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Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp INSUFICIENCIA HEPATICA E HIPERTENSAO PORTAL 1. O FÍGADO O fígado estende-se do hipocôndrio direito ao hipocôndrio esquerdo. Seu limite superior situa-se no 5º - 6º EIC direito. Pode ser dividido em segmentos, como na imagem. A divisão em lobo direito e lobo esquerdo é feita pelo ligamento falciforme. As áreas em contato com o diafragma, veia cava inferior e vesícula constituem a chamada "área nua'; o restante da superfície é recoberto pela cápsula de Glisson. O fígado é mantido na sua posição pelos ligamentos, pedículos vasculares e pela pressão negativa supradiafragmática. Circulação Hepática O fígado possui duas irrigações: através da veia Porta (maior parte) e pela artéria hepática. A veia Porta é formada pela veia esplênica e veia mesentérica superior. Ela comunica dois sistemas venosos: sistema venoso esplâncnico (alças intestinais e baço) e o sistema das veias hepáticas (que desembocam na VCI). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp O sistema porta existe no fígado e na hipófise. Normalmente temos artéria terminal → capilarização → veias. No sistema porta, não há participação das artérias, as veias são interpostas por capilarização. Então, fica: veia porta → capilares hepáticos → veia hepática. A irrigação arterial hepática é feita pelas artérias hepáticas, ramos diretos do tronco celíaco. Anastomoses Porto-Cava Quando existe uma obstrução no território da veia porta, o sangue deve passar por caminhos alternativos para desembocar na veia cava. Esses caminhos alternativos são chamados anastomoses porto-cava. Por exemplo, no caso de um trombo que obstrua 90% da veia Porta, haverá aumento da pressão hidrostática à montante da obstrução (antes do trombo). Isso aumenta a pressão venosa no sistema esplâncnico, dificultando a passagem do sangue desse sistema para a VCI através da porta. Assim, o sangue procura outros caminhos para chegar na VCI. Esses caminhos já existem, mas não são utilizados em situações normais. O principal caminho alternativo é através da veia gástrica esquerda, que é tributária da porta. Assim, o sangue se direciona para a gástrica esquerda e depois para veias esofágicas, que drenam na VCS. Outro caminho possível seria pelas veias retais. O aumento de pressão no sistema porta causa redirecionamento do sangue para a veia mesentérica inferior e depois para as veias retais (tributária da cava inferior). Por fim, o último caminho possível seria pelas veias umbilicais, através da recanalização dessas veias. Assim, atinge as veias abdominais superficiais e drenam para a cava inferior. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Funções Hepáticas O fígado é responsável pelo metabolismo de carboidratos (gliconeogênese, produção de glicogênio), metabolismo de lipídeos (síntese de lipídeos complexos, produção de colesterol), metabolismo de proteínas. Além disso, o fígado tem várias outras funções muito importantes, como: síntese de fatores de coagulação, síntese de albumina, síntese de precursores hormonais, síntese de ureia, conjugação e excreção de bilirrubina. A disfunção hepática leva a diversas manifestações patológicas, sendo as principais a hipertensão portal e a insuficiência hepática. A principal causa disso é a cirrose. 2. INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA A insuficiencia hepatocelular é definida pela ictericia e sinais perifericos de cirrose hepática, como eritema palmar, telangiectasias, ginecomastia, atrofia testicular, desnutrição, sarcopenia, coagulopatia e maior predisposição a infecções. Há uma diminuição da função dos hepatócitos, por algum motivo. Isso causa diminuição da síntese de albumina, a grande responsável pela osmolaridade sanguínea. Assim, ocorre diminuição da pressão osmótica. Para haver um equilíbrio é necessária a saída do líquido do plasma para o espaço intercelular. Assim, as principais consequências disso são edema periférico e derrames cavitários. Na insuficiência hepática também tem diminuição de fatores de coagulação e diminuição da absorção de vitamina K (importante para a formação dos fatores 2, 7, 9 e 10). Com isso, há coagulopatia: os pacientes tem maior facilidade para sangramento, pois não conseguem ativar a cascata de coagulação. