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Teoria e Prática da Gestão Democrática

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1 
 
Disciplina: Teoria e Prática da Gestão Democrática 
Autores: M.e Frediana Vezzaro de Medeiros 
Revisão de Conteúdos: Esp. Daniel Vicente / Esp. Marcelo Alvino da Silva 
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso 
Ano: 2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral 
ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe 
da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas 
solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 
 
2 
 
Frediana Vezzaro de Medeiros 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Teoria e Prática da Gestão 
Democrática 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2016 
Curitiba, PR 
Editora São Braz 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
MEDEIROS, Frediana Vezzaro de. 
Teoria e Prática da Gestão Democrática / Frediana Vezzaro de Medeiros 
– Curitiba, 2016. 
48 p. 
Revisão de Conteúdos: Daniel Vicente / Marcelo Alvino da Silva 
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. 
Material didático da disciplina de Teoria e Prática da Gestão Democrática 
– Faculdade São Braz (FSB), 2016. 
 ISBN: 978-85-5475-102-9 
 
 
 
4 
 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
Bons estudos e conte sempre conosco! 
Faculdade São Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Apresentação da disciplina 
Esta disciplina evidenciará os estudos e reflexões acerca da Gestão 
Escolar Democrática foram organizados buscando contemplar a temática a 
seguir proposta: a gestão escolar e a democracia, seus conceitos e definições; 
a gestão escolar e a autonomia administrativa, financeira e pedagógica; os 
mecanismos de gestão democrática: conselho de escola, APMF, conselho de 
classe, grêmio estudantil; as formas de provimento ao cargo de diretor e a 
atuação das equipes pedagógicas; a gestão democrática e a participação, clima 
e cultura escolar; o trabalho do gestor escolar no cotidiano das instituições e a 
atuação docente; função, objetivos e atribuições do Gestor Escolar no contexto 
educativo contemporâneo. Nesse sentido, os objetivos para essa disciplina 
foram assim delineados em: 
 situar o sistema escolar, as escolas, o trabalho do professor e dos 
gestores no contexto das transformações em curso na sociedade 
contemporânea; 
 desenvolver conhecimentos e competências para atuarem de 
forma eficiente e participativa, nas práticas de organização e 
gestão da escola e na transformação dessas práticas. 
 debater práticas gestoras como recurso para análise e resolução 
de futuros problemas do cotidiano da escola. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Aula 1 – A gestão escolar, democracia e autonomia na sociedade 
contemporânea: conceitos e definições 
Apresentação Aula 1 
 Nesta aula serão abordados os principais conceitos e definições da 
gestão escolar na contemporaneidade, bem como os principais objetivos a 
serem a alcançados pelo gestor na comunidade escolar no cenário social e de 
da educação globalizada. 
 
1. A gestão escolar, democracia e autonomia na sociedade 
contemporânea: conceitos e definições 
O conhecimento das teorias que fundamentam a administração e gestão 
é um fator determinante para melhor compreensão e condução das realidades 
vividas no cotidiano da escola. Dessa forma, serão apresentadas e debatidas 
teorias que favoreçam a reflexão sobre os processos administrativos, materiais, 
humanos e sociais presentes na instituição escolar. 
Vocabula rio 
Sociedade contemporânea – sociedade atual caracterizada 
por um mundo globalização que geram novas formas de 
pensar, sentir a agir em todas as pessoas da chamada “aldeia 
global”. 
Gestão democrática - forma de gestão que busca colocar em 
prática as ideias de coletividade, comunidade, co-participação 
e valorização da opinião do outro. 
 
 
Pensar na gestão como um processo de mediação é o princípio 
fundamental para que todo gestor saiba conduzir os processos tão complexos 
nesse campo repleto de diversidade e particularidades muito próprias de cada 
grupo atendido. 
 
7 
 
Não é estranho afirmar que o profissional que se propõe a trabalhar nessa 
função terá muitos desafios e conquistas frente a diversidade de ideias e 
opiniões com que ele ou ela poderá trabalhar. 
Pode-se afirmar que a escola é um sistema e, segundo LÜCK (2000), a 
escola constitui-se em uma “organização sistêmica aberta”, e isso significa que 
a escola é feita de elementos pessoais com diferentes papéis e estruturas de 
relacionamentos, integrando-se mutuamente na busca do sucesso e da 
qualidade do público a ser atendido. 
Para que esse sistema funcione de forma integrada, deve-se propor uma 
colaboração mútua entre todos os envolvidos, desprendida de interesses 
individuais e vaidades para que venha realmente ter uma gestão escolar 
democrática. 
Nesse contexto, deve-se considerar a gestão da sociedade globalizada 
numa correlação com a gestão educacional, pois o cenário econômico e social 
tem forte impacto na condução das práticas gestoras da escola. Dessa forma, 
considero importante lançar uma reflexão inicial acerca dos valores e ideais que 
estão implícitos nas práticas dos gestores. 
Ferreira (2003), afirma que: 
A educação e sua gestão, portanto, enquanto responsáveis por esta 
“condução”, necessitam firmar-se em ideais comprometidos com a 
formação humana de profissionais da educação e de profissionais em 
geral, de todos os cidadãos e cidadãs. Nesse sentido, cabe pensar e 
questionar: Quais são os ideais que orientam as “tomada de decisões” 
na sociedade globalizada e nas instituições? São ideais de equidade, 
de justiça social, de solidariedade, de democracia ou são ideais 
individualistas, de dominação e exclusão social? (FERREIRA, 2003, 
p.03). 
 
Ao pensar sobre esses aspectos considerados fundamentais no processo 
de gestão democrática e nas atitudes dos gestores (sejam eles professores ou 
não), precisa-se compreender que são ideais que favorecem o alcance dos 
objetivos propostas para a gestão da escola, do grupo de professores, do grupo 
de alunos, do grupo de funcionários que compõem o sistema da escola. No 
entanto, não é difícil encontrar inúmeras escolas que vivem num campo minado, 
com pessoas se lutam apenas por seus próprios interesses. Isso ocorre porque, 
infelizmente, a competitividade e o individualismo sugeridos pela produção e 
 
8 
 
pelo consumo (que se tornaram uma ideologia dominante) são a fonte de novos 
comportamentos totalitários que se instala no mundo contaminado pela 
violência, pela falta de tolerância e por toda a ordem de questões que 
desmantelam a integridade humana. 
Ví deo 
 
Para aprimorar seus conhecimentos, assista ao vídeo no link 
sugerido abaixo, contendo entrevista com Vitor Henrique Paro 
sobre Gestão Escolar Democrática: 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=WhvyRmJatRsTodo esse comportamento perverso de individualidade percebido em 
nossa sociedade capitalista passa a ser o mecanismo que rege todas as relações 
entre pessoas, grupos e nações e, lidar com todas essas dificuldades passa a 
ser um desafio para toda e qualquer pessoa que se dispõe a trabalhar com seres 
humanos. 
É por isso que defender a liberdade de expressão e igualdade de direitos 
passa a ser o carro chefe das propostas gestores que pretendem atuar numa 
perspectiva mais democrática. 
Bobbio (1993), chama a atenção para a defesa da liberdade: 
 
Não importa o tanto que o indivíduo seja livre em relação ao Estado, 
se depois não é livre na sociedade...não importa o tanto que o indivíduo 
seja livre politicamente se não o é socialmente. Por baixo da falta de 
liberdade como sujeição, existe uma falta de liberdade mais 
fundamental, mais radical e mais objetiva, a falta de liberdade como 
submissão ao aparato produtivo e ideológico. (BOBBIO, 1993, p. 143). 
 
Notoriamente, a necessidade de superar, constantemente, essa ideologia 
neoliberal que consome com nossos ideais humanos e torna máquinas de fazer, 
de reproduzir e de consumir dentro das nossas escolas. 
Somado a todas essas ideias que consomem a natureza humana, o gestor 
terá o campo da normatização escolar para ser administrado. Isso implica nos 
princípios, diretrizes e normas organizacionais pedagógicas, curriculares que 
regem a educação brasileira. Essas leis, decretos, deliberações e diretrizes são 
https://www.youtube.com/watch?v=WhvyRmJatRs
 
9 
 
pensadas, construídas e validadas com a chancela de decisões políticas e, 
portanto, devem ser muito bem assistidas pelos cidadãos, especialmente por 
aqueles que lutam e representam outros grupos sociais que, aqui, no nosso caso 
é a instituição escolar. 
Deve-se considerar a gestão da sociedade globalizada numa correlação 
com a gestão educacional, pois. O cenário econômico e social tem forte impacto 
na condução das práticas gestoras da escola. 
Libâneo, Oliveira, Toschi (2012), afirmam que: 
 
Como todos os brasileiros têm direito à educação básica, há que existir 
garantias institucionais e legais da realização desse direito que 
somente o Estado pode assegurar. Entretanto, tais leis, diretrizes e 
normas estão sujeitas a decisões políticas; ou seja, no embate das 
forças sociais em movimento na sociedade, os grupos detentores do 
poder econômico e político dirigem também as decisões educacionais. 
Em contrapartida, as relações sociais e políticas nunca são harmônicas 
nem estáveis; ao contrário, são tensas, conflituosas, contraditórias, 
favorecendo a existência de um espaço para que as escolas e seus 
profissionais operem com relativa autonomia em face do sistema 
político dominante. Por um lado, não se pode ignorar a existência de 
dispositivos legislativos e organizacionais do sistema de ensino, mas 
por outro, eles podem e devem ser questionados no interesse de um 
projeto de educação emancipatória. (LIBÂNEO, OLIVEIRA, TOSCHI, 
2012, p. 41). 
 
