Buscar

Radiofármacos-Parte I- 2020-1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
Disciplina: Imunorradiobiologia Clínica – Nota de aula 2020-1 
 
RADIOFÁRMACOS – Parte I 
INTRODUÇÃO: 
Radiofarmácia é um ramo da ciência que estuda os aspectos químicos, farmacológicos, 
bioquímicos, fisiológicos e disciplinas similares que se relacionam com o desenvolvimento de substância 
marcada com radioisótopo. Radiofarmácia é uma especialidade que envolve atribuições privativas do 
farmacêutico que lida com drogas radioativas, tendo também atribuições como o preparo e dispensa de 
medicamentos radioativos. A radiofarmacêutico também armazena e distribui materiais radioativos. 
Portanto, o radiofarmacêutico é um farmacêutico que se especializa em medicamentos de prescrição 
radioativos como radiofármacos e radioisótopo. Um radioisótopo é a forma radioativa de um elemento 
químico de ocorrência natural ou criado artificialmente. O radioisótopo pode ser usado para ajudar a 
diagnosticar, explorar e investigar, e tratar doenças. É utilizado como medicamento em procedimentos 
de diagnóstico e terapia, uma opção de tratamento de câncer. 
 
“A Radiofarmácia é definida como uma especialidade farmacêutica orientada para 
o paciente, que engloba conhecimentos científicos e julgamento profissional 
necessários para melhorar e promover a saúde, através do uso seguro e eficaz dos 
radiofármacos empregados para diagnóstico e tratamento”. AphA (Americam 
Pharmaceutical Association) 
 
Radiofármacos são substâncias que contêm átomos radioativos que podem ser usados seguramente em 
humanos. É principalmente usado para diagnóstico, ou ajudar na identificação de certos problemas ou 
condições dentro do corpo. Porém, radiofármacos também são usados como uma forma de terapia ou 
tratamento para doenças específicas. Podem ser usadas drogas radioativas independentemente ou em 
combinação com quimioterapia. Neste caso o radiofármaco é seletivamente usado para destruir o 
tecido para erradicar a doença. 
O efeito da radiação sobre os tecidos ou órgãos alvo promove a destruição das células tumorais. 
A captação do radiofármaco no órgão alvo deve ser seletiva, de modo a minimizar os efeitos 
secundários, que são uma das grandes desvantagens da radioterapia externa em que é delicado 
controlar a dose de radiação fornecida, especialmente para tratamento de metástases disseminadas. 
Porém, quando quantias pequenas forem usadas, a radiação que o corpo recebe deles é muito baixa e é 
considerada seguro. Os radiofármacos utilizados para ajudar a diagnosticar problemas médicos são 
dados somente em quantidades pequenas ao paciente. O radiofármaco atravessa ou é levado até um 
órgão do corpo. Assim a radioatividade é detectada, e são produzidas imagens, através de equipamento 
especial. Estas imagens permitem estudar como o órgão está funcionando e descobrir câncer ou 
tumores que podem estar presente no órgão. Os radiofármacos são sempre prescritos por médicos 
especialistas em medicina nuclear. 
 
1. DEFINIÇÃO: 
 Os radiofármacos são compostos, sem ação farmacológica, que têm na sua composição um 
radionuclídeo, são utilizados em Medicina Nuclear para diagnóstico e terapia de várias doenças 
(European Pharmacopeia, 2005). Apresentam afinidades biológicas por determinados órgãos do corpo e 
são utilizados para transportar a substância radioativa para o órgão a ser estudado. As características 
físico-químicas do radiofármaco determinam a sua farmacocinética, isto é, a sua fixação no órgão alvo, 
metabolização e eliminação do organismo, enquanto que as características físicas do radionuclídeo 
determinam a aplicação do composto em diagnóstico ou terapia. Portanto, os radiofármacos são 
compostos químicos marcados com uma substância radioativa, apresentam desintegração espontânea 
de um núcleo instável, com a consequente emissão de partículas nucleares ou fótons. Os radiofármacos 
são denominados como produtos radiofarmacêuticos e têm a mesma característica dos medicamentos 
2 
 
com aplicações em diagnósticos e terapias, desde 1960, qualquer que seja a via de administração 
empregada. 
 Os radiofármacos são constituídos de: (1) Fármaco: biomolécula sinteticamente produzida para 
participar de um processo fisiológico, tem a capacidade de se ligar a um tecido-alvo específico e ligar-se 
a um radionuclídeo; (2) Radionuclídeo: elemento radioativo que, ao ser carreado pelo fármaco, terá a 
capacidade de evidenciar o tecido-alvo de acordo com sua assimilação pelo mesmo e produzir o sinal 
radioativo para ser identificado pelo aparelho detector. 
 Os radiofármacos incluem compostos inorgânicos, compostos orgânicos, peptídeos, proteínas, 
anticorpos monoclonais e seus fragmentos, e oligonucleotídeos marcados com radionuclídeos com 
meias-vidas físicas que variam de poucos segundos a vários dias. 
Para cada órgão ou sistema do organismo a ser examinado há um radiofármaco específico, 
participando do processo metabólico, sem provocar nenhuma resposta fisiológica ou reação adversa 
após sua administração no paciente. 
 A fabricação dos radiofármacos deve ser realizada em conformidade com os princípios básicos 
de Boas Práticas de Fabricação de Radiofármacos. 
 
2. ATIVIDADE DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO 
Art. 1º -São atribuições do farmacêutico na área de Radiofarmácia (Resolução nº 486 de 23 de 
setembro de 2008-Conselho Federal de Farmácia). § 1º - As atribuições descritas nas alíneas “b”, “c”, 
“d”, “e”, “f”, “g”, “i” e “o” são privativas do farmacêutico. 
 
