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1 
 
Ética e Responsabilidade Social 
 
Apresentação 
 
Este material é parte integrante da Disciplina Ética e Responsabilidade Social. Você acessa o 
ambiente virtual de aprendizagem: estuda, realiza as atividades, esclarece as dúvidas com seu 
professor-tutor! Aqui, você reforça o seu estudo, ainda tem a possibilidade de realizar mais 
atividades, aprimorando, assim, o seu aprendizado. 
 
Para ajudá-lo a consolidar seus conhecimentos, ao longo do material, você encontrará ícones com 
funções e objetivos distintos. Observe: 
 
Fique atento: destaca alguma informação importante que não deve ser esquecida por 
você. Também pode acrescentar um conhecimento novo ou uma experiência ao tema 
tratado. 
 
Dica: traz novos conhecimentos em relação ao tema tratado ou pode indicar alguma 
fonte de pesquisa para que você aprofunde ainda mais seus conhecimentos no futuro. 
 
Leitura complementar: indicação de um artigo com o objetivo de você se aprofundar no 
assunto a ser tratado. 
 
Consolidando a aprendizagem: são listas de perguntas cujo objetivo é você confirmar, 
negar ou criar um novo conhecimento ou opinião acerca do assunto que foi tratado no 
material. 
 
Objetivos da unidade: informa o que você precisa aprender em cada unidade. 
 
 
Aproveite! Você tem em mão a chance de desenvolver ou aprofundar seus conhecimentos na área 
de Ética e de Responsabilidade Social. 
 
 
Objetivo Geral da Disciplina 
Analisar criticamente os acontecimentos sociais, políticos e culturais à luz da ética e da 
responsabilidade social no contexto da sociedade contemporânea. 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Sumário 
Unidade I - Ética e Responsabilidade Socioambiental .......................................................................... 5 
1.1 – Ética .......................................................................................................................................... 6 
1.2 - Problemas morais e problemas éticos ...................................................................................... 9 
1.3 - Ética, moral e direito ............................................................................................................... 10 
1.4 - Ética na nossa vida .................................................................................................................. 12 
1.5 - Ética nas organizações ............................................................................................................ 13 
1.6 - Solidariedade orgânica e mecânica ......................................................................................... 15 
1.7 - Responsabilidade Socioambiental .......................................................................................... 18 
1.8 - Gestão socioambiental: mudança de paradigma.................................................................... 22 
Unidade II - Responsabilidade Socioambiental: desenvolvimento sustentável, ecologia, tecnologia e 
globalização ......................................................................................................................................... 25 
2.1 - Responsabilidade socioambiental no contexto de uma visão ecossistêmica da sociedade ... 26 
2.2 - Empresas, Estado e Sociedade Civil ........................................................................................ 27 
2.3 - Gestão ambiental e sustentabilidade ..................................................................................... 29 
2.5 - O impacto do consumo nos recursos naturais do planeta ..................................................... 30 
2.6 - A Responsabilidade socioambiental no contexto de uma visão ecossistêmica da sociedade 33 
2.7 - O Pacto Global ......................................................................................................................... 35 
Unidade III - Desafios éticos da atualidade ......................................................................................... 39 
3.1 - Ética legal ................................................................................................................................ 40 
3.2- A relação entre ética, tecnociência, bioética e responsabilidade social.................................. 42 
3.3 - Ética na era digital: propriedade intelectual, direito autoral e plágio .................................... 43 
Unidade IV - A ética e a responsabilidade social nas relações humanas ............................................ 47 
4.1 - Cultura e Diversidade cultural ................................................................................................. 48 
4.2 - Ética profissional ..................................................................................................................... 50 
4.3 - Código de Ética Profissional .................................................................................................... 53 
4.4 - Assédio: moral, intelectual e sexual ........................................................................................ 54 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Unidade I - Ética e Responsabilidade Socioambiental 
 
 
Objetivos da unidade: 
Nesta unidade você irá: 
 Conceituar ética, moral, amoral, imoral e direito; 
 Relacionar ética e cidadania; 
 Diferenciar ética de moral; 
 Caracterizar empresa ética. 
 
6 
 
1.1 – Ética 
Ética é o ramo da filosofia que estuda o comportamento moral do ser humano, 
classificando-o como bom ou ruim, certo ou errado. Assim, tem-se que antiético diz respeito ao que 
não considera o bem comum (ou vai de encontro a ele). 
Com relação à ética existem regras ou princípios que se aprende, mas nem sempre se 
segue, isto porque a ética não representa a lei. Preceitos de ética podem ser aprendidos e 
apreendidos e é através da educação, da informação e da comunicação que indivíduos éticos são 
forjados. 
 
 
Ética e cidadania 
A cidadania é o exercício dos direitos e deveres com base na legislação vigente na 
sociedade em que o sujeito vive. Ela também é a participação integral do indivíduo em uma 
comunidade política que lhe confere um conjunto de direitos e de deveres. A cidadania incorpora 
uma reflexão ética sobre os valores e regras que norteiam os atos praticados (nossos e dos outros). 
No sentido etimológico deriva da palavra civita, que em latim significa cidade. O termo tem 
o seu correlato grego na palavra politikos – aquele que habita na cidade. No mundo ocidental, a 
cidadania instaura-se a partir das lutas que culminaram na Independência dos EUA e na Revolução 
Francesa. A partir destes eventos a organização política e social deixa de se basear nos deveres dos 
súditos e passa a se basear nos direitos e deveres dos cidadãos. 
 
 
Ética - reflexão sobre os diversos atos praticados (nossos e dos outros) e sua relação com o bem 
comum. 
Moral – diz-se das ações, nas relações sociais, baseadas nos valores e regras que norteiam nosso 
comportamento. 
Imoral – diz-se das ações, nas relações sociais, que não respeitam valores e regras que norteiam 
nosso comportamento. 
Amoral – diz-se das ações, nas relações sociais, que não são norteadas por valores e regras de 
espécie alguma. 
 
 
7 
 
A cidadania liga-se ao exercício de três categorias de direitos: 
 direitos civis - Direito à justiça, à propriedade, à livre locomoção, à livre expressão e 
manifestação; direito de receber igual tratamento perante a lei; 
 direitos políticos - Direito à participação no poder político; direito à elegibilidade;direito ao 
voto; 
 direitos sociais – Direito de acesso ao mínimo de bem-estar e segurança material dentro do 
padrão de civilização vigente na sociedade. 
 
Entretanto, não basta que tais direitos sejam declarados ou figurem na lei. É necessário um 
aparato institucional que garanta sua plena operação na vida real. Exercer a cidadania plena é ter 
direitos civis, políticos e sociais. Implica no reconhecimento, por parte do Estado da igualdade 
entre os indivíduos. Ter cidadania é também cumprir com os deveres que são impostos pelos 
governos legitimamente eleitos. 
Cidadania implica no acesso à educação, à saúde, ao lazer, aos bens culturais, ao convívio 
equilibrado com o meio ambiente; respeitar o outro, suas escolhas, seu credo, sua condição e 
opção sexual, política e filosófica, são também evidências da cidadania. A cidadania é a esfera de 
direitos e deveres conferida aos indivíduos, sem qualquer discriminação seja de idade, cor, raça etc. 
É importante observar que os direitos incluídos na categoria “direitos do cidadão” podem 
mudar ao longo do tempo. Os grupos que têm acesso à categoria de “direitos do cidadão” também 
podem mudar ao longo da história. Os “direitos do cidadão” são históricos e dependem das lutas 
políticas. A cidadania relaciona-se com a participação consciente e responsável do indivíduo na 
sociedade, zelando para que seus direitos não sejam violados e para que novos direitos sejam 
adquiridos. 
 
O que significa mesmo ser cidadão? 
Bom, de forma resumida, significa conhecer bem seus direitos e deveres e orientar seu 
comportamento por este conjunto de princípios e de valores. 
Cada indivíduo deve se tornar cidadão, ou seja, respeitar e ser respeitado; ter 
oportunidades para realizar projetos, tendo direito a uma vida digna. 
 
Mais uma questão: Será que uma empresa também pode ser “cidadã”? 
Sim, quando a empresa passa a agir na transformação do ambiente social ela se torna uma 
empresa-cidadã, ou seja, a empresa não se atém apenas aos resultados financeiros do balanço 
econômico, mas busca avaliar a sua contribuição à sociedade, se posicionando de forma proativa, 
combatendo os problemas sociais. 
 
8 
 
Segundo Rohden (1996), o conceito de cidadania empresarial encampa a noção de 
corresponsabilidade da empresa pelos problemas da sociedade, definindo como empresa-cidadã 
“aquela que não foge aos compromissos de trabalhar para a melhoria da qualidade de vida de toda 
a sociedade”. 
A evolução do conceito de cidadania atinge não apenas os indivíduos como também as 
organizações. A cidadania empresarial expressa a postura da organização face às demandas da 
sociedade. A evolução da consciência do cidadão quanto a seus direitos gera demandas sobre as 
organizações. As práticas adotadas pelas organizações geram impactos na promoção ou na 
degradação da cidadania. 
 
Cidadania Corporativa 
São as ações desenvolvidas por uma empresa em benefício da comunidade – seja daquela 
na qual a empresa está inserida, seja da sociedade como um todo. Com a cidadania corporativa, a 
empresa é parceira e corresponsável por ações para reduzir os problemas sociais e contribuir para 
o desenvolvimento sustentável. 
 