 
1.1 Gestão Escolar democrática: conceitos e definições 
Pensar conceitos e definições da gestão escolar (democrática) é 
fundamentar a nossa prática gestora a luz de teorias que contribuem com os 
processos de gestão do cotidiano da escola. 
Muitos princípios e estratégias de organização escolar surgiram das 
experiências administrativas advindas de empresas, indústrias e comércios, no 
entanto, há muitas diferenças e especificidades quando se trata de gestão 
escolar, pois gerir a formação de pessoas em que apresentam uma natureza 
interativa com presença marcante das relações interpessoais, revela a 
necessidade de perpassar pelos conceitos básicos dos processos 
organizacionais quando se trata de instituições educativas. 
Os processos de gestão assumem diversos e modelos e definições, 
conforme a concepção que se tenha assumido no projeto político pedagógico da 
escola e até mesmo no mandato da gestão, seja ela a curto ou longo prazo. O 
 
10 
 
que considerar importante deixar claro, é que as concepções adotadas pelas 
escolas e por seus gestores estão intimamente ligadas à ideia que se tem sobre 
as finalidades sociais e políticas da educação. 
 
Para Refletir 
“Os gestores, particularmente, devem lembrar que as decisões 
tomadas, o modo como lidam com o poder e a forma como 
administram o trabalho coletivo interfere direta e indiretamente 
nos caminhos da sociedade. Quem está em cargo de liderança 
precisa ter clareza das implicações das atitudes cotidianas e 
estar ciente da responsabilidade pelos rumos que se seguem 
quando projetos são elaborados, mudanças são promovidas 
no currículo e nos critérios de avaliação do rendimento dos 
alunos e decisões são tomadas em reuniões com os pais ou 
com a comunidade escolar”. (RIOS, 2011, p.54). 
 
 
Muitos e variados conceitos são apresentados por vários estudiosos que 
concentram seus estudos no campo da gestão educacional, alguns dentro de 
uma perspectiva mais tecnicista em que a direção do trabalho e a tomada de 
decisões é centrada em uma única pessoa e, outros numa concepção mais 
sociocrítica em que concebe a organização escolar como um sistema que agrega 
pessoas. Nessa disciplina, centrar-se-á os conceitos propostos abaixo: 
 
1.1.1 Mediação da gestão escolar 
Ao observar as práticas de administração no dia a dia das empresas, 
escolas e entidades sociais em geral, é possível notar que muito além de chefiar 
e comandar, no processo de gestão deve-se revelar também (e principalmente) 
a característica de intermediar. Ora a mediação é, portanto, um fator 
determinante na gestão escolar para que realmente possa alcançar os objetivos. 
Quanto essa afirmação nas ideias propostas por Paro (1998): 
 
Todavia, se sairmos das concepções cotidianas e nos aprofundarmos 
na análise do real, perceberemos que o que a administração tem de 
“essencial” é o fato de ser mediação na busca de objetivos. 
 
11 
 
Administração será, assim, como já defini anteriormente (PARO, 1986) 
utilização racional de recursos para a realização de determinados fins. 
(PARO, 1998, p. 04). 
 
Nesse sentido, fica claro que administrar é mediar ações na busca de 
objetivos comuns e que favorecem um determinado público. Já no que se refere 
a utilização racional (destaque para a palavra racional), deve ser muito pontual, 
séria e responsável, acreditando no compromisso selado com a gestão a que se 
propôs. Isso implica em transparência e imparcialidade no processo de 
mediação pois, infelizmente, alguns profissionais que se propõe a essa tarefa 
tendem a formar grupos fechados excluindo aqueles que pensam diferente ou 
questionam sua conduta gestora no decorrer do mandato. 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Leia o livro Gestão escolar, democracia e qualidade 
do ensino, de autoria de Vitor Henrique Paro, a obra 
confronta conceitos teóricos com a prática 
cotidiana, propondo reflexões sobre o papel 
sociopolítico da educação, a qual apresenta uma 
proposta para a implantação de mudanças com 
vistas ao ensino para a democracia. 
 
 
1.1.2 Concepção autogestionária 
Na concepção autogestionária de gestão e de trabalho, muitos são os 
envolvidos, e ao mesmo tempo, muito são os responsáveis pela condução das 
atividades administrativas, pedagógicas, estruturais e financeiras, no entanto, os 
objetivos e caminhos a seguir devem estar muito claros para que as pessoas 
que dividem o poder de decisão não se percam ou façam escolhas 
individualizadas. 
Isso pode ser constatado nas ideias de Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), 
quando afirmam que: 
 
12 
 
A concepção autogestionária baseia-se na responsabilidade coletiva, 
na ausência de direção centralizada e na acentuação da participação 
direta e por igual de todos os membros da instituição. Tende a recusar 
o exercício de autoridade e as formas mais sistematizadas de 
organização e gestão. Na organização escolar, em contraposição aos 
elementos instituídos(normas, regulamentos, procedimentos já 
definidos), valoriza especialmente os elementos instituístes 
(capacidade do grupo de criar, instituir, suas próprias normas e 
procedimentos). (LIBÂNEO, OLIVEIRA e TOSCHI, 2012, p. 446). 
 
Para Refletir 
Analise e reflita com atenção essa concepção. De que forma 
é possível propor essa modalidade de gestão? Como essa 
proposta de trabalho autogestionária terá resultados 
satisfatórios e que beneficiem o coletivo? Quais são os 
requisitos elementares para que essa concepção seja 
adotada e assumida com responsabilidade por todos nas 
escolas? 
 
Deve considerar-se importante lançar esses questionamentos levando em 
consideração o mundo do trabalho vivido na contemporaneidade que apresenta 
características competitivas e individualistas em muitos setores e, o campo 
educacional, não fica fora disso. 
Ao valorizar os elementos instituístes (criar e instituir suas próprias 
normas e regras), é necessário abrir mão de preferências individualizadas e 
comportamentos egocêntricos e, acima de tudo, desenvolver o espírito 
colaborativo e solidário em todas as instâncias da vida. Isso ocorre somente 
quando incorpora-se tais comportamentos no nosso cotidiano, no 
relacionamento com nossos pares, na forma respeitosa e igualitária de tratar o 
porteiro da escola, a pessoa que produz a merenda, o aluno considerado 
“problema” e as famílias repletas de limitações no que se refere ao entendimento 
da proposta pedagógica da escola, enfim, desenvolver habilidades cooperativas 
antes, depois e durante do processo de gestão é um caminho mais seguro e 
tranquilo para propor uma proposta de trabalho autogestionária. Além disso, é 
necessário que a equipe de professores envolvida no trabalho da escola assuma 
essa tarefa de participar de forma consciente e eficaz nas práticas de 
organização e gestão da escola. Tudo isso, se coloca como um grande desafio 
 
13 
 
ao gestor ou a gestora que assume esse compromisso, especialmente, nessa 
perspectiva apresentada acima. 
De todo modo, há que se levar em consideração que os modelos de 
gestão vão se construindo, dia a dia, na troca de ideias com as pessoas, na 
vivência das relações interpessoais e na proposição de grupos de estudo e 
formação pela equipe gestora. 
Não pode-se deixar de lado as novas realidades sociais lideradas pelo 
neoliberalismo que molda comportamentos, conduz os processos de produção 
e regula o papel do Estado, impactando de maneira significativa em todas as 
relações de trabalho, especialmente naqueles ambientes que tem o ser humano 
como campo de atuação. 
 
1.1.3 Gestão democrático-participativa 
Um outro conceito interessante a ser destacado nesta disciplina e que 
pertence ao ponto central de discussão proposta, é a modalidade de gestão 
participativa. Nela, há uma relação direta entre a direção e os participantes da 
equipe escolar e os objetivos propostos devem ser assumidos e alcançados por 
todos que fazem da tomada de decisões. Para que isso ocorra satisfatoriamente, 
essa concepção valoriza fatores organizacionais que contribuem 
significativamente para o sucesso das relações de ensino e aprendizagem na 
escola. 
São propostos os seguintes princípios da concepção de gestão escolar 
democrático-participativa: 
 autonomia da escola e da comunidade educativa; 
 envolvimento da comunidade no processo escola; 
 planejamento de atividades; 
 formação continuada para o desenvolvimento pessoal e 
profissional dos integrantes da comunidade escolar; 
 relações humanas produtivas e criativas assentadas em uma 
busca de objetivos comuns. 
 
 
14 
 
O professor apresenta e discute, com o corpo docente, as dificuldades de 
aprendizagem dos alunos, definindo práticas comuns a serem priorizadas nos 
planos de ensino. 
Saiba Mais 
 
Para saber mais obre a relevância da gestão democrática e 
participativa leia os artigos: 
- A Relevância da Gestão democrática e participativa no 
contexto educacional, de autoria de Magno da Nóbrega 
Lisboa. Disponível no acesso: 
http://editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/Modalidad
e_2datahora_16_06_2014_22_02_58_idinscrito_1158_b66f6
2d9c98232139741d879d5f2b2ab.pdf 
 
- O Gestor escolar e suas competências: a liderança em 
discurso, de autoria de Hercules Guimarães Honorato. 
Disponível no acesso: 
http://www.anpae.org.br/iberoamericano2012/Trabalhos/Herc
ulesGuimaraesHonorato_res_int_GT8.pdf 
 
Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), afirmam que: 
 
A concepção democrático-participativa, acentua a necessidade de 
combinar a ênfase sobre as relações humanas e sobre a participação 
nas decisões com as ações efetivas para atingir com êxito os objetivos 
específicos da escola. Para isso valoriza os elementos internos do 
processo organizacional – o planejamento, a organização, a direção, a 
avaliação – uma vez que não basta a tomada de decisões, mas é 
preciso que elas sejam postas em prática para prover as melhores 
condições de viabilização do processo de ensino-aprendizagem. 
Advoga, pois, que a gestão participativa, além de ser a forma de 
exercício democrático da gestão e um direito de cidadania, implica 
deveres e responsabilidades – portanto, a gestão da participação. 
(LIBANÊO, OLIVEIRA e TOSCHI, 2012, p. 448). 
 