a) Aquisição e controle dos insumos utilizados na preparação dos radiofármacos; 
b) Realização das preparações farmacêuticas nas suas diversas apresentações; 
c) Produção em indústrias, hospitais, clínicas, centros de medicina nuclear, centros de imagem e 
radiofarmácias centralizadas; 
d) Controle de qualidade de radiofármacos (radionuclídico, radioquímico, biológico, 
microbiológico e farmacológico) em indústrias, hospitais, clínicas, centros de medicina nuclear, 
centros de imagem e radiofarmácias centralizadas; 
e) Garantia da qualidade em indústrias, hospitais, clínicas, centros de medicina nuclear, centros 
de imagem e radiofarmácias centralizadas; 
f) Fracionamento de radiofármacos em doses unitárias ou individualizadas; 
g) Armazenamento, distribuição e dispensação de radiofármacos por meio do sistema coletivo 
ou de doses individualizadas e unitárias; 
h) Controle farmacocinético e farmacodinâmico de formas e de sistemas de liberação de 
radiofármacos; 
i) Ensaios de equivalência farmacêutica e bioequivalência com radiofármacos genéricos e 
similares; 
j) Monitorização terapêutica de pacientes em uso de radiofármacos; 
k) Pesquisa e desenvolvimento de novos radiofármacos; 
l) Desenvolvimento e participação na elaboração de protocolos clínicos de radiofármacos; 
m) Gerenciamento de resíduos e rejeitos radioativos relacionados a radiofármacos; 
n) Direção, assessoramento e chefia técnica em indústrias, hospitais, clínicas, centros de 
medicina nuclear, centros de imagem e radiofarmácias centralizadas; 
o) Responsabilidade técnica e desempenho de funções especializadas em empresas de 
produção, comercialização, importação, exportação, distribuição ou em instituições de pesquisa 
que produzam radiofármacos. 
 
3. AÇÃO DOS RADIOISÓTOPOS: 
A ação dos radioisótopos representa uma combinação e interação entre conhecimentos físicos, 
químicos e biológicos, ou seja, depende da combinação da natureza do radioisótopo com a estrutura 
química da molécula ligante ao isótopo. A natureza do radioisótopo determina o tipo de emissão 
3 
 
(partículas α, β, γ), uma vez que essas partículas liberam sua energia ionizante para atingir 
tecidos/células. A estrutura química da molécula ligante permite sua localização em órgão específico, 
pois o ligante deve apresentar alta seletividade e afinidade pelo receptor alvo. 
A maioria das técnicas usa ligações covalentes ouiônicas entre os elementos radioativos e as 
substâncias alvo, mas hoje já existem marcadores mais sofisticados, como o uso de anticorpos 
específicos para determinada proteína, marcados radioativamente. A emissão de partículas beta ou alfa, 
que possuem alta energia, pode ser útil terapeuticamente em pequenas doses para destruir células ou 
estruturas indesejáveis. 
Os radiofármacos, portanto são aplicados para: 
a. DIAGNÓSTICO: Usados como traçadores com a finalidade de diferenciar a bioquímica, 
fisiologia e anatomia normal da anormal. Aproveita-se a afinidade do radiofármaco 
empregado por um determinado órgão, o órgão-alvo, que deve acumular o traçador. Desta 
forma capta-se a radiação emitida pelo radiofármaco acumulado no órgão-alvo, e com 
instrumentação adequada, se transforma em imagens das quais se obtém as informações. 
Os radioisótopos emissores gama são os mais utilizados para diagnóstico, pois atravessam o corpo e se 
incorporam ao material biológico, e podem ser detectados por um dispositivo de imagem denominado 
de câmara gama ou câmara de cintilação, o qual posicionado próximo ao paciente coleta os raios e os 
converte em imagens das partes a serem estudadas. Este procedimento é chamado de cintilografia. 
b. TERAPIA: Aproveita-se a afinidade do radiofármaco por um determinado órgão para 
transportar até esse órgão-alvo a radioatividade suficiente através de uma dose terapêutica 
de radiação. Emitem partículas gama, beta ou alfa, liberando energia altamente seletiva para 
atingir tecidos/células com fins de mitigação ou tratamento de uma doença. Causam morte 
celular ou inibem as funções teciduais ou celulares, como proliferação e inflamação. 
c. INVESTIGAÇÃO: Usados com o propósito de quantificar concentrações, identificar, qualificar 
a amostra biológica. Aproveita-se o comportamento do radiofármaco em determinado 
compartimento biológico para poder detectá-lo pela radiação que emite e quantificá-lo, 
obtendo assim informação diagnóstica sobre o órgão ou a sua função, sem a necessidade da 
imagem. 
 
4. BREVE NOÇÃO DE RADIOATIVIDADE 
 Radionuclídeos são isótopos instáveis porque seus núcleos sofrem uma reorganização enquanto 
mudam para o estado instável, liberando energia, ou seja, transmutam-se em novo elemento. Um 
nuclídeo é uma espécie caracterizada pelo seu número atômico (Z) e número de massa (A), cuja 
estabilidade é determinada pela relação entre o número de prótons e neutrons. Sempre que um núcleo 
é instável (radionuclídeo), transforma-se espontaneamente noutro mais estável emitindo partículas (α, 
β-, β+) e/ou radiação eletromagnética (raios γ ou X). Este fenômeno denomina-se radioatividade e a sua 
unidade de medida designa-se por Atividade, que é o número de desintegrações por segundo (d.p.s., Ci 
ou Bq). 
Cada elemento radioativo, seja natural ou obtido artificialmente, se transmuta (se desintegra ou 
decai) a uma velocidade que lhe é característica. Para se acompanhar a duração (ou a vida) de um 
elemento radioativo foi preciso estabelecer uma forma de comparação. Por exemplo, para calcular 
quanto tempo leva para um elemento radioativo ter sua atividade reduzida à metade da atividade inicial 
utiliza-se o valor da meia-vida do elemento. O tempo de meia-vida (t1/2) é definido como o tempo 
necessário para reduzir à metade a atividade inicial de um radionuclídeo, sendo independente das 
condições fisico-químicas e característico de cada radionuclídeo. Também denominada de Meia Vida 
Física. 
4.1 Tipos de radiação utilizada: 
Particula Alfa (α): é constituída de dois prótons e dois nêutrons, sendo, portanto, idêntica ao núcleo de 
Hélio. Os emissores alfa são os escolhidos quando se pretende que a radiação tenha um pequeno 
alcance. É uma partícula com elevada energia, pelo que poderá ser promissora no âmbito da terapêutica 
em Medicina Nuclear, mas ainda não generalizada, pois a maioria apresenta tempos de meia-vida 
4 
 
