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Indaial – 2020 Educação contEmporânEa Prof.a Suelen Batista de Souza 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Prof.a Suelen Batista de Souza Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: S729e Souza, Suelen Batista de Educação contemporânea. / Suelen Batista de Souza. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 166 p.; il. ISBN 978-65-5663-142-4 ISBN Digital 978-65-5663-143-1 1. Educação - Finalidades e objetivos. - Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 370 III aprEsEntação Caro acadêmico! Este trabalho foi desenvolvido e criado pensando em você e em seu processo acadêmico. Neste livro didático, nós estudaremos a Educação Contemporânea e as vertentes que a compõem. Na Unidade 1, de caráter introdutório, veremos os principais temas relacionados à educação atual, como a formulação de políticas públicas voltadas para a educação, a conquista dos Direitos Humanos e a Diversidade presente na escola no decorrer de todo esse processo. Além do mais, no Tópico 3 (Educação 4.0), veremos como a introdução das tecnologias no ambiente escolar tem alterado a dinâmica de ensino e exigido novas metodologias de trabalho. Na Unidade 2 serão contemplados os aspectos teórico-metodológicos, que embasam a educação contemporânea. Apresentaremos as principais tendências da pesquisa em educação e sua nova configuração no cenário atual. Iremos perceber que as modificações que vêm ocorrendo na sociedade afetam diretamente a escola, e, dessa forma, novas modalidades de ensino surgem, como o ensino para jovens e adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, também abordadas nesta unidade, juntamente com uma ampla explanação dos aspectos teóricos da educação especial. Para finalizar, na Unidade 3, trataremos da elaboração do Projeto Pedagógico, da gestão democrática, da formulação da escola integral e das tendências internacionais pedagógicas. Este conteúdo foi produzido pensando em você, para que aprenda cada vez mais e se apaixone a cada dia pela educação. Contamos com você nesta jornada! Vamos começar! Prof.a Suelen Batista de Souza IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE VII UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE ................1 TÓPICO 1 – TRANSFORMAÇÕES DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS E DA GESTÃO ESCOLAR ...............................................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL: UM BREVE CONTEXTO .................................................3 3 GESTÃO EDUCACIONAL E GESTÃO ESCOLAR.........................................................................8 4 A BUROCRATIZAÇÃO NA GESTÃO ESCOLAR.........................................................................10 5 OS DIFERENTES TIPOS DE BUROCRACIA NO ÂMBITO ESCOLAR ..................................11 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................15 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................16 TÓPICO 2 – DIREITOS HUMANOS E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO ................................17 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................17 2 A TRAJETÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS..............................................................................17 3 A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO BÁSICA (LDB) .........................................20 4 A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) .............................................................25 5 EDUCAÇÃO ESPECIAL E O ENSINO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA. ENSINO DAS RELAÇÕES ÉTNICO RACIAIS ..................................................27 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................30 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................31 TÓPICO 3 – A EDUCAÇÃO 4.0 ............................................................................................................33 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................33 2 O HOMEM DO SÉCULO XXI ............................................................................................................33 3 O CONCEITO DE EDUCAÇÃO 4.0 ..................................................................................................34 4 O LETRAMENTO DIGITAL ..............................................................................................................37 5 METODOLOGIAS ATIVAS ...............................................................................................................39 6 EXEMPLOS DE METODOLOGIAS ATIVAS .................................................................................40 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................45 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................49 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................50 UNIDADE 2 – FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE ..............51 TÓPICO 1 – AS NOVAS CONCEPÇÕES CONCEITUAIS E LEGAIS DA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA ..............................................................................531 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................53 2 METODOLOGIAS DE ANÁLISE DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO E EM POLÍTICAS EDUCACIONAIS ..........................................................................................................53 3 A SOCIEDADE GLOBAL ...................................................................................................................54 4 AS PESQUISAS EM EDUCAÇÃO E EM POLÍTICAS EDUCACIONAIS ................................56 5 CONCEPÇÕES DE CURRÍCULO EM POLÍTICAS PÚBLICAS E REFORMAS EDUCACIONAIS .........................................................................................................61 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................67 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................68 sumário VIII TÓPICO 2 – A EDUCAÇÃO ESPECIAL .............................................................................................71 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................71 2 EDUCAÇÃO ESPECIAL: HISTÓRIA E CONCEPÇÕES DE ENSINO ......................................71 3 AS PRINCIPAIS POLÍTICAS DE INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO ESPECIAL .........................73 4 OS DIFERENTES TIPOS DE DEFICIÊNCIA ..................................................................................78 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................84 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................85 TÓPICO 3 – OS DIREITOS EDUCACIONAIS DE ADOLESCENTES E JOVENS EM MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS ................................................................................87 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................87 2 O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) ......................................................87 3 O SISTEMA NACIONAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO (SINASE) .................90 4 PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO (PIA).......................................................................93 5 A FUNDAÇÃO CASA ..........................................................................................................................96 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................99 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................103 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................104 UNIDADE 3 – COMO SE ENSINA E COMO SE APRENDE .......................................................105 TÓPICO 1 – PROJETOS PEDAGÓGICOS COMO ESTRATÉGIA DOCENTE E GESTIONÁRIA ...............................................................................................................107 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................107 2 PROJETO PEDAGÓGICO ................................................................................................................107 3 FATORES FACILITADORES E DIFICULTADORES PARA O PROJETO PEDAGÓGICO: DA CONCEPÇÃO À IMPLEMENTAÇÃO .....................................................110 4 COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS ...........................................................................................113 5 CONSTRUÇÃO DA ESCOLA CIDADÃ .......................................................................................113 6 GESTÃO ESCOLAR ...........................................................................................................................117 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................122 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................124 TÓPICO 2 – ESCOLA INTEGRAL .....................................................................................................127 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................127 2 A ESCOLA