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O filme Robin Hood foi dirigido por Ridley Scott, retratando a história de um arqueiro, o qual é interpretado por Russell Crowe, que servia ao rei ao Rei Ricardo I da Inglaterra, conhecido também como Ricardo Coração de Leão por sua grande reputação como guerreiro e líder militar. Nesse sentido, no início do longa, retrata a guerra travada pelo monarca em uma das famosas Cruzadas, em que o rei gastou muitos recursos para manter a guerra enquanto o seu país afundava financeiramente, culminando em cobranças de impostos cada vez maiores ao povo, que eram obrigados a sustentar a realeza e as suas batalhas, que eram muitas. Ademais, no decorrer do filme ocorrem muitas reviravoltas, o rei João Sem-Terra, conhecido assim porque não herdou propriedade após a morte de seu pai, até comenta a respeito do dinheiro gasto com o resgate do seu irmão Ricardo, após ter sido capturado pela Áustria, quando voltava de uma batalha, o que custou o equivalente a dois anos dos dividendos da coroa inglesa. O filme retrata a história de um rei amado que era Ricardo I, que tinha o respeito e respeitava o seu povo, porém vivia mais fora da Inglaterra em batalhas. Por outro lado, mostra um novo rei que não tinha estrutura para ser governante, não tinha o amor do seu povo e nem o seu respeito, pois os castigava ainda mais com absurdas cobranças de impostos para sustentar a coroa. Dentro desse contexto, logo quando recebe a coroa, João Sem-Terra se pronuncia a respeito da cobrança de impostos, dizendo que irá cobrar mais ainda porque o seu país precisa de dinheiro, que seu irmão gastou muitos recursos com as guerras, não obteve recursos advindos dela e ainda causou a sua morte. Desse modo, no filme, o rei nomeia um oficial, para a tarefa de arrecadar tributos ao monarca. Este, que vai atrás dos barões do reino para a cobrança de impostos e para iniciar guerra com eles, a fim de provocar a ira desses para com o rei. A partir desse pressuposto, a grande carga tributária imposta pelo rei João Sem- Terra tinha como intuito sustentar a coroa inglesa e o seu exército, que batalhava com a França por territórios, chegando a perder o dinheiro investido no exército porque perdeu a guerra e ainda perdeu territórios que haviam sido conquistados. De acordo com isso, com o descontentamento causado pelos abusos do rei, levou os barões e o próprio clero a se rebelaram contra o monarca, o que no filme retrata uma guerra civil prestes a acontecer, o que de fato ocorreu, quando em 1215 os nobres ingleses invadem Londres e forçam o rei a assinar a Magna Carta, que era um documento limitador do poder dos reis ingleses, garantindo que a criação de novas leis e o aumento dos impostos deveria ocorrer com a aprovação de um conselho formado por nobres. Isso posto, a Magna Carta (Magna Charta Libertatum), assinada em 1215 pelo rei João Sem-Terra, tornou o poder da monarquia limitado, impedindo o exercício do poder absoluto, o que o próprio rei, no filme, diz que foi Deus quem o escolheu para ser rei. Esse documento foi resultado do desentendimento entre três classes, o rei, o papa e os barões. De acordo com a Carta, o rei deveria renunciar alguns direitos e respeitar os procedimentos legais, assim, como sujeitar-se à lei. Destarte, foi um dos primeiros instrumentos limitadores do poder do Estado e da preservação de diversos direitos. Além disso, pode-se dizer que representou o surgimento do Constitucionalismo e da Monarquia Constitucionalista, a qual possui o monarca, porém este deve governar o seu país de acordo com a lei. Nesse âmbito, é importante salientar que na contemporaneidade a Inglaterra adota o sistema de monarquia constitucional, a qual a posição do monarca fica estabelecida na constituição do país. De acordo com isso, o soberano governo seguindo a Constituição, ou seja, baseado em uma legislação, e não de acordo com as suas vontades, como foi o período do absolutismo, período em que o rei ou imperador exercia a função dos três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário. Todavia, o sistema contemporâneo permite um maior equilíbrio e controle de decisões, tornando o poder desconcentrado a fim de evitar abusos de poder pelos governantes sobre a população. Contudo, o filme apresenta uma versão diferente, a qual se tivesse sido verdadeira, importaria em algo totalmente diverso