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp - Diminuição da produção de precursores hormonais; - Diminuição do metabolismo de drogas e toxinas: aumento da concentração de drogas, como medicamentos. Assim, uma das consequências da insuficiência hepática é a hiperestrogenemia (aumento dos estrógenos). A massa gorda é uma grande produtora de estrógenos, que normalmente são degradados pelo fígado. Quando ele não consegue degradar esses estrógenos eles aumentam no sangue. Isso causa mais sintomas nos homens, principalmente (ginecomastia). A ginecomastia, geralmente dolorosa, aparece no homem e pode ser uni ou bilateral. Ocorre nas formas avançadas de cirrose. Nas mulheres pode haver hipotrofia das mamas. Deve-se lembrar que certos medicamentos como a espironolactona (diurético) e hormônios também produzem ginecomastia. Em ambos os sexos, o aumento de estrógeno no sangue causa diminuição do FSH e LH (hipogonadismo hipogonadotrófico). Com isso, cronicamente, há atrofia testicular, impotência sexual e diminuição da libido. Aparece eritema palmar também devido a vasodilatação dos estrógenos. Outro sinal importante são as spiders (aranhas vasculares, telangiectasias), principalmente no tronco. São neoformações vasculares muito típicas. Geralmente são discretas e bem pequenas. Comprimindo-as no centro com a ponta do dedo observa-se seu momentâneo desaparecimento ou desvanecimento, e, ao retirá-lo rapidamente, o desenho aracniforme volta à situação anterior (pulso arteriovenoso). As púrpuras e equimoses associadas a uma hepatopatia traduzem alterações na crase sanguínea, principalmente hipoprotrombinemia, decorrente da insuficiência hepática. Também aparece hipertrofia de glândulas lacrimais e parótidas, mas não tanto por causa do estrógeno, mas sim por diminuição da função dos hepatócitos (principalmente por etilistas crônicos). Os etilistas tem hipertrofia das parótidas. Além disso, há mudança no padrão de pilificação do padrão masculino para feminino. Assim, um sinal importante é a redução dos pelos púbicos e axilares. Nas mulheres, os pelos tendem a desaparecer. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp - Diminuição da conjugação de bilirrubina e excreção de bile: Os pacientes apresentam hiperbilirrubinemia com aparecimento de icterícia. A icterícia é a coloração amarelada da pele, escleras e membranas mucosas consequente a deposição de pigmento biliar (bilirrubina). É clinicamente detectada quando a concentração sérica de bilirrubina ultrapassa 2-3mg/100ml. Existe uma faixa de hiperbilirrubinemia que não é clinicamente manifesta. (valor normal: 0,3-1,0 mg/100ml). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Importante fazer a diferenciação das causas da icterícia: é por obstrução ou secundária a uma doença hepatocítica? Na anamnese já conseguimos alguns dados, como dor abdominal, cirurgias previas, calafrios, idade, acolia fecal, etc. Os quadros iniciais de hepatite são bem inespecíficos, assemelha-se muito a um quadro gripal. - Diminuição da depuração de amônia em ureia: A encefalopatia hepática (EH) é definida como uma síndrome neuropsiquiátrica, potencialmente reversível, caracterizada por mudanças na personalidade e no comprometimento da cognição, da função motora e do nível de consciência. O aumento de amônia, principalmente, no sangue causa encefalopatia hepática. Um dos sinais mais clássicos é o tremor das mãos em batimento de asas. Fazemos a extensão da palma da mão e quando soltamos ele faz um flapping. A amônia(NH3) é produzida no intestino por proteólise de alimentos, hidrólise da ureia sanguínea, ao atravessar a mucosa intestinal, e, nas hemorragias digestivas, pela degradação do sangue por bactérias da luz intestinal. A amônia é transportada até o fígado, sendo metabolizada no ciclo da ureia. Em pacientes com insuficiência hepática ou shunts portossistêmicos, a formação da ureia está prejudicada, havendo elevação plasmática de NH3. A amônia atravessa a barreira hemoliquórica (BHL), sendo metabolizada nos astrócitos, causando uma série de eventos neuroquímicos, que culminam com alteração da função da célula e, consequentemente, da neurotransmissão normal. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Além da amônia, outras substancias também causam a EH: falsos neurotransmissores, substancias neuroinibitórias (GABA), hipermanganesemia (muito manganês), deficiência de zinco. Outros componentes da encefalopatia hepática são o fetor hepaticus, atribuído a um composto sulfurado volátil, que é percebido, no hálito do paciente, como um odor desagradável, e a hiperventilação, um mecanismo compensatório que visa reduzir o pH arterial, diminuindo a entrada de amônia no cérebro. 3. HIPERTENSÃO PORTAL A hipertensão portal (HP) é definida hemodinamicamente pelo achado de pressão venosa portal superior a 5mmHg. Pode ser causada por aumento da resistência vascular ou aumento de fluxo sanguíneo portal; ou ambos. Os fatores envolvidos no desenvolvimento e na manutenção da hipertensão portal não estão completamente esclarecidos. Na cirrose, é bem estabelecido que o fator primário, que leva à hipertensão portal, é o aumento da resistência vascular ao fluxo portal e que o aumento do fluxo se torna especialmente importante em fases mais avançadas da doença e contribui para a manutenção da hipertensão portal. O aumento do fluxo sanguíneo portal é consequente à vasodilatação em órgãos esplâncnicos, que drenam o sangue para a veia porta. A vasodilatação também ocorre na circulação sistêmica. Em estágios avançados de HP há circulação hiperdinâmica: a circulação hiperdinâmica é caracterizada por diminuição da RVP, diminuição da PA média, expansão do volume plasmático, aumento do fluxo sanguíneo esplâncnico e aumento do DC. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Anatomicamente, devemos buscar qual o local que gerou o aumento da resistência vascular. Pode ser pré-hepatica, intra-hepatica ou pós-hepática. Podemos chamar de pré- sinusoidal também. Pré-hepática: trombos na V. porta; esquistossomose na V. porta. Intra-hepática: cirrose hepática. Esse aumento da resistência nos sinusoides hepáticos pode ser irreversível (mecânica; por fibrose, capilarização dos sinusoides, nódulos de regeneração) ou reversível (dinâmica; aumento do tônus vascular). Pós-hepática: obstruções nas V. hepáticas ou VCI. Como identificar qual tipo de HP? É simples. Identificamos por todo o conjunto clinico. Por ex, pacientes que tem HP pós-hepática geralmente tem trombose e desenvolve a síndrome de Budd- Chiari (tabagistas, uso de ACOs). A obstrução na supra hepática transmite o aumento de pressão para o fígado, causando hepatomegalia. Identificamos o aumento do fígado no exame físico. Já na obstrução pré-hepatica, o fígado não fica aumentado. A história e o exame físico nos auxiliam muito no diagnostico anatômico. Na obstrução intra-hepática, como na cirrose, o fígado também não aumenta, ele diminui. A história clínica bem feita que diferencia as duas. • MANIFESTAÇÕES CLINICAS DA HIPERTENSÃO PORTAL As três complicações principais da hipertensão portal são varizes gastresofágicas com hemorragia, ascite e hiperesplenismo. - Circulação Colateral O sangue procura outro caminho para chegar no átrio (shunts portossistemicos). Então o paciente sofre dilatações das veias esofágicas (varizes de esôfago), das veias gástricas, parede abdominal (paraumbilicais e abdominais superficiais; cabeça de medusa), submucosa do reto (varizes anorretais). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp O maior componente das varizes de esôfago forma-se como consequência a anastomoses entre tributárias da veia gástrica esquerda, parte do sistema portal, e a veia ázigos, que drena para a veia cava superior. Pode haver anastomose entre os vasos peri-esplênicos (componentes do sistema portal) e as veias gástricas curtas que drenam para a veia cava superior constituindo a principal fonte para as varizes do plexo submucoso do estômago. No estomago pode ter ingurgitamento das veias gástricas também, edemaciando a submucosa gástrica. Isso é denominado gastropatia hipertensiva. a manifestação mais importante é o sangramento digestivo. As varizes retais formam-se como consequência de anastomoses entre as veias hemorroidárias superior e média (fazem parte do sistema portal) e a veia hemorroidária inferior que drena para a veia cava inferior. As varizes anorretais devem ser diferenciadas das hemorroidas, cuja frequência é semelhante em portadores e não portadores de hipertensão portal. A manifestação mais comum é o sangramento abrupto pela ruptura das varizes. Em não cirróticos, é, frequentemente, a primeira manifestação clínica de hipertensão portal. O sangramento das varizes esofagogástricas pode se manifestar por hematêmese e/ou melena e sinais de