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Brasília-DF. Central de Misturas e Controle de infeCção Hospitalar Elaboração Meives Aparecida Rodrigues de Almeida Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APrESEntAção ................................................................................................................................. 4 orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 5 introdução.................................................................................................................................... 7 unidAdE i Farmacotécnica Hospitalar ............................................................................................................ 9 CAPítulo 1 Estrutura E organização ................................................................................................. 11 CAPítulo 2 FracionamEnto dE mEdicamEntos para a obtEnção dE dosEs unitárias sólidas E líquidas ............................................................................................................................... 14 unidAdE ii cEntral dE misturas EV .................................................................................................................... 19 CAPítulo 1 Estrutura E organização ................................................................................................. 21 CAPítulo 2 técnicas dE rEconstituição E FracionamEnto dE injEtáVEis ........................................ 27 unidAdE iii nutrição parEntEral ....................................................................................................................... 31 CAPítulo 1 FormulaçõEs ..................................................................................................................... 32 CAPítulo 2 cálculos ............................................................................................................................. 34 CAPítulo 3 Vias dE acEsso .................................................................................................................... 39 CAPítulo 4 técnicas dE prEparo .......................................................................................................... 45 unidAdE iV incompatibilidadEs Físico-químicas E cálculos Em Farmácia ................................................... 48 CAPítulo 1 incompatibilidadEs Físico-químicas ................................................................................. 48 unidAdE V cEntral dE quimiotErápicos .......................................................................................................... 50 CAPítulo 1 Estrutura E organização ................................................................................................. 52 CAPítulo 2 técnicas dE manipulação ................................................................................................. 55 CAPítulo 3 compatibilidadE E EstabilidadE .......................................................................................... 61 CAPítulo 4 Forma E Via dE administração ......................................................................................... 63 CAPítulo 5 acondicionamEnto adEquado ....................................................................................... 70 CAPítulo 6 gEstão dE rEsíduos Em sErViços Em saúdE ..................................................................... 74 unidAdE Vi controlE dE inFEcção Hospitalar ................................................................................................ 80 CAPítulo 1 inFEcção Hospitalar (iH) .................................................................................................... 83 CAPítulo 2 comissão dE controlE dE inFEcção Hospitalar (cciH) .............................................. 120 CAPítulo 3 a importância do Farmacêutico dEntro da cciH ....................................................... 124 rEfErênCiAS ................................................................................................................................ 126 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 7 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 introdução A administração de medicamento por via parenteral, a mais utilizada dentro dos hospitais, exige prévio preparo seguindo técnica asséptica que visa garantir uma maior segurança e evitar a ocorrência de contaminação das misturas. Em seu sentido mais simples, uma Mistura Endovenosa é a combinação de formas de administração por via endovenosa (EV). Os veículos mais frequentemente utilizados são denominados fluídos EV e, ao medicamento em dissolução que se incorporam aos fluídos denomina-se aditivos. Assim, a implantação de uma Central de Misturas Endovenosas (CMEV), desempenha um papel fundamental na instituição por poder minimizar os riscos associados ao preparo da terapia endovenosa, diminuir o tempo de enfermagem associado ao preparo de medicamentos aumentando assim o tempo de assistência ao paciente, além de racionalizar a farmacoterapia. objetivos » Fornecer informações sobre as técnicas e o ambiente adequadopara o correto preparo de misturas endovenosas. » Discutir aspectos relacionados à infecção hospitalar. 9 unidAdE ifArmACotéCniCA HoSPitAlAr A Seção de Farmacotécnica Hospitalar tem por finalidade a manipulação e/ou produção de medicamentos e correlatos (produtos de higiene, dietéticos, auxiliares de diagnóstico, saneantes domissanitários e outros), com apresentação adequada e segura, fornecendo medicamentos e soluções que o mercado não disponibiliza ou que têm alto custo, em diferentes concentrações, quantidades e volumes. Objetivos: a. Proporcionar a qualquer momento, independentemente da disponibilidade comercial, medicamentos de qualidade comprovada, adaptados às necessidades específicas da população que atende. b. Desenvolver fórmulas de medicamentos e produtos de interesse estratégico e/ou econômico para a farmácia hospitalar. c. Fracionar/reenvasar os medicamentos elaborados pela indústria, com objetivo de racionalizar a administração e distribuição, além de diminuir os custos para a instituição. d. Preparar, diluir ou reenvasar germicidas para antissepsia, limpeza, desinfecção e esterilização. e. Garantir a qualidade dos produtos elaborados, manipulados, fracionados ou reenvasados. f. Manipular produtos estéreis, incluindo soluções de administração parenteral, citostáticos e misturas intravenosas, nas condições preconizadas pelas boas práticas de manipulação. g. Contribuir na formação e treinamento de pessoal auxiliar e outros farmacêuticos. 10 UNIDADE I │ FArmAcotécNIcA HospItAlAr regulamentação A farmácia responde, para todos os efeitos legais, por todo o processo referente à produção, fracionamento e reenvase de medicamentos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. Desta forma, as seguintes regulamentações devem ser de conhecimento do farmacêutico: a. Portaria ANVISA no 272, de 8 de abril de 1998 – Regulamentos Técnico para fixar os requisitos mínimos exigidos para Terapia de Nutrição Parenteral. b. Resolução ANVISA RDC no 33, de 19 de abril de 2000 – Regulamentos Técnico sobre as Boas Práticas de Manipulação de medicamentos em farmácias e seus anexos. c. Resolução ANVISA RDC no 63, de 6 de julho de 2000 - Regulamento Técnico para fixar os requisitos mínimos exigidos para Terapia de Nutrição Enteral. d. Resolução ANVISA RDC no 175, de 27 de julho de 2004 – Regulamento Técnico para Gerenciamento de Resíduos dos Serviços de Saúde. e. Resolução ANVISA RDC no 220, de 21 de setembro de 2004 – Regulamento Técnico de funcionamento dos Serviços de Quimioterapia Antineoplásica. 11 CAPítulo 1 Estrutura e organização Na atualidade, não é comum a produção de medicamentos em farmácias hospitalares, diferente do que ocorria há uma década. As preparações que se faz hoje em dia destinam-se essencialmente a: » doentes individuais e específicos como, por exemplo, por meio de fórmulas pediátricas; » reembalagem de doses unitárias sólidas; » preparações estéreis individualizadas; » diluições de desinfetantes. De acordo com o Conselho Executivo de Farmácia Hospitalar e publicado pelo Ministério da Saúde no Manual da Farmácia Hospitalar, embora a preparação de medicamentos tenha sido alterada, mantêm-se a exigência de produzir preparações farmacêuticas seguras e eficazes. Para que seja mantida essa exigência, é necessário haver uma organização e estrutura adequadas e um sistema de procedimentos que assegure um “Sistema de Qualidade na Preparação de Formulações Farmacêuticas”. De maneira geral uma Seção de Farmacotécnica pode ser organizada conforme o organograma a seguir: Figura 1. organograma de uma seção de Farmacotécnica. Fonte: o autor. 