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Ana Maria Godoy Luci Carlos de Andrade A n a M ar ia G o d oy Lu ci C ar lo s d e A n d ra d e A Gestão Pedagógica, Planejamento e Avaliação EducacionalA G es tã o P ed ag óg ica , P la nej am ent o e A va lia çã o E du ca cio an al 197 Caro Aluno, Seja bem-vindo! Nesta quinta unidade, você verá o tra- balho pedagógico do supervisor e orientador. Pesquise mais sobre este assunto você irá enri- quecer os seus conhecimentos. Bons estudos! A Supervisão Escolar e a Orientação Educacional UNIDADE V 199 5. A Supervisão Escolar e a Orientação Educacional Inicialmente, a supervisão apareceu como uma força disciplinadora “dentro de uma linha de inspecionar, reprimir, checar e monitorar”. Essas funções foram paulatina- mente se modificando, passando por contro- le comportamental e busca de liderança no processo educativo até a superação da simples tarefa de fiscalização para, então, se tornar su- pervisão escolar. Nérici explicita as fases da supervisão escolar: 1. Fiscalizadora – Nessa fase, a supervisão confunde-se com a inspeção escolar, visto que sua atuação estava mais preocupada com cum- primento de prazos e leis. 2. Construtiva – O autor usa uma expressão interessante para essa fase: “supervisão orien- tadora”, que dá a ideia de preocupação com o trabalho de orientação dos professores, cor- rigindo as falhas que pudessem apresentar e orientando-os sobre os procedimentos consi- 200 derados mais adequados. 3. Criativa – É a fase “atual” (não esqueça: 1973!), em que a supervisão se separou defini- tivamente da inspeção escolar, caminhando na direção do aperfeiçoamento das pessoas envol- vidas no processo de ensino - aprendizagem. De 1973 para cá muita coisa mudou. A articulação do trabalho pedagógico alterou-se a partir das lutas sociais pela democratização do país, posto que, após o fim do regime militar, nos anos 1980, as discussões acadêmicas, em todas as esferas sociais, clamaram por essa postura. Não há como dissociar o grito abafado por liberdade das mudanças que permearam a sociedade brasi- leira nesse momento histórico. A supervisão escolar, juntamente com as outras habilitações e funções na escola, passou da postura técnica especializada ao compromis- so político, atingindo o que se poderia chamar de maturidade. Passou também a buscar um conteúdo articulado ao processo, superando in- clusive o conteudismo que, apesar de apregoar e defender o acesso ao conhecimento para toda a população, acabou se mostrando estéril, por não compreender no seu interior a importância do 201 envolvimento dos seres aprendente e ensinante. Com a orientação educacional, não foi diferente. Essa função surgiu da necessidade de especialização do trabalho docente e da organi- zação do trabalho escolar, muito aos moldes da especialização apregoada no mundo do traba- lho. Com o aparecimento da ideia de orientação vocacional, corroborou-se dentro da instituição escolar a visão tecnicista de encontrar o homem certo para o lugar certo. Sua linha mestra, o “aconselhamento”, visava direcionar as crianças e jovens ao mundo do trabalho de maneira ade- quada e “conformada”. Interessante notar que esses especialistas surgiram na escola por força de lei que pretendia claramente organizar o trabalho escolar dentro dos preceitos liberais de adequação e conforma- ção social. No movimento histórico por que passa- ram os especialistas da educação, desde a forma- ção e função fragmentada até a definição de pa- péis específicos e a formação generalista (talvez uma tentativa de esvaziamento histórico, político e teórico), chegou-se a um trabalho articulado e à formação do pedagogo unitário. Esse pedagogo unitário é a síntese pro- 202 posta ou sonhada de um profissional que tenha uma sólida formação teórica, um compromisso político e uma clareza das questões sociais emer- genciais que se põem diante da escola. É um profissional que, aliado ao professor, enfrenta alguns desafios que a realidade impõe. Indicação cultural: The Wall Direção Alan Parker, Vídeo Arte, 1982, 95 min. Filme que traz uma discussão sobre um profes- sor assolado por sua vida e por seu superior e que repete em sala de aula essa opressão. 5.1 O TRABALHO PEDAGÓGICO DO SUPERVISOR E ORIENTADOR A atividade como suporte direto ao tra- balho pedagógico da escola é realizada pelos “es- pecialistas educacionais” (um tanto esquecidos pelos nossos governantes), que são considerados o suporte direto ao trabalho dos docentes da es- cola. Os especialistas fazem parte da equipe ges- tora da unidade escolar. 203 ORIENTADOR ESCOLAR O orientador educacional é o profissional que deve preocupar-se com a formação pessoal/ individual de cada estudante de sua instituição. O seu trabalho está direcionado aos alu- nos, auxiliando no seu processo de construção do conhecimento, em consonância com os pro- fessores. O orientador escolar tem a função de compreender o comportamento dos estudantes, sua relação com os estudos e a escola, bem como auxiliar na organização e realização da proposta pedagógica da escola; sendo articulador direto escola/comunidade, orientar, saber ouvir e dia- logar com os pais e/ou responsáveis sobre a vida escolar dos filhos em relação à aprendizagem, comportamento e responsabilidade do discente em questão. O Orientador Escolar tem também o compromisso com a formação permanente do aluno quanto aos temas transversais, quanto ao respeito mútuo, a valores, atitudes, emoções e sentimentos, sendo capaz de analisar e auxiliar quando necessário. O papel do orientador é fundamental em uma instituição de ensino, mas em muitas escolas esse profissional não existe, seu valor foi arqui- 204 vado por muitos governos do nosso país; haja vista, não ser qualquer um que pode estar lidan- do com assuntos que dizem respeito ao suporte pedagógico direto com os professores e seus alu- nos, muitos oriundos de famílias desestruturadas e com baixo rendimento escolar. Portanto, para esta função, é neces- sário ter curso superior de pedagogia, o qual forma o pedagogo e o especialista na área de orientação educacional. Suas atribuições são: a) Dar assistência a estudantes da educação in- fantil, do ensino fundamental no desenvolvi- mento da personalidade e no ajustamento pesso- al, social e profissional; b) Ajudar a escola na organização, realização e ava- liação da proposta pedagógica de cada docente; c) Saber ouvir, dialogar, ter senso crítico e analí- tico e principalmente saber orientar; d) Ser colaborador, juntamente com o professor, no processo ensino aprendizagem. 