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SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE SUS

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ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA 
Rua Paulino de Siqueira Cortes, 2106
São José dos Pinhais/PR – CEP: 83005-030
FONE (41) 3381-5839
PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL
EM URGÊNCIA EEMERGÊNCIA
Trabalho Eixo Transversal da Área de Concentração (ETAC)
APH Fixo- Atendimento Pré Hospitalar 
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS
História e Construção
 Residente: Vanilza Cunha
 Professora:Christine Luiza
São José dos Pinhais- 10 de junho de 2020.
1Introdução
Este trabalho se propõe a verificar as contribuições e a história da construção do Sistema Único de Saúde- SUS, uma vez que, segundoPAIM (2003) “[...] A politica de saúde definida como a ação ou omissão do Estado, enquanto resposta social diante dos problemas de saúde e seus determinantes, assim como da produção, distribuição e regulação de bens, serviços e ambientes que afetam a saúde dos indivíduos e da coletividade”.
Assim sendo, por meio de pesquisa bibliográfica em livros, artigos científicos e demais materiais teóricos disponíveis, construir-se-á uma análise textual que abordará, num primeiro momento, da sua organização enquanto saúde publica bem como a estrutura da assistência à saúde, aprofundando-se explanação acerca da relação econômica com a politica de saúde vigente, visando demonstrar os elementos que chamaram a atenção por períodos históricos.
Num segundo momento, será feita uma construção buscando explicitar os princípios doutrinários do SUS: universalidade, integralidade e equidade, até que se possa finalmente refletir o alcance destes três princípios do SUS, visando verificar, portanto,porque eles são doutrinários ao sistema.
2CONTEXTO HISTÓRICOS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – BREVE RELATO DA POLITICA DE SAÚDE NO BRASIL
O sistema brasileiro de saúde conquistou, no decorrer da sua história, características importantes que seguiram os momentos políticos e econômicos de cada época. Entretanto, alguns fatos marcaram a historia do arranjo desse sistema que segundo (AGUIAR et al., 2015), a evolução da politica de saúde deu-se em estreita relação com a evolução da politica econômica e social, obedecendo à ótica do capitalismo nacional, por sua vez, influenciado pelo capitalismo internacional: a saúde pública não se constituía em prioridade dentro da politica de estado brasileiro, recebendo maior atenção apenas nos momentos de epidemias ou endemias que refletiam na área econômica ou social e ameaçavam o modelo capitalista adotado: a assistência à saúde desenvolveu-se a partir da evolução da previdência social, com ênfase na medicina curativa e lucrativa a partir da contratação de serviços privados: o sistema de saúde estatal consolidou a dicotomia entre ações preventivas e de caráter coletivo e as ações curativas de caráter individual, sendo a primeira de responsabilidade do Ministério da Saúde e das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde e a segunda, assumida pela Previdência Social e pela medicina liberal. 
 É nesse sentido quepara reconhecer a realidade do sistema de saúde, se faz necessárioum resgate histórico da politica de saúde no Brasil.
2.1 Período de 1500 a 1889 (Colonial/Imperial)
 Entre o período de 1500 a 1882, o Brasil ainda como colônia de Portugal, realizava a sua produção econômica através dos meios dos ciclos de açúcar me da mineração, a mão de obra escrava, com destino ao mercado internacional em concordância aos interesses da Coroa Portuguesa. Com a proclamação da independência em 1822 a produção econômica brasileira trabalhava com maior liberdade, ainda com o trabalho escravo o comércio se destinava há outros países, principalmente a Inglaterra.Período de crescimento significativo da produção do café, que mesmo sendo destinado para exportação, dinamizou o comércio interno promovendo mudanças nas questões sociais. 
 É a partir de então que, de acordo com o AGUIAR (2003), o final desse período, ideais abolicionistas e exigências internacionais contribuíram para a progressiva substituição do trabalho escravo pelo trabalho assalariado, o que motivoua imigração de trabalhadores de origem europeia para a produção cafeeira e as atividades industriais emergentes no Brasil.
 Outra contribuição de extrema importânciasegundo o autor era que o quadro sanitário do Brasil colonial e imperial caracterizava-se pela existência de diversas doenças transmissíveis, trazidas inicialmente pelos colonos portugueses e, posteriormente, pelos escravos africanos e diversos outros estrangeiros que aqui chegavam para fins de comercio ou por imigração.
 Tomar-se-á aqui, como exemplo, as doenças endêmicas e outras, que provocavam epidemias assustadoras devastando uma quantidade enorme da população. Diante disso, as doenças sexualmente transmissíveis eram frequentes, além de doenças provocadas pela desnutrição, acidentes por animais peçonhentos e as desinentes das grandes aglomerações nos centros urbanos e do trabalho precário nas lavouras.
 É neste sentido, que não se pode falar de uma politica de saúde no período colonial e imperial e mesmo com a inexistência destas medidas eram tomadas afim de minimizar os problemas de saúde que afetam a produção econômica e consequentemente prejudicava o comercio internacional.