longos, incompatíveis com as aplicações in vivo. Raios alfa podem facilmente ser bloqueados, por 
exemplo, por um pedaço de papel mostrando baixa penetração de tecido e alta absorção tecidual. 
Particula Beta (β): consiste em elétron com carga negativa ou elétron carga positiva (pósitron) de alta 
energia, podendo ser utilizado em terapia. Sua habilidade em penetrar tecido depende de sua energia 
cinética. Raios beta “elétron” ou “pósitron” possuem cerca de 500 vezes mais penetração tecidual que a 
radiação alfa. O pósitron é usado no exame PET(Técnica de diagnóstico por imagem – tomografia – que 
utiliza emissores de pósitrons). 
Radiação Gama(γ): trata-se de uma vibração eletromagnética comparável à luz, mas tem comprimento 
de onda muito menor, e por isto apresentam penetração tecidual quase completa. É um fóton 
fisicamente idêntico aos raios-X. Os fótons gama têm origem nos núcleos atômicos, e são utilizados em 
diagnóstico por imagem em medicina nuclear. Os fótons são detectados por um equipamento 
apropriado, a Gamacâmara. Radionuclídeos emissores de fótons gama com energia entre 80-300 keV 
são os utilizados em radiofármacos para diagnóstico. 
Apesar das radiações β e γ terem poder penetrante maior dos que as partículas α, são as que 
originam menores danos biológicos. Estes danos biológicos potencializam-se com a ionização em meios 
aquosos (como é o caso do corpo humano), que pode originar a quebra das moléculas de água e a 
formação de radicais livres, que podem danificar o material biológico. 
4.2 Produção dos Radionuclídeos: 
 Os radionuclídeos usados em Medicina Nuclear para diagnóstico e terapia são produzidos por 
processo de ativação nuclear em Reatores Nucleares ou Aceleradores de Partículas. Podem também 
serem produzidos através de Geradores de radioisótopos, que permitem a utilização de radionuclídeos 
de meia-vida curta, a partir do decaimento de um radionuclídeo com meia-vida longa. Os radionuclídeos 
de meia-vida longa são aqueles produzidos em reator ou cíclotron. 
 No reator os radionuclídeos são obtidos por fissão do U235 ou por reações de captura de nêutrons 
numa amostra alvo apropriada. 
 Cíclotron é um equipamento no qual um feixe de partículas sofre a ação de um campo elétrico 
com uma frequência alta e constante e um campo magnético perpendicular estático. Nestas reações, 
partículas de elevada energia interagem com núcleos estáveis de alvos apropriados, originando 
produtos deficientes em prótons. Neste processo, as partículas que interagem com as amostras alvo 
podem ser prótons, dêuterons, partículas α. 
 Gerador é um sistema que incorpora um radionuclídeo pai (meia-vida longa) que, por 
decaimento, produz um radionuclídeo filho (meia-vida curta) que pode ser removido por eluição ou por 
algum outro método para ser utilizado como parte integrante de um radiofármaco. Os geradores são 
constituídos por uma coluna de alumina, ou por uma resina de troca iônica, na qual se fixa o 
radionuclídeo “pai” de tempo de meia-vida longo. Por decaimento deste último, forma-se o 
radionuclídeo “filho”, que é separado por eluição, com um eluente adequado. O eluído pode ser 
utilizado diretamente em aplicações clínicas, constituindo, neste caso, a substância radiofarmacêutica, 
ou pode servir para preparar radiofármacos mais complexos. O eluído deve ser obtido na forma estéril e 
isenta de pirogênios. A utilização do gerador deve ser feita de forma a nunca se perder a esterilidade e a 
apirogenicidade. 
 As instalações para produção, uso e armazenagem de radiofármacos estão sujeitas a 
licenciamento das agências competentes (ANVISA, no Brasil), a Federal Food and Drog Administration 
(FDA) impõe adesão estrita às boas práticas de fabricação, à rotulagem e ao uso adequado dos 
produtos. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e ANVISA regulam as condições de transporte 
dos radiofármacos, assim como fazem as agências estaduais e municipais. 
 
5. FORMAS DE ADMINISTRAÇÃO: 
Os radiofármacos são administrados por via intravenosa, oral, dentro das cavidadescorporais ou 
inalados pelo paciente. Quando um radiofármaco é administrado a um paciente sofre, de modo geral, 
processos de distribuição, metabolização e excreção como qualquer outro fármaco. As reações adversas 
são excepcionais. 
5 
 
A excreção do radiofármaco faz-se por meio dos mecanismos existentes (excreção renal, biliar, ou 
outro) e segue uma lei exponencial semelhante ao decaimento do radionuclídeo. 
Chamamos de Meia Vida Biológica ao tempo necessário para que metade do radiofármaco 
metabolizado pelo organismo seja eliminada. Descreve o decaimento biológico de um dado 
radionuclídeo num tecido em particular ou num órgão. 
No sistema biológico, a eliminação do radiofármaco ocorre pelo decaimento físico do radionuclídeo 
e eliminação biológica do radiofármaco. A combinação dos dois é denominada de Meia Vida Efetiva 
(tempo necessário para um radionuclídeo em um organismo diminuir sua atividade pela metade como 
um resultado combinado da eliminação biológica e do decaimento radioativo). 
 
6. CRITÉRIO DE ESCOLHA DO RADIOFÁRMACO: 
O radiofármaco ideal é aquele que tem um tempo de meia-vida efetiva suficientemente curto 
para minimizar a exposição do paciente à radiação, mas suficientemente longo para permitir a 
realização das imagens. Deve haver uma compatibilidade entre o tempo necessário para o radiofármaco 
se concentrar no tecido alvo (tumor) e a meia vida efetiva do radiofármaco (tempo de absorção e 
eliminação). 
 A utilidade clínica de um radiofármaco é determinada pelas propriedades físicas do radionuclídio 
(radiação, energia e meia vida). 
O radiofármaco deve ter afinidade pelo órgão ou sistema que se deseja analisar sendo também 
desejável localização rápida no órgão alvo, metabolização e excreção eficiente, de modo a aumentar o 
contraste da imagem e reduzir a dose de radiação absorvida pelo paciente. 
 A maioria dos radioisótopos utilizados é administrada sob a forma de compostos químicos aos 
quais está incorporado o átomo radioativo. Por exemplo, o iodo-131 é utilizado sob a forma de NaI131 
líquido para a realização do exame de captação de iodo pela glândula tireóide. O cromo-51 é usado sob 
a forma de Na51CrO (cromato de sódio) para a pesquisa de hemorragias ocultas. A vitamina B-12 pode 
ser marcada com diversos isótopos radioativos do cobalto, para o estudo quantitativo de sua absorção e 
excreção. Devido à grande sensibilidade do método isotópico, em geral as quantidades absolutas do 
elemento químico administradas são muito pequenas e não alteram o metabolismo normal do 
organismo. A atividade do radioisótopo deve ser elevada para não haver mistura entre o composto 
radioativo e o não radioativo, prejudicando a detecção do primeiro. 
 É necessário que o órgão/tecido em estudo capte o radiofármaco em maior concentração do que 
o tecido circunvizinho. Por exemplo, a tireóide capta Iodo em taxa mais elevada do que os outros 
órgãos. O fósforo radioativo (32P) distribui-se por diferentes tecidos, mas tem concentração mais 
elevada no tecido ósseo. 
 
