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RESUMOS de nocoes de direito

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1 
UC – Noções Fundamentais de Direito 2017/2018 – Comunicação Empresarial 
(Prof. Luísa Verdelho) 
 
 
1. CONCEITO DE DIREITO 
 
1.1 Direito objetivo e direito subjetivo 
 
Direito subjetivo – é uma posição jurídica, ou seja, direito à vida, direito à propriedade, etc. 
Poder ou faculdade de que goza a pessoa titular do direito para fazer o que o direito objetivo 
lhe permite. 
Direito objetivo – conjunto de normas jurídicas e regras suscetíveis de serem impostas pela 
força. 
 O Direito obriga à forma para assegurar a publicidade dos atos e garantir a segurança 
jurídica. 
Sistema de regras de conduta definidas pelo Estado, com vista a realizar a justiça, segurança 
e certeza, cuja aplicação é, na generalidade, garantida pela possibilidade de sanção (ordem 
coerciva). 
 
1.2 O Direito e as demais ordens normativas 
 
A moral e a cortesia são sistemas normativos que não têm sanções nem 
consequências à violência. 
A diferença entre o Direito e as demais ordens normativas assenta na coercibilidade, 
ou seja, que as normas do Direito podem ser impostas pela força. 
 
Normas de conduta social: 
Norma moral – dar uma esmola ao pobre. 
Norma religiosa – obrigação dos católicos de ir à missa. 
Norma de cortesia – aconselha os jovens a serem especialmente educados com os 
mais velhos. 
Norma jurídica – evitar/solucionar os mais graves problemas da sociedade; visam 
disciplinar a constituição e funcionamento dos poderes públicos. 
 
1.3 Os fins do Direito 
 
Justiça – encerra um critério básico de igualdade. 
Vontade perdurável de dar a cada um o seu direito; 
Igualdade ‐ o tratamento igual de coisas iguais e o tratamento desigual de coisas desiguais; 
Proporcionalidade ‐ necessidade, adequação e equilíbrio. 
2 
UC – Noções Fundamentais de Direito 2017/2018 – Comunicação Empresarial 
(Prof. Luísa Verdelho) 
 
 
 
Segurança jurídica - Princípio que garante ao cidadão a utilização do seu poder, tendo 
em conta que não influencia o facto do Estado possuir um poder maior. Exigência feita ao 
direito; 
Segurança pelo direito – estado de “ordem” e “paz”, reprime atos de agressão a 
pessoas e bens; 
Segurança ou certeza do direito – as leis devem ser concisas e simples, espaço de 
tempo entre publicação e entrada em vigor, requisito de a publicação das leis para as pessoas 
terem o seu conhecimento e poderem prever os seus comportamentos; 
Segurança perante o Estado – providencia meios de defesa contra o arbítrio do 
poder, salvaguarda os cidadãos perante o poder do Estado. 
 
1.4 A tutela do Direito 
 
Quem protege o meu direito? 
Heterotutela – exercida pelo Estado 
Tutela – administrativa (ex: queixa à ASAE) 
 ou 
 jurisdicional (atuação dos tribunais) 
Autotutela – é excecional (ex: legítima defesa) 
(Art.º 336 a 339 CC – não obrigatório) 
 
 
1.5 Ramos do Direito 
 
A summa divisio: Direito Público e Direito Privado 
 
Critério do sujeito 
O direito público é constituído pelas normas que regulam as relações entre os diversos 
Estados ou entre o Estado e os particulares e o direito privado compreende as normas 
reguladoras das relações entre os particulares. 
Direito privado – normas que regulam relações entre particulares e entre particulares e o 
Estado (desde que este não intervenha investido do seu poder, do seu “Jus Imperium”). 
Direito público – normas que regulam as relações entre o Estado ou um ente público menor 
e os particulares, desde que o Estado ou o ente público menor intervenha nessa relação 
munido do seu poder de autoridade. Os dois ou pelo menos um é público. (relações entre 
vários estados; entre vários órgãos do Estado – AR e GOV; entre o Estado e os particulares, 
apresentando-se o Estado unido e o seu poder soberano, ou seja, podendo dar ordens e 
impô-las pela força) 
3 
UC – Noções Fundamentais de Direito 2017/2018 – Comunicação Empresarial 
(Prof. Luísa Verdelho) 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplos: Acidente de viação (privado), Contrato de arrendamento entre empresas 
(privado), multa (público), despedimento (privado), divórcio (privado), herança (privado). 
 
Traços mais salientes da distinção entre Direito Público e Direito Privado 
O D. Público e o D. Privado seguem paradigmas diferentes. 
Privado – sistema de normas jurídicas que, visando regular a vida privada das pessoas, não 
conferem a nenhuma delas (mesmo que seja o Estado) poderes de autoridade sobre as 
outras, mesmo quando pretendem proteger um interesse público relevante. Aos particulares 
tudo o que não for proibido, é permitido. “se não está proibido, pode fazer”. 
Público – aos poderes públicos, tudo o que não for permitido ou imposto, é proibido. 
Sobrepõem-se os princípios da legalidade e competências por atribuição – “se não está 
previsto, não se pode fazer”. Define o que se deve ser feito e como fazê-lo. 
 Em alguns casos, são estabelecidos limites (princípio da autonomia privada). 
 
 
 Principais ramos do Direito Público 
Direito Penal/Criminal– define quais os crimes e respetivas sanções 
Direito Constitucional – direitos fundamentais, organização do Estado. 3 campos de ação 
principais: 
 Desenha o perfil político, económico-social e cultural de um Estado 
 Indica direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos 
 Indica a organização política do Estado (principais órgãos de soberania e 
competências) 
Direito Administrativo – regula a administração pública que é o braço do poder executivo. 
Visa, sobretudo, regular a estrutura e a atividade da Administração Pública, quer a do 
governo, agindo no desempenho da sua função executiva, quer os órgãos e agentes da 
Administração local, designadamente as autarquias locais. 
Constituição República Portuguesa 
Direito Privado 
Direito Público 
4 
UC – Noções Fundamentais de Direito 2017/2018 – Comunicação Empresarial 
(Prof. Luísa Verdelho) 
 
 
Direito Fiscal – Disciplina as várias fases em que se processa o imposto; conjunto de regras 
relativas à cobrança de impostos por um Estado. 
Direito Processual – Conjunto de regras relativas aos tribunais que visam resolver conflitos 
de interesses. 
Possibilita toda a sequência de atos destinados à justa composição de um litígio, 
mediando a interjeição de um órgão imparcial de autoridade (tribunal). 
 
Direito Internacional Público – Regula as relações entre Estados. origens: Processos 
internacionais, Tratados Internacionais, Organizações internacionais a que os Estados 
pertencem. É autónomo e aplicável à sociedade internacional. 
 
Principais ramos do Direito Privado 
Direito Civil – núcleo de todo o D. Privado. Disciplina essencialmente 5 matérias: Direitos de 
personalidade; Direitos de crédito; Direitos sobre coisas; Famílias e Transmissão de bens por 
morte. 
Direito Comercial 
Direito Internacional Privado – sistema de normas que determinam qual o direito aplicável 
(português ou estrangeiro), quando existe conexão com mais do que uma ordem jurídica. 
 
1.6 Direito estadual e direito não-estadual 
 
Estadual – pode não se aplicar a todo o território (ex: ordens municipais) 
Não-estaduais – ex: Direito Canónico, Direito da UE, Direito internacional público. 
 
 O Direito Internacional Público 
Regula as relações entre estados e organizações. Aplicável à sociedade internacional. 
Origens: Processos internacionais, Tratados Internacionais, Organizações internacionais a 
que os Estados pertencem. 
 
O Direito da União Europeia 
 
 Os Estados-Membros estão impedidos de aplicar direito nacional incompatível com o 
novo ordenamento jurídico, devendo, inclusive, interpretar todo o novo direito nacional de 
modo a ele conforme. 
 Quando a UE legisla, adota um regulamento ou uma diretiva. Um regulamento da UE 
é uma lei. 
5 
UC – Noções Fundamentais de Direito 2017/2018 – Comunicação Empresarial 
(Prof. Luísa Verdelho) 
 
 
Regulamento vs. Diretiva (artigo 288.º) 
 Tanto os regulamentos como as diretivas são atos legislativos. 
Regulamento- tem carátergeral, é obrigatório em todos os seus elementos e é 
diretamente aplicável em todos os Estados Membros (caso da UE). Não tem de ser publicado 
na Constituição da República, não precisa de ser transformado e lei, não é necessário nenhum 
ato. É automaticamente adotado pelo Estado e pelos cidadãos. Enviam direitos e obrigações 
na esfera jurídica dos particulares. O regulamento uniformiza a UE porque a regra é igual para 
todos os países. 
Diretivas- são uma fonte de Direito da UE. Vincula o Estado-Membro destinatário e o 
resultado a alcançar, deixando, no entanto, as instâncias nacionais. Dirigem-se aos Estados e 
impõe uma obrigação de resultados. Os Estados terão de alterar a legislação para cumprir o 
objetivo estabelecido. O objetivo é suavizar as diferenças e, portanto, precisam de ser 
transpostas para o Direito Nacional. 
 
Sanções 
Uma sanção não é necessariamente uma punição. 
A aplicação efetiva de uma norma pode ficar afetada se não tiver sanções. 
A sanção é, portanto, uma consequência jurídica para a violação da norma jurídica. 
Sanção preventiva – Destinada a impedir a violação da norma jurídica. 
 Ex: proibir de conduzir, inibição de exercício de profissão, ordens de restrição. 
 (Art.º 781 CC – não obrigatório) 
 
Sanção compulsória – Destinada a constringir ou levar o infrator a adotar um 
determinado comportamento. 
 Ex: pagamento de juros de mora (por cada dia de atraso de pagamento, paga X) 
 (Art.º 829 CC – não obrigatório) 
 
Sanção reconstrutiva/compensatória – Reconstruir a situação que existiria se não se 
tivesse verificado a infração. Dá-se o equivalente, a compensação, porque reconstruir é 
impossível. 
 Ex: pagamento de indemnização. 
 