 Por fim, a assistência médica limitava-se apenas às classes dominantes, formadas pelos coronéis do café era exercida pelos raros médicos que vinham da Europa. Aos demais contavam apenas com os recursos da medicina popular e as sangrias. Neste período pode se dar destaque às primeiras Casas de Misericórdias, que alojavam os doentes, indigentes e viajantes, sem assistência médica e tratamento aos problemas de saúde.
2.1.1 Período da Primeira Republica ou Republica Velha (1889-1930)
 Com o termino da monarquia, a população brasileira inicia a organização de seu Estado moderno, que segundo AGUIAR (2003)foi marcado pelo predomínio dos grupos vinculados à exportação do café e à pecuária que inicia a primeira república, também chamada de república velha, em oposição ao período posterior governado pelo presidente Getúlio Vargas.
Período que foi marcado pelo domínio das elites agrarias de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro no que se refere ao campo politico, pois a maioria dos presidentes desta época eram de origem dos Estados mencionados que se alternavam no poder, adotando medidas que favoreciam o setor agrícola do café paulista e da pecuária mineira, denominada politica do café com leite que segundo Souto-de-Moura (1997) visava à consolidação dos ideais republicanos e da ideologia liberal.
Dando seguimento a este período no campo econômico era tipicamente agroexportador, com a hegemonia do café, através do trabalho assalariado, houve um crescimento da produção industrial com o setor agrário, exigindo de mão de obra, consequentemente o incentivo à imigração europeia.
 Em relação à situação de saúde da população o panorama era o mesmo anterior, com o predomínio das doenças pestilenciais comocólera, febre amarela, malária, tuberculose, tifo, peste, varíola, gripe espanhola. O saneamento básico era precário e varias epidemias matavam a população e dificultavam a contratação dos trabalhadores da Europa.
 Segundo Roncalli (2003) as ações e programas de saúde visavam ao controle de doenças epidêmicas, principalmente nas áreas fundamentaispara a economia agraria exportadora (área dos portos) e buscavam atrais os imigrantes para a lavoura do café e da indústriaincipiente. Assim, as ações de saneamento básico e infraestrutura eram realizadas, prioritariamente, nos espaços de circulação de mercadorias, especialmente, nos portos de Santos e Rio de Janeiro. Em 1902, o presidente Rodrigues Alves lançou om programa de saneamento básico do Rio de Janeiro e de combate à febre amarela em São Paulo. Essas medidasvisavamestimular o comercio internacional e fomentar a politica de imigração – trazendo para as lavourasamão de obra necessária à produção do café.
 No que diz respeito à saúde pública LUIZ MT (1995) pontua que com essa finalidade o governo de Rodrigues Alves nomeou Oswaldo Cruz, médico e pesquisador do Instituto Pasteur para Diretoria Geral da Saúde Pública, o qual elegeu campanhas sanitárias como modelo de intervenção de combate às epidemias rurais e urbanas, de conotação militar. Esse modelo de inspiração americana foi trazido de Cuba e caracterizava-se pela centralização das estruturas administrativas, pela concentração de poder e por um estilo repressivo de internação médica nos corpos individual e social.
É importante mencionar que em 1904, ocorreu a imposição legal da vacina contra a varíola, como consequência desta ação deu-se uma revolta popular (revolta da vacina).
 Em 1920, Carlos Chagas assumiu o comando do Departamento Nacional de Saúde, inovando o modelo campanhista de Oswaldo Cruz, criando alguns programas que introduziam a propaganda e a educação sanitária da população como forma de prevenção das doenças. Nessa, ocasião, foram criados alguns órgãos para controle da tuberculose, da lepra e das doenças sexualmente transmissíveis (POLIGNAMO, 2009).
 Então, segundo SOUTO-DE-MOURA (1997) observa-se nesse período o nascimento da saúde pública cujo modelo de intervenção chamado de sanitarismo campanhista estrutura-se sob a influência dos saberes fundamentado pela bacteriologia e pela microbiologia, contrapondo-se à concepção tradicional baseada na teoria dos miasmas que era utilizada para explicar o processo saúde-doença. Por outro lado, surge a Previdência Social que vai incorporar a assistência médica aos trabalhadores como uma de suas atribuições a partir de contribuição com as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPS). As primeiras foram instituídas nas empresas ferroviárias e, mais tarde, estendidas aos portuários, marítimos e outras áreas, dando inicio ao sistema previdenciário no Brasil, como resposta das empresas e do governo ás reivindicações operárias.