INTEGRAL E SUA CONSTRUÇÃO .........................................................................127 3 ESCOLA INTEGRAL E ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL .......................................................128 4 QUALIDADE SOCIAL DA ESCOLA INTEGRAL ......................................................................129 5 INFRAESTRUTURA ESCOLAR ......................................................................................................129 6 CAQ E CAQi ........................................................................................................................................131 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................136 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................137 TÓPICO 3 – TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS INTERNACIONAIS ..........................................139 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................139 2 PEDAGOGIA WALDORF .................................................................................................................139 3 PEDAGOGIA MONTESSORIANA ................................................................................................140 4 PEDAGOGIA FREINET ....................................................................................................................142 5 EXPERIÊNCIAS EDUCATIVAS ......................................................................................................143 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................144 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................148 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................149 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................151 1 UNIDADE 1 FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender conceito de educação; • reconhecer as transformações políticas e gestionárias no âmbito educacional no Brasil; • compreender nuances do processo decisório de políticas públicas e conceitos básicos para analisar tais políticas; • identificar as características da gestão educacional e escolar, assim como a sua diferenciação e funções necessárias; • conhecer os conceitos fundamentais dos direitos humanos como norteadores de ações básicas da educação básica no Brasil; • identificar como ocorreu a evolução da noção de diversidade nas escolas brasileiras a partir da compreensão dos direitos humanos e as implicações para as diretrizes educacionais nacionais; • refletir sobre as situações de aprendizagem da Educação 4.0, um conceito em crescimento na área educacional. Esta unidade está dividida em três tópicos.No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – TRANSFORMAÇÕES DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS E DA GESTÃO ESCOLAR TÓPICO 2 – DIREITOS HUMANOS E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO TÓPICO 3 – EDUCAÇÃO 4.0 Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 TRANSFORMAÇÕES DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS E DA GESTÃO ESCOLAR 1 INTRODUÇÃO A elaboração e implementação de políticas públicas no Brasil é um processo complexo com o envolvimento de diversos setores e grupos de influência, assim como um contexto cultural e social como base para estruturação e de grande relevância para a constituição de agenda política. O campo da Ciência Política é vasto e complexo, dada a sua extensa trajetória de produção acadêmica. No presente material será explorada a compreensão dos aspectos básicos do funcionamento da política pública no Brasil assim como seus conceitos fundamentais no que tange ao ciclo de políticas. As políticas públicas envolvem diversos aspectos da sociedade em diferentes assuntos, e um deles é a educação. Nessa área, as políticas afetam diretamente a atuação dos gestores escolares, educacionais e gestores públicos, pois é necessário elaborar os processos de planejamento, financiamento, recursos humanos, avaliações, relações com a comunidade, formação do docente, entre outros. Será iniciada a maior compreensão dos processos políticos contemporâneos no Brasil e abranger a gestão pública, educacional e escolar. 2 POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL: UM BREVE CONTEXTO Nos últimos anos, a política pública brasileira esteve situada no contexto neoliberal, definido como a menor intervenção do Estado e a maior liberdade do mercado para se autorregular conforme seus interesses. Dessa forma, envolve a desburocratização do Estado e a intervenção deste somente em situações de crises. Essa contextualização facilita a compreensão de alguns aspectos da política brasileira e internacional como um processo em andamento em diversas partes do mundo, por exemplo, a descentralização da gestão escolar e educacional, como veremos mais adiante. Diante desse cenário serão exploradas as partes que compõem a elaboração de uma política com base no ciclo de políticas (BALL, 2014). Esse ciclo é formado pelas seguintes etapas: UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE 4 • Agenda. • Formulação. • Implementação. • Avaliação. A introdução do tema da política como pauta de agenda de governo é o primeiro desafio dos propositores da política pela complexidade de um tema alcançar a esfera de agenda política para ser discutido e proposto, lembrando que no processo político, há uma vasta gama de interesses dos envolvidos no processo político. FIGURA 1 - AGENDA POLÍTICA FONTE: <https://blogjovenesconstruyendo.files.wordpress.com/2018/05/Discap.jpg>. Acesso em: 29 dez. 2019. A formulação é a parte em que a política é discutida pelos indivíduos participantes, e isso ocorre de diversas formas, por exemplo, por comissões, que são pequenos grupos de parlamentares destinados à discussão específica daquele tema em questão. Nessa fase é que são propostas alterações, como emendas e substitutivos de projeto de lei. Também podem ser realizadas audiências públicas para discussão do tema proposto. Essa etapa é muito relevante, pois demonstra a disputa de interesses dos mais diversos grupos que podem ser afetados pela proposta de lei. A próxima etapa ocorre após a aprovação do texto de lei, que é a implementação da proposta nos locais. É um momento desafiador, dada a complexidade da realidade de alguns contextos, além da interferência humana com suas opiniões, desejos e percepções acerca da nova realidade com a lei proposta (BALL, 2014). Frequentemente, a política se transforma através do contato com a realidade e seus integrantes. TÓPICO 1 | TRANSFORMAÇÕES DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS E DA GESTÃO ESCOLAR 5 E a última etapa é a avaliação da política. Nela vemos como funcionou a política desde a formulação até à sua implementação com o decorrer do tempo. Nessa etapa, são realizadas pesquisas em larga escala para compreender as transformações e a eficácia, ou ineficácia da política que foi executada, assim como possíveis alterações ou até mesmo a substituição/extinção da política em questão. No esquema a seguir é possível visualizar o ciclo de políticas: FIGURA 2 - CICLO DE POLÍTICAS Esse movimento político não é linear e isento de disputas, pelo contrário, há a composição de grupos que lutam em prol dos seus interesses quanto à determinada proposta apresentada. Podem ser grupos internos à Assembleia Legislativa, podem ser externos compondo os lobbys, e podem ser indiretos, como o caso de instituições e empresas que cooperam na candidatura de políticos para terem seus interesses defendidos. A articulação de relações desses grupos de interesses de forma interna é denominada por Lowi (1992) como arenas políticas e divididas em categorias de acordo com suas diferentes características: FONTE: A autora UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE 6 • Distributiva: arena pouco conflituosa e com menor tendência de embate direto, assim como possui a facilidade de distribuição de recursos entre os interessados. • Regulatória: arena conflituosa e de embate direto entre as partes interessadas. Possui alto custo para os cofres públicos e, portanto, possuem leis mais rígidas para mediar os conflitos que podem emergir desse processo. • Redistributiva: arena semelhante à regulatória, porém os fundamentos ideológicos dos participantes são mais evidenciados, com influência financeira e tem impacto direto sobre classes sociais. • Constitutivas: arena destinada para a regulamentação das outras arenas e do seu conflito político. FIGURA 3 - ARENA POLÍTICA FONTE: <http://www.pacce.ufc.br/pacce/projeto-acervo/habilidades-sociais-no-processo-de- ensino-01-06-16>. Acesso em: 29 dez. 2019. Essas arenas são importantes para compreender o movimento de políticos e grupos de interesses em prol de uma proposta política e de possíveis alterações sugeridas. Os grupos de interesses podem ser mais bem visualizados com o uso da metodologia de redes políticas, que demonstra através de um grafo a articulação de diversos atores. Essa metodologia começou a ser utilizada na antropologia e então, recentemente, passou a ser utilizada para análise política (OLMEDO; WILKINS, 2016; BALL, 2014; SOUZA, 2019). A seguir, podemos visualizar um exemplo de rede política. TÓPICO 