12 UNIDADE I │ FArmAcotécNIcA HospItAlAr Setor de produtos não estéreis Laboratório de Processamento: o processamento farmacêutico é o processo no qual formulações em doses sólidas orais ou líquidas são reembaladas em doses unitárias prontas para uso. No Brasil, ainda são poucos os medicamentos que são comercializados em formato de doses unitárias, e assim o Serviço de Farmácia deve processar as doses adquiridas a fim de apresentar medicamentos prontos para o uso do paciente. A reembalagem também proporciona a oportunidade de adequar o rótulo com o nome genérico o qual pode reduzir o risco de erros de administração de medicamentos nas enfermarias. Laboratório de Manipulação: a manipulação de medicamentos não estéreis é um serviço que propicia grande vantagem e economia para a instituição, pois pode disponibilizar medicamentos e soluções que o mercado não possui ou que apresenta alto custo, em diferentes concentrações, quantidades e volumes. Unidade de Diluição: a padronização, a correta diluição e utilização de germicidas constituem um fator fundamentalmente importante quando se reconhece que têm por finalidade romper com a cadeia de transmissão de infecção, quando empregados correta e adequadamente no processo de desinfecção concorrente e terminal de superfícies e instrumental de médio risco. Além disso, quando realizado por profissionais habilitados e em ambiente adequado os riscos profissionais relativos a acidentes de trabalho são diminuídos e representa uma economia substancial para a instituição devido a uma diminuição do consumo destes produtos. Unidade de Misturas: em hospitais, a maior parte dos medicamentos é utilizada por via endovenosa (na forma de bolus ou de infusão), sendo necessário, portanto, a sua reconstituição e diluição, o qual é normalmente realizado pelo pessoal de enfermagem imediatamente antes da sua administração. Os riscos associados ao processo de preparação e administração nesse processo são enormes. A padronização do processo de reconstituição do medicamento e a sua diluição em soluções parenterais adequadas para a sua administração em uma unidade centralizada minimizam esses riscos associados, além de garantir a sua estabilidade físico-química e qualidade microbiológica, proporcionando maior segurança ao paciente e redução de custos para a instituição. Unidade de Citostáticos: os medicamentos citostáticos são uma classe muito diversificada de drogas, cujo espectro varia desde substâncias inorgânicas (cisplatina) até compostos orgânicos e proteínas (asparaginase) e que apresentam uma margem de segurança muito estreita, tanto para o paciente, como para o profissional de saúde envolvido no seu preparo e administração. Dessa forma, o preparo destes medicamentos 13 Farmacotécnica Hospitalar │ UniDaDE i deve ser realizado em ambiente adequado e controlado com o objetivo de manter a esterilidade do medicamento, mas também minimizar a exposição do profissional a possibilidades de absorção as quais podem ocorrer por meio de inalação do pó ou gotículas da droga, absorção pela pele e por ingestão. Unidade de Nutrição Parenteral: o suporte nutricional assume fundamental importância dentre os procedimentos adotados no tratamento de enfermos em estado grave, portanto, a obtenção e manutenção da esterilidade da nutrição parenteral são fundamentais para a segurança do paciente. Para isso, a qualidade dos componentes, a técnica de manipulação rigorosamente asséptica e as condições ambientais sob as quais o processo é realizado tornam-se aspectos que devem ser cuidadosamente avaliados. 14 CAPítulo 2 fracionamento de medicamentos para a obtenção de doses unitárias sólidas e líquidas A falta de disponibilidade de medicamentos embalados em doses unitárias leva a necessidade de se realizar o seu fracionamento e reembalagem nos Serviços de Farmácia dos hospitais, para ajustar as doses às necessidades terapêuticas dos pacientes e racionalizar o uso dos medicamentos. O fracionamento e a reembalagem de drogas não é um novo conceito para a profissão de farmácia. Em muitos países a indústria vende às farmácias embalagens de medicamentos a granel, os quais são reembalados em envases de menor quantidade. A maioria dos grandes hospitais tem encontrado vantagenseconômicas na reembalagem dos medicamentos utilizados tanto nas unidades de internação como em serviços especializados. Comprimidos prescritos frequentemente; cápsulas, xaropes, pomadas e cremes são usualmente fracionados de acordo com a necessidade das prescrições tanto de pacientes internados como de pacientes ambulatoriais. Há dois tipos de embalagens de doses unitárias: 1. Embalagem unitária simples: contendo uma só unidade de dosificação (ex. embalagem com uma cápsula ou um comprimido). 2. Embalagem de dose unitária contendo a dose total para uma única administração (ex. dois ou mesmo três comprimidos ou cápsulas, de acordo com a dose prescrita). Devido à grande quantidade de itens envolvidos no processo de fracionamento e reembalagem, muitas vezes se requer uma força de trabalho separada, equipamentos especiais e procedimentos de controle detalhado para garantir contra a possibilidade de erros. O processo de embalagem ou reembalagem, quando se trata de modificar a embalagem original, é uma operação galênica e, portanto, indispensável que seja feita segundo normas bem especificadas, é de responsabilidade do farmacêutico e está sujeito a controles que confira segurança e eficácia. Segundo a RDC no 67, de 8 de outubro de 2007, o fracionamento de especialidades farmacêuticas, somente poderá ocorrer sob responsabilidade e orientação do 15 Farmacotécnica Hospitalar │ UniDaDE i farmacêutico, desde que seja preservada a qualidade e a eficácia originais dos produtos e sejam efetuados os registros de forma a garantir a rastreabilidade dos produtos e procedimentos realizados, além disso, o prazo de validade deve ser alterado. Quando reembalamos medicamentos nos Serviços de Farmácia Hospitalar, devemos considerar os problemas específicos de estabilidade e conservação do medicamento a reembalar. Além disso, devemos empregar materiais apropriados que sejam o mais semelhante possível ao original e determinar prazos de validade para o produto final. Para a realização de um processo de fracionamento e reembalagem de medicamentos, deve-se elaborar normas e procedimentos, os quais devem ser baseados nas Boas Normas de Fabricação, e considerar que a nova embalagem deve preencher quatro funções básicas: 1. Identificar completa e precisamente o seu conteúdo. 2. Proteger o medicamento dos efeitos deletérios ambientais. 3. Proteger o conteúdo da deterioração por manuseamento. 4. Permitir o acesso ao conteúdo de forma rápida, segura e fácil. requisitos mínimos necessários para reembalagem Espaço físico: o Laboratório de Fracionamento deverá ter uma área adequada para a realização dos procedimentos, com uma estrutura que permita a sua fácil limpeza. Deverá ser bem iluminada, com ventilação e temperaturas adequadas, devendo estar isolada das restantes áreas de atividades do Serviço, a fim de limitar ao mínimo a movimentação de pessoas nesta área. Lixo e desperdício devem ser colocados em cestos apropriados e serem retirados do local imediatamente após o término da atividade. Comidas e bebidas não devem ser permitidas. Organização e Pessoal: todo o procedimento de reembalagem e fracionamento devem estar descrito minuciosamente em Procedimentos Operacionais Padrão (POP). O pessoal envolvido na execução do fracionamento deve ser previamente treinado, e estarem paramentados com roupa limpa apropriada, máscara, touca e luvas. Equipamentos de reembalagem: a escolha dos equipamentos deve ser feita em função da quantidade de unidades a serem produzidas e do tipo de embalagem pretendida. Os equipamentos podem ser manual, semiautomático ou automático. 16 UNIDADE I │ FArmAcotécNIcA HospItAlAr Sólidos Orais: é a medicação mais comumente reembalada nos hospitais. Em muitos hospitais do Brasil, ainda se utiliza o sistema manual, sendo os comprimidos ou cápsulas embalados em bolsas de plástico seladas termicamente e identificadas por meio de etiquetas produzidas por computador. Entretanto, em alguns países, a reembalagem de cápsulas e comprimidos realizadas de forma manual e são realizadas em blisters pré-moldados (Figura 2). Figura 2. Equipamentos manuais. Fonte: mts medications technologies e medi-clear. Tecnologia recente permite que além de embalarem, as máquinas rotulem por sistema computadorizado (Figura 3) e imprimam por ação do calor. Estas máquinas automáticas de embalar e etiquetar por tira contínua produz uma embalagem em bolsa em que as faces podem ser constituídas por papel opaco não refletor (onde se imprimira o rótulo) e polietileno revestido de celofane. Embalagens individuais são produzidas por meio de perfuração das tiras, as quais podem então serem separadas. Figura 3. Equipamentos automáticos. Fonte: Krz, midwest medical system, simeks. 17 Farmacotécnica Hospitalar │ UniDaDE i Líquidos Orais: são geralmente reembalados em embalagens rígidas ou semirrígidas como copos, frascos e seringas (Figura 4). Frascos Plásticos: são muito utilizados, pois podem ser preenchidos por um sistema semiautomático, como uma pipetadora com reservatório. Copos Plásticos: são pouco utilizados na embalagem se líquidos orais. No entanto, são os únicos que permitem o enchimento, fecho e rotulagens automáticas. Seringas Orais: também são muito utilizadas no Brasil. Similares a seringas injetáveis têm a peculiaridade de não permitirem a inserção de agulhas para evitarem administração injetável acidental. São preenchidas pela utilização de uma rolha de borracha especial que se adapta à boca do frasco do medicamento na qual o bico da seringa oral é conectado. Figura 4. Fracionamento de líquidos orais. Fontes: catálogo Hospitalar, prlabor. Materiais de reembalagem: devem possuir características físicas que protejam o medicamento da ação nociva do meio ambiente (luz, calor, umidade) e de agentes microbianos, além e evitar a interação química com o medicamento. Também não devem se deteriorar com o manuseio normal e permitir a inspeção do seu conteúdo pelo pessoal que administra a medicação, salvo se as propriedades físicas do fármaco não permitirem a sua exposição à luz. Rotulagem: a rotulagem é uma das áreas em que os erros são muito comuns. As operações de rotulagem devem ser examinadas no final da elaboração das etiquetas (Figura 5) e também do processamento, a fim de verificar se a identificação do medicamento está correta. Como informação mínima, as etiquetas devem conter: » denominação comum internacional; » forma farmacêutica; 18 UNIDADE I │ FArmAcotécNIcA HospItAlAr » dosagem da forma farmacêutica; » dosagem final da dose (no de comprimidos e a dosagem total); » prazo de validade; » número do lote; » notas especiais se necessário (refrigerar, agitar antes do uso etc.). Figura 5. Etiqueta de dose unitária. Fonte: jerry Fahrni. Registros: arquivar registros corretos do trabalho é uma necessidade exigida por padrões de boas práticas e também uma exigência legal, sendo um importante fator de controle de qualidade e rastreabilidade do produto. De maneira geral deve conter dados relativos ao medicamento que foi fracionado e da dose fracionada. 