7. DOSAGEM: 
As dosagens dos radiofármacos serão diferentes para pacientes diferentes e dependerão do tipo 
de teste e do tipo de tratamento. 
Na Medicina Nuclear a dose de um radiofármaco necessária a um exame é muito mais baixa do 
que a dose de agentes de contraste utilizada em outras técnicas de diagnóstico, tais como a radiografia 
(Raio X) e a ressonância magnética nuclear (RMN), ou seja, a massa dos agentes de contraste que se 
introduz no organismo quando se utiliza um radiofármaco é mínima, não provocando quaisquer 
problemas de alergia ou toxicidade. Por isso os exames de medicina nuclear, apresentam menor 
resolução em relação aos detalhes anatômicos que estas técnicas diagnósticas. Mas, em contrapartida, 
as imagens de medicina nuclear apresentam alto contraste porque os radiofármacos localizam-se bem 
no órgão de interesse permitindo assim obter imagens que proporcionam a avaliação funcional dos 
órgãos. 
A quantidade que exprime o grau de radioatividade ou o potencial de produção de radiação de 
uma determinada quantidade de material radioativo é expressa pela unidade Atividade. A unidade de 
Atividade é o Curie (Ci). A unidade de Atividade no Sistema Internacional (SI) é o Bequerel (Bq). É a 
quantidade de material radiativo em que um átomo se transforma por segundo. 1 Ci = 37 G Bq. 
6 
 
A unidade especial para a dose absorvida é o rad (Radiation Absorbed Dose ou Dose Absorvida 
de Radiação). É a energia depositada por unidade de massa do meio. Exprime a quantidade de energia 
(radiação) absorvida por tecido orgânico. No SI (Sistema Internacional) a sua unidade é J/kg a que foi 
dado o nome de Gray (Gy). 1 Gy = 1 J/kg (1 Joule de energia absorvida em 1 Kg de tecido)= 100 rads 
A dose equivalente é uma medida da dose de radiação num tecido. Esta grandeza tem maior 
significado biológico que a dose absorvida, pois permite relacionar os vários efeitos biológicos de vários 
tipos de radiação. A sua unidade no Sistema Internacional é Sievert (Sv). 1 Sv = 1 J/kg. 
 
8. RISCOS/BENEFÍCIOS: 
 O radiodiagnóstico oferece como benefícios a possibilidade de fornecer informação sobre a 
função do órgão, permite imagem (não invasiva) de todo o corpo, em alguns casos a detecção mais 
precoce da doença do que com outras modalidades de obtenção da imagem devido à capacidade de 
visualização de alterações funcionais/metabólicas, são utilizadas pequenas quantidades de substâncias, 
além de apresentar baixo índice de reações adversas à droga. 
É prudente verificar se o paciente é alérgico a substância constituinte do radiofármaco ou se o 
paciente apresenta qualquer outro tipo de alergia. Apesar de que para a maioria dos radiofármacos a 
quantidade de radiação usada em um teste diagnóstico seja muito baixa e considerada segura, quando o 
paciente é criança é conveniente discutir o benefício contra o risco de expô-la à radiação. 
Não se tem muitas informações sobre o uso de alguns radiofármacos em pessoas idosas. Não há 
informações específicas quanto ao modo de ação em adultos jovens ou se eles causam efeitos colaterais 
diferentes ou problemas em pessoas mais idosas. Também é prudente conferir a ocorrência de qualquer 
efeito incomum após o uso do radiofármaco. 
Normalmente não é recomendado o uso de radiofármacos durante a gravidez, com o objetivo de 
evitar expor o feto à radiação. Ao contrário do estudo radiológico tradicional (por exemplo, os raios-X), 
o feto pode ser protegido por uma blindagem de chumbo sobre o abdome da gestante. Isto não é 
possível na medicina nuclear, pois não se pode controlar o radiofármaco da corrente sanguínea. 
Portanto aconselha-se protelar o exame para após o término da gestação. Lactentes apresentam 
problemas semelhantes, pois alguns tipos de radiofármacos apresentam uma excreção no leite 
materno. É aconselhável, nesses casos, suspender a lactação por certo tempo (meia vida efetiva), após a 
realização do exame. Entretanto em alguns casos, sendo inevitável o uso, faz-se necessário uma 
modificação na dose do radiofármaco para reduzir a dose de radiação ao bebê. Isto é especialmente 
importante com radiofármacos que contêm iodo, pois este pode ser acumulado na tireóide da criança 
em quantidades elevadas o bastante para causar dano à glândula. Neste caso também suspender a 
amamentação por um período de tempo mesmo após o uso do radiofármaco. 
A dose ideal de radiofármacos é aquela que permite a aquisição das informações desejadas com a 
menor quantidade de dose de radiação ou exposição do paciente. 
 
9. PREPARAÇÃO DE UM RADIOFÁRMACO 
Alguns fatores muito importantes a serem considerados na preparação de um radiofármaco: 
• Eficiência do processo de marcação: é desejável um elevado rendimento de marcação, embora nem 
sempre seja fácil de obter. 
• Estabilidade química do composto: diz respeito à ligação química entre o radionuclídeo e o composto 
ao qual ele está incorporado. 
• Condições físico-químicas da marcação: podem alterar a estrutura ou propriedadesbiológicas do 
composto (por exemplo, desnaturação de proteínas por calor excessivo ou valores de pH extremos). 
• Condições de armazenamento: devem ser controladas, pois a temperatura e luz podem levar à 
degradação do composto radioativo. 
• Radiólise: muitos compostos marcados decompõem-se por ação da radiação emitida pelo próprio 
radionuclídeo e este efeito aumenta quanto maior for a atividade específica do composto. A radiólise 
pode provocar a quebra da ligação química entre o radionuclídeo e a molécula, ou pode interagir com o 
7 
 
solvente formando radicais livres, que também podem ter efeito nocivo para o composto radioativo, 
promovendo o aparecimento de impurezas radioquímicas. 
• Prazo de validade: tempo durante o qual o radiofármaco pode ser usado com segurança para o fim a 
que se destina. A perda de eficácia depende do tempo de desintegração do radionuclídeo, do tipo de 
solvente, do tipo de radiação emitida e da natureza da ligação química entre o radionuclídeo e o 
composto ao qual ele se liga. 
 A interação entre radiação e corpo humano está dividida em quatro estágios. O primeiro é físico, 
e nele a radiação transfere energia para os átomos do organismo, fazendo com que estes sofram 
ionização e excitação. Este é seguido de um estágio físico-químico, onde há a ruptura das ligações 
químicas das moléculas, e radicais livres são formados. O terceiro é químico e ocorre quando os radicais 
livres se ligam a outras moléculas importantes das células. Já o quarto estágio é responsável por efeitos 
bioquímicos e fisiológicos. Após um tempo, que pode ser variável, surgem lesões no nível celular ou 
orgânico. 
 As preparações radiofarmacêuticas incluem os radiofármacos propriamente dito, os geradores 
de radionuclídeos, os kits e os precursores de radiofármacos. 
 