1 | TRANSFORMAÇÕES DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS E DA GESTÃO ESCOLAR 7 FIGURA - 4 REDE POLÍTICA FONTE: Adaptado de Souza (2019) Nessa rede — elaborada para a dissertação de mestrado de Suelen Batista Souza, intitulada Formulação da bonificação por resultados paulista: análise de arenas e redes políticas —, é possível observar a presença de atores diretos e indiretos ao projeto de lei da Bonificação por Resultados em São Paulo. As articulações com os atores do setor privado, as políticas podem também ser caracterizadas como intervenção da sociedade civil. Atualmente, percebe-se o movimento de integração entre o setor privado e público em políticas para setores determinados. Outro fator de influência na política brasileira é a globalização que traz outras instituições para regulamentar, sugerir e observar o andamento de políticas brasileiras. Exemplos dessas instituições são o Banco Mundial, FMI (Fundo Monetário Internacional) e OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Essas instituições podem influir em diretrizes para setores da sociedade como forma de acompanhamento, subsídio financeiro e imagem positiva em escala internacional, conforme indica a pesquisa de Souza (2019). UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE8 FIGURA 5 - BANCO MUNDIAL, OCDE E FMI FONTE: <http://twixar.me/vJqT>. Acesso em: 7 abr. 2020. Você quer saber mais sobre os tipos de arena com maior descrição? Leia o documento de referência no link: http://www.fundacionhenrydunant.org/images/stories/ biblioteca/Politicas-Publicas/QL-vT7L41Vk.pdf.pdf. A partir da página 89, Lowi descreve melhor as políticas públicas e a arena política. DICAS 3 GESTÃO EDUCACIONAL E GESTÃO ESCOLAR Acadêmico, até aqui pudemos observar a política em seu sentido amplo, suas complexidades e os diversos interesses envolvidos. Agora, vamos olhar para a política nos âmbitos específicos da educação. Ao pensarmos em Gestão Educacional e Gestão Escolar devemos estar atentos às principais diferenças existentes entre elas e também aos autores que as movimentam. A principal distinção entre essas duas funções é o nível de decisão e influência que os profissionais responsáveis possuem. O gestor educacional é o condutor do nível macro da educação, ele é o responsável por articular pessoas em direção à realização de projetos para instâncias abrangentes, como projetos educacionais nacionais, estaduais e municipais (VIEIRA, 2007). Já o gestor escolar é aquele responsável pela micro-organização escolar, ou seja, aquele que organiza a escola, os professores, os funcionários e o alcance do objetivo maior, que é aprendizagem dos alunos (VIEIRA, 2007). As políticas educacionais são conduzidas e formuladas por pessoas, que, geralmente, são articuladas por gestores educacionais nas instâncias de planejamento, como o Ministério da Educação (MEC). TÓPICO 1 | TRANSFORMAÇÕES DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS E DA GESTÃO ESCOLAR 9 O gestor escolar necessita organizar o pessoal que trabalha na instituição de modo a motivá-los para a execução das atividades e para a liberdade do trabalho coletivo e criativo, também abrange a comunidade em torno da escola, dos conselhos de escola (que são instâncias deliberativas), e das nuances de cada escola para garantir as condições de aprendizagem das crianças (VIEIRA, 2007). Sofia Vieira (2007) comenta que as intenções do Poder Público se materializam na gestão, seja educacional, seja escolar. Mas também há o movimento contrário, da gestão propor ideias para as instâncias maiores de planejamento. FIGURA 6 - GESTÃO PÚBLICA FONTE: <https://fce.edu.br/blog/um-olhar-para-a-gestao-democratica/>. Acesso em: 29 dez. 2019. É importante destacar que essas ideias precisam ser aceitáveis nas condições políticas do contexto em que se está inserido, assim como as ideias precisam ser viáveis para a execução no momento da implementação política (VIEIRA, 2007). Uma política que não foi executada por completo foi o Plano Nacional de Educação (PNE). O problema da execução do PNE, de acordo com Vieira (2007), foram as excessivas metas propostas, pois, de acordo com a autora, é importante que as metas sejam objetivas, claras e precisas, assim como a sua necessidade de estabelecer prioridades no alcance delas. FIGURA 7 - LOGOTIPO MEC E PNE FONTE: <https://home.unicruz.edu.br/wp-content/uploads/2018/08/MEC.jpg>; <https://i.pinimg. com/564x/9b/ea/1e/9bea1edf1c66dfc361ab062d1e5aaf07.jpg>. Acesso em: 7 abr. 2020. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE 10 Qualquer que seja a instância de gestão é necessária a relação com o outro, mudanças a serem realizadas e que geralmente desagradam aos docentes, mas também à negociação entre as pessoas. Permeia o tema de gestão a questão da eficácia e da eficiência, que é sobre produzir o que é necessário com o que está à disposição para as metas estabelecidas. O gestor eficiente articula os aspectos humanos e profissionais de cada indivíduo, como suas particularidades e a composição do grupo como um todo (SOVIENSKI; STRIGAR, 2008). Os aspectos citados formam o clima organizacional que é fundamental para a discussão do bom andamento das atividades nas instituições escolares, dada a complexidade da tarefa educativa. Outro fator que altera as condutas dos gestores é a mudança de políticas conforme a modificação do governo a cada eleição. A educação necessita de mais políticas de Estado, que são aquelas que não são modificadas sem grande mobilização, e não de governo, que alteram completamente as diretrizes fundamentais apenas pela troca de governos entre as eleições. O problema dessa questão é a descontinuidade de práticas educacionais e de diretrizes para as instituições escolares e seus funcionários, assim como para os gestores tanto educacionais como escolares que podem ser prejudicados nessa alteração. 4 A BUROCRATIZAÇÃO NA GESTÃO ESCOLAR Como vimos anteriormente, os processos que envolvem a política educacional não são simples, eles se ramificam em diferentes setores e se espalham em todas as esferas sociais. Mas, você pode se perguntar: e na escola? Como esses agentes interferem na vida escolar e dos profissionais que atuam diariamente em todos esses processos? Tragtenberg (2018), ao trabalhar essa temática, tendo como base seu artigo A escola como organização complexa, elucida a complexidade que existe na escola, e se atenta para a burocratização que tem permeado o ensino como um todo, e tem ocupado grande espaço do trabalho na gestão escolar. Ao tratar do assunto, o autor traz diversos exemplos de como a burocratização está presente no ambiente escolar e na sua administração, o que ajuda a elaborar e compor três tipos de burocratização encontradas com mais facilidade na gestão escolar: TÓPICO 1 | TRANSFORMAÇÕES DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS E DA GESTÃO ESCOLAR 11 • As vivenciadas pelos gestores em seu cotidiano, como questões administrativas e organização de funcionários. • As que estão fora da escola, mas a atingem por estarem estritamente ligadas com a administração escolar, como aquilo que vem “de cima para baixo”, ou seja, leis e normas que a escola tem que seguir, mas não foram propostas por ela, mas sim por instâncias superiores. • E, por fim, aquela interiorizada pelo próprio indivíduo diante da convivência diária com a burocratização que o cerca. A seguir, explicaremos mais sobre cada um desses tipos de burocracia e como elas afetam o cotidiano da escola. 5 OS DIFERENTES TIPOS DE BUROCRACIA NO ÂMBITO ESCOLAR A primeira dela é a burocracia do cotidiano escolar. Uma das tarefas que ocupam muito tempo na gestão cotidiana da escola são as grandes quantidades de papéis. Desde materiais novos que chegam, históricos escolares, pagamento de monitores, que trabalham em projetos, até carteirinhas de passe escolar passam diariamente pela gestão escolar. Existem inúmeras reuniões que demandam bastante da equipe gestora, como reuniões com seus pares, com os dirigentes locais das secretarias de educação, reuniões com outros diretores. Enfim, é uma longa lista. Há também uma grande exigência em relação aos dados dos alunos, como quantidade de ingressantes e concluintes, quantidade de alunos matriculados da área de abrangência, prestação minuciosa de contas de todos os gastos da escola, entre outros. Assim, todas essas tarefas com teor burocrático acabam “roubando” muito tempo do trabalho da gestão escolar, sobrando pouco espaço e tempo para atividades que sejam voltadas mais para a melhoria da escola e da comunidade. FIGURA 8 - A BUROCRACIA FONTE: <https://diegoamaro.com/wp-content/uploads/2017/02/burocracia_boneco.png>. Acesso em: 30 dez. 2019. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE 12 A segunda é denominada por Tragtenberg (2018) como burocracia das instâncias superiores. Ela é um dos que mais afetam o cotidiano escolar. Um exemplo clássico é a contratação de profissionais da educação. Hoje as escolas públicas dependem constantemente da abertura de novos concursos para suprimirem a demanda que vem crescendo nos últimos anos. Isso faz com que a escola sofra com a falta de funcionários na sua equipe, o que faz com essas funções tenham que ser destinadas a outrosfuncionários da escola (como professores), desfalcando uma equipe para poder cobrir outra. Nesse sentido, nós podemos observar a dificuldade existente entre a espera por um novo funcionário assumir sua função e o anseio da escola por recebê-lo, mas sem poder fazer algo além de esperar. Não é apenas nesses momentos que a burocratização do trabalho se apresenta como um problema, mas ela ocorre também quando há necessidade de compras de materiais, mas que não se encaixam em categorias pré-estabelecidas pelos órgãos fiscais, por exemplo. Toda vez que um gestor não consegue resolver uma situação do seu cotidiano devido a algo ou alguém que não faz parte diretamente da escola, mas, mesmo assim, tem poder de afetar seu funcionamento, dizemos que ele esbarrou na burocracia das instâncias superiores. FIGURA 9 - O SISTEMA BUROCRÁTICO FONTE: <https://jornalggn.com.br/cronica/burocracia/>. Acesso em: 30 dez. 2019. Dessa forma, o gestor, chamado de o burocrata da educação por Tragtenberg (2018) só pode agir até certa instância, pois existe toda uma burocracia que o limita dentro do seu campo de atuação. O autor sintetiza bem essa questão, fazendo uma comparação do modo de gestão com a da fábrica no sistema capitalista: “No que se refere ao pessoal, o burocrata da educação está separado dos meios de administração como o operário dos meios de produção, o oficial dos meios de guerra e o cientista dos meios de pesquisa” (TRAGTENBERG, 2018, p. 185). Assim, percebemos como os gestores das unidades escolares por vezes são limitados pelas burocracias externas à escola que os fazem ficar de “mãos atadas” em determinadas situações. TÓPICO 1 | TRANSFORMAÇÕES DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS E DA GESTÃO ESCOLAR 13 A burocracia interiorizada no indivíduo ocorre devido aos desmembramentos que a burocracia escolar sofre nos mais diferentes âmbitos da escola, indo além de papeis ou administração, mas atuam diretamente nas pessoas que trabalham na escola, como gestores, docentes e demais funcionários que ali se encontram: “No âmbito microescolar encontramos na escola uma burocracia de staff (diretor, professores, secretário) e de linha (serventes, escriturários, bedéis). Os relacionamentos staff e linha variam muito com o grau de escola, se médio ou superior” (TRAGTENBERG, 2018, p. 186). Essa burocracia mencionada pelo autor, cria, no âmbito escolar e nas funções de gestão, as chamadas “categorias de funcionários dentro da escola”, deixando evidentes os poderes que cada um tem e o que podem ou não fazer. Isso se evidencia nas relações sociais do dia a dia na escola, em como as pessoas são tratadas e qual a importância que cada uma representa na unidade. Tudo isso é coberto por uma grande capa de dramaturgia. Que significa isso? A dramaturgia, o culto da aparência, dos gestos, tem um valor legitimador na estrutura burocrática. Da mesma maneira que a bata branca do médico ou do professor mostra que ali há alguém de limpeza irrepreensível [...] (TRAGTENBERG, 2018, p. 188). Nesse sistema burocrático, a visão dramatúrgica também é legitimadora do status de que quanto mais alto for o cargo de alguém dentro da instituição, mais indispensável ela é. É possível observar, por exemplo, como que a maioria das decisões da escola se centra na figura do diretor, como também todos os eventuais problemas que surgem só podem ser resolvidos por ele. FIGURA 10- AS DIFICULDADES DA BUROCRACIA FONTE: <https://i.pinimg.com/564x/0d/fb/c1/0dfbc170186fda1c63bd52eb72f5cf61.jpg>. Acesso em: 30 dez. 2019. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE 14 Para ilustrar, imagine que você está trabalhando na secretária de uma escola e recebe a ligação de um pai que gostaria muito de falar com o diretor da unidade. Ao ser informado de que o diretor, no momento, não está, você percebe que o pai ficou bastante angustiado e disse que não iria conseguir resolver o seu problema, pois somente o diretor poderia resolvê-lo. Frustrado ele desliga o telefone e nem comentou do que precisava. Naquele momento, você e todos os demais funcionários da escola se encontravam ali, fazendo com que houvesse uma grande chance de que o problema daquele pai pudesse ser solucionado, pelo menos de imediato na ausência do diretor. Isso ocorre porque os indivíduos estão tão envolvidos na categorização das pessoas que a burocratização impõe e na maneira engessada com que ela trabalha que acabam não percebendo as diversas possibilidades de resolução dos problemas e conflitos do dia a dia. A questão da disciplina e normas interiorizada também se mostra “definida como adaptação a regulamentos, e não a uma adaptação a finalidades precisas, constituindo-se num valor básico na estrutura burocrática” (TRAGTENBERG, 2018, p. 187). Enfim, esse sistema engessado que a burocracia traz permeia a escola em vários momentos, muito além das questões administrativas, mas também no próprio grupo de funcionários que acabam absorvendo essa ordem/sistema e reproduzem-na nas mais diversas esferas do ambiente escolar. Assim, a burocratização é um dos pilares que contribuem para que a escola se torne um lugar complexo em todos os aspectos. 15 Neste tópico, você aprendeu que: • As principais etapas que compõem o processo de formulação de uma política pública, são compostas por: agenda, formulação, implementação e avaliação, que são processos complexos e envolvem muitos agentes e interesses diversos. • As políticas, uma vez formuladas, se estendem em todos os âmbitos, inclusive os escolares. • Nem sempre a adequação de lei ou projeto formulado consegue se adequar com facilidade às demandas da escola, uma vez que a instituição escolar é um ambiente complexo, que envolve diferentes agentes e com diferentes funções. • O gestor escolar que atua diretamente na escola é importante no processo de gerência e organização da unidade. Além do mais, ele atua como o fio condutor da implementação na unidade escolar das principais políticas destinadas na unidade, observando seu cumprimento. • Todos esses processos, tanto fora como dentro da própria unidade escolar demandam diálogo e organização para que todas as demandas burocráticas sejam atendidas, sem deixar de lado as necessidades das crianças. Porém, por vezes, tais processos, acabam por se apresentar como um problema na dinâmica escolar, devendo ser organizados e dinamizados, de forma que não prejudiquem o atendimento e a funcionalidade da escola. RESUMO DO TÓPICO 1 16 1 O processo de formulação de uma nova política envolve diferentes pessoas e agentes. Considerando que ela visa atender aos interesses e demandas sociais, assinale a alternativa que denomina o primeiro desafio dos propositores da política, processo em que os diferentes interesses são expostos e entram em pauta no cenário político: a) ( ) Formulação. b) ( ) Agenda. c) ( ) Avaliação. d) ( ) Nova política. e) ( ) Implementação. 2 Uma das responsabilidades do gestor escolar, que desempenha sua atuação na unidade escolar é: a) ( ) Ser responsável pela micro-organização escolar, como organizar a escola, os profissionais e os funcionários que atuam, zelando pelo cumprimento das políticas escolares dentro da unidade. b) ( ) Ser responsável pelas decisões das instancia superiores da educação, legislando sobre as novas políticas que devem ser criadas. c) ( ) Ser responsável pelo apoio pedagógico na unidade, escrevendo as diretrizes educacionais que os professores devem seguir. d) ( ) Fiscalizar, junto ao MEC, as medidas que as escolas devem seguir durante o ano letivo. e) ( ) Atuar exclusivamente como mediador dos conflitos dentro da escola. 3 A arena política é um local composto por atores diante de decisões públicas. Antônio e Laura participam de uma votação para a regulação de regras para atuação dos atores em outras votações para outras políticas públicas. A arena de que Antônio e Laura participam é chamada de: a) ( ) Distributiva: uma arena paradistribuição de recursos com pouco conflito. b) ( ) Regulatória: arena com alto custo para os cofres públicos, arenas conflituosas com embate direito. c) ( ) Redistributiva: arena com fortes fundamentos ideológicos e impacto direto sobre classes sociais. d) ( ) Constitutivas: arena para a regulação de outras arenas e seu possível conflito político. e) ( ) Não é uma arena política. AUTOATIVIDADE 17 TÓPICO 2 DIREITOS HUMANOS E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A temática dos direitos na sociedade nos últimos anos tem sido abordada em diversas perspectivas, seja dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais, e, frequentemente, fundamenta os debates acerca da democracia atual. Na educação, a garantia de escolarização para todos é um direito subjetivo e no Brasil está formulado de acordo com os direitos humanos. Para tal, há o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica (LDB). Vamos estudar mais sobre esses documentos e os direitos humanos aliados à diversidade na educação pública brasileira a seguir. 