19 unidAdE iiCEntrAl dE miSturAS EV As misturas endovenosas são soluções compostas de um ou mais aditivos diluídos em soluções parenterais, entendendo-se como aditivos todas as substâncias adicionadas a uma solução parenteral, podendo ser medicamentos (antibióticos, antieméticos, vitaminas etc.), eletrólitos, albumina, aminoácidos, carboidratos ou quaisquer outras substâncias aprovadas para uso parenteral. As CMEV têm origem nos finais dos anos de 1960, com a crença de que a preparação desses produtos é uma atividade farmacêutica e que complementa o Sistema de Distribuição de Medicamentos por Dose Unitária. Neste sentido, uma Central de Misturas EV deve ser uma prioridade máxima desse sistema de distribuição, pois desempenha uma função fundamental como instrumento racionalizador das terapias intravenosas ao melhorar de forma eficaz e segura a terapia EV (JARA,2012; VASCONCELOS et al., 2012) A preparação de um mistura endovenosa, por mais simples que seja, demanda sólidos conhecimentos farmacêuticos já que previamente a sua preparação exige uma validação farmacocinética e físico-química. Além disso, é necessário que seja realizada sob estritas condições ambientais de classe 100 (<3,5 partículas por litro), situação que dificilmente se encontra nas unidades de internação de qualquer hospital, a fim de evitar a potencial contaminação microbiológica e por partículas materiais. Finalmente, o método de administração, o veículo utilizado e o volume a ser administrado desempenham um importante papel terapêutico que obrigatoriamente se deve avaliar. De acordo com estes princípios, as funções que uma CMEV deve desenvolver, se baseiam, no mínimo, nos seguintes aspectos: » adequar a misturas EV em relação ao veículo e concentração final dos aditivos; » avaliar a correlação entre dose, idade e situação clínica do paciente; » avaliar os métodos de administração (dose, intervalo e velocidade); » avaliar a correlação entre o tratamento farmacológico e a patologia; 20 UNIDADE II │ CENtrAl DE MIstUrAs EV » avaliar o tempo do tratamento; » elaborar e propor protocolos terapêuticos; » realizar estudos de revisão e utilização de medicamentos. Asistemática de preparo dos medicamentos EV melhora a qualidade do produto final, inserindo mais passos no controle entre o medicamento prescrito pelo médico e a administração deste pela enfermagem, aumentando a segurança e disponibilizando a equipe de enfermagem para dedicar-se com mais tempo à assistência ao paciente. 21 CAPítulo 1 Estrutura e organização Estrutura Física: uma CMEV pode ser operada em uma pequena área, se ela for bem planejada (Figura 6). Ela deve ser uma área separada, preferencialmente adjacente à área de dispensação da Farmácia, de forma a facilitar a comunicação e a sua estrutura e organização deve ser pensada para se obter um eficiente fluxo do processo de trabalho. A ANVISA com a Resolução da Diretoria Colegiada no 67, de 8 de outubro de 2007, regulamentou tecnicamente os requisitos mínimos exigidos para o exercício da preparação de medicamentos injetáveis, instituindo as Boas Práticas de Manipulação em Farmácia. A mesma resolução regulamenta a central de misturas intravenosas, em que se realiza a manipulação ou somente a reconstituição, diluição ou fracionamento do medicamento estéril a partir do produto industrializado. Áreas e salas para a CMEV: » Área ou sala para as atividades administrativas. » Área ou sala de armazenamento. » Área ou sala de controle de qualidade. » Sala(s) de manipulação; área de dispensação, sanitários. » Área para revisão. » Área para quarentena, rotulagem e embalagem. » Sala de paramentação específica (antecâmara). Requisitos mínimos para a CMEV: » Os ambientes devem ser protegidos contra a entrada de aves, animais, insetos, roedores e poeiras. » Devem possuir superfícies internas (pisos, paredes e teto) lisas e impermeáveis, sem rachaduras, resistentes aos agentes saneantes e facilmente laváveis. » Os ralos devem ser sifonados e fechados, e nas áreas de manipulação, limpeza e higienização não existem ralos. 22 UNIDADE II │ CENtrAl DE MIstUrAs EV » A temperatura e a umidade relativa devem ser controladas diariamente para que não haja deterioração dos produtos farmacêuticos e dos produtos para saúde. » Os vestiários, lavatórios e os sanitários devem ser de fácil acesso e suficientes para o número de funcionários. » Os sanitários não devem ter comunicação direta com as áreas de manipulação e armazenamento. » O acesso às áreas de manipulação deve ser realizado por meio de antecâmaras. Figura 6. Exemplo de layout de uma unidade de misturas EV. Fonte. o autor. Em termos de equipamentos, é necessário que esta unidade esteja equipada com pelo menos: » Cabines de Fluxo Laminar e de Segurança Biológica: as Cabines de Fluxo Laminar (CFL) (Figura 7), um dos equipamentos mais importantes na manipulação de produtos estéreis farmacêuticos, é considerado um dos principais meios preventivos de contaminação não só do produto, mas também do operador e meio ambiente. Nestas câmaras são manipulados 23 Central de Misturas eV │ unidade ii produtos citotóxicos, preparações de nutrição parenterais, colírios ou preparações intraoculares, por exemplo, que requerem ausência total de partículas e existência de esterilidade, e para tal, a câmara proporciona o melhor meio para a sua manipulação (MOURATO, 2013). Por fluxo laminar se entende uma massa de ar movimentando-se a velocidade uniforme em linhas de fluxo paralelas, tanto no sentido vertical como no sentido horizontal. As cabines podem ser divididas em: » Cabine de Fluxo Laminar. » Cabine de Fluxo Laminar de Segurança Biológica. A CFL é um equipamento na qual protege somente os produtos a serem manipulado em seu interior, devido a filtração do ar pelos filtros HEPA (High Efficiency Particulate Air) que retêm 99,97% das partículas de 0,3 µm, às quais podem transportar micro-organismos vivos, criando assim um ambiente limpo. Ela é subdividida em duas categorias: » Fluxo Laminar Horizontal: onde há 100% da renovação do ar. » Fluxo Laminar Vertical: onde há 100% da recirculação do ar. Figura 7. cabines de Fluxo laminar Horizontal e Vertical. Fonte: abs Filtes. Já a CFL de segurança biológica, além de ter o ar filtrado pelos filtros HEPA, possui algumas características diferentes, pois ela é um equipamento na qual mantém a área de trabalho, meio ambiente e o usuário totalmente protegidos. Há uma subdivisão também, como segue: 24 UNIDADE II │ CENtrAl DE MIstUrAs EV » Cabine de Segurança Biológica Classe II A1 - Nesta classe, há recirculação de 70% do ar, e renovação de 30% (exauridos para o interior do laboratório). » Cabine de Segurança Biológica Classe II A2 - Na classe II A2, há recirculação de 70% do ar, e renovação de 30% (no entanto, esses 30% são exauridos para o ambiente externo, por meio de um sistema de dutos). » Cabine de Segurança Biológica Classe II B2 - Já aqui, 100% do ar são renovados. Os 100% do ar insuflado são somados aos 30% do ar que formam uma cortina de proteção na parte frontal do equipamento. Desta forma, impede que haja fuga do ar contaminado para o laboratório. Este ar é exaurido para o ambiente externo por um sistema de dutos. Figura 8. cabine de Fluxo laminar de segurança biológica classe iib. Fonte: abs Filtex. A utilização de CFL horizontais e verticais é direcionada ao meio hospitalar, mais propriamente, aos Serviços Farmacêuticos, para a manipulação de produtos estéreis não tóxicos e sem propriedades antigênicas, como por exemplo, o caso da nutrição parenteral e aditivação de soluções parenterais. No caso de manipulação de medicamentos citostáticos, deve-se utilizar a CFL de segurança biológica do tipo IIB, não há expulsão do ar da bancada de trabalho para o ambiente interno da área de manipulação. Visor de partículas - Painel de papel branco e negro (Figura 9): com este equipamento analisa-se a contaminação nas preparações injetáveis devido a partículas estranhas, não dissolvidas e móveis, além das bolhas de gás, e que se encontram involuntariamente dentro destas soluções. Para este ensaio utiliza-se um aparelho, como demonstrado na figura a seguir, constituído por um painel preto fosco, um painel branco antirreflexo e uma fonte de iluminação ajustável. 