205 SUPERVISOR ESCOLAR A arte de ser supervisor também é uma es- pecialidade de um pedagogo, função que pode ser obtida através de cursos de habilitação em pedago- gia. O supervisor de ensino atua diretamente com o corpo docente da escola, com a função de coorde- nar as práticas pedagógicas, assim como de acom- panhar o desenvolvimento e aplicação do currículo. O Supervisor escolar favorece o conhe- cimento técnico-pedagógico, avaliando e refle- tindo sobre a eficácia da ação pedagógica em conformidade com os docentes. Ou seja, mediar para garantir a qualidade de ensino. O professor é o principal mediador do processo pedagógico; ele não é mais um agente a ser controlado no interior das escolas. Nesse sen- tido, fica afastado qualquer indício de que o traba- lho do supervisor deva estar centrado no controle puro e simples do trabalho do professor. Medina (2004, p.32) ressalta essa questão ao afirmar que: [...] é o trabalho do professor [...] que dá sentido ao trabalho do professor abre o espaço e indica o objeto da ação/reflexão, ou de reflexão/ação para o desenvolvimento da ação supervisora. 206 Dessa forma, podemos constatar que a ação do supervisor está longe de uma função baseada em uma rotina burocrática, na atualida- de, torna-se necessário que o mesmo desenvol- va ações baseadas na reflexão. Assim, podemos elencar pontosdesafiadores e relevantes relacio- nados ao perfil esperado do trabalho do supervi- sor escolar. Suas atribuições primordiais são: a) Conviver com a diversidade de profissionais, amenizando conflitos; b) Conquistar o professor para que reflita global- mente sobre a escola que queremos, ou seja, uma escola de e para todos; c) Colocar-se na função de problematizador frente ao trabalho do professor, oferecendo con- dições para agir e refletir sobre sua ação; d) Ter clareza que o conhecimento é um dado relativo, levando os professores a pensarem nos procedimentos, estratégias diversificadas para que ocorra o processo de ensinar e aprender; 207 e) Tomar atitudes claras diante do processo en- sino-aprendizagem, referente à função social da escola, envolvendo todos no fazer educação; f) Auxiliar na reconstrução constante da propos- ta pedagógica da unidade escolar, propondo mo- mentos de reflexão sobre a ação dos e com os docentes, preocupando-se com a realidade social da escola; g) Contribuir para o acesso e permanência do aluno na unidade educativa, intervindo com sua especificidade de mediador da ação docente frente ao currículo; h) Participar, junto com a comunidade, do pro- cesso de elaboração e atualização do Regimento da Escola, principalmente no foco pedagógico; i) Participar do processo de escolha de represen- tantes de turmas (aluno, professor) visando sem- pre o processo ensino-aprendizagem; j) Participar da elaboração, execução, acompa- nhamento e avaliação de projetos, planos, pro- gramas e outros; 208 k) Participar de cursos, seminários, encontros e outros, estar em constante atualização e redi- mensionamento da ação específica do ser Super- visor Escolar; l) Participar, junto com os professores, da siste- matização e divulgação de informações sobre o aluno para conhecimento dos pais e, em conjun- to, discutir os possíveis encaminhamentos; m) Coordenar a análise qualitativa e quantitativa do rendimento do aluno, junto com o professor e demais especialistas, procurando reduzir a eva- são, repetência, proporcionada qualidade ao pro- cesso ensino-aprendizagem; n) Subsidiar o professor no planejamento da ação pedagógica para o alcance da articulação vertical e horizontal dos conteúdos, metodologia e avaliação; o) Realizar e/ou promover pesquisas e estudos, emitindo pareceres e informações técnicas na sua área; p) Desenvolver o trabalho sempre pautado na ética profissional; 209 q) Realizar outras atividades correlatas à fun- ção, estando sempre disposto a trabalhar de maneira coletiva. O trabalho do supervisor escolar está em consonância diariamente com o trabalho dos professores/educadores e alunos. Realizar este trabalho não é tarefa simples, exige uma visão criteriosa do supervisor voltada à avaliação cons- tante e sistematizada da atuação docente. 5.2 A COORDENAÇÃO POLÍTICO-PEDAGÓGICA DO TRABALHO ESCOLAR A necessidade de organização está pre- sente nos vários espaços sociais. O grupo de tra- balho de qualquer escola deste país tem uma boa organização quando consegue sentar em grupo, seja para construir algo, ou para apresentar pro- postas a serem discutidas, avalizado e vivenciado pela comunidade escolar. Planejar: Projeto Político Pedagógico Apresentamos os seus fundamentos, um 210 roteiro para sua elaboração, avaliação e o porquê avaliar, sem esquecer a avaliação institucional. Lembrando sempre que o planejamento deve ocorrer de forma democrática e compartilhada para elaborar um Projeto Político Pedagógico. Fundamentos do PPP. Até recentemente, a grande questão da escola limitava-se a uma escolha entre ser tra- dicional ou moderna. Essas categorias não su- miram, apenas não respondem mais a todas as questões atuais da escola e, muito menos, à ques- tão do Projeto Político Pedagógico. Contudo, a existência de uma educação baseada nestas categorias, renasce e é impulsio- nada pelos últimos avanços tecnológicos e mer- cadológicos. Neste contexto, aspectos como o pluralismo político, a emergência do poder local e a multiculturalidade passam a ser um novo de- safio que exige maior autonomia e novas formas de participação social para as unidades escolares. Não é por acaso, ou sem motivo, que as questões da autonomia, cidadania e partici- pação no ambiente escolar vêm sendo assunto de pauta no debate educacional brasileiro. Essa mobilização pela qualidade da educação se ali- 211 nha à necessidade de um projeto político peda- gógico próprio. O título Projeto Político Pedagógico tem esta denominação devido a todo projeto pedagó- gico ser POLÍTICO. Num projeto político pe- dagógico, as políticas incorporadas são as linhas de ações que orientam as atitudes básicas como necessárias para desenvolver um projeto, um pla- no. O autor Saviani afirma que: ”com efeito, eu só posso afirmar que a educação é um ato político (contém uma dimensão polí- tica) na medida em que eu capto determinada prática como sendo primordialmente educativa e secundariamente política”.