Dessa forma, percebe-se que a gestão democrática é uma ação coletiva, 
e ao mesmo tempo, só se consolida com a dedicação e empenho de 
responsabilidades individuais assumidas numa ação coordenada e controlada 
com base nas decisões tomadas pelo grupo. Isso significa que cada membro 
assume sua parcela no trabalho, aceitando a coordenação e avaliação 
sistemática do direcionamento dado ao trabalho macro da escola. 
http://editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/Modalidade_2datahora_16_06_2014_22_02_58_idinscrito_1158_b66f62d9c98232139741d879d5f2b2ab.pdf
http://editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/Modalidade_2datahora_16_06_2014_22_02_58_idinscrito_1158_b66f62d9c98232139741d879d5f2b2ab.pdf
http://editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/Modalidade_2datahora_16_06_2014_22_02_58_idinscrito_1158_b66f62d9c98232139741d879d5f2b2ab.pdf
http://www.anpae.org.br/iberoamericano2012/Trabalhos/HerculesGuimaraesHonorato_res_int_GT8.pdf
http://www.anpae.org.br/iberoamericano2012/Trabalhos/HerculesGuimaraesHonorato_res_int_GT8.pdf
 
15 
 
Na modalidade da gestão democrático-participativa, a relação existente 
entre a direção da escola e os participantes do processo escolar, é aberta e 
direta. 
Pesquise 
Leia a entrevista com Heloísa Lück, na qual abordam-se os 
desafios da liderança nas escolas, e efetue uma pesquisa 
sobre as distintas modalidades de dirigir uma escola para que 
ela melhore continuamente. 
Link: http://gestaoescolar.abril.com.br/formacao/toda-forca-
lider-448526.shtml 
 
 
Resumo da aula 1 
Nesta aula lançaram-se as reflexões acerca da relação da sociedade 
mundializada e contemporânea com a gestão escolar; promovendo o debate 
sobre a importância dos gestores que fundamentarem-se em teorias e processos 
de gestão para melhor encaminhar suas equipes e, dessa forma, gerir a escola 
da maneira mais satisfatória possível. Reforçaram-se os três modelos de gestão 
(mediação da gestão escolar, concepção autogestionária e concepção 
democrático-participativa). 
Nesse sentido, essas concepções visam contribuir com a formação dos 
futuros gestores numa perspectiva de gestão democrática, igualitária e justa 
propondo um trabalho com seriedade e comprometimento nas escolas que 
atuarão cotidianamente. 
 
 
 
16 
 
Atividade de Aprendizagem 
Construa um organograma do mecanismo administrativo 
vigente da escola que você atua. Compartilhe com seus 
companheiros de estudo e analise debatendo as mudanças 
necessárias para alcançar uma gestão democrática. 
 
 
Aula 2 – Mecanismos de gestão e organizações auxiliares da escola: 
Conselho de escola, APM, conselho de classe, Grêmio estudantil. Formas 
de provimento aocargo de diretor e a atuação das equipes pedagógicas. 
 
Apresentação Aula 2 
Nesta aula serão abordados alguns mecanismos de gestão e organizações 
auxiliares da escola. Sobre o conselho de classe, APMF, conselho de escola e 
Organização estudantil e a atuação das equipes pedagógicas nesse processo 
de gestão. 
Certamente, é possível afirmar que uma escola se torna efetivamente 
democrática e participativa na medida que a comunidade escolar se mostra ativa 
e participante no cotidiano da escola. Dessa forma, as instâncias colegiadas 
(conselho escolar, APMF, conselho de classe, etc.) da escola são caminhos que 
tem como pano de fundo o Projeto Político Pedagógico alicerçado nas ideias de 
construção coletiva. No entanto, não são todos os envolvidos na comunidade 
escolar que podem participar de todas as decisões permanentemente, porém, é 
possível criar e buscar alternativas representativas que permitam a participação 
e o envolvimento da comunidade nas decisões. 
 
2. Mecanismos de gestão e organizações auxiliares da escola: Conselho 
de escola, APMF, conselho de classe e Grêmio estudantil. 
Toda estrutura organizacional de uma escola que propõe alicerçar sua 
filosofia escolar em uma gestão participativa, deve ter suas finalidades, 
determinar papéis e responsabilidades. 
 
17 
 
Vocabula rio 
Organizações auxiliares da escola: Instâncias colegiadas 
que auxiliam na execução do projeto educacional pedagógico 
proposto pela gestão escolar vigente, dentro de uma 
perspectiva de gestão democrática e participativa. Quando 
assumidas com responsabilidade e compromisso, essas 
organizações contribuem significativamente para o alcance dos 
objetivos coletivos que foram delineados por todos. 
 
A comunidade escolar tem plena liberdade para participar das instâncias 
colegiadas propostas pela escola e debatidas durante a construção do Projeto 
Político Pedagógico. Nesse projeto, as possibilidades de participação são 
articuladas na medida que se revelem importantes, necessárias e exequíveis 
para a comunidade escolar. Dessa forma, criar órgãos de gestão que 
proporcionem a representatividade e a coletividade são meios que toda escola 
deve assegurar a comunidade escolar a fim de construir a própria identidade, 
sustentando os ideais propostos no PPP por meio das modalidades de 
participação colegiada que será explanada nessa aula. 
Na escola, as pessoas interagem umas com as outras, entram em conflito, 
aproximam-se ou afastam-se, decidem juntas, enfim relacionam-se. Portanto, as 
pessoas precisam aprender a conviver nesse espaço de conhecimento. O tipo 
de relação que o grupo deve apresentar para conviver com as diferenças, deve 
ser relacionado ao de Mediar os saberes. 
Nos últimos anos, diversas experiências voltadas à participação da 
comunidade escolar, tanto em escolas públicas quanto em escolas particulares, 
têm sido desenvolvidas com o intuito de aproximar pais, alunos e professores, 
como também de convidá-los a vivenciar de maneira mais próxima, mais efetiva 
e responsável as formas de gestão democrática e participativa propostas pelos 
ambientes escolares. 
A concepção de escola em que os indivíduos adquirem conhecimento, 
competências e capacidades, o gosto pelo saber, o sentido da análise e o 
 
18 
 
espírito crítico estão ligados: Ao objetivo a ser alcançado na produção do 
conhecimento. 
Deve-se levar em consideração que a falta de participação das famílias 
nesse processo é um dos desafios que norteiam a função da gestão escolar, no 
entanto, é sabido também, que os pais que se põe a essa tarefa contribuem 
significativamente para alcançar o melhor desempenho da escola de seu filho. 
Nóvoa (1995), afirma que: 
A escola tem de ser encarada como uma comunidade educativa, 
permitindo mobilizar o conjunto dos atores sociais e dos grupos 
profissionais em torno de um projeto comum. Para tal, é preciso realizar 
um esforço de demarcação dos espaços próprios de ação, pois só na 
clarificação destes limites se pode alicerçar uma colaboração efetiva. 
(NÓVOA, 1995, p. 35). 
 
Para Nóvoa (1995), o funcionamento satisfatório de uma escola está 
alicerçado no compromisso de todos assumirem um projeto comum com 
parcerias entre pais, alunos, professores e funcionários, tendo cada um seu 
espaço próprio de atuação e execução de ações nas quais se tenham pessoas 
responsáveis e leais na realização das atividades, projetos e ações em geral que 
foram estabelecidas por todos. 
O envolvimento da comunidade no processo escolar também é uma 
exigência posta em lei, por meio da LDB 9394/96, em seu artigo 14, o qual 
determina que: 
Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do 
ensino público na educação básica, de acordo com suas 
peculiaridades e conforme os seguintes princípios: 
I – Participação dos profissionais da educação na elaboração do 
projeto político pedagógico da escola; 
II – participação das comunidades escolar e local em conselhos 
escolares ou equivalentes. (BRASIL, 1996, p. 10). 
 
Dessa forma, a gestão democrática é considerada uma exigência sadia, 
no entanto, como visto acima, a lei faz menção apenas às escolas públicas, o 
que é um equívoco, pois todas as gestões do ponto de vista educacional 
deveram ser democráticas. Nos princípios estabelecidos no artigo 14, observa-
 
19 
 
se que a participação dos professores na elaboração do PPP e da comunidade 
escolar nos conselhos foi destaque para que realmente sejam eficientes e 
legítimas no que se refere à execução das ações que tenham pais, alunos, 
docentes e funcionários com pano de fundo do processo de gestão participativa. 
Importante 
 
A LDB 9394/96, em seu artigo 14, determina que: 
Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão 
democrática do ensino público na educação básica, de 
acordo com suas peculiaridades e conforme os seguintes 
princípios: 
I – Participação dos profissionais da educação na 
elaboração do projeto político pedagógico da escola; 
II – participação das comunidades escolar e local em 
conselhos escolares ou equivalentes. (BRASIL, 1996, 
p.10). 
 
 
O estreitamento entre a escola e a comunidade interna e externa se dá de 
diversas e diferentes formas, dependendo da gestão e do momento histórico 
vivido por cada escola. 
As organizações auxiliares da escola, garantem a representatividade e 
participação de todos aqueles que queiram somar com o desenvolvimento da 
escola e, especialmente, dos alunos. 
Atualmente, os alunos chegam à escola sem saber o que significa ser 
aluno. Desconhecem as regras que se fazem necessárias para o aprendizado. 
Reproduzem comportamentos indesejáveis, fato que deixa a equipe docente 
desmotivada. O papel do professor em face dessa realidade, deverá colocar em 
prática o projeto educativo da escola. 
 
2.1 Organizações auxiliares da escola: Conselho escolar, APM, 
Conselho de classe e Grêmio estudantil 
As modalidades de participação da comunidade escolar estão sempre 
vinculadas ao Projeto Político Pedagógico, e devem permear o cotidiano da 
escola não somente no sentido de cumprimento da lei, mas acima de tudo, com 
 
20 
 
a intenção de que toda a comunidade escolar perceba a escola como um local 
coletivo de formação e exercício da cidadania. 
Algumas dessas modalidades são: o conselho escolar, a Associação de 
Pais e Mestres (APM), o conselho de classe e o Grêmio Estudantil. 
 
