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LIBÂNEO, José Carlos [2000] Cap_5 - Os conceitos de organização, gestão, participação e cultura organizacional

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LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: Teoria e Prática. São Paulo: Heccus Editora, 2015. [6ª Ed., Orig. 2000]
Capítulo 5 – “Os conceitos de organização, gestão, participação e cultura organizacional”, pp. 83-98.
1. Organização, administração, gestão escolar. (pp. 85)
1.1. Organização, administração, gestão: significados parecidos.
	1.1.1. Organizar: dispor de forma ordenada, articular, prover as condições para uma ação.
	1.1.2. Administrar: ato de governar, por em prática normas e funções.
	1.1.3. Gerir: administrar, gerenciar, dirigir.
1.2. Na educação, “organização escolar” costuma ser igual a “administração escolar” (i.e. planejamento, racionalização, coordenação e controle do trabalho escolar).
	1.2.1. Há pouca distinção na bibliografia entre administração e organização; idem para gestão e direção.
	1.2.2. E no meio disso tudo, há o conceito de “cultura organizacional”: escola como sistema sociocultural, não só burocracia.
1.2.2.1. Essa categoria vem ganhando destaque por conta das implicações no funcionamento da escola e na construção do projeto pedagógico, do currículo e das formas de gestão.
2. Organização e administração. (pp. 86-88)
2.1. Há uma convergência em torno do conceito de “administração escolar” ou “administração educacional” como teoria própria.
2.1.1. Teobaldo Santos, Noções de administração escolar, 1966: “administração” como planejamento, organização, direção e controle dos serviços necessários à educação.
2.1.2. Vitor Paro, Administração escolar – Introdução crítica, 2012: “administração” como utilização racional de recursos para a realização de fins determinados, coordenação do esforço coletivo.
2.2. Porém, há alguns autores que invertem o jogo: a administração realiza-se dentro de uma organização.
2.2.1. Idalberto Chiavenato, Iniciação à organização e controle, 1989: dois significados de organização – “unidade social” e “função administrativa”.
2.2.1.1. Organização enquanto “unidade social”: agrupamento humano intencionalmente construído para certo fim (vender, ensinar, caridade, lazer etc.).
2.2.2. Angelina Carvalho e Fernando Diogo, Projecto educativo 1994: neste caso, a escola seria uma organização, pois tem indivíduos e grupos em interação pessoal direta e prolongada, com atos intencionalmente planejados e processos de sistematicidade.
2.2.2.1. Isso já está presente na obra de Manuel Lourenço Filho, Organização e administração escolar, 1976: subordinação da administração à organização.
2.3. E é a concepção seguida aqui: organização como “unidade social que reúne pessoas que interagem entre si e que opera por meio de estruturas e processos organizativos próprios, a fim de alcançar os objetivos da instituição”. (p. 87)
2.3.1. Por isso optamos pela expressão “organização e gestão da escola”: mais abrangente do que “administração da escola”.
2.3.1.1. Gestão (decisão/direção/controle) como processo necessário para realização dos objetivos da organização.
2.3.2. Trata-se em síntese, de priorizar os seguintes objetivos da organização e gestão, e não os meios:
		2.3.2.(1). Prover as condições ao ótimo funcionamento da escola.
		2.3.2.(2). Promover o envolvimento das pessoas no trabalho por meio da participação (e acompanhar essa participação).
		2.3.2.(3). Garantir a realização da aprendizagem de todos os alunos.
3. Gestão e direção. (pp. 88-89)
3.1. Para alguns autores, o centro da administração/organização é a tomada de decisão.
3.1.1. Daniel Griffiths, Teoria da administração escolar, 1974: planejamento, estrutura organizacional, direção, avaliação remetem-se à tomada de decisão.