(1997, p.101). Frequentemente confunde-se projeto com plano. Certamente, o plano diretor da esco- la, que se apresenta como conjunto de objetivos, metas e procedimentos, faz parte do seu projeto, mas não é todo o seu projeto. De maneira geral, o plano fica no campo do instituído, no campo do cumprimento mais eficaz da instituição escolar, como alguns discur- sos em torno da “qualidade” e, em particular, da 212 “qualidade total” da educação. Um projeto ne- cessita sempre rever o instituído para, a partir dele, instituir outras questões. Um Projeto Po- lítico Pedagógico tem a necessidade de se tor- nar instituinte. Isto não significa que o Projeto Político Pedagógico nega o instituído da escola, que é a sua história e sua concepção. O instituído decorre do conjunto de seus: • Currículos; • Métodos; • Conjunto de seus atores internos e externos; e • Modo de vida da comunidade escolar. Um projeto sempre parte do instituído e se completa com o instituinte. Fica prejudicado o projeto que não é constituído com olhares volta- dos a uma direção política. Por isso, todo proje- to pedagógico da escola é também político. Vale observar também que o projeto pedagógico da escola é um processo inconcluso, uma etapa em direção a uma finalidade que permanece como horizonte da escola. 213 5.2.1 Construçâo do PPP é responsabilidade de quem? O projeto da escola não é responsabili- dade apenas de sua direção/gestão. Ao contrá- rio, numa gestão colegiada, a direção é escolhi- da a partir do reconhecimento da competência e da liderança de alguém capaz de executar um projeto coletivo. Não faz sentido buscar definições gené- ricas de Projeto Político Pedagógico, pois não existem duas escolas iguais. Foi-se o tempo da pretensão de saber de antemão qual é o proje- to adequado para as escolas. Foi-se também o tempo em que se deixava ao encargo do diretor/ gestor a responsabilidade de definir, realizar, ela- borar o projeto, sem ter incorporado as experi- ências, opiniões e aspirações daqueles que vão realizá-lo (a equipe escolar) e daqueles para os quais o projeto é feito (alunos e suas famílias). A necessidade de organização está pre- sente nos vários espaços sociais. o grupo de tra- balho de qualquer escola deste país tem uma boa organização quando consegue sentar em grupo, seja para construir algo, ou para apresentar pro- postas a serem discutidas, avalizadas e vivencia- 214 das pela comunidade escolar. O que é planejar? • É transformar a realidade numa direção esco- lhida pelo grupo; • É organizar a própria ação do grupo; • É implantar um processo de intervenção na re- alidade pelo grupo; • É dar clareza e precisão à própria ação do grupo; • É por em ação um conjunto de técnicas para racionalizar a ação do grupo; • É realizar um conjunto de ações para aproxi- mar uma realidade a um ideal; • É realizar o que é importante (essencial) para o grupo. Quais as finalidades do PPP? • Organizar o trabalho na escola; • Tornar clarae precisa a ação; • Sintonizar as ideias; • Eliminar o espontaneísmo e as decisões com base intuitiva; • Eliminar as relações competitivas e autoritárias; • Superar os conflitos; • Diminuir os efeitos fragmentários da divisão 215 do trabalho que reforça as diferenças e hierarqui- za os poderes de decisão; • Tornar mais eficiente e com qualidade a ação educativa. O que é um projeto? • Projetar significa: “lançar para frente”. • É antever, planejar um futuro diferente do pre- sente, ou seja, a partir da realidade presente, pro- jetar a realidade desejada. • Qualquer projeto pressupõe rompimento com o presente e promessas para o futuro. • Por ser processo, não está pronto nem acaba- do. É uma ação intencional, com compromisso constituídos e vivenciados no coletivo. O que define a dimensão política? A palavra política vem do grego polis que significa cidade. Envolve uma comunidade de in- divíduos, intencionalizar um homem, uma escola, uma sociedade, interferir nesta direção significa comprometer-se com a direção, comprometer-se com a concretização dessa intencionalidade. 216 O que define a dimensão pedagógica? Etimologicamente, “pedagogo” vem do grego e significa um condutor de crianças. Na cultura romana, por sua vez, a pedagogia é uma área do conhecimento consagrada à estru- turação, aos princípios e às diretrizes da ação educativa. As intencionalidades são efetivadas na ação educativa. Onde está o PPP da escola? O PPP deve ficar num lugar em que todos os integrantes da comunidade educativa possam consultar a qualquer hora. Deve estar acessível para que se possam das sugestões para sua melho- ria. Muitas vezes está tão bem guardado, que fica intacto o ano inteiro e só é lembrado no inicio e/ ou final do ano letivo. Às vezes não existe. Que posição o PPP ocupa no cotidia- no escolar? É uma posição de destaque, ajuda a ges- tar, construir novas ideias e novas maneiras de viver na escola, gerar, criar um novo fazer e ge- renciar. Ou seja, ajuda a conduzir para a mais 217 importante e melhor ação na escola ou a menos importante. Deve estar sempre presente. Com que frequência ele é consultado? No planejamento, quando há necessida- de de redimensionar o caminhar da escola para melhorar a prática pedagógica e para dar res- postas aos integrantes da escola: direção, equipe técnica, professores e demais funcionários. Tam- bém é consultado quando surgem problemas de ordem legal. Contudo há realidade em que o PPP nunca é consultado, existe só para constar. Com que frequência ele é avaliado? A esta pergunta seguem outras como: Quem participa da avaliação/reelaboração do PPP? O que funcionou e o que não funcionou no ano anterior ao planejado? Como traduzir/ incluir toda a ação educativa da escola no PPP? Como promover o trabalho coletivo? Como ga- rantir a participação efetiva de toda a comunida- de escolar na avaliação e reelaboração do PPP? A sua avaliação se dá uma vez por ano ou mais, no