 2.1.1 Conselho escolar 
A existência de um conselho escolar é nada mais, nada menos, do que a 
criação de um “setor” que tem olhos atentos a tudo e a todos, sempre buscando 
contribuir com as decisões e com a resolução dos problemas que surgem nas 
vivências escolares. É fato que cada integrante da comunidade escolar 
visualizará as situações do seu ponto de vista e, analisar o problema do outro, 
nem sempre é considerada uma tarefa simples e, nesse sentido, o conselho 
escolar visa atuar nesses espaços conflituosos existentes na escolacom a 
participação de educadores, educandos, pais, funcionários e membros da 
comunidade em que a escola está situada. 
Para Refletir 
Reflita: 
“Tudo o que a gente puder fazer no sentido de convocar os 
que vivem em torno da escola, e dentro da escola, no sentido 
de participarem, de tomarem um pouco o destino da escola na 
mão, também. Tudo o que a gente puder fazer nesse sentido 
é pouco ainda, considerando o trabalho imenso que se põe 
diante de nós que é o de assumir esse país 
democraticamente.” (FREIRE, 1996). 
 
O conselho escolar tem as seguintes funções estabelecidas: consultivas, 
deliberativas, fiscais e mobilizadoras, envolvendo-se sempre com questões 
pedagógicas, administrativas e financeiras. No que se refere a participação dos 
integrantes da comunidade escolar, Piletti (2004), afirma que: 
Cabe a cada sistema de ensino e a cada escola estabelecer qual deve 
ser a participação relativa de educadores, educandos e pais no 
Conselho Escolar. Uma das hipóteses é a de que essa participação 
seja de 50% de profissionais da educação e 50% de alunos, pais e 
 
21 
 
outros membros da comunidade, admitindo-se, porém, outras 
alternativas. (PILETTI, 2004, p. 169). 
 
Em vários Estados, o conselho é eleito no início do ano letivo e o tempo 
de gestão vai depender das normas estabelecidas em cada região. 
A atuação sólida dos Conselhos Escolares traz uma implicação 
significativa, pois apoia várias lutas, tais como: necessidade de melhoria da 
infraestrutura da escola, maior valorização dos profissionais da educação, 
rigorosidade e qualidade da merenda escolar, entre outras. 
Entende-se os Conselhos Escolares como um caminho democrático de luta 
pelos direitos e deveres da escola pública, a qual favoreça significativamente o 
exercício da cidadania daqueles que se disponibilizam a essa tarefa. 
Representam, dessa forma, um espaço de participação, decisão e discussão das 
urgências educacionais no qual se busca criar e desenvolver uma cultura 
democrática, substituindo a cultura autoritária e individualista. 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Leia o livro Avaliar para promover: As setas do 
caminho, de autoria de Jussara Hoffmann. A obra 
traz os cinco princípios essenciais da avaliação, no 
sentido da efetiva promoção da aprendizagem de 
uma ação que se projeta no futuro, embasada em 
princípios éticos de respeito às diferenças. 
 
 
2.1.2 Associação de Pais e Mestres 
Essa instituição auxiliar da escola também é corresponsável em colaborar 
com o direcionamento das atividades escolares, representando sempre as 
aspirações dos pais e alunos da escola. 
Desse modo, deve-se atentar-se nas normas que regem a Associação de 
Pais e Mestres do Estado de São Paulo. Conforme artigo 2º do estatuto – Padrão 
 
22 
 
da APM, das escolas oficiais do Estado de São Paulo (Decreto nº 12.983, de 
15/12/78), “a APM, instituição auxiliar da escola, terá por finalidade colaborar no 
aprimoramento do processo educacional, na assistência ao escolar e na 
integração família-escola-comunidade.” 
Além do mobilizar recursos humanos, materiais e financeiros da 
comunidade escolar para contribuir com a escola, é muito importante que a APM 
favoreça o entrosamento entre pais e professores promovendo: 
 a melhoria do ensino; 
 o desenvolvimento de atividades de assistência ao educando nas 
questões socioeconômicas e de saúde; 
 a organização de atividades culturais e de lazer que envolvam a 
participação integrada de pais, alunos e professores. 
 
Essas são algumas das atribuições da APM que deve se mostrar ativa 
para que realmente execute tais medidas. Nada será realizado quando houver 
um grupo passivo em relação às ações que devem ter como iniciativa a APM da 
escola. 
Nesse sentido, Piletti (2004), considera importante lançar algumas 
considerações sobre a atuação das APMs em nossas escolas. 
 
Em primeiro lugar, parece que as Associações de Pais e Mestres têm 
poucas oportunidades e são pouco estimuladas a colaborar para que 
a escola atinja os objetivos educacionais. Mas mesmo que tal 
colaboração seja estimulada e exista de fato, é preciso muito mais: As 
APMs podem e devem participar da própria formulação dos objetivos 
educacionais. Ou, ao menos, devem poder discutir tais objetivos, para 
que a escola realmente tenha condições de trabalhar em consonância 
com a comunidade. Segundo consta, as APMs ouvem muito mais do 
que falam. Principalmente os pais dos alunos, já que, na maior parte 
dos casos, os professores que também fazem parte da APMs, são os 
que mais falam nas reuniões. Por outro lado, na medida em que o 
diretor da escola é o presidente nato do Conselho Deliberativo das 
APMs, a tendência é sobrar pouco espaço para a participação efetiva 
dos pais nas decisões. Ao que tudo indica, este é o item para o qual os 
pais são mais frequentemente convocados: mobilizar recursos 
humanos, materiais e financeiros da comunidade para auxiliar a escola. 
Isto é: tapar o buraco deixado aberto pelo governo, a quem cabe, em 
primeiro lugar, fazer funcionar satisfatoriamente a escola. Na verdade, 
parece que a maior parte dos recursos recolhidos pelas APMs é 
utilizado para a conservação e manutenção do prédio, do equipamento 
e das instalações, pouco ou nada sobrando para a melhoria do ensino. 
É importante lembrar aqui que a taxa da APM não é obrigatória e, 
portanto, nunca deve ser vinculada à matrícula. (PILLETI, 2004, p.167). 
 
23 
 
 
Conforme citação acima, a APM que deveria ser mais que uma parceira, 
acaba sendo mais um desafio posto ao gestor, visto que todas as instituições 
auxiliares visam somar forças para alcançar objetivos pedagógicos, financeiros 
e administrativos, no entanto, mediar todos esses grupos não é uma tarefa 
simples, pois são compostos por seres humanos, os quais possuem suas 
limitações, potencialidades e vaidades. Quando fala-se de participação, decisão 
e representatividade, todos necessitam de seu espaço. Espaço para falar e 
espaço para ouvir, devendo ser compreendido por todos, especialmente pelos 
profissionais da educação que debatem essas questões no percurso de sua 
formação acadêmica. 
Dessa forma, buscar parcerias e pessoas que auxiliem na tomada de 
decisões permite que a gestão participativa e democrática aconteça de maneira 
mais efetiva e o gestor não tenha que se responsabilizar pelas ações de todos. 
 
2.1.3 Conselho de classe 
Pode-se entender que o Conselho de Classe é como uma reunião 
realizada por profissionais que atuam na escola com o principal objetivo de 
discutir o rendimento dos alunos, as melhores formas de aprendizagem e seus 
resultados, a (re) organização curricular e outros aspectos pertinentes a esse 
campo sempre analisando a questão em destaque do ponto de vista de diversos 
profissionais. 
Quando bem conduzidas, além de ser um espaço de troca de ideias e 
avaliação coletiva das aprendizagens dos alunos, é também um espaço de 
reflexões e indagações, e no que se refere a mudança de postura da equipe e/ou 
da estrutura escolar para que se obtenham melhores resultados. 
 
 
 
24 
 
Saiba Mais 
 
Para saber mais sobre Conselho Escolar e Conselho de 
Classe, leia: 
- Cartilha sobre O Programa Nacional de Fortalecimento dos 
Conselhos Escolares – Volume 1. (MEC, 2004). Disponível no 
acesso: 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_cad1.
pdf 
 
- A Função do Conselho de Classe na organização do trabalho 
pedagógico, de autoria de Rita de Cássia Pizoli. Disponível no 
acesso: 
http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/
3343_1498.pdf 
 
- Conselho de classe: um espaço de reflexão, de autoria de 
Catarina Iavelberg. Disponível no acesso: 
http://gestaoescolar.abril.com.br/aprendizagem/conselho-
classe-espaco-reflexao-647283.shtml 
 
 
No entanto, isso nem sempre acontece, pois a realidade que tem na 
prática escolar ainda concebe o Conselho de Classe apenas com um momento 
em que os professores e equipepedagógica lançam queixas e lamentações 
sobre os alunos. Quando mal planejado, muitas vezes ele perde o foco, 
tornando-se um jogo de culpabilização das atitudes dos envolvidos. 
Segundo Pizoli (2009): 
Por meio da Deliberação n 007/99, do Conselho Estadual de 
Educação, foram instituídos no Paraná, os Conselhos de Classe, como 
um órgão colegiado, de natureza consultiva e deliberativa. Sua 
finalidade é intervir em tempo hábil no processo ensino aprendizagem 
e indicar alternativas que busquem sanar as dificuldades e garantir a 
aprendizagem dos alunos. A coleta e organização dos dados a sem 
analisados durante a reunião do colegiado é de responsabilidade da 
equipe pedagógica. (PIZOLI, 2009, p. 69). 
 
