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CIRURGIA PEDIÁTRICA Hospital Infantil Albert Sabin - Hias Rotinas de 2017 CIRURGIA PEDIÁTRICA Rotinas de Fortaleza - Ceará 2017 Hospital Infantil Albert Sabin-Hias DIRETORA GERAL Dra. Marfisa de Melo Portela DIRETORA CLÍNICA Dra. Patrícia Jereissati Sampaio DIRETORA TÉCNICA Dra. Fábia Maria Holanda Linhares Feitosa GERENTE ADMINISTRATIVO/ FINANCEIRO Dr. Raimundo Farias Martins Amorim COORDENAÇÃO GERAL Dr. Antônio Aldo Melo Filho COORDENAÇÃO EDITORIAL E CAPA Diana de Vasconcelos Nunes Francisco Macílio Oliveira REVISÃO Diana Vasconcelos Nunes Dra. Olívia Andrea Alencar Costa Bessa DIAGRAMAÇÃO, IMPRESSÃO E ACABAMENTO Apex Gráfica e Editora SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ Hospital Infantil Albert Sabin - Hias R842 Rotinas de cirurgia pediátrica: Hospital Infantil Albert Sabin – HIAS / Antônio Aldo Melo Filho, Olívia Andrea Alencar Costa Bessa (organizadores). – Fortaleza: Apex, 2017 160p. ISBN 978-85-98642-20-8 1. Cirurgia Pediátrica - Manual. 2. História da Cirurgia Pediátrica - Hospital Infantil Albert Sabin. 3. Afecções de cunho cirúrgico. 4. I. Antônio Aldo Melo Filho. II. Olívia Andrea Alencar Costa Bessa. III. Título. CDD 617.98 Copyright by Secretaria de Saúde do Estado do Ceará. Todos os direitos reservados Catalogação na Fonte: Bibliotecária Jacquelline Campelo Jucá - CRB 3/677 “Há pessoas que desejam saber só por saber, e isso é curiosidade; outras, para alcançarem fama, e isso é vaidade; outras, para enriquecerem com a sua ciência, e isso é um negócio torpe; outras, para serem edificadas, e isso é prudência; outras, para edificarem os outros, e isso é caridade” Santo Tomás de Aquino Este manual é produto de incontáveis mãos e cérebros que se dedicam diuturnamente a oferecer o melhor tratamento possível às crianças que buscam o Hospital Infantil Albert Sabin com afecções de cunho cirúrgico. Neste sentido, é produto de esforço coletivo de diversas áreas da saúde e distintas especialidades médicas que atuam em parceria com a equipe de Cirurgia Pediátrica nesta instituição. Face ao contínuo progredir do conhecimento médico, este manual não é uma obra definitiva, mas elemento em constante aperfeiçoamento. A ela, serão agregados, ao longo do tempo, diversos protocolos a serem construídos e que deverão ser alterados à medida que a literatura e a experiência adquirida na instituição determinarem, de modo inconteste, que novas opções de conduta sejam melhores que as pretéritas. A todos que direta ou indiretamente colaboram e virão a colaborar para o desenvolvimento deste, o serviço de Cirurgia Pediátrica e as crianças por ele tratadas registram o mais sincero agradecimento. Prof. Dr. Antônio Aldo Melo Filho Serviço de Cirurgia Pediátrica - HIAS Coordenador Apresentação Antônio Aldo Melo Filho Cirurgião Pediátrico com Residência Médica em Cirurgia Geral e Cirurgia Pediátrica pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Doutor em Cirurgia pela UNICAMP. Membro Titular da Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica (CIPE) e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC). Membro Associado da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica (SOBRACIL). Professor adjunto da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC). Professor do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza-UNIFOR. Coordena o serviço de Cirurgia Pediátrica do Hospital Infantil Albert Sabin. Olívia Andrea Alencar Costa Bessa Pediatra com Residência Médica em Pediatria e Mestrado em Patologia das Doenças Tropicais pela Universidade Federal do Ceará. Doutora em Pediatria pela Universidade Federal de São Paulo/UNIFESP. Especialista em Pediatria pela SBP/AMB e em Educação para as Profissões da Saúde pela Foundation for Advancement of International Medical Education and Research (FAIMER). Professora Adjunta do Curso de Medicina e do Programa de Mestrado em Ciências Médicas da Universidade de Fortaleza- UNIFOR. Coordena o Núcleo de Pesquisa do Hospital Infantil Albert Sabin. Organizadores Aldaíza Marcos Ribeiro Ana Valeska Siebra e Silva Antônio Aldo Melo Filho Ariosto Martins de Araújo Costa Sobrinho Augusto César Gadelha de Abreu Augusto Cesar Gadelha de Abreu Filho Carlos Alberto Sinimbú de Carvalho Carlos Artur da Costa Moraes Carlos Gustavo Hirth Catarina Maria Soares Martins Maia Clóvis Ney Pinheiro Macedo Daniele Pimentel Fernandes Danilo Santos Guerreiro Edna Dias Marques Rocha Eduardo Lima da Rocha Elyne Lacerda Santana Girão Eveline Campos Monteiro Castro Fabiana Maria Coelho Silva Fabiola Maria de Melo Fátima Maria Castelo Branco Roque Fernanda Diógenes Parente Coelho Demétrio Francisco das Chagas Barros Brilhante George Rafael Martins de Lima Geysa Maria Monte Saraiva Câmara Grace Mendes de Deus Harley Silveira Menezes João Henrique Freitas Colares Colaboradores José Holanda Maia Filho José Ricardo Barbosa de Azevedo Kathia Liliane da Cunha Ribeiro Zuntini Larissa Rodrigues Chagas Leila Verônica da Costa Albuquerque Liana Monteiro Mendes Maria Liduina da Silveira Jalles Liliana Soares Nogueira Paes Manoel Luiz Filgueira de Oliveira Mara Cristina Coelho Silva Maria do Perpétuo Socorro Saldanha da Cunha Maria Júlia Teixeira Marinis Sales Aragão Mário Sérgio Macedo Marta Rejane Costa Feitosa Michelle Rafaelle Andrade Gurgel Mikaelle Severo Marques Moema Diogo Pompeu Bezerra Monika Maya Tsuji Nishikido Osvaldo Barros Rebelo Neto Paulo Sérgio Coutinho Barreto Ricardo Viana Falcão Rocino Marinho de Oliveira Neto Rogério Cruz Saraiva Sandra Mara Teixeira de Souza Campos Sarah Arrais de Lavôr Sérgio Oceliano da Silveira Moreira Thiago Silva Oliveira Thyago Araújo Fernandes Viviane Calheiros Chaves Gomes Viviany de Oliveira Viana Vladia Verusca Sampaio de Almeida 1. Cirurgia Pediátrica e o Hospital Infantil Albert Sabin........................17 Antônio Aldo Melo Filho 2. História da Cirurgia Pediátrica no Hospital Infantil Albert Sabin......21 Augusto Cesar Gadelha de Abreu Augusto Cesar Gadelha de Abreu Filho 3. Rotina para Decisão de Realização de Gastrostomia e/ou Cirurgia Anti-Refluxo em Crianças Neuropatas...............................................27 Antônio Aldo Melo Filho João Henrique Freitas Colares Mikaelle Severo Marques Paulo Sérgio Coutinho Barreto Sandra Mara Teixeira de Souza Campos Elyne Lacerda Santana Girão Marinis Sales Aragão Sarah Arrais de Lavôr 4. Rotinas Pré e Pós-Operatórias e Preparo de Cólon em Cirurgia Pediátrica......................................................................33 João Henrique Freitas Colares Sérgio Oceliano da Silveira Moreira Thiago Silva Oliveira Antônio Aldo Melo Filho 5. Icterícia Colestática e Atresia de Vias Biliares...................................41 Sérgio Oceliano da Silveira Moreira João Henrique Freitas Colares Francisco das Chagas Barros Brilhante Fabiana Maria Coelho Silva Maria Júlia Teixeira Antônio Aldo Melo Filho Sumário 6. Pancreatite........................................................................................47 Michelle Rafaelle Andrade Gurgel Antônio Aldo Melo Filho Rocino Marinho de Oliveira Neto Mikaelle Severo Marques João Henrique Freitas Colares Sérgio Oceliano da Silveira Moreira Edna Dias Marques Rocha 7. Atresia de Esôfago.............................................................................51 Geysa Maria Monte Saraiva Câmara Liliana Soares Nogueira Paes Eveline Campos Monteiro Castro Thyago Araújo Fernandes Antônio Aldo Melo Filho Francisco das Chagas Barros Brilhante Osvaldo Barros Rebelo Neto 8. Hidronefrose e Estenose de Junção Ureteropiélica............................59 Rogério Cruz Saraiva Augusto César Gadelha de Abreu Filho George Rafael Martins de Lima Daniele Pimentel Fernandes Manoel Luiz Filgueira de Oliveira Larissa Rodrigues Chagas Monika Maya Tsuji Nishikido 9. Acesso Vascularpara Hemodialise no Paciente com IRCT................67 Antônio Aldo Melo Filho Augusto César Gadelha de Abreu Filho Káthia Liliane da Cunha Ribeiro Zuntini 10. Ultrassonografia de Vias Urinárias....................................................75 Antônio Aldo Melo Filho Augusto César Gadelha de Abreu Filho Kathia Liliane da Cunha Ribeiro Zuntini Harley Silveira Menezes 15 Rotinas de Cirurgia Pediátrica 11. Conduta no Empiema Pleural na Urgência........................................79 Antônio Aldo Melo Filho José Ricardo Barbosa de Azevedo Viviane Calheiros Chaves Gomes Danilo Santos Guerreiro Mara Cristina Coelho Silva 12. Rotinas em Cirurgia de Cabeça e Pescoço........................................85 Clóvis Ney Pinheiro Macedo Mário Sérgio Macedo 13. Fichas de Atendimento, Estadiamento e Anatomopatologia para Tumores Sólidos mais Frequentes em Pediatria.........................91 Antônio Aldo Melo Filho José Ricardo Barbosa de Azevedo Maria do Perpétuo Socorro Saldanha da Cunha Carlos Gustavo Hirth Carlos Artur da Costa Moraes Marta Rejane Costa Feitosa Viviany de Oliveira Viana Fabiola Maria de Melo Eduardo Lima da Rocha José Holanda Maia Filho 14. Atendimento Inicial de Criança com Dor Abdominal......................101 Antônio Aldo Melo Filho Maria Liduina da Silveira Jalles 15. Conduta no Pós-Operatório de Apendicectomia por Apendicite Aguda............................................................................105 Carlos Alberto Sinimbú de Carvalho Antônio Aldo Melo Filho Fernanda Diógenes Parente Coelho Demétrio Ariosto Martins de Araújo Costa Sobrinho Catarina Maria Soares Martins Maia Fátima Maria Castelo Branco Roque Leila Verônica da Costa Albuquerque Liana Monteiro Mendes Aldaíza Marcos Ribeiro 16 Rotinas de Cirurgia Pediátrica 16. Manejo da Hipertensão Intra-Abdominal (HIA) e Síndrome Compartimental Abdominal (SCA)...................................107 Ricardo Viana Falcão 17. Hidratação, Medicações e