 E ainda, segundo o autor o crescimento da medicina liberal, que eram utilizadas pela classe dominante e com poder aquisitivo, restando à maioria da população brasileira que não tinha direito às CAPS apenas os serviços oferecidos pelos escassos hospitais filantrópicos mantidos pela igreja ou a prática popular da medicina e conclui que o estado brasileiro, na área da saúde, caracterizou-se ao logo desse período por dois aspectos básicos: o primeiro refere-se à estreita relação entre a política de saúde estabelecida e o modelo econômico vigente e a clara dicotomia entre as ações de saúde publica e as ações de assistência médica e emerge nessa conjuntura a estruturação de dois modelos de intervenção nas questões de saúde: o sanitarismo campanhista e o curativo-privatista. 
 No que tange o decorrer dos anos 20, o controle do governo federal passa a ser disputado por outros grupos sociais que se fortalecem econômica e politicamente no processo de urbanização e industrialização crescente, surgindo rupturas no cenário politico. Por outro lado, a crise econômica aprofunda-se no Brasil a partir da crise mundial de 1922 a 1929, que trouxe impactos negativos para a exportação do café (MARSIGLIA, 1980).
 Mediante este contexto, as oligarquias agrarias perderam força política, o que contribuiu à revolução de 1930 comandada por Getúlio Vargas que era representante da classe dominante vinculada as áreas econômicas. Assim, a revolução de 1930 instituiu o fim da hegemonia politica dos grupos ligados ao café e à pecuária, favorecendo o crescimento das indústrias voltadas para o mercado interno e o aumento do capital, iniciando uma nova fase politica sob o comando de Getúlio Vargas.
2.1.2Eras Vargas – Período da Segunda Republica (1930- 1945)
Para dar segmento ao contexto histórico BERTOLLI (2004)coloca que a partir de 1930, o Brasil esteve sob o comando politico do Presidente Getúlio Vargas, quando foi promovida uma ampla reforma administrativa e politica que culminou com a Constituição de 1934, iniciando-se o governo constitucional ate 1937 e a ditadura do Estado Novo de 1937 a 1945. Trata-se de uma fase de forte centralização política e participação estatal nas politicas públicas, o que aliado às politicas populistas, atribuiu ao presidente o apelido de “pai dos pobres”.
	Cabe aqui, pontuar conforme o autor POLIGNAMO (2009) que no governo Vargas foram promulgadas as leis trabalhistas que estabelecem uma relação contratual entre o capital e trabalho e, ao mesmo tempo, garantem alguns direitos sociais aos trabalhadores. Também se promoveu a vinculação aos sindicatos à estrutura do Estado com exigência de pagamento de contribuição sindical por parte dos empregados sindicalizados.
 Isso sugere pensar, que o crescimento acelerado da indústria se dá devido às péssimascondições de trabalho, aumentado os riscos e problemas de saúde aos trabalhadores urbanos, ocasionando condições precárias de vida e saúde dessa população, uma vez, que não contava com moradia e saneamento básico adequados, agravando os problemas de saúde.
 Conforme já mencionado a criação do Ministério da Saúde e Educação ocorreu em 1930 com a função de coordenar as ações de saúde publica no mesmo modelo sanitarismo do período anterior.
É a partir de então que, de acordo com RONCALLI (2003), essa fase corresponde ao auge do sanitarismo campanhista na área de saúde pública, com a criação do Serviço Nacional de Febre Amarela, do Serviço de Malária no Nordeste e da Fundação Serviço Especial de Saúde Pública (SESP).
 Pode se dar destaque a politica de saúde adotada neste período, pois reforça a antiga dicotomia.
2.1.3 (1945 - 1963) Desenvolvimentista ou Período da Redemocratização
Período importante marcado pelo final da segunda guerra mundial, com a vitória dos Estados Unidos e das forças aliadas sobre o fascismo e o nazismo com a derrotade Hitler, consequentemente enfraquecimento dos regimes ditatoriais e pensamentos de democratização que faz parte do cenário mundial.
 È importante pontuar que foi um período de redemocratização com a deposição de Vargas e reinicia-se um novo momento com eleições para presidente e para a Assembleia. Após as eleições deu-se inicioao governo de Eurico Gaspar Dutra. No governo de Dutra foi lançado o Plano Salte (saúde, transporte, alimentação e energia), destacando a saúde como prioridade, mas não se consolidou devido a maior patê dos recursos terem sido destinadas ao setor de transporte.
 De acordo com alguns autores
O sanitarismo campanhista, no âmbito da saúde pública, revigorou seu caráter centralizador e autoritário. Um debate politico se faz presente na sociedade com criticas dirigidas à atuação da Fundação SESP e com propostas para a criação de um Ministério da Saúde independente. Foi observada uma redução nos casos de tuberculose, malária e outras doenças transmitidas por insetos, o que foi atribuído por alguns aos resultados das campanhas sanitárias e, por outros, como decorrência do desenvolvimento do período (ESCOREL S. TEIXEIRA LA 2008 pg. 333-383).