Apesar de ser um instrumento de avaliação para os professores 
verificarem a evolução e as dificuldades dos estudantes, muitos o consideram 
como uma “perca de tempo” imaginando-o como uma forma de dar novas 
chances para perder que não se esforçaram. No entanto, as causas e 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_cad1.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_cad1.pdf
http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/3343_1498.pdf
http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/3343_1498.pdf
http://gestaoescolar.abril.com.br/aprendizagem/conselho-classe-espaco-reflexao-647283.shtml
http://gestaoescolar.abril.com.br/aprendizagem/conselho-classe-espaco-reflexao-647283.shtml
 
25 
 
consequências de uma possível reprovação vão muito além da simples falta de 
esforço e é isso que deve ser analisado com cuidado e atenção. Infelizmente 
ainda há aqueles que usam o Conselho de Classe como um espaço para rotular 
alunos e manifestar pontos de vista excludentes, o que torna o momento 
desgastante e interminável. 
Pesquise 
Leia a cartilha sobre O Programa Nacional de Fortalecimento 
dos Conselhos Escolares – Volume 5, e pesquise sobre a 
importância dos conselhos escolares. 
Link: 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_cad5.
pdf 
 
É necessário levar em consideração também alguns problemas oriundos 
da rotina escolar e que interfere significativamente no processo de organização 
e planejamento do Conselho de Classe. Quais são esses problemas? O primeiro, 
e o mais importante é a questão do tempo, pois há muitas demandas na escola 
a serem “cumpridas”. 
Veja algumas: Necessidades relacionadas à indisciplina dos alunos, ao 
atendimento aos pais, aos prazos de documentação que devem ser cumpridos, 
a formação continuada dos professores, aos eventos e projetos pedagógicos que 
são realizados na comunidade escolar e, com todas essas demandas à serem 
atendidas, o conselho de Classe acaba sendo realizado sem planejamento e 
com o foco acentuado nas notas dos alunos. 
Nesse sentido, se faz necessário que todos os profissionais envolvidos nos 
processos de atuação do conselho escolar superem essa visão excludente, 
antidemocrática, e apenas de resolução de problemas. Ele pode, quando 
planejado adequadamente, ser um instrumento aliado de toda a equipe e 
favorecer prioridades da escola que até então eram deixadas de lado. 
. 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_cad5.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_cad5.pdf
 
26 
 
Ví deo 
Assista o vídeo que retrata uma experiência de parceria entre 
pais alunos, professores e equipe pedagógica que deu certo em 
uma perspectiva de Conselho de Classe participativo. 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=rMSrmTP-ufE 
 
2.1.4 Grêmio Estudantil 
Em 4 de novembro de 1985, foi promulgada a Lei nº 7398, cujo artigo 1º 
assegura aos estudantes dos estabelecimentos de ensino fundamental e ensino 
médio a organização de grêmios estudantis como entidades autônomas, 
representativas dos interesses dos estudantes, como finalidades educacionais, 
culturais, cívicas, desportivas e sociais. 
Esse setor deve estar regulamentado no Regimento Escolar para que 
entre em atividade na escola. Podem variar sua estrutura e composição. É 
recomendável que tenham autonomia de organização e funcionamento, pois é 
um espaço de livre expressão estudantil e deve ser respeitado por todos da 
comunidade escolar. 
Vale destacar que os princípios de coletividade, justiça e igualdade devem 
estar presentes em todas as ações dessa instância colegiada. A parceria entre 
os dirigentes do Grêmio Estudantil, direção, professores, equipe pedagógica e 
alunos em geral deve ser a regra vigente para que as necessidades, aflições e 
anseios desse grupo sejam abraçados por todos. 
Curiosidade 
Em 4 de novembro de 1985, foi promulgada a Lei nº 7398, cujo 
artigo 1º assegura aos estudantes dos estabelecimentos de 
ensino fundamental e ensino médio a organização de grêmios 
estudantis como entidades autônomas, representativas dos 
interesses dos estudantes, como finalidades educacionais, 
culturais, cívicas, desportivas e sociais. Nesse mesmo período 
que a vigência da Ditadura militar chega ao fim no sistema 
presidencial do Brasil. 
https://www.youtube.com/watch?v=rMSrmTP-ufE
 
27 
 
Resumo da Aula 2 
 Nesta aula destacaram-se alguns aspectos, tais como a percepção das 
instituições auxiliares da escola como meios de consolidar o projeto educativo 
proposto pela gestão em exercício e a valorização do Conselho Escolar, a APM, 
o Conselho de Classe e o Grêmio Estudantil. 
 Dessa forma, visto as principais características de cada uma dessas 
instituições, debatendo e analisando as potencialidades e fraquezas de cada 
uma delas buscando uma caminho de unidade com base na perspectiva de 
gestão democrática e participativa. 
Atividade de Aprendizagem 
Discuta com seu grupo: Em que grau a finalidade das instituições 
auxiliares da escola estão sendo cumpridas? Você acredita que 
a escola tem condições de assumir uma proposta de autonomia 
no que se refere a essas instituições (Conselho escolar, APM, 
Conselho de Classe e Grêmio estudantil)? 
 
 
Aula 3 – A gestão democrática, clima e cultura escolar. O trabalho do gestor 
escolar (funções, objetivos e atribuições) no cotidiano das instituições e a 
atuação docente. 
Apresentação aula 3 
Nesta aula da disciplina Teoria e Prática da gestão democrática. Será 
explanado sobre o clima e a cultura escolar numa perspectiva de gestão 
democrática. O trabalho do gestor, suas funções e atribuições no cotidiano das 
instituições e como a atuação docente pode contribuir no sucesso da gestão em 
exercício. 
 
3.1 Gestor escolar 
Visto nas aulas anteriores que a real efetivação da gestão democrática e 
participativa perpassa por vários obstáculos, desafios e conquistas. Quando 
pensa-se em gestão escolar logo lembra-se de teorias e práticas relacionadas à 
 
28 
 
administração. Administração de pessoas, de recursos financeiros, materiais e 
estruturais, etc. Mas vejam: o que vem a ser a administração de uma escola? 
Quais as especificidades desse ambiente que formam uma cultura escolar 
muito própria e repleta de particularidades? Como o gestor democrático pode 
administrar um espaço carregado de diversidade, igualdades e diferenças? 
A ideia dessa aula não é dar respostas prontas, mas lançar olhares ao 
campo da gestão (democrática) propondo reflexões sobre o clima e a cultura 
escolar que se faz presente nas escolas brasileiras. 
Os processos de gestão assumem diversos e modelos e definições, 
conforme a concepção que se tenha assumido no projeto político pedagógico da 
escola e até mesmo no mandato da gestão. As concepções adotadas pelas 
escolas e por seus gestores estão intimamente ligadas: à ideia que se tem sobre 
as finalidades sociais e políticas da educação. 
Segundo Rodrigues (1987): 
Na administração da educação, assim como na administração de 
qualquer instituição social, seja ela Estado, Secretaria de Educação ou 
escola, não podemos ignorar que estamos lidando, essencialmente, 
com relações sociais, humanas e culturais. Portanto, a funçãoprincipal 
de um dirigente não é apenas dar conta, tecnicamente, da 
administração da empresa, porque a escola não é uma empresa – ela 
é um empreendimento cultural. É um empreendimento por onde 
passam, essencialmente relações sociais, culturais e humanas. A 
escola, para atuar bem, não pode contar apenas com competências 
técnicas, mas também com a vontade, o desejo, o amor e o empenho 
dos homens que participam do processo educativo. Para que a 
atividade educacional aconteça, não é suficiente um reto e adequado 
planejamento. Uma aula eficiente de História, Geografia, Ciências ou 
Língua Pátria não depende apenas de objetivos bem 
operacionalizados, processos de avaliação corretos, livros didáticos 
competentes, professores bem preparados e serviço de inspeção 
adequado. [...] Nesse sentido, a função do dirigente é não só a de 
garantir a gerência dos prédios e equipamentos ou de relações de 
trabalho. Sua função mais importante é realizar uma liderança política, 
cultural e pedagógica.” (RODRIGUES, 1987, p. 104.). 
 
Dessa forma, o dirigente deve desenvolver a habilidade de articular vários 
interesses que se fazem presentes no ambiente da instituição escolar. No 
entanto, não resta dúvida de que essa habilidade se desenvolve e é aperfeiçoada 
da prática escolar (no cotidiano dos acontecimentos e nas vivências políticas, 
sociais e culturais da escola). Ninguém nasce gestor pronto e acabado. Ninguém 
aprende do dia para a noite determinadas habilidades, mas é nas relações de 
 
29 
 
parceria e troca de experiências que o gestor vai se moldando e se consolidando 
num processo contínuo de aprendizagem colaborativa com seus pares. 
Vocabula rio 
Cultura escolar: é a cultura educativa e social de uma 
instituição escolar que tem suas características próprias em 
relação à participação e processos de ensino-aprendizagem 
dos estudantes, formação continuada dos docentes e 
envolvimento da comunidade escolar. A cultura escolar vai se 
consolidando na medida que a escola solidifica seu projeto 
político e social de educação. 
 
Nesse processo de amadurecimento da função gestora, inevitavelmente, 
há a presença marcante de erros e acertos, no entanto, saber lidar com essa 
demanda é peça chave para o sucesso de todo gestor democrático e de sua 
equipe. 
Nesse sentido, é muito comum nos deparar-se com vários profissionais da 
educação que defendem e apostam em novas possibilidades de atuação 
administrativa ou pedagógica quando discordam ou sentem-se insatisfeitos com 
determinado posicionamento de seus gestores. É fato também que, ao perceber 
o cotidiano da escola carregado de problemas relacionados aos docentes, a 
equipe da limpeza, a merenda escolar, a comunidade, aos pais, etc., muitas 
pessoas que atuam nesse ambiente lançam críticas nem sempre construtivas e, 
quando lançam críticas que podem somar para a equipe nem sempre são bem 
recebidas. Visto, portanto, o paradoxo presente nessas reações de crítica, sejam 
elas construtivas ou destrutivas. Paradoxo esse que revela como a escola está 
em crise e necessita de reinvenção. 
 De acordo com Ferreira (2003), pode-se constatar que: 
Critica-se a escola que existe porque ela expressa muito mais o 
passado que deploramos do que o presente que nos desafia, porque a 
escola que temos não parece reunir condições de enfrentar essa época 
de transição e rupturas, de paradoxos e incertezas. Criticamos a escola 
que temos porque enxergamos nela o resultado vivo de políticas 
cauísticas, praticadas nos últimos anos, tendo como norte a ideia do 
“ajuste” e da reforma administrativa. Criticamos a escola existente 
porque a vemos como o resultado vivo da incapacidade social de se 
interessar ativamente pela escola, defendê-la e brigar por ela. 
(FERREIRA, 2003, p. 36.). 
 