final ou no início, ou sempre que é usa- 218 do. Sua avaliação deve ser processual. Quando avaliado, os autores desta atividade são o gestor, o supervisor pedagógico, a comunidade escolar, ou alguém de fora da escola. É avaliado com a fi- nalidade de reelaboração, melhoria, para melhor sintonia com as necessidades da comunidade educativa, ou em alguns casos só para constar uma ficha de avaliação do mesmo. Como elevar o nível de aprendizagem? O Projeto Político Pedagógico só tem sentido e atinge a sua finalidade maior, se con- tribui para elevar o nível de aprendizagem. A função social da escola é contribuir para que o conhecimento seja socializado, ou seja, internali- zado por todos que a ela recorrem. Esta é a razão maior de tudo o que se faz e se almeja para a escola. Por isso, a supervisão pedagógica é tão necessária, para que possa constantemente veri- ficar se isto está ocorrendo, caso contrário é hora de avaliar o trabalho novamente, e ver o que está falhando, para refazer ou fazer de outra maneira, até que seus objetivos sejam atingidos. Cabe ao supervisor pedagógico procurar formas para melhor encaminhar questões como 219 avaliação, recuperação e dependência. O que queremos e precisamos mudar na escola? Com certeza as mudanças precisam acontecer, se o trabalho pedagógico estivesse adequado, não teríamos a realidade triste estam- pada na mídia de nosso país, mostrando o lugar nada confortável ocupado pelo ensino. É urgen- te a melhoria da qualidade, mesmo tendo Esta- dos da Federação que estão praticamente com a entrada no Ensino Fundamental universalizada, 99%. Contudo, não ocorre o mesmo com o per- curso e a saída, falta qualidade. A primeira coisa a melhorar é a seriedade para com o ensino/edu- cação. Seriedade dos profissionais da educação, das políticas e ações, seriedade dos pais, dos alu- nos e da comunidade. Principalmente do fazer pedagógico, mudando a forma de fazer e o dire- cionamento dado a estas ações. 220 Leitura complementar: Ação Integrada – Administração, Supervisão e Orientação Educacional, de Heloisa Lück, Ed. Vozes, 3ª edição, Petrópolis, 1982. Para enriquecer a sua leitura indicamos o filme O Clube do Imperador, autoria de Kevin Kline e direção Michael Hoffman produzido em 2002. Sua duração é de aproximadamente 104 min. O filme nos coloca diante de um professor que persegue o sonho de educar de forma abnegada. 5.3. CONSELHO ESCOLAR A democratização da gestão nasce por meio do fortalecimento dos mecanismos de par- ticipação na escola, em especial o Conselho Es- colar. Pode-se apresentar como uma alternativa criativa para envolver os diferentes segmentos das comunidades locais e escolares nas ques- tões e problemas vivenciados pela escola. Esse processo possibilita aprendizado coletivo, tendo como resultado o fortalecimento da gestão de- mocrática no âmbito escolar. Os conselhos escolares são órgãos de de- 221 liberação coletiva, auxiliam a estrutura da escola. A representação da comunidade escolar através do conselho escolar. Trata-se de uma estrutura em forma de colegiado composta por represen- tantes dos segmentos da comunidade escolar, constituindo-se de discussões de caráter con- sultivo e/ou deliberativo. A implementação do conselho escolar permite que diferentes setores da sociedade possam contribuir e participar da gestão da escola de forma democrática e insti- tucionalizada. Consta da LDB a instituição dos conselhos escolares, nas escolas públicas e de educação básica. A administração colegiada pressupõe a participação da comunidade nas decisões do processo educativo. Representa uma instância coletiva de tomada de decisão e de análise dos problemas da escola. A administração colegiada busca uma nova prática de exercício do poder. A democracia participante baseia-se no princípio de que seus membros elegem delega- dos para representar seus interesses. Seu objetivo é que os problemas das bases sejam considerados nas políticas do governo e do Estado. Nesse tipo de organização, só os delegados legitimamente escolhidos têm autoridade para votar sobre os 222 assuntos a serem decididos. 5.3.1. Função do Conselho Escolar O conselho escolar deve ser o espaço em que se discutem as questões educativas e seus desdobramentos na prática político-pedagógica da escola. Nesse sentido, o Conselho Escolar tem as seguintes funções: deliberativa, consulti- va, fiscal e mobilizadora. a) Deliberativas: quando decidem sobre o pro- jeto político-pedagógico e outros assuntos da es- cola, aprovam encaminhamentos de problemas, garantem a elaboração de normas internas e o cumprimento das normas dos sistemas de ensi- no e decidem sobre a organização e o funciona- mento geral das escolas, propondo à direção as ações a serem desenvolvidas. Elaboram normas internas da escola sobre questões referentes ao seu funcionamento nos aspectos pedagógico, ad- ministrativo ou financeiro. b) Consultivas: quando têm um caráter de as- sessoramento, analisando as questões encami-nhadas pelos diversos segmentos da escola e 223 apresentando sugestões ou soluções, que pode- rão ou não ser acatadas pelas direções das unida- des escolares. c) Fiscais (acompanhamento e avaliação): quando acompanham a execução das ações pe- dagógicas, administrativas e financeiras, avalian- do e garantindo o cumprimento das normas das escolas e a qualidade social do cotidiano escolar. d) Mobilizadoras: quando promovem a partici- pação, de forma integrada, dos segmentos repre- sentativos da escola e da comunidade local em diversas atividades, contribuindo, assim, para a efetivação da democracia participativa e para a melhoria da qualidade social da educação. Fonte: (BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Vol.1 pp.38-9, 2004). 