TIPOS DE PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS 
Preparações radiofarmacêuticas prontas para uso 
São radiofármacos que incorporam na sua estrutura um radionuclídeo com meia-vida suficientemente 
longa para permitir a sua produção industrial e distribuição, desde o laboratório produtor até ao local de 
aplicação. São fornecidos na sua forma final, prontos a usar ou exigindo apenas operações simples de 
diluição ou reconstituição, para preparação de doses individuais de acordo com uma prescrição 
concreta. As operações de reconstituição, diluição e fracionamento devem realizar-se em condições 
higiênicas. As doses preparadas devem ser etiquetadas, indicando a identificação do radiofármaco, 
atividade, prazo de validade e precauções. 
 
Preparações radiofarmacêuticas a partir de equipamentos reativos (“kits”) 
Denomina-se de “kits” os compostos não radioativos que devem ser reconstituídos ou combinados com 
um radionuclídeo para obtenção de uma preparação radiofarmacêutica final antes de serem 
administrados para o paciente. Os kits que contêm o substrato ou ligante que se ligará ao radionuclídeo 
apresentam-se geralmente na forma liofilizada. Frequentemente utilizam-se radionuclídeos, obtidos a 
partir de um gerador, os quais possuem uma meia-vida relativamente curta, requerendo a preparação 
do radiofármaco imediatamente antes da sua administração. A preparação de cada radiofármaco deve 
realizar-se seguindo criteriosamente as instruções fornecidas pelo produtor: atividade a utilizar, 
condições de marcação, precauções especiais. 
 
Preparações radiofarmacêuticas a partir de eluatos de geradores de radionuclídeos 
O eluato do gerador de 99Mo-99mTc (Tecnécio-99m) é o mais utilizado para marcar um componente não 
radioativo, o qual apresenta afinidade por uma parte específica do organismo e é responsável pela 
biodistribuição do radionuclídeo. Os geradores de radionuclídeos compreendem quaisquer sistemas 
contendo um radionuclídeo-pai, a partir do qual é gerado um radionuclídeo-filho, usado em uma 
preparação radiofarmacêutica. Ou seja, dispositivos dos quais se pode obter um radionuclídeo de vida 
curta a partir de outro radionuclídeo de vida mais longa. 
 
Preparações radiofarmacêuticas autólogas 
São radiofármacos resultantes da marcação com radionuclídeos de amostras do paciente (geralmente 
células sanguíneas), que são depois readministradas. A preparação de radiofármacos a partir de 
elementos celulares sanguíneos implica o manuseio de amostras de sangue do paciente, requerendo, 
normalmente, manipulação muito maior do que a preparação de outros radiofármacos sendo um 
processo aberto. Por este motivo é necessário extremar as medidas sanitárias quando se procede à sua 
preparação. A preparação de radiofármacos autólogos, pelo tipo de manipulação que requer e pelo 
8 
 
caráter absolutamente individual da preparação, deve se considerar como a preparação de uma fórmula 
magistral injetável, devendo cumprir os requisitos exigidos a estas preparações pela legislação. Na 
preparação de radiofármacos baseados em células sanguíneas podem-se utilizar eritrócitos, plaquetas, 
leucócitos, marcados com diferentes radionuclídeos em função da finalidade. A marcação de células 
sanguíneas pode ser efetuada in vitro ou in vivo, sendo a marcação in vitro a que produz melhores 
imagens cintilográficas. 
 
10. CONTROLE DE QUALIDADE (CQ) DE PREPARAÇÕES RADIOFARMACÊUTICAS 
RDC 38/2008 torna obrigatória a realização do controle de qualidade dos eluatos e radiofármacos 
de 99mTc nas radiofarmácias hospitalares antes da administração ao paciente. 
Uma vez que os radiofármacos são administrados em humanos é importante e necessário que os 
mesmos passem por rigoroso controle de qualidade. O controle de qualidade segue as Normas de Boas 
Práticas Radiofarmacêuticas (BPR). Engloba série de medidas e processos para assegurar a qualidade do 
produto final, antes da sua administração. Dada a sua importância, a garantia de qualidade inclui, entre 
outras, a validação de técnicas, a calibração de aparelhos e equipamentos utilizados no processo de 
produção. As preparações radiofarmacêuticas podem ser de vários tipos e para cada tipo existirá um 
processo de controle de qualidade, em função da sua própria natureza. Devido ao curto tempo de meia-
vida dos radionuclídeos, muitos radiofármacos têm que ser produzidos, controlados e administrados 
num curto espaço de tempo, muitas vezes no mesmo dia. O cumprimento das boas práticas de 
produção é essencial uma vez que, por vezes, o radiofármaco é administrado sem os resultados dos 
testes de esterilidade e apirogenicidade. 
 Os testes de CQ estão divididos em duas categorias: físico-químicos e biológicos. Os testes físico-
químicos indicam o nível de purezas radionuclídicas, determinação do pH, pureza química e pureza 
radioquímica. Os efeitos do pH refletem na adequação fisiológica e estabilidade radioquímica do 
fármaco; ou seja, interferem significativamente na eficiência de marcação, além de poder ocasionar a 
formação de complexo com estrutura química e comportamento biológico diferentes do esperado. 
Deverá estar o mais próximo possível do pH fisiológico (pH=7,0). O pH da preparação é normalmente 
medido com papel indicador, o que evita a exposição do experimentador à radiação e a contaminação 
do material de medida. Avaliar a pureza química é verificar a presença de formas químicas indesejáveis, 
não radioativas. Presença de outras substâncias químicas pode interferir no rendimento de marcação ou 
causar efeito tóxico. Desta forma, essa impureza química pode produzir diagnósticos equivocados ou a 
repetição do exame. Pureza radioquímica (determina a percentagem do radionuclídeo de interesse 
presente em diferentes formas químicas). Um radionuclídeo pode estar presente em outra forma 
química que não a declarada, pois os compostos químicos podem ser gerados na produção e estocagem 
da substância. A presença dessas impurezas antes da radiomarcação pode resultar em marcação 
indesejada de moléculas que podem ou não alterar o comportamento físico-químico e/ou biológico da 
preparação, interferir no diagnóstico ou causar algum efeito tóxico. A presença de impurezas 
radioquímicas nas preparaçõesradiofarmacêuticas diminui a qualidade da imagem e aumenta a dose de 
radiação para o paciente. 
Controle biológico: 
 Esterilidade – A esterilidade indica a ausência de micro-organismos viáveis na 
preparação. Todas as preparações injetáveis devem ser esterilizadas por métodos 
adequados, que dependem da natureza do produto, do solvente e excipientes. Os 
métodos de esterilização mais usados são a esterilização por calor úmido, que 
deve ser aplicado apenas a compostos termoestáveis, e a esterilização por 
membrana filtrante que é mais adequado a preparações radiofarmacêuticas, uma 
vez que os volumes manuseados são pequenos, o método é rápido (e por vezes a 
meia-vida do produto é muito curta) e é aplicável a produtos termolábeis. 
 Apirogenicidade – Os pirogênios são proteínas ou polissacarídeos produzidos pelo 
metabolismo de microrganismos ou outras substâncias (com tamanho entre 0,05 
a 1 mm), solúveis, termoestáveis, que causam reações febris e que podem estar 
9 
 