Fluídos...................................................119 Fernanda Diógenes Parente Coelho Demétrio Ariosto Martins de Araújo Costa Sobrinho Catarina Maria Soares Martins Maia Fátima Maria Castelo Branco Roque Leila Verônica da Costa Albuquerque Vladia Verusca Sampaio de Almeida 18. Segurança em Cirurgia Pediátrica...................................................123 Moema Diogo Pompeu Bezerra Antônio Aldo Melo Filho Grace Mendes de Deus 19. Instrumental em Videocirurgia Pediátrica........................................129 Antônio Aldo Melo Filho 20. Time de Acesso Vascular (TAV).......................................................141 Ana Valeska Siebra E Silva Antônio Aldo Melo Filho Auricélia Amarante De Andrade Maria Cleonilce De Freitas Suiany Magalhães Sousa 21. APÊNDICE I....................................................................................149 22. APÊNDICE II...................................................................................155 17 Rotinas de Cirurgia Pediátrica 1 CIRURGIA PEDIÁTRICA E O HOSPITAL INFANTIL ALBERT SABIN Antônio Aldo Melo Filho CIRURGIA PEDIÁTRICA Que especialidade é esta? A Cirurgia Pediátrica é uma subespecialidade médica da Cirurgia Geral. Para receber o título de especialista na área, o médico precisa concluir dois anos de Residência Médica em Cirurgia Geral e, depois, mais 3 anos específicos em Cirurgia Pediátrica. A atuação da especialidade envolve o diagnóstico e tratamento de crianças com doenças potencialmente cirúrgicas que podem acometer sítios anatômicos diversos (tratos digestório, urinário, respiratório e lesões cervicais, entre outros), sejam de caráter benigno ou maligno. A Cirurgia Pediátrica acompanha a Pediatria no entendimento que crianças devem ser tratadas de forma particular, pois várias doenças que as acometem se apresentam e evoluem de modo diferente que nos adultos. Neste sentido, uma importante característica da área é a busca de condutas mais conservadoras e tratamentos menos agressivos. Ao contrário do adulto, a criança é um ser em desenvolvimento e algumas situações podem mesmo ser resolvidas sem operação. DECLARAÇÃO DA CIRURGIA PEDIÁTRICA Kyoto, Japão World Federation of Associations of Pediatric Surgeons (WOFAPS) A criança não é apenas um adulto em miniatura e apresenta problemas e necessidades médicas e cirúrgicas, muitas vezes bastante diversas daquelas encontradas pelo médico de adultos. 18 Rotinas de Cirurgia Pediátrica Lactentes e crianças merecem o melhor atendimento médico disponível. Todo lactente ou criança que apresenta uma doença tem o direito de ser tratado em um ambiente adequado por um especialista em pediatria ou cirurgia. O cirurgião pediatra é um profissional especialmente treinado, com ampla experiência e conhecimentos no tratamento do lactente e crianças de todas as idades (do nascimento à adolescência), portadores de afecções cirúrgicas. Em virtude de sua formação específica, os especialistas em cirurgia pediátrica oferecem extensa gama de opções terapêuticas e cuidados do mais alto padrão à criança. O cirurgião pediatra diagnostica, trata e acompanha as necessidades cirúrgicas da criança, o que inclui o tratamento cirúrgico dos defeitos congênitos, traumatismos graves, tumores sólidos da infância, quadros clínicos que requerem endoscopia e procedimentos minimamente invasivos. Visando proporcionar o melhor tratamento cirúrgico possível a lactentes e crianças, os procedimentos cirúrgicos pediátricos complexos devem ser realizados em centros especializados, com unidades de terapia intensiva adequadamente equipadas, de plantão 24 horas, nos sete dias da semana. Além dos cirurgiões pediatras, estas unidades devem contar com outros especialistas em pediatria, com radiologistas, anestesiologistas e patologistas. APRESENTAÇÃO DO SERVIÇO DE CIRURGIA PEDIÁTRICA O serviço de Cirurgia Pediátrica do Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS) é o principal serviço na área do estado do Ceará e um dos principais do país. Os profissionais deste serviço realizam intervenções cirúrgicas eletivas e de urgência/emergência (atendimento 24 h/dia), principalmente de média e alta complexidade. São atendidas crianças com doenças benignas até tumores malignos complexos, de diversas faixas etárias incluindo recém- nascidos. São tratadas crianças com afecções cirúrgicas do trato digestório (Gastrocirurgia), trato urinário (Urologia), trato respiratório (Torácica) e região de cabeça e pescoço, entre outros. Por ser centro terciário de alta complexidade, os cirurgiões pediátricos do HIAS se dividem, no âmbito eletivo, em subáreas para melhor atender à demanda de pacientes. Desta 19 Rotinas de Cirurgia Pediátrica forma, eles se dividem na Gastrocirurgia, Urologia, Torácica, Cabeça e Pescoço, Neonatal e Oncologia. Atualmente, o serviço de Cirurgia Pediátrica do HIAS é chefiado pelo Prof. Dr. Antônio Aldo Melo Filho. O HIAS possui programa de Residência Médica (RM) em Cirurgia Pediátrica, com duração de 3 anos, credenciado pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM/MEC). São ofertadas 2 vagas anuais, com admissão através de Seleção Unificada para Residência Médica – PSU/ RESMED/CE. Atualmente, o programa de RM de Cirurgia Pediátrica do HIAS é coordenado pelo Dr. Augusto César Gadelha de Abreu Filho. O serviço colabora ainda na formação de residentes de Cirurgia Geral e residentes de Urologia de programas conveniados e de alunos de graduação em Medicina de diversas instituições de ensino do estado do Ceará. O serviço de Cirurgia Pediátrica participa de diversas reuniões científicas internas ou em parceria com outras unidades assistenciais do HIAS e mesmo extramuros. Semanalmente, há reuniões científicas sobre Urologia Pediátrica, Oncologia Pediátrica, (em conjunto com a Radiologia), Cirurgia de Cabeça e Pescoço, discussão sobre temas gerais em Cirurgia Pediátrica com os residentes e discussão de casos clínicos com os internos e residentes. Além disto, em toda quarta-feira, há uma sequênciade reuniões ao longo do mês: discussão de casos com a Pediatria Geral, para discussão de artigo científico em Cirurgia Pediátrica, discussão de casos entre Urologia e Nefrologia Pediátrica e sessão de morbimortalidade. No final de cada mês, o serviço participa ainda de uma reunião por videoconferência para discussão de casos clínicos junto com os principais serviços do país, sob a égide da Sociedade Paulista de Cirurgia Pediátrica (CIPESP), através da Rede Universitária de Telemedicina (RUTE). 21 Rotinas de Cirurgia Pediátrica 2 HISTÓRIA DA CIRURGIA PEDIÁTRICA NO HOSPITAL INFANTIL ALBERT SABIN Augusto Cesar Gadelha de Abreu Augusto Cesar Gadelha de Abreu Filho O serviço de Cirurgia Pediátrica do Hospital infantil Albert Sabin (HIAS) foi idealizado e criado pelo Dr. Luiz Carvalho de Souza no ano de 1978, dois anos após a inauguração do hospital. Fizeram parte do primeiro grupo de cirurgiões, juntamente com o Dr. Luiz Carvalho, o Dr. Augusto Cesar Gadelha de Abreu e o Dr. João Fortes. Logo em seguida foram incorporados ao serviço: Dr. Jussier Figueiredo Filho, Dr. Aurélio Pinheiro e Dr João José de Vasconcelos Matos, médicos esses que já eram funcionários do próprio hospital. Também em 1978, o Dr. Augusto César Gadelha de Abreu criou o serviço de Oncologia Pediátrica, chefiando e atuando como único cirurgião do serviço por 10 anos. Hoje, este setor é referência oncológica no Norte- Nordeste. Com o crescimento do serviço foram chegando novos cirurgiões que, ao concluírem suas formações, se uniram ao serviço, como Dr. Henrique Ramalho, Dr. Porfírio Acioly, Dr. Francisco Walter Frota e Dr. Francisco Albano. Em primeiro de fevereiro de 1989, sob a égide do Dr. Luiz Carvalho e Dr. Cesar Abreu, foi dado um grande passo para o crescimento do serviço como um todo: a criação da Residência Médica (RM) de Cirurgia Pediátrica do HIAS. Até hoje é a única do estado do Ceará, uma das poucas do Norte- Nordeste e referência para todo o Brasil. Até o momento, a RM em Cirurgia Pediátrica do HIAS formou 25 cirurgiões pediátricos, vários inseridos no serviço e alguns espalhados por vários estados do país (Apêndice II). 22 Rotinas de Cirurgia Pediátrica Em 1º de março de 1989, houve uma troca na chefia do serviço. Saiu o Dr. Luiz Carvalho de Souza e assumiu o Dr. Augusto Cesar Gadelha de Abreu, acumulando a chefia do serviço com a coordenação da RM de Cirurgia Pediátrica. A partir de 1992, ele realizou uma grande revolução no serviço com a setorização por especialidades cirúrgicas integradas as respectivas especialidades pediátricas que trouxe um grande ganho para o atendimento integrado clínico-cirúrgico das crianças. Os pediatras, cirurgiões e residentes passaram a atuar se especializando cada vez mais em áreas específicas de cada subespecialidade clínica e cirúrgica, mas sem perder nunca a visão do atendimento global pediátrico. Com isso os cirurgiões do serviço foram distribuídos nas subespecialidades: Dr. Augusto Cesar Gadelha de Abreu – Cirurgia Oncológica, Dr. Francisco Walter Frota e Dr. Porfirio Acioly – Gastrocirurgia, Dr. Aurélio Pinheiro – Cirurgia Neonatal Dr. João José de Vasconcelos Matos – Cirurgia Urológica, Dr. Francisco Albano – Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Dr. Jussier Figueiredo Filho – Cirurgias ambulatoriais. Dr. Henrique Ramalho – Cirurgias de Urgência. A medida que os novos residentes concluíam suas formações, eles iam ingressando no serviço em uma área de atuação. Como por exemplo: Gastrocirurgia: Dr. Ricardo Cesar Vieira Madeiro, Dr. Sergio Oceliano da Silveira Moreira. Dr. Rocino Marinho de oliveira Neto, Cirurgia Oncológica: Dr. Lazaro Antônio de Matos Jales, Cirurgia Neonatal: Dr. Manoel Helder Pinto, Dr. Francisco das Chagas Barros Brilhante, Dra. Marcia Maria de Holanda Góes Bezerra, 23 Rotinas de Cirurgia Pediátrica