2 A TRAJETÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS A promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Organização das Nações Unidas, em 1948, trouxe novos vislumbres de avanços no mundo. O Brasil foi um dos primeiros países a assinar e a ratificar a Resolução 217 da ONU, no dia 10 de dezembro de 1949, cujo artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos do Homem, garante a instrução pública, gratuita e obrigatória no Ensino Primário. Os estudos e pesquisas demonstram que o direito à educação parece seguir o esquema proposto por Norberto Bobbio (1992) no livro A era dos direitos. Vemos que os direitos fundamentais dos homens nem sempre existiram, foram conquistados de forma paulatina. Se olharmos esse assunto da perspectiva histórica e dos vários modelos de governo que já existiram podemos observar que: No Estado despótico, os indivíduos singulares só têm deveres e não direitos. No Estado absoluto, os indivíduos possuem, em relação ao soberano, direitos privados. No Estado de Direito, o indivíduo tem, em face do Estado, não só direitos privados, mas também direitos públicos. O Estado de Direito é o Estado dos cidadãos (BOBBIO, 2004, p. 31). UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE 18 Ou seja, é possível fazer uma leitura da questão do direito à educação nessa perspectiva. É nesse processo que Bobbio (2004) estabelece a formatação dos direitos do homem em quatro passos. O primeiro deles é a positivação, ou seja, a inserção do direito no ordenamento político; o segundo passo é a generalização, quando esse direito se amplia do circuito estrito para um circuito mais amplo dos cidadãos. Ao terceiro passo ele chama de internacionalização, e é quando o direito internacional acolhe o direito à educação como algo a ser subscritado, isto é, assinado por países do mundo. E, finalmente, ele fala da especificação, que é quando aparecem direitos relativos às minorias, como pessoas com deficiência, que é um dos casos específicos, podendo ter outros de ordem cultural etc. FIGURA 11 - O PROCESSO JURÍDICO DOS DIREITOS À EDUCAÇÃO FONTE: Adaptado de Bobbio (2004) Nos anais do Seminário do grupo de estudos e pesquisas em política e avaliação da educação (2016) comenta-se cada uma dessas etapas. Dizendo que a positivação é o primeiro passo para a garantia dos direitos humanos, pois é o momento em que tais direitos entram no ordenamento jurídico de um determinado país. Após essa entrada, o segundo momento é a generalização posterior dos direitos, ou seja, a ampliação do circuito dos que podem usufruir. No caso da educação, é quando ela é reconhecida como um direito inalienável e que todos devem ter acesso. Este é o momento em que os indivíduos deixam de ser passivos em sua cidadania para se tornarem ativos. Sabidos do seu direito, agora, eles podem lutar para que sejam efetivados. As duas últimas, a internacionalização e generalização, acorrem quando o direito é reconhecido por todos os outros países e passa a ser destinado a todas as camadas sociais. Com relação ao direito à educação, vemos que esse processo de efetivação dos direitos ocorreu de forma similar. Foi um processo lento e demandou muitas lutas sociais. Outro ponto importante na conquista dos direitos, em específico no caso brasileiro, foi a criação das constituições. Ao longo da sua história, vemos que a Declaração dos Direitos Humanos, no Brasil, sempre esteve associada com as constituições existentes. Como reflexo da sociedade, as constituições representavam as demandas sociais e políticas de cada período. TÓPICO 2 | DIREITOS HUMANOS E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO 19 Uma das principais demandas sociais que se mostravam cada vez mais necessárias era o acesso às escolas de educação básica. Assim, em cada nova constituição era perceptível a ampliação do assunto e as buscas por garantias da educação, revelando avanços em relação aos direitos dos cidadãos. É oportuno assinalar que a presença ou ausência da educação nas Constituições brasileiras evidencia seu menor ou maior grau de importância ao longo da história. Nas primeiras constituições (1824 e 1891) as referências são mínimas, ilustrando sua pequena relevância para a sociedade da época. Com o aumento da demanda por acesso à escola, a presença de artigos relacionados com o tema cresce significativamente nas constituições posteriores (1934, 1937, 1946, 1967, 1988) (VIEIRA, 2007, p. 306). Na Constituição de 1988, no artigo 1°, inciso III, o fundamento da dignidade da pessoa humana não traz somente segurança aos cidadãos em seus aspectos físicos e/ou emocionais, mas também garante que, como cidadão de direitos, ele deve ter acesso à educação. Bobbio (2004, p. 7) dirá que é necessário “fazer com que os direitos do homem e da sociedade sejam reconhecidos e protegidos”. É nesse contexto que conseguimos compreender a importância da educação pública e gratuita. Através da educação oportunizamos a possibilidade de os indivíduos agirem em seu meio social, colaborando para a vida comum. Em linhas gerais, podemos observar os principais artigos da Constituição Federal de 1988 relacionados à educação e que contribuíram para efetivos avanços na garantia desses direitos. • Art. 206 cap. I, II e III – Igualdade, liberdade e pluralismo de ideias: explícita a igualdade entre os homens e o direito desses em serem livres em seus pensamentos, ideias e atitudes. • Art. 206 cap. V – Valorização dos profissionais: salienta a importância dos profissionais que atuam na educação e a necessidade de valorizá-lo em relação à remuneração, jornada de trabalho e condições de trabalho. • Art. 206 cap. – VI Gestão democrática e autonomia: reconhece a autonomia escolar e a importância da participação de todos os profissionais na gestão e funcionamento das unidades educativas. • Art. 208 cap. I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade: estabelece idade mínima para ingresso nas instituições de ensino, bem como sua gratuidade. (Veremos mais na seção – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica – LDB). • Art. 208 cap. III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência: reconhece a necessidade dos portadores de deficiência em suas especificidades educacionais. • Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino: divide às responsabilidades de financiamento e gestão da oferta de ensino. (Veremos mais na seção da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica – LDB). • Art. 214 Criação de plano nacional de educação de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação: (veremos mais no tópico Plano Nacional de Educação — PNE). UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA EDUCAÇÃONA ATUALIDADE 20 FIGURA 12 - IMAGEM DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 FONTE: <https://blog.advbox.com.br/wp-content/uploads/2018/11/stf-constituicao-comentada.jpg>. Acesso em: 7 abr. 2020. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), criado em 1990, reforça esses princípios com a proteção da criança e os direitos que possui na sociedade. Podemos ver no artigo 53 a síntese dos direitos da criança e do adolescente em relação a sua formação, cuidados e cidadania, sendo lhe assegurados: I- igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II- direito de ser respeitado por seus educadores; III- direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; IV- direito de organização e participação em entidades estudantis; V- acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência (BRASIL, 1990, s.p.). Assim, se a educação faz parte do direito dos cidadãos, é necessário que ela seja garantida e de acesso a todos. Porém, ofertar e organizar a educação pública e gratuita não é uma tarefa fácil. Além de toda demanda material e de profissionais qualificados, é necessário que ela atenda ao mínimo a princípios comuns, que sejam capazes de definir e gerir a educação. De forma a atender essa necessidade, ao longo dos anos foram criados diversos planos para regular e direcionar os principais fundamentos da educação básica. Nos subtópicos a seguir, nós vamos conhecer mais sobre uma das mais importantes leis que possuímos atualmente no Brasil em relação à educação: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica (LDB). 