presentes em preparações estéreis. A esterilidade de uma solução não garante 
apirogenicidade, assim como a esterilização não destrói os pirogênios presentes, 
por isso, para se preparar um radiofármaco sem pirogênios deverá utilizar-se o 
método asséptico. O ensaio de pirogênios consiste em medir a elevação da 
temperatura provocada no coelho pela injeção intravenosa de uma solução estéril 
da preparação a examinar e deverá ser realizado de acordo com a Farmacopéia 
Brasileira. Contudo, é também utilizado outro teste, que avalia mais rapidamente 
a pirogenicidade das preparações, é o teste L.A.L. (Limulus amoebocyte lysate). 
Este teste consiste em medir o nível de endotoxinas presentes na preparação 
utilizando um lisado de amebócitos do Limulus polyphemus. As endotoxinas, 
quando entram em contacto com o lisado, provocam turvação, precipitação ou 
gelificação da solução em aproximadamente uma hora. 
 
11. BOAS PRÁTICAS FARMACÊUTICAS 
RDC Nº 63, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2009 – Dispõe sobre os requisitos mínimos a serem observados na 
fabricação de radiofármacos e princípios básicos de Boas Práticas de Fabricação de Radiofármacos. 
Estão abrangidas tanto a produção desses medicamentos nas indústrias e instituições nucleares quanto 
a preparação deles em hospitais, radiofarmácias centralizadas e centros de tomografia por emissão de 
pósitrons (antipartícula do eléctron). 
“Art. 6º O local da produção e seu pessoal devem estar sob a responsabilidade de um farmacêutico com 
formação acadêmica comprovada e experiência demonstrada em radiofarmácia e radioproteção. 
Art. 10. A liberação de lotes para o uso deve ser aprovada somente por um farmacêutico, que possua 
experiência na produção de radiofármacos. 
Art. 11. Para garantir a fabricação segura dos radiofármacos, deve ser estabelecido um programa de 
capacitação contínua do pessoal que contemple o treinamento em Boas Práticas de Fabricação, 
manuseio seguro de materiais radioativos e procedimentos de radioproteção. 
Durante a fabricação de radiofármacos, o acesso a estas áreas deve ser restrito. 
As áreas onde são manipulados materiais radioativos devem ser projetadas levando em consideração os 
aspectos relacionados à radioproteção, condições de limpeza e esterilidade. 
As superfícies internas (pisos, paredes e tetos) devem ser lisas, impermeáveis, livres de rachaduras e não 
devem desprender partículas, de forma a permitir fácil limpeza e sanitização. 
A fabricação de radiofármacos derivados de sangue ou plasma humano deve ser realizada em área e 
equipamentos dedicados. 
Art. 22. Todos os recipientes que contenham substâncias radiofarmacêuticas, independentemente do 
estágio de produção em que se encontrem, devem estar corretamente identificados por rótulos bem 
fixados. 
Art. 29. Deve haver Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) para todas as operações realizadas. 
Art. 37. O acondicionamento e transporte de radiofármacos deve ser realizado segundo normas vigentes 
de vigilância sanitária e radioproteção.” 
 
12. RADIOPROTEÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO DE RADIOFÁRMACOS PARA DIAGNÓSTICO 
 As radiações mais comuns emitidas pelos radioisótopos são alfa (α), beta (β) e gama (γ). Quando 
uma pessoa é exposta à radiação de maneira descontrolada alguns efeitos referentes a essa exposição 
podem surgir, tais como: anemia, trombocitopenia, queda de cabelo, dermatite, esterilidade, entre 
outras. Entretanto há normas de radioproteção estabelecidas pela CNEN, na qual se utiliza de vários 
meios (monitoração, blindagem, jornada de trabalho reduzida, etc) para que o trabalhador e a 
população em geral não ultrapassem os limites de dose e que a exposição não seja descontrolada. 
Radioproteção é o conjunto de medidas que visam a proteger o homem e o meio ambiente de 
possíveis efeitos indevidos causados pela radiação ionizante, de acordo com princípios básicos 
estabelecidos pela CNEN. 
10 
 
12.1 PROTEÇÃO INDIVIDUAL – Os trabalhadores envolvidos na manipulação dos radiofármacos devem 
usar luvas descartáveis e avental. 
12.2 RECEBIMENTO DO MATERIAL RADIOATIVO – As embalagens contendo material radiativo que 
cheguem ao serviço devem ser monitoradas externamente e os resultados confrontados com os valores 
registrados na guia de monitoração que acompanha o material. 
12.3 MANIPULAÇÃO 
Na manipulação de radiofármacos devem ser respeitados os requisitos de proteção radiológica 
para proteção do operador, paciente, do público em geral e do meio ambiente, e procedimentos de 
boas práticas de fabricação para garantir a qualidade radiofarmacêutica. 
As áreas onde são manipulados materiais radioativos devem ser projetadas conforme artigo 11 
da RDC nº 63. Bancadas recoberta com plástico e papel absorvente, de fácil descontaminação, tanque 
com no mínimo 40 cm de profundidade e torneiras sem controle manual. 
A dose terapêutica deve ser manipulada em laboratório com sistema adequado de extração de 
ar. As doses preparadas devem ser etiquetadas, indicando a identificação do radiofármaco, atividade, 
prazo de validade e precauções. 
O acondicionamento e transporte de radiofármacos deve ser realizado segundo normas vigentes 
de vigilância sanitária e radioproteção. 
Ao término da jornada de trabalho, deve ser realizada uma monitoração das superfícies 
utilizando monitor de contaminação. O mesmo procedimento deve ser feito nas luvas, nas mãos e nas 
vestimentas dos trabalhadores responsáveis pela manipulação. 
 