Assim, em julho de 1953 foi criado o Ministério da Saúde independente da área da educação, sendo-lhe destinado apenas um terço dos recursos alocados no antigo Ministério da Educação e Saúde. Durante10 anos, esse Ministério foi dirigido por 14 ministros, caracterizando-se pela transitoriedade de seus titulares como resultado da intensa barganha politica e pratica clientelista que envolvia a escolha de seus dirigentes (ESCOREL S. TEIXEIRA LA ,2008 pg. 333-383).
No que tange ao mandato de Vargas neste período os autores destacamque o mesmo foi acompanhado de intensos conflitos políticos entre os Nacionalistasque defendiam o desenvolvimento do país sem o capital estrangeiro e os Desenvolvimentistasque defendiam a entrada do capital estrangeiro para o deslanche industrial no Brasil. Com o aumenta da oposição ao governo e o envolvimento de sua segurança pessoal ao atentado de Carlos Lacerda,porta-voz da oposição getulista, a pressão para a renúncia de Getúlio Vargas aumentou. Diante dessas pressões e sem ver uma saída honrosa, Getúlio suicidou-se em 1954, saindo da vida para entrar na historia, como mártir do nacionalismo, herói popular e pai dos pobres.
Entre 1956 a 1960 Juscelino Kubitshek governa o país, promove transformações econômicas, seu governo caracterizou-sepela ênfase ao desenvolvimento, com olhar à politicas sociais como paliativas. Nesse contexto, a saúde publica obtém modestas conquistas, enquanto os IAPS fortalecem o modelo de assistência medica curativa aos seus segurados na perspectiva de manutenção do trabalho saudável para a produção. Aqueles que possuíam mais recursos e cuja categoria profissional exercia maior poderde pressão construíam hospitais próprios para o atendimento de seus segurados. Algumas empresas insatisfeitas com a atuação dos Institutos começaram a contratação de serviços médicos particulares, o que mais tarde viria a se constituir nas empresas médicas ou medicina de grupo que terá espaço garantido na assistência previdenciária nos anos seguintes. Amplia-se assim o modelo médico-assistencial privatista que se tornou dos anos 60 aos 80 (LUZ MT, 1995).
2.1.4 Período do Regime Militar (1964-1984)
O período de ditadura militar que perdurou por 20 anos cortado por conjunturas específicas: a primeira fase de 1964 a 1968 – de insticuinalização da ditadura; a segunda fase de 1968 a 1974 – de expansão da industrialização com capital internacional ou periodo do milagre brasileiro; a terceira fase de 1974 a 1984 – de crise economoca e do rigime limitar e abertura politica (LUZMT,1995). 
Momento decrise politica econômica, que vai de 1974 a 1984, agravada pela crise do petróleo, pela recessão mundial do periodo, pela redução de empréstimos internacionais afetabdo, assim a economia brasileira, apresentando sinais de declínio do modelo, gerando aproximação de renda para uma minoria e depauperação para a grande maioria da população.
Já no campo da saúde segundo ESCOREL (2005), implantou-se de modo gradual e intenso, um sistema de saúde caracterizado pelo predomínio financeiro das instituições previdenciárias e por uma burocracia técnica que priorizava a mercantilização da saúde. Nessa perspectiva, em 1966, promoveu-se a unificação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), com a criação do Instituto Nacional de Previdênciae Assistência Social (INPS), subordinado ao Ministério do Trabalho e Previdência Social, com responsabilidade pelo benefícios previdenciários e pela assistência médica aos segurados e seus familiares.
Assim sendo, a medida uniformiza os benefícios para todas as categorias, mas acaba com a gestão tripartite (trabalhadores, empregadores e União) que existia até então nos IAPs, passando o INPS a uma gestão centralizada do ponto de vista administrativo e financeiro e com finas de capitalização. Destaca-se que até 1964, a assistência médica previdenciária era prestada, principalmente, pelos hospitais, ambulatórios e consultórios médicos da rede de serviços próprios dos Institutos, passando-se a partir de então à contratação prioritária dos serviços privados de saúde, estimulando-se um padrão de organização da prática médica pela lógica do lucro. Além do fortalecimento do setor privado, a previdência mantém a expansão da medicina em grupo, modalidade em que as empresa médica para assistência aos seus empregados, deixando de contribuir com o INPS. A medicina de grupo, também orientada para a comercialização da saúde e pelo lucro, teve grande expansão no período e destinava-se principalmente aos trabalhadores com maior poder aquisitivo (ESCOREL, 2008).
Neste período também ocorreu uma expansão da assistência médica da previdência com a inclusão dos trabalhadores rurais em 1971, das empregadas domesticas em 1972 e dos trabalhadores autônomos em 1973.