5.3.2. Atribuições do Conselho Escolar As atribuições do Conselho escolar de- pendem do Regimento Interno de cada unidade de ensino. Dada a autonomia para a elaboração 224 do Regimento Interno das Instituições, a gestão da escola deve levar em consideração as deter- minações básicas do regimento da Rede à qual a escola pertence. Algumas entre tantas outras atribuições do Conselho Escolar: • Elaborar o Regimento Interno da escola; • Coordenar, elaborar, discutir, alteração se ne- cessário o Regimento Escolar; • Convocar assembleias-gerais da comunidade escolar ou de4 seus segmentos; • Propor e coordenar alterações curriculares na unidade escolar, respeitada a legislação vigente; • Participar da elaboração do calendário escolar; • Acompanhar a evolução dos indicadores edu- cacionais (abandono escolar, aprovação, aprendi- zagem, entre outros); • Aprovar o plano administrativo anual, elabora- do pela gestão da escola, sobre a programação e a aplicação de recursos financeiros; • Fiscalizar a gestão administrativa, pedagógica e financeira da unidade escolar; • Entre outros. A efetivação destas atribuições e outras aqui não mencionadas são aprendizados que 225 fazem parte do ato democrático no processo de gestão escolar. Cada Conselho escolar deve chamar a si a discussão de suas atribuições prio- ritárias, em conformidade com as normas da legislação em vigor. Neste processo, deve ser considerada a autonomia da escola (prevista na LDB) e o seu empenho no processo de constru- ção de um projeto político-pedagógico coerente com objetivos e prioridades bem definidos em função das reais necessidades da comunidade a qual a escola se insere. Para o exercício dessas e de outras atri- buições, é indispensável considerar que a quali- dade que se pretende atingir é a qualidade social, ou seja, a realização de um trabalho escolar que represente, no cotidiano vivido, crescimento in- telectual, afetivo, político e social dos envolvidos. 5.3.3. Eleição e Composição do Conselho Escolar Quando a escola exerce a democracia de fato, os membros do Conselho Escolar podem ser eleitos por um representante de cada segmento da escola, sendo eles, professores, pais, alunos... 226 (conforme realidade de cada instituição). Os conselhos escolares são compostos por representantes dos mais diversos segmentos da Unidade Escolar sendo eles: pais, alunos, pro- fessores, gestão escolar/gestor e por demais fun- cionários do estabelecimento. Estes são exem- plos, pois a composição dar-se-á conforme o que consta no Regimento Interno da escola, mas com observação na legislação vigente. Podem participar do conselho, com di- reito a voz e voto, todos que fazem parte da co- munidade escolar e foram eleitos representantes pelos seus pares. Os conselhos Escolares variam de uma comunidade a outra, município pra mu- nicípio, estados e até mesmo entre escolas, desta forma, a quantidade de representantes dos Con- selhos também varia conforme o número de alu- nos, do tamanho da escola, do número de séries/ anos que ela possui. 227 EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1. Além de ler estes textos, você precisa compre- ender os desdobramentos das tarefas do supervi- sor e orientador. Por isso, procure uma escola e peça para verificar o PPP e o Regimento Escolar, para que você possa verificar as tarefas da super- visão e orientação. Faça um paralelo entre o texto e o verificado na escola. Registre as tarefas do su- pervisor e orientador. 2. Pesquise nos sites como é a construção de um estatuto do Conselho Escolar. 3. Construa um Estatuto do Conselho Esco- lar. Procure discutir na sua escola quais são os pontos mais necessários que deverão conter no seu estatuto. 229 Caro aluno, Seja bem-vindo! Nesta unidade, será apresentada a ques- tão da construção do Projeto Político Pedagó- gico, como documento que norteia todo o tra- balho educativo da escola em todos os setores do espaço escolar. Assim como, a organização da proposta pedagógica em todos os seus aspectos. Bons estudos! Projeto Político Pedagógico: Considerações Iniciais UNIDADE VI 231 6. Projeto Político Pedagógico: Considerações Iniciais O sistema educacional é constituído por vários elementos que estão organizados no sentido de viabilizar o funcionamento da escola com vistas a garantir a aprendizagem do educando. Estudamos questões relaciona- das ao currículo, à avaliação e os aspectos que compõem o planejamento. Veremos nesta uni- dade elementos relacionados à gestão escolar, ou seja, o aparato legal e institucional para o funcionamento da escola. Trata-se do Projeto Político Pedagógico que é o norte ou a direção de forma organizada do trabalho escolar ou da escola em todos os seus segmentos e espaços. 6.1. PROPOSTA PEDAGÓGICA: ORGANIZAÇÃO Toda escola deve ter o documento men- cionado acima, ou o PPP, e sua Proposta Peda- gógica inscrita neste projeto. Então vejamos: A proposta pedagógica é um documento, elabo- 232 rado pela própria comunidade escolar e local, que define claramente os propósitos da escola quanto à forma e a organização do ensino no seu interior. Reúne intenções, prioridades, metas e caminhos definidos no sentido de estruturar o trabalho pedagógico, para cumprir sua função social na perspectiva do futuro. A proposta pedagógica não é um docu- mento solto na escola. Faz parte do conjunto de documentos estratégicos, entre eles: PDE (Plano de Desenvolvimento Educacional), Regimento Interno e orçamento O PDE é a parte gerencial e estratégica da escola. Promove o diagnóstico da unidade, objetivos, metas e plano de ação. O Regimento Interno dispõe sobre as normas e condutas aceitas e respeitadas por todos na uni- dade escolar. O orçamento da unidade reflete as pos- sibilidades de ação da unidade escolar. O PDE define a gestão estratégica da unidade escolar, ou seja: as prioridades para concentração de esfor- ços e recursos. A PP (Proposta Pedagógica) define a educação que se pretende e a como ela vai ser viabilizada na escola. O Regimento Interno é o documento que vai nortear a conduta de todos 233 que participam da escola e estabelecer as regras para as atividades escolares. É como se fosse a Constituição. A Proposta Pedagógica comple- mentará o RI quando do processo ensino-apren- dizagem. Exemplo: o RI normatiza os critérios de promoção e a PP define os conteúdos neces- sário para a promoção Apesar de não conter valores orçamen- tários na Proposta Pedagógica, esta deve repre- sentar a realidade orçamentária da unidade es- colar. A PP deve ser realista do pondo de vista financeiro-orçamentário. Relação entre PPP e orçamento Proposta pedagógica é o documento que definirá como o homem irá ser educado para a vida, para o convívio entre semelhantes, para a sobrevivência local e inserção global. A Proposta pedagógica é o documento que definirá como o homem irá ser educado para a vida, para o convívio na sociedade. O artigo 12 da LDB estabelece que as instituições de ensino terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica e que os professores parti- ciparão ativamente desse processo. Em um pri- meiro momentodefine-se: • A linha filosófica adotada. 