Cirurgia Urológica: Dr. Rogério Cruz Saraiva, Dr. Augusto Cesar Gadelha de Abreu Filho, Dr. Manoel Luiz Filgueira de Oliveira, Cirurgia de Cabeça e Pescoço: Dr. Clovis Ney Pinheiro Macedo, Dra. Alessandra Pamplona Botelho Venturini, Cirurgia de Urgência: Dr. Francisco Caetano Porfírio dos Santos, Dr. Claudio Pinheiro Dias, Dr. João da Cruz Saraiva Neto, Dra. Micaelle Jozinne Gonçalves Cardoso. Com o passar dos anos, o serviço foi crescendo e novos profissionais vindos de formações em outros serviços, de estados diferentes, foram se incorporando a este, tais como: Dr. João Henrique Freitas Colares – Gastrocirurgia, Dr. José Ricardo Azevedo – Cirurgia Torácica e Cirurgia Oncológica. Dr. Antônio Aldo Melo Filho – Cirurgia Oncológica. Dra Maria do Socorro – Cirurgia de Urgência, Dr. George Rafael Martins – Cirurgia Urológica, Dr. Mario Sergio Macedo– Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Dra. Daniele Pimentel – Cirurgia Urológica. Dr. Osvaldo Rebelo Neto – Cirurgia Urológica. Com a participação e dedicação de todos esses profissionais e o comando do Dr. Cesar Abreu o serviço cresceu muito e hoje é um dos serviços de maior referência do país e um dos mais procurados por novos profissionais para realizarem sua formação em Cirurgia Pediátrica. Em janeiro de 2010, outro marco importante para o serviço ocorreu: a organização do internato em Cirurgia Pediátrica de forma continuada. Até então, o serviço recebia alunos apenas de forma esporádica. A partir deste momento, o serviço passou a receber mensalmente internos e foi organizada programação científica e de ensino, incluindo avaliação ao 24 Rotinas de Cirurgia Pediátrica final do mês, específica para os mesmos. Esta ação foi coordenada pelo Prof. Antônio Aldo Melo Filho, em parceria com instituições universitárias locais. Esta ação vem, não apenas ampliando os conhecimentos de alunos de graduação em doenças cirúrgicas pediátricas, mas colaborando em fomentar a especialidade entre os futuros médicos. Em 2012, com a aposentadoria do Dr. Cesar Abreu, assumiu a chefia do serviço o Dr. Antônio Aldo Melo Filho que convidou o Dr. Augusto Cesar Gadelha de Abreu Filho para coordenar a RM do serviço. Ambos vêm atuando para o crescimento do serviço e da RM, seguindo os passos de seus antecessores e confirmando o serviço de Cirurgia Pediátrica do HIAS como um dos mais importantes do país. 25 Rotinas de Cirurgia Pediátrica PROTOCOLOS GASTROCIRURGIA PEDIÁTRICA 27 Rotinas de Cirurgia Pediátrica 3 ROTINA PARA DECISÃO DE REALIZAÇÃO DE GASTROSTOMIA E/ OU CIRURGIA ANTI-REFLUXO EM CRIANÇAS NEUROPATAS Antônio Aldo Melo Filho João Henrique Freitas Colares Mikaelle Severo Marques Paulo Sérgio Coutinho Barreto Sandra Mara Teixeira de Souza Campos Elyne Lacerda Santana Girão Marinis Sales Aragão Sarah Arrais de Lavôr 28 Rotinas de Cirurgia Pediátrica FLUXOGRAMA Crianças neuropatas com potencial para gastrostomia e/ ou cirurgia anti-refluxo 29 Rotinas de Cirurgia Pediátrica 20 1) Dieta líquida completa (eventualmente progressão lenta para dieta pastosa bastante liquidificada) por, pelo menos, 1 semana. Quando aceitando bem dieta líquida (em geral após 36-48h da cirurgia) Medicações Anti-emético e analgésico EV de horário por 24h; Manter IBP EV; Suspender domperidona Protocolos – Gastrocirurgia Serviço de Cirurgia Pediátrica Hospital Infantil Albert Sabin Pós-operatório Nissen por Vídeo-Laparoscopia Antibiótico Cefazolina por 24h Início de dieta Após 12h, iniciar dieta líquida restrita e, após 24h, líquida completa; se uso de medicação relacionada a afecção neurológica, permitida sua administração VO antes de 12h Previsão de alta Medicações Anti-emético e analgésico EV de horário por 24h; Manter IBP EV; Suspender domperidona Importante! Família deverá ser orientada pela Nutrição e/ou Enfermagem sobre como manusear a gastrostomia (curativo, limpeza da sonda per se, administração de dieta etc) De preferência, deixar SGT aberta por 12h. Se uso de medicação relacionada a afecção neurológica e ausência de acesso venoso para tal ou ausência de droga similar EV, é permitida a utilização da SGT para administração de tais medicamentosantes destas 12h (neste caso, fechar a SGT por certo período após o uso) Uso da SGT 2) Sobre medicação para refluxo, deixar apenas IBP (dependendo do caso, trocar comprimido por solução oral manipulada) 3) Retorno ao ambulatório de cirurgia na semana seguinte Orientações na alta hospitalar Nissen + Gastrostomia por Vídeo-Laparoscopia Antibiótico Cefazolina por 24h Quando boa aceitação da dieta em seu volume final (em geral após 48h da cirurgia) Orientações na alta hospitalar 1) Orientação sobre manuseio e administração da dieta e medicações por SGT; enfatizar suspensão de qualquer dieta ou medicação VO 2) Sobre medicação para refluxo, caso empregasse no pré-op, deixar apenas IBP pela SGT (do modo como já utilizava no pré-operatório) 4) Retorno ao ambulatório de Fonoaudiologia na semana seguinte Gastrostomia Endoscópica ou por Vídeo-Laparoscopia Dieta Solicitar parecer da Nutrição para definição do TIPO e VOLUME final de dieta que a criança receberá em casa; em casos excepcionais de não disponibilidade do profissional acima, considerar a possibilidade de empregar a mesma dieta (e mesmo volume) que a família já vinha administrando por sonda no pré-operatório Dieta (progressão) 1) Após 24h, iniciar com 20-30% do volume final da dieta (ou SG 5%) a ser alcançado de 3/3h 2) Após 3 administrações, se boa aceitação, progredir a dieta (não utilizar mais SG 5%) em cerca de 20% a cada administração até alcançar o volume final Situação-exemplo: criança recebia no pré-op 160ml de dieta de 3/3h por SNG; Prescição no pós-op, após 24h: dieta xxx 35ml de 3/3h por gastrostomia. Se RG baixo após 3 administrações, progredir, nas administrações seguintes, para 70ml, 100ml, 130ml e 160ml. 3) Retorno ao ambulatório de cirurgia na semana seguinte Previsão de alta PROTOCOLO - GASTROCIRURGIA Serviço de Cirurgia Pediátrica Hospital Infantil Albert Sabin Pós-operatório 30 Rotinas de Cirurgia Pediátrica Folheto de Orientação para Familiares de Crianças Portadoras de Gastrostomia 31 Rotinas de Cirurgia Pediátrica Folheto de Orientação para Familiares de Crianças Portadoras de Gastrostomia 33 Rotinas de Cirurgia Pediátrica 4 ROTINAS PRÉ E PÓS-OPERATÓRIAS E PREPARO DE CÓLON EM CIRURGIA PEDIÁTRICA João Henrique Freitas Colares Sérgio Oceliano da Silveira Moreira Thiago Silva Oliveira Antônio Aldo Melo Filho RECONSTRUÇÃO DE TRÂNSITO PRÉ-OPERATÓRIO: Internar no dia anterior (operação de manhã) ou no mesmo dia (operação à tarde) - Dieta líquida restrita - até 22h se cirurgia no outro dia pela manhã - até 6h da manhã se cirurgia à tarde - Solicitar Rx de abdome em AP - Se houver retenção fecal, administrar clister na boca proximal e na boca distal até retorno com fezes não endurecidas naquela e limpo nessa (considerar uso de clister glicerinado na boca distal) + hidratação venosa basal Cefazolina e Metronidazol na indução anestésica PÓS-OPERATÓRIO: Cefazolina e Metronidazol por 48h pós-operatório; Iniciar dieta líquida restrita após 24 horas da operação, se condições clínicas do paciente permitirem; Iniciar dieta líquida completa na manhã seguinte, se boa aceitação da dieta líquida restrita; Alta hospitalar se boa aceitação da dieta líquida completa e término da antibioticoprofilaxia; Orientar dieta líquida por 72 horas após a cirurgia e evolução da dieta em casa, no 3º dia pós-operatório. 34 Rotinas de Cirurgia Pediátrica Abaixamento e Correção de Malformação Anorretal PRÉ-OPERATÓRIO Abaixamento com colostomia Idade/ peso mínimo 6 meses após colostomia/ peso adequado para a idade Exames pré-op necessários para a cirurgia Sangue Hemograma + Coagulograma + Eletrólitos + Proteínas Imagem Enema Opaco Outros Histopatológico (sucção se enema clássico, convencional, se enema duvidoso) + congelação na sala em todos Abaixamento sem colostomia (endoanal) Idade/ peso mínimo 1-4 meses (a depender da presença de zona de transição adequada) com peso apropriado para idade Exames pré-op necessários para a cirurgia Sangue Hemograma + Coagulograma+ Eletrólitos+ Proteínas Imagem Enema Opaco Outros Histopatológico (sucção se enema clássico, convencional se enema duvidoso) + Congelação na sala em todos Mini-Peña para fístula perineal (opção), SEM colostomia Peña para fístula baixa (i.e. vestibular), COM colostomia Idade/ peso mínimo 2 meses com peso apropriado Exames pré-op necessários para a cirurgia Sangue Hemograma + Coagulograma Imagem US Abdome + ECO + Rx Coluna Lombossacra (AP) 35 Rotinas de Cirurgia Pediátrica Peña para fístula alta (i.e. vestibular), COM colostomia Idade/ peso mínimo 6 meses Exames pré-op necessários para a cirurgia Sangue Hemograma + Coagulograma+ Proteínas Imagem Rx Coluna Lombossacra (AP/ perfil) +US Abdome + ECO + Alçograma (colografia distal) Outros Sumário de Urina Para todos: Tipagem + reserva de sangue no banco de sangue Abaixamento com ou sem colostomia Antibiótico Cefazolina + Metronidazol por 48h Início da dieta 24-48h a depender de presença de ruídos (aval.Clínica) Sonda vesical Retirar com 24h Alta Quando com dieta plena e evacuando Abaixamento e Correção de Malformação Anorretal PÓS-OPERATÓRIO Mini-Peña para fístula perineal (opção), SEM colostomia Antibiótico Cefazolina + Metronidazol por 48h Início da dieta 24-48h a depender de presença de ruídos (aval.Clínica) Sonda vesical Retirar com 24h Alta Quando com dieta plena e evacuando Peña para fístula baixa (i.e. vestibular), COM colostomia Antibiótico Cefazolina + Metronidazol por 48h Início da dieta 24h Sonda vesical Retirar com 24h Alta Quando com dieta plena e evacuando 36 Rotinas de Cirurgia Pediátrica PREPARO DE COLÓN PRÉ-OPERATÓRIO EM PEDIATRIA Idade Vela Iniciar na segunda semana pós-op 2x dia. Progredir 1 mm cada semana. Quando