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Sociologia 1606

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Questões sobre o texto Prof. Arnaldo Lemos Filho (http://sociologial.dominiotemporario.com/sociologiadodir_23.html) 
1. Como o autor explica e fundamenta uma situação de pluralismo jurídico? 
O autor utiliza a favela, mas especificamente a de Passarada, para explicar uma situação de pluralismo jurídico, que pode ocorrer quando no mesmo espaço geopolítico vigoram mais de uma ordem jurídica. Esta pluralidade normativa pode ter uma fundamentação econômica, rácica, profissional ou outra, podendo causar revoluções que transformam a sociedade, ou pode ainda resultar, como no caso de Pasárgada, da conformação específica do conflito de classes numa área determinada da reprodução social, neste caso, a habitação. A ilegalidade da habitação é o principal motivo do surgimento desse paralelo jurídico
2. Como o autor determina a relação de pluralismo jurídico numa favela? 
Na favela, esse pluralismo jurídico é observado na vigência não-oficial e precária de um direito interno e informal, gerido, entre outros , pela associação de moradores, e aplicável à prevenção e resolução de conflitos no seio da comunidade decorre antes da luta pela habitação
3. Por que a posse ou a propriedade da terra é determinante nas relações sociais? 
A propriedade ou a posse da terra é tanto a maneira mais eficiente, quanto a mais justa de se organizar a sociedade humana. É a base da sociedade civilizada. O direito de propriedade faz com que os donos de determinado bem tenham incentivos para utilizá-lo da melhor forma possível, pois colherá os benefícios em prol de sua própria pessoa levando , dessa maneira, toda sociedade a uma situação melhor. 
4. Quais as dificuldades metodológicas que o autor teve na sua pesquisa? 
As dificuldades da investigação histórica no domínio sócio-jurídico são inúmeras, sobretudo quando o objetivo é capturar a gênese das formas e estruturas jurídicas. As dificuldades são ainda maiores quando, como no caso presente, é quase total a carência de documentação escrita. Para as obviar, recorri a entrevistas com os moradores mais antigos de Pasárgada e sobretudo com aqueles que ali viveram desde o início da comunidade. É sabido que este método sociológico tem muitas limitações e que o rigor do conhecimento através dele obtido é sempre muito problemático.
 5. Analise a dimensão histórica da favela pesquisada. 
A história dessa comunidade começa na metade do ano de 1930, onde começou a ser ocupada pelos primeiros habitantes. Um local de terra abundante dificilmente era palco de disputa, cada um que chegava logo demarcava seu lugar e construía sua humilde moradia. 
Rapidamente o povoado cresceu e com ele a melhoria na construção das moradias, mas em acompanhamento a esse crescimento veio também os muitos conflitos pela posse da terra, que lamentavelmente eram resolvidos pela violência , muitas vezes através do uso de arma s brancas e de fogo. Mas os moradores mais recentes afirmam que essa realidade de violência ficou no passado: “Oh! agora é diferente. Agora as questões são tratadas em paz e tenta-se decidir de acordo com a justiça”.
6. Quais os fatores que levaram a um aumento da violência? 
Por um lado, a indisponibilidade ou inacessibilidade estrutural dos mecanismos de ordenação e controle social próprios do sistema jurídico brasileiro, por outro lado a inexistência de mecanismos alternativos, de origem comunitária, capazes de exercer, ainda que de modo diferente e apenas nos limites da comunidade, funções semelhantes às dos mecanismos oficiais. No que respeita ao primeiro fator, a indisponibilidade diz-se estrutural, sempre que as suas razões transcendem ao domínio motivacional e, portanto, o nível de eventos da interação social, independentemente do grau de universalização desta. Ente os mecanismos oficiais de ordenação e controle social, serão referidos dois: a Polícia e os Tribunais
7. Quais as dificuldades da polícia e da justiça numa favela na solução dos conflitos?
Desde quando se formaram as primeiras moradias nas favelas, o problema com a polícia era que os próprios moradores já tinham um conflito com ela devido a ilegalidade de residência, portanto, não achavam coerente a presença de policias para a solução de conflitos internos e resolviam entre eles mesmo, e quem se dispusesse a ajudar a polícia, era punido por outros moradores depois.
Já a justiça, representada por advogados e juízes por exemplo, são considerados uma realidade muito distante deles, que não tem verba necessária para usufruir de tais direitos, além do medo de recorrer ao judiciário e trazer insatisfações e problemas para si próprio.
8. O que significa a expressão “nós éramos e somos ilegais”? 
A expressão faz relação ao modo em que os moradores se instalaram e construíram seus barracos desde o início da comunidade e até hoje, ou seja, ilegalmente. Fazendo-se também uma relação ao poder judiciário, uma vez que o Estado sabe da existência das favelas e da ilegalidade das moradias e nada faz, correndo o risco de um dia possa causar um problema.
9. Por que o autor conclui que há uma situação de “privatização possessiva do direito”? O que significa essa expressão?
A privatização possessiva do direito constitui-se por uma dialética entre a tolerância extrema e a violência próxima. É esta a dialética que se detecta em Pasárgada na fase da sua história que estivemos a analisar.

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