12.4 MONITORAÇÃO – Os trabalhadores devem ser monitorados de acordo com a Norma CNEN-NE-
3.01 “Diretrizes Básicas de Radioproteção” e CNEN-NE-3.02 “Serviços de Radioproteção”. O trabalhador 
deve estar devidamente monitorado com dosímetro individual e usar luvas descartáveis, máscara e 
avental. 
 
 12.5 ADMINISTRAÇÃO DE DOSES TERAPÊUTICAS 
Pacientes com doses terapêuticas de Iodo-131 na forma líquida superior a 1,11 GBq (30 mCi) 
devem ser internados em quartos com sanitário privativo, destinados para esta finalidade. O 
radiofármaco deve estar contido em recipiente descartável adequadamente blindado. Na porta do 
quarto, além do símbolo internacional de radiação e da classificação da área, deve ser colocada uma 
tabuleta contendo as seguintes informações: 
 nome e atividade do radionuclídeo administrado; 
 data, hora da administração e registro diário da taxa de exposição a 1 metro do paciente; 
 nome, endereço e telefone do responsável pela radioproteção. 
Junto ao leito do paciente deve ser afixada a taxa de exposição diária a 1 metro do paciente. 
Objetos passíveis de contaminação (por exemplo, telefones, maçanetas, interruptores, tampas de vaso 
sanitário, torneiras, etc ...) devem ser recobertos com plástico impermeável. No caso de haver dois 
pacientes internados no quarto terapêutico é obrigatório o uso de barreira protetora entre os leitos 
(biombo blindado). O paciente somente pode ser liberado quando a atividade presente de iodeto-131 
for igual ou inferior a 1,11 GBq (30mCi). 
Os materiais que foram contaminados durante a internaçãocomo: roupas, lençóis, fronhas, 
cobertas e até mesmo objetos pessoais devem ficar armazenados em local apropriado até atingir níveis 
considerados seguros para descarte como resíduo ou mesmo encaminhado para lavanderia. 
Após a saída do paciente, deve-se verificar o nível de contaminação do quarto. Para isso, utiliza-
se um monitor de contaminação de superfície e, em seguida, o ambiente é limpo e aguarda-se a 
liberação para uso após os níveis de exposição no ambiente atingirem níveis de dose para indivíduos do 
público. 
 
11 
 
12.6 ORIENTAÇÕES AO PACIENTE: 
 Paciente que recebeu dose terapêutica e ficou internado: 
 Colocar as roupas de molho por 24 horas e trocar a água e o sabão a cada 4 horas. Não 
utilizar máquina de lavar para lavar as roupas. Despejar a água de lavagem dentro do tanque. As roupas 
devem ser torcidas e penduradas para secar. Dormir em quarto separado por um determinado período 
após a alta hospitalar. O cálculo é de acordo com a atividade da dose e a meia vida efetiva do 
radiofármaco utilizado. Se possível utilizar o banheiro sozinho, não deixar pingar urina no chão (caso 
aconteça, jogar detergente e secar com papel higiênico). Evitar o uso de papel higiênico após realizar as 
necessidades fisiológicas. O papel higiênico deve ser jogado no vaso e dar três descargas. Não urinar 
durante o banho. Ao escovar os dentes, cuspir bem dentro da pia e deixar cair bastante água. De vez em 
quando jogar um pouco de detergente. Permanecer durante 48 horas a 1 metro de distância dos adultos 
da casa e não manter contato com crianças menores de 12 anos e grávidas durante uma semana após a 
alta hospitalar. Não há necessidade de separar pratos, talheres e copos, basta lavar bem com 
detergente e água. Beber muito líquido. 
 Paciente que recebeu dose terapêutica e foi para casa: 
 Colocar as roupas de molho por 24 horas e trocar a água e o sabão a cada 4 horas. Não 
utilizar máquina de lavar para lavar as roupas. Despejar a água de lavagem dentro do tanque. As roupas 
devem ser torcidas e penduradas para secar. Permanecer a 1 metro de distância dos adultos da casa e 
não manter contato com crianças menores de 12 anos e grávidas por um determinado período. O 
cálculo do período é de acordo com a atividade da dose e a meia vida efetiva do radiofármaco utilizado. 
Se possível utilizar o banheiro sozinho, não deixar pingar urina no chão (caso aconteça, jogar detergente 
e secar com papel higiênico). Evitar o uso de papel higiênico após realizar as necessidades fisiológicas. O 
papel higiênico deve ser jogado no vaso e dar três descargas. Não urinar durante o banho. Ao escovar os 
dentes, cuspir bem dentro da pia e deixar cair bastante água. De vez em quando jogar um pouco de 
detergente. Não há necessidade de separar pratos, talheres e copos, basta lavar bem com detergente e 
água. Beber muito líquido. 
 
13. REJEITOS RADIOATIVOS 
 Rejeito Radioativo é qualquer material resultante de atividades humanas, que contenha 
radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados na norma CNEN-NE-
6.02: “Licenciamento de Instalações Radiativas”, e para o qual a reutilização é imprópria ou não 
prevista. 
Os rejeitos radioativos gerados devem ser segregados e, de acordo com a natureza física do 
material e do radionuclídeo presente, colocados em recipientes adequados, etiquetados, datados e 
mantidos no local da instalação destinado ao armazenamento provisório de rejeitos radioativos para 
futura liberação, em conformidade com a Norma CNEN-NE-6.05 “Gerência de Rejeitos Radioativos em 
Instalações Radiativas”. 
O local para armazenamento de rejeitos radioativos deve ser constituído de compartimentos que 
possibilitem a segregação destes por grupo de radionuclídeos com meias-vidas físicas próximas e por 
estado físico. Deve, ainda, possuir blindagem adequada, ser sinalizado e localizado em área de acesso 
controlado. 
 Antes da liberação de materiais, qualquer indicação da presença de radiação nos mesmos deve 
ser eliminada (indicação em rótulos, etiquetas, símbolos etc...). 
As atividades iniciais remanescentes e as meias-vidas físicas dos radioisótopos devem ser 
consideradas para estabelecer o tempo necessário de armazenamento para os rejeitos radioativos. A 
eliminação de rejeitos radioativos líquidos deve respeitar as concentrações e os limites previstos pela 
norma CNEN-NE 6.05, que são diferenciados para os vários radionuclídeos. 
A excreta dos pacientes internados com doses terapêuticas poderá ser lançada na rede de esgoto 
sanitário, desde que obedecidos os princípios básicos de radioproteção estabelecidos na Norma CNEN-
NE-3.01 “Diretrizes Básicas de Radioproteção”. 
12 
 
A eliminação de rejeitos radioativos sólidos no sistema de coleta de lixo urbano deve ter sua 
atividade específica limitada a 2 μCi/kg. 
 