 
Há uma lei que regulamenta a assistência social no Brasil. A Lei nº 8.742/93 cujo 
objetivo é a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, o amparo 
às crianças e adolescentes carentes, a promoção da integração ao mercado de trabalho, a 
habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração 
à vida comunitária, a garantia de 1 (um) salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora 
de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção 
ou de tê-la provida por sua família. 
 
9 
 
1.2 - Problemas morais e problemas éticos 
A moral está relacionada aos atos e aos hábitos, às ações dos indivíduos, por isso diz-se que 
os problemas morais relacionam-se à prática e a situações especificas. 
Os problemas éticos envolvem reflexões teóricas sobre os problemas morais, são 
abrangentes e sempre atingem a comunidade como um todo. Problemas éticos então se 
relacionam a questões mais teóricas. Em última instância, pode-se dizer que a ética só pode ser 
exercida no campo da moral (pois a moral é que se relaciona com as ações, com a prática). 
Por exemplo, a definição do que é bom é um problema ético. Mas depois, o que se 
estabelece como bom ou ruim vira uma regra e se incorpora à moral. No entanto, estabelecer o 
que o indivíduo deve fazer numa determinada situação para ser considerado bom é um problema 
moral. 
Para Sócrates, a investigação sobre a ética tem a ver com o que queremos como escolha do 
nosso destino: viver para o bem ou viver para o mal. 
 
Não temos meios de distinguir entre o certo e o errado se não levarmos em conta os 
sentimentos dos outros, o propósito de fazer o bem aos outros. 
Dalai Lama. 
 
 
 
O livro de Michael J. Sandel “Justiça – o que é fazer a coisa certa”, da Editora 
Civilização Brasileira, relançado em 2013 aborda problemas éticos e morais. É baseado 
no curso “Justice”, um dos mais procurados na Universidade de Harvard. Neste livro o 
autor relaciona problemas cotidianos à filosofia. 
 
10 
 
1.3 - Ética, moral e direito 
Os conceitos de ética, direito e moral estão intimamente relacionados. Toda a reflexão 
ética se faz no campo da moral e é dessa reflexão que nascem as leis. Sendo assim, a moral baseia-
se, entre outras coisas, nas leis. 
Mas, a ética não está necessariamente relacionada à lei (embora a lei procure atuar de 
forma ética), isso porque a ética se preocupa com o bem comum, e muitas vezes a lei – construída/ 
estruturada pelos homens não consegue atuar de forma abrangente o suficiente, ou acaba por 
refletir uma visão parcial da situação, isto porque a lei é estruturada pelos homens e para os 
homens (a partir de questões culturais, históricas e da natureza humana). 
Quando os valores e costumes estabelecidos numa determinada sociedade são bem 
aceitos, não se percebe a necessidade de reflexão sobre eles. Mas, quando surgem 
questionamentos sobre problemas, costumes ou valores consolidados pela prática, surge a 
necessidade de fundamentá-los teoricamente ou criticá-los. Por isso, a experiência ética cotidiana é 
fundamental! 
Existem alguns princípios éticos e morais que estão na Constituição Federal. Tudo isso 
revela a interdisciplinaridade entre esses campos. 
O diagrama representa como os três campos se relacionam. Observe. 
 
1 – Ações com base em valores e regras que norteiam nosso comportamento (instituições 
culturais). 
2 – Leis/normas que norteiam nosso comportamento. 
3 – Reflexões que envolvem juízo de valor a respeito das ações e sua relação com o bem comum. 
4 – Reflexão sobre instituições culturais vigentes que não são leis ou normas/Ações pautadas pela 
reflexão. 
5 – Reflexões sobre as leis/normas vigentes. 
6 – Ações com base nas leis/normas estabelecidas. 
 
 
11 
 
 
 
Qual a diferença entre ética e moral? 
A moral diz respeito às regras através das quais vivem e convivem os integrantes de um 
grupo. Para se mostrarem efetivas (para que todos as sigam) estas regras apresentam-se como 
normas obrigatórias de ação, que podem ou não estar apoiadas nos livros ou mesmo na tradição de 
um grupo social (OLIVEIRA, 2013). 
A ética é uma disciplina que procura refletir sobre a moral, colocando questões sobre os 
tipos de raciocínios que a sustentam, procura observar se todos os seus ideais são plenamente 
compatíveis. Logo, a ética é uma disciplina reflexiva, que está preocupada com problemas de 
ordem prática,problemas que nos atingem a todos, como por exemplo, a amplitude de nossa 
liberdade de ação no mundo, a preocupação com o sofrimento de grupos ou seres com os quais 
não nos identificamos normalmente, o cuidado com o direito das novas gerações de viverem num 
mundo habitável etc. (OLIVEIRA, 2013). 
Uma questão importante é o fato de que muitas vezes as regras e padrões de 
comportamento que fazem parte da moral não sejam comumente questionados. Isto porque 
desde pequenos, somos acostumados a resolver nossas questões práticas com base nos princípios 
orientadores da moral de nossa cultura. Só que esquecemos que tais princípios são construídos 
socialmente, e ao se naturalizarem com o tempo para todos que formam o grupo em questão, 
ganham a força de se parecem autoevidentes (OLIVEIRA, 2013). 
 
O código de ética de uma classe não é lei, mas ele pode ser citado por 
em Juízo se além da infração ética houver necessidade de uma ação civil ou 
criminal. 
O campo da moral é muito amplo. Se não existir uma reflexão ética 
sobre determinado assunto, nem leis que normatizem a questão, a pessoa tem 
que se valer do bem-comum – no campo da moral - para chegar a uma decisão. 
 
 
12 
 
Dito de outro modo, as pessoas acabam agindo sem refletir, sem se preocupar com a ética 
e quando questionadas respondem “ajo deste modo porque sim!”. Entretanto se pretendemos 
construir relações melhores no lar, no trabalho, na faculdade e no meio ambiente, devemos 
começar a refletir sobre nossos atos, e por isso a ética vem em nosso auxílio, nos fazendo pensar 
sobre eles com a seguinte questão: Agir deste modo é agir com humanidade? 
 
1.4 - Ética na nossa vida 
De acordo com Adela Cortina (1994) as palavras são criações humanas que ganham outros 
sentidos e conotações ao longo do tempo, logo, não é possível fixar um sentido único para as 
coisas. Mas ainda assim é possível fazermos a seguinte pergunta: qual o significado que podemos 
dar à ética? Para a autora, ético é um tipo de saber que orienta a ação. 
Agir com ética é um modo de orientar nossa ação racionalmente. Quem não pensa nas suas 
ações e consequências, não age racionalmente. 
A ética é uma indagação sobre a vida e o sentido da vida, não é algo pontual, como por 
exemplo, serei ético neste aspecto e antiético em outro aspecto da vida. Para Cortina (1994) ou 
você problematiza a ética na sua vida ou deixa de agir racionalmente, tendendo ao comportamento 
ético. 
A palavra ética vem do termo grego ethos, que significa caráter ou modo de ser. O caráter 
de um homem é decisivo para sua vida, porque ainda que ele sofra interferência de fatores 
externos, o seu caráter assume o centro da sua tomada de decisões. 
Por isso, Heráclito, de Éfeso, dizia: “O caráter é para um homem seu destino: segundo o 
caráter que ele possua, enfrentará a vida com ânimo ou com desânimo, com esperança ou com 
pessimismo e amargura”. 
A ética é o tipo de saber que pretende nos orientar no sentido do caráter, de modo que se 
não podemos transformar o que não está a nosso alcance, que transformemos o que pode ser 
transformado, no sentido de tomar decisões prudentes. 
O homem prudente toma boas decisões. Aliás, a finalidade da filosofia, como amor ao 
saber é justamente isso, gerar homens sábios, que não só foram conhecedores dos segredos da 
natureza, mas que souberam viver e, sobretudo, como dizia Aristóteles, souberam viver bem. A 
ética se propõe a fazer o homem aprender a viver bem. 
 
 
 
13 
 
1.5 - Ética nas organizações 
Qual a nossa meta na vida? Qual a meta das nossas ações e atitudes? Respondido isso, 
nosso caráter agirá nesse sentido e será ético à medida que disponibilizarmo-nos a isso. Ou seja, a 
partir disso, pensaremos nos meios para atingir os fins. E hábitos bem orientados se tornam 
virtudes, ao passo que hábitos mal orientados se tornam vícios. 
Ao falar sobre a liberdade, Kant acentua: se devo é porque posso. Então sou livre para 
escolher o que devo fazer. As minhas ações dizem respeito a mim mesmo. Mas aquilo que faço e 
que causa impacto à sociedade envolve que eu me responsabilize por isso, pelo social. Por isso, as 
organizações e instituições têm uma responsabilidade social inegável, pois suas ações, por 
excelência, interferem na sociedade e os fins a que perseguem são sociais. 
Para Cortina (1994) liberdade e responsabilidade são indispensáveis no mundo ético. Assim 
como pensar sobre o futuro. Os projetos éticos são antes de tudo projetos futuros, para o futuro. 
Logo, devem ser tomados por aqueles que veem longe, não são imediatistas. 
Daí o conceito de sustentabilidade ser tão importante, na medida em que propõe que a 
ação do homem sobre a natureza, não exaure suas forças, mas, ao contrário, trabalhe para que 
ambos sobrevivam. 
 