OK, fechar colostomia. Após, manter 1x dia; 3/3 d; 2x/sem; 1x/sem por 1 mês e 1x mês por 3 meses 1-4m #12 4-8m #13 8-12m #14 1-3a #15 3-12a #16 >12a #17 Dilatação com velas de Hegar Peña para fístula alta, COM colostomia Antibiótico Cefazolina + Metronidazol por 48h (+cefalexina profilático enquanto sonda vesical) Início da dieta 24h Sonda vesical Retirar no 5º PO Alta Após retirada da sonda (5-6º PO) Para todos: Tipagem + reserva de sangue no banco de sangue 37 Rotinas de Cirurgia Pediátrica PREPARO 1 CIRURGIA DE PEÑA (ARPSP) COM FÍSTULA ALTA (“TRIPLEX”) Protocolo: Internação dois dias antes da operação D1: - Dieta líquida sem resíduos - Clister na boca proximal 4x dia e Clister na boca distal 1x dia D2: - Dieta líquida restrita (até 22h se cirurgia no outro dia pela manhã) - Clister na boca proximal 4x dia e Clister na boca distal 2x dia - Hidratação venosa basal Dia da operação: Dieta zero (se cirurgia pela manhã) OU Dieta líquida restrita até 6h da manhã (se cirurgia à tarde) - Hidratação venosa - Cefazolina e Metronidazol na indução anestésica Pós-operatório: Cefazolina e Metronidazol por até 48h pós-operatório PREPARO 2 CIRURGIA DE PEÑA (ARPSP) CONVENCIONAL (FÍSTULA BAIXA) EM PACIENTE COM COLOSTOMIA PRÉVIA Protocolo: Internação dois dias antes da operação D1: - Dieta geral - Clister na boca distal 1x dia D2: - Dieta geral até 22h se cirurgia no outro dia pela manhã - Clister na boca distal 2x dia - Hidratação venosa basal após jejum Dia da operação: Dieta zero (se cirurgia pela manhã) OU Dieta líquida restrita até 6h da manhã (se cirurgia à tarde) - Hidratação venosa - Cefazolina e Metronidazol na indução anestésica Pós-operatório: Cefazolina e Metronidazol por até 48 h pós-operatório 38 Rotinas de Cirurgia Pediátrica PREPARO 3 ABAIXAMENTO ENDOANAL DE CÓLON (SEM COLOSTOMIA) Protocolo: Internação dois dias antes da operação D1: - Dieta líquida sem resíduos - Clister via retal 4x dia D2: - Dieta líquida restrita (até 22h se cirurgia no outro dia pela manhã) - Clister via retal 4x dia - Hidratação venosa basal Dia da operação: Dieta zero (se cirurgia pela manhã) OU Dieta líquida restrita até6h da manhã (se cirurgia à tarde) - Hidratação venosa - Cefazolina e Metronidazol na indução anestésica Pós-operatório: Cefazolina e Metronidazol por até 48h pós-operatório PREPARO 4 ABAIXAMENTO CONVENCIONAL DE CÓLON COM COLOSTOMIA PRÉVIA Protocolo: Internação três dias antes da operação D1: - Dieta líquida sem resíduos - Clister na boca proximal 4x dia e Clister na boca distal 1x dia D2: - Dieta líquida sem resíduos - Clister na boca proximal 4x dia e Clister na boca distal 1x dia D3: - Dieta líquida restrita (até 22h se cirurgia no outro dia pela manhã) - Clister na boca proximal 4x dia e Clister na boca distal 1x dia - Manitol a 20% (10 ml/kg se <1 ano; 20 ml/kg se >1ano - máximo = 500 ml - diluído em igual quantidade de suco de laranja VO ou por SNG em 4h) OU Colon Peg (50 ml/Kg/4h) no dia anterior à operação - Ringer Lactato 20 ml/kg EV em 4h (durante o uso do manitol) - Hidratação venosa basal 39 Rotinas de Cirurgia Pediátrica Dia da operação: Dieta zero (se cirurgia pela manhã) OU Dieta líquida restrita até 6h da manhã (se cirurgia à tarde) - Hidratação venosa - Cefazolina e Metronidazol na indução anestésica Pós-operatório: - Cefazolina e Metronidazol por até 48h pós-operatório PREPARO 5 ALVO: Abaixamento convencional de cólon ou Cirurgia de Peña (ARPSP) convencional (fístula baixa) em paciente SEM colostomia prévia; Transposi- ção de cólon; Ampliação de bexiga com cólon Protocolo: Internação três dias antes da operação D1: - Dieta líquida sem resíduos + Clister via retal 4x dia D2: - Dieta líquida sem resíduos + Clister via retal 4x dia D3: - Dieta líquida restrita (até 22h se cirurgia no outro dia pela manhã) - Clister via retal 4x dia - Manitol a 20% (10 ml/kg se <1 ano; 20 ml/kg se >1ano - máximo = 500 ml – diluído em igual quantidade de suco de laranja VO ou por SNG em 4h) OU Colon Peg (50 ml/Kg/4h) no dia anterior à operação - Ringer Lactato 20 ml/kg EV em 4h (durante o uso do manitol) - Hidratação venosa basal Dia da operação: Dieta zero (se cirurgia pela manhã) OU Dieta líquida restrita até 6h da manhã (se cirurgia à tarde) - Hidratação venosa - Cefazolina e Metronidazol na indução anestésica Pós-operatório: Cefazolina e Metronidazol por até 48h pós-operatório Atenção: Modo de realização de clister: 1. Clister da boca proximal: Uso de solução salina 40 ml/Kg/dose (dividido em 2 infusões seguidas) 4x dia (sugestão: 8h/ 11h/ 15h/ 18h) 2. Clister da boca distal: Uso de solução salina 20 ml/Kg/dose (dividido em 2 infusões seguidas) 1x dia 3. Clister via retal: Uso de solução salina 40 ml/Kg/dose (dividido em 2 infusões seguidas) 4x dia (sugestão: 8h/ 11h/ 15h/ 18h) Obs.: Quando houver só uma boca de colostomia, o clister da boca distal é realizado VIA RETAL. 41 Rotinas de Cirurgia Pediátrica 5 ICTERÍCIA COLESTÁTICA E ATRESIA DE VIAS BILIARES Sérgio Oceliano da Silveira Moreira João Henrique Freitas Colares Francisco das Chagas Barros Brilhante Fabiana Maria Coelho Silva Maria Júlia Teixeira Antônio Aldo Melo Filho 42 Rotinas de Cirurgia Pediátrica Fonte: Departamento Científico de Gastroenterologia. Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) 43 Rotinas de Cirurgia Pediátrica PROTOCOLO - ICTERÍCIA COLESTÁTICA (SBP) 44 Rotinas de Cirurgia Pediátrica PROTOCOLO - ATRESIA DE VIAS BILIARES Serviços de Gastroenterologia e Cirurgia Pediátrica - Hias PRÉ-OPERATÓRIO: Toda criança com colestase neonatal representa uma urgência em Gastroenterologia, necessitando solicitar avaliação do serviço de Gastroentoerologia/ Hepatologia Clínica do Hias.” Paciente com colestase e hipocolia ou acolia persistentes, idade < 60 dias de vida: - Biópsia hepática guiada por US. - Se paciente com idade inferior a 3 semanas de vida e biópsia in- conclusiva, repetir o procedimento após 15 dias se o paciente per- sistir sem diagnóstico. SITUAÇÃO ESPECIAL: Na impossibilidade de realizar a biópsia prontamente, seja qual for o motivo, encaminha-se o paciente para a colangiografia intra- operatória. 45 Rotinas de Cirurgia Pediátrica Paciente com colestase e hipocolia ou acolia persistentes, entre 60-90 dias de vida: - Colangio intra-operatória: Se alterada g Kasai, incluindo biópsia hepática. Se normal g realizar biópsia por agulha e prosseguir investigação clínica. Paciente com colestase e hipocolia ou acolia persistentes com idade > 90 dias de vida: - Biópsia hepática guiada por US. - Encaminhamento ao transplante hepático. PROTOCOLO ATRESIA DE VIAS BILIARES Serviços de Gastroenterologia e Cirurgia Pediátrica - HIAS PÓS OPERATÓRIO • Antibióticos: - Ampicilina + Sulbactan por 7 dias EV. - Antibiótico profilático só será usado após 1º episódio de colangite (cefalexina). • Ácido ursodeoxicólico: - Dose 20 mg/kg/dia em duas tomadas e deverá ser iniciado quando paciente estiver liberado do jejum. Deverá ser suspenso quando BD < 2. • Dieta: - Leite materno pode ser liberado assim que o paciente apresentar ruídos hidroaéreos. - A partir do 3º PO, se fórmula. Iniciar com líquida restrita e, depois, progredir para líquida completa (neste momento poderá ser usado leite humano pasteurizado). 46 Rotinas de Cirurgia Pediátrica • Acompanhamento clínico-laboratorial: - Medir PA, com manguito adequado, a cada consulta. - Colher 1x/mês por seis meses: AST/ALT, FALC/GGT, colesterol, eletroforese de proteínas séricas ou proteínas totais e albumina, coagulograma (com INR), hemograma completo, bilirrubina total e frações, cálcio/fósforo, glicemia. Após, colher a cada três meses. • Colangite: - Excluir outras causas (pedir TORCHS), fazer PCR (proteína C reativa) no início e ao final do tratamento. - Tratamento: Ampicilina + Sulbactan por 10-14 dias. - Após o tratamento deverá ser iniciado uso de antibiótico profilático: cefalexina, dose única diária, até completar 3 anos de idade. • Manejo nutricional: - Leite materno exclusivo até 6 meses, com acompanhamento mensal. - Considerar suplementação se baixo ganho ponderal. - Fórmula ideal: hidrolisado proteico (Pregomin). - Leite desnatado + sucralose + TCM com AGE. - Crianças maiores: suplemento. - Reposição vitamínica. 47 Rotinas de Cirurgia Pediátrica 6 PANCREATITE Michelle Rafaelle Andrade Gurgel Antônio Aldo Melo Filho Rocino Marinho de Oliveira Neto Mikaelle Severo Marques João Henrique Freitas Colares Sérgio Oceliano da Silveira Moreira Edna Dias Marques Rocha 48 Rotinas de Cirurgia Pediátrica INICIAL 1 2 3 ULTRASSONOGRAFIA Sangramento gastrointestinal Insuficiência renal Insuficiência pulmonar Choque GRAVE COMPLICAÇÃO SISTÊMICA PERSISTENTE COM FALÊNCIA ORGÂNICA Complicações locais: Coleção intrapancreática Necrose pancreática ( > 30% do parênquima ou > 3 cm) Pseudocisto pancreático Complicações sistêmicas (critérios de SIRS; 2 de 4) Temperatura: < 36Cº ou > 38ºC Leucócitos: < 4000 ou > 12000 ou 10% de bastões FR: >20 ipm FC: > 90 bpm Falência orgânica: CLASSIFICAÇÃO LEVE SEM COMPLICAÇÕES LOCAIS OU SISTÊMICAS MODERADA COM COMPLICAÇÃO LOCAL E/OU SISTÊMICAS TRANSITÓRIAS (até 48h) Valores variam de 0 a 10. Se >6 = Pancreatite grave Grau de inflamação Grau A: Pâncreas de aparência normal - 0 pontos Grau de necrose Nenhuma - 0 pontos Até um terço - 2 pontos Até 50% - 4 pontos > 50% - 6 pontos CRITÉRIOS DE BALTAZAR Grau B: Aumento focal ou difuso do pâncreas - 1 ponto Grau C: Grau B mais alterações peripancreáticas - 2 pontos Grau D: Coleção fluida única - 3 pontos Grau E: Duas ou mais coleções fluidas ou presença de gás - 4 pontos Se preencher 2 dos 3 critérios acima = pancreatite Se apenas 1 critério e dúvida diagnóstica: solicitar TC com contraste na admissão Solicitar ultrassonografia abdominal para avaliar vias biliares intra e extra-hepáticas LABORATÓRIO Amilase (aumento de 3x do valor normal) Lipase