25 Central de Misturas eV │ unidade ii Para a detecção de partículas, se limpa a embalagem e agita-se suavemente invertendo-se cada recipiente com precaução a fim de evitar a formação de bolhas de ar e observa-se o interior do recipiente durante cerca de 5 segundos contra o painel branco. Em seguida, repete-se o mesmo procedimento contra o painel preto. Caso haja a presença de qualquer partícula, a preparação deve ser descartada ou filtrada pelos filtros esterilizantes ou clarificantes.Figura 9. Visor de partículas. Fonte: docplayer. Frigorífico e frezzer: para armazenamento e congelamento de medicamentos fracionados de forma padronizada, diluídos ou devolvidos ao Serviço de Farmácia. Forno de micro-ondas (opcional): para o descongelamento dos medicamentos fracionados de forma padronizada. Banho de água com termostato de imersão (opcional): também para o descongelamento dos medicamentos fracionados de forma padronizada. Organização: a organização de uma CMEV deve ser estruturada de acordo com o entorno e características do hospital, tendo em conta que deve ter um horário de funcionamento de pelo menos 12 horas. Uma condição prévia para uma eficaz organização desta unidade é ter implantado um sistema de distribuição de medicamentos por dose unitária, pois assim se terá acesso a uma cópia direta da prescrição de medicamentos, o que levará a uma potencial diminuição dos erros de medicação. O fluxo de trabalho envolvendo uma CMEV (Figura 10) pode ser descrito como na figura a seguir. 26 UNIDADE II │ CENtrAl DE MIstUrAs EV Figura 10. Fluxo de trabalho relacionado à fluidoterapia. Fonte: o autor. Ainda que os fluxos de trabalho relacionados com a preparação da fluidoterapia variem entre os hospitais, as funções, objetivos e técnicas de preparo utilizadas nas CMEV são comuns a todos eles. 27 CAPítulo 2 técnicas de reconstituição e fracionamento de injetáveis Técnica Asséptica: técnica asséptica pode ser definida como um procedimento sob condições controladas de maneira que minimizará o risco de contaminação. Devido ao fato que os contaminantes podem ser introduzidos nos medicamentos injetáveis oriundos do ambiente, equipamentos, materiais e pessoal, são essenciais controlar essas diferentes fontes enquanto o processo é realizado. O controle ambiental do ar é fundamental porque o ar é altamente contaminado. Uma CFL proporciona um ambiente limpo e livre de partículas e micro-organismos. Todos os objetos que entrarão em contato com os aditivos ou soluções EV devem ser estéreis. Muitos dos riscos associados com a contaminação são eliminados com o uso de dispositivos descartáveis como seringas e agulhas que se mantiveram estéreis. A contaminação devido ao toque pelo pessoal que está realizando o procedimento é a fonte mais comum associada. O perigo na utilização inadequada da técnica asséptica é clara: não apenas os pacientes recebendo as infusões EV são os mais críticos dos hospitais, mas também a via parenteral é a mais perigosa, pois todas as barreiras são rompidas quando se utiliza essa via. Portanto, toda a precaução deve ser tomada para evitar a contaminação das misturas. Trabalhando na Cabine de Fluxo Laminar: apesar de a CFL proporcionar um ambiente com ar livre de partículas e contaminantes, alguns cuidados devem ser tomados para evitar possíveis contaminações. Dessa forma, os seguintes procedimentos devem ser seguidos, de acordo com diversos manuais de biossegurança: » fechar as portas do laboratório; » evitar circulação de pessoas no laboratório durante o uso da cabine; » ligar a cabine e a luz UV 10 a 15 minutos antes de seu uso; » descontaminar a superfície interior com gaze estéril embebida em álcool etílico ou isopropílico a 70%; » lavar as mãos e antebraços com água e sabão e secar com toalha ou papel toalha descartável; » passar álcool etílico ou isopropílico a 70% nas mãos e antebraços; 28 UNIDADE II │ CENtrAl DE MIstUrAs EV » usar os equipamentos de proteção individual adequados, tais como: jaleco de manga longa, luvas, máscara e gorro; » colocar os equipamentos, medicamentos, dispositivos descartáveis etc., no plano de atividade da área de trabalho; » limpar com álcool etílico ou isopropílico a 70% todos os objetos antes de introduzi-los na cabine; » organizar os materiais de modo que os itens limpos e contaminados não se misturem; » minimizar os movimentos dentro da cabine; » colocar os recipientes para descarte de material no fundo da área de trabalho ou lateralmente (câmaras laterais também são usadas); » conduzir as manipulações no centro da área de trabalho; » limpar a cabine, ao término do trabalho, com gaze estéril embebida em álcool etílico ou isopropílicoa 70%; » deixar a cabine ligada 10 a 15 minutos, antes de desligá-la. Transferindo medicamentos para as seringas: seringas e agulhas são os dispositivos mais utilizados para transferência da maioria dos medicamentos para as soluções parenterais, podendo ser utilizado tanto para medicamentos liofilizados (frasco-ampola) como para líquidos (ampolas). Veja a seguir, as recomendações que fazem parte do Procedimento Operacional Padrão (POP): Ampolas: » abrir a embalagem da seringa e acoplá-la à agulha para aspiração do medicamento, observando-se a técnica asséptica, protegendo-a em sua embalagem original; » quebrar a ampola, envolvendo-a com um pedaço de algodão ou gaze, pressionando-a com o dedo indicador e polegar da mão dominante; » inspecionar a ampola aberta para qualquer partícula de vidro que possa ter caído dentro. 29 Central de Misturas eV │ unidade ii » retirar o protetor da agulha e mantê-lo dentro de sua embalagem original sobre ao bancada de trabalho ou dentro da bandeja; » aspirar o medicamento segurando a ampola com os dedos indicador e médio da mão não dominante, segurar a seringa com os dedos polegar e anular da mão não dominante e com os dedos polegar, indicador e médio da mão dominante, tracionar a extremidade do êmbolo sem contaminar sua extensão, aspirando o medicamento. Algumas vezes pode ser necessário filtrar o medicamento para remover fragmentos de vidro oriundos da quebra da ampola. Para isso, utiliza-se um filtro clarificador de membrana com uma porosidade de 5µm que é conectado à seringa antes da transferência para a solução parenteral final. frascos-ampola » abrir a embalagem da seringa e acoplá-la à agulha para aspiração do medicamento, observando-se a técnica asséptica, protegendo-a em sua embalagem original; » retirar a proteção metálica com o auxílio de um pedaço de algodão ou pinça e após, fazer a desinfecção da tampa de borracha com algodão umedecido com álcool etílico ou isopropílico a 70%; » determinar o volume correto do diluente para reconstituição e aspirá-lo para dentro da seringa; » injetar o diluente para dentro do frasco-ampola e remover a seringa; » agitar o frasco-ampola, vigorosamente, até a completa dissolução da droga; » reinserir a agulha e remover o volume apropriado do medicamento. Não injetar ar no frasco-ampola. Transferência do medicamento para a solução parenteral: uma seringa e uma agulha são, normalmente, utilizados para transferir o medicamento de uma ampola ou frasco-ampola para a bolsa da solução parenteral. É recomendado usar agulha 19G para assegurar uma completa vedação da tampa de borracha, após a sua retirada. 30 UNIDADE II │ CENtrAl DE MIstUrAs EV Para transferir o medicamento para uma bolsa: » abrir a embalagem da seringa e acoplá-la à agulha para aspiração do medicamento, observando-se a técnica asséptica, protegendo-a em sua embalagem original; » determinar o volume correto do medicamento e aspirá-lo para dentro da seringa; » realizar a desinfecção da porta de injeção da bolsa com algodão umedecido com álcool etílico ou isopropílico a 70%; » inserir a agulha na porta de injeção, a qual deve estar totalmente estendida para minimizar a chance de perfurar a lateral da porta; » remova a agulha; » agite a bolsa e inspecione a mistura. Inspecionando as Misturas: toda a mistura ou fracionamento realizado deve ser inspecionado pelo farmacêutico antes de ser enviado para as unidades de internação ou ser armazenado em frigorífico ou congelador. Os seguintes aspectos devem ser observados: » a etiqueta está completa e livre de erros; » a solução parenteral correta, incluindo concentração e volume, foi utilizada; » os aditivos corretos, incluindo concentração evolume, foram utilizados; » a mistura está clara e livre de partículas; » todas as misturas estão com prazo de validade adequado. 31 unidAdE iiinutrição PArEntErAl introdução A Nutrição Parenteral (NP) é a administração de nutrientes como glicose e proteínas, água, eletrólitos, sais minerais e vitaminas através da via endovenosa, tanto por via periférica ou central, permitindo assim a manutenção da homeostase (GASTALDI et al., 2009). A utilização desse suporte nutricional por via parenteral é indicada sempre que o paciente se encontrar sem condições de utilizar a via enteral para atender as suas necessidades nutricionais ou quando apresentar doenças de base que comprometam a ingestão, digestão ou absorção dos alimentos como, por exemplo, presença de fístula gastrointestinal, pós-operatório de cirurgia hepato-biliar, íleo paralítico prolongado, síndrome do intestino curto, fístula enterocutânea, doença do enxerto contra o hospedeiro, mucosite grave, obstrução intestinal, pós-operatório de cirurgia gastrointestinal complexa, doença inflamatória intestinal, pancreatite ou desnutrição com perda de massa corporal. Além disso, ocorre indicação nos casos de intubação orotraqueal, distúrbios neurológicos com comprometimento do nível de consciência ou dos movimentos mastigatórios. Recomendado também nos casos em que o paciente apresenta baixa ingestão oral, por anorexia de diversas etiologias (MASCARENHAS et al., 2015). Portanto, esse método de nutrição pode ser utilizado tanto como terapia exclusiva quanto de apoio, e depende principalmente da capacidade fisiológica de digestão e/ou absorção do paciente e permite diminuir as complicações infecciosas e metabólicas decorrentes da baixa ingestão de nutrientes. Entretanto, o retorno gradual e o mais precoce possível à alimentação oral é a condição a ser alcançada em toda terapia de nutrição parenteral. Devido a complexidade das formulações, os processos de prescrição e preparação das NP são críticos tornando tal procedimento suscetível a erros que chegando aos pacientes podem causar diversas complicações e riscos à saúde. Assim, a NP, é considerada uma terapia de alto risco e requer diversos cuidados para garantir sua segurança. 