O modelo de saúde previdenciária aprofunda-se em crise no final dos anos 70, crise essa, favorecida: pelo alto custo da assistência que é complexa e bem pouco resolutiva, a oferta era menor do que a demanda. Então, devido a menor arrecadação financeira em tempos de crise econômica e pelos desvios dos recursos alimentados pela ganância de lucro do setor privado. Presencia-se um caos nos serviços públicos de saúde., cresce a insatisfação da sociedade com os problemas sociais e de saúde, agravando a resolução por parte do Ministério da Saúde que é lenta e insignificante, permitindo o surgimento dos movimentos sociais. Sendo, esses que denunciam a ineficiência das estruturas de saúde pública e previdenciária, reivindicando serviços de saúde e melhores condições de vida à população vulnerável.
Em 1975, a crise do setor saúde foi discutida na V Conferência Nacionalde Saúde. Foram levantados os problemas da insuficiência, má distribuição e falta de coordenação dos serviços de saúde, além de sua inadequação e ineficácia. Nessa ocasião, o Governo Federal apresentou a proposta de criação de um Sistema Nacional de Saúde através da Lei 6.229 que definia as atribuições dos diversos ministérios envolvidos com a questão da saúde, além das atribuições das instancias federal, estadual e municipal. No entanto, a oposição dos empresários da saúde dificulta a regulação dessa lei e o governo mantémsua intervenção política em alguns programas verticais, tais como: Programa Materno-infantil, Programa Nacional de Imunização, Programa Nacional de Alimentação e Nutrição (PROMAN), Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (PAIM JS, 2003).
Já em 1977, efetivou-se uma nova reordenação do sistema de saúde com a criação do Sistema Nacional de Previdência Social (SIMPAS). Sistema que era composto pelos órgãos: Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), Instituto Nacional de Assistência Médica da previdência Social (INAMPS), Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA), Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS), Empresa de processamento de Dados da Previdência Social (DATAPREV), Fundação Nacional de bem-estar do Menor (FUNABEM) e a Central de Medicamentos (CEME).
Outro ponto importante, que podemos destacar é o conceito de Atenção Primaria à Saúde, bem como os princípios da medicina comunitária, a desmedicalização e o autocuidado de saúde que foi difundida no Brasil e América latina, com o apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), após a conferência de Alma Ara, ocorrida em 1978.
Em 1976 foi criado o Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS), como referência as recomendações internacionais, bem como da necessidade de expansão da cobertura dos serviços de saúde. O Programa foi criado com a finalidadede extensão da cobertura dos serviços de saúde, prioritariamente nas zonas rurais e pequenas cidades do interior do país. Teve sua implantação em algumas comunidades da região nordeste, seguindo-se os mesmos princípios preconizados pela atenção primaria à saúde.
Na VII Conferência Nacional de Saúde no governo de João Figueiredo, surgiu diversas propostas para reformulação no setor saúde e uma dessas propostas surgiu o projeto PREV-SAÙDE. Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde – que visava uma reorientação do sistema vigente, através de uma integração entre os dois ministérios (Saúde e Previdência Social) e as secretarias estaduais e municipais de saúde. Propunha-se à extensão da cobertura dos serviços a toda a população, com ênfase na atenção primária à saúde e na participação comunitária.
Em 1981 foi criado pelo giverno o Conselho consultivo de Administração da Saúde Previdenciária (CONASP) ligado ao INAMPS, que traz em seu plano a proposta de mudança do modelo assistencial, tendo em vista: a melhoria da qualidade da atenção; a ampliação de serviços para as populações urbanas e rurais; a descentralização e a hierarquização dos serviços de saúde por nivel de comlexidade (POLIGNAMO MV, 2009).
Logo após o CONASP, foi possível a criação do Programa de Ações Integradas de Saúde (AIS) em 1983. O programatinha como objetivo articular todos os serviços que prestavam assistência à saúde da população de uma região e integras as ações preventivas e curativas com vistas à Integralidade da atenção. Através das AIS, o INAMPS repassava 10% de sua arrecadação para as Secretarias Estaduais de Saúde, propiciando a expansão dos serviços de saúde de atenção básica.
É nesse sentido que se pode dar destaque, ao Movimento de Saúde que ocorreu na cidade de São Paulo no final dos anos 70 e espalhou-se para outras regiões de maneira articulada. Era composta por moradores das periferias, maioria mulheres que lutavam pela ampliação e qualidade dos serviços de saúdenos seus bairros, por saneamento básico, creches, educação e outras politicas públicas, consideradas como direitos de cidadania e dever do Estado. Este movimento articulou-se aos demais, reforçando a luta pela Reforma Sanitária Brasileira.
No que diz respeito a questão econômica, o Brasil estava envolto a está crise, que foi caracterizada por alta inflação e forte recessão econômica, enquanto isso aumenta a participação social, fortalecem-se os sindicatos e a oposição política, culminando em 1984 o Movimento de Diretas Já. A Emenda resultante deste movimento não foi aprovada e em janeiro de 1985, o Colegio Eleitoral escolheu Trancredo Neves para Presidente da República.