Mas é possível se perguntar sobre qual a meta da organização, o seu fim? 
O fim de uma organização é sempre social, porque ele produz bens e serviços para a 
sociedade. Logo é valido perguntar qual a função da empresa? Aí é que está o problema, pois 
muitas empresas têm como função ser apenas um negócio. E esse é seu fim, ou seja, se tornar uma 
mercadoria. 
Mas, o que muitas vezes esquecemos é que toda empresa deve produzir os bens a que se 
propõe, sem comprometer os direitos dos consumidores, dos trabalhadores etc. Perseguir metas e 
respeitar os valores da sociedade no que se refere a seus direitos. 
No saber ético não pode valer a expressão “a qualquer preço”, pois há preços que nem as 
pessoas, nem as organizações podem pagar. Uma organização como uma pessoa deve atuar com 
prudência e justiça, afinal, somos nós que atuamos nas organizações! 
 
 
 
14 
 
Empresas éticas 
Segundo Rosa Valim (2013), para que uma empresa seja considerada ética ela deve se 
pautar por princípios éticos, ou seja, deve definir regras para nortear as práticas empresariais e 
estas devem ser incorporadas à essência da organização. 
Uma empresa que pratica Responsabilidade Social se preocupa em verificar sempre se os 
princípios adotados estão incorporados às suas práticas empresariais. Revisão constante é 
fundamental. 
Empresa responsável socialmente define, implementa princípios éticos e se preocupa em 
verificar se as práticas de seus stakeholders (todas as pessoas interessadas no sucesso da empresa 
– de forma direta ou indireta) estão embasados nas regras ou princípios que definiu. 
A exploração de matéria prima pode ser danosa ao meio ambiente, à sociedade e à 
economia, por este motivo, uma ética para o desenvolvimento pressupõe a continuidade dos 
investimentos, pesquisas e da exploração de matéria prima, de modo a se respeitar e proteger 
todas as espécies, evitando a extinção das mesmas. 
As condições para a existência de vida na Terra estão inteiramente relacionadas às 
atividades humanas em nosso planeta. É preciso reduzir o consumo de matéria prima, pois da 
forma desenfreada como tem sido feito, corremos o risco de não darmos sustentabilidade às 
gerações futuras. Neste contexto é preciso investigar: as questões éticas, valores e atitudes 
compreendidos na relação do ser humano com a economia, sociedade e meio ambiente; a origem e 
o destino social dos recursos tecnológicos; a consequência para a saúde pessoal e ambiental; as 
vantagens sociais do emprego de determinadas tecnologias. 
Uma sociedade sustentável deve buscar unificação entre economia, meio ambiente e 
sociedade e para isto deve preservar (proteger contra a destruição e dano); deve conservar 
(utilizando racionalmente um recurso); deve buscar recuperar o que foi danificado (buscando 
restabelecer as características originais); deve criar norma para evitar a degradação, através da 
adoção de medidaspreventivas legalmente necessárias e as medidas de vigilância adequadas. É 
preciso salvaguardar o ecossistema. 
Os avanços biotecnológicos no setor agrícola se constituíram num processo dinâmico que a 
cada ano incorpora novas tecnologias e permitem o aumento da produtividade e da riqueza e 
melhoram as condições da vida dos seus membros. 
Adotar medidas que deem à empresa uma imagem de respeito à natureza, valorizando o 
verde e o ecológico ajudam o negócio a melhorar a imagem que os clientes têm do produto e é 
uma oportunidade da empresa investir em melhorias. Por exemplo, a empresa pode implementar 
ações de educação sobre o consumo responsável, coleta seletiva e reciclagem e associar a imagem 
de seu produto a essas ações. 
 
15 
 
Leonardo Boff ao abordar a Ética do Cuidado, exaltando a importância de uma ética de 
consenso mínimo (princípios mínimos acordados entre todos) que possam ajudar a minimizar os 
efeitos causados por uma globalização que deixa para trás cidades abandonadas, crianças e jovens 
desassistidos, a economia devastada por processos especulativos, ecossistemas descuidados e o 
planeta entregue à própria sorte. É preciso elaborar uma ética do cuidado, que funcione como um 
consenso mínimo a partir do qual todos possamos nos amparar e desenvolver uma atitude 
cuidadosa, protetora e amorosa para com a realidade. 
 
 
 
1.6 - Solidariedade orgânica e mecânica 
De acordo com Regina Moraes (2014), falar sobre Ética e Responsabilidade Social em 
épocas de Capitalismo chamado selvagem, requer que analisemos os fatos a partir de uma 
percepção de conjunto. E neste ponto surge o conceito de solidariedade orgânica, que simboliza 
que todos nós estamos comprometidos ou associados na extensa divisão social do trabalho, ao 
redor do mundo. 
Por exemplo: Eu não planto café, nem transporto o café para o mercado, nem trabalho no 
mercado, mas todos os dias tomo café, cujo pó alguém comprou para me servir o café, seja no 
trabalho ou em casa. Este é um pequeno exemplo, mas imagine toda a solidariedade orgânica que 
envolve o mundo. Dependemos uns dos outros, nessa cadeia produtiva sem fim, ao redor do 
planeta. 
O uso de filtros para preservar o meio ambiente; o descarte inteligente de resíduos; a água 
reutilizada como vapor para recuperar insumos ou destinada à irrigação de plantações, 
para futura produção caracterizam que a empresa trabalha com responsabilidade social. 
Agora, a criação de peixes, em aquários particulares, para serem devolvidos ao seu habitat 
natural, para aumentar esta população, que estava sendo dizimada, ou por exemplo, o uso 
de madeira para construção de móveis, casas, retiradas da floresta com autorização de um 
órgão ambiental, são exemplos que correspondem à sustentabilidade. 
 
O uso de filtros para preservar o meio ambiente; o descarte inteligente de resíduos; a 
água reutilizada como vapor para recuperar insumos ou destinada à irrigação de plantações, para 
futura produção caracterizam que a empresa trabalha com responsabilidade social. Agora, a 
criação de peixes, em aquários particulares, para serem devolvidos ao seu habitat natural, para 
aumentar esta população, que estava sendo dizimada, ou por exemplo, o uso de madeira para 
construção de móveis, casas, retiradas da floresta com autorização de um órgão ambiental, são 
exemplos que correspondem à sustentabilidade. 
 
16 
 
O sociólogo Émile Durkheim estudou a solidariedade orgânica e a divisão do trabalho 
ligadas a esta solidariedade. Em suas pesquisas verificou que a modernidade nos trouxe uma 
indústria com muitas tecnologias, o que permitiu que o trabalho se dividisse ao longo de uma 
cadeia produtiva, que se perde de vista através das redes e fronteiras. Criou-se a terceirização, a 
quarteirização e os trabalhadores perderam o sentido do que estão fazendo nesta cadeia produtiva 
tão complexa, gerando o que Durkheim chama de anomia, ou seja, um trabalho sem o sentido de 
enriquecer a identidade da pessoa, um trabalho que se funda no lucro. 
Mas tudo isto não deve ser estudado como uma caça às bruxas, não existem culpas, mas 
uma cultura capitalista, muitas vezes irresponsável e antiética que se dissemina ao redor do 
planeta. Convém, neste momento, que cada um de nós faça uma reflexão sobre nossos próprios 
atos. 
A vida cotidiana é demarcada pela vida em grupo. Estamos o tempo todo nos relacionando 
com outras pessoas. Mesmo quando ficamos sozinhos, a referência de nossos devaneios são os 
outros: pensamos em nossos amigos, na próxima atividade – que pode ser assistir à aula de inglês 
ou realizar nova tarefa no trabalho (que, provavelmente, envolverá mais de uma pessoa); 
pensamos no nosso namoro, em nossa família. Raramente encontraremos uma pessoa que viva 
completamente isolada, mesmo o mais asceta dos eremitas levará, para o exílio voluntário, suas 
lembranças, seu conhecimento, sua cultura. Talvez seja por isso que nossas vidas encontram 
sempre certa regularidade, que é necessária para a vida em grupo. 
As pessoas vivem, em nossa sociedade, em campos institucionalizados. Geralmente moram 
com suas famílias, vão à escola, ao emprego, à igreja, ao clube; convivem com grupos informais, 
como o grupo de amigos da rua, do bar, do centro acadêmico ou grêmio estudantil etc. Em alguns 
casos, a institucionalização nos obriga a conviver com pessoas que não escolhemos. Quando 
conhecemos nossa primeira classe no ensino médio ou na universidade, descobrimos que vamos 
conviver com um grupo de 20, 30 ou 40 pessoas com as quais – como geralmente acontece – não 
tínhamos nenhum contato. A essa forma de convívio que independe da nossa escolha chamamos 
solidariedade mecânica. A afiliação a um grupo independe da nossa vontade no que diz respeito à 
escolha de seus integrantes. A solidariedade orgânica é a forma de convívio na qual nos afiliamos a 
um grupo porque escolhemos nossos pares. É o caso do grupo de amigos que se reúne nos finais de 
semana para jogar futebol ou que decide formar uma banda. A afinidade pessoal é levada em 
consideração para a escolha do grupo. Nos grupos em que predomina a solidariedade mecânica, 
geralmente formam-se subgrupos que se caracterizam pela solidariedade orgânica, como é o caso 
das “panelinhas” em sala de aula ou do grupo de amigos em uma fábrica ou um escritório. 
 