32 CAPítulo 1 formulações O objetivo primordial de um suporte nutricional é estabilizar ou aumentar o peso do paciente melhorando assim, o seu estado nutricional. Para isso, é necessário garantir que a ingestão total de nutrientes forneça: energia, proteínas, micronutrientes e fluidos suficientes para atender às necessidades individuais do paciente. Uma NP adequada consiste em um balanço preciso de quatro componentes principais: fluídos, eletrólitos, macronutrientes e micronutrientes: Fluidos e Eletrólitos: a água é o componente presente em maior quantidade e mais importante do corpo humano, sendo a sua reposição um dos objetivos da terapia NP. A água corporal total se encontra distribuída em dois compartimentos, o espaço extracelular e intracelular, e contém uma série de eletrólitos, como sódio, potássio, magnésio, fosfato e cálcio, dissolvidos em diferentes concentrações. Macronutrientes: necessários para o crescimento, metabolismo e outras funções normais do corpo. » Aminoácidos - fornecidos por aminoácidos livres e/ou dipeptídeos, que são essenciais para manter a integridade e a função celular, agindo como moléculas estruturais, transportadoras e sinalizadoras. Os aminoácidos sempre devem ser coadministrados com glicose para evitar desperdício de aminoácidos por produção endógena de glicose. » Lipídios - fornecidos por óleo de soja, azeite de oliva, triglicerídeos de cadeia média, ou óleo de peixe, constituem um grande substrato de energia e a principal forma de armazenamento de energia no corpo humano. » Carboidratos - fornecidos pela glicose, que serve como a principal fonte de energia, para o paciente, além de evitar o desperdício dos aminoácidos, os quais poderiam ser utilizados como fonte de energia na ausência de carboidratos ou lipídios. Micronutrientes: são necessários para evitar ou corrigir estados de deficiência e para ajudar a manter o metabolismo normal. No total, devem ser fornecidas por NP 13 vitaminas e 9 oligoelementos essenciais. 33 Nutrição PareNteral │ uNiDaDe iii » As vitaminas devem incluir: B1 (Tiamina); B2 (Riboflavina); B3 (Niacina); B5 (Pantotenato); B6 (Piridoxina); B12 (Cianocobalamina); B7 (Biotina); B9 (Ácido fólico); C (Ascorbato); A (Retinol); D (Cholecalciferol); E (Tocoferol); K (Filoquinona). » Os oligoelementos devem incluir: Crômio; Cobre; Flúor; Ferro; Iodo; Manganês; Molibdênio; Selênio; Zinco. 34 CAPítulo 2 Cálculos O suporte nutricional assume fundamental importância dentre os procedimentos adotados no tratamento de enfermos em estado grave. Tal importância resulta da capacidade de conferir ao organismo doente condições ótimas ao sucesso da farmacoterapia, de intervenções cirúrgicas ou de quaisquer outros recursos terapêuticos. A adequação da terapia nutricional baseia-se em um estreito acompanhamento do doente, realizado por uma equipe multiprofissional, no qual o farmacêutico desempenha atividades fundamentais como a revisão da prescrição de NP e o seu preparo. necessidades Todos os indivíduos necessitam de uma quantidade mínima fixa diária de energia, para realizar suas reações metabólicas basais, que pode ser medido por calorimetria indireta. Contudo, na incapacidade de medir-se o gasto energético por esse método, calculam-se as necessidades energéticas de base, para o adulto, a partir de equações simples, sendo que na prática clínica a mais utilizada é a equação de Harris & Benedict: Homens: » E = 66,47 + (13,75 x P) + (5,00 x A) – (6,76 x I) Mulheres: » E = 655,09+(9,56 x P) + (1,85 x A) – (4,68 x I) Onde: » E = Necessidades Energéticas de Base em kcal. » P = Peso em kg. » A = Altura em cm. » I = Idade em anos. As necessidades energéticas dos pacientes são determinadas pelo cálculo de energia basal em estado de repouso (calculadas pela equação acima), e situam-se entre 20 e 30 kcal/kg/dia. 35 Nutrição PareNteral │ uNiDaDe iii No entanto, em situações de estresse metabólico, como, por exemplo, na sepse, no pós-operatório ou no politraumatismo, ocorre um importante incremento nessas necessidades energéticas de base. Assim sendo, e considerando-se o trauma metabólico, propõe-se um acréscimo da oferta energética, como exposto a seguir: Acréscimo percentual aproximado, secundário a diferentes traumas metabólicos: » Cirurgia Eletiva 24. » Fraturas 32. » Traumatismo Craniano 61. » Corticoterapia 61. » Contusões 65. » Infecção 70-79. » Queimados 50 a 100. Segundo Marchini, o cálculo calórico diário é, então, distribuído da seguinte maneira, de acordo com as necessidades energéticas, em macro (proteínas, lipídios e carboidratos) e micronutrientes (oligoelementos e vitaminas) como segue: Macronutrientes: » Proteínas 0,8 - 1,0 g/kg de peso corpóreo (até 2,0 g/kg). » Lipídios 1,0 - 1,5 g/kg de peso corpóreo em geral, representam 20 a 40% da energia não proteica total. Hidratos de carbono 4,0 - 5,0 g/kg de peso corpóreo, cujas necessidades individuais devem ser adaptadas de acordo com o caso clínico. Em geral, representam 50 a 60% da energia não proteica total. Micronutrientes: » Ácido fólico 400 µg. » Ácido pantotênico 15,0 mg. » Biotina 60,0 mg. » Cálcio 0,2 - 0, 4 g. 36 UNIDADE III │ NUtrIção PArENtErAl » Cloro 3-4 g (84- 112 mEq). » Cobre 0,3-0,5 mg. » Cromo 15- 30 µg. » Ferro 1 - 2 mg. » Fósforo 0,4 - 0,8 g. » Iodo 0,15 mg. » Magnésio 0,3 g (25 mEq). » Manganês 2 - 5 mg. » Molibdênio 20 - 120 µg. » Niacina 40,0 mg. » Potássio 3 - 4g (76- 102 mEq). » Selênio 50 - 100 µg. » Sódio 1 -3g (43- 130 mEq). » Vitamina A 1000 µg. » Vitamina B1 3,0 mg. » Vitamina B12 5 µg. » Vitamina B2 3,6 mg. » Vitamina B6 4,0 mg. » Vitamina C 100 mg. » Vitamina D 5- 10 µg. » Vitamina E 10 - 15 mg.» Vitamina K 200 µg. » Zinco 3- 12 mg. 37 Nutrição PareNteral │ uNiDaDe iii Os eletrólitos são quantificados em miliequivalentes, que correspondem à milésima parte de um equivalente grama, ou simplesmente equivalente. O equivalente de uma substância é a menor porção da substância, capaz de reagir quimicamente e, corresponde ao peso atômico ou ao peso molecular, dividido pela valência. Em geral, nos líquidos do organismo, os eletrólitos são considerados em termos de miliequivalentes por litro (mEq/l). Exemplo: ( )mEq Peso Molecular resultado em miligramas Valência = Quanto pesa 1 mEq de Citrato de Potássio? PM do Citrato de Potássio= 324 Valencia = 3 mEq = 324 3 mEq = 108 mg Exemplo de suporte nutricional no adulto Paciente do sexo masculino, com sessenta anos de idade, 1,60 cm de altura e 60 kg de peso, que, no quarto dia de pós-operatório de cirurgia abdominal pós-trauma aberto, apresentou um quadro clínico de sepse. A base de cálculo das necessidades calóricas se faz, como foi descrito anteriormente, a partir da equação de Harris & Benedict corrigida pelo trauma metabólico representado pela sepse. Pode-se, então, definir o seguinte esquema nutricional para esse paciente: » E = 66,42+ (13,75 x 60) + (5 x 160) - (6,77 x 60) E = 1285 kcal (necessidades energéticas de repouso) » E total = 1285 + (0,79 x 1285) (onde o fator de trauma metabólico aplicado foi o de 79%) » E total = 2300 kcal (necessidades energéticas estimadas) Assim, 2300 kcal/60 kg/dia cobrem as exigências metabólicas desse paciente. Em seguida, essa energia calculada deve ser distribuída entre os nutrientes, da seguinte maneira: 38 UNIDADE III │ NUtrIção PArENtErAl » Proteína: 0,8 a 1,5 g/kg de peso, ou seja, 48 a 90 g/dia. » Lipídios: 1,0 a 1,5 g/kg de peso, ou seja, 60 a 90 g/dia, equivalente a 540 a 810 kcal. » Carboidratos: 4,0 a 5,0 g/kg, ou seja, 240 a 300 g/dia, equivalente a 960 a 1200 kcal. Se esses cálculos forem determinados para nutrição parenteral, teremos: 1. Proteínas - 1000 ml de solução de aminoácidos a 10% fornecem 100 g de proteínas (16 g de nitrogênio/l) e aproximadamente 400 Kcal 2. Lipídios - 500 ml de solução de lipídios a 20% fornecem 100 g de lipídios e, aproximadamente, 1000 kcal. 3. Para os hidratos de carbono - 500 ml de soro glicosado a 50% fornecem 250 g de glicose e 1000 kcal. A solução final será constituída de 2000 kcal não proteicas em 2000 ml, com uma oferta proteica de 1,25 g de proteínas/kg/dia. 39 CAPítulo 3 Vias de acesso Ao se planejar a prescrição de NP, a via de acesso adequada tem importância categórica. As soluções de NP são administradas por cateter venoso central ou cânulas venosas periféricas. A NP pode ser administrada por via periférica ou central (Figura 11) conforme a osmolaridade da solução. Periférica: é indicada para soluções com osmolaridade menor que 700 mOsm/l e se a duração do tratamento não é superior a um período de 48 horas. Central: é indicada para soluções que têm osmolaridade maior que 700 mOsm/l e quando a duração seja superior a 48 horas. Utiliza-se veia central de grosso calibre e alto fluxo sanguíneo, tais como: veias subclávias e jugulares. A veia femoral . está contraindicada pelo risco de infecção. Ao definir a via de administração adequada, seja, venosa periférica ou central, é necessário se basear nos seguintes critérios: » Condição do paciente (tipo de doença, atual estado de saúde, entre outros). » Acessibilidade do sistema venoso. » Composição da solução infundida e quantidade de energia a ser administrada. » Osmolaridade de produtos NP. » Duração planejada de NP (curto ou longo prazo). 