3 A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO BÁSICA (LDB) Se fôssemos realizar um pequeno histórico da educação desde os seus primórdios no Brasil, passando pelos jesuítas, aulas régias, chegando até os tempos atuais, é possível observar com bastante clareza que o contexto político, histórico, econômico e cultural de cada época é determinante para a formulação de meios e métodos educacionais. Nesse sentindo, a LBD também se faz fruto do seu contexto e recebeu influências desses fatores. Com isso podemos perceber que a construção da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica (LDB) do país foi feita diante de muitas lutas e conflitos. TÓPICO 2 | DIREITOS HUMANOS E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO 21 A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica (LDB) foi criada em 1996 (LDB n. 9.394/96) e teve como princípio assegurar e instaurar as diretrizes para a educação básica brasileira. Entre seus objetivos centrais encontramos o desenvolvimento do educando, a formação comum necessária para o exercício da cidadania e o fornecimento de meios para progredir no trabalho e nos estudos posteriores (Art. 22 LDB n° 9.394/96). A formação do indivíduo é compreendida como contínua, devendo ser pensada em formas de produzir autonomia ao sujeito para que este possa prosseguir em seus estudos e exercer sua cidadania na sociedade. Outra característica fundamental da LDB foi a instituição do ensino fundamental como obrigatório e gratuito. Isso representou um grande avanço para a educação, permitindo o acesso de muitos indivíduos à educação. O atendimento em creches e pré-escolas também é mencionado no documento como devendo ser ofertadas gratuitamente. Além da obrigatoriedade, a LDB instituiu idade mínima para que as crianças ingressassem nas escolas. É determinada a idade de quatro anos completos para ingresso na pré-escola e de seis anos completos para o Fundamental, sendo responsabilidade dos pais matriculá-las. Fora esses princípios básicos para a formação do educando, se fazia necessário estabelecer também uma organização de oferta da escolarização. Se você pensar em como nosso país é extremamente grande em território e com um número expressivo de habitantes, irá perceber que essa organização era fundamental para que a educação básica pudesse ser ofertada. No Artigo 8° temos que “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino” (BRASIL, 1996, s.p.). Assim, veremos agora as principais estruturas que regem e administram essa oferta. OFERTA RESPONSABILIDADE Educação Infantil (creche e pré-escola). Municípios. Ensino Fundamental (composto por 9 anos). Prioridade dos municípios com colaboração do Estado. Ensino Médio. Prioridade dos estados. QUADRO 1- EDUCAÇÃO BÁSICA: RESPONSABILIDADES FONTE: A autora Vemos que os municípios ficaram incumbidos da tarefa de ofertar os anos iniciais de ensino, e os Estados, responsáveis principalmente pelo Ensino Médio. Pereira e Teixeira (2008) realizaram um percurso nos três ciclos de ensino intitulados pela LDB, focando as principais questões que permearam cada um deles, sendo estes, a educação infantil, fundamental e média. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE 22 Na educação infantil vimos a alteração da obrigatoriedade já nessa faixa de ensino, sendo instituída a idade de quatro anos como entrada obrigatória nesta modalidade de ensino. No ensino fundamental se debateu a implementação de mais um ano letivo ao ciclo, que anteriormente constituía-se em de oito anos e teve sua alteração para nove. Essa mudança causou polêmica e levantou opiniões de diversas posições, tanto a favor como contrárias. Essa mudança já foi implementada, visto que as escolas teriam até 2010 para se adequarem. No ensino médio discute-se a integralização do ensino, de maneira que se concretize de forma a oferecer um ensino dito normal, de desenvolvimento intelectual, mas também o profissional, dando a oportunidade de o aluno adquirir um conhecimento técnico-profissionalizante. De forma geral, podemos ver, a seguir, as principais características de cada modalidade de ensino: • Aspectos gerais da educação básica: liberdade as escolas na organização do processo de aprendizagem, liberdade de reclassificação dos alunos conforme as normas curriculares gerais e adaptabilidade do calendário as peculiaridades da escola. Carga horária de 800 horas para o ensino fundamental e médio e 75% de presença obrigatória. • Aspectos da educação infantil: ficou destinada para crianças de zero a 3 anos de idade, e em pré-escolas a crianças de 4 a 5 anos, sendo esta última obrigatória. • Aspectos do ensino fundamental: esse ciclo é bastante enfatizado nessa LBD e diz que é um direito subjetivo, podendo qualquer um acioná-lo para exigi- lo, sendo responsabilidade dos pais efetuarem a matrícula de seus filhos. Também se tem a modalidade no período noturno para esse ciclo contendo as adequações necessárias. • Os aspectos do ensino médio: com duração de três anos tem a finalidade de consolidar, preparar, aprimorar a compreensão dos saberes ao aluno, fornecendo os meios para o progresso ao mundo do trabalho. FIGURA 14 - AS ETAPAS DA EDUCAÇÃO FONTE: <https://www.selecoes.com.br/colunistas/o-desafio-da-escadaria-contos/>. Acesso em: 30 dez. 2019. TÓPICO 2 | DIREITOS HUMANOS E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO 23 Também podemos observar as modalidades previstas para a educação escolar na LDB, sendo elas: a) Educação Especial Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação (BRASIL, 1996, s.p.). b) Educação de Jovens de Adultos Art. 4°, VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola (BRASIL, 1996, s.p.). c) Educação Tecnológica e Formação profissional “Art. 39. A educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva” (BRASIL, 1996, s.p.). d) Educação a distância etecnologias educacionais “Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada” (BRASIL, 1996, s.p.). e) Educação Indígena “Art. 32, § 3° O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem” (BRASIL, 1996, s.p.). Cada uma dessas modalidades demonstra e assegura a educação como um campo de diversidade, com pluralidade de conhecimento e ideias. Veremos agora como é importante que, além de estarem asseguradas, elas também necessitam estar amparadas em metas específicas que prezem pela sua qualidade. • O Plano Nacional de Educação (PNE) O Plano Nacional de Educação (PNE) é um plano decenal com metas a serem atingidas para melhorar a qualidade da educação. O envio do Projeto de Lei n° 8.035 ao Congresso Nacional em dezembro de 2010, foi sancionada pela Lei n° 13.005, em 25 de junho de 2014, que instituiu o PNE, a vigorar no decênio 2014-2023. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE 24 O PNE 2014-2024 é composto por 14 Artigos, 20 Metas e 254 Estratégias (BRASIL, 2014). Tais metas e estratégias são baseadas em dez diretrizes fundamentais que regem todo o documento, sendo eles: • 1° Erradicar o analfabetismo. • 2° Universalizar o atendimento escolar. • 3° Superar as desigualdades educacionais. • 4° Melhorar a qualidade de ensino. • 5° Melhor formação profissional. • 6° Promover a sustentabilidade socioambiental. • 7° Ampliar a área tecnológica e científica. • 8° Ampliar a aplicação de recursos públicos na educação. • 9° Valorizar os profissionais da educação. • 10° Propagar a igualdade, respeito à diversidade, ampliar a gestão democrática da educação. Em cada uma das diretrizes vemos que a melhoria da qualidade educacional é o principal objetivo do documento. Seja com o foco na educação básica, passando pelo ensino tecnológico, científico e até a formação profissional. Além da preocupação com a melhora na qualidade, o PNE prevê metas importantes sobre investimentos a serem feitos na educação, sendo o principal deles encontrados no Artigo 2, VIII: “Estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade” (BRASIL, 2014, s.p.). Dentre as metas propostas pelo PNE, algumas se destacam, como a efetivação da universalização da Educação Infantil para crianças de 4 a 5 anos, e no Ensino Fundamental de 9 anos para toda a população de 6 a 14 anos. A alfabetização de todas as crianças “até o final do 3° ano do ensino fundamental” (BRASIL, 2014, s.p.). FIGURA - 15 ACESSO À EDUCAÇÃO FONTE: <http://tribunadoplanalto.com.br/2018/09/26/educacao-de-qualidade-comeca-pela- valorizacao-do-servidor/>. Acesso em: 30 dez. 2019. TÓPICO 2 | DIREITOS HUMANOS E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO 25 O plano também se atenta para a educação de comunidades indígenas e quilombolas, lembrando que elas devem ser articuladas com os ambientes escolares e comunitários, tendo garantido: O desenvolvimento sustentável e preservação da identidade cultural; a participação da comunidade na definição do modelo de organização pedagógica e de gestão das instituições, consideradas as práticas socioculturais e as formas particulares de organização do tempo; a oferta bilíngue na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, em língua materna das comunidades indígenas e em língua portuguesa (BRASIL, 2014, s.p.). Frente aos desafios propostos para a educação brasileira, o PNE visa atender requisitos básicos da educação, como direcionar a organização das políticas públicas e promover a superação das desigualdades nacionais (FURLETTI, 2017). Tal tarefa não se mostra fácil, mas já consolida os primeiros passos de um caminho a ser trilhado. 