 
17 
 
Os valores morais de uma cultura não são naturais, apesar de assim parecerem para 
muitos. Eles são construídos. Os valores morais são aqueles que regulam a convivência dos 
integrantes de uma cultura, estejam eles codificados em seus grandes livros ou fazendo parte de 
seu senso comum. A ética é a disciplina que reflete sobre os caminhos e os descaminhos dos 
valores da nossa cultura. 
Vivemos hoje uma sociedade de moral individualista, onde a competição é a palavra de 
ordem e onde o culto ao sucesso pessoal se tornou um valor máximo. Contudo, para não ficarmos 
paralisados num pessimismo fatalista, é bom lembrarmos de exemplos muito relevantes na 
contramão dessa tendência. Afinal, ao lado do imenso individualismo incentivado hoje em nossa 
cultura, registra-se também o desenvolvimento de resistências a essa cultura, que tomam a forma 
de grupos comunitários reunidos em prol da qualidade social da vida e da luta por direitos 
continuamente desrespeitados. O processo de conscientização em torno da necessidade desses 
valores de cooperação não se completa antes da ação: ele ganha corpo durante as ações 
comunitárias desenvolvidas, ou seja, à medida que estas são concretamente vivenciadas pelo grupo 
e refletidas por seus integrantes, através de uma atitude dialógica. 
A reflexão que move os integrantes de tais grupos surge da prática, devendo retornar a ela 
sempre para queo discurso de intervenção não se torne engessado em torno de uma visão 
desligada dos obstáculos e dos impasses, que continuarem a ser registrados. Obstáculos e impasses 
não nos deveriam fazer descrer do valor da resistência; devem, sim, alimentar novas reflexões e 
novas pesquisas da literatura sobre os desafios encontrados. 
 
 
O artigo publicado na Revista Veja, de Gustavo Ioschpe: Devo educar 
meus filhos para serem éticos? problematiza a importância da ética na nossa 
vida e o dilema enfrentado por quem a vive. 
O link está disponível no ambiente virtual de aprendizagem. 
 
 
18 
 
1.7 - Responsabilidade Socioambiental 
Segundo o Instituto Ethos, responsabilidade socioambiental “é a forma de gestão que se 
define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se 
relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento 
sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais para as gerações futuras, respeitando 
os aspectos culturais e a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais”. 
 
 
 
1.7.1. Análise histórica sobre a percepção das questões sociais e ambientais 
O objetivo é perceber como as questões sociais e ambientais foram chamando a atenção 
das pessoas para que pudessem se tornar um tema importante de debate na sociedade 
contemporânea. 
 
ANOS 50 
A década de 1950 marcou o início da discussão sobre as questões sociais e ambientais. Em 
1953, ocorreu o acidente na Baía de Minamata, no Japão: derramamento de mercúrio com 700 
mortos e 9.000 doentes crônicos. Em 1957, ocorreu o primeiro acidente nuclear da história em 
Tcheliabinski (URSS). Estes episódios foram importantes para chamar a atenção da imprensa e de 
outros setores da sociedade para as questões sociais e ambientais. 
 
INSTITUTO ETHOS - visa desenvolver e aplicar ferramentas de gestão que permitam o 
planejamento e a ampliação do controle dos impactos das atividades das empresas sobre a 
sociedade e o meio ambiente. 
 
Acesse: http://www3.ethos.org.br/ 
 
 
19 
 
Naquela época, o meio ambiente era considerado o local para o descarte dos resíduos da 
produção industrial. Acreditava-se que a natureza tinha capacidade ilimitada de assimilar esses 
resíduos e, também, que a preservação ambiental não era tão importante quanto o progresso 
econômico. Na área social, os donos de empresas eram alvo de pedidos de assistência por parte de 
pessoas, grupos ou comunidades carentes. Os empresários abastados prestavam assistência aos 
carentes, indo além de suas responsabilidades legais. Porém, essas doações ocorriam por 
motivações religiosas ou humanitárias e ficaram conhecidas como ações filantrópicas. 
 
ANOS 60 
Em 1967, o naufrágio do petroleiro Torrey Cânion na Inglaterra poluiu centenas de 
quilômetros da Costa da Comualha. Eclodiram movimentos sociais na Europa e na América: 
pacifistas, feministas, raciais, de direitos humanos e ambientalistas. 
No final da década é criado o National Environmental PolicyActnos EUA, focado na 
promoção da harmonia entre o homem e o seu ambiente. 
Joseph McGuirre passou a defender que as empresas não deveriam ajudar a sociedade 
apenas por razões humanitárias, mas como um compromisso moral. 
No Brasil, a Associação de Dirigentes Cristãos passou a defender a ideia de que as empresas 
devem possuir uma função social. As indústrias se tornaram o principal alvo das críticas 
ambientalistas. 
 
ANOS 70 
Em 1976, um vazamento de TCP (triclorofenol) em uma indústria de pesticidas em Seveso 
(Itália) dizimou 2.000 hectares de vegetação ao redor, provocou 193 casos de doença de pele e 
gerou um custo de U$ 10 milhões com evacuações. 
Naquela década, foram criadas legislações que proibiam o descarte de resíduos industriais 
no ambiente, além de órgãos de controle ambiental. Em 1977, na França, o balanço social torna-se 
obrigatório para as empresas. 
Ocorreram a Conferência de Estocolmo (1972) e o Relatório do Clube de Roma. De acordo 
com o Relatório do Clube de Roma (“Os Limites do Crescimento”): o crescimento econômico era 
visto como o grande vilão que gerava pobreza e poluição no mundo. A solução dos problemas 
sugeria diminuir o ritmo do crescimento para conter os efeitos predatórios do crescimento. 
 
 
20 
 
ANOS 80 
Nos anos 80 ocorreram quatro grandes acidentes que chocaram o mundo: 
 1984 - Bhopal (Índia) - 40 toneladas de metilissocianato e outros gases letais vazaram da 
fábrica de agrotóxicos da Union Carbide Corporation causando mais de 3.000 mortes. 
 1986 – Chernobil (URSS) – acidente com 30 mortos e mais de 30.000 casos de doenças 
associadas. 
 1986 – Rio Reno (Suíça) - a água usada para combater um grande incêndio na fábrica 
Sandoz carregou produtos altamente tóxicos para o rio, matando diversas espécies por 
envenenamento. 
 1989 – Exxon Valdez (Alasca) – O petroleiro derramou sua carga de óleo (37 milhões de 
litros) em área selvagem, causando a morte de milhares de animais e custos de mais U$ 2 
bilhões. Sob a superfície das áreas atingidas existe óleo até hoje. 
 
A constituição brasileira de 1988 assegura: “todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado”, além de muitos avanços nos direitos de cidadania. 
É a partir daquela década que a responsabilidade socioambiental passa a ser encarada 
como uma necessidade de sobrevivência pelas empresas no mundo. 
Em 1984, o professor americano de Administração, Edward Freeman, disseminou o 
conceito de stakeholder, alertando para os diversos grupos na sociedade que sofrem os efeitos da 
atuação das empresas. 
 
 
 
Freeman (1984) definiu stakeholder como "(...) qualquer grupo ou indivíduo que 
pode afetar, ou é afetado, pelo alcance dos propósitos de uma organização". Já Clarkson 
(1995) diz que são "(...) pessoas ou grupos que reivindicam ou dispõem de propriedade, 
direitos ou interesses em uma empresa e em suas atividades nos períodos passado, presente 
e futuro". Donaldson e Preston (1995) indicam que se trata de "(...) pessoas ou grupos com 
interesses legítimos nos processos e aspectos substantivos de uma atividade corporativa". 
 
21 
 
ANOS 90 
Nos anos 90, aconteceu no Rio de Janeiro a Conferência Eco-92, marco do compromisso 
pela sustentabilidade mundial, expressa na Agenda 21. 
Surgiram as normas AS 8.000, de avaliação da Responsabilidade Social e AA 1.000, padrão 
internacional de gestão da responsabilidade corporativa; e as normas ISO 14.001 (Gestão 
Ambiental) e OHSAS 18.000 (Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho). 
Também naquela década o Protocolo de Kyoto foi assinado com o fim de reduzir a emissão 
de gases efeito estufa. O índice de sustentabilidade Down Jones, índice de referência para 
empresas com compromisso socioambiental teve seu lançamento. 
No Brasil, é criado o Instituto Ethos, fortalecendo a discussão sobre ética e 
responsabilidade Socioambiental no país. 
 
