trolábio, as cartas celestes, cronômetros e outros) 
e de navegação (as naus e caravelas, a vela latina, 
os barcos de guerras, entre outros). Essa fase dá 
início ao processo de globalização da economia, 
dado o caráter expansionista e internacionalista 
66
das elites europeias, que transformam a mão de 
obra em um bem livremente negociável.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Deu lugar à estruturação dos imperialismos indus-
triais e do neocolonialismo, submetendo todos os 
povos (colonizados) às mesmas formas – capita-
listas – de ordenação da vida social, integrando-os 
aos mesmos corpos de valores da visão burguesa 
de mundo. 
 Esse fenômeno possui absoluta importân-
cia para os nossos estudos, uma vez que a perspec-
tiva burguesa de disseminar a sua visão de mundo 
a todas as classes sociais, na tentativa de consolidar 
um “pensamento único” e promover – na socie-
dade civil – a aceitação da organização social ca-
pitalista, estará presente na produção cultural mo-
derna, sob a forma de Educação, entretenimento, 
política	e	formação	acadêmico-profissional.
REVOLUÇÃO TERMONUCLEAR
Finalmente, protagonizamos hoje a Revolução 
Termonuclear, ou como preferem alguns autores: a 
Sociedade da Informação – que apresenta imensas 
potencialidades de transformação da vida material 
de todos os povos e uma característica peculiar a 
essa fase: pode-se considerar, hoje, o planeta como 
uma única e imensa unidade de produção, na qual 
67
predomina a forma capitalista de relações socio-
econômicas e a visão liberal-burguesa de mundo.
 “Vivemos na era da informação”, pelo 
menos é uma frase comumente adotada por mui-
tas pessoas e meios de comunicação, como que 
para caracterizar a sociedade do século XXI. Há 
informação sobre previsão do tempo, esportes, di-
versões,	finanças...
 O que nos cabe perguntar: que tipo de 
informação circula entre as pessoas, comunidades 
e países? Quem produz e interpreta a informação 
que será repassada para as multidões? A quem in-
teressa o teor das informações divulgadas?
 Pense nisso, antes de passarmos para a 
terceira unidade deste livro...
Vimos, nessa unidade, a relação direta que existe 
entre a tecnologia e as formas de vida das pessoas, 
ou seja, a incorporação das mais avançadas tecno-
logias	da	época,	no	processo	produtivo,	modifica	
qualitativamente a vida em comunidade. Temos 
exemplos	de	 sobra	para	 verificar	 isso:	 tv,	 celular,	
SÍNTESE 
DA UNI
DADE 
68
computador, artefatos sem os quais não seríamos, 
hoje,	o	que	somos,	e	sem	os	quais	também	dificil-
mente nos adaptaríamos se os perdêssemos.
 Não esqueça que o conhecimento tam-
bém é tecnologia. 
Faça	 uma	 verificação,	 no	 seu	 município,	 sobre	
as tecnologias que existem à sua volta, nas ativi-
dades rurais, fabris e comerciais. Perceba o grau 
de tecnologia que a sua comunidade desenvolve 
e procure relacionar ao nível de desenvolvimen-
to socioeconômico da sua região. Observe que, 
quanto menos tecnologias a população incorpora 
no seu dia a dia, no trabalho, no lazer, na cultura, 
menos desenvolvida culturalmente essa socieda-
de encontra-se.
	 Observe	 a	 veracidade	 dessa	 afirmação.	
Fique atento para esse fenômeno.
ATI 
VIDA
DES

Continue navegando