4 A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) Atualmente, outro importante documento norteador da educação contemporânea é a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Sua construção se iniciou em 2015 junto ao MEC e demais consultas públicas, sendo aprovada em 22 de dezembro de 2017. Ela se constituiu um referencial obrigatório para os currículos das redes estaduais, municipais e particulares do país. A BNCC está dividida em três partes, correspondente às três etapas da educação básica: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, apresentando campos de aprendizagem específicos para cada modalidade. FIGURA 16 - ORGANIZAÇÃO CURRICULAR DA BNCC FONTE: A autora UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE 26 Alguns pontos são importantes para a compreensão da BNCC. O primeiro é que ela não é um currículo fechado de ensino, mas sim um referencial de aprendizagem. Assim, cada rede tem autonomia para orientar essa aprendizagem conforme suas necessidades. O segundo é que ela não está acima de qualquer outra normativa legal, como a LDB, por exemplo. A BNCC também não é uma política de governo ou partido, mas de estado. Ou seja, independente das mudanças partidárias, ela continua válida em todo território nacional. Outro aspecto importante é que a BNCC se fundamenta na criação de competências e habilidades por parte dos educandos. As competências são definidas pela BNCC como “a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho” (BRASIL, 2017, p. 13). Já as habilidades “expressam as aprendizagens essenciais que devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares” (BRASIL, 2017, p. 29). A BNCC prevê 10 competências gerais, as quais as habilidades devem estar articuladas. Sendo elas: 1) conhecimento; 2) pensamento científico, crítico e criativo; 3) repertório cultural; 4) comunicação; 5) cultura digital; 6) trabalho e projeto de vida; 7) argumentação; 8) autoconhecimento e autocuidado; 9) empatia e cooperação; e 10) responsabilidade e cidadania. Por exemplo, na competência “comunicação”, o aluno deve desenvolver a habilidade de expressar-se e partilhar informações. Já na competência de “empatia e cooperação”, uma das habilidades propostas é que seja desenvolvida a empatia e o diálogo. Ou seja, a perspectiva da BNCC para os currículos escolares é que os alunos estejam aptos a desenvolver competências. Esse direcionamento se distancia do currículo conteudista, que por muito tempo esteve fundamentado como essencial para aprendizagem. As perspectivas de memorização em determinados saberes não se fundamentam mais, principalmente em uma geração que possui tantas informações disponíveis e de fácil acesso. Perrenoud (2002, p. 39), fazendo uma reflexão sobre as novas formas de se pensar o currículo, nos diz que “Nas orientações curriculares atuais, a ruptura com o enciclopedismo e com a memorização de fatos e regras levou as competências. Neste caso, considera-se que os saberes são recursos para compreender, julgar, antecipar, decidir e agir com discernimento”. Miranda (1997, p. 41) nos diz que o currículo deve ser “menos discursivo, mais operativo, menos particularizado, mais interativo, comunicativo; menos intelectivo, mais pragmático; menos setorizado, mais global, não apenas fortemente cognitivo, mas também valorativo”. Esses são alguns valores que a BNCC procurou incorporar, levando em consideração as novas demandas educacionais da educação atual. TÓPICO 2 | DIREITOS HUMANOS E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO 27 Dessa forma, diante da necessidade de novas propostas e concepções de ensino para a educação atual, vemos que a BNCC vem atuar diretamente nessa nova forma de conceber a educação, direcionando a aprendizagem para a formação de um currículo que gera alunos cada vez mais autônomose independentes na produção do conhecimento. Aprenda mais sobre a BNCC no vídeo do Movimento pela Base Nacional Comum disponível no link a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=-wtxWfCI6gk. DICAS Vimos até aqui como funcionam os diferentes processos de formulação política, os principais direitos adquiridos ao longo dos anos pelos cidadãos e as diretrizes e leis essenciais que tais processos acarretaram na educação. Agora você irá compreender como todos esses direitos, normativas e diretrizes devem ser encaminhadas e estabelecidas no cotidiano escolar. 5 EDUCAÇÃO ESPECIAL E O ENSINO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA. ENSINO DAS RELAÇÕES ÉTNICO RACIAIS Abramowicz, Rodrigues e Cruz (2011, p. 86), ao realizar uma breve análise de todos esses percursos na educação, em específico na garantia dos direitos de acesso e permanência, apontam que “pode-se visibilizar um processo que poderíamos denominar de ascensão da diversidade”. Eles destacam que os temas relativos à diversidade se diferenciam de acordo com as necessidades de cada grupo social e as demandas que se impõem em determinados momentos. Uma delas é a educação especial. Em 1994 tivemos a Declaração de Salamanca, um documento elaborado em uma conferência mundial que estabeleceu princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais. UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE 28 A Declaração de Salamanca está disponível no endereço: http://portal.mec. gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf. DICAS Este documento reforça os direitos das crianças com necessidades especiais de terem seus direitos garantidos e assistidos. O princípio que orienta esta Estrutura é o de que escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Aquelas deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais, e crianças de outros grupos desavantajados ou marginalizados (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p. 3). Temos aqui uma importante compreensão de como o processo educativo deve proceder. Todas as crianças têm o direito de estarem na escola regular e terem suas necessidades especiais atendidas. Mantoan (2003) diz que é preciso que as escolas estejam abertas a reorganizarem seus planos e metas de ensino de modo que todas as crianças possam ser acolhidas pela instituição. Um dos caminhos propostos pela autora é que os projetos de ensino partam das necessidades encontradas por aquele grupo de alunos, e não o contrário, ou seja, estabelecer um projeto indiferente à realidade escolar e das crianças que ali estão. Isso não contribui para a formação dos educandos e tende a ser um obstáculo na superação das dificuldades de aprendizagem. Glat et al. (2007) salienta que durante muito tempo a educação especial se configurou como um sistema paralelo e segregado de ensino. Assim, olhar a educação especial hoje é pensar em uma nova cultura escolar, que atinja todos os alunos, sejam eles deficientes ou não. Outro ponto essencial que toca diretamente a escola e sua diversidade é a inclusão de temas de história da África em seus estudos através da Lei n° 10.639/2003, que versa sobre o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana. Olhar para esse grande aparato histórico que deu origem ao Brasil, nos ajuda a compreender suas diferenças e singularidades, criando um ambiente de respeito e valorização mútua. Essa Lei propõe diretrizes para os currículos escolares, para que sejam incluídos temas que abordem a história e cultura afro- brasileira, promovendo a valorização das culturas africanas e quilombolas. TÓPICO 2 | DIREITOS HUMANOS E DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO 29 FIGURA 17 – A DIVERSIDADE BRASILEIRA FONTE: <http://desacato.info/a-lei-torna-obrigatorio-o-ensino-da-historia-africana-afro- brasileira-e-indigena/>. Acesso em: 31 dez. 2019. A escola é o local onde todas essas diferenças se encontram. O profissional deve compreender que sua atuação engloba saber lidar com as aspirações e necessidades de todos que ali adentram. Para Gusmão (2000) a grande dificuldade hoje no ambiente escolar é reconhecer a cultura de um grupo ou indivíduo, pois somente assim as diferenças ganham sentido e expressões reais. Quando compreendemos o lugar do qual o outro fala, vê e sente, conseguimos entender seus desejos, angústias e anseios. Somente com essa perspectiva é que podemos quebrar os padrões sociais que estão o tempo todo estabelecendo estereótipos de como devemos ser ou agir. Assim, para compreender a diversidade existente em nosso país é preciso estar atento às diferentes necessidades de cada grupo social, dando visibilidade e garantindo os direitos conquistados ao longo dos anos. Porém, veremos que a diversidade não se estabeleceu somente no aparato histórico e jurídico, mas também nas formas de ensino. No próximo tópico veremos as principais mudanças que a educação contemporânea trouxe para a sala de aula em termo de metodologias e planos de ensino. 30 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Os principais aspectos dos Direitos Humanos e Diversidade na Educação. Adentramos nos direitos constitucionais que as crianças possuem, como o Estatuto da criança e do Adolescente (ECA) e as principais leis e planos pensados para que elas tenham o direito a educação e a qualidade de ensino garantidos. • Segundo Bobbio (2004), para que um direito seja de fato garantido, ele necessita passar por quatro processos: ◦ a positivação do direito; ◦ a generalização do direito; ◦ a internacionalização do direito e ◦ a especificação do direito. • As etapas do caminho que levam à consolidação e reconhecimento de todos sobre determinado direito estão expostas de acordo com Bobbio (2004). Isso nos leva a pensar nos principais direitos conquistados na Constituição de 1988 que garantiu, entre outros, a liberdade de ideias, gestão democrática nas instituições de ensino, valorização dos profissionais da educação, acesso gratuito e obrigatório a educação. • Diante de ampliação de direitos e abertura da escola para todos, é natural que a diversidade se estabeleça e com ela devem emergir propostas que acolham a todos em suas singularidades. Frente a isso, surgem novas propostas, como o atendimento educacional especializado para crianças com necessidades especiais. Uma nova mentalidade escolar é inserida, de que todos têm direito a educação e que a escola deve estar preparada para receber a todas as crianças. • Nesse contexto de diversidade, era necessário que a escola colaborasse na formação de indivíduos, visando ao respeito e valorização das diferentes culturas. Para tanto foi instaurada a Lei n° 10.639/03, que versa sobre o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana. Essa lei ressalta a importância de as crianças compreenderem as origens do nosso país e sua grande diversidade. 