40 UNIDADE III │ NUtrIção PArENtErAl Figura 11. aplicação local e periférica. Fonte: <http://www.unidospelanutricaoclinica.com.br/pt-br/administracao-central-v-periferica-0>. Outro ponto igualmente importante é a definição do tipo de cateter. No caso de NP venosa central, diferentes tipos de cateter são usados. A escolha do tipo de cateter vai depender das condições específicas do paciente. Outro ponto igualmente importante é a definição do tipo de cateter. No caso de NP venosa central, diferentes tipos de cateter são usados. A escolha do tipo de cateter vai depender das condições específicas do paciente. Outro ponto igualmente importante é a definição do tipo de cateter. No caso de NP venosa central, diferentes tipos de cateter são usados. A escolha do tipo de cateter vai depender das condições específicas do paciente. As soluções de NP são administradas por um cateter venoso central ou cânulas venosas periféricas (figura 12 e 13) O cateter central é geralmente inserido em uma veia central, com a ponta do cateter localizada no terço inferior da veia cava superior, da veia femoral ou no átrio direito superior. No caso de NP venosa central, são usados diversos tipos de cateteres: Cateter de Broviac-Hickma; Cateter de Groshon; Cateteres centrais inseridos perifericamente (PICC). Recomenda-se que a colocação adequada de cateteres centrais seja monitorada por: Ultrassom Suporte de Raios-X torácico. 41 Nutrição PareNteral │ uNiDaDe iii Figura 12. inserção de cateteres centrais. Fonte: <http://fromnewtoicu.com/central-line-insertion/>. Figura 13. cânulas Venosas periféricas. Fonte: <http://www.siltace.com.br/produto/descartavel/cateterintravenoso.aspx>. Figura 14. Fonte: <https://www.althis.com.br/consumo-medico/scalp/scalp-dispositivo-de-infus-o-intravenosa-n-19-lamedid-100-unidades. html>. 42 UNIDADE III │ NUtrIção PArENtErAl Figura 15. Fonte: <https://www.cancer.gov/espanol/publicaciones/diccionario?cdrid=463728>. Acesso Venoso e Cateter: acesso venoso central é o termo usado para o posicionamento de um dispositivo apropriado (Figura 16) de acesso vascular cuja extremidade atinja a veia cava superior ou inferior, independentemente do local da inserção periférica. Indicações: » Acesso Monitorização hemodinâmica invasiva (pressão venosa central, pressão de artéria pulmonar, débito cardíaco). » Acesso vascular para a infusão medicações e soluções: 1. hemofiltração e hemodiálise; 2. nutrição parenteral prolongada ou quimioterapia; 3. reposição rápida de fluidos ou sangue no trauma ou cirurgia; 4. estimulação cardíaca artificial temporária; 5. opção para paciente sem acesso periférico. Toda punção venosa central deve ser considerada como um ato cirúrgico e os cuidados de assepsia e antissepsia devem ser seguidos. A veia jugular interna direita proporciona um dos locais mais favoráveis para o acesso às grandes veias torácicas, associando altas taxas de sucesso na punção, e baixos índices de complicações graves. As principais complicações do procedimento são punção acidental de carótida, formação de hematomas, punção acidental de traqueia, lesão de nervo laríngeo recorrente, embolia aérea, pneumotórax, trombose, má-posição, embolia do cateter e lesão cardíaca pelo cateter. A principal contraindicação para as punções venosas centrais são as discrasias sanguíneas graves e o uso de anticoagulantes. 43 Nutrição PareNteral │ uNiDaDe iii Figura 16. cateter Venoso. Fonte: <http://www.lobatocirurgiavascular.com.br/acessos-venosos-e-cateteres/>. técnicas de infusão de nutrição parenteral Infusão por bomba - para que a administração da NP seja segura, recomenda-se o uso de bomba de infusão (Figura 17). Os dispositivos utilizados devem ser trocados a cada 24-48 horas, de acordo com as normas de cada instituição, que deve padronizar esse processo e estabelecer parâmetros baseados em evidências científicas, experiências e nos recursos disponíveis na instituição. Figura 17. bomba de infusão. Fonte: <http://www.brasmed.com.br/equipamentos/bomba-de-infusao-p-alimentacao-enteral-mindray.html>. Infusão por controle manual de gotejamento - é a infusão dos nutrientes no leito venoso utilizando a força da gravidade como impulsionadora da mistura de nutrientes, 44 UNIDADE III │ NUtrIção PArENtErAl controlando-sea velocidade do gotejamento manualmente. Recomenda-se o uso de equipo com microgotas (Figura 18) para garantir o fluxo da infusão programada. Figura 18. Equipo de microgotas. Fonte: <http://www.alimedprodutosparasaude.com.br/p-1388511-Ev-Hart%20air%20microgotas%20f%2015%20micra- c%c3%b3digo%20160.112>. 45 CAPítulo 4 técnicas de preparo O método mais comumente utilizado no preparo de soluções de nutrição parenteral é o de aditivação de cada componente por sistema fechado, ou seja, os constituintes são adicionados, após desinfecção prévia dentro dos frascos de vidro ou bolsas de acetato de etilvinila sob as condições de ar estéril da CFL. Os aminoácidos e a glicose são transferidos aos recipientes utilizando equipamentos informatizados ou método manual, com a aditivação pelo equipo de transferência. Em ambos os métodos, os eletrólitos são adicionados pelo injetor lateral dos mesmos equipos, alternando-se os íons monovalentes com os íons divalentes, evitando-se assim a incompatibilidade química entre os constituintes. Ao término, os recipientes contendo as nutrições parenterais são inspecionados visualmente, embalados, identificados e protocolados na central de nutrição parenteral. Reconhecidamente, a maior preocupação das nutrições parenterais é a instabilidade da emulsão lipídica frente ao uso de altas concentrações de eletrólitos e oligoelementos. As emulsões lipídicas são formadas por duas substâncias imiscíveis; uma oleosa na forma de gotículas e outra aquosa, em que estão dispersas as gotículas de óleo. Para que este sistema torne-se estável, acrescenta-se um agente emulsionante (as apresentações comercialmente disponíveis apresentam a lecitina do ovo nesta função), que funciona por meio de dois mecanismos: 1. Barreira mecânica: ocorre a formação de um filme ao redor de cada glóbulo oleoso, que funciona como uma interface entre as duas fases. 2. Barreira eletrostática: em que os grupos fosfato presentes na lecitina de ovo são ionizados e apresentam cargas negativas. Estas cargas ficam ao redor de cada gotícula, garantindo a repulsão entre elas. O pH determina o estado e o grau de ionização do emulsificante, sendo que a máxima estabilidade da emulsão é atingida numa faixa de pH entre 5 e 10. À medida que se diminui o pH, as cargas elétricas do emulsificante se neutralizam, desaparecendo as forças repulsivas e favorecendo a quebra da emulsão lipídica. A desestabilização ocorre principalmente pela neutralização das cargas elétricas do emulsificante, que perde seu poder de repulsão eletrostática e favorece o agrupamento das gotículas oleosas, levando à coalescência e consequentemente quebra da emulsão. 46 UNIDADE III │ NUtrIção PArENtErAl Assim, todo o conteúdo eletrolítico presente em uma nutrição parenteral do tipo 3 em 1 é potencialmente perigoso para a estabilidade da emulsão lipídica do sistema. Cabe assinalar que quanto maior a valência de um cátion livre em solução, maior seu potencial de neutralizar a ação do emulsificante, o que faz dos cátions divalentes (como o cálcio e o magnésio) e dos oligoelementos as substâncias que apresentam perigo real. Sendo a instabilidade multifatorial, há poucas referências bibliográficas quanto à concentração máxima de cálcio que assegure a estabilidade da emulsão lipídica. O fabricante do Intralip 10% e 20% (Kabi-Fresenius) preconiza o uso de até 8 mEq/l de cálcio enquanto outros estudos apontam formação de precipitação em concentração de 7,2 mEq/l de cálcio. Outro problema, farmacotécnico da adição de grandes doses de cálcio em nutrições parenterais é sua reação com fosfato, formando sais insolúveis. Do ponto de vista físico-químico, são observadas duas situações de precipitação: 1) precipitação imediata, claramente visível durante a manipulação da NPT, forma um precipitado amorfo branco, em flocos, cuja estrutura corresponde ao fosfato cálcico - Ca3(PO4)2; 2) precipitação mediada pelo tempo, que pode ou não ser visível, e ocorre pela cristalização do fosfato cálcico dibásico - CaHPO4, que se apresenta como cristais semitransparentes e bem definidos, normalmente aderidos às paredes da bolsa de NPT, mas que também podem se formar na linha de infusão do cateter, obstruindo-o. A precipitação de cálcio e fósforo nas misturas de nutrição parenteral apresenta consequências clínicas importantes para o paciente (como embolia pulmonar) e não é previsível apenas por simples cálculos, dependendo de múltiplos fatores (MARQUES, AKEMI, KFOURI, 2017). Tais fatores podem estar ligados direta ou indiretamente à incorporação destes íons à nutrição parenteral, conforme a tabela, a seguir: tabela 1 Fatores Diretos Fatores Indiretos pH Fonte de Cálcio Concentração de Cálcio Fonte de Fósforo Concentração de Fósforo Concentração de