Sanções punitivas – Destinadas para as infrações mais graves e consistem na aplicação 
de uma pena. Quanto à natureza: 
 -contraordenacionais (ex: infração ao Código da Estrada) 
 -penais (imposição de um resultado indesejável/desagradável sobre o 
infrator. Ex: prisão) 
 -disciplinares (Visam assegurar a disciplina em organizações e na 
Administração. Ex: suspensão; proibição de exercer; despedimento; trabalho 
comunitário) 
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UC – Noções Fundamentais de Direito 2017/2018 – Comunicação Empresarial 
(Prof. Luísa Verdelho) 
 
 
-civis (ex: nulidade, anulabilidade – um contrato exige forma, se não a tem é 
nulo –ex: casamento ou testamento) 
 A nulidade é uma sanção punitiva de natureza civil. 
NOTA: O mesmo comportamento pode dar origem a diferentes tipos de sanções. 
 
 
2. FONTES DO DIREITO 
 
Origem, formas de produção e relevação das normas jurídicas que compõe determinada 
ordem jurídica. 
 
2.1 Elenco das fontes 
 
Há fontes no sentido imediato/restrito (são modo de produção e relação. Não seguir 
as normas implica consequências. Ex: Atos normativos) e no sentido amplo (doutrina e 
jurisprudência. NOTA: No Direito Português surgem em pirâmide (hierarquia) para que, no 
caso de conflito de normas, prevaleça a superior). 
 
A) A Constituição 
 
A Constituição da República Portuguesa é constituída por Atos legislativos (leis e 
decretos lei) e por Dados Legislativos Regionais e Atos Regulamentares (administrativos – 
competência executiva). É imanada pelo povo, logo obriga a um acordo entre partidos. 
 (Art.º 112 CR – não obrigatório) 
 
 A competência legislativa compete à Assembleia da República e ao Governo. É o 
padrão de validade das outras fontes e, por isso, impõe-se às outras fontes. 
 
B) Os atos legislativos 
 
ATOS NORMATIVOS : - Atos legislativos (leis, decretos-lei – adotados no exercício de uma 
competência legislativa) 
E 
-Regulamentos administrativos (adotados no exercício de uma 
competência executiva e não legislativa) 
 
Lei- Ato legislativo da Assembleia da República. Pode usar-se em sentido formal ou 
informal. Ato geral, abstrato e normativo adotado no exercício de uma competência 
normativa/executiva. 
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UC – Noções Fundamentais de Direito 2017/2018 – Comunicação Empresarial 
(Prof. Luísa Verdelho) 
 
 
Os atos legislativos são atos normativos adotados no exercício de uma competência 
legislativa. 
 
Quanto à sua forma: 
Lei – ato normativo da Assembleia da República; 
Decreto Lei – ato normativo do Governo; 
Decreto Legislativo Regional – ato normativo dos Governos Regionais. 
 
Leis e Decretos Lei: Qual prevalece? 
Enquanto fonte do Direito, ambos têm o mesmo valor. A sua distinção relaciona-se 
com a competência dos órgãos e não com a natureza dos atos, ou seja, a Assembleia da 
República atribui ao Governo a competência de legislar segundo Decretos Lei (dá 
autorização). Neste aspeto, a lei prevalece porque a competência relativa era da AR. Quando 
a AR tem competência suprema, não podem existir Decretos Lei. (Art.º 164 e 165 CR). 
 
Distinguir Lei em sentido formal e sentido material 
Sentido formal: quanto à sua forma, uma lei é um ato normativo que provém da Assembleia 
da República. 
Sentido material: quanto à sua substância, uma lei é um ato normativo passível e abstrato, 
adotado no exercício de uma competência legislativa. 
 
O Processo Legislativo 
1. Iniciativa 
2. Aprovação 
3. Promulgação do Presidente da República (A sua falta determina a inexistência do ato) 
4. Publicação no Diário da República (A sua falta determina a inexistência do ato) 
 
 
Início de vigência 
Para que a lei comece a vigorar, é necessário que seja publicada no Diário da 
República. Contudo, a sua publicação são implica que entre imediatamente em vigor, 
verificando-se quase sempre o decurso de um certo período de tempo (vacatio legis) entre a 
data em que é publicada e o início da sua vigência, que permite que a divulgação da sei seja 
do conhecimento de todos os seus destinatários. 
 Quando é publicada, a própria lei determina o momento do começo da sua vigência, 
entrando em vigor na data nela afixada. 
 Depois de publicada, quando é que começa a produzir efeitos. 
 (Art.º 5 CC e Art.º 119 CR – não obrigatório) 
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UC – Noções Fundamentais de Direito 2017/2018 – Comunicação Empresarial 
(Prof. Luísa Verdelho) 
 
 
Cessação de vigência (artigo 7.º) 
Caducidade- A lei caduca quando deixa de vigorar por causas intrínsecas inerentes à própria 
lei que determinam o termo da sua vigência, independentemente de nova manifestação de 
vontade do legislador. 
 Causas: 
 -a lei estabelece um prazo durante o qual se mantém em vigor (leis temporárias) 
 -a lei destina-se à realização de uma certa finalidade (leis afetas à realização de um 
certo fim) 
 -a lei destina-se a vigorar somente enquanto durar uma situação determinada (leis 
transitórias). 
 
Revogação- processo normal de cessação da lei e resulta de uma nova manifestação de 
vontade do legislador, através de uma nova lei. Pode ser total ou parcial. 
Suspensão- a lei é suspensa por outra lei. 
Declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral pelo Tribunal 
Constitucional 
Desuso- a lei não é aplicada há algum tempo e, por isso, forma-se uma concessão de que a lei 
não é mais aplicável. Para a maioria uma lei pode ser revogada apenas por outra lei, e, neste 
sentido, seu desuso não afeta a sua validade ou eficácia. No entanto, em ramos como o 
comércio, o costume é de fundamental importância como fonte do direito e, 
consequentemente, faz com que seu desuso acarrete a sua revogação. 
 
Leis avulsas e leis codificadas 
Técnicas Legislativas: 
Leis Avulsas- regulam apenas um aspeto. 
Leis Codificadas- regulam todo um setor; conjunto de leis avulsas; caracterizam-se pela 
sistematização e pela estrutura (produto do iluminismo/racionalismo). Diplomas 
cientificamente organizados, regulando unitariamente um ramo da ordem jurídica (ramo do 
Direito); 
Permitem um conhecimento fácil do Direito; Contribuem para a unificação jurídica; 
Contribuem para a organização científica do Direito. 
Ex: O código civil, não é uma fonte do direito, mas sim uma técnica legislativa. 
 
 
C) Os regulamentos administrativosPode definir-se, em termos gerais, como toda a norma jurídica emanada duma 
autoridade administrativa sobre matéria da sua competência. O Regulamento só pode 
estatuir na medida em que o Ato Legislativo o permite. 
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UC – Noções Fundamentais de Direito 2017/2018 – Comunicação Empresarial 
(Prof. Luísa Verdelho) 
 
 
 
 
 
 
D) O costume 
 
A noção de costume: o elemento objetivo (corpus) e o elemento subjetivo (animus) 
 O costume é o processo de criação do direito anterior à lei. É a observância geral 
constante e uniforme de uma regra de conduta social, acompanhada da convicção da sua 
obrigatoriedade jurídica por parte da opinião comum. A sua base assenta na repetição de 
práticas. 
Elemento objetivo (corpus)- é uma prática social constante e reiterada (“Sempre foi assim”). 
Elemento subjetivo (animus)- é a convicção de que essa prática é imposta/permitida pelo 
Direito. 
 
O relevo do costume 
É uma fonte com uma relevância cada vez menor e de produção lenta. 
 
E) Os princípios gerais do Direito 
 
A distinção entre princípios e regras 
Regras- As regras disciplinam uma determinada situação, quando ocorre essa situação a 
norma tem incidência, quando não ocorre não tem incidência. 
Quando duas regras colidem trata-se de um conflito, neste caso só uma será aplicável 
(a aplicação de uma afasta a aplicação da outra). O conflito entre regras deve ser 
resolvido pelos meios clássicos de interpretação: a lei especial derroga a lei geral, a lei 
posterior afasta a anterior etc. 
Princípios- Os princípios são as diretrizes gerais de um ordenamento jurídico (ou de parte 
dele); 
A sua área de incidência é muito mais ampla do que a das regras; 
Entre princípios pode haver colisão, mas não conflito; 
Podem ter incidência em casos concretos. 
 
 Exemplos de princípios gerais do Direito 
-Princípio da retroatividade da Lei; 
-Não há crime sem lei (Nullum crimen sine lege); 
-Não se pode ser punido duas vezes pelo mesmo crime (Non bis in idem); 
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UC – Noções Fundamentais de Direito 2017/2018 – Comunicação Empresarial 
(Prof. Luísa Verdelho) 
 
 
-Na dúvida decida-se a favor do réu (In dúbio pro reo). 
 