PROTOCOLO – PANCREATITE HOSPITAL INFANTIL ALBERT SABIN DIAGNÓSTICO CLINICO (Dor abdominal aguda e constante localizada em epigástrio ou quadrante superior) 49 Rotinas de Cirurgia Pediátrica 12 3 4 5 6 7 8 Se ausência de coledocolitíase, realizar colangio intra-op. Contra- indicações: falta de maturidade da parede do cisto, pancreatite necrotizante e pseudoaneurisma Cirúrgico: na falha da endoscopia, ou impossibilidade de realizá-la Radiologia: impossibilidade de realizar cirurgia ou endoscopia ou no paciente com choque séptico Se pancreatite biliar, preferencialmente colescistectomia durante a internação Solicitar novo US pré-op para avaliar vias biliares. Se coledocolitíase, solicitar CPRE pré-op. Pseudocisto pancreático Manejo conservador: 1a. opção sempre Requer tratamento definitivo se: > 6 cm após 6 semanas E/OU Clinica de dor abdominal persistente, infecção, ruptura ou sangramento ou não atinge equilíbrio nutricional Tratamento Endoscópico: 1a. opção Se, após 4 semanas, houver persistência de quadro grave ou piora de moderado + imagem com necrose ou coleção Drenagem guiada por TC Drenagem guiada por endoscopia Necrosectomia cirúrgica: Última abordagem Critérios para definir infecção Piora clínica - 2 semanas após ínicio dos sintomas (febre, leucocitose, piora da dor abdominal) Se tiver gás junto à coleção ou necrose na TC = antibiótico Antibiótico: Meropenem por 14 dias Solicitar TC com contraste após 2 dias para determinar a gravidade, se persistência dos sintomas. Repetir se piora clínica. Solicitar marcadores de atividade inflamatória (PCR, VHS, alfa 1 glicoproteina), função hepática, hemograma e eletrólitos Controle da dor: opiódes (nalbufina, tramadol na dose de 1mg/kg a cada 6 horas), evitar morfina Hidratação: Fase rápida com reposição de fluidos com RL (20ml/kg em 30min, c/reavaliação da diurese, PA e FC), pelo menos, 1,5x a manutenção. Quando iniciar manutenção, RL (5-10 ml/kg) Nutrição: introdução precoce da dieta (24-72h após o diagnóstico) Se leve → via oral Se moderada → enteral (SNG ou SNE) Se grave → enteral (por SNG ou SNE); se não tolerar, iniciar nutrição parenteral Nutrição oral a ser iniciada quando melhora da dor e queda dos marcadores inflamatórios Se grave → admissão em UTI Se presença de colangite associada → CPRE de urgência (em 24h) COMPLICAÇÕES Pancreatite infectada TRATAMENTO Monitorização contínua de sinais vitais - respiratória, cardíaca e renal 50 Rotinas de Cirurgia Pediátrica REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BAI HX; LOWE, M.E.; HUSAIN SZ. What have we learned about acute pancrea- titis in children? Journal of Pediatric Gastroenterology and Nutrition, vol. 52, p. 262-70, 2011. MORINVILLE, V.D.; HUSAIN, S.Z.; BAI, H.; BARTH, B.; ALHOSH, R.; DURIE P.R. et al. Definitions of pediatric pancreatitis and survey of present clinical prac- tices. J. Pediatr. Gastroenterol. Nutr., vol. 55, p. 261-5, 2012. OLIVEIRA NETO, R.M.; SOUZA, E.F.; MELO FILHO, A.A.; ABREU FILHO, A.C.G. Pancreatite Aguda em Pediatria: Revisão da Literatura. Revista CIPERJ, v. III, p. 5-9, 2015. 51 Rotinas de Cirurgia Pediátrica 7 ATRESIA DE ESÔFAGO Geysa Maria Monte Saraiva Câmara Liliana Soares Nogueira Paes Eveline Campos Monteiro Castro Thyago Araújo Fernandes Antônio Aldo Melo Filho Francisco das Chagas Barros Brilhante Osvaldo Barros Rebelo Neto INTRODUÇÃO Anomalia congênita mais comum do esôfago. Associação com outros defeitos congênitos: cardíaco (35%) e do trato digestório (15%), principalmente em prematuros. VACTER-L: defeitos Vertebrais, atresia Anal, Cardíaco, fístula Traqueoesof c/ atresia Esofágica, defeitos Renais, displasia radial do membro (Limb) CLASSIFICAÇÃO DE GROSS A - Atresia de esôfago sem fístula (5-7%) B - Atresia de esôfago com fístula proximal C - Atresia de esôfago com fístula distal (85-90%) D - Atresia de esôfago com fístula distal e proximal E - Fístula traqueoesofágica isolada, sem atresia de esôfago (2-6%) Tipo A e B: ausência de ar em alça intestinal DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL Ultrassonografia - Presença de polidrâmnio (principal) - Ausência ou diminuição da bolha gástrica - Escassez de líquido no intestino - Coto esofágico proximal dilatado 52 Rotinas de Cirurgia Pediátrica DIAGNÓSTICO NEONATAL Tentativa de passagem de sonda nasogástrica no 8, sem sucesso (Tipos A-D) - A SNG não avança mais que 10 – 12 cm (não forçar) - Usar sonda no 8 (sondas menores podem enrolar-falso positivo) Secreção salivar “espumosa” pela boca e/ou narina Aspiração para a via aérea respiratória (comprometimento respiratório) - Tosse - Cianose - Dispneia - Sufocação Abdômen distendido (com fístula)/ Abdômen escavado (sem fístula) Roncos disseminados, estertores subcrepitantes, considerar pneumonia Pesquisar anomalias associadas DIAGNÓSTICO RADIOLÓGICO SEM CONTRASTE Rx panorâmico (visualizar tórax e abdômen) - Observar SNG parando no fundo cego da “coluna de ar esofágica” - Observar presença de pneumonia - Observar TGI (presença de ar e/ou malformações associadas) - Observar malformações vertebrais, cardíacas e outras coluna de ar em fundo cego (sng) presença de ar no tgi malformação vertebral ausência de ar no tgi pneumonia DIAGNÓSTICO RADIOLÓGICO COM CONTRASTE Conectar seringa de 3 ou 5 ml com contraste iodado a uma sonda no 8 e preencher todo o trajeto da sonda com contraste antes de introduzir na criança 53 Rotinas de Cirurgia Pediátrica Posicionar a sonda por via oral no coto esofágico proximal, sem desconectar da seringa. Injetar 0,5 ml de contraste iodado Fazer o Rx panorâmico com o RN inclinado em, no mínimo, 45o. Logo após o Rx, aspirar e retirar a SNG sob aspiraçãocontínua. CONDUTA PRÉ-OPERATÓRIA Manter temperatura adequada (36,5-37,4 ºC) Passagem de PICC Hidratação venosa básica até instalação da NPT Antibióticos Se RN nascido na unidade neonatal e sem sinais de infecção ou risco por outra condição, cefotaxima ou ampicilina com sulbactam que será mantido por 24h após o procedimento cirúrgico. Se RN nascido na unidade neonatal e com sinais de infecção ou risco por outra condição (exemplo: rotura de bolsa prolongada), ampicilina e gentamicina. Se RN nascido em outra unidade e com sinais de infecção, considerar início de antibioticoterapia conforme protocolo da unidade de origem. o Instalar sonda oroesofágica sob aspiração contínua (replogue em casos de saliva espessa) Introduzir um cateter duplo-lúmen 7F, numa SNG no8 Conectar um lúmen na aspiração a vácuo, sob pressão de 60 a 80 cmH2O; se a secreção for muito espessa, conectar o outro lúmen a um SF0.9% com infusão de 15 a 20 ml/h de fluxo o Instalar a sonda oroesofágica sob aspiração contínua (saliva fluida) Introduzir até o final uma SNG nº6 em uma SNG nº 8 e conectar a SNG n º 6 sob aspiração contínua o Evitar ventilar sob pressão positiva CPAP, Ambu-máscara (para evitar distensão gástrica) o Proceder com intubação orotraqueal apenas se houver desconforto respiratório significativo 54 Rotinas de Cirurgia Pediátrica o Se RN não estiver intubado, manter o RN posicionado com cabeceira elevada (30o – 45o) e com sonda oroesofágica sob aspiração contínua o Solicitar Hemograma, coagulograma, uréia, creatinina, sódio, potássio e cálcio séricos, glicemia de jejum e gasometria arterial Radiografia panorâmica (tórax e abdome) Ecocardiograma SEMPRE antes da cirurgia e USG de abdômen total (investigar posicionamento do arco aórtico e demais anomalias - VACTERL) EcG CONDUTA CIRÚRGICA o Não é emergência cirúrgica (Estabilização clínica + Eco antEs da cirurGia) o Toracotomia com esofagoplastia (fio absorvível) e passagem de SNE trans-anastomótica, ressecção e ligadura da FTE (fio inabsorvível) e drenagem torácica fechada em selo d’água Técnica extrapleural: o dreno não oscilará Técnica transpleural: o dreno oscilará CLASSIFICAÇÃO DE SPTIZ grupo peso (gramas) malformações cardíacas graves expectativa de sobrevida (%) i > 1500 não 96 ii = 1500 sim 60 iii < 1500 sim 18 CONDUTA PÓS-OPERATÓRIA Mínimo manuseio do RN Manter em VM + TOT, sob sedação contínua por 3 a 5 dias (Fentanil + Midazolan) 55 Rotinas de CirurgiaPediátrica Manter curarizado por 72h • Vecurônio – frasco de 10 mg (pó), diluir para 5 ml AD - Ataque: 0,1 mg/Kg - Manutenção: 0,1 mg/Kg/h Não manipular e não tentar repassara SNE/ SOG (em caso de perda) Manter em cabeceira elevada com flexão cervical para reduzir a tensão sobre a anastomose. Não hiperestender o pescoço Manter os cuidados para RGE (Ranitidina, Bromoprida) Iniciar NPT precocemente Iniciar dieta enteral após 48h, caso a SNE esteja em posição pós- pilórica; se permanecer gástrica, não iniciar dieta pela SNE, manter somente em NPT Fazer esofagograma entre o 7o e 10o DPO. Sem fístula = iniciar dieta oral Com fístula = manter por mais 7 a 10 dias a conduta incial e depois repetir o esofagograma COMPLICAÇÕS PÓS-OPERATÓRIAS Precoce - Deiscência com fístula da anastomose esofágica (15 – 20%) – a maioria fecha espontaneamente (manter dreno de tórax, aspiração contínua e dieta zero) - Fístula traqueal (rara) – manter dreno de tórax, aspiração contínua e dieta zero; reoperação em caso de falha clínica. Tardias - Estenose da anastomose (30-40%) – programar dilatações endoscó- picas - RGE (60 a 80%) – medidas para DRGE ou fundoplicatura - Traqueomalácia (5%) – geralmente se resolve em 2 a 4 meses de vida - Sintomas respiratórios até os 5 anos de idade. 56 Rotinas de Cirurgia Pediátrica REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CÂMARA GMMS, PAES LSN, CASTRO ECM, FERNANDES TA, MELO-FILHO AA, REBELO-NETO OB. Atresia de esôfago: diagnóstico perinatal e assistência perioperatória – protocolo da Maternidade Escola Assis Chateaubriand. Submeti- do à publicação. HOLLAND AJ, FITZGERALD DA. Oesophageal atresia and tracheo-oesophageal fistula: current management strategies and complications. Paediatr Respir Rev; 11: 100-106. 