INÍCIO DO SÉCULO XXI 
Multiplicam-se os marcos da gestão socioambiental. Os termos social e ambiental 
aparecem juntos nos relatórios de balanço social e nas normas ambientais ou sociais. Torna-se 
cada vez mais difícil falar de um sem lembrar do outro. 
A Conferência Rio+10 (2002) chamou a atenção para a articulação entre as questões sociais 
e ambientais. 
O Relatório de Desenvolvimento Humano da ONU 2007/2008 articula claramente 
mudanças climáticas e pobreza. Não é mais possível falar em desenvolvimento sustentável sem 
considerar os aspectos sociais, econômicos e ambientais. 
As empresas começam a falar em equilíbrio entre as três variáveis, para destacar que estão 
engajadas em promover o desenvolvimento sustentável.O artigo “Relacionamento com partes interessadas”, de Regi Magalhães 
traz uma discussão importante sobre os stakeholders na atualidade e está 
disponível no portal do Instituto Ethos. 
O link está disponível no ambiente virtual de aprendizagem. 
 
22 
 
1.8 - Gestão socioambiental: mudança de paradigma 
O impacto ambiental, geralmente, provoca também um impacto social. Por exemplo, a 
poluição do rio mata o peixe e prejudica o pescador, o banhista e toda a população que se serve do 
rio. Portanto, tratar a poluição do rio como um problema ambiental significa abordar apenas parte 
do problema. 
A gestão socioambiental surgiu pelo fato das questões ambientais possuírem interfaces 
com as questões sociais. Ela irá analisar as causas da poluição, os danos causados, as formas de 
remediação, bem como os impactos sociais do dano ambiental. 
É possível afirmar que o surgimento da gestão socioambiental decorreu da ruptura do 
modelo de desenvolvimento praticado ao longo dos últimos séculos. Neste modelo predominaram 
estratégias baseadas na busca do crescimento econômico a qualquer preço, no consumismo e na 
destruição dos recursos naturais até então considerados bens abundantes e inesgotáveis. Os custos 
adicionais para as empresas, resultantes dos gastos com controle da poluição, comprometeriam a 
lucratividade das empresas e a oferta de empregos. 
Como resultado desta visão, os custos sociais e ambientais das atividades econômicas das 
empresas eram “externados”, isto é, transferidos para a sociedade. Às empresas cabia o exclusivo 
papel de fomentar a riqueza. A mobilização em torno das questões sociais e ambientais traz à tona 
os debates sobre estes temas em diversos países do mundo. O setor público, por meio de agências 
ambientais, aprimora a regulação sobre as empresas. 
A exposição, na mídia, de tragédias ambientais provocadas por empresas expõe estas 
organizações à pressão da opinião pública e dos movimentos ambientalistas. O agravamento de 
problemas sociais cria expectativas e demandas na sociedade de uma atuação mais forte das 
empresas no combate à pobreza. 
 
Qual é mesmo o objetivo de uma gestão socioambiental? 
Desenvolver e aplicar ferramentas de gestão que permitam o planejamento e a ampliação 
do controle dos impactos das atividades das empresas sobre a sociedade e o meio ambiente 
(NASCIMENTO, 2007). 
 
 
23 
 
 
 
 
Leia o artigo “Breve Discurso sobre Valores, Moral, Eticidade e Ética” de 
Cláudio Cohen e Marco Segre, cujo link está disponível no ambiente virtual de 
aprendizagem para refletir um pouco mais sobre os assuntos tratados na Unidade I. 
Os autores propõem uma conceituação de moral, eticidade e ética. 
 
1. Diferencie ética e moral. 
2. Por que atualmente o debate une responsabilidade social e ambiental? 
3. Qual a relação entre ética e responsabilidade socioambiental? 
4. O que é empresa-cidadã? Pesquise exemplos na internet. 
 
24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
Unidade II - Responsabilidade Socioambiental: desenvolvimento 
sustentável, ecologia, tecnologia e globalização 
 
 
 
Objetivos da unidade 
Nesta unidade você irá: 
 Conceituar desenvolvimento sustentável; 
 Definir ecologia; 
 Relacionar globalização e tecnologia. 
 
26 
 
2.1 - Responsabilidade socioambiental no contexto de uma visão ecossistêmica da 
sociedade 
Responsabilidade socioambiental é o relacionamento ético e transparente das 
organizações, sejam privadas ou públicas, individuais ou coletivas, visando o desenvolvimento 
sustentável e igualitário da sociedade. 
 
Balanço social 
O Balanço Social é um demonstrativo publicado anualmente pela empresa reunindo um 
conjunto de informações acerca dos projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos 
colaboradores, aos dependentes, à comunidade, aos investidores, aos analistas de mercado e aos 
acionistas, dando transparência às atividades que buscam melhorar a qualidade de vida para todos. 
 
2.1.2. Diretrizes da responsabilidade socioambiental empresarial 
 
Valores e transparência, por meio da 
 Visão e Missão 
 Balanço Social 
 
Valorização dos colaboradores (público interno) 
 Comprometendo-se com as leis trabalhistas 
 Encorajando para novas ideias 
 Incorporando a diversidade como valor essencial 
 Diversificando a Seleção (parentes de funcionários) 
 Investindo na formação (palestras, treinamentos etc.) 
 Incentivando no desenvolvimento de talentos (formação integral) 
 Dando autonomia para um bom trabalho em equipe 
 Evitando demissões 
 Incentivando melhor qualidade de vida (plano de saúde, saúde ocupacional 
monitorada, apoio psicológico, prática esportiva etc.) 
 Ambiente adequado de trabalho 
 Comunicação clara 
 
 
27 
 
Meio ambiente (programas de educação ambiental) 
 Coleta Seletiva – reciclagem do lixo 
 Desperdícios (água, luz, papel etc.) 
 
Garantindo a confiança dos clientes (público externo) 
 Pesquisas de opinião 
 Sugestões 
 Informações claras e corretas 
 Campanhas publicitárias 
 Qualidade e Excelência no atendimento 
 Balanço Social 
 
Comunidade 
 Programas sociais, culturais, esportivos, ambientais etc. 
 
Bem-comum 
 Movimentos sociais para o desenvolvimento da cidadania 
 Adoção de parques, praças etc. 
 
Parceiros e fornecedores 
 Ética: respeito e transparência 
 
2.2 - Empresas, Estado e Sociedade Civil 
Na fase inicial do capitalismo industrial, o poder encontrava-se centralizado na figura do 
proprietário da fábrica. Ele comandava a fábrica e centralizava todas as decisões. Posteriormente, 
surgiu, no cenário interno da organização, a figura do gestor profissional, que não era proprietário, 
mas que possuía habilidades e conhecimentos que o dono da empresa não tinha. Com o passar do 
tempo, acionistas e investidores passaram a intervir na composição do poder das empresas. 
Com o passar do tempo, as fábricas foram se abrindo a demandas sociais. Neste sentido, o 
movimento operário foi importante para que as organizações ao sofrer pressões pudessem rever 
suas relações de trabalho. 
 
 
28 
 
A partir da segunda metade do século XX, as empresas passaram a ser cobradas no que se 
refere a outras funções sociais. Isto se deu em parte pela atuação de outros movimentos sociais: 
ambientalistas e consumidores (SANTOS, 2009). 
A percepção daquele novo cenário se fez notar na Administração através da Teoria dos 
Stakeholders, que em linhas gerais, supõe que a empresa deve agir de forma responsável em 
relação a todos os grupos com os quais ela se envolve: consumidores, funcionários, fornecedores, 
acionistas, comunidade, meio ambiente etc. (SANTOS, 2009). 
 
Os Estados Nacionais 
Atualmente, o poder de algumas empresas é tão grande, que a própria noção de Estado é 
posta em xeque. Para o sociólogo Max Weber, o Estado possui autoridade para uso do poder 
coletivo, podendo usar se necessário até mesmo a coerção. Para Karl Marx, o Estado existe para 
atender as necessidades das classes dominantes e não as necessidades coletivas. Outros autores 
acreditam que o poder dos Estados foi enfraquecido com a globalização, uma vez que as empresas 
passaram a ter mais liberdade econômica e menos intervenção do Estado. Porém, outros autores 
discordam disto, afirmando que o Estado ainda controla instrumentos de poder político, militar e 
econômico. Por isso, ao invés de globalização, eles falam em internacionalização econômica, que é 
a relação mais ampla entre economias ou sociedades nacionais com interesses distintos (SANTOS, 
2009).Sociedade civil e Terceiro Setor 
De acordo com Vania Santos (2009) a partir da segunda metade do século XX, surgiram 
novos agentes econômicos, novas tecnologias de comunicação, novos modelos de gestão e um 
crescimento do consumo mundial. Porém, houve também um agravamento dos problemas sociais, 
com o aumento do desemprego, da exclusão social, da violência, os conflitos religiosos e étnicos e a 
degradação ambiental. 
O enfrentamento desses problemas é urgente. A sociedade civil é o espaço privilegiado 
para despertar a sensibilidade social para as consequências que tais transformações provocam na 
sociedade. As organizações não governamentais são uma resposta à tentativa de resolução desses 
problemas sociais e ambientais. 
 
 
29 
 
Empresas, meio ambiente e relações internacionais 
Atualmente, podemos observar a ideia de desenvolvimento sustentável que busca integrar 
o crescimento econômico e a preservação do meio ambiente. Neste sentido, os acordos 
internacionais têm se empenhado para fazer com que os países controlem melhor os impactos 
causados ao meio ambiente. 
 