 
2.2 Hierarquia das fontes 
– Constituição da República Portuguesa (CRP) 
– Normas e princípios de Direito Internacional geral ou comum, convenções e tratados 
internacionais (art. 8.º CRP) 
– Leis, decretos-lei e decretos legislativos regionais (art. 112.º CRP) 
– Decretos regulamentares 
– Decretos regulamentares regionais 
– Resoluções conselho de ministros 
– Portarias 
– Despachos 
– Posturas 
 Consultar (sumários) 
CRP 
“Atos normativos” – artigo 112.º 
Competência legislativa: AR (artigo 161.º, al. c)); Governo (artigo 198.º); 
Assembleias Legislativas Regionais (artigos 227.º, n.º 1 e 232.º, n.º 1) 
Matérias ditas de “reserva absoluta da AR” (artigo 164.º) 
Matérias ditas de “reserva relativa da AR” (artigo 165.º) 
“Publicidade dos actos” (artigo 119.º) 
“Efeitos da declaração de inconstitucionalidade ou de ilegalidade” (artigo 282.º) 
Código Civil 
Parte Geral, Cap. I - Artigos 1.º a 4.º 
 
 
3. NORMAS JURÍDICAS 
 
Normas jurídicas são regras de conduta social que delimitam a esfera de ação de cada 
um, atribuindo-lhe o lugar que há de ocupar e restringindo-lhe a liberdade individual em 
ordem a assegurar a liberdade de todos. São também normas morais, religiosas e de cortesia. 
 
3.1 Estrutura das normas jurídicas 
 
-a previsão (hipótese normativa ou facti -species) 
Refere-se à situação típica da vida social cuja verificação em concreto desencadeia a 
consequência, ou seja, o efeito jurídico fixado na estatuição. –Antecedente 
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UC – Noções Fundamentais de Direito 2017/2018 – Comunicação Empresarial 
(Prof. Luísa Verdelho) 
 
 
 -a estatuição 
Conduta a adotar quando se verifique o caso concreto previsto na previsão. -Consequente 
NOTA: O nexo entre a hipótese e a consequência tem de ser entendido no sentido normativo e não de causa e 
efeito naturalístico. 
Ex. (Art.º 483, 1) 
“Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposição legal 
destinada a proteger interesses alheios, causando danos, (PREVISÃO/HIPÓTESE) fica obrigado a indemnizar (por 
esses concretos danos) o lesado (ESTATUIÇÃO). 
 
3.2 Caracteres das normas jurídicas 
 
- A Imperatividade 
A norma jurídica exprime um comando, seja para ordenar ou para permitir 
A norma disciplina condutas humanas 
Impõe aos seus destinatários determinados comportamentos 
Estabelece relações causa-efeito da ordem do “dever - ser”; 
São obrigatórias, contudo, podem não ser cumpridas. 
 
- A Generalidade e Abstração 
Destina-se a uma generalidade de destinatários e não a uma determinada pessoa (pluridade 
de destinatários) 
A norma abstrai-se das particularidades do caso concreto 
Quando são criadas não se sabe a quem ou em que situações vão ser aplicadas 
 
- A Coercibilidade 
Utilização da força para sancionar quem não respeita uma norma jurídica 
É o que distingue as normas jurídicas das restantes 
Não precisa necessariamente de se manifestar 
 
3.3 Classificações 
 
A) Normas universais, regionais e locais 
 
Esta classificação prende-se com o âmbito de aplicação, ou seja, de validade territorial. 
Universais/ de direito universal- aplicam-se a todo o território de um país. 
Locais/ de direito local- aplicam-se apenas a uma certa fração do território do Estado, numa 
autarquia local (posturas e regulamentos locais). 
Regionais- aplicam-se numa determinada região (Decretos das Regiões Autónomas). 
12 
UC – Noções Fundamentais de Direito 2017/2018 – Comunicação Empresarial 
(Prof. Luísa Verdelho) 
 
 
Em caso de conflito entre normas de idêntico grau hierárquico, a norma local prevalece sobre 
a norma universal, pois é a que melhor satisfaz a localidade a que se dirige. 
As regiões autónomas reger-se-ão por normas locais-regionais. 
 
B) Normas de direito comum e normas de direito especial (normas 
especiais) 
 
Especiais- não vão contra o regime regra, mas pretendem especificar uma situação; 
consagram uma disciplina nova ou diferente para grupos mais restritos 
(Ex. O direito comercial ou o direito agrário aprofundam o direito civil.). 
Comuns- Ex. Código Civil 
 
 
 
C) Normas gerais e normas excecionais 
 
Gerais- constituem o regime-regra (direito-regra) de um determinado setor de relações por 
estas regulado. 
Excecionais- estabelecem um regime oposto ao regime-regra numa determina situação, ou 
seja, vão contra a lei comum; limitam-se a uma parte restrita daquele setor de relações 
 
NOTA: Segundo o Art.º 11 CC, as normas excecionais não são passiveis de aplicação analógica, caso haja uma 
lacuna. 
OBRIGATÓRIO: Art.º 219.º CC para normas gerais e Art.º 1143.º CC e 875.º CC para normas excecionais 
 
D) Normas injuntivas ou imperativas e normas dispositivas 
 
 - As normas injuntivas ou imperativas 
São aquelas cujo comando consiste em ordenar ou proibir. 
 Proibitivas –o comando consiste em proibir uma conduta. Ex: não se pode conduzir 
a mais de x km/h. 
 Precetivas – o comando consiste em ordenar. Impõem determinada conduta. Ex: 
circular pela direita. 
- As normas dispositivas 
Estabelecem um regime jurídico que pode ser afastado pelos particulares. 
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UC – Noções Fundamentais de Direito 2017/2018 – Comunicação Empresarial 
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Facultativas - autorizam um determinado comportamento. 
(OBRIGATÓRIO: artigo 802.º CC, sobre a impossibilidade de cumprimento) 
 
Atributivas - atribuem determinados poderes ou faculdades. 
(OBRIGATÓRIO: artigo 1698.º, sobre a liberdade de fixar o regime de bens do casamento em convenção 
antenupcial); 
 
Interpretativas - fixam o alcance e significado de certas expressões. 
(OBRIGATÓRIO: artigo 840.º CC, relativo à Dação “pro solvendo”; artigo 2227.º, sobre a designação individual ou 
coletiva dos sucessores) 
 
Supletivas- destinam-se a suprira falta ou insuficiência de manifestação da vontade dos 
indivíduos, relativamente a assuntos que necessitam de disciplina jurídica. 
(OBRIGATÓRIO: Artigo 772.º CC, lugar da prestação; artigo 878.º CC, despesas do contrato de compra e venda; 
784.º CC, imputação do cumprimento; 455.º, n.º 2, CC, efeitos do contrato para pessoa a nomear). 
 
 
 
 
 
3.4 Alguns critérios para resolver os conflitos de normas 
 
I)lex superior derogat legi inferiori 
Quando as normas têm posições diferentes no sistema jurídico prevalece a norma superior 
II) lex posterior derogat legi priori 
Quando as normas têm a mesma hierarquia prevalece a mais recente 
III)lex specilais derogat legi generali 
A aplicação do critério anterior admite uma excepção: a lei especial prevalece sobre a lei 
geral, a menos que outra seja a intenção do legislador 
(OBRIGATÓRIO: Artigo 7.º, n.º 3, CC) 
 
 
 
4. APLICAÇÃO DA LEI 
 
4.1 Aplicação da lei no tempo 
 
A) As disposições transitórias 
 
Problema – conflitos de normas dentro do sistema jurídico (as leis mudam, a vida continua). 
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Ex: Um indivíduo pratica um facto que, na altura, não era considerado punível. Antes do 
julgamento, surge uma lei nova que considera tal facto como criminoso e punível com 
prisão até seis meses. Deve esta lei ser aplicável àquele facto do individuo? (ou vice-versa). 
É muito grande a importância prática do problema da aplicação da lei no tempo, pois são 
cada vez mais numerosas e frequentes as alterações legislativas. Os tribunais e jurisconsultos 
debatem-se constantemente com problemas deste tipo. 
 
Os problemas de sucessão de leis no tempo suscitados pela entrada em vigor de uma lei 
nova podem ser diretamente resolvidos pelo legislador mediante disposições transitórias. 
 
Direito transitório formal – Limita-se a determinar qual das leis (anterior ou nova) se aplica 
em determinadas situações. 
Direito transitório material – Estabelece-se uma regulamentação própria, não coincidente 
nem com a lei anterior nem com a lei nova, para certas situações que se encontram na 
fronteira entre as duas leis, na altura da entrada em vigência da nova lei (regime transitório). 
 
B) Limites constitucionais à retroatividade da lei 
 
- Em especial, a aplicação no tempo da lei penal 
Princípio regra: Não retroatividade da lei. Porquê? Para efeitos de Certeza Jurídica, dadas as 
duas funções sociais do direito: 
Ordenadora (regular condutas) – não deve ser retroativa, pois as leis são feitas para regular 
o futuro e não o passado; 
Estabilizadora (estabilizar as expetativas das pessoas) – não deve ser retroativo por motivos 
de certeza jurídica. 
 