234 • A estrutura de suporte. • A organização do ensino. Após esta definição deve-se pensar mos elementos a serem apresentados no documento. É uma forma de organizar os itens que consta- rão na proposta e que devem caracterizar a fi- losofia da escola, isto é, os padrões, princípios e valores o que se almeja para a estruturação e identidade da escola, sem deixar de considerar a realidade da comunidade e a preocupação com a formação do cidadão para a sociedade. Abai- xo são apresentados alguns itens que pode fazer parte da elaboração da proposta, sem deixar de lado, antes de tudo, a pesquisa e a observação para a construção da proposta: • Metodologia • Aprendizagem colaborativa • Protagonismo juvenil • Monitoria • Prática de sala de aula • Sistema de avaliação contextualização • Contraturmo • Interdisciplinaridade 235 • Reforço escolar • Materiais didáticos • Bibliografia • Coordenação • Capacitação • Recursos de apoio pedagógico • Biblioteca – laboratório – auditório - espaço esportivo – recreação - Internet • Tipo de ensino • Currículo • Organização das salas (qtde de alunos) • Programas de estagio • Calendário • Turnos de trabalho e clientela atendida • Característica da enturmação • Tempo escolar • Recuperação • Plano de curso e de aula Destacamos também alguns dos princi- pais passos para a construção da proposta peda- gógica de sua unidade escolar: • Recolha toda bibliografia possível sobre PP (Proposta Pedagógica) – inclusive orientações da Secretaria 236 • Reunir um pequeno grupo de interesse para iniciar os trabalhos. • Sensibilizar um grupo maior de pessoas, ga- rantindo a participação de todos os segmentos escolares. • Analisar as características da escola • No caso de PDE pronto, rever o diagnóstico e a visão estratégica • Estudar a bibliografia e solicitar ajuda técnica sempre que necessário • Definir a linha filosófica, depois, analisar a estru- tura de apoio e definir a organização do ensino. • Discutir amplamente com todas as pessoas, principalmente com os professores • Promover a construção dos planos de curso e planos de aula a partir da PP • Capacitar todos os professores e funcionários com os ideais da PP. (VEIGA, 1998). Todo este aparato serve de sustentação para a elaboração do Projeto Político Pedagógico que é um documento de grande importância da es- cola, pois norteia e encaminha as atividades desen- volvidas no espaço escolar. Pressupõe transforma- ção ou mudança do ambiente escolar no sentido de buscar a qualidade e eficiência no ensino. 237 6.1.2. Projeto Político Pedagógico: Reflexoda Escola Entendemos que a construção de um Projeto Político Pedagógico deve ir além de uma organização de planos de ensino e atividades di- versas. Deve ser também vivenciado em todos os segmentos da escola, por todos os envolvidos no processo educacional de forma viva e dinâmica, em um movimento constante de aperfeiçoamen- to, sem, no entanto, ser deixado em arquivos, como mais um simples o documento. O projeto pedagógico não é um con- junto de planos e projetos de professores, nem somente um documento que trata das diretrizes pedagógicas da instituição educativa, mas um produto específico que reflete a realidade da es- cola, situado em um contexto mais amplo que a influência e que pode ser por ela influenciado. (VEIGA, 1998, p.21) A escola assentada na autonomia e ca- pacidade de construir sua própria identidade, aliada a ideia de uma escola como espaço para debates, reflexos, diálogo e decisões coletivas, é um significativo caminho para a construção do Projeto Político Pedagógico. A comunidade es- 238 colar: equipe administrativa, financeira, pedagó- gica, alunos, familiares e a comunidade, imbuída dos mesmos objetivos no contexto de discussões e reuniões que se processam de maneira coletiva, possibilitam e garantem a construção do projeto. (VEIGA, 2004). É importante ressaltar que a devida par- ticipação e envolvimento da comunidade escolar, pode garantir uma significativa construção do PPP, com vistas a alcançar os objetivos propostos de forma cada vez mais exitosa. O que pressupõe sucesso no ensino, o que refletirá certamente de forma produtiva na aprendizagem do aluno. Apresentamos uma sugestão de vídeo que reúne as considerações extraídas de pensa- mento de vários autores que tratam das ques- tões referentes ao PPP e que trazem rica contri- buição para o nosso aprendizado, além de nos levar a refletir sobre o papel da escola na cons- trução desse documento: 239 Fonte: www.youtube.com.br/Agosto/2001 Percebemos que o Projeto Político Pe- dagógico é um instrumento que focaliza alterna- tivas e caminhos para enfrentar os desafios do cotidiano da escola, cujos elementos estão orga- nizados e sistematizados de maneira consciente, científica e participativa. A elaboração do PPP é também um caminho para se repensar a escola, ressignificando suas metas, finalidades e objeti- vos. Pode marcar ou delinear o compromisso da escola com a geração futura, integrada no cená- rio educacional. A direção escolar como líder na coletivi- 240 dade e no espaço escolar deve organizar todo o processo de construção do PPP, no sentido de mobilizar e estimular os demais a participarem do processo de elaboração. É o momento e o espaço para os debates, discussões, tomada de decisões, exposição de ideias, em que os interes- ses e as reivindicações de cada um possam ser expostas em conjunto. Com isso, o Projeto Polí- tico Pedagógico ganha nova dimensão no espaço escolar. A participação de todos é fundamental e significativa na construção do PPP, conforme Demo nos diz: Participação é um processo no sentido legítimo de termo: infindável, em constante vir-a-ser, sempre se fazendo... é em essência autopromo- ção e existe enquanto conquista processual. Não existe participação suficiente, nem acaba. Parti- cipação que se imagina completa, nisto mesmo começa a regredir. (DEMO, 1996, p.32) Para Veiga (1996), a