2.3 - Gestão ambiental e sustentabilidade 
O objetivo da gestão ambiental é ordenar as atividades da empresa para que elas causem o 
menor impacto possível sobre o meio ambiente. 
Gestão ambiental define-se pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis como 
desenvolvimento sustentável da sociedade. Ela desenvolve e aplica ferramentas que permitam o 
planejamento e a ampliação do controle dos impactos das atividades das empresas sobre a 
sociedade e o meio ambiente e decorre da ruptura do modelo de desenvolvimento praticado ao 
longo dos últimos séculos. 
Por sua vez, desenvolvimento sustentável pode ser definido como um modelo econômico, 
político, social, cultural e ambiental equilibrado, que satisfaz as necessidades das gerações atuais, 
sem comprometer o bem-viver das gerações futuras. 
A sustentabilidade pode ser definida como a capacidade de uma sociedade (ou atividade) 
se manter por tempo indeterminado, sem provocar esgotamento dos recursos naturais (ou danos a 
estes), considerando o bem-estar dos seres humanos. 
Já a sustentabilidade global foi definida no Relatório Brundtland - como ficou conhecido, 
mundialmente, o relatório Nosso Futuro Comum, de1987, em homenagem a Gro Harlem 
Brundtland, Ex-Primeira Ministra da Noruega e Presidente da referida comissão: como a habilidade 
das sociedades para satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das 
futuras gerações de atenderem a suas próprias necessidades. 
 
2.4 - Movimentos de consumidores 
O Código de Defesa do Consumidor, o prazo de validade nas mercadorias e o recall são 
algumas conquistas dos consumidores no que diz respeito ao aumento da responsabilidade social 
das empresas sobre eles (SANTOS, 2009). 
 
 
30 
 
2.5 - O impacto do consumo nos recursos naturais do planeta 
O consumo sempre existiu e sempre existirá, mas são muito divergentes as origens 
históricas da sociedade de consumo. A alegação é que a revolução do consumo e comercial 
precedeu a Revolução Industrial e os grandes avanços tecnológicos. Isso porque foi necessário 
existir uma demanda para ocorrer a Revolução Industrial (NICOLAU, 2013). 
Na cultura de consumo, o que conta é o consumo baseado na satisfação instantânea do 
desejo, e não a real necessidade de se consumir. Temas como materialismo, exclusão, 
individualismo, hedonismo (fazer do prazer o objetivo da vida), falta de autenticidade, 
desagregação dos laços sociais e decadência foram ligados ao consumo (NICOLAU, 2013). 
Tudo o que consumimos impacta o mundo de alguma forma, seja pela origem ou pelo 
destino do que se consome. O padrão de consumo atual, além de ser socialmente injusto e 
moralmente indefensável, é ambientalmente insustentável. O esgotamento dos recursos naturais 
indica uma desigualdade na atual geração e entre gerações (NICOLAU, 2013). 
 
Efeito estufa e aquecimento global 
O efeito estufa é algo fundamental para o planeta, pois é o que mantém o planeta aquecido 
e o torna habitável, e não deve ser confundido com aquecimento global. Já o aquecimento global é 
o desequilíbrio do efeito estufa, que causa o aumento de temperatura do planeta, e 
consequentemente, o aumento da temperatura média dos oceanos, o derretimento de geleiras e o 
aumento do nível do mar. Entre as principais ações feitas pelo homem para atender a demanda da 
sociedade de consumo e que contribuem para o aquecimento global estão o desmatamento e o 
transporte automotor. 
O desmatamento se tornou um dos maiores problemas ambientais. Anualmente, 13 
milhões de hectares são destruídos. O veículo automotor é um dos maiores causadores da poluição 
do ar e sua utilização, como meio de transporte, já representava 59%, no Brasil, em 2003. 
Não estamos tão distantes de uma possível crise mundial por falta de água se 
considerarmos que hoje uma, em cada seis pessoas, já não tem um fornecimento de água 
apropriado. 
 
 
 
31 
 
Lixo: um problema no mundo moderno 
De acordo com Adriana Nicolau (2013) o lixo passou a ser um problema devido aos 
excessos da indústria e a poluição das grandes cidades. Toneladas de lixo são produzidas 
diariamente e despejadas em lugares impróprios, sem o tratamento adequado, sobrecarregando os 
lixões e criando novos depósitos de lixo, tornando-se possíveis fontes de contaminação do meio 
ambiente. A maior parte do lixo produzido não passa por coleta seletiva. 
Em todo território brasileiro, 52,8% do lixo produzido não recebem o tratamento correto. 
No Rio de Janeiro somente 24% dos municípios possuem coleta coletiva dos resíduos domésticos. 
Conhecer o ciclo de vida dos materiais, desde a matéria-prima até o descarte e o seu tempo 
de decomposição, nos ajuda a pensar na reciclagem. Já que alguns materiais podem demorar 
centenas de anos para se decompor, por que não reutilizá-los? 
A tabela de tempo de composição a seguir pode auxiliar da forma como descartamos o lixo. 
 
Tabela 1 - Tempo (aproximadamente) de decomposição de materiais 
Material 
Fonte 
Campanha Ziraldo 
Comlurb 
website 
SMA - São 
Sebastião 
DMLU – POA UNICEF website 
Casca de banana ou 
laranja 
 2 anos 2 a 12 meses 
Papel 3 a 6 meses 3 meses a vários 
anos 
2 a 4 semanas 3 meses 
Papel plastificado 1 a 5 anos 
Pano 6 meses a 1 ano 
Ponta de cigarro 5 anos 10 a 20 anos 3 meses a vários 
anos 
 1 a 2 anos 
Meias de lã 10 a 20 anos 
Chiclete 5 anos 5 anos 5 anos 5 anos 
Madeira pintada 13 anos 14 anos 
Fralda descartável 600 anos 
Nylon Mais de três anos 30 anos 
Sacos plásticos 30 a 40 anos 
Metal Mais de 100 anos Mais de 100 anos 450 anos 450 anos 
Couro Até 50 anos 
Borracha Tempo 
indeterminado 
 
Alumínio 80 a 100 anos Mais de 100 anos 200 a 500 anos 200 a 500 anos 
Vidro 1 milhão de anos Indefinido Mais de 10 mil 
anos 
Indeterminado 4 mil anos 
Garrafas plásticas Indefinido 
Palito de fósforo 6 meses 
Fonte: A cultura do Supérfluo, GONÇALVES, 2011 
 
 
32 
 
 
 
 
 
 
Algumas ideias para um consumo sustentável: 
 geladeira e freezer utilizam mais energia quando localizados próximos de fonte de calor; 
 feche a torneira da pia ao escovar os dentes, feche o chuveiro ao se ensaboar; 
 coloque o óleo utilizado em um recipiente fechado; 
 cada quilo de carne bovina produzida necessita de 200 litros de água, enquanto o quilo de 
frango somente 10 litros; 
 a panela de pressão podeeconomizar até 70% do gás; 
 utilize transporte público, ajudando a conservar o meio ambiente. 
“O que é e o que não é sustentabilidade segundo F. Capra”, de Leonardo Boff é um 
texto que deve ser lido para que você discuta um pouco mais sobre o que é 
sustentabilidade. O link com o texto está disponível no ambiente virtual de aprendizagem. 
 
33 
 
2.6 - A Responsabilidade socioambiental no contexto de uma visão ecossistêmica da 
sociedade 
A humanidade enfrenta três grandes desafios, de natureza ambiental e de natureza social 
para atingir o desenvolvimento sustentável: 
1 – garantir a disponibilidade de recursos naturais; 
2 – não jogar sobre a biosfera mais resíduos e poluição do que ela possa absorver; 
3 – reduzir a pobreza em nível mundial. 
 
2.6.1. Desenvolvimento sustentável 
 É a ação conjunta de governos, iniciativa privada, academia, organizações não 
governamentais, comunidades com o objetivo de atingir o desenvolvimento sustentável, evitando 
escassez de recursos estratégicos, indispensáveis para a produção de bens e serviços de que 
precisamos e reduzindo ou eliminando os conflitos sociais. 
As empresas mudaram de atitudes, de predominantemente reativas, que só atendiam aos 
padrões ambientais quando obrigadas, para predominantemente proativas, indo além do que lhes 
é exigido pela legislação. Antes da Rio 92, a ênfase era a questão ambiental e não a 
responsabilidade socioambiental. 
Sendo assim, a Rio 92 ajudou as empresas a definirem sua participação no principal desafio 
contemporâneo, isto é, planejar e fomentar o crescimento econômico para viabilizar para quase a 
metade da população os benefícios básicos da sociedade moderna, sem acelerar ainda mais o 
esgotamento dos recursos naturais em todo o planeta. 
 
Iniciativa privada 
Desempenha um papel importante na geração de emprego e na produção dos bens e 
serviços de que necessitamos para a nossa vida. 
Entretanto, no início dos anos 90, o papel social da iniciativa privada passou a ser 
questionado, difundindo-se a ideia que as empresas deveriam assumir um papel na sociedade mais 
amplo do que sua vocação básica para gerar riquezas. 
Daí surgiu o conceito de responsabilidade social-corporativa. 
 
Responsabilidade social-corporativa reflete a necessidade de as empresas devolverem 
benefícios às comunidades nas quais estão instaladas. Afinal, é delas que recebem trabalhadores e 
recursos. 
 