A maior parte das vezes o legislador nada diz em especial sobre a lei aplicável a situações 
em que se suscita um problema de conflitos de leis no tempo. O jurista é então remetido para 
o princípio da não retroatividade da lei, nos termos do Art.º 12 (CRP) 
 
Artigo 29.º 
Aplicação da lei criminal 
1. Ninguém pode ser sentenciado criminalmente senão em virtude de lei anterior 
que declare punível a ação ou a omissão, nem sofrer medida de segurança cujos 
pressupostos não estejam fixados em lei anterior. 
2. O disposto no número anterior não impede a punição, nos limites da lei 
interna, por ação ou omissão que no momento da sua prática seja considerada 
criminosa segundo os princípios gerais de direito internacional comummente 
reconhecidos. 
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3. Não podem ser aplicadas penas ou medidas de segurança que não estejam 
expressamente cominadas em lei anterior. 
4. Ninguém pode sofrer pena ou medida de segurança mais graves do que as 
previstas no momento da correspondente conduta ou da verificação dos 
respetivos pressupostos, aplicando-se retroativamente as leis penais de 
conteúdo mais favorável ao arguido. 
5. Ninguém pode ser julgado mais do que uma vez pela prática do mesmo crime. 
6. Os cidadãos injustamente condenados têm direito, nas condições que a lei 
prescrever, à revisão da sentença e à indemnização pelos danos sofridos. 
(OBRIGATÓRIO) 
 
Ou seja, em matéria penal, a Constituição proíbe a retroatividade em tudo o que seja 
desfavorável para o arguido e permite a retroatividade em tudo o que seja favorável 
(conceito de justiça). Em matéria fiscal, proíbe a retroatividade da lei que estabeleça um novo 
tipo de crime, novas medidas de segurança ou penas que determinem o agravamento de 
penas e medidas de segurança. 
Art.º 103 (CRP) Os impostos não têm função retroativa 
 
C) A configuração do princípio da não retroatividade da lei no CC 
- O princípio geral enunciado no artigo 12.º CC* 
Art.º 12 (CC) – Princípio Geral – Numa relação jurídica, no âmbito dos direitos e deveres, aplica-
se a Lei Nova em situações futuras. 
- A aplicação no tempo das leis interpretativas (artigo 13.º CC)* 
- A aplicação no tempo das leis sobre prazos (artigo 297.º CC)* 
 
D) Efeitos no tempo da declaração de inconstitucionalidade ou de 
ilegalidade pelo Tribunal Constitucional 
 
Artigo 282.º 
Efeitos da declaração de inconstitucionalidade ou de ilegalidade 
 
1. A declaração de inconstitucionalidade ou de ilegalidade com força obrigatória 
geral produz efeitos desde a entrada em vigor da norma declarada 
inconstitucional ou ilegal e determina a repristinação das normas que ela, 
eventualmente, haja revogado. 
2. Tratando-se, porém, de inconstitucionalidade ou de ilegalidade por infração 
de norma constitucional ou legal posterior, a declaração só produz efeitos desde 
a entrada em vigor desta última. 
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3. Ficam ressalvados os casos julgados, salvo decisão em contrário do Tribuna 
Constitucional quando a norma respeitar a matéria penal, disciplinar ou de ilícito 
de mera ordenação social e for de conteúdo menos favorável ao arguido. 
4. Quando a segurança jurídica, razões de equidade ou interesse público de 
excecional relevo, que deverá ser fundamentado, o exigirem, poderá o Tribunal 
Constitucional fixar os efeitos da inconstitucionalidade ou da ilegalidade com 
alcance mais restrito do que o previsto nos 1 e 2. 
(ORIGATÓRIO) 
 
Nota: Um caso já julgado não pode ser reaberto, mesmo que as leis com que foi julgado 
sejam, mais tarde, consideradas inconstitucionais 
 
 
 
 
4.2 Interpretação e Integração da lei 
 
4.2.1 A interpretação da lei 
Interpretar uma lei corresponde à fixação do sentido da norma. É um processo que 
antecede a aplicação das normas. A interpretação jamais pode ir contra a lei. 
 
A) Interpretação doutrinal e interpretação autêntica 
Interpretação doutrinal: 
-Efetuada pelos juristas ou pelos tribunais, na sua tarefa de aplicação das leis; 
-Tem apenas valor de facto; 
-Resulta da exatidão dos princípios em que se baseia o intérprete e da razão que este possua. 
 
Interpretação autêntica: 
-Efetuada pelo legislador, através de uma nova lei (lei interpretativa) cuja função consiste em 
fixar decisivamente o sentido de outra anterior, na qual se integra; 
-Vale pela força da própria lei interpretativa. 
 
 
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B) Elementos da interpretação doutrinal (critérios de interpretação) 
 
I) Elemento gramatical (a “letra da lei”) 
Corresponde à palavra da lei 
A minha interpretação segue o sentido das palavras – é literal 
Apurar o sentido com que as palavras foram empregues no texto 
Analisar a estrutura das frases (posição e função dos vocábulos nas orações) 
 
Nota: Existem determinadas expressões que comportam diversos significados consoante são empregues na 
linguagem corrente ou na terminologia jurídica (ex. ausência, responsabilidade etc.). Assim sendo, o elemento 
gramaticalnão é, por si só, suficiente para desvendar o alcance da lei. 
 
II) Elemento lógico (o “espírito da lei”) 
Pensamento que determinou a lei (pensamento legislativo) 
 elemento racional (ou teleológico); 
procura pela razão de ser da lei; finalidade ou objetivo da lei; “para quê” e “porquê” 
(ratio legis). 
 
 elemento sistemático 
enquadramento da lei; estudo do seu contexto; análise das disposições que regulam 
as mesmas matérias. 
 
 elemento histórico 
estudo do processo de formação da lei; inspirações, estudos, relatórios que 
antecederam a sua publicação. 
 
 
C) Resultados da Interpretação 
Quando tenho em conta todos os elementos apresentados anteriormente, posso chegar 
a vários resultados de interpretação. 
 
-Interpretação restritiva 
– O legislador disse mais do que devia dizer, eu restrinjo o que diz a norma. 
– É entre a letra e o espírito, eu deduzo o sentido da letra. (oposto extensiva) 
– O intérprete limita o alcance da norma; 
– Redução da disposição legal. 
 
-Interpretação extensiva 
– O legislador diz menos do que devia dizer. 
– A letra fica aquém do espírito da lei, atraiçoando o pensamento legislativo; 
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– O intérprete tem de ampliar o texto legal, dando-lhe um alcance mais 
extenso; 
– Interpreta-se para lá do que o que está escrito, de forma a abranger todos 
aqueles casos que, apesar do legislador pretender contemplar, não 
conseguiu. 
 
-Interpretação declarativa 
– Existe coincidência entre a letra e o espírito da lei 
– O texto legal comporta claramente o sentido determinado pelo intérprete, 
sendo as palavras inteiramente adequadas para exprimir o pensamento 
legislativo 
– O legislador disse aquilo que efetivamente quis dizer. 
 
-Interpretação enunciativa 
– O intérprete extrai de uma determinada norma uma regra ou princípio que 
ela diretamente não revela, mas que implicitamente contém 
– O intérprete deduz uma norma do texto que nela está apenas virtualmente 
contido, ou seja, não está expressa. Retiro-a através de inferências logico-
jurídicas que assentam nos seguintes argumentos: 
-a lei que permite o mais, também permite o menos (se permite vender, 
também permite arrendar) 
 
-a contrario sensu – A lei que estabelece uma certa regra para um caso 
excecional, afirma indireta e implicitamente um princípio ou regra geral de 
sentido oposto, para todos os casos normais do mesmo tipo. ex: é possível 
a saída voluntária da UE, mas não é possível a expulsão. 
-Interpretação revogatória ou ab-rogante 
– Permite concluir que uma norma não tem qualquer sentido; 
– Não existe relação entre a letra e o espírito; 
– Considera-se a norma inexistente. 
 
-Interpretação corretiva 
– Acontecem quando existe um lapso na norma; 
Exemplo: Nas traduções da legislação da União Europeia existem normas que 
foram traduzidas com “e” e outras com “ou”. 
 
 
 
4.2.2 A integração da lei 
 
A) A distinção entre interpretação e integração 
A interpretação extensiva da norma jurídica limita-se a estender a norma a 
casos não previstos pela sua letra, mas compreendidos pelo seu espírito. 
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A integração diz respeito à atividade intelectual destinada a encontrar solução 
jurídica para uma lacuna, ou seja, estas situações já não abrangidas pelo espírito de nenhuma 
norma existente, tornando impossível a interpretação extensiva. 
Assim, a integração acontece quando a lei não prevê uma solução/resposta para um 
certo problema. 
 
 
B) Lacunas jurídicas e lacunas políticas 
- Proibição da decisão de non liquet (o juiz não pode abster-se de julgar) 
Perante os “casos omissos”, ou seja, casos não previstos pelo legislador, em que a lei 
não prevê uma resposta/solução (existe uma lacuna), estes não podem ser excluídos do 
âmbito jurídico segundo o princípio non liquet descrito no Art.º 8, n.º 1 (CC) que afirma que 
um tribunal não se pode abster de julgar por falta de norma jurídica. O juiz tem de ter uma 
resposta, ainda que não esteja na lei. 
OBRIGATÓRIO: Artigo 8.º, n.º 1, CC 
 
C) O preenchimento das lacunas 
- O recurso à analogia 
Segundo o Art.º 10, n.º 1 e 2 (CC), o julgador deverá aplicar, por analogia, aos casos 
omissos, as normas que diretamente contemplem casos análogos, ou seja, casos 
semelhantes (exige comparação de situações). Não bastando encontrar vagas semelhanças 
entre o caso omisso e o regulado (ponto 1), é necessário que as razões justificativas do 
regime fixado para a situação legalmente prevista se mostrem válidas e adequadas para a 
questão não prevista (ponto 2). 
OBRIGATÓRIO: Artigo 10.º, n.º1 e 2, CC 
 
- O recurso a uma norma “ad hoc” elaborada pelo julgador dentro do 
espírito do sistema 
Na falta de caso análogo, o nº. 3 do Art.º 10 (CC) diz “a situação é resolvida segundo a 
norma que o próprio intérprete criaria, se houvesse de legislar dentro do espírito do 
sistema.”, ou seja, o julgador é incumbido de elaborar uma regra geral e abstrata que 
contemple o tipo de casos em que se integra o caso omisso. Trata-se de uma norma “ad hoc”, 
uma vez que é utilizada apenas para um caso em concreto, sem que de modo algum adquira 
caráter vinculante para futuros casos ou para outros julgadores. Contudo, idealmente, o 
julgador deve elaborar a norma mais adequada não para o caso omisso em si mesmo, mas 
para o género de casos em que ele se integra (generalidade/abstração), comportando-se 
como um legislador. 
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OBRIGATÓRIO: Artigo 10.º, n.º 3, CC 
 
D) Casos em que a lei proíbe o recurso à analogia 
 
Direito Penal – para se julgar um crime é preciso que este, tal como a sua punição, venha 
previsto na lei. Visa garantir a autonomia individual contra eventuais abusos de poder. 
Direito Fiscal – considera-se que as lacunas são intencionais, ou seja, neste âmbito, são 
domínios que o legislador não quis disciplinar para não comprometer a segurança jurídica. 
Normas excecionais (contra o regime-regra) – como disciplinam somente determinadas 
situações, a sua ratio não permite a sua extensão a outros casos. (aplicável também para a 
interpretação extensiva). 
Enumerações taxativas – a lei faz enumerações de factos, ou seja, as consequências estão 
apenas previstas para esses factos específicos apenas –não se pode acrescentar mais a partir 
do momento em que eles estão ditados. 
 