2010. HOUBEN CH, CURRY JI. Current status of prenatal diagnosis, operative mana- gement and outcome of esophageal atresia/tracheo-esophageal fistula. Prenat Diagn; 28: 667-675, 2008. LOPES PJ, KEYS C, PIERRO A, ET AL. Oesophageal atresia:improved outcome in high risk groups? J Pediatr Surg; 41:331-4, 2006. WARRIS A. Prophylactic antibiotics should be used in children with repaired esophageal atresia/tracheo-esophageal fistula: The case against. Paediatr Respir Rev;18: 62–3, 2016. 57 Rotinas de Cirurgia Pediátrica PROTOCOLOS CIRURGIA PEDIÁTRICA UROLÓGICA 59 Rotinas de Cirurgia Pediátrica INTRODUÇÃO A hidronefrose se caracteriza pela dilatação do rim e pelve renal e que já pode ser vista no período antenatal, com incidência de 0,5 a 1% da população gestacional. Trata-se da anomalia mais frequente do trato urinário, identificada a partir 15ª semana de gestação. O exame ultrassonográfico (US), no período gestacional, trouxe outra dimensão na detecção das anomalias fetais, entre elas, a hidronefrose. O acesso mais fácil da população a esse exame, o avanço tecnológico com aparelhos de alta resolução, bem como o progressivo nível de aprendizado profissional contribuíram, decisivamente, no diagnóstico de anomalia fetal. O ultrassom fetal nos mostra e classifica a hidronefrose em grau de I à IV de acordo com a intensidade da dilatação pelve-renal, sendo grau 1: pelve levemente dilatada; grau 2: pelve moderadamente dilatada; grau 3: pelve muito dilatada, parênquima preservado; grau 4: pelve dilatada, parênquima diminuído. Consoante o diâmetro ântero-posterior (AP) da pelve, classifica- se ainda a hidronefrose como leve (entre5 e 10 mm), moderada entre (10 e 15 mm) e grave (acima de 15 mm). Importante também a determinação da espessura do parênquima renal e sua ecogenicidade. 8 HIDRONEFROSE E ESTENOSE DE JUNÇÃO URETEROPIÉLICA Rogério Cruz Saraiva Augusto César Gadelha de Abreu Filho George Rafael Martins de Lima Daniele Pimentel Fernandes Manoel Luiz Filgueira de Oliveira Larissa Rodrigues Chagas Monika Maya Tsuji Nishikido 60 Rotinas de Cirurgia Pediátrica ABORDAGEM PRÉ-NATAL DA HIDRONEFROSE A hidronefrose é diagnosticada no período antenatal graças ao uso do exame US em gestante. Tem com causa mais frequente a obstrução da junção uretero-piélica (JUP), tendo, também, a válvula de uretra posterior (VUP), as malformações císticas renais e o refluxo vésico uretral (RVU) como outras patologias urinárias causadoras. A hidronefrose unilateral, com rim contralateral normal, sem oligoidrâmnio, se preconiza aguardar o parto normal para a abordagem pós-natal, descrita posterior. A hidronefrose bilateral com líquido amniótico normal nos credencia a acompanhar esta gravidez com US até o seu término. A hidronefrose bilateral com oligoidrâmnio tem grande perspectiva da presença de displasia renal associada e hipoplasia pulmonar fetal. Em geral, não justifica a intervenção durante a gravidez, pelos seus riscos, mas indica acompanhar com US seriado até o parto. A abordagem cirúrgica fica relativamente reservada em gestação de bom prognóstico com imaturidade pulmonar e que consiste na derivação intra- útero. Porém, é consenso, que na grande maioria das hidronefroses fetais, o procedimento cirúrgico não beneficia a função renal fetal, que é afetada precocemente. Pode ainda antecipar o trabalho de parto, tem alto risco O exame US prenatal informa ainda a quantidade do líquido amniótico, se a hidronefrose é uni ou bilateral, evidencia dilatação ureteral e avalia a bexiga, de maneira a mostrar o seu conteúdo e espessamento de sua parede. O oligohidrâmnio pode sugerir patologia obstrutiva urinária fetal de prognóstico reservado pelo comprometimento da função renal. É possível empregar ainda o exame US para guiar punção de pelve renal e bexiga com intuito de coleta de urina fetal para exames, como: osmolaridade, dosagem de sódio, cloro e betamicroglobulina. Níveis urinários dessa última proteína acima de 13 mg/l podem definir inviabilidade fetal por insuficiência renal. 61 Rotinas de Cirurgia Pediátrica de infecção, bem como não nos mostra dados para realizar diagnóstico diferencial. Ademais, este procedimento deve ser feito em centro de Medicina Fetal e por profissional habilitado. Diante de tudo que foi exposto, se conclui que a melhor conduta na hidronefrose fetal é acompanhar a gestação com US até o parto normal e abordar a criança após o nascimento. ABORDAGEM PÓS-NATAL DA HIDRONEFROSE A criança nasce e, geralmente, é acolhida pelo neonatologista que faz todo exame de sua rotina, podendo, no exame físico, já perceber abaulamento abdominal, em nível de flanco, representando, assim, a hidronefrose. A quimioprofixia se faz com cefalexina: 20 mg/ kg, dose única diária e esta indicada no recém nascido com hidronefrose fetal graus III e IV ou nas crianças que não fizeram seu US antenatal, mas que, nos realizados no pós- natal, foram observados esses graus de hidronefrose. A profilaxia deve ser mantida até a resolução da estase urinária. A criança, com hidronefrose fetal graus III e IV deve realizar, também, hemograma (HC), ureia (U), creatinina (Cr) e sumario de urina (SU), colhida por saco coletor ou punção suprapúbica. A hidronefrose fetal deverá ser confirmada com US após 48-72 horas de nascido, em virtude de um “falso negativo” que pode advir da desidratação do trabalho do parto. Estes USdever ser repetido ainda com 30 dias. Após o estudo com US seriado confirmar a hidronefrose, realizamos a uretrocistografia miccional (UCM) para o estudo da uretra, bexiga e para avaliar a presença, ou não, de refluxo vésico-ureteral, outra causa de hidronefrose. Indicamos a realização deste exame em todo recém-nascido com hidronefrose e após duas semanas de vida. Vale ressaltar que este procedimento é feito na vigência de quimioprofilaxia. Em cerca de 10% dos casos se observa a associação de refluxo vesico-ureteral e estenose de JUP. O terceiro pilar de avaliação da hidronefrose é a cintilografia renal, que pode ser com DMSA, DTPA ou MAG-3. Só deve ser feita após 60 dias de 62 Rotinas de Cirurgia Pediátrica Diante do que foi estabelecido e descartando RVU, podemos conduziralgumas possibilidades de maior frequência diante da suspeita de estenose de JUP: - Hidronefrose unilateral com rim contralateral normal: se os US mostrar que a hidronefrose é leve ou moderada, DTPA evidencia processo obstrutivo e o DMSA se encontra entre 10 e 40 %, indicamos a pieloplastia. Porém, se a hidronefrose é grave e o DMSA nos informa que a contribuição funcional (CF) está abaixo de 10%, indicamos pielostomia por punção, guiado por US e um novo estudo com DMSA é feito, com 30 dias após a punção, assim, com valor agora acima de 10%, indicamos a pieloplastia. No entanto, se persiste a CF no DMSA abaixo de 10% podemos lançar mão de nefrectomia ou acompanhamento com US desta unidade renal. A conduta será expectante e acompanha com US, se a DMSA mostrar que a CF se encontra acima de 40%, visto que a estenose de JUP pode ter resolução espontânea. - Hidronefrose unilateral, com exclusão funcional ou agenesia do rim contralateral: se a hidronefrose for leve ou moderada (US) e os níveis de Ur e Cr mantidos, aguardando a realização das cintilografias (DMSA e DTPA) para definir conduta. Porém, na hidronefrose grave, mesmo sem alteração da função renal, indicamos a pielostomia como conduta inicial e uma nova avaliação com 30 dias se faz para definir a melhor conduta. vida, em virtude na imaturidade do sistema urinário e possível dano renal devido ao radioisótopo. O DMSA é um exame estático, que nos mostra, principalmente a função diferencial renal, que normalmente varia de 45 a 55%. É de importância expressiva na indicação cirúrgica. A cintilografia renal com DTPA feita em criança bem hidratada e com sonda vesical, associada à furosemida, faz o diagnóstico de obstrução urinária alta através da análise morfofuncional do trato urinário (TU). Tem como básico a filtração e excreção do radioisótopo no tempo médio (T1/2) de 15 minutos, normalmente, sendo que este acima de 20 minutos nos indica padrão obstrutivo do trato urinário (TU). Os valores entre 15 e 20 minutos são atribuídos á obstrução de JUP parcial e com ajuda do US e da cintilografia com DMSA, indicamos tratamento conservador ou pieloplastia.O MAG -3 tem a mesma finalidade do DTPA, porém não dispomos em nosso meio. 63 Rotinas de Cirurgia Pediátrica - Hidronefrose Bilateral: com níveis de Ur e Cr normais, sendo leve ou moderada, aguardamos a idade para a realização do estudo cintilográfico para conduzir esta criança. Porém, se a hidronefrose for grave unilateralmente, optamos por realizar a pielostomia descompressiva inicialmente desta unidade renal. Se os níveis de Ur e Cr forem alterados nos levam a realizar derivação urinária por punção, bilateralmente e, na idade indicada, após os 60 dias de vida, realizar o estudo cintilografico para definir conduta cirúrgica. TRATAMENTO CIRÚRGICO DA ESTENOSE DE JUP Técnica: A pieloplastia desmembrada de Anderson-Hynes é técnica de escolha para tratamento da estenose de JUP e, consiste, na remoção do segmento adinâmico desde setor, com ou sem modelagem da pelve renal. A reconstrução do trânsito urinário é realizada através da anastomose da pelve com o ureter que deve ser espatulado na região lateral e preservado, ao máximo, sua irrigação sanguínea, evitando possível isquemia ureteral. Pré operatório: Solicitamos hemograma completo, ureia, creatinina, sumário de urina e coagulograma. No internamento solicitamos novo sumário de urina e se for detectada alguma alteração, suspendemos a cirurgia, solicitamos urocultura com antibiograma, tratamos ITU e remarcamos o procedimento. Acesso cirúrgico: Classicamente usamos alombotomiacom abordagem principal, em criança maior. Podemos