anemia, enquanto o das varizes retais, como enterorragia. A repermeabilização da veia umbilical e da paraumbilical permite a comunicação do ramo esquerdo da veia porta com a veia epigástrica que drena para as veias cava superior e inferior. A comunicação da veia umbilical com a veia epigástrica leva à dilatação de vasos na parede abdominal os quais drenam, a partir do umbigo, cranialmente para a veia cava superior e caudalmente para veia cava inferior. Raramente esses dois componentes são exuberantes a partir do umbigo e adquirem o aspecto semelhante à cabeça de medusa (caput medusae) sendo que o que mais frequentemente se observa é o componente supra-umbilical. As colaterais na parede abdominal anterior ocorrem quando existe hipertensão no ramo esquerdo da veia porta. Observamos vasos ingurgitados que se irradiam da cicatriz umbilical e tem fluxo ascendente acima da cicatriz umbilical e descendente abaixo da cicatriz umbilical. Mais frequentemente se observa o componente ascendente, o qual é mais facilmente detectado no epigástrio. Quando colocamos o estetoscópio sobre os vasos dilatados é possível ouvir-se um murmúrio (sinal de Curveilhier-Baumgarten), consequente ao fluxo aumentado e turbilhonamento de sangue nesses vasos. A circulação colateral deve ser diferenciada da circulação colateral tipo cava inferior, quando o sangue é desviado para o território da veia cava superior. Nesse caso, são observados vasos com calibre aumentado, que drenam o sangue em sentido cranial desde a região infra- umbilical e, portanto, com fluxo invertido nessa região. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp - Esplenomegalia e Hiperesplenismo O hiperesplenismo é uma manifestação comum da hipertensão portal, entretanto, o tamanho do baço pode ser normal. A HP pode causar aumento do baço por aumento da pressão venosa no sistema esplênico. A esplenomegalia pode ser responsável por manifestações de desconforto abdominal, dor no quadrante superior esquerdo do abdômen, além de aumentar o risco de rompimento do órgão após trauma. A esplenomegalia (ingurgitado) causa aumento da função do baço (hiperesplenismo). Ele que faz a captação e destruição dos elementos figurados envelhecidos do sangue, quando fica com função aumentada ele destrói até os bons. Então terá trombocitopenia (plaquetas), leucopenia, anemia. Com isso, aumentam as hemorragias e maior predisposição às infecções, o que é muito perigoso, pois o paciente geralmente também tem varizes esofágicas(e hemorragias pode favorecer HDA) e ascite (pode se infectar, PBE). Uma espiral de eventos que se intensificam. - Ascite É a coleção de liquido na cavidade peritoneal. Líquido seroso com menos de 3g de proteína. Tem poucas células mesoteliais e leucóticos mononucleares (linfócitos), geralmente é estéril. Frequentemente associada a edema de membros inferiores e da parede abdominal. Pode provocar desconforto abdominal ou dor abdominal vaga ou ainda, dificuldade respiratória. Se houver contaminação bacteriana do fluido ascítico (peritonite bacteriana espontânea), o paciente pode experimentar queixas de dor abdominal mais intensa, algumas vezes com dor à descompressão brusca e febre. A infecção pode precipitar quadros de encefalopatia hepática e de insuficiência renal. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Patogênese da Ascite: desequilíbrio das forças de Starling, com aumento da pressão hidrostática (HP) e, às vezes, diminuição da pressão oncótica (insuficiência hepatocítica). Antes da formação da ascite, o processo de formação já começou. Nesse momento, a drenagem linfática está conseguindo drenar. A ascite se forma quando a drenagem linfática não é capaz de retirar todo o liquido extravascular (mais de 800-1200ml/dia). Além disso, há retenção de sódio e água pelos rins devido ao aldosteronismo secundário, pois diminui a perfusão renal (baixo volume sanguíneo por saída de liquido). A principio restabelece a volemia, mas depois isso aumenta mais a pressão hidrostática e favorece mais ainda a formação de ascite. Um ciclo sem fim... ♫ O diagnóstico da ascite é estabelecido pelo exame físico e, muitas vezes, complementado por exames de imagem do abdome. Os pacientes têm flancos proeminentes, podem evidenciar uma onda líquida, ou podem demonstrar a presença de macicez móvel de decúbito. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp - Manifestações sistêmicas da HP Manifestações do tipo circulação hipercinética, como taquicardia de repouso, íctus impulsivo e redução nos níveis da pressão arterial, podem ser observadas. - Outras manifestações Baqueteamento dos dedos/unhas em vidro de relógio: acredita-se que seja manifestação de hipoxemia arterial consequente à extração prejudicada do oxigênio na periferia, à presença de comunicações arteriovenosas, além de diminuição da afinidade da hemoglobina pelo oxigênio. Manifestações pulmonares: podem estar presentes manifestações como taquipnéia e dispnéia de esforço, consequentes à síndrome hepatopulmonar, caracterizada por vasodilatação funcional da circulação pulmonar por resposta defeituosa à hipóxia. Pode haver ainda queixa de dispneia de esforço relacionada à hipertensão pulmonar. Síndrome Hepatopulmonar (SHP): tríade clinica que envolve doença hepática e/ou hipertensão portal, defeito da oxigenação arterial e dilatações vasculares intrapulmonares (DVIP). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Os sinais e sintomas da hipertensão portal geralmente estão associados à insuficiência hepática. O edema de quadros hepáticos é distribuído, não muito gravitacional como na IC. Então, os efeitos da hipertensão portal são: varizes (hematêmese ou melena), esplenomegalia, ascite etc. gastropatia (peristalse gástrica é menor; paciente se sente sempre cheio). Sangramentos espontâneos (gengivais, traumas leves) devido à alteração da coagulação. Desnutrição: Depois que os pacientes ficam cirróticos, eles tornam-se mais catabólicos e as proteínas musculares são metabolizadas. Diversos fatores contribuem para a desnutrição dos cirróticos, incluindo ingestão dietética precária, alterações da absorção intestinal de nutrientes e alterações do metabolismo das proteínas. A gastroparesia devido às varizes gástricas também corrobora para a desnutrição. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp • COMPLICAÇÕES DA HP - Hemorragia Digestiva Alta (HDA); - Peritonite Bacteriana Espontânea (PBE): translocação bacteriana da flora intestinal para o líquido ascítico devido ao edema de alças e perda da barreira física. A microbiota intestinal atravessa o intestino e penetra nos linfonodos mesentéricos, resultando em bacteremia e implantação no líquido ascítico. Os microrganismos mais comuns são Escherichia coli e outras bactérias intestinais; no entanto, bactérias Grampositivas, incluindo Streptococcus viridans, Staphylococcus aureus e espécies de Enterococcus, também podem ser encontradas. - Encefalopatia Hepática (EH): alterações neurológicas e/ou psiquiátricas de caráter progressivo e curso flutuante. Consequência da insuficiência hepática avançada ou shunt portossistemico. É importante saber das graduações da EH. Fatores desencadeantes da EH: sangramento TGI, aumento da ingesta proteica, constipação, desequilíbrios hidroeletrolíticos, alcalose, hipóxia, infecções. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp - Síndrome Hepatorrenal (SHR): aumento da resistência vascular renal acompanhado de redução da resistência vascular sistêmica. - Manifestações cardiopulmonares; - Hepatocarcinoma (CHC): doenças hepáticas crônicas podem levar a formações neoplásicas. O CHC é o tumor hepático mais frequente (3ª causa de morte por câncer). Mais frequente em homens entre 50-60 anos e cirróticos (por hepatites virais, alcoolismo etc). A hepatocarcinogenese desenvolve-se na fase de doença crônica (anterior ao desenvolvimento da cirrose). Inicia por uma displasia, só com focos e nódulos displásicos. Paracentese Punção do líquido ascítico para aliviar o paciente ou para fins diagnósticos. Deve ser realizada em todos os pacientes com ascite de início recente e de causa obscura. Paracenteses repetidas são uma medida eficaz para ascites muito volumosas e refratárias, pois alivia os sintomas de dispneia, dor abdominal e desconforto. Atentar para reposição de albumina em pacientes com grandes volumes de liquido ascítico. O abdome é puncionado no quadrante inferior esquerdo. Para isso, traça-se uma linha que une a crista ilíaca ao umbigo. O local da punção é no primeiro terço externo desta linha. Em razão da mobilidade das alças nesta topografia (meso longo), a chance de perfurá-las é mínima. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp
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