5. A RELAÇÃO JURÍDICA 
 
5.1. Conceito e estrutura da relação jurídica 
 No sentido amplo – toda a relação da vida social disciplinada pelo direito. 
 Ex: A e B são casados, há uma relação jurídica de natureza familiar. 
 No sentido restrito – relação disciplinada pelo Direito mediante a atribuição de um 
direito subjetivo a uma pessoa e a correspondente imposição a outra de uma vinculação 
jurídica, que pode ser um dever jurídico ou sujeição. 
 Ex: A tem direito à propriedade (d.subjetivo). Relações entre comprador e vendedor, 
senhorio e inquilino, empregador e trabalhador. 
 
 
A) O lado ativo da relação jurídica: direitos subjetivos propriamente ditos 
 e direitos potestativos 
 
Nota: o lado ativo é um direito 
CC. Art.º 79º - Direito à imagem – todos têm o dever de respeitar. 
 
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 Direito subjetivo stricto senso – poder, atribuído pela ordem jurídica a uma 
pessoa, de exigir ou pretender de outra uma certa conduta, que pode ser positiva (ação) ou 
negativa (omissão), ou de, em certos casos, o seu titular produzir determinados efeitos 
jurídicos que se impõem inevitavelmente a outra pessoa. Tem de haver um dever jurídico. 
 Ex: a água é minha – é exigido um comportamento 
- poder de o seu titular exigir de outra pessoa uma certa conduta, positiva(fazer) ou 
negativa (não fazer), ao qual corresponde, do lado passivo, um dever jurídico a que está 
adstrito o respetivo sujeito e que se traduz na necessidade jurídica de observar essa conduta. 
 Ex: o credor tem o poder de exigir do devedor a entrega da quantia em dívida 
e este o dever de lha entregar 
– Recai sobre o sujeito passivo um dever jurídico, ou seja, a necessidade de realizar o 
comportamento exigido pelo sujeito ativo 
– O Direito subjetivo propriamente dito recai sobre o ativo e o dever jurídico sobre o 
passivo 
 
 Direito potestativo ou sujeição– poder jurídico de, por ato livre de vontade, 
só de persi (por si só) ou integrado no ato de atividade pública, produzir determinados 
efeitos que inevitavelmente se impõe à outra parte. 
 Ex: direito de pedir o divórcio, porque inevitavelmente se impõe à outra parte. 
– Consiste no poder, conferido ao seu titular, de produzir determinados efeitos 
jurídicos que se impõem inevitavelmente a outra pessoa. 
 – Correlativo a esse poder é, não um dever, mas uma sujeição que se traduz na 
inevitabilidade de sujeito passivo suportar o exercício desse poder e respetivos efeitos. 
 – o sujeito ativo é titular deste – tem um poder sobre o qual o passivo não pode lutar 
contra 
 
B) O lado passivo da relação jurídica: dever jurídico e sujeição 
Nota: o lado passivo é um dever 
 
 Dever jurídico – deve observar um comportamento tendente a dar satisfação ao 
direito do sujeito ativo. Pode ser infringido. 
Sujeição – inevitabilidade do sujeito passivo suportar o exercício e efeitos do direito 
potestativo. Não pode ser infringida. 
Se está adstrito a um dever jurídico deve observar um certo comportamento 
tendente a dar satisfação ao direito do sujeito ativo. Se o não observa, poderá este recorrer 
ao tribunal, que adotará as medidas necessárias com vista a proteger o direito ofendido. 
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Diferente do dever jurídico é o estado de sujeição. Esta consiste na inevitabilidade do 
sujeito passivo suportar o exercício e efeitos do direito protestativo. Na verdade, ele não tem 
meios de evitar a produção desses efeitos que, independentemente da sua vontade, sempre 
se produzirão se assim o quiser o sujeito ativo. A sujeição não pode ser infringida. 
EX: Art 1550º CC 
 
C) Direitos subjetivos e poderes-deveres 
 
Direitos subjetivos absolutos– direitos a que se contrapõe um dever geral de 
abstenção. Contrapõe um dever que impede sobre todas as pessoas. 
 Ex: Direito de propriedade privada: direito sobre uma coisa, mas que confere 
uma plenitude de poderes sobre uma coisa, de usufruição e disposição (CC. Art.º 1305º) 
 
Direitos subjetivos relativos– direitos a que se contrapõe um dever específico de 
abstenção que impede sobre uma pessoa determinada. 
Ver: CC. Art.º 66, 70 e seguintes, 79 e 81 
 
Direitos reais limitados – direitos sobre coisa alheia, de que em propriedade pertence 
a outra, direitos que incidem sobre a mesma coisa. Podem ser: direitos reais de gozo (direito 
de usufruto), garantia (penhor – CC. Art.º 666- e hipoteca – CC. Art.º686 imóveis ou móveis 
sujeitos a registo), aquisição. 
 Hipoteca e penhor são garantias reais. Atribuem ao credor direitos especiais sobre 
certos bens de um devedor. São direitos sobre coisas. 
 
D) Dever jurídico e ónus 
 
Ónus – representa a necessidade de adotar um comportamento para realizar um interesse 
próprio. “precisa de” 
 
E) As obrigações naturais 
 
 Obrigação é o vínculo jurídico por virtude do qual uma pessoa fica destrita a pagar uma 
prestação, cujo conteúdo pode ser positivo (ação) ou negativo (abstenção) e não necessita 
de ter valor pecuniário. 
Obrigações naturais – existe o dever sem o direito. CC. Artº402 e 403 
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5.2. Identificação dos elementos da relação jurídica: sujeitos, objeto, 
 facto jurídico e garantia 
 
Sujeitos 
 
Noção de personalidade jurídica – aptidão para ser sujeito de relações jurídicas, para 
ser titular de direitos e obrigações. É reconhecida às pessoas singulares/pessoa humana e às 
pessoas coletivas. Adquire-se no momento do nascimento completo e com vida. Não 
coincide com capacidade jurídica nem com a capacidade de exercício. 
 
Relação é um nexo entre dois termos, ou seja, pessoas na vida social. Assim, os sujeitos da 
relação jurídica são as pessoas entre as quais ela se estabelece: 
 Sujeito ativo – o titular do direito subjetivo, que detém o poder 
 Sujeito passivo – o que sofre a correspondente vinculação jurídica. 
 
Os sujeitos devem possuir personalidade jurídica. Pode ser atribuída a seres humanos 
(pessoas singulares) ou a outras entidades, como associações de homens ou conjunto de 
bens (pessoas coletivas). 
 
Objeto 
 
É aquilo sobre o qual incidem os poderes do sujeito ativo da relação. O bem que a 
relação jurídica garante ao sujeito ativo. 
Várias entidades podem desemprenhar o papel de objeto na relação: 
Pessoas – como acontece nos direitos de personalidade e nos direitos 
pessoais de família 
Coisas – como acontece nos direitos reais, cujo mais completo é a 
propriedade (direito sobre um automóvel ou sobre um prédio) 
Prestações – o objeto é uma conduta ou ato humano, a prestação, como 
acontece nos direitos de crédito 
 
Facto jurídico 
 
As relações jurídicas são surgem espontaneamente, é necessário um acontecimento 
que as gere, natural ou proveniente de ação humana, e que se designa por facto jurídico. 
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O facto jurídico é a condição ou pressuposto para a existência da relação jurídica. 
Pode também modificar ou extinguir a relação. 
 
Garantia 
 
Consiste na suscetibilidade de proteção coativa do poder de que é titular o sujeito 
ativo da relação e traduz-se no conjunto de providências que a lei estabelece para assegurar 
essa proteção. 
 
 
5.3 O objeto da relação jurídica: as coisas 
O objeto consiste nas realidades sobre que recai o poder em que se consubstancia o 
direito subjetivo (o ds é atribuído pela ordem jurídica a uma pessoa que é portadora dum 
interesse cuja prevalência o direito pretende assegurar). Assim, o objeto é um aquilo sobre 
que podem recair direitos subjetivos. 
 
Noção de “coisas” – CC. Art.º 202 – tudo aquilo que pode ser objeto de relação jurídica, 
ou seja, objeto de direitos. Compreende coisas no sentido físico, mas também no imaterial. 
De forma mais precisa, é tudo aquilo que, não sendo pessoa em sentido jurídico, pode 
construir objeto de relações jurídicas. 
Deve tratar-se de uma realidade: 
– Impessoal (carecida de personalidade jurídica); 
– Com existência autónoma, isto é, independente ou distinta; 
– Dotada de utilidade para satisfazer interesses ou necessidades humanas; 
– Apropriável, isto é suscetível de apropriação exclusiva pelo homem. 
 