do que há na contemporaneidade em relação aos direitos dos povos e sobre os poderes dos Chefes de Estado e Chefes de Governo. Pois o longa apresenta que o rei João não aceitou a reivindicação posta pelos barões e queima a Magna Carta, impondo a sua vontade em relação aos direitos, afirmando o absolutismo poder monarca que não garante nada a população, que estaria sujeita a aceitar as regras estabelecidas. Assim, caso não houvesse se concretizado a assinatura desse documento, a história poderia ter sido diferente. Além da crítica ao Estado, o filme também critica a Igreja, que arrecadava alimento e dinheiro da população como forma de dízimos e outras ofertas como forma de gratidão. Porém, o retrato dos ingleses não era um dos melhores, pois estavam passando por dificuldades, haviam saqueadores, coletores de impostos e a igreja que também coletava e não fazia o seu papel de acolhedora e auxiliadora, importava com os recursos dos fiéis, mas não se importavam se os fiéis tinham ou não como sobreviver sem eles e nem se prontificavam a ajuda-los. Dentro desse aspecto, o filme relata a senhora principal do filme pedindo ajuda ao sacerdote e ele simplesmente diz que não há como ajudar, que os recursos da igreja já possuem o seu destino e o seu dono, o que difere dos princípios cristãos conhecidos, que importa em ajudar o próximo mais necessitado. Outrossim, o contexto social foi muito alterado devido ao contexto da époco, como a igreja e o Estado não ajudavam os indivíduos, estes eram “obrigados” a realizar ações que em outros tempos não realizariam. Destarte, como retratado no filme, quando o Robin Hood e seus amigos, com auxílio do padre, saquearam a comitiva que estava levando provisões da vila em Nottingham para outro local a fim de alimentar a população que estava padecendo com a situação vivida pelo país. Ademais, o filme ainda traz um grupo de jovens que foram viver na floresta, saqueavam vilas e viajantes a fim de viverem livres das onerosidades impostas por Estado e Igreja. Portanto, Robin Hood traz a ideia de povo, que não se submete à tirania de monarcas absolutistas nem de sistemas abusivos, e vão atrás dos seus direitos. A chamada democracia, em que o poder emana do povo, e não de líderes impostos a eles. Um povo que não se submete ao abuso, que vai à luta por seus direitos. Como foi bem representado no filme, um povo que estava sendo injustiçado durante algum tempo e já não estavam mais suportando tamanha crueldade, por isso, resolvem tomar consciência do seu lugar, que não devem se subordinar a um rei ou a um sistema que precisa ser sustentado custe o que custar, mesmo que seja a vida. Então o povo acorda e vai à luta, vai buscar os seus direitos que por muito tempo foram suprimidos. Em suma, o filme Robin Hood com Russell Crowe é um filme bom. Apresenta alguns fatos que ocorreram na história e trazem aquele romance clássico dos filmes. Ao assistir o longa com outros olhos, como conhecendo o contexto social em que se é retratado, percebe-se como foi difícil vivenciar os fatos ocorridos. Viver em um tempo em que haviam muitas guerras, cobranças por tudo, proibição de inúmeras coisas, como caçar certos tipos de animais porque pertenciam à coroa, com certeza deve ter sido algo bem difícil. Por outro lado, por ser um filme, altera partes da história para se tornar filme, como no final quando o rei João Sem-Terra queimou a Carta Magna e afirmou que não iria nunca se submeter àquilo, um rei se submeter aos desejos de outros abaixo da sua classe. A verdadeira história orei foi obrigado a assinar, pois Londres havia sido tomada pelos barões com a ajuda do clero pelo período de cinco dias até que ele assinou o documento, o qual é de suma importância não só na história do Direito, mas na história da humanidade. Nesse diapasão, o filme Robin Hood nos traz uma ideia de como eram os sistemas antigos e suas transformações ocorridas até chegar a contemporaneidade, e em relação aos tributos, eram cobrados e não repassados em formas de políticas públicas à população, o que é diferente da forma em que o sistema se encontra, mesmo que deficitário, existe retorno aos indivíduos. REFERÊNCIA: ROBIN Hood. Direção: Ridley Scott. Produção: Brian Grazer, Ridley Scott, Russell Crowe. EUA, Reino Unido: Universal Pictures International France, 2010. 1 DVD (140 min).
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