 
34 
 
 
Cada vez mais as empresas percebem que investir em responsabilidade social é bom para 
os negócios; para a imagem da empresa junto à sociedade e junto à vizinhança; para a melhoria do 
relacionamento com os empregados e fornecedores. 
Um dos problemas que as empresas estão enfrentando é a cobrança cada vez maior, por 
parte da sociedade, da aplicação dos princípios da responsabilidade social corporativa às suas 
atividades fundamentais e à melhoria da qualidade de vida de seus funcionários e das comunidades 
em que se inserem, e não apenas às atividades tradicionais de treinamento. 
 
 
 
 
Não confundir ações de caráter assistencial, que não incorporam mudanças que 
produzam efeitos multiplicadores e sustentáveis, com responsabilidade social-
corporativa. Para a empresa ser responsável social implica em mudança de 
atitude com perspectivas de longo prazo, ao invés dos lucros a curto prazo. 
 
Responsabilidade social-corporativa é o comprometimento permanente dos 
empresários em adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento 
econômico, simultaneamente melhorando a qualidade de vida de seus empregados e 
de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo (Conselho 
Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável – CEMDS). 
 
35 
 
2.6.2. Benefícios para as organizações 
 
Benefícios tangíveis 
Redução de custos, melhora de produtividade, crescimento de receitas, acesso a mercados 
e capitais, melhora no processo ambiental e gestão de recursos humanos. 
 
Benefícios intangíveis 
Valorização da imagem institucional, maior lealdade do consumidor, maior capacidade de 
atrair e manter talentos, capacidade de adaptação, longevidade e diminuição de conflitos. 
Uma organização pratica a responsabilidade social quando é gerida em concordância com 
os princípios e as questões que envolvem o desenvolvimento sustentável. É indispensável que os 
administradores conheçam e compreendam, em profundidade, a filosofia e as propostas do 
desenvolvimento sustentável, assumindo que essa abordagem é crucial para a perpetuidade dos 
empreendimentos. 
 
2.6.3. Papel dos governos e das empresas 
 
Papel das empresas multinacionais para o desenvolvimento sustentável 
 contribuir para o desenvolvimento sustentável; 
 estimular a geração de capacidade local; 
 criar oportunidade de emprego; 
 não aceitar isenções sobre normas ambientais, de saúde, segurança e higiene, trabalhistas 
e fiscais, entre outros; 
 abster-se de qualquer ingerência imprópria nas atividades e políticas locais. 
 
2.7 - O Pacto Global 
 
A Organização das Nações Unidas – formada pela quase totalidade dos governos dos países 
do mundo – tem várias iniciativas na área de responsabilidade socioambiental – como o PACTO 
GLOBAL que objetiva dar uma face humana à globalização, envolvendo vários atores sociais, e 
promovendo avanços no movimento de responsabilidade social, como apoio do setor empresarial. 
 
 
 
 
36 
 
O Pacto Global advoga quatro princípios universais: 
1. direitos humanos - respeitar, proteger e impedir violações dos direitos humanos. 
2. direitos do trabalho - apoiar a liberdade de associação no trabalho, abolir os trabalhos 
forçado e /o trabalho/ infantil e eliminar a discriminação no ambiente de trabalho. 
3. proteção ambiental - apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais, promover 
a responsabilidade ambiental e encorajar tecnologias que não agridam o meio ambiente. 
4. contra a corrupção - combater a corrupção em todas as suas formas, inclusive extorsão e 
propina. 
 
Segundo o Instituto ETHOS, a responsabilidade social está atraindo muitas empresas, pois 
aumenta a compreensão de que uma sociedade empobrecida, com renda mal distribuída, violenta, 
não é uma área propícia aos negócios e aumenta a compreensão – ainda em pequeno grau – de 
que numa sociedade deteriorada, que ameaça os negócios, não se torna viável a instituição de uma 
sociedade justa. 
 
Leia o artigo “Responsabilidade social corporativa e cidadania empresarial: 
uma análise conceitual comparativa” de Patrícia Almeida Ashley, Renata Buarque 
Goulart Coutinho e Patrícia Amélia Tomei, cujo link está disponível no ambiente 
virtual de aprendizagem, para refletir um pouco mais sobre os assuntos tratados na 
Unidade II. 
As autoras propõem busca para identificar semelhanças e divergências nas 
diferentes abordagens do tema, responsabilidade social-corporativa, de forma a 
contribuir para o seu tratamento teórico e aplicação prática. 
 
 
 
37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Defina responsabilidade socioambiental. 
2. Qual a importância da responsabilidade socioambiental? 
3. Qual a importância da gestão ambiental? 
4. Com base nos dados sobre o percentual de brancos, negros, homens e 
mulheres, no quadro executivo e de gerência nas empresas brasileiras, 
disponível no ambiente virtual de aprendizagem, faça um pequeno 
comentário sobre o assunto. 
5. Qual a relação entre a questão ambiental e a questão social? 
6. O que são benefícios tangíveis e intangíveis? 
 
3839 
 
Unidade III - Desafios éticos da atualidade 
 
 
 
Objetivos da unidade 
Nesta unidade você irá: 
 Conceituar ética legal; 
 Relacionar ética, tecnociência, bioética e responsabilidade social; 
 Diferenciar propriedade intelectual de direitos autorais; 
 Conceituar plágio. 
 
40 
 
3.1 - Ética legal 
É a ética que está inserida e descrita nos documentos legais de nossa sociedade, tais como: 
 Declaração Universal dos Direitos Humanos 
 Carta da Terra 
 Constituição Federal 
 Código de Defesa do Consumidor 
 
Declaração Universal dos Direitos Humanos 
 
Artigo 1º - Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e 
consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade. 
Artigo 2º - Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta 
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião 
política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra 
condição. Não será tampouco feita qualquer distinção fundada na condição política, jurídica ou 
internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território 
independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de 
soberania. 
Artigo 3º - Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. 
 
Carta da Terra 
 
Princípios 
I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DA VIDA 
1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade. 
2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor. 
3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas. 
4. Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as atuais e as futuras gerações. 
 
 
41 
 
II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA 
1. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial 
preocupação pela diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam a vida. 
2. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o 
conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução. 
3. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades 
regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário. 
4. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a troca aberta e a ampla 
aplicação do conhecimento adquirido. 
 
III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA 
1. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental. 
2. Garantir que as atividades e instituições econômicas, em todos os níveis, promovam o 
desenvolvimento humano de forma equitativa e sustentável. 
3. Afirmar a igualdade e a equidade de gênero como pré-requisitos para o desenvolvimento 
sustentável e assegurar o acesso universal à educação, à assistência de saúde e às 
oportunidades econômicas. 
4. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e 
social, capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, 
concedendo especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias. 
 
IV. DEMOCRACIA, NÃO VIOLÊNCIA E PAZ 
1. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e proporcionar-lhes 
transparência e prestação de contas no exercício do governo, participação inclusiva na 
tomada de decisões, e acesso à justiça. 
2. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, os 
valores e as habilidades necessárias para um modo de vida sustentável. 
3. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração. 
4. Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz. 
 
Constituição Federal 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza... 
 
 
 
 
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Código de Defesa do Consumidor 
Estabelece normas de proteção e defesa do consumidor. 
 
3.2 - A relação entre ética, tecnociência, bioética e responsabilidade social 
 
3.2.1. Tecnociência 
Em todas as civilizações, a humanidade tem meditado acerca do mundo a partir dos 
fenômenos da própria natureza. Desde a pré-história, o homem tem tentado entender e 
transformar o meio ambiente em que vive para satisfazer seus desejos mais profundos: não sentir 
fome, sede e dor (viver mais, trabalhar menos e não sofrer), ter mais prazer, preservar a espécie e 
impor sua vontade em situações de conflito individual ou coletivo. 
O desenvolvimento tecnológico é responsável pela qualidade de vida das sociedades 
humanas: permite o aumento da produtividade e da riqueza e melhora as condições da vida dos 
seus membros, porém devolve poluição à natureza e destrói os recursos naturais, fatores que 
poderão pôr em causa a sobrevivência do próprio homem. 
 
Tecnociência e Humanidade 
Hoje coloca-se para o ser humano uma série de novas questões, algumas das quais 
emergem da consciência do poder da ciência e, mais do que isso, da consciência dos poderes que 
envolvem, produzem e utilizam a dita Ciência e todos os discursos que nela se suportam. 
A bioética é o estudo que permeia biologia, medicina, filosofia (ética) e direito (biodireito) e 
que investiga as condições necessárias para uma administração responsável da vida humana. Trata 
de questões relativamente recentes e, portanto, amplamente discutidas – ainda não existe 
consenso moral para a maioria destas questões, como: a fertilização in vitro, o aborto, a clonagem, 
a eutanásia, os alimentos transgênicos, as pesquisas com células-tronco, o transplante de órgão, a 
robótica etc. 
Os avanços biotecnológicos podem ser observados em diversos campos. 
Na agricultura moderna destacam-se por conta das novas tecnologias e permitiram, entre 
outras coisas, o aumento da produtividade. 
A solução dos problemas criados pelo desenvolvimento tecnológico não será nem de 
natureza científica nem de caráter técnico, mas, sim, uma questão filosófica. 
 