Classificação das coisas 
 Corpóreas e incorpóreas – corpóreas as que podem ser apreendidas pelo homem 
através de sentidos. Incorpóreas as que não têm existência física 
 
São corpóreas as coisas que podem ser apreendidas pelo homem através dos 
sentidos (um livro, uma casa, uma peça de roupa). 
São incorpóreas as coisas que, não tendo existência física, não podem ser 
apreendidas pelos sentidos, apenas podem ser concebidas intelectualmente. 
Nesta categoria incluem-se todas as coisas que, podendo ser objeto de 
relações jurídicas, são insuscetíveis de apreensão material, como os direitos, 
enquanto objeto de outros direitos, os produtos do espírito humano (obras 
literárias) e outros bens imateriais como a firma de um comerciante. 
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 No comércio e fora do comércio (comérciocomo atividade jurídica privada) – no 
comércio as que podem ser objeto de propriedade privada, de relações de direito 
privado. Fora do comércio as que não podem ser objeto de direitos privados, como 
as que se encontram no domínio público 
 
A expressão comércio é aqui empregue não como sinónimo de atividade 
mercantil, mas com um sentido mais amplo, de atividade jurídica privada, de 
qualquer natureza. Coias no comércio são aquelas que podem ser objeto de 
propriedade privada, de relações com o direito privado. Coisas fora do 
comércio, de acordo com o disposto nº 2 do artigo 202º do CC, são todas as 
outras, isto é, aquelas que não podem ser objeto de direitos privados, tais 
como as que se encontram no domínio público e as que, por sua natureza, 
são insuscetíveis de apropriação individual. Temos assim que as coisas podem 
estar fora do comércio por sua natureza, se não podem ser apropriadas, na 
sua totalidade, por qualquer indivíduo (a luz, o ar) ou por disposição da lei (as 
coisas públicas). 
 
 Móveis e imóveis – as imóveis – Art.º 204 – prédios, águas, árvores, etc. As móveis 
são as que não estão compreendidas no Art.º 204 – coisas inanimadas, os animais, etc 
- ver Art.º 206 a 211 
 
6. OS DIREITOS SUBJETIVOS 
 
6.1. Classificação dos direitos subjetivos 
 
Direito subjetivo 
 – é uma posição jurídica, ou seja, direito à vida, direito à propriedade, etc. Poder 
ou faculdade de que goza a pessoa titular do direito para fazer o que o direito objetivo lhe 
permite. 
– poder atribuído pela ordem jurídica a uma pessoa de exigir determinado 
comportamento ou de produzir certos efeitos jurídicos que se impõe inevitavelmente a 
outra pessoa 
– resulta a necessidade de distinguir duas variantes: os direitos subjetivos 
propriamente ditos e os direitos potestativos 
 
ABSOLUTOS 
– Quando não há uma pessoa determinada, há um dever geral (direitos de 
personalidade, direito à vida, direitos reais, de propriedade); são os direitos a que se 
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contrapõe um dever geral de abstenção; contrapõe-se um dever que impede (diz 
respeito a) sobre a todas as pessoas. 
 
RELATIVOS 
 – Vamos encontrar, no polo passivo, uma pessoa determinada (direitos de crédito 
ou obrigações); são aqueles que se contrapõe um dever específico de abstenção, dever 
que impede sobre pessoa determinada. A sua diferença está a quem impende. 
Ex: direitos de personalidade, de propriedade 
 
CRP, Art. 12º: todos os cidadãos gozam dos direitos 
CC Art. 66º: A personalidade jurídica adquire se no momento do nascimento. Os 
nascituros não têm personalidade jurídica, mas são lhes reconhecidos direitos 
CC Art70º e seguintes - direitos de personalidade= direitos da pessoa humana; é 
protegida pelo direito civil 
Art 81º : 1)e 2) - O consentimento é sempre revogável. Se eu marcar uma operação, 
mesmo assinando o consentimento, posso me arrepender. Depois se a clínica ficar 
lesada, por já estar preparada e ter tido gastos, poderá ter de ser indemnizada. 
 
 
6.2. Os direitos de personalidade 
 
A) Noção de pessoa em sentido técnico-jurídico 
 
Pessoa, para o direito, é ser parte para assumir direitos ou obrigações. Com o nascimento 
completo e com vida para ser considerado pessoa. Quando a pessoa nasce, adquire 
personalidade jurídica. 
O sujeito de relações jurídicas tem de ser pessoa em sentido jurídico, e é pessoa, neste 
sentido, todo o ente que tem personalidade jurídica. 
 
Personalidade Jurídica – aptidão do sujeito de participar na relação jurídica e para ser 
titular de direitos e obrigações; é o direito objetivo que determina quem é pessoa jurídica. 
 É reconhecida às pessoas singulares e às pessoas coletivas 
 
B) Reconhecimento da personalidade jurídica dos indivíduos 
 
 - Início (artigo 66.º, n.º 1, CC) e termo da personalidade jurídica 
 (artigo 68.º, n.º 1, CC) 
 Art. 66.º, nº1, CC - personalidade adquire-se no momento do nascimento completo e 
com vida. 
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 Art. 68.º, n.º 1, CC – a personalidade cessa com a morte, mas não faz extinguir todas 
as relações das quais era sujeito 
 
- A condição jurídica dos nascituros (artigo 66.º, n.º 2) 
“2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento” - O nado 
morto não chega a adquirir personalidade 
 
 
C) A cláusula geral de tutela da personalidade (artigo 70.º, n.º 1, CC) 
 
A lei protege os indivíduos contra qualquer ofensa ilícita ou ameaça de ofensa à sua 
personalidade física ou moral. 
 
D) Direitos de personalidade tipificados 
 
- Direito ao nome (artigo 72.º CC) e ao pseudónimo (artigo 74.º CC) 
- Direito à imagem (artigo 79.º CC) 
- Direito à reserva sobre a intimidade da sua vida privada (artigo 80.º CC) 
 
E) Sanção para a violação dos direitos de personalidade 
(artigos 70.º, n. 2, e 483.º CC) 
 
F) A limitação voluntária dos direitos de personalidade (artigo 81.º CC) 
 
 
6.3. Direito de propriedade e direitos reais 
EXEMPLO: 
 A quer comprar uma casa. Pede empréstimo ao banco, cria uma hipoteca. 
 Posso vender a casa? Sim. 
Ao comprar, temos direito de propriedade, que nos permite usufruir, vender etc. A 
hipoteca é um direito real, é o direito sobre uma coisa que acompanha a coisa. Se eu 
a vender, a hipoteca segue a casa e tem que ser registada para saber que a casa está 
hipotecada. 
 
A) Direito de propriedade (artigo 62.º CRP; artigo 1305.º CC) – sub.absoluto 
 
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Direito sobre uma coisa, mas que confere uma plenitude de poderes sobre uma coisa: 
poderes de usufruição e de disposição 
A propriedade privada pode ser comprimida pela utilidade pública. 
 
Artigo 62.º - (Direito de propriedade privada) CRP 
1. A todos é garantido o direito à propriedade privada e à sua transmissão em vida ou por 
morte, nos termos da Constituição. 
2. Fora dos casos previstos na Constituição, a expropriação por utilidade pública só pode ser 
efetuada mediante pagamento de justa indemnização. 
 
B) Tipos de direitos reais limitados 
 
Direitos que comprimem o direito de propriedade. 
- Direitos reais de gozo 
– Usufruto – artigos 1439.º e segs.; 
– Direito de superfície – artigos 1524.º e segs.; 
– Servidões prediais – artigos 1543.º e segs. 
 
 
- Direitos reais de garantia 
São garantias reais. Atribuem ao credor direitos especiais sobre certos bens de um 
devedor, são direitos sobre coisas. 
– Penhor – artigos 666.º e segs. – incide sobre bem móveis – ver 669 
– Hipoteca – artigos 686.º e segs. (incide sobre bens imóveis ou móveis sujeitos a 
registo, direito real limitado. (carros, aviões, etc). São direitos que conferem o 
poder de, pelo valor da coisa, o credor obter sob preferência de todos os outros 
credores, o pagamento de uma dívida de que é titular ativo. Estão assim ao serviço 
do credor) - ver 114 
– Direito de retenção – artigo 754.º e segs. 
- Direitos reais de aquisição 
– Direito de preferência – artigos 1380.º , 1409.º, 1555.º 
 
6.4. Os direitos de crédito 
 
A) Obrigação em sentido técnico 
 
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É o vínculo jurídico por virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com outro à 
realização de uma prestação. 
Conteúdo da prestação pode ser positivo (uma ação) ou negativo (abstenção) e não 
necessita de ter um valor pecuniário. 
(obrigação à não concorrência é negativa, há uma abstenção) 
 
 
B) Fontes das obrigações 
(facto da obrigação; o que lhe dá origem) 
 
 - Contratos (artigo 405.º) e negócios unilaterais (artigo 457.º) 
– Os contratos são as fontes de obrigações mais importantes; 
– Enquanto as partes podem estabelecer os contratosque bem entenderem, no 
exercício do princípio da liberdade negocial, os negócios unilaterais estão sujeitos a uma 
regra de tipicidade, dando origem a obrigações apenas nos casos previstos na lei. 
 
 - Gestão de negócios (artigo 464.º) 
A pessoa assume a direção do negócio alheio no interesse e por conta do respetivo 
dono sem para tal estar autorizada. 
 
 - Enriquecimento sem causa (artigo 473.º) 
Tem natureza subsidiária, só devendo ser invocado quando a lei não facultar ao 
empobrecido meio de ser indemnizado ou restituído. É obrigado a restituir aquilo que 
injustamente se locupletou. 
 - Responsabilidade civil (artigo 483.º) 
Responsabilidade que se situa na esfera do direito privado e que resulta, 
normalmente, da violação por alguém de um direito subjetivo de outrem. É a situação em 
que se coloca quem pratica um ato ilícito e que tem a obrigação de indemnizar o lesado (a 
essa obrigação chama-se responsabilidade civil). 
 
C. Modalidades das obrigações 
I) Obrigações naturais 
Artigo 402.ºCC – funde-se num mero dever de ordem moral ou social, cujo cumprimento não 
e judicialmente exigível, mas corresponde a um dever de justiça. Assim, caso o devedor não 
cumpra voluntariamente, não poderá o credor exigir-lhe judicialmente o pagamento. 
Artigo 403.º CC – princípio da não repetição do indevido das obrigações naturais 
Fundam-se num mero dever de ordem moral ou social, cujo cumprimento não é 
judicialmente exigível, mas corresponde a um dever de justiça. Assim, caso o devedor não 
cumpra voluntariamente, não poderá o credor exigir-lhe judicialmente o pagamento 
 
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II) Modalidades quanto ao sujeito 
Numa relação jurídica pode haver mais do que um sujeito. Quando há uma pluralidade de 
sujeitos quer do lado ativo ou passivo, isto é, vários credores ou devedores, as obrigações 
podem ser conjuntas ou solidárias. Regime regra é o regime que vigora quando a lei ou as 
partes não estabelecem o contrato. 
Nas obrigações plurais o regime regra é o da conjunção. Regime regra é o regime que 
vigora quando a lei os as partes não estabelecem o contrato. 
 
 - Obrigações conjuntas 
Decompõe-se em tantos vínculos quantos os sujeitos do lado plural da obrigação ou, 
no caso de pluralidade, simultaneamente ativa e passiva, os vínculos igualarem o n.º de 
credores multiplicados pelo de devedores. 
Quando há pluralidade de sujeitos, decompõe-se os vínculos em tantos quando o 
número de devedores. 
 
 - Obrigações solidárias (artigos 512.º e segs.) 
 Cada um dos devedores responde perante o credor comum pela prestação integral e 
esta a todos libera (solidariedade passiva) ou quando cada um dos credores tem a faculdade 
de exigir por si só a prestação integral do devedor comum e esta libera o devedor para com 
todos eles (solidariedade ativa). 
Uma única prestação, um único vínculo. 
O credor pode exigir indemnização. Há vários sujeitos, mas uma única prestação 
(responsabilidade civil, a obrigação de indemnizar). 
 
III) Modalidades quanto ao objeto 
 - Obrigações genéricas (artigos 539.º) 
Objeto da prestação encontra-se determinado apenas quanto ao género e 
quantidade. Na falta de estipulação a escolha pertence ao devedor. 
 - Obrigações alternativas (artigo 543.º) 
Compreendem duas ou mais prestações, mas em que o devedor se exonera 
efetuando aquela que, por escolha, vier o seu designado. 
A escolha pertence ao devedor, na falta de estipulação. 
 - Obrigações pecuniárias 
Prestação consiste na entrega de uma certa quantia em dinheiro. 
– obrigações de quantidade (artigo 550.º) 
– obrigações em moeda específica (artigo 552.º) 
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– obrigações em moeda estrangeira (artigo 558.º) 
 - Obrigações de juros (artigos 559.º, 559.º A e 1146.º) 
Podem resultar da lei (juros legais) ou de negócio jurídico (juros convencionais). 
 
D) Garantias das obrigações (!) 
 
Se o devedor não cumpre, o credor pode recorrer aos tribunais para, através do 
património do devedor, assegurar a satisfação do seu interesse. 
Suscetibilidade de uma proteção coativa do interesse do credor. 
 
- Garantia comum ou geral (artigo 601.º CC) 
É constituída pelo património, isto é, pelos bens do devedor; o património do 
devedor responde, pois, pelas suas dividas e constitui a garantia comum porque todos os 
credores se podem pagar por ele. 
Pelo cumprimento da obrigação responde tido o património do devedor, porém nem 
todos os bens são penhoráveis. São impenhoráveis todos os bens necessários à 
sobrevivência. 
No caso de uma pluralidade de credores, estão todos em posição de igualdade, têm 
todos iguais direitos sobre os bens. Esta posição de igualdade altera - se quando existem 
garantias especiais. 
Ver artigo 604.ºCC 
- Garantias especiais 
Garantias pessoais (a fiança, artigo 627.º) 
Consiste em um terceiro garantir, com o seu património, o cumprimento de uma 
obrigação alheia. 
É outra pessoa para além do devedor que toma a responsabilidade pelo cumprimento 
da obrigação, isto é, uma pessoa responde com todo o seu património pelo cumprimento de 
imã obrigação alheia. São outros bens para além do devedor que obrigam o cumprimento. 
Ex. A fiança - o fiador goza do benefício da excussão, isto é, pode recusar o 
cumprimento enquanto não forem executados todos os bens do credor. 
 
Garantias reais das obrigações 
São direitos reais, direitos sobre coisas. O credor tem o direito a realizar a sua 
prestação com preferência sobre os outros, pelo valor de uma coisa. Limita o proprietário. 
– Hipoteca (artigo 686.º) - confere ao credor o direito de ser pago pelo valor de certas 
coisas imóveis ou equiparadas, pertencentes ao devedor ou a terceiros, com 
preferência sobre os demais credores. 
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– Penhor (artigo 666.º) - consiste na entrega ao credor, pelo devedor ou por outra 
pessoa, de uma coisa móvel para garantir o cumprimento de uma obrigação do 
devedor. 
 
7. OS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA 
 
7.1. As pessoas singulares 
São as pessoas entre a qual a relação se estabelece. Para isto têm de ter 
personalidade jurídica, que apenas tem o ser humano, a pessoa singular, e as pessoas 
coletivas (sociedades). 
 
A) Personalidade jurídica e capacidade jurídica das pessoas singulares 
(artigo 67.º CC) 
 
Todo o sujeito de relações jurídicas tem de ser pessoa em sentido jurídico e é pessoa, 
neste sentido, todo o ente que tem personalidade jurídica. 
Personalidade jurídica – suscetibilidade de ser sujeito de direitos e obrigações. É o 
direito objetivo que determina quem é pessoa. 
Capacidade jurídica– conteúdo da personalidade jurídica. Possibilidade de as pessoas 
(jurídicas) serem sujeitos ativos ou passivos de relações jurídicas quando a lei não o proíbe; 
aptidão para ser titular de um círculo de relações jurídicas com mais ou menos restrições. 
- Todas as pessoas têm personalidade jurídica, mas a capacidade jurídica pode ser 
maior ou menor. Exemplo de restrições: CC. Art,º 1601 e 1602. 
 - Aos casos de incapacidade jurídica juntam-se casos de incapacidade relativa, nos 
quais a lei proíbe certos negócios em função da relação entre sujeitos ou com o objeto de 
negócio – CC. Art.º 1564, 953, 2192/8 
 - É a capacidade de gozo de direitos, inerente à personalidade jurídica, porque quem 
tem personalidade, necessariamente, tem capacidade, que poderá ser mais ou menos 
limitada pelo direito objetivo. 
 
B) Algumas restrições à capacidade jurídica 
 
A incapacidade de gozo consiste na impossibilidade de uma pessoa ser titular de 
certos direitos e vinculações ou de ser sujeito de dadas relações jurídicas. 
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I) Casos de incapacidade jurídica negocial absoluta 
- Incapacidades nupciais (artigos 1601.º 1602.º) 
 Um menor de 16 anos não pode casar 
- Incapacidades de testar dos menores não emancipados e dos interditos 
por anomalia psíquica (artigo 2189.º) 
- Incapacidades para perfilhar dos menores de 16 anos, dos interditos por 
anomalia psíquica e dos notoriamente dementes no momento da 
perfilhação (artigo 1850.º) 
II) Casos de incapacidade jurídica relativa 
- Proibição de compra e venda entre cônjuges (artigo 1564.º) 
- Proibição de venda de pais ou avós a filhos ou netos, se os outros não 
consentirem no ato (artigo 877.º) 
- Proibição das doações a certas pessoas, bem como das disposições 
testamentárias feitas nas mesmas condições (artigos 953.º, 2192.º a 2198.º) 
NOTA: A Invalidade é uma sanção de incapacidade de exercício. As incompatibilidades provocam a nulidade 
 
C) A capacidade de exercício de direitos ou capacidade de agir 
 
Capacidade de exercício de direitos – medida de direitos e obrigações que uma 
pessoa tem possibilidade de exercer livre e pessoalmente; pressupõe a existência da 
capacidade de gozo; ninguém pode exercer um direito de que não tenha possibilidade de ser 
titular. Capacidade de exercício é a aptidão para atuar pessoal e autonomamente, isto é, a 
aptidão para atuar sem necessidade de representante legal 
 Possibilidade de uma pessoa praticar validamente atos jurídicos por si própria, isto é, 
através da sua atividade pessoal e sem necessidade de autorização de outra pessoa, ou 
através de um representante por si escolhido (mandatário), não imposto por lei 
(representante legal). 
Aptidão para uma pessoa exercer os seus direitos e deveres de uma forma pessoal e 
livre. Quem a tem está apto e não tem de ser representado por outrem nem tem de ter a 
autorização de alguém para exercer os seus direitos e cumprir os seus deveres. 
 
A Sanção para as incapacidades de exercício é a anulabilidade 
A Sanção para as incapacidades jurídicas é a nulidade 
 
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E) Enumeração das incapacidades de exercício estabelecidas pelo CC 
NOTA: o próprio legislador indica para cada uma destas como será suprida. 
 
- Incapacidades resultantes da menoridade (artigos 123.º e segs), da 
interdição (artigos 138.º e segs.) e das inabilitações (artigos 152.º e segs.) 
MENORIDADE: É menor quem ainda não completou 18 anos de idade (artigo 122º). Não é 
capaz de gerir a sua esfera, portanto tem um representante legal. A ratio legis 
é proteger o incapaz. 
A menoridade abrange, em princípio, todos os atos quer de natureza pessoal, 
quer de natureza patrimonial. Há casos em que o menor pode praticar e constituem 
exceções à respetiva incapacidade. 
Artigo 123º - os menores estão aptos a ser titulares, só não a podem exercer. 
Então como é suprida? Pela representação legal, sendo o representante os pais 
(artigo 124º). 
 
Ainda assim, são permitidas exceções (presentes no artigo 127º): 
-se o menor adquirir um bem com o produto do seu trabalho, pode fazê-lo 
-podem realizar em qualquer circunstancia compras de menor importância e 
ao alcance da sua capacidade. Não se deve ter em conta aqui o estatuto social 
-se os pais autorizam o menor a realizar uma profissão, este deve ter a 
capacidade de exercer qualquer ato que derive deste (ex: encomendar, vender…) 
Quando termina a incapacidade? (artigo 129º) 
 
 Qual é a sanção para os negócios jurídicos celebrados pelo menor? Invalidade. 
 
Emancipação: (que só tem uma causa, o casamento, que só se pode realizar 
a partir dos 16 anos) – artigos 132º, 133º : o menor para a ser tratado como maior)- 
Artigo 1649º - o menor não precisa de autorização dos pais para se casar mas 
continua a ser considerado menor quanto a 2 tipos de bens: aos que tenha desde 
solteiro e levado para o casamento e quanto aos bens que possa vir a receber 
(podendo ser herdados ou por doação). Se casamento autorizado, tal não acontece 
e passam a adultos. 
 
INTERDIÇÃO: Artigo 138º - Aplica-se a maiores que por anomalias psíquicas, surdez ou 
mudez ou cegueira se mostrem incapazes de governar as suas pessoas e bens. Tem de afetar 
a capacidade de entender e o Tribunal tem de emitir uma sentença que declare a pessoa 
como interdita. 
É necessário que alguém coloque a ação em Tribunal ou então o Ministério Público 
(que tome conhecimento de certos casos de pessoas idosas ou isoladas por queixas de 
outras). 
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Este caso é suprido através da representação legal, ou seja, o Tribunal nomeia alguém 
que haja em nome do interdito. Pode ser levantada caso a incapacidade seja ultrapassada e 
este se voltar a mostrar capaz. 
 
INABILITAÇÃO: Também sofrem incapacidades físicas ou psíquicas, mas não tão 
grave como na interdição, ou seja, é uma incapacidade menos profunda. Não é nomeado um 
tutor mas sim um curador, este age ao lado do inabilitado. A pessoa pode praticar os atos 
desde que o outro concorde. Para vender tem de ser autorizado pelo curador. 
A quem se aplica? (artigo 152º) 
-Novamente pessoas com inabilidades físicas ou psíquicas (mas não tão 
graves) 
-Deficiências de caráter (abuso de substâncias ilegais) 
-Pessoas prodígio, isto é, aquele que gasta de forma irracional ou 
descontrolada. 
O Tribunal é que avalia se o caso se trata de uma interdição ou inabilitação. No caso 
de Inabilitação, nomeia um assistente, ou seja, a pessoa pode dar a cara mas precisa de 
autorização. 
 
 
- Incapacidades conjugais (artigos 1682.º, 1682.º -A, 1682.º-B e 1683.º) 
Capacidade de dispor dos bens do casal. O casamento acarreta certas proibições a 
ambos os cônjuges. 
Entre cônjuges, um deles não pode arrendar a casa de família, a menos que tenha a 
autorização do outro. O regime protege a família. Mesmo que seja o regime de separação de 
bens, nem hum dos dois pode vender ou arrendar a casa de família. A ratio legis é proteger a 
família. 
- Incapacidades acidentais (artigo 257.º) 
Por alguma razão, a pessoa está em incapacidade momentânea (álcool, drogas) que 
afetam a sua capacidade de entender o que está a fazer/dizer. Casos em que a declaração 
negocial é feita por quem devido a qualquer causa se encontrar acidentalmente incapacitado 
de entender o sentido dela ou não tiver o livre exercício da vontade. 
Poderá a pessoa anular os atos que fez enquanto neste estado? 
Artigo 257º - Requisitos para anular as ações: 
-Se a pessoa não estiver consciente do que diz/faz (momentaneamente) 
-Se esta incapacidade for notória para o outro ou se este tiver conhecimento (São 
necessárias ambas). 
Não há forma de esta ser suprida pois é uma situação momentânea e tem de ser o 
próprio a mais tarde resolver o problema. A anulação só pode ser feita através de uma ação 
em Tribunal. 
 
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7.2. As pessoas coletivas (artigo 157.º) 
 
A) Conceito de pessoa coletiva 
 
 Art.157.º - “As disposições do presente capítulo são aplicáveis às associações que não tenham 
por fim o lucro económico dos associados, às fundações de interesse social, e ainda às 
sociedades, quando a analogia das situações o justifique.” 
 Organização constituída por um agrupamento de pessoas, ou por um conjunto de 
bens, tendo em vista a realização dum interesse comum ou coletivo, e a que ordem jurídica 
atribui a qualidade de sujeito de direito 
Não são pessoas, mas têm personalidade jurídica tendo também direitos e deveres. 
São organizações constituídas por uma coletividade de pessoas ou por uma massa de bens, 
dirigidas à realização de determinados interesses comuns ou coletivos, às quais o direito 
atribui personalidade jurídica. 
Exemplos: Estado,Municípios, Sociedades, Fundações, entre outros. 
O Estado é a maior Pessoa Coletiva Pública, tendo assim poderes para emitir algo que, 
se não cumprido, pode ser aplicado pela força (algo que não acontece na pessoa coletiva 
privada). 
No privado, existem 2 grupos de pessoas coletivas: 
– Corporações 
– Fundações 
 
1) Corporações 
São pessoas coletivas constituídas por um grupo plural de pessoas (ou seja, um conjunto 
de pessoas) que se agrupam para desenvolver um certo fim. Podem estas pessoas a qualquer 
momento mudar o seu rumo. 
Exemplos: Sociedades Comerciais e Associações (ambas implicam pessoas) 
 
2) Fundações 
Pessoas coletivas que têm a sua ação num determinado património que é destacado pelo 
fundador ao qual este lhe dá um destino. A fundação deve obediência ao fundador e este 
nunca mais pode mudar o fim da fundação para o qual foi criada. 
Nasce de um ato de afetação patrimonial com o objetivo a um determinado fim que 
jamais poderá ser alterado. 
 
 
B) A função do instituto da personalidade coletiva ? 
 
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A p.coletiva é um instrumento de ficção. Há uma ficção do direito. O direito reconhece a 
personalidade jurídica a certas associações de pessoas e de bens para proteger certos 
interesses. O direito reconhece que certos entes são centros autónomos que pode ser parte 
em relações jurídicas. Um expediente que o direito cria para proteger certos interesses. 
 
C) Elementos constitutivos das pessoas coletivas: o substrato e o 
reconhecimento 
 
Substrato – alicerces/infraestrutura da Pessoa Coletiva. Toda a estrutura tem de ter uma 
base. Elemento material. Atua em ordem a criar um novo sujeito de direito. 
Neste caso, desdobra-se em: 
1º Elemento 
a) Elemento Pessoal: essencial para uma Corporação (que precisa de um conjunto de 
pessoas, é o essencial para que esta surja. Os bens surgem em segundo plano). 
Formado pelos indivíduos associados através da pessoa coletiva ou que nesta prestam 
a sua atividade para a realização de um fim comum ou coletivo; importante nas 
associações, sociedades e corporações. Art. 157.º 
 
b) Elemento Patrimonial: essencial em Fundações (que nascem de um conjunto de bens, 
sendo que sem bens não há fundação. Esta precisa de um património, também precisa 
de pessoas mas estas estão em segundo plano). Conjunto de bens que é titular a pessoa 
coletiva e que se destina tornar possível a realização dos seus fins; é dominante nas 
fundações. 
 
c) Elemento Teleológico: finalidade a desenvolver tem de ser sempre de: 
– Interesse comum (Corporações) 
– Coletividade (Fundações) 
 
Para além disto, tem de respeitar certos requisitos e estes decorrem do artigo 280º “Ex 
vi”, artigo 158º A.C.C. 
O fim deve assim ser (artigo 280º): 
– Física e legalmente possível e determinável; 
– Estar de acordo com a ordem pública e bons costumes. 
- Ordem pública – “colunas”, estrutura do Estado que se postos em causa, põe em causa 
o próprio Governo (ex: Igualdade, transparência) 
 
- Bons Costumes – princípios morais que uma sociedade aceita e toma como morais. 
Muda muito consoante o lugar e o tempo. 
 
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Reconhecimento- elemento formal. Atribuição de personalidade jurídica ao substrato, de 
forma a estar apto a ter direitos e deveres (sem isto, a Pessoa Coletiva não é possível). Há 
dois tipos de atribuição: 
– Normativa – deriva diretamente da norma. A lei tem um requisito e automaticamente 
mal este esteja cumprido o substrato fica com personalidade jurídica. A lei a 
estabelecer determinadas condições para criar a pessoa coletiva. Temos um legislador 
a estabelecer normas) 
– Individual: entidade pública analisa detalhadamente o substrato e decide se o deve 
reconhecer e