Com a morte de Trancredo Neves, o seu vice Sarney assumiu o poder, iniciando-se o Período da Nova República. Na ocasião, novas conquistas foram obtidas pelo movimento da reforma Sanitária, com apoio de alguns parlamentares, movimentos de saùde, trabalhadores de saúde, acadêmicos e entidades como CEBES e ABRASCO. Essa entidades tiveram papel fundamental na politização, divulgação de conhecimentos, criticas e experiências inivadoras na área da saúde e porpostas de articulação da sociedade para as mudanças na esfera sanitária – fortalecendo a proposta da Reforma Sanitária – em construção ao longo dos anos 70 e 80 (ESCOREL, 2005 pg. 59-81).
2.1.4 Período da Nova República (1985-1988)
 Em março de 1985, José Sarney tomou posse na Presidência da Republica e, deu continuidade aos compromissos assumidos por Tancredo Neves, enviando ao Congresso a proposta de convocação da Assembléia Nacional Constituinte a ser composta pelos deputados federais e senadores que seriam eleitos nas eleições previstas para 1986 e pelos senadores já eleitos em 1982.
Nesse período, segundo ( PAIM JS, 2003)o quadro sanitário demonstrou a redução das doenças imunopreveníveis e da mortalidade infantil, a manutenção da mortalidadepor doenças cardiovasculares e neoplásticas, aumento da mortalidade por causas externas (acidentes, homicidios etc.), da epidemia da AIDS e surgimento de epidemias de dengue em algumas capitais.
Todo esse contexto foi favorável para colocar a saúde na agenda políticacom novas propostas da reforma Sanitária. Assim, a realização da VIII Conferência Nacional de Saúde em 1986 abriu um novo espaço importante para o debate dos problemas do sistema de saúde e de propostas para reorientação da assistência médica e de saúde publica.
VIII Conferência Nacional de Saúde- realizada na cidade de Brasília em 1986 com a participação de cerca de 5000 pessoas, representantes dos diversos movimentos sociais, movimentos populares de saúde, trabalhadores, usuários, estudantes e intelectuais de saúde, parlamentares, sindicatos, entre outros. No entanto foram debatidos (não sem conflitos e contradições) os princípios e diretrizes da Reforma Sanitária, destacando-se o conceito ampliado de saúde, o reconhecimento da saúde como direito de todos e dever do Estado, a criação do SUS (através da unificação dos serviços do INAMPS e do Ministério da Saúde), a descentralização e hierarquização dos serviços, a atenção integral às necessidades de saúde da população e a participação popular. A partir dessa conferência, foi instituída uma Comissão Nacional de Reforma Sanitária para o encaminhamento das propostas à Assembléia Nacional Constituinte e sua inscrição na nova Carta Magna (MENDES, 1993).
Importante colocar que em 1987 um decreto da União transformava as AIS no Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS) por meios de convênios entre os governos federal, estadual e municipal.
Finalmente, em 1988, com a promulgação da constituição Federal, foi aprovado o Sistema Único de Saúde (SUS) que incorporou a maioria das propostas do movimento da Reforma Sanitária apresentadas por emenda popular acompanhada da participação dos segmentos interessados. Também não se deu de modo consensual, ocorrendo embate e conflitos entre os que defendiam os interesses privatistas e os que lutavam pela saúde pública e estatal.
A aprovação do SUS com os princípios e diretrizes da reforma Sanitária significou uma grande vitoria da sociedade. Não obstante, foi criado em um período em que o Brasil se encontrava em grande instabilidade econômica, altas taxas de inflação e influencias da conjuntura internacional neoliberal que, juntamente com o recuo dos movimentos sociais, traz sérias dificuldades para a sua regulamentação e implementação de seus princípios e diretrizes e da concretização das propostas da Constituição Cidadã. Destaca-se que no inicio dos anos 90, o Governo de Fernando Collor de Melo reduziu em quase metade os recursos de saúde, ao mesmo tempo em que os governos estaduaistambém reduziram sua participação orçamentária para saúde ( PAIM JS, 2003).
Neste sentindo, o SUS já nasce enfrentando o caos que estava os serviços de saúde e a descrença popular em relaçaõ ao estado.
3 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E OS PRINCIPIOS DOUTRINÁRIOS
3.1 A Constituição Federal e o Sistema Único de Saúde-SUS
A partir da Constituição Federal de 1988, o sistema de saúde brasileiro, o SUS, foi formalmente estabelecido. Segundo, Vasconcelos (2006) a inscrição do SUS na carta magna acatou as proposições da sociedade civil organizada, incorporando mudanças no papel do Estado e alterando de forma significativa o arcabouço jurídico-institucional do sistema público de saúde brasileiro, pautando-se por um conjunto de princípios e diretrizes válidos para todo o território nacional. É composto pelo conjunto organizado e articulado de serviços e ações de saúde integrantes das organizações públicas de saúde das esferas municipal, estadual efederal, além dos serviços privados como complementares.