Magnésio Concentração final de Aminoácidos Ordem de adição Temperatura e tempo de conservação Temperatura de administração Fonte: marquEs, aKEmi, KFouri, 2017 Destes, o pH é o fator mais importante, regulando de forma determinante a compatibilidade de qualquer sistema Ca-P. Assim, todos os fatores que alteram o pH final da mistura influem na precipitação. O pH ácido favorece a forma monobásica do fosfato (diidrogeno fosfato), mais solúvel, diminuindo o risco da precipitação, enquanto que em pH = 7,4 predomina a forma dibásica, aumentando o risco. O segundo 47 Nutrição PareNteral │ uNiDaDe iii fator de maior importância para a precipitação destes íons é a concentração final de cálcio iônico livre, que depende do grau de dissociação do sal de cálcio empregado. Os sais inorgânicos (como o cloreto de cálcio - CaCl2) estão mais dissociados que os sais orgânicos (como o gluconato de cálcio). Desta maneira, observa-se que o risco de precipitação está intrinsecamente relacionado ao grau de dissociação dos sais de cálcio e fosfato. Portanto, é preferível que reposição de cálcio seja feita em outra via separada da NP. 48 unidAdE iV inComPAtibilidAdES fíSiCo-químiCAS E CálCuloS Em fArmáCiA CAPítulo 1 incompatibilidades físico-químicas As incompatibilidades medicamentosas são reações físicas ou químicas entre dois ou mais medicamentos in vitro, antes que atinja a circulação sanguínea, quando as soluções são misturadas na mesma seringa, equipo ou frasco. Segundo Marsilio e colaboradores (2016), as reações físicas podem causar mudanças visíveis, como precipitação, mudança de coloração, consistência, opalescência ou produção de gás. As reações químicas são originadas de mudanças moleculares e consideradas relevantes quando ocorre a degradação maior que 10% de um ou mais componentes da solução. A principal razão para diferenciar entre esses dois tipos incompatibilidades se baseia no tempo de contato que os fármacos estão um com o outro. Considerando que a maioria dos medicamentos prescritos são administrados por via intravenosa, outro problema frequente é o limitado número de vias de acesso venoso, o que dificulta a administração segura dos medicamentos, particularmente quando há infusões contínuas. Nestas circunstâncias, a maioria desses eventos ocorre em Y, por exemplo, quando dois medicamentos incompatíveis são administrados na mesma via ao mesmo tempo. Para que a administração simultânea seja possível, os medicamentos devem ser no mínimo fisicamente compatíveis, uma vez que as reações químicas requerem maior tempo de contato para que haja redução significativa na concentração do fármaco. No caso da administração em Y, o tempo de contato é em torno de 1 a 2 minutos, dependendo do fluxo de infusão, enquanto que, para fármacos misturados na mesma seringa, ou bolsa, o tempo de contato pode permanecer por horas ou dias, e é durante esse período que as reações químicas podem ocorrer. As incompatibilidades podem resultar em redução da atividade ou inativação dos fármacos, formação de um novo 49 IncompatIbIlIdades físIco-químIcas e cálculos em farmácIa │ unIdade IV composto ativo inócuo ou tóxico, em aumento da toxicidade de um oumais fármacos envolvidos, além da possibilidade de mudanças organolépticas. Inúmeros fatores devem ser considerados antes de se administrarem concomitantemente dois ou mais medicamentos, com o intuito de reduzir o risco de uma incompatibilidade. A utilização de cateteres multilúmen pode permitir que diferentes fármacos intravenosos sejam administrados separadamente, mas em um mesmo instante. O ajuste dos horários de administração de medicamentos também é um fator importante a ser analisado, bem como verificar se a administração de um determinado fármaco pode ser interrompida temporariamente, sem comprometer o atendimento ao paciente enquanto outro medicamento for administrado. Também pode ocorrer de dois medicamentos incompatíveis serem administrados consecutivamente, o que torna importante que a linha de perfusão seja irrigada com fluido compatível entre cada administração. Outra forma de minimizar os riscos de incompatibilidades inclui a utilização de prescrição eletrônica com alertas a respeito das possíveis incompatibilidades entre os medicamentos prescritos. Alguns estudos já demonstraram que alertas computadorizados podem influenciar na prescrição de medicamentos e evitar possíveis eventos adversos. Ao avaliar as incompatibilidades dos medicamentos prescritos antes de sua administração, a equipe de farmácia pode minimizar estes erros orientando a equipe de enfermagem e, dessa forma, contribuir para a eficácia da terapia medicamentosa e segurança do paciente. Portanto, as equipes assistenciais necessitam informações rápidas e acuradas no momento da administração, com o objetivo de prevenir incompatibilidades e assegurar a efetividade da terapia medicamentosa prescrita, o que contribui para o sucesso terapêutico e a segurança do paciente. Leia o artigo: Instrumento para avaliação da compatibilidade em Y na administração intravenosa de medicamentos em Unidades de Terapia Intensiva - <http://www.sbrafh.org.br/rbfhss/public/artigos/2013040307000467BR.pdf>. 50 unidAdE VCEntrAl dE quimiotEráPiCoS introdução A Oncologia é uma das áreas da medicina que mais atenção tem sido dada nos últimos anos, pelos farmacêuticos. Na atualidade, a quimioterapia, com suas novas modalidades de tratamento, é a que apresenta maior probabilidade de cura e proporciona aumento significativo da sobrevida aos pacientes com diagnóstico de câncer avançado (GUIMARÃES, 2006; ANDRADE; SILVA, 2009). Os objetivos da quimioterapia é curar, limitar o crescimento do tumor, diminuir o crescimento, aliviar sintomas que possam ter sido causados pelo seu desenvolvimento. Segundo definição apresentada pelo Instituto Nacional do Câncer, a quimioterapia é o tratamento que utiliza medicamentos, chamados quimioterápicos ou citotóxicos, no tratamento de doenças causadas por agentes biológicos. Quando aplicada ao câncer, a quimioterapia é chamada de quimioterapia antineoplásica ou quimioterapia antiblástica. Os agentes utilizados no tratamento do câncer não são letais às células neoplásicas de modo seletivo, comprometendo também as células normais. Entretanto, eles acarretam maior dano às células malignas do que às dos tecidos normais, pois as diferenças existentes entre o crescimento das células malignas e os das células normais e as pequenas diferenças bioquímicas verificadas entre elas provavelmente se combinam para produzir seus efeitos específicos. A maioria das drogas utilizadas na quimioterapia antineoplásica interfere de algum modo no mecanismo celular, e a melhor compreensão do ciclo celular normal levou à definição clara dos mecanismos de ação dessa classe farmacológica. A quimioterapia pode ser feita com a utilização de um ou mais quimioterápicos. O uso de drogas isoladas (monoquimioterapia) mostrou-se ineficaz em induzir respostas completas ou parciais significativas, na maioria dos tumores, sendo atualmente de uso muito restrito. A poliquimioterapia é de eficácia comprovada e tem como objetivos atingir populações celulares em diferentes fases do ciclo celular, utilizar a ação sinérgica das drogas, 51 Central de QuimioterápiCos │ unidade V diminuir o desenvolvimento de resistência às drogas e promover maior resposta por dose administrada (INCA). A quimioterapia pode ser utilizada em combinação com a cirurgia e a radioterapia. De acordo com as suas finalidades, a quimioterapia é classificada em: » Curativa - quando é usada com o objetivo de se conseguir o controle completo do tumor, como nos casos de doença de Hodgkin, leucemias agudas, carcinomas de testículo, coriocarcinoma gestacional e outros tumores. » Adjuvante - quando se segue à cirurgia curativa, tendo o objetivo de esterilizar células residuais locais ou circulantes, diminuindo a incidência de metástases a distância. Exemplo: quimioterapia adjuvante aplicada em caso de câncer de mama operado em estádio II. » Neoadjuvante ou prévia - quando indicada para se obter a redução parcial do tumor, visando a permitir uma complementação terapêutica com a cirurgia e/ou radioterapia. Exemplo: quimioterapia pré-operatória aplicada em caso de sarcomas de partes moles e ósseos. » Paliativa - não tem finalidade curativa. Usada com a finalidade de melhorar a qualidade da sobrevida do paciente. É o caso da quimioterapia indicada para carcinoma indiferenciado de células pequenas do pulmão (INCA). Visite a pagina do INCA: <http://www.inca.gov.br>. 