também, optar pelo acesso posterior, paravetebral, em criança menor. Outra via de acesso é a laparoscopia transabdominal notadamente para criança acima de dois anos de idade, de acordo com a experiência do cirurgião. Não obstante se preserva a técnica de Anderson-Hynes. Fio: Nossa preferência na confecção da anastomose é o PDS, 5.0 ou 6.0, com instrumental de microcirurgia. Cateteres, Sondas e drenos: utilizamos o cateter duplo J, de tamanho e diâmetro adequados para idade, com cuidado de passar o mesmo do ureter até a bexiga, confirmando sua localização com Raios X transoperatório. Esse permanece por um período de 4 a 8 semanas, sendo retirado via endoscopia 64 Rotinas de Cirurgia Pediátrica COMPLICAÇÕES Ainda no pós-operatório imediato pode-se observar fístula urinária. Esta normalmente tem cura espontânea no período de 3-5 dias, com drenagem da loja renal através do dreno de Penrose. A infecção urináriaé também vista como complicação importante, que sendo diagnosticada precocemente comsumário de urina (SU) e urinocultura(UC)se pode tratar com antibiótico adequado e de maneira eficaz. É também de importância considerável averiguar a contribuição de sondas e cateter para a manutenção da ITU,podendo assim ser removido antes do tempo estabelecido. A manutenção da estenose de JUPé notada mais tardiamente e se deve geralmente realizar a ressecção generosa do segmento adinâmico através de nova pieloplastia ou, a depender da experiência e habilidade no cirurgião e com a disposição de material necessário, uma endopielotomia. ACOMPANHAMENTO APÓS PIELOPLASTIA A alta se faz com a criança bem, sem sinais de ITU (exame clínico, SU e UC), com a ferida cirúrgica sem sinais de infecção, sem uso de quimioprofixalia, com agendamento para retirada endoscópica do duplo J (4 a 8 sem), bem como solicitação de USpara 30 dias, ocasião da primeira consulta urológica. Na falta de duplo J adequado, usar como segunda opção a sonda de moldagem em Calha, que deve permanecer drenando de 7 a 10 dias. O dreno de Penrose tem seu espaço no sentido de drenar secreções da loja renal manipulada e também, extravazamento de urina que, normalmente se resolve no tempo de 3 a 5 dias. O dreno deve ser manipulado diariamente e retirado após a parada de saída de urina ou secreções. A sonda vesical de demora é colocada no ato operatório e retirada após 48 horas. Permite-nos aumentar gradiente de pressão pelve/bexiga, facilitando drenagem de urina neste sentido, bem como serve para avaliação de débito urinário, aspecto da urina e detecção de ITU precoce. Antibiótico: damos preferência a quimioprofilaxia com a Cefazolina na dose de 50 a 100 mg/Kg, dose única diária, iniciando na indução anestésica e mantendo por 48h. Após isso, iniciar Cefalexina na dose profilática. 65 Rotinas de Cirurgia Pediátrica ambulatorial pós-operatória. No ambulatório, a criança é seguida com US em cada consulta, que progressivamente obedece ao sequencial de 30 dias, três meses, seis meses, e um ano. Claro que a depender da evolução do paciente, se pode antecipar a visita ao cirurgião. Importante que o exame de USseja realizadopor profissional experiente e que nos forneça dados importantes para o acompanhamento desta unidade renal operada. Podemos dispor, a depender do resultado dos US, das cintilografias (DMSA e DTPA) para elucidar alguma intercorrência que venha a surgir neste acompanhamento. Este acompanhamento deve prosseguir, no mínimo, até cinco anos após o tratamento preconizado. 67 Rotinas de Cirurgia Pediátrica 9 ACESSO VASCULAR PARA HEMODIALISE NO PACIENTE COM IRCT Antônio Aldo Melo Filho Augusto César Gadelha de Abreu Filho Káthia Liliane da Cunha Ribeiro Zuntini CRITÉRIOS PARA IMPLANTE DE CATETER NO PLANTÃO Considerando que pacientes com IRCT necessitam da diálise por tempo indeterminado, as indicações para obtenção ou troca de acesso vascular para diálise devem ser tratadas como URGÊNCIA e não podem ser agendadas de forma eletiva apenas para os dias em que há sala cirúrgica da Cirurgia Pediátrica dedicada à Urologia. Mesmo um paciente com cateter funcionando, mas infectado, necessita remoção ou troca logo que possível para minimizar efeitos deletérios desta infecção. Neste sentido, os implantes/ trocas e, em caso de infecção, remoções de cateteres de hemodiáliseserão realizados por equipe eletiva disponível naquele dia e, quando indisponível, pelos plantonistas do turno. No sentido de auxiliar os plantonistas em relação a definição de prioridades nos diversos procedimentos a serem realizados, há situações que já são emergência dialítica. São indicações de EMERGÊNCIA para diálise: Hiperpotassemia refratária grave Acidose metabólica grave sem condições de correção (paciente anúrico) Sobrecarga hídrica em paciente anúrico Congestão cardiopulmonar grave. Sintomas de uremia Derrame pericádico/ pericardite 68 Rotinas de Cirurgia Pediátrica Situações que são urgência dialítica em um primeiro momento tendem a se tornar emergência à medida que há demora na obtenção de um acesso vascular para hemodiálise. Situações duvidosas, contactar Nefrologista e/ou Pediatra que está acompanhando a criança. INDICAÇÕES DE TROCA DE CATETER DE HEMODIÁLISE Em caso de indicação de troca por obstrução COM infecção, não tentar desobstruir o cateter. Retirá-lo e repassar outro cateter em outro sítio anatômico. Em caso de indicação de troca por obstrução SEM infecção, autorizado a troca do cateter com fio guia no mesmo sítio anatômico. Situações duvidosas, contactar Nefrologista e/ou Pediatra que acompanha a criança. * O serviço de Nefrologia Pediátrica disponibilizará no prontuário do paciente: Um desenho gráfico do corpo humano com a anatomia dos vasos (MAPA DE ACESSO) onde será registrado cada acesso realizado no referido paciente e a data. Será o histórico gráfico dos acessos vasculares do paciente; Uma ficha de controle para cada acesso com informações sobre o implante, seu funcionamento, complicações ou intercorrências clínicas ocorridas e motivo de retirada. VISITA PRÉ-CIRÚRGICA Antes do implante de um cateter de hemodiálise, o cirurgião deverá realizar uma visita pré-cirúrgica ao paciente para, entre outros, analisar registros dos acessos prévios e condição vascular, bem como condição clínica, exame físico e exames laboratoriais do paciente no sentido de melhor planejar o procedimento. 69 Rotinas de Cirurgia Pediátrica Todo paciente a realizar acesso vascular para hemodiálise necessita aferição de hemoglobina, hematócrito, plaquetas, TAP e TPTa recentes. Se estiver em situação de emergência diálitica, é importante ainda valores recentes de uréia, creatinina, Na, K e Ca. ESCOLHA DE SÍTIO ANATÔMICO - Prioridade: Preferência JUGULAR direita ou esquerda - Se acesso em recém-nascido ou jugulares obstruídas, considerar implante na FEMORAL. - Contraindicado acesso em subclávia, pois compromete confecção e funcionamento futuro de fístula arteriovenosa no membro superior. Casos de exceção serão avaliados em discussão conjunta entre equipes clínica e cirúrgica. - ATENÇÂO: Em casos com histórico de punção ou dissecção de ambas as veias jugulares internas e femorais, deve ser solicitado previamente pelo médico pediatra ou nefrologista assistente, um ultrassom doppler de jugulares e femorais (com avaliação proximal dos vasos em busca de trombos) para planejar sítio a ser implantado o cateter. De todo modo, importante lembrar que o informe de um doppler livre de trombos não significativa que inexista um trombo em posição mais proximal que possa vir a impossibilitar a diálise. Exemplo: um cateter aposto em femoral livre de trombo é passível de ser implantado, mas um trombo em entrada deste vaso com veia cava deve impossibilitar o fluxo necessário para a hemodiálise. ESCOLHA DO TAMANHO DO CATETER Recomenda-se checar previamente a disponibilidade do cateter para hemodiálise (diâmetro e comprimento) adequado ao paciente, antes de iniciar procedimento anestésico para implante. A tabela abaixo é um referencial por peso para escolha do cateter. No entanto, nesta escolha, é importante ainda considerar estatura da criança, tamanho do tórax, deformidades anatômicas, obesidade e vaso selecionado para implante. 70 Rotinas de Cirurgia Pediátrica Relação peso da criança x diâmetro ideal do cateter de hemodiálise PESO DA CRIANÇA DIÂMETRO DO CATETER ≤ 5 Kg 7 Fr x 10 cm 6 - 14 Kg 8 Fr x 12,5 cm 15 - 25 Kg 9 Fr x 13 cm 25 - 55 Kg 11 Fr x 15 cm > 55 Kg 12,5 Fr x 20 cm Procedimentos OBRIGATÓRIOS a serem realizados pelo cirurgião, logo após o implante, ANTES DE ACORDAR O PACIENTE: - Teste de fluxo do cateter - O fluxo do cateter deve ser testado com aspiração de sangue por seringa de 20 ml. É necessário que a aspiração do sangue ocorra sem turbilhonamento. Do contrário, se houver turbilhonamento do fluxo, isto significa que o aparelho de hemodiálise não conseguirá puxar adequadamente o sangue e essa será mal-sucedida. Em caso de turbilhonamento, reposicionar o cateter, introduzindo-o ou tracionando-o. Em caso de recém-nascido, testar com seringa de 10 ml. - Controle radiológico - Raio X de Tórax ou Abdome (consoante sítio de implantação) para checar posicionamento do cateter. Se cateter mal posicionado, introduzir ou tracionar o mesmo. É necessáriaa documentação radiológica de posicionamento adequado do cateter, antes de acordar o paciente. - O exame radiográfico deve mostrar o cateter localizado no lado direito do mediastino, na VCS, com a extremidade dístal do cateter paralela à parede da veia cava e a sua ponta distal posicionada a um nível acima da veia ázigos ou da carina da traquéia, dependendo de qual se veja melhor. - Deve-se sempre buscar contemplar que o cateter esteja na melhor localização possível e com fluxo adequado. Não adianta um cateter totalmente bem posicionado do ponto de vista anatômico em que 71 Rotinas de Cirurgia