 
43 
 
3.3 - Ética na era digital: propriedade intelectual, direito autoral e plágio 
Patentes, marcas, direitos autorais: tudo isso é propriedade intelectual e muito mais! 
Segundo o Museu Emílio Goeldi, instituição de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência 
e Tecnologia do Brasil, “propriedade intelectual é uma expressão genérica que pretende garantir a 
inventores ou responsáveis por qualquer produção do intelecto (seja nos domínios industrial, 
científico, literário ou artístico) o direito de receber, por determinado tempo, recompensa pela 
própria criação e o devido reconhecimento”, ou seja, fazer valer os direitos dos autores, inventores 
e criadores. 
Propriedade intelectual é um conceito do Direito que reúne em um só campo a 
propriedade industrial, os direitos autorais e outros bens imateriais de vários gêneros. Entre esses 
bens, estão as invenções tecnológicas, os softwares, os livros e até os cultivares - as variedades 
vegetais cultivadas pelo homem. 
Cada país possui leis próprias para regular o regime de propriedade intelectual em seus 
domínios. No Brasil, as principais leis sobre o tema são a nº 9.279/96 (Propriedade Industrial), a nº 
9.456/97 (Cultivares), a nº 9.609/98 (Lei de Software) e a nº 9.610/98 (Lei de Direitos Autorais). 
 
3.3.1 Direitos de autor e direitos de inventor 
Os Direitos Autorais garantem ao autor a participação financeira e moral em vista da 
utilização da obra que criou. Incidem sobre obras literárias, artísticas ou científicas, programas de 
computador, domínios na Internet e cultura imaterial. 
A Propriedade Industrial garante aos criadores de inovações científicas e tecnológicas a 
exclusividadetemporária de exploração de seus feitos. São propriedades industriais as invenções 
tecnológicas, as descobertas científicas, as marcas industriais, comerciais e de serviço, os desenhos 
e modelos industriais, as indicações geográficas e os cultivares. 
Segundo o Professor Doutor Newton Silveira, da Universidade de São Paulo (USP), os 
direitos de autor são bastante diferentes dos direitos do inventor. Os direitos autorais não 
dependem de formalidades de registro, nem de pagamento de taxas. Já os direitos de inventor só 
existem mediante a concessão de um título pelo Estado (a patente) e do pagamento de taxas de 
manutenção – retribuições anuais ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). 
O prazo de proteção aos direitos de inventor é bem menor – máximo de 20 anos, contra 70 
dos direitos autorais. 
Esses direitos são diferentes também no que diz respeito ao uso da criação. No caso dos 
autores, seus direitos são preservados mesmo se não houver exploração econômica de sua obra. Já 
os inventores, correm o risco de perder a patente, caso seja comprovada a sua falta de uso ou, 
entre outros casos, o abuso de poder econômico. 
 
44 
 
 
 
 
3.3.2. Plágio 
O plágio é mais uma modalidade de violação dos direitos autorais. Ele é caracterizado pelo 
ato de assinar ou apresentar uma obra intelectual de qualquer natureza (texto, música, fotografia, 
obras audiovisuais e de artes etc.), contendo partes de uma obra que pertença a outra pessoa sem 
colocar os créditos para o autor original. Funciona como uma “cola”, onde alguém assina ou 
apresenta como sua uma obra que, na verdade, é de outra pessoa. 
 
Plágio Acadêmico 
O plágio acadêmico se configura quando um aluno retira, seja de livros ou da Internet, 
ideias, conceitos ou frases de outro autor (que as formulou e as publicou), sem lhe dar o devido 
crédito, sem citá-lo como fonte de pesquisa. 
 
 
 
O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) é o órgão brasileiro responsável 
pelas marcas, patentes, desenho industrial, transferência de tecnologia, indicação 
geográfica, programa de computador e topografia de circuito integrado. A Biblioteca 
Nacional, localizada no Estado do Rio de Janeiro, e os seus postos estaduais de 
Escritórios de Direitos Autorais são responsáveis pelo registro e averbação das obras 
artísticas e intelectuais. 
 
 
45 
 
 
 
 
 
 
 
 
Leia o artigo “Tecnociência e Ética” de Raquel Sofia, cujo link está disponível no 
ambiente virtual de aprendizagem, para refletir um pouco mais sobre os assuntos 
tratados na Unidade III. 
 
O artigo aborda a temática da tecnociência e as suas implicações éticas. 
1. O que é bioética? 
2. Defina propriedade intelectual. 
3. O que é plágio? 
4. Qual a relação entre ética, tecnociência e responsabilidade social? 
 
46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Unidade IV - A ética e a responsabilidade social nas relações 
humanas 
 
 
 
Objetivos da unidade 
Nesta unidade você irá: 
 Compreender a diversidade cultural; 
 Conceituar etnocentrismo, relativismo cultural; 
 Definir ética profissional; 
 Conceituar Código de Ética; 
 Caracterizar assédio moral. 
 
48 
 
4.1 - Cultura e Diversidade cultural 
De acordo com Roberto Da Matta (1981) cultura é um termo que possui vários significados. 
Antropologia é a ciência que estuda a cultura, os homens que produzem cultura. O antropólogo 
DaMatta, um dos mais conhecidos no Brasil, trata do termo usando seus dois significados mais 
comuns. O texto deste autor ainda é uma referência importante para pensarmos sobre o conceito 
de cultura como veremos a seguir. 
 
Cultura na apreensão do senso comum 
É comum ouvirmos falar que algumas pessoas que não têm formação acadêmica, não 
tenham cultura também. Por exemplo. “João não tem cultura”. Isto ocorre porque o sentido dado 
pelo senso comum à cultura está associado ao volume de leituras, de informação, de educação, de 
controle de informações, de títulos universitários etc. 
Por outro lado, a palavra cultura pode ser usada para classificar as pessoas, os grupos 
sociais, servindo como arma discriminatória contra algum grupo, sexo, idade, etnia ou sociedades 
inteiras. 
Vejamos os exemplos: 
 as mulheres não aprendem matemática tão bem quanto os homens. 
 os mais jovens são incultos. 
 os negros não têm cultura, são favelados. 
 os ingleses eos franceses são polidos e cultos, já os brasileiros, não têm cultura. 
 
Por isso, cultura como categoria do senso comum ocupa um lugar no nosso acervo 
intelectual próximo a outros termos que também têm uma apreensão distinta, academicamente. 
Estou me referindo ao termo personalidade. É comum ouvirmos que uma pessoa de opinião, tem 
personalidade, enquanto outra mais tímida, com menos magnetismo pessoal, não tem. Assim, 
como o termo personalidade na Psicologia tem outros significados, com o termo cultura acontece o 
mesmo na Antropologia. 
 
Cultura no sentido antropológico 
Para a Antropologia todos os indivíduos têm cultura, mesmo aqueles que nunca estudaram. 
Isto porque para os antropólogos ela é o conceito-chave para a interpretação da vida social. 
Cultura é a maneira de viver total de um grupo, sociedade, país ou pessoa. Cultura é um 
mapa, um código através do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classificam, estudam, 
modificam o mundo e a si mesmas. 
 
49 
 
É a cultura que torna possível a vida em sociedade – porque pessoas de interesses distintos 
compartilham parcelas importantes deste código, ainda que sejam estas pessoas bem diferentes. 
Por isso, a cultura torna possível a vida em sociedade. Então, no sentido antropológico, a cultura é 
um conjunto de regras que diz como o mundo pode e deve ser classificado. 
Subculturas são gêneros de cultura que são equivalentes a diferentes modos de sentir, 
celebrar, pensar e agir no mundo. Podem estar associados a segmentos sociais. Exemplo de 
subculturas: funkeiros, emos, nordestinos no Rio de Janeiro, japoneses em São Paulo etc. 
Agora que começamos a perceber um pouco o que é cultura, discutiremos duas posições 
que as pessoas têm em relação a culturas diferentes. 
 
Etnocentrismo 
É a tendência de classificar hierarquicamente o que é diferente do nosso modo de ser na 
sociedade. Como nos sugere o antropólogo Everardo Rocha (2004), vamos imaginar a sociedade a 
partir de dois grupos: o “grupo do eu” e o “grupo do outro”. O grupo do eu escolhe as mesmas 
comidas, bebidas, diversões, formas de olhar o mundo etc. 
Já o grupo do outro tem formas totalmente diferentes de comer, de beber, de se divertir e 
de observar o mundo. Então, o diálogo etnocêntrico ocorrerá da seguinte forma: “Como o grupo 
do outro pode gostar de coisas tão diferentes de mim e do meu grupo? Será que eu estou errado? 
Não. Eles é que estão loucos. O outro é bizarro e selvagem e sua cultura é intolerável”. 
O etnocentrismo toma a diferença como desvio. Se levado ao extremo, o etnocentrismo 
pode se tornar uma forma de exclusão social grave. 
Exemplos de ideias que demonstram o etnocentrismo: 
 os gays devem ser punidos com surras. 
 os judeus são uma raça impura. 
 os negros e pobres são inferiores. 
 
Relativismo cultural 
Em oposição ao etnocentrismo temos o relativismo cultural, que é a possibilidade de se 
pensar sobre as culturas sem hierarquizá-las. O relativismo cultural nos propõe o respeito à cultura 
do outro, ao diferente. Não se trata de se tornar o outro, mas de deixar de estranhá-lo tanto, 
reconhecendo sua humanidade. 
 
 
 
 
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