52 CAPítulo 1 Estrutura e organização Para Zawatski (2013), a área da oncologia é um setor com elevada complexidade de gestão e com importantes particularidades assistenciais. Para um serviço de quimioterapia garantir que suas atividades atendam as suas necessidades, é preciso compreender a organização de forma sistêmica e integrada, abrangendo todas as áreas que envolvem o serviço. A infraestrutura física de um serviço de quimioterapia é o local onde é realizado todo processo de manipulação e aplicação do medicamento ao paciente. A central de quimioterapia é o local onde todo processo de manipulação e aplicação do medicamento ao paciente é realizado, objetivando uma assistência de qualidade otimizada e sistematizada. Ressaltamos aqui que o local de preparo dos quimioterápicos deve estar inserido na unidade de misturas endovenosas. A área de preparo deve ser centralizada e isolada, de acesso exclusivo do pessoal responsável pela manipulação. A quimioterapia deve ser realizada por farmacêuticos. A função do farmacêutico vem levantando polêmica. A Vigilância Sanitária, junto com a Secretaria da Saúde, baixou o Decreto no 85.878/1981, no qual determina que a manipulação de drogas antineoplásicas deva ser feita por farmacêutico. A partir de então, começou-se exigir a presença obrigatória de farmacêutico em todas as instituições. Por outro lado, o COREN emitiu um parecer técnico outorgando aos enfermeiros a manipulação de Quimioterápicos. Os quimioterápicos devem ser preparados em sala própria (Figura 19), em cabine de biossegurança biológica (capela de fluxo laminar vertical classe II tipo B), por pressão negativa; ao qual tem um vidro de proteção com a finalidade que se escapar partículas da quimioterapia, esta não entre em contato com o farmacêutico e com identificação nas portas de acesso restrito (Figura 20). É obrigatório o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) – roupa apropriada: máscara, óculos, propés, durante a preparação e manipulação dos quimioterápicos. 53 Central de QuimioterápiCos │ unidade V Figura 19. sala de preparo de quimioterápicos. Fonte: <http://www.racine.com.br/educacao-continuada/misturas-estereis>. Figura 20. símbolo de biossegurança. Fonte: <https://wall.alphacoders.com/big.php?i=410796&lang=spanish>. É crescente o uso de quimioterápicos antineoplásicos como uma das formas de tratamento do câncer. Na mesma proporção, o índice de exposição ocupacional pode prejudicar a saúde do trabalhador. A infraestrutura física do serviço de quimioterapia deve atender aos requisitos daRDC/ANVISA no 50/2002, apresentando os seguintes itens específicos, como: área destinada à paramentação, provida de lavabo para higienização das mãos; sala de preparação exclusiva de quimioterápico antineoplásico; área de armazenamento 54 UNIDADE V │ CENtrAl DE QUImIotErápICos exclusiva para estocagem de produtos farmacêuticos específicos da quimioterapia; área de dispensação necessária quando a administração não for imediata ou for realizada em outro ambiente; abrigo de resíduos deve atender a RDC/ ANVISA/MS no 33/2003. O preparo das drogas antineoplásicas deve ser realizado com técnicas assépticas rigorosas em cabine de segurança biológica, devendo o profissional utilizar os EPIs. Preferencialmente, as drogas devem ser manipuladas por farmacêutico. O Ministério do Trabalho e Emprego publicou, em 2005, a NR no 32, uma norma regulamentadora de segurança e saúde no trabalho em estabelecimentos de saúde, a qual aborda os cuidados com a manipulação de medicamentos antineoplásicos, recomendando que a instituição assegure capacitação em biossegurança aos seus funcionários, bem como forneça todos os EPIs para o desempenho da função. A referida recomendação deve constar dos protocolos de procedimentos com medicamentos antineoplásicos, de fácil acesso aos trabalhadores e à fiscalização do trabalho. Decreto no 85878/1981 | Decreto no 85.878, de 7 de abril de 1981. <http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/114665/decreto-85878-81>. Procedimento de SST - Quimioterápicos Antineoplásicos. <http://nr-32.blogspot.com.br/2009/09/procedimeto-de-sst>. 55 CAPítulo 2 técnicas de manipulação O preparo de qualquer antineoplásico deve seguir regras rígidas de segurança. Segurança pessoal, segurança ambiental, a segurança dos manipuladores e do ambiente de preparo, aplicação e descarte dessas drogas. A manipulação de medicamentos antineoplásicos é um ponto que levanta preocupação e solicita muita precaução. Desta maneira, os profissionais que realizam essa prática precisam se precaver de contato desnecessário com esses produtos. Sabemos há tempos dos efeitos que esses medicamentos ocasionam em células neoplásicas ou não, ou melhor, células de proliferação acelerada. Ao mesmo tempo, levanta-se a possibilidade desses medicamentos serem carcinogênicos e teratogênicos. Além disso, existe uma grande possibilidade de contaminação pela exposição por um longo período a medicamentos citostáticos. Profissionais que seguem as normas de precaução não apresentaram sinais evidentes de contaminação. De maneira geral, o contato com citostático pela inalação de aerossóis ou contato direto com a pele, decorrente do ato de manipulação e administração, podem acarretar efeitos e sintomas tais como, náusea, lipotimia e cefaleia, alopecia e dermatites. Os efeitos terapêuticos e tóxicos dos quimioterápicos dependem do tempo de exposição e da concentração plasmática da droga. A toxicidade é variável para os diversos tecidos e depende da droga utilizada (FERNANDES; MELLO, 2008). 1. O Regulamento Técnico da ANVISA fixa os requisitos mínimos exigidos para o funcionamento dos Serviços de Quimioterapia Antineoplásica. Além disso, estabelecem a organização da equipe multiprofissional de quimioterapia antineoplásica, que deve ser constituída de profissional médico oncologista clínico, farmacêutico e enfermeiro, habilitados para oferecer uma boa assistência. manuseio seguro das drogas quimioterápicas na prática diária Nenhuma pessoa deve ser autorizada a manusear drogas antineoplásicas, sem ter sido treinado nos seguintes tópicos: » o modo de ação das drogas citotóxicas e os riscos potenciais envolvidos no manuseio dessas drogas; » como manusear as drogas antineoplásicas adequadamente; 56 UNIDADE V │ CENtrAl DE QUImIotErápICos » como controlar os riscos potenciais associados com o manuseio dos agentes citostáticos; » como descartar adequadamente o material contaminado e como descontaminar o equipamento; » exames médicos preventivos para a equipe sujeita a exposição ocupacional às drogas potencialmente prejudiciais. indivíduos que estão legalmente proibidos de manusear as drogas citostáticas Os seguintes indivíduos não devem manusear os agentes citostáticos, nem excrementos de pacientes que recebem tratamento antineoplásico: » gestantes, lactantes, menores e estudantes de enfermagem em seus primeiros semestres de treinamento; » equipe exposta a raios-X (fator de risco adicional). instrução e treinamento Os agentes citostáticos habitualmente devem ser manuseados apenas pela equipe permanente e que deve ser bem treinada. Esses trabalhadores devem ser treinados nos seguintes tópicos: » riscos associados com seu trabalho; » precauções de segurança que devem ser tornadas para minimizar esses riscos e necessidade de supervisão médica; » devem ser ministradas aulas sobre esses aspectos a intervalo regulares (pelo menos uma vez por ano). Além disso, o pessoal encarregado pela limpeza de áreas contaminadas e descarte de material citotóxico, assim como técnicos de laboratório que podem entrar em contato com agentes antineoplásicos, devem ser treinados no que se refere a quaisquer riscos associados com o seu trabalho. 57 Central de QuimioterápiCos │ unidade V Precauções de segurança Equipamentos de proteção: roupas protetoras adequadas devem ser usadas, sempre que estiver manuseando agentes citostáticos (Figura 21). O empregador é responsável pelo fornecimento de roupas protetoras adequadas para os empregados. Por outro lado, os empregados têm o dever de usar essas roupas. » use um avental com mangas compridas e punhos justos (de malha ou elástico) e fechado na frente; » se tecido, trocar a cada manipulação; » não deve ser utilizado fora da área de preparo; » use luvas impermeáveis e descartáveis, sempre que manusear os agentes citostáticos. Como nenhum material pode garantir segurança absoluta, pode utilizar luvas de látex ou PVC, desde que elas sejam suficientes grossas. É possível usar luvas de algodão de algodão sob as luvas protetoras, para reduzir a transpiração e tornar o trabalho mais confortável; » não tocar com as luvas nenhum objeto ou material fora da capela; » descartá-las ao término das manipulações e a cada 30 minutos. » use um avental e luvas de proteção, sempre que estiver manuseando drogas citostáticas, especialmente quando estiver preparando soluções para injeções ou quando aspirar o líquido para dentro da seringa, descartar instrumentos contaminados e lixo citotóxico e administrar a droga. Nunca utilize equipamento protetor fora da área de trabalho; » o uso de óculos de proteção deve impedir a contaminação por gotículas tanto frontalmente, como lateralmente, sem reduzir o campo visual. » utilize uma mascara protetora, sempre que houver risco de inspiração ou aspiração de gotículas e partículas. Obs.: as máscaras cirúrgicas não fornecem uma proteção adequada contra a contaminação por aerossol. 58 UNIDADE V │ CENtrAl DE QUImIotErápICos Figura 21. Epis para preparo de quimioterapia. Fonte: <http://www.amaralcarvalho.org.br/amaralcarvalho/pt/destaques-conteudo/visualizar/coddestaques_conteudo/1493/ sesmt-realiza-treinamento-sobre-uso-de-epi.html>. Procedimentos de preparação » escove cuidadosamente as mãos depois de utilizar as luvas protetoras; » evite perfurar as luvas, no caso troque a luva; » devem ser usados apenas seringas e dispositivos de injeção com dispositivo Luer (Figura 22); » preencher o equipo com soro antes da colocação do quimioterápico; » ao abrir uma ampola de citostático, envolver a parte superior com gaze e injetar o diluente lentamente na parede lateral da ampola; » a diluição e a aspiração do quimioterápico contido em frasco ampola devem ser cuidadosas, respeitando o equilíbrio das pressões de dentro e de fora do frasco; » recomenda-se o uso de um dispositivo com filtro que permita a entrada de ar e impede a saída de aerossóis,
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