14. DESCONTAMINAÇÃO RADIOATIVA: 
Tem por objetivo reduzir a contaminação a níveis aceitáveis. 
 Quando superfícies do corpo ou da roupa se tornam contaminadas, é importante que a 
contaminação seja removida tão logo quanto possível, para evitar que se espalhe a outras superfícies. A 
lavagem com sabão normal e detergente é inicialmente o melhor método. Isto deve ser seguido por 
métodos de lavagens de mãos, quando necessário utilizamos um sabão abrasivo ou agente complexo. O 
corte das unhas das mãos pode remover uma quantidade significante de contaminação que permanece 
nas mãos após a lavagem. 
 Pessoas suspeitas de estarem contaminadas devem ser monitoradas com um detector de 
radiação (Geiger Mϋller) para identificar as áreas contaminadas. Roupas que estão significantemente 
contaminadas devem ser removidas e guardadas em sacos plásticos até que a sua atividade tenha 
decaído a nível aceitável de atividade (200 dps por 100 m2). Solução radioativa derramada deve ser 
absorvida imediatamente com algodão ou papel absorvente e verificada a radioatividade. 
 Se ocorrer contaminação na pele, os procedimentos de descontaminação não devem 
aumentar a penetração da radioatividade no corpo por abrasão excessiva da pele. Se a contaminação 
estiver na área de um ferimento, um médico deverá supervisionar a operação de descontaminação. 
Ferimentos suspeitos de contaminação deverão ser irrigados com água morna em abundância. 
 Uma vez ocorrido o acidente, os seguintes passos devem ser tomados: 
o Primeiramente lave as mãos da seguinte forma: - Molhe as mãos aplique sabão ou detergente 
(sem esfregar); - enxugue as mãos com bastante água; - monitore a eficiência do procedimento 
usando um detector de radiação; - se necessário repita o procedimento de lavagem; - se o nível 
de radiação ainda estiver alto, use um sabão abrasivo; - aplique lanolina ou outro creme de mãos 
para evitar rachadura na pele. 
 As contaminações dos olhos, nariz e boca devem ser cuidadosamente tratadas, inicialmente 
lavando-se com bastante água. Se possível devem ser utilizados copos de lavagem ocular. Este 
procedimento de lavagem de mãos se estende as outras áreas da pele do corpo que estiverem 
contaminadas. 
o Coloque luvas de borracha para evitar a contaminação das mãos. 
o Cubra o material radioativo derramado ou respingado com material absorvente para evitar que a 
contaminação se alastre. 
o Desligar ventiladores, ar condicionado que estejam operando na área. 
o Marcar a área contaminada com giz, marcador, corda, etc., e restringir o tráfego nesta local. 
o Não permitir que alguém saia da área contaminada sem antes ser monitorado para assegurar 
que não está contaminado e levando contaminação para outros lugares. 
o Notificar a ocorrência do acidente ao responsável pela proteção radiológica. 
o Coloque todo o material contaminado em sacos plásticos para decaimento. Faça o mesmo com o 
material de limpeza utilizado para o procedimento de descontaminação, até que sua atividade 
tenha decaído o suficiente, antes de sua reutilização. 
 
AGENTES DESCONTAMINANTES: 
o LÍQUIDOS: Água e sabão; Sabão abrasivo e água; Água e detergentes;Agentes químicos. 
o SECOS: Fubá e detergente (pó); Pasta ou creme de dióxido de titânio; Permanganato de K + 
Bissulfito de Na; Sudorese. 
 
LEGISLAÇÃO: 
RESOLUÇÃO-RDC Nº- 63, de 18/12/2009 – Esta Resolução possui o objetivo de estabelecer os 
requisitos mínimos a serem observados na fabricação de radiofármacos, que deve cumprir com as 
Boas Práticas de Fabricação de Radiofármacos e também com os princípios básicos de Boas Práticas 
13 
 
de Fabricação (BPF) de Medicamentos. 
RESOLUÇÃO-RDC Nº 64, de 18/12/2009 – Esta resolução possui o objetivo de estabelecer os 
requisitos mínimos para o registro de radiofármacos no país visando garantir a qualidade, segurança 
e eficácia destes medicamentos. 
RESOLUÇÃO Nº 486 de 23/09/2008 (CFF) – Dispõe sobre as atribuições do farmacêutico na área de 
Radiofarmácia. 
 
Nota de aula elaborada a partir das seguintes REFERÊNCIAS: 
 Oliveira, R e cols. Preparações radiofarmacêuticas e suas aplicações. Rev. Bras. Ciên.Farm.42 (2) 2006. 
 Boletim do CIM. Importância terapêutica dos radiofármacos. Mar/Abr 2003. 
 Aplicações da Energia Nuclear- CNEN 
 Radiações Ionizantes e a vida – CNEN 
 Radioproteção-CNEN 
 Radiopharmaceutical- http://www.drugs.com/cons/radiopharmaceutical.html 
 Resolução RDC nº 64, de 18 de dezembro de 2009 
 Santos-Oliveira, R. e cols., Radiofármacos, Radiofarmácia e Medicina Nuclear, Infarma, v.21, nº9/10,2009. 
 Nascimento, CCSV, Costa, WB. O impacto do uso de radiofármacos na sociedade. 
 Tavares,JAL, Santos,MAP,Lira,RF. Avaliação do controle de qualidade de radiofármacos em serviço de medicina 
nuclear. BJRS, 2015. 
 APOSTILA DE MEDICINA NUCLEAR Desenvolvida pelo Professor Isaac Wallace, 2014. 
Farmacopeia Brasileira 
 Andrade, N.J.S., Projeto de Licenciatura “Desenvolvimento de Aplicação para Dosagem de Radiofármacos”, Instituto 
Politécnico de Bragança, 2010.

Continue navegando