construção de um projeto pedagógico significa enfrentar desafios de mudança e da transformação na organização da 241 escola e no seu processo de trabalho pedagógico. Essa construção permite repensar a estrutura de poder da escola, quando se refere às possibilidades de mudanças e reformulação também na gestão. Dentre os princípios determinados na LDB, um deles aponta a gestão democrática, como forma de reger o ensino. No artigo 14 são previstos os princípios nos Incisos: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. A LDB ao dar aos professores e a co- munidade escolar a incumbência de elaborar o Projeto Político Pedagógico da escola promove a participação, necessária ao contexto escolar, vis- to que a atividade educativa está em constante planejamento e replanejamento das ações peda- gógicas. Além disso, é preciso considerar a par- ticipação da comunidade e a presença dos pais como coadjuvantes nesse processo de constru- ção do PPP. Paro afirma: A participação da população na escola só conse- 242 guirá alguma mudança a partir da participação de pais e responsáveis pelos alunos, oferecendo oca- siões de diálogo, de convivência verdadeiramente humana. E a direção deve estar consciente de que, para a abertura dos portões e muros, a escola deve estar predisposta a mudanças na gestão e na for- ma de participação da comunidade. É necessário entendê-la como participação política, que deve ser entendida como direito de cidadania. (2001 p.47) O envolvimento dos pais na escola é importante na medida em que reforça a possi- bilidade de sucesso educativo, nas trocas sociais, participação em eventos, jogos, feiras em apoio à escola, na articulação de uma construção con- junta. Desse modo, o Projeto Político Pedagógi- co da escola solidifica a sua estruturação e pos- sibilitaresultados cada vez mais satisfatórios na realização de seus objetivos. A presença da co- munidade reforça a ideia de compromisso com a escola e a consideração com os profissionais atuantes no espaço escolar. Trazemos um texto da Revista Nova Es- cola para complementar nossas discussões, pois apresenta diversos aspectos importantes do PPP, 243 em uma linguagem clara e objetiva, na visão de uma pedagoga chamada Noemia Lopes: Texto da Revista Nova Escola como complementação dos estudos sobre o PPP O PPP define a identidade da escola e indica caminhos para ensinar com qualidade. Noemia Lopes/Dezembro/2010 Toda escola tem objetivos que deseja al- cançar, metas a cumprir e sonhos a realizar. O conjunto dessas aspirações, bem como os meios para concretizá-las, é o que dá forma e vida ao chamado projeto político-pedagógico - o famoso PPP. Se você prestar atenção, as próprias pala- vras que compõem o nome do documento dizem muito sobre ele: - É projeto porque reúne propostas de ação con- creta a executar durante determinado período de tempo. - É político por considerar a escola como um espaço de formação de cidadãos conscientes, res- ponsáveis e críticos, que atuarão individual e coletivamente na sociedade, modificando os ru- 244 mos que ela vai seguir. - É pedagógico porque define e organiza as ati- vidades e os projetos educativos necessários ao processo de ensino e aprendizagem. Ao juntar as três dimensões, o PPP ganha a força de um guia - aquele que indica a direção a seguir não apenas para gestores e professores mas também funcionários, alunos e famílias. Ele precisa ser completo o suficiente para não deixar dúvidas sobre essa rota e flexível o bastante para se adaptar às necessidades de aprendizagem dos alunos. Por isso, dizem os especialistas, a sua ela- boração precisa contemplar os seguintes tópicos: - Missão - Clientela - Dados sobre a aprendizagem - Relação com as famílias - Recursos - Diretrizes pedagógicas - Plano de ação Por ter tantas informações relevantes, o PPP se configura numa ferramenta de planeja- mento e avaliação que você e todos os membros 245 das equipes gestora e pedagógica devem consul- tar a cada tomada de decisão. Portanto, se o pro- jeto de sua escola está engavetado, desatualizado ou inacabado, é hora de mobilizar esforços para resgatá-lo e repensá-lo. “O PPP se torna um do- cumento vivo e eficiente na medida em que ser- ve de parâmetro para discutir referências, expe- riências e ações de curto, médio e longo prazos”, diz Paulo Roberto Padilha, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo. Como fazer o PPP da escola Segundo especialistas, a elaboração do projeto político-pedagógico precisa contemplar a missão, a clientela, dados sobre aprendizagem, relação com as famílias, recursos, diretrizes pe- dagógicas, plano de ação da escola Dicas práticas para elaborar o PPP Certas estratégias facilitam a prepara- ção, a revisão e o acesso da equipe ao projeto político-pedagógico: - Não é preciso refazer a missão todo ano. Geral- mente, ela dura de dois a cinco anos. Deve ser al- terada quando a equipe percebe que os princípios já não correspondem às suas aspirações (os obje- 246 tivos iniciais foram alcançados ou precisam ser modificados), a clientela é outra (aconteceram mudanças na comunidade) ou o contexto escolar teve alterações (introdução do Ensino Funda- mental de nove anos ou a chegada da Educação Infantil ou de Jovens e Adultos). Esse trecho deve ser respaldado nos planos municipal ou estadual de Educação. - Clientela, dados sobre a aprendizagem, recursos, relação com as famílias, diretrizes e plano de ação devem ser revistos e atualizados ao longo do ano - e isso pode ser feito durante as reuniões pedagógi- cas e institucionais, nos encontros do Conselho Es- colar e na semana de planejamento. Para tanto, a cada encontro, defina quem será o responsável por sistematizar os dados e inseri-los no PPP. - A linguagem usada deve ser simples. - O ideal é que o PPP seja montado em um ar- quivo eletrônico, no computador, e, depois de impresso, colocado em uma pasta arquivo para facilitar o acesso e as alterações durante o ano. - Professores e funcionários podem receber cópias do documento, quando possível, para que con- sultem sempre que surgirem dúvidas. 