30 
 
 
 Assim, o exercício da gestão requer conhecimentos, habilidades e 
mudanças na forma de agir e pensar para além de si mesmo. Por isso, é 
importante que o gestor tenha convicção de seus ideais políticos e educacionais, 
bem como no seu estilo próprio de gestão do trabalho pedagógico para que 
possa influenciar positivamente seu grupo, sendo capaz de interpretar as 
aspirações comuns e lutar por elas. 
 Mesmo com a escola enfrentando uma crise social, ela caminha em busca 
de uma nova identidade e, dessa maneira, não pode-se acreditar que o trabalho 
do gestor seja passageiro de modo que, após esse período, não haja mais crises, 
conflitos ou problemas na escola. Pelo contrário, na medida que as pessoas se 
socializam, se desenvolvem e tem mais acesso ao conhecimento, mais críticas 
e conflituosas elas se tornam. Assim, saber gerir todas essas características 
presentes na sociedade e na cultura escolar é uma habilidade fundamental para 
o gestor com características democráticas e participativas. 
 
Importante 
 
 “Na administração da educação, assim como na administração 
de qualquer instituição social, seja ela Estado, Secretaria de 
Educação ou escola, não podemos ignorar que estamos lidando, 
essencialmente, com relações sociais, humanas e culturais. 
Portanto, a função principal de um dirigente não é apenas dar 
conta, tecnicamente, da administração da empresa, porque a 
escola não é uma empresa – ela é um empreendimento cultural”. 
(RODRIGUES, 1987, p. 104). 
 
 
 Vale destacar questão da cultura escolar. Ela é algo que se consolida 
pouco a pouco, formando a base sólida e filosófica de crenças e valores que a 
escola construiu ao longo da sua existência com o enraizamento de ações, 
projetos e com o resultado de todo o trabalho das pessoas que por ela passaram. 
 Nessa perspectiva, Pol et al (2007, p. 67), afirmam que: 
 
 
31 
 
A cultura escolar, entendida como a cultura de uma escola, [...] se 
manifesta através de formas específicas de comunicação, na 
realização de atividades pessoais, na maneira como as decisões são 
tomadas pela gestão da escola, no clima social da escola e nas 
opiniões partilhadas pela população escolar. 
 
Desse modo, compreender as relações existentes na escola e visualizar as 
características dela representada na atitude dos alunos, na parceria estabelecida 
com as famílias e no relacionamento com os professores é peça decisiva para 
que o trabalho do gestor flua positivamente. 
A escola sempre teve e tem funções importantes na vida de um estudante 
e isso é algo que faz parte da cultura escolar geral, no entanto, atualmente as 
funções passaram por modificações muito próprias do tempo atual, e elas 
necessitam ser pensadas, analisadas para serem compreendidas e melhor 
conduzidas. Basta olhar para uma classe de quarenta alunos do Ensino Médio, 
por exemplo, e verificar que cada grupo ali formado, traz vivências e 
necessidades compatíveis com sua vida prática. Isso significa que nem todos 
gostam das mesmas coisas, das mesmas disciplinas, das mesmas discussões, 
dos mesmos projetos, alguns até demonstram desinteresse pelo ambiente 
escolar e por tudo que ali é desenvolvido. Obviamente essa situação representa 
um desafio para todos da escola, especialmente, para o professor que precisa 
manejar no dia a dia da sala de aula todos esses tipos de relações e conflitos 
estabelecidos no interior da escola. 
Nesse sentido, resta buscar espaços de discussão e formação para 
aperfeiçoar nossa conduta pedagógica a fim de optar pelos melhores caminhos 
ao enfrentar uma situação adversa e conflituosa. Cada vez mais a escola é 
constituída por um elemento fundamental que nos ensina a aprender a conviver: 
a diversidade. 
 
 
 
 
32 
 
Saiba Mais 
 
Para saber mais sobre o clima e a cultura organizacional acesse o 
artigo e a apresentação abaixo: 
- A influência do clima e cultura organizacional na gestão de uma 
escola do ensino fundamental, de autoria de Fernando Antonio de 
Melo Pereira, Elane de Oliveira e Jeanne Christine Mendes Teixeira. 
Disponível no acesso: 
http://revista.uepb.edu.br/index.php/qualitas/article/viewFile/1521/9
25 
 
- Climae Cultura Organizacional, postado por Roberta Bröer. 
Disponível no acesso: 
https://prezi.com/iur9zzt0oqle/gestao-da-cultura-e-do-clima-
organizacional-da-escola/ 
 
 
3.2 O trabalho do gestor escolar: funções, objetivos e atribuições 
As funções exercidas pelo gestor da escola são, sem dúvidas, 
fundamentais para a real concretização das ações propostas dentro de uma 
perspectiva democrática e participativa. É ele quem organiza os debates, propõe 
olhares para situações esquecidas, direciona as prioridades, sempre agindo 
numa perspectiva coletiva de trabalho. 
Embora pareça simples administrar essas relações, é no trato com as 
pessoas (que trazem sua bagagem de crenças e valores e nem sempre aquilo 
que é certo e verdadeiro para uma pessoa, será para as outras) que o gestor 
terá seus aprendizados. 
Dessa forma, se faz necessário estabelecer as funções administrativas 
que aqui será dividida basicamente em três grupos: funções pedagógicas, 
funções sociais e funções burocráticas. Veja abaixo, cada uma delas: 
 
3.2.1 Funções Pedagógicas 
As ações relacionadas às funções pedagógicas estão atreladas a gestão 
do projeto político pedagógico, do currículo escolar, do ensino e aprendizagem 
e da avaliação. Entende-se, que esses elementos constituem a natureza da 
atividade escolar. Todos os profissionais que atuam na escola são responsáveis 
 
33 
 
pelo planejamento e execução, mas a responsabilidade direta e legal é do gestor 
e da equipe pedagógica. 
Uma das funções que merece destaque é saber gerir o processo de 
tomada de decisões por meio de práticas participativas. É dessa decisão que os 
trabalhos serão encaminhados e se consolidarão futuramente. Um gestor 
passivo e que não se mostra atuante na tomada de decisões perde seu espaço 
e, consequentemente, seu poder ideológico e político. 
Outra função essencial do trabalho do diretor é a de intermediar a escola 
com instâncias escolares superiores. Toda instituição escolar é submetida a 
setores superiores educacionais que formulam toda a normatização e as 
diretrizes municipais, estaduais e federais para que os objetivos sejam 
alcançados. É necessário estar atento, também, aos processos avaliativos e 
seus resultados com o intuito de intervir e propor novas ações quando for 
necessário. 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Leia o livro Memórias de Escola: Cultura 
Escolar e Constituição de Singularidades, de 
autoria de Teresa Cristina Rego. 
 
3.2.2 Funções sociais 
Há que se levar em consideração que a escola é uma rede de relações: 
Relaciona-se com os pais, com a comunidade, com sindicatos, com prestadores 
de serviços, com a comunidade escolar. Todas essas relações devem ser bem 
conduzidas e avaliadas, resultando em interesses que sejam compatíveis aos 
interesses dos alunos, pais e professores. 
Vale destacar que no contexto que vivemos (professores, funcionários e 
alunos mais participativos e atuantes) é sempre interessante que a direção da 
 
34 
 
escola esteja aberta a novidades, tendo alta capacidade de liderança positiva no 
sentido de envolver os professores e toda a equipe da escola nas iniciativas 
realizadas. Quantas promoções, quantos eventos, quantas festividades e feiras 
a escola não promove? Sentir-se pertencente a tudo isso e comprometer-se com 
os acontecimentos da escola é prova de envolvimento e seriedade no trabalho 
que se propõe a realizar. Embora saibamos das limitações financeiras que a 
escola passa e da falta de valorização dos profissionais que atuam nos espaços 
escolares, é fato que lutar por uma causa a fará grandiosa e, consequentemente, 
mais valorizada. Talvez, essa valorização não ocorra no momento presente, mas 
os frutos da luta serão colhidos pelos futuros profissionais da educação. 
 