		3.1.1.1. Os processos intencionais e sistemáticos de tomar decisão e fazer a decisão funcionar são a “gestão”.
	3.1.2. A “direção” seria um atributo da gestão: orientar o conjunto das pessoas rumo aos objetivos decididos.
3.2. Esses processos assumem diferente significados de acordo com a concepção que se tenha sobre os objetivos.
3.3. E não seria diferente no caso da educação:
	3.3.1. Numa visão técnico-científica: cumprir o plano – decisões centralizadas, de cima para baixo, sem participação.
	3.3.2. Numa visão democrático-participativa: discussão – decisões coletivas.
3.4. Neste livro, se assume uma concepção democrático-participativa.
4. Participação. (pp. 89-91)
4.1. Participação como principal meio da gestão democrática da escola.
	4.1.1. Nas empresas, quando há participação, trata-se de estratégia de aumento da produtividade.
4.1.2. Nas escolas: pode haver isso também (busca de bons resultados), mas o principal é a busca por experiências de formas não autoritárias de exercício do poder.
4.2. Participação está fundada no princípio da autonomia: livre determinação de si próprio.
4.2.1. Na escola, implica a livre escolha de objetivos e processos de trabalho e a construção coletiva do ambiente de trabalho.
4.2.2. R.L. Neagley e N.D. Evans, Handbook for effective supervision of instruction, 1969: 5 fundamentos do trabalho em equipe:
	4.2.2.(1). A equipe deve ter uma meta, um propósito, um objetivo aceito, compreendido e desejado.
	4.2.2.(2). A equipe deve ter espírito, moral e desejo de triunfar mesmo ao custo de sacrifícios.
	4.2.2.(3). As linhas de autoridade e responsabilidade devem estar claramente definidas e compreendidas por todos.
	4.2.2.(4). Existência de canais de comunicação.
	4.2.2.(5). O líder deve descobrir e utilizar ao máximo as capacidades criadoras de cada pessoa da equipe.
4.2.3. Apenas um adendo: a liderança não é um atributo exclusivo de diretores e coordenadores, nem liga-se ao cargo ou status.
	4.2.3.1. Todos podem ser líderes por meio de práticas participativas e ações de desenvolvimento pessoal e profissional.
	4.2.3.2. Evidentemente, o funcionamento da escola depende em boa parte da capacidade de liderança dos gestores.
4.3. Lembrando que isso não é um fim em si mesmo: a participação é meio para alcançar os objetivos da escola – a aprendizagem.
	4.3.1. É preciso uma mínima divisão de tarefas e a exigência de alto grau de profissionalismo de todos.
4.3.1.1. “[...] não só a participação na gestão, mas, também, a gestão da participação, em função dos objetivos da escola”. (p. 91)
5. A cultura organizacional. (pp. 91-95)
5.1. A cultura da escola ou “cultura organizacional” é elemento indispensável das práticas de organização e gestão.
5.2. “Cultura organizacional”: fatores sociais, culturais, psicológicos que influenciam os modos de agir da organização.
	5.2.1. É o “currículo oculto” da organização.
		5.2.1.1. Tanto é verdade que professores tendem a agir de forma diferente em escolas diferentes.
	5.2.2. Remete-nos ao conceito de “cultura da escola” (Jean-Claude Forquin, Escola e cultura, 2000).
		5.2.2.1. Os professores são portadores de características culturais que marcam fortemente suas práticas.
5.2.2.2. Forquin: a escola é um mundo social, com ritmos e ritos, linguagem, imaginário, modos próprios de regulação e transgressão, de produção e gestão de símbolos.
	5.2.3. Como isso afeta o sistema de organização e gestão da escola?
5.2.3.1. Há vasta literatura sobre como promover um clima favorável, de relações de confiança e reconhecimento mútuo contribuem para um melhor funcionamento da escola.
	5.2.3.1.1. Ou seja: a cultura da escola pode ser modela, planejada.
5.2.3.2. Mas queremos ir além: a escola é uma cultura – é construída pelos seus próprios membros, dia a dia.
5.2.3.2.1. Essa cultura própria vai sendo internalizada, gerando um estilo coletivo de perceber as coisas, pensar os problemas, encontrar soluções (não sem conflitos, diferenças e até mesmo dissonância).