247 - É interessante elaborar uma versão resumida para entregar aos pais no ato da matrícula. - Organizar o PPP em um fichário facilita o ma- nuseio, a conservação e a revisão ao longo do ano. Nas próximas páginas, você vai conhecer detalhes de cada um dos tópicos indispensáveis do PPP e saber onde obter as informações e a melhor forma de organizá-las. Bons exemplos de PPPs reais - Inspire-se em mode- los de projetos político-pedagógicos bem estrutura- dos para elaborar o documento em sua escola Ter um projeto político-pedagógico construído com cuidado é essencial para que toda a comu- nidade escolar conheça os objetivos educacionais que a instituição pretende atingir e os meios dis- poníveis para tanto. Porém, muitos gestores têm dúvidas sobre como esquematizar o documento, que tópicos in- cluir e de que maneira apresentar cada informa- ção. Nesse caso, uma possível fonte de inspiração é a leitura de documentos elaborados em outras escolas - desde que sejam exemplos bem construí- dos, que visem em cada área descrita as reais ne- 248 cessidades dos alunos, descrevam com atenção a clientela, levem em consideração os dados sobre a aprendizagem, estabeleçam com cautela o relacio- namento com as famílias, relatem os recursos que a escola possui para ensinar e tenham diretrizes e planos de ação claros e objetivos. O que é o PPP? Compartilhar a elaboração é essencial para uma gestão democrática Infelizmente, muitos gestores veem o PPP como uma mera formalidade a ser cumpri- da por exigência legal - no caso, pela Lei de Di- retrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996. Essa é uma das razões pelas quais ainda há quem prepare o documento às pressas, sem fazer as pesquisas essenciais para retratar as reais ne- cessidades da escola, ou simplesmente copie um modelo pronto (leia os erros mais comuns). Na última Conferência Nacional de Educação (Conae), realizada no primeiro semes- tre deste ano, o projeto político-pedagógico foi um dos temas em destaque. Os debatedores lem- braram e reforçaram a ideia de que sua existên- cia é um dos pilares mais fortes na construção de 249 uma gestão democrática. “Por meio dele, o gestor reconhece e concretiza a participação de todos na definição de metas e na implementação de ações. Além disso, a equipe assume a responsabilidade de cumprir os combinados e estar aberta a co- branças”, aponta Maria Márcia Sigrist Malava- si, coordenadora do curso de Pedagogia e pesqui- sadora do Laboratório de Observação e Estudos Descritivos da Faculdade de Educação da Uni- versidade de Campinas (Loed/Unicamp). Envolver a comunidade nesse trabalho e compartilhar a responsabilidade de definir os rumos da escola é um desafio e tanto. Mas o es- forço compensa: com um PPP bem estruturado, a escola ganha uma identidade clara, e a equipe, segurança para tomar decisões. “Mesmo que no começo do processo de discussão poucos partici- pem com opiniões e sugestões, o gestor não deve desanimar. Os primeiros participantes podem agir como multiplicadores e, assim, conquistar mais colaboradores para as próximas revisões do PPP”, afirma Celso dos Santos Vasconcellos, educador e responsável pelo Libertad - Centro de Pesquisa, Formação e Assessoria Pedagógica, em São Paulo. 250 Os erros mais comuns Alguns descuidos no processo de elabora- ção do projeto político-pedagógico podem preju- dicar sua eficácia e devem ser evitados: - Comprar modelos prontos ou encomendar o PPP a consultores externos. “Se a própria comu- nidade escolar não participa da preparação do documento, não cria a ideia de pertencimento”, diz Paulo Padilha, do Instituto Paulo Freire.- Com o passar dos anos, revisitar o arquivo so- mente para enviá-lo à Secretaria de Educação sem analisar com profundidade as mudanças pe- las quais a escola passou e as novas necessidades dos alunos. - Deixar o PPP guardado em gavetas e em ar- quivos de computador. Ele deve ser acessível a todos. - Ignorar os conflitos de ideias que surgem du- rante os debates. Eles devem ser considerados, e as decisões, votadas democraticamente. - Confundir o PPP com relatórios de projetos institucionais - portfólios devem constar no do- cumento, mas são apenas uma parte dele. 251 EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1. Qual a finalidade da Proposta Pedagógica? 2. Três pontos essenciais devem ser levados em conta na elaboração da Proposta Pedagógica. Ci- te-os. 3. “Compartilhar a elaboração é essencial para uma gestão democrática”. A afirmação refere-se ao Projeto Político Pedagógico. Esclareça. 4. Em sua opinião, porque é importante a partici- pação da comunidade na escola? 5. No Artigo 14 da LDB/1996, são destacados 2 (dois) princípios. Comente-os. 253 BIBLIOGRAFIA APPLE, Michael W. Ideologia e Currículo. Trad.: Carlos Eduardo Ferreira de Carvalho. São Paulo: Edi- tora Brasiliense, 2002. ARITA, Yasushi. Olhe o que você está fazendo com sua vida. Scortecci Editora, 2006. 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Precisamos, por exemplo, promover discus- sões de questões que permeiem várias disciplinas. Temos de trabalhar com as relações do conheci- mento, que não pode ser morto, enciclopédico e técnico 5. Resposta Pessoal 260 6. Organiza os conteúdos e as atividades, sendo um recurso para o educador e que pode ser usado como um norte para a prática pedagógica. 7. Resposta Pessoal. 8. Resposta Pessoal. 9. Resposta Pessoal 10. A concepção de avaliação é vista como um processo intrínseco a aprendizagem do aluno, ul- trapassando a idéia de uma avaliação nos moldes tradicionais do ensino, que considera somente o controle externo do aluno mediante notas ou conceitos, para ser compreendida como parte in- tegrante e intrínseca ao processo educacional. UNIDADE III 1. Resposta Pessoal 2. Para quem lecionar – Porque lecionar – O que le- cionar – Como lecionar – Como verificar e avaliar; 3. Plano de Curso – Plano de Unidade – Plano de Aula 4. Resposta Pessoal. 5. Resposta Pessoal 6. Resposta Pessoal 7. Resposta Pessoal 261 UNIDADE IV 1.Resposta Pessoal UNIDADE V 1. Resposta Pessoal 2. Resposta Pessoal 3. Resposta Pessoal UNIDADE VI 1. Define a educação que se pretende e a como ela vai ser viabilizada na escola. 2. A linha filosófica adotada. A estrutura de su- porte. A organização do ensino. 3. Resposta pessoal. 4. Resposta pessoal. 5. I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
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