3.2.3 Funções burocráticas 
Apesar de ter um caráter secundário, é a que, geralmente, ocupa a maior 
parte do tempo do diretor/gestor. A função burocrática representa a tomada de 
decisão no que se refere à legislação escolar, às normas administrativas, os 
recursos físicos, materiais, didáticos e financeiros, nisso tudo inclui-se também 
a rotina administrativa e da secretaria escolar. 
Quando fala-se em legislação educacional, é importante deixar claro que 
ela constitui matéria-prima de conhecimento que a escola não pode ignorar, de 
modo que essas leis fundamentarão e regulamentarão as ações de todos na 
escola. Seria útil se dispuséssemos de um setor de documentação na escola, 
embora esse trabalho já seja realizado pelas secretarias escolas, um setor 
próprio e específico facilitaria muito o trabalho de arquivamento de informações 
e dados necessários ao cotidiano escolar. 
Há ainda as responsabilidades e cuidados com a infraestrutura que 
envolvem o prédio escolar, as instalações, os laboratórios, a biblioteca, 
mobiliário e equipamentos necessários para a atuação pedagógica dos 
professores, atenção com a limpeza das dependências da escola, e tudo isso 
implica em investimento financeiro. Cada dia mais julga-se necessário que os 
gestores tenham conhecimento básico do assunto, pois com a proposta de 
descentralização, as escolas tem assumido a gerência dos recursos financeiros. 
Normalmente, as secretarias de educação disponibilizam de orientações aos 
gestores sobre essa temática, os planos envolvem orçamento prevendo receitas 
 
35 
 
e despesas e isso deve ser muito bem compreendido e acompanhado pelo 
gestor escolar. 
Vale destacar que toda essa responsabilidade no que se refere a função 
do gestor e suas atribuições não é assumida e realizada sozinha. Há uma equipe 
corresponsável que deve assegurar o desenvolvimento satisfatório dessa 
proposta de trabalho. Equipe composta por gestores pedagógicos, professores, 
funcionários, pais, alunos, cada qual com sua responsabilidade. Mas, 
infelizmente, em alguns casos, o que se costuma fazer é culpar somente e 
unicamente o gestor pelas falhas, imprevistos e percalços do dia a dia. 
Quando a equipe assume suas responsabilidades, seus erros e acertos 
todos têm a ganhar. Os professores ganham porque conseguem realizar seu 
trabalho com satisfação e entusiasmo; os pais ganham porque percebem que o 
objetivo principal da escola que é educar intelectualmente seus filhos está sendo 
alcançado; a equipe pedagógica ganha porque sabe que todo o esforço e 
planejamento do trabalho não foi em vão, a equipe de funcionário ganha porque 
consegue realizar seu trabalho sem pessoas insatisfeitas reclamando e julgando 
a atitude do outro. 
Enfim, há ainda um caminho longo a percorrer para que essa trajetória de 
comunhão e ajuda mútua seja uma constante no campo da educação. Somente 
quando as pessoas aplicarem os preceitos elementares de cooperação e 
coletividade nas instâncias mais comuns da vida para além do discurso é que 
terá uma verdadeira escola democrática e participativa. 
Nessa mesma perspectiva, para finalizar a nossa discussão dessa 
terceira aula, vale a pena destacar as palavras de Freire (1996, p. 33), quando 
ensina que: 
Mulheres e homens, seres históricos-sociais, nos tornamos capazes de 
comparar, de valorar, de intervir, de escolher, de decidir, de romper, 
por tudo isso nós fazemos seres éticos. Só somos porque estamos 
sendo. Estar sendo é a condição, entre nós, para ser. Não é possível 
pensar os seres humanos longe, sequer, da ética, quanto mais fora 
dela. Estar longe, ou pior, fora da ética, entre nós, mulheres e homens, 
é uma transgressão. É por isso que transformar a experiência 
educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de 
fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter 
formador. Se se respeita a natureza do ser humano, o ensino dos 
conteúdos não pode dar-se alheio à formação moral do educando. 
Educar é substantivamente formar. (FREIRE, 1996, p.33). 
 
 
36 
 
Pesquise 
Pesquise sobre o conceito de cultural escolar, e quais as suas 
contribuições na atualidade.Resumo da Aula 3 
Nesta aula lançaram-se algumas reflexões sobre o que vem a ser a 
administração de uma escola e quais as especificidades desse ambiente que 
formam uma cultura escolar muito própria e repleta de particularidades, 
reforçando que o gestor democrático pode administrar um espaço carregado de 
diversidade, igualdades e diferenças no alcance de suas funções e atribuições 
que assim foram delineadas: funções pedagógicas, funções sociais e funções 
burocráticas. 
Atividade de Aprendizagem 
Como você percebe a cultura escolar na instituição de ensino 
que você trabalha. Quais são as características que consolidam 
a proposta dessa escola? Discorra sobre o tema. 
 
 
 
Aula 4 - Escola da Ponte: Um modelo de gestão democrática e participativa 
Apresentação aula 4 
Nesta aula o foco será no projeto educativo da Escola da Ponte, o qual foi 
consolidado com o apoio do gestor professor José Pacheco, dos professores e 
dos estudantes. Situada em Portugal, no distrito do Porto, a Escola da Ponte se 
consolidou em princípios construtivistas e tem como filosofia central a educação 
democrática e participativa. 
 
37 
 
 
4. Escola da Ponte: Um modelo de gestão democrática e participativa 
Essa escola pública (e única com o poder de autonomia no país) surgiu 
na década de 1970, porém, seu projeto inovador foi iniciado em 1977 estimulado 
pelos questionamentos de professores e alunos sobre respeitar as diferenças e 
igualdades das pessoas nos espaços educativos. Foi ali que os princípios de 
solidariedade e autonomia se fortaleceram e a Escola da Ponte se constitui, nos 
dias de hoje, um modelo de escola democrática para nós. 
Vocabula rio 
Dispositivos pedagógicos: São Recursos de Aprendizagem e 
meios para desenvolver a proposta da Escola da Ponte. 
Assembleia: Reunião de alunos para debater ideias, fazer 
escolhas, encontrar soluções para o cotidiano da Escola da 
Ponte. 
 
4.1 Escola da Ponte: Participação das famílias 
Não pode-se afirmar que uma proposta alternativa e democrática como a 
adotada na Escola da Ponte, não tenha dificuldades a serem superadas. No 
entanto, o compromisso de fazer a diferença foi assumido por todos que lá estão 
envolvidos nessa proposta curiosa e inovadora. 
Segundo o professor coordenador, José Pacheco (2004), há muita 
resistência dentro do país com a proposta da Escola da Ponte e, em muitas 
ocasiões, o próprio governo já tentou fechar a instituição por conta de sua 
emancipação pedagógica, porém, o fortalecimento da escola está nas famílias 
que apoiam e lutam pela permanência da Escola da Ponte no distrito do Porto. 
Segundo Pacheco (2004): 
Eles participam conosco de todas as decisões. Se nos rejeitarem, 
teremos de procurar emprego em outro lugar. Também defendem a 
escola perante o governo. Ao longo desses quase 30 anos, quiseram 
acabar com nosso projeto. Eu, como funcionário público, sigo um 
regime disciplinar que me impede de tomar posições que transgridam 
a lei, mas o ministro não tem poder hierárquico sobre as famílias. 
 
38 
 
Portanto, se o governo discordar de tudo aquilo que fazemos, defronta-
se com este obstáculo: os pais. Eles são a garantia de que o projeto 
vai continuar. (PACHECO, 2004). 
 
Observa-se no relato do professor Pacheco descrito acima, que a parceria 
entre escola e as famílias é estabelecida a partir do momento que os ideais da 
escola são incorporados e defendidos por todos, especialmente pelas famílias 
dos estudantes, que sentem-se co-responsáveis pela permanência e 
continuidade do projeto emancipatório da Escola da Ponte. 
Importante 
 
Vasconcellos (2006), reforça que: 
Para entender a Ponte, creio que não podemos esquecer do 
peso da estrutura curricular, que é outro aspecto que chama 
a atenção: não haver “salas de aula”, professores e alunos 
isolados, “aula”, horários fragmentados, séries, reprovação. 
Podemos dizer que o projeto está, sobretudo, nas pessoas, 
porém também na estrutura curricular. Assim como não há 
estrutura que funcione sem o ser humano, não há estrutura 
neutra. (VASCONCELLOS, 2006, p. 03). 
 
4.2 Escola da Ponte: estrutura e funcionamento 
A Ponte (como os mais íntimos a chamam), não é estrutura por séries, 
turmas, anos, mas sim por grupos de interesse que pesquisam e investigam na 
medida que os conhecimentos vão se estruturando. Fundamentada em 
princípios do construtivismo, seus professores respeitam o ritmo de cada 
estudante e favorecem o aprendizado estimulando a curiosidade e 
intermediando o acesso ao conhecimento quando são solicitados pelos 
estudantes. 
De acordo com Vasconcellos (2006), pode-se verificar que: 
Para entender a Ponte, creio que não podemos esquecer do peso da 
estrutura curricular, que é outro aspecto que chama a atenção: não 
haver “salas de aula”, professores e alunos isolados, “aula”, horários 
fragmentados, séries, reprovação. Podemos dizer que o projeto está, 
sobretudo, nas pessoas, porém também na estrutura curricular. Assim 
como não há estrutura que funcione sem o ser humano, não há 
estrutura neutra. (VASCONCELLOS, 2006, p. 03). 
 
39 
 
 
Essa estrutura curricular considerada “mais aberta” favorece inúmeros 
aspectos no processo de construção do conhecimento, pois os núcleos de 
projetos, como são chamados, determinam os grupos de pesquisa conforme a 
área de interesse e o nível de aprofundamento das questões estudadas e 
pesquisadas. 
São assim subdivididos: 
 Iniciação; 
 Consolidação; 
 Aprofundamento. 
 
Cada estudante avança na medida que aprofunda os seus 
conhecimentos. 
Os espaços são divididos em pavilhões que são organizados por áreas de 
trabalho e os estudantes se agrupam por elos afetivos e interesses de 
aprendizagem. Ou seja, querer estar junto com outra pessoa, dividir os 
conhecimentos e ter o ser humano como finalidade do processo educativo é peça 
central para ser e fazer diferente. Talvez essa seja a principal diferença entre a 
Escola da Ponte e as escolas consideradas tradicionais: ver uns aos outros 
(estudantes, professores e famílias) como pessoas. 
Ví deo 
Assista o vídeo com a entrevista de José Pacheco, sobre a 
Escola da Ponte. 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=53bNtzTVix4 
 
 
4.2.1 Dimensão Curricular 
A dimensão curricular proposta pela escola da Ponte contempla as 
seguintes áreas: 
https://www.youtube.com/watch?v=53bNtzTVix4
 
40 
 
 Desenvolvimento Linguístico; 
 Lógico-matemático; 
 Naturalista. 
 