 Com efeito, o Conselho Nacional de Secretário de Saúde (2006), esclarece que embora a instituição formal do SUS tenha ocorrido com a aprovação da Constituição Federal, a sua proposição foi amplamente debatida na 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS) em março de 1986, após alguns anos de geração na sociedade que ansiava por mudanças na área da saúde. Seus princípios filosóficos e organizativos tiveram origem no movimento social (também denominado reforma sanitária) que se estruturou no modelo médico assistencial privatista que se tornou hegemônico na segunda metade do século XX, induzido pelo processo de industrialização brasileira.
 Desta forma, a 8ª CNS representou o evento politico-sanitário mais importante da segunda metade do século XX, onde foram lançadas as bases doutrinárias de um sistema público de saúde para o Brasil. Essa conferência colocou em pauta três aspectosnecessários à reforma sanitária: um conceito amplo de saúde que extrapola a visão meramente biologicista;a saúde como um direito de cidadania e obrigação do Estado; e a instituição de um sistema único pautado pelo princípios da universalidade, da integralidade, da equidade, da descentralização e da participação da comunidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR), 1996).
 A Constituição Federal de 1988 traz um titulo inteiro- o Titulo VIII, refere à Ordem Social, cujo Capitulo II, o da Seguridade Social apresenta quatro seções, sendo uma delas (a seção II) dedicada à saúde. O SUS, portanto, está descrito oficialmente no capitulo da Seguridade Social, especialmente, nos artigos 196 a 200 desta seção (BRASIL, 1988).
Entendemos, por Seguridade Social – “conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderespúblicos e da sociedade destinado a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” “(Art. 194 da Constituição Federal)”. É financiada com receitas de impostos e contribuições sociais dos orçamentos da União, dos Estados e dos Municípios, cabendo ao poder público organiza-la de forma universalista e equitativa (NORONHA, 2007).
Em seus artigos, explicita:
· 196- que a saúde é direito de todos e dever do Estado, que deve garantir o acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação;
· 197 – define as ações e serviços de saúde como sendo de relevância pública;
· 198 – constitui o sistema único de saúde, referido como uma rede regionalizada e hierarquizada de ações e serviços públicos de saúde, cuja organização deve pautar-se nas diretrizes; descentralização, com direção em cada esfera do governo; atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas e sem prejuízos das atividades curativas e participação da comunidade. Define ainda que o funcionamento do sistema de saúde brasileiro será feito com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes;
· 199- mantém a assistência à saúde livre à iniciativa privada, explicitando, porém que as instituições privadas poderão participar do SUS de forma complementar, segundo diretrizes do SUS e mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos;
· 200- apresenta as competências do Sistema Único de Saúde, detalhando as suas atribuições. Essas atribuições foram mantidas na Lei Orgânica da Saúde, conforme veremos a seguir.
3.2Leis Orgânicas da Saúde
Cabe aqui, por meio do reforço da seção 3.1 desse trabalho, que constata a importância das Leis Orgânicas da Saúde para os direitos da população. É neste sentido, que a Lei 8.080 por parte do executivo sofreu vários vetos, principalmente os itens relativos ao financiamento e ao controle social. Contudo,em dezembro de 1990, como resultado de negociações, é que foi aprovada a Lei 8.142 que recuperou alguns vetos da Lei 8.080, recebendo essas duas a denominação de Leis Orgânicas da Saúde (LOS).
A Lei 8.080/90 dispõe sobre as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde e ainda regula as ações, a organização e o financiamento dos serviços de saúde em todo país. O artigo 4 dessa lei explica que o novo sistema de saúde compreende: “ o conjuntos de todas as ações e serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, de administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo poder público”, além da participação da iniciativa privada de maneira complementar (BRASIL, 1990).
Com base nessa lei, a saúde é entendida como um direito fundamental do ser humano. Cabe ao Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício, por meio de politicas econômicase sociais que visem a redução de riscos de doenças e de outros agravos, além do estabelecimento de condições que assegurem o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1990).
Já a Lei 8.142 dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferencias intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde. Consolidou-se assim um importante espaço público de controle social, mediante a participação da populaçaõ por meio de conferências e dos conselhos de saúde em todas as esferas de governo (BRASIL, 1990).
3.3 Princípios Doutrinários e Organizativos do SUS
O Sistema Único de Saúde norteia-se por princípios que são doutrinários e organizativos. De acordo com Roncalli, os principios doutrinários expressam as ideias filosoficas que permeiam a criação e implementação do SUS e personificam o conceito ampliado de saúde e o principio de direito à saúde. Os principios organizativos orientam o funcionamento do sistema, de modo a contemplar seus principios doutrinários.
Como foco deste trabalho vamos tratar dos princípios doutrinários, sendo eles: a universalidade, a equidadee a integralidade da atenção.