Pediátrica não seja possível obter fluxo adequado, através do teste de fluxo do cateter explicado anteriormente. Também, não é possível que um cateter tenha bom fluxo, mas esteja subindo para segmento cefálico ou entrando muito em câmaras cardíacas com alto risco de arritmia. - Alerta a caminhos anômalos que o cateter tenha feito para risco de ter feito falso trajeto. - Heparinização - Diluir heparina (5000 UI/ml) 1ml + 4ml de água destilada g solução com 1000 UI/ml. - Na parede do lúmen de cada via do cateter, há inscrição da quantidade de heparina exata a ser infundida para preencher cada um dos lúmens (vermelho – arterial e azul – venoso). Cuidado para não injetar volume maior pelo risco de alteração de coagulação secundária à heparina em circulação sistêmica. - Fixação do cateter e Curativo - A fixação do cateter de hemodiálise deverá ser feita com pontos na “borboleta” designada para fixação. - Não é recomendado a colocação de ponto no orifício de saída do mesmo, pois usualmente ocasionará inflamação e/ou granuloma do local, favorecendo infecção com risco de bacteremia e perda do cateter. Também, evitar passar fio de sutura ao redor do cateter (“bailarina”), pois face ao cateter ser maleável, tal procedimento favorece seu pinçamento e/ou deformidade local, ocasionando fluxo sanguíneo inadequado e/ ou sangramento local que impactam negativamente na hemodiálise. - O curativo a ser utilizado por ocasião do implante será o IV-FIX com gaze. A colocação deste deverá seguir a técnica asséptica utilizada durante o implante. - Após 24h, o curativo IV-FIX deve ser trocado por técnica asséptica, por enfermeira treinada, por curativo transparente sem gaze (exceto, se ainda houver sangramento pelo óstio) para permitir a visualização do óstio de entrada. 72 Rotinas de Cirurgia Pediátrica ACESSO VASCULAR PARA HEMODIALISE NO PACIENTE COM IRCT FICHA DE CONTROLE 57 ACESSO VASCULAR PARA HEMODIALISE NO PACIENTE COM IRCT FICHA DE CONTROLE 1. NOME PACIENTE:_____________________________________________________________ 2. PRONTUÁRIO:_____________ 3. NASCIMENTO: _____/_____/____ 4. PESO:_______ Kg 5. DATA DO IMPLANTE: _______/_______/______ 6. ACESSO VASCULAR: Tipo do cateter ( ) CVL ( ) Permicath Tamanho do cateter: ( ) 7F x 10cm ( ) 8F x 12,5cm ( ) 9Fr x 13cm ( ) 11Fr x 15cm( ) 12,5Fr x 20cm ( ) Outro Tamanho: ________________________ Sítio anatômico: ( ) JUG D ( ) JUG E ( ) FEM D ( ) FEM E ( ) SC D ( ) SC E ( ) Outro Vaso: ____________________________________ Método: ( ) Punção convencional ( ) Punção guiada por ultrassom ( ) Punção guiada por radioscopia ( ) Punção guiada por US e radioscopia ( ) Dissecção ( ) Outra:________________________ Fixação: No OSC ( ): na borboleta ( ) no Catéter ( ) Cateter exteriorizado ______cm: ( ) Distante do OSC ( ) na borboleta ( ) no Catéter 7. INTERCORRÊNCIAS DURANTE IMPLANTE: ( ) Não ( ) Sim 7.1 Punção de Artéria: ( ) Não ( ) Sim: ( )CTD ( )CTE ( )FMD ( )FME ( )SCD ( )SCE 7.2. Punção de Veia Obstruída: ( ) Não ( ) Sim ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )JGD ( )JGE ( )FMD ( )FME ( )SCD ( )SCE ( )Outra 7.3. Outra:_____________________________________________________________________ 8. POSICÃO - CATÉTER JUGULAR: (Rx Tórax): ( ) VCS: ( ) Projeção do AD ( ) Alto ( ) Baixo Outro Vaso: ( ) Horizontalizado ( ) Para cima OUTRO: _____________________ 9. INTERCORRENCIAS APÓS IMPLANTE: ( ) Não ( ) Sim 9.1 ( ) Hemotórax 9.2- ( ) Sangramento OSC 9.3- ( ) Dor torácica DATA____/____/___ 9.4 ( ) Ausência de fluxo 9.5- ( ) Baixo fluxo DATA_____/____/_____ 9.6 ( ) Infecção OSC 9.7-( ) Granuloma OSC 9.8-( ) Bacteremia DATA____/___/____ 10. RETIRADA DO CATÉTER: DATA_____/____/_____ MOTIVO: 10.1- ( ) Alta DA HD 10.2-( ) Bacteremia 10.3- ( ) Infecção OSC 10.4-( ) Ausência ou baixo fluxo 10.5- ( )TVP 10.6- Outro( ) ___________________ 73 Rotinas de Cirurgia Pediátrica 58 MAPA DE ACESSO VASCULAR 1. NOME PACIENTE:__________________________________________________________ 2. PRONTUÁRIO:_____________ 75 Rotinas de Cirurgia Pediátrica 10 ULTRASSONOGRAFIA DE VIAS URINÁRIAS Antônio Aldo Melo Filho Augusto César Gadelha de Abreu Filho Kathia Liliane da Cunha Ribeiro Zuntini Harley Silveira Menezes IDENTIFICAÇÃO Nome: _____________________________________ Prontuário: __________ Tamanho Espessuracortical Diâmetro AP da pelve renal Rim Direito ______x______x______cm ______cm ______cm Rim Esquerdo ______x______x______cm ______cm ______cm Ecogenicidade parênquima renal: Direito: ( ) Normal ( ) Alterada Esquerdo: ( ) Normal ( ) Alterada Ureter Direito: ( ) Não identificado ( ) Dilatação _____ mm Esquerdo: ( ) Não identificado ( ) Dilatação _____ mm Bexiga: ( ) Normal ( ) Parede espessa - _______ mm Outras observações Médico Radiologista 77 Rotinas de Cirurgia Pediátrica PROTOCOLOS CIRURGIA PEDIÁTRICA TORÁCICA 79 Rotinas de Cirurgia Pediátrica 11 CONDUTA NO EMPIEMA PLEURAL NA URGÊNCIA Antônio Aldo Melo Filho José Ricardo Barbosa de Azevedo Viviane Calheiros Chaves Gomes Danilo Santos Guerreiro Mara Cristina Coelho Silva 80 Rotinas de Cirurgia Pediátrica CONDUTA NO EMPIEMA PLEURAL NA URGÊNCIA Serviços de Cirurgia Pediátrica e Pneumologia Pediátrica Hospital Infantil Albert Sabin 81 Rotinas de Cirurgia Pediátrica CONDUTA NO EMPIEMA DRENADO Serviços de Cirurgia Pediátrica e Pneumologia Pediátrica Hospital Infantil Albert Sabin 83 Rotinas de Cirurgia Pediátrica PROTOCOLOS CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO 85 Rotinas de Cirurgia Pediátrica PRÉ-OPERATÓRIO Programação para operação no turno da tarde Internar no mesmo dia da cirurgia Conferir exames Dieta pré-operatória: - Até às 6h da manhã: dieta sólida ou derivado de leite - Entre 6h e 10h: permitido líquido sem resíduo - máximo de 150 ml - Após 10h: dieta zero - Obs: líquidos sem resíduos: água, chá gelado, água de coco Em caso de traqueostomia: - Preencher a ficha indicada para documentação dos casos de traqueostomia - Se criança já entubada, solicitar 3 (três) tamanhos de cânula endotraquel: mesmo tamanho do tubo endotraqueal, 0,5 a mais e 0,5 a menos. PÓS-OPERATÓRIO Afecções da Tireoide e de Glândulas Salivares e Doenças Congênitas Imediato - Dieta líquido-pastosa 6 horas após o término da operação, podendo progredir de acordo com a tolerância do paciente. - O curativo deve ser trocado sempre que se notem as gazes molhadas de sangue (situação comum). CUIDADO para não puxar o dreno penrose da ferida operatória. 12 ROTINAS EM CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Clóvis Ney Pinheiro Macedo Mário Sérgio Macedo 86 Rotinas de Cirurgia Pediátrica - ATENÇÃO: Se presença de hematoma na ferida operatória ou desconforto respiratório, comunicar IMEDIATAMENTE o médico da equipe PO1 (dia seguinte) - Retirar dreno penrose na troca de curativo (exceto se especificação em contrário na evolução cirúrgica do momento da operação) - Alta hospitalar pela manhã com as seguintes orientações: o Administrar dipirona se dor ou febre no pós-op o Retirar pontos com 7 dias o Retorno com 1 mês ao ambulatório o Retornar antes, a qualquer momento, se drenagem de secreção ou febre mantida, notadamente após o 4º dia pós-operatório Se TIREOIDECTOMIA TOTAL: Prescrever a levotiroxina (em jejum) - Recém-nascido: 5 a 6 mcg/kg/dia; Criança: 3 mcg/kg/dia Em caso de sinais ou sintomas de hipocalcemia (formigamento e adormecimento perioral e das extremidades; crises de tetania), procurar um serviço de emergência para receber gluconato de cálcio venoso. Situações Específicas Adicionais Linfangioma – Aplicação Picibanil (OK-432) Transoperatório Diluir o pó (liofilizado) com o solvente (2 ml) enviado pelo fabricante em uma seringa de 20 ml Realizar punção guiada por ultrassom, sob anestesia, com a seringa na qual se encontra diluída a medicação. Aspirar até no máximo de 20 ml (quantidade máxima da seringa) e em seguida injetar todo o conteúdo na lesão. CUIDADO: Não retirar todo conteúdo do linfangioma, pois se pode perder o plano para injetar a medicação 87 Rotinas de Cirurgia Pediátrica Pós-operatório Iniciar dieta líquida-pastosa quando criança estiver bem acordada PO1 (dia seguinte) - Alta hospitalar pela manhã com as seguintes orientações: Administrar dipirona se dor ou febre no pós-op Orientar a família sobre o esperado aparecimento de processo inflamatório importante no local associado a febre Retornar com 7 dias ao ambulatório Traqueostomias (Eletivas) Pós-operatório Observar sangramento. Usualmente, sangramentos pequenos podem ser controlados com a elevação da cabeceira do leito, troca dos curativos e compressão local. Por sua vez, sangramentos maiores devem ser tratados em ambiente cirúrgico, para uma adequada revisão da hemostasia, com ligadura dos vasos sangrantes. Cuidado para não decanular o paciente. O desposicionamento da cânula é mais problemático quando ocorre nos primeiros 5 (cinco) dias, pois ainda não há um trajeto delimitado da pele até a luz traqueal. Não retirar os fios de reparo que são deixados nos bordos da abertura traqueal e exteriorizados. Esses são úteis em caso de necessidade de reposicionamento da cânula. 89 Rotinas de Cirurgia Pediátrica PROTOCOLOS CIRURGIA PEDIÁTRICA ONCOLÓGICA 91 Rotinas de Cirurgia Pediátrica 13 FICHAS DE ATENDIMENTO, ESTADIAMENTO E ANATOMOPATOLOGIA PARA TUMORES SÓLIDOS MAIS FREQUENTES EM PEDIATRIA. Antônio Aldo Melo Filho José Ricardo Barbosa de Azevedo Maria do Perpétuo Socorro Saldanha da Cunha Carlos Gustavo Hirth Carlos Artur da Costa Moraes Marta Rejane Costa Feitosa Viviany de Oliveira Viana Fabiola Maria de Melo Eduardo Lima da Rocha José Holanda Maia Filho 92 Rotinas de Cirurgia Pediátrica 70 93 Rotinas de Cirurgia Pediátrica71 Tumor de Wilms Nome: Pront: Não Sim Assinalar a que for queixa principal Sim Massa palpável Hemograma Hipertensão Sumário de Urina
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