Dessa forma, não existe uma educação meritocracia, pois os alunos 
escrevem, opinam, convocam e conduzem sua aprendizagem. 
Essa estrutura didático-pedagógica é fruto de reflexões e discussões 
coletivas que, ano a ano, foram delineando a proposta educacional dessa escola 
que tem como princípio básico: educar para ser. 
Para que toda essa proposta se efetive, existem os “dispositivos 
pedagógicos” que buscam auxiliam a concretização da proposta e um deles 
que merece destaque aqui em nossa abordagem é a ficha do aluno. Nela, os 
estudantes registram, diariamente, o que fizeram (e também o que não fizeram) 
e o que aprenderam. Ex.: “Conheci amigos, terminei a campanha eleitoral, reuni 
com o tutor, trabalhei em grupo, votei para eleger a mesa da Assembleia, etc;”. 
(2004, p. 04). 
Com essas vivências os alunos tornam-se responsáveis por suas 
aprendizagens e sabem qual caminho percorrer para conquistar e aprimorar 
seus conhecimentos. 
De acordo com a professora Rosinha (uma das tutoras da escola da 
Ponte), “Quando chega à escola e não sabes o que fazer, pega o seu plano da 
quinzena e orientai-vos” (2004, p. 4). 
Essa autonomia presentes nos estudantes desperta a responsabilidade 
por suas aprendizagens e, acima de tudo, é comum identificarem os caminhos a 
percorrer no processo de construção do conhecimento porque são protagonistas 
da sua vida estudantil. 
Nesse perspectiva, os estudantes ajudam-se mutuamente e colaboram 
com as aprendizagens de seus pares como intuito marcante de desenvolver o 
espírito solidário e colaborativo, fator que é essencial na proposta da Escola da 
Ponte. 
 
 
41 
 
Saiba Mais 
 
Para saber mais sobre a escola da Ponte, leia a matéria Escola 
da Ponte radicaliza a ideia de autonomia dos estudantes. 
Disponível no acesso: 
http://educacaointegral.org.br/experiencias-
internacionais/escola-da-ponte-radicaliza-ideia-de-autonomia-
dos-estudantes/ 
 
 
4.3 Ponte: escola democrática, aluno autônomo 
Outra atividade que chama a atenção na proposta pedagógica da ponte é 
a realização das assembleias que revelam uma verdadeira lição de cidadania, 
pois é conduzida inteiramente pelos alunos. É realizada semanalmente. Há 
pauta, há presidente, há manifestação de opiniões. Todos sabem o que será 
discutido e quando desejam manifestar um ponto de vista, levantam o braço e 
aguardam sua vez. Essa regra é seguida com muito rigor por todos. 
 
Para Refletir 
 
“Escola da Ponte és o meu lar! 
Como os professores são meiguinhos! 
Até tens a força de tudo conquistar.” 
 
(Do aluno Pedro Alves – 2004, p. 04) 
 
 
Essa experiência de democracia parece tão distante de nossa realidade 
brasileira que nos deixa perplexos diante de tal situação, no entanto, 
Vasconcellos (2006), (renomado educador brasileira que passou alguns dias 
visitando a ponte) relata a seguir que: 
O universo escolar, os rituais, os dispositivos, não são absolutamente 
estranhos aos alunos, como em muitas escolas. Pelo contrário, eles 
dominam seu sentido, a ponto de poderem explicar a qualquer visitante 
que lá chega. Num certo momento da apresentação da escola, dei-me 
conta da cena: 5 adultos em cima do menino Roberto; ansiosos, 
 
42 
 
queríamos saber tudo da escola, e ele com paciência ia explicando. Ao 
analisarmos o conteúdo do Projeto Educativo da Escola da Ponte, 
constatamos que é relativamente simples (existem projetos de escolas 
brasileiras muito mais sofisticados do ponto de vista teórico ou ousados 
quanto aos valores que se propõem). A grande diferença é que lá o 
projeto se efetiva, “sai do papel”, não de forma espontânea, mas a 
partir do compromisso das pessoas e das mediações pedagógicas, 
comunitárias e administrativas desenvolvidas. (VASCONCELLOS, 
2006, p.2-3). 
 
Ao ler esse relato chega-se o conhecimento de que o que realmente 
importa para que as boas ideias de gestão democrática saiam do papel e sejam 
colocadas em prática é o compromisso daqueles que se revelam envolvidos no 
cotidiano da escola e, especialmente, com a proposta do Projeto Político 
Pedagógico que foi adotada pela instituição. 
Embora esse tipo de atividade nomeada de “Assembleia” lá na escola da 
ponte também seja realizada em muitas escolas brasileiras, porém, com outros 
nomes (Roda de conversa, por exemplo), o que mais chama a atenção é a 
postura dos estudantes e a maneira com enfrentam esse momento: com 
seriedade e compromisso para que as decisões sejam tomadas pensando na 
coletividade. Talvez esse seja o princípio básico da concretização do tão 
sonhado ideal democrático e participativo em nossas escolas. 
Muitos são os aspectos que chamam a atenção e tornam a Escola da 
Ponte uma referência mundial: a participação das famílias, a autonomia dos 
estudantes, a postura democrática, mas o que é característica determinante e 
comum entre todas essas atividades é que aprender fazendo numa perspectiva 
de cooperação, coletividade e de oportunidade iguais para todos. 
Costa (2004), comenta sobre essa questão: 
Os alunos da Escola da Ponte são. Já explico o que quero dizer. Faz 
parte da história da escola ser valorizada como “espaço de espera”, o 
espaço para educação do que “está por vir”, do futuro. Para muitos, na 
escola, o importante é acumular um saber e saber-fazer para a vida 
adulta. Há na escola um “tempo de espera”. Muitos de nós falamos que 
essa concepção de educação está superada mas, quando menos 
esperamos somos flagrados fazendo e dizendo ao contrário. (...) A 
espera do que “está por vir” parece não existir na Ponte. Os alunos não 
serão, eles são pessoas. Pessoas ativas. Responsáveis por o que 
fazem e dizem; responsáveis pelo espaço que ocupam; responsáveis 
por sua escola; responsáveis por sua aprendizagem. Parece um 
projeto simples: cuidar da vida cotidiana da escola e ver os alunos 
como pessoas. Mas vi e ouvi o quanto é sofrido e difícil. A escola, como 
meio de vida social, é uma oportunidade do aluno agir, escolher, 
 
43 
 
refletir, ser apropriado, tolerar, ser solidário, trabalhar em equipe, 
respeitar o outro, partilhar de recursos e tarefas, aprender na relação 
com os outros, com a autoridade, com a regra, com a instituição. 
(COSTA, 2004, p. 20). 
 
Pensar sobre essas questões e como o cotidiano da Escola da Ponte se 
consolida no respeito ao ser humano e ao ser aluno do presente e não do futuro, 
nos faz lembrar do cotidiano da nossa escola que se revela turbulento, 
apressado em reproduzir ideologias postas pelas sociedade do consumo em 
resposta ao capital que suga o ser humano para que ele produza e seja útil. 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www.escoladaponte.pt/site/ficheiros/imagens/logoescoladaponte.jpg 
 
Então, dessa forma, falta tempo para debater, para expressar as 
necessidades individuais de aprendizado e de viver aprendendo como se 
trabalho na coletividade. Eis a grande questão: aprender, todos os dias, a viver 
na coletividade e ser um agente de transformação. Há quem diga que esse 
processo educacional é cultural, mas não pode-se esquecer que a Escola da 
Ponte também enfrenta dificuldades para ser diferente num mundo regido pela 
“Educação bancária” (FREIRE, 1996). 
 
 
44 
 
Saiba Mais 
Leia abaixo o texto escrito por alunos da Escola da Ponte e 
exposto na parede de uma sala de aula, o qual revela um 
pouco da essência do trabalho feito na escola. 
 
APRENDER A ESTUDAR 
 
Estudar não é só ler nos livros que há nas escolas, é 
também aprender a ser livre, sem ideias tolas. 
Ler um livro é muito importante e, as vezes, urgente, 
mas os livros não são o bastante para a gente ser 
gente. 
É preciso aprender a escrever, mas também a crescer, 
mas também a sonhar. 
É preciso aprender a estudar. Estar na escola da Ponte 
é estudar, estar contente consigo é estudar. 
Aprender com os outros é estudar, aprender consigo e 
ter um amigo também é estudar. 
Estudar também é repartir, também é saber dar. O que 
a gente souber para multiplicar. 
Estudar é escrever um ditado sem ninguém nos ditar. 
E, se um erro nos for apontado, é saber emendar. 
É preciso, em vez de um tinteiro, ter uma cabeça que 
saiba pensar, pois na Escola da vida, primeiro está 
saber estudar. 
Fonte: publicado na Revista Relatos (semana de estudos em 
Portugal, 2004, p. 19). 
 
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SUGESTÃO DE LEITURA 
Leia os livros: 
- A escola que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir, de 
autoria de Rubem Alves. 
- Para Alice com amor, de autoria de José Pacheco. 
 
 
45 
 
A proposta pedagógica se consolida baseada em aspectos tais como: 
participação efetiva da família, estrutura, funcionamento e dimensão curricular 
baseadas em princípios de coletividade e ajuda mútua e do construtivismo. 
Nesse sentido, uma escola democrática irá formar alunos autônomos e 
conscientes de seu papel transformador na escola e na sociedade. 
 
Resumo da Aula 4 
Nesta aula o foco um modelo de gestão democrática e participativa que 
funciona efetivamente buscando a qualidade na educação dos estudantes. 
Parece utópico falar de gestão participativa quando não conhece-se uma 
realidade que se mostre verdadeiramente transformadora do cotidiano das 
famílias, dos estudantes e dos professores. 
Atividade de Aprendizagem 
Pense sobre as questões abaixo e compartilhe seu ponto de 
vista com os colegas: 
1. Como a Escola da Ponte conseguiu superar a estrutura da 
organização em classe, focando a heterogeneidade das 
crianças? 
2. Como pode uma

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