5.2.3.2.2. E se manifesta em todas as instâncias da escola: reuniões, disciplina, relações, merenda, aulas.
“[...] a escola tem uma cultura própria que permite entender tudo o que acontece nela, mas essa cultura pode ser modificada pelas próprias pessoas, ela pode ser discutida, avaliada, planejada, num rumo que responda aos propósitos da direção, da coordenação pedagógica, do corpo docente”.
5.2.3.2.2.1. É por isso que se formula o projeto pedagógico-curricular em conjunto: a culturaorganizacional condiciona sua construção, mas também é instituída por ele.
5.3. Sendo assim, é preciso haver coerência entre os objetivos e a cultura organizacional.
	5.3.1. Se o objetivo é formar para a cidadania, quais as práticas cidadãs da escola?
5.3.2. Isso é um tremendo desafio: como chegar em definições de objetivos comuns, com disputas de interesses e bagagens culturais diversas, bem como relações de poder internas e externas à escola?
5.3.3. Alguns princípios:
	5.3.3.1. Desconfiar de que a organização escolar deva funcionar do jeito que está funcionando.
5.3.3.2. Conhecer a escola e as teorias organizacionais para tomar consciência das condições de funcionamento reais e, pela reflexão, criar outras formas mais participativas.
5.3.3.3. Ter clareza de que há interesses sociopolíticos e econômicos na definição da organização escolar.
6. O papel do diretor de escola e da equipe de especialistas. (pp. 95-97)
6.1. Polêmicas à parte, o posicionamento aqui é de que o diretor é responsável pelo funcionamento administrativo e pedagógico.
	6.1.1. Embora haja certa especialização das funções, delegando tarefas ao coordenador pedagógico.
6.1.2. Por encarnar um profissional com conhecimentos e habilidades de exercício de liderança, ele deve assegurar a participação da comunidade escolar nos processos de tomada de decisão sobre o conjunto das ações da escola.
6.2. Algumas razões adicionais para destacar o papel do diretor:
	6.2.1. Complexidade das tarefas de organização e gestão, por conta de escolas cada vez maiores.
	6.2.2. Existência de ligações cada vez mais explícitas entre a escola e outros organismos da comunidade.
6.2.3. Necessidade de um vínculo maior com as famílias, uma vez que a escola tem abraçado cada vez mais responsabilidades que outrora pertenciam exclusivamente às famílias (orientação psicológica, educação para o trânsito, sexualidade etc.).
6.3. O diretor é um líder, que aglutina aspirações, desejos, expectativas da comunidade e articula a gestão de um projeto comum.
	6.3.1. Ele tem a visão do conjunto: pedagógico, cultural, administrativo, financeiro.
	6.3.2. E é por isso que a nomeação direta por interesses político-partidários ser tão ruim: sabota essa articulação local.
		6.3.2.1. A alternativa é a nomeação por concurso público.
		6.3.2.2. Ou a eleição pelo voto direto ou representativo.
			6.3.2.2.1. Neste último caso, o melhor seria um sistema combinado:
				6.3.2.2.1.1. Provas escritas para seleção dos candidatos.
				6.3.2.2.1.2. Avaliação da formação profissional e competência técnica.
				6.3.2.2.1.3. Por fim, a eleição pela comunidade escolar.
7. A participação dos pais na escola. (pp. 97-98)
7.1. A escola não pode mais ser uma instituição fechada em si mesma: integração numa comunidade e na vida social mais ampla.
7.2. Mas não há consenso sobre os mecanismos para isso.
	7.2.1. Basicamente, fala-se nas Associações de Pais e Mestres, Conselho de Escola e outros órgãos colegiados.
	7.2.2. Mas é preciso pensar em outros canais, resguardando o princípio da participação.
		7.2.2.1. Evidentemente, sem ignorar que há papeis e competências específicas para pais e professores.
		7.2.2.2. Somente a prática diária pode ajudar a esclarecer os problemas relacionados a isso e encontrar soluções.
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