· Universalidade
É a garantia constitucional de acesso de toda população aos serviços de saúde, em todos os niveis de assistência, sem preconceitos ou privilégios de qualquer especie. Conforme a Lei 8.080/90, a saúde é um direito fundamental do ser humano, que deve ser garantido pelo Estado. O direito à saude vai alem do acesso à assistência médica e aos serviços de saúde e engloba o conjunto de políticas públicas que visam à melhoria das condições de vida da população. Isso porque “ o perfil de saúde de uma coletividade depende de condições vinculadas à própria estrutura da sociedade e a manutenção do estado de saúde requer a açao articulada de um conjunto de políticas sociais mais amplas, relativas ao emprego, salário, previdências, educação, alimentação, ambiente, lazer [...]” (PAIM JS, 1987).
· Equidade
 De acordo com o Ministério da Saúde, a equidade sginifica “assegurar ações e serviços de todos os niveis de acordo com a complexidade que o caso requeira, more o cidadão onde morar, sem privilégios e sem barreiras”. É definida como igualdade no acesso aos serviços e ações de saúde no artigo 196 da Constituição Federal. O princípio da equidade assegura que a disponibilidade de serviços de saúde considere as diferenças entre os grupos populacionais e indivíduos, de modo a priorizar aqueles que apresentam maior necessidade em função de situação de risco e das condições de vida e saúde. Nesse sentido, significa um princípio de justiça social buscando corrigir iniquidades sociais e em saúde.
 Roncalli faz um distaçaõ entre equidade em saúde e a equidade no consumo de serviços de saúde, assegurando que as desigualdades nos modos de adoecer e morrer são diferenntes das desigualdades no acesso aos serviços de saúde. Para o autor, as iniquidades em saúde refletem desigualdades sociais que têm determinantes mais complexos, não sendo o acesso aos serviços de saúde suficiente para diminuir as desigualdades no modo de viver e adoecer. No entanto, considera que a política assistencial proposta pelo SUS, de modo a garantir acesso universal e equitativo, representa uma das estratégias redistributivas de uma política de proteção social.
· Integralidade
É um princípio do SUS compreendido a partir de Lei 8.080, “como um conjunto articulado e continuo de ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigido para cada caso, em todos os nivéis de complexidade do sistema”. Para que haja integralidade da assistência, se faz necessária a articulação entre a prevenção, a promoção e a recuperação no cuidado prestado a cada cidadão que utiliza os serviços do SUS, além de ações intersetoriais para o alcance de melhores níveis de saúde individual e coletiva (BRASIL, 1990).
Segundo, CARVALHO (2007) considera que a integralidade na saúde tem duas dimensões: a dimensão horizontal que se refere à ação de saúde em todos os campos, o que exige a organização de todos os nivéis de atenção articulando-se a referência e contrarreferência entre os serviços de pequena, média e alta complexidade de forma efetiva e resoluta: e a dimensão vertical que inclui a visão que se tem do ser humano como um todo, único e indivisível, o que extrapola uma atenção fundamentada apenas no aspecto biológico. Assim, pressupõe um olhar para as questões que envolvem o afetivo, o biológico, o espiritual, o sociocultural, entre outras de cada pessoa que se cuida.
 A integralidade não é apenas uma diretriz do SUS, definida constitucionamente, mas uma bandeira de luta que parte de uma imagem objetivo, que se refere a um conjunto de valores pelos quais vale a pena lutar, pois se relacionam a um ideal de sociedade mais justa e mais solidária. Nesse sentido, propóe três conjuntos de sentidos aos termo integralidade: o primeiro refere-se aos tributos das práticas profissionais de saúde; o segundo, aostributos das organização dos serviços e o terceiro, às respostas governamentais aos problemas de saúde.
 Embora o termo integralidade possa representar diversos conceitos e indicar diversas possibilidades de atenção e organização dos serviços de saúde em princípio, está associado ao tratamento digno, respeitoso, com qualidade, acolhimento e vinculo (CARVALHO AC, 2007).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 A análise desenvolvida durante o trabalho reforçou a importância da história e da construção do Sistema Único de Saúde- SUS enquanto na sua totalidade, para toda a população,em todos os seus níveis de complexidade, evidenciando uma grande avanço da nossa política pública, embora ainda exige esforços da sociedade, inclusive dos trabalhadores da área, para enfrentamento criativo e persistente dos desafios, para firma-lo como sistema capaz de promover as ações de saúde necessárias ao nosso contexto sociopolítico e econômico.
Conforme o objetivo do trabalho consistiu em traçar a relação destes princípios e seualcance no contexto sócio politico, se fez necessário discorrer acerca do seu fundamento e da sua história, o que demonstra as características e especificidades de cada um na construção da história da politica pública de saúde.
Foi possível, a partir da constatação socioeconômica e política, considerar a saúde como direito social não somente como uma parte de uma política pública, mas sim como amplo regime de proteção social.
Destacou-se, nesse período, a contribuição não apenas na saúde, mas em todas as politicas sociais brasileiras, o que permitiuo reconhecimento do direito de cidadania, pautadas como dever do Estado.
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