31 1 Considerando as transformações sociais que ocorreram em prol dos direitos dos cidadãos nas últimas décadas, e, em especial, do direito à educação, assinale a alternativa que contém a Lei que garante o acesso obrigatório às crianças aos quatro anos de idade em unidades escolares: a) ( ) A Lei n° 10.639/03, que versa sobre o ensino da história e cultura afro- brasileira e africana. b) ( ) A Declaração de Salamanca de 1994. c) ( ) O Estatuto da criança e do Adolescente (ECA). d) ( ) Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica (LDB). e) ( ) O Plano Nacional de Educação. 2 Com a nova configuração social que inclui a diversidade e a diferença na escola, novas políticas e propostas foram iniciadas para que as crianças com necessidades especiais pudessem ter acesso à escola. A LDB garante essa modalidade de ensino e a compreende como: a) ( ) Educação voltada para as necessidades da criança,e que ocorre em escola especializada para crianças que possuam as mesmas deficiências. b) ( ) Modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. c) ( ) Uma modalidade de ensino facultativa, cabendo aos pais decidir aderi- la ou não. d) ( ) Uma nova modalidade de ensino, em que a responsabilidade por acolher e orientar as crianças com necessidades especiais é somente do professor e dos colegas de turma. e) ( ) Uma modalidade de ensino com ênfase no reforço escolar e aceleração do desenvolvimento do educando. 3 Considerando a diversidade brasileira e as origens de diferentes culturas que formaram nosso país, se estabeleceu a Lei n° 10.639/03, que versa sobre o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana. Um dos principais intuitos dessa lei é: a) ( ) Aprender sobre o processo de colonização e os principais conteúdos importantes de história e geografia. b) ( ) Analisar as diferentes raças em nosso país e determinar a superioridade de uma em relação à outra. c) ( ) Ensinar os principais rituais de cada religião. d) ( ) Valorizar as culturas africanas e quilombolas, estabelecendo-as como parte essencial da nossa história. e) ( ) Ensinar às crianças que a diferença é algo ruim e deve ser evitado. AUTOATIVIDADE 32 33 TÓPICO 3 A EDUCAÇÃO 4.0 UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Nesta breve introdução sobre os tópicos mais gerais da educação contemporânea, observam-se as principais formulações políticas, as configurações dos direitos humanos na educação e as leis e diretrizes que fizeram a educação avançar em termos de qualidade e acesso. Agora, neste tópico será estudado outro tema muito importante para a educação atual: a tecnologia e a escola. Serão analisadas as principais mudanças que ocorrem nos indivíduos e como a educação deve acompanhar todo esse processo de transformação. 2 O HOMEM DO SÉCULO XXI Uma das grandes transformações que impactaram as últimas gerações e a nossa sociedade como um todo, foi, em certa medida, o advento do uso da tecnologia. Tarefas que antes necessitavam de dias para serem realizadas e trabalhos que exigiam muito esforço foram facilitados em alguns aspectos. É possível viajar para lugares distantes em um curto espaço de tempo, comunicar- se com pessoas de todos os países, acompanhar as últimas notícias do mundo inteiro em tempo real. Com tantas mudanças no mundo e na sociedade é natural que o homem também se transforme. A grande quantidade e rapidez de informações, de todos os gêneros e tipos, fez com que a forma como se aprende e interpreta o mundo se modificasse. Pensamos e agimos de maneira diferente de nossos pais e avós. Nossas prioridades são diferentes e nosso tempo mais escasso. 34 UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA EDUCAÇÃO NA ATUALIDADE FIGURA 18 – OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS FONTE: <http://www.portalopiniaopublica.com.br/arquivos/ colunistas/182/0cbc51021e4b6ad19689340f9fbd12bc.jpg>. Acesso em: 1 jan. 2020. Cortella (2011) nos diz que uma das características inerentes do homem é a sua não adaptação. Para o autor isso acontece porque vivemos em um mundo que está sempre em constantes transformações e mudanças, sejam elas em pequena ou grande escala. Dessa maneira, há a necessidade de frequente transformação, pois se os seres não se adaptassem e não se modificassem junto com o mundo, certamente morreriam. O autor entende o homem como um produto cultural do seu meio, pois é através da sua “não adaptação” que ele abre espaço para a criação da sua cultura, que é o transformar consciente do meio em que vive. Diante de todo esse contexto, é natural que a educação também sofra modificações. Precisamos compreender que, como fenômeno social, a educação deve acompanhar os processos de mudanças e estar apta a formar o novo indivíduo que emerge. As metodologias de ensino que obtiveram sucesso na década de 1980 ou 1990 poderão não ter mais os mesmos resultados no período atual. Isso porque a sociedade modificada tem novas aspirações para seus membros. Pensar na mudança do sujeito do novo século é entender que as tecnologias participantes do seu cotidiano podem colaborar em seu processo de aprendizagem. A seguir será estudado como o conceito de Educação 4.0 surgiu nesse novo contexto e nos apresenta alguns caminhos de trabalho. 3 O CONCEITO DE EDUCAÇÃO 4.0 Para Führ (2018) os ambientes educacionais do novo século devem contemplar ambientes que estimulem a autonomia, a criatividade, a solidariedade, a colaboração e a investigação em forma de pesquisa. Cada uma dessas qualidades é essencial em uma sociedade que muda rapidamente e está sempre em busca de novos conhecimentos. Em um trabalho sobre Educação 4.0, Führ (2018) realizou TÓPICO 3 | A EDUCAÇÃO 4.0 35 um breve histórico do processo de evolução da educação desde o princípio da escolarização, alcançando uma síntese interessante e bem explicativa. Ela dividiu as categorias de educação em Educação 1.0, Educação 2.0, Educação 3.0 e Educação 4.0, descrevendo o foco da educação em cada nova perspectiva de ensino. Educação 1.0 – nessa fase, o educador era a figura mais importante na organização e no trabalho de formação do estudante. Os estudantes, numa atitude de admiração e submissão, recebiam os ensinamentos dos mestres, pois eles eram os detentores do saber. As primeiras escolas eram chamadas de Escolas Paroquiais e limitavam-se à formação de eclesiásticos. As aulas aconteciam nas igrejas e o ensino era limitado à leitura de texto sagrados. O ensino era baseado estritamente na educação cristã. Durante séculos, essa educação prevaleceu e atendeu às expectativas da sociedade da época, que não queria que as pessoas refletissem, pensassem e tirassem suas conclusões. Portanto, na educação 1.0, o currículo consistia apenas em aprender ler, escrever, conhecer a bíblia, canto e um pouco de aritmética, com o tempo incluiu o latim, gramática, retórica e dialética. Educação 2.0 – A "nova" escola 2.0 preparou as pessoas para trabalhar nas fábricas. Essa educação 2.0, com forte influência da Revolução Industrial, apresenta as mesmas características observadas na produção industrial – tarefas repetitivas, mecânicas e trabalho individual. A sala de aula era vista como homogenia e uma metodologia de ensino e aprendizagem que se caracterizava pela: padronização, concentração, centralização e sincronização. A educação passou a ter como objetivo o treinamento, alicerçado na aprendizagem informativa, à qual a memorização ficava evidenciada. O conhecimento transmitido tinha, mais uma vez, a função de adequar o educando à sociedade e ao mercado de trabalho. Educação 3.0 – Consiste uma nova concepção do que ensinar, como ensinar, com o que ensinar e o que desenvolver para entregar como resultado, ao final do processo educativo, uma pessoa apta a trabalhar nesse novo cenário social. Na educação 3.0, o professor precisa saber usar as novas tecnologias como potencial pedagógico. Essa educação alia as novas tecnologias com a aprendizagem, sendo assim estimula cada vez mais os estudantes a desenvolverem a autonomia, a criatividade, a flexibilidade, a participação e a pesquisa a partir de projetos. Educação 4.0 – com o advento da Quarta Revolução Industrial e da era digital, a educação apresenta um novo paradigma em que a informação se encontra na rede das redes, nas aldeias globais e encontra-se acessível a todos de forma horizontal e circular, sem limite de tempo e espaço geográfico. O educador, nesta chuva de sinapses de informações acessíveis pelas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), torna-se o orquestrador, o curador das múltiplas informações junto ao educando e procura organizar e sintetizar a informação, transformando-a em conhecimento e o conhecimento em sabedoria. O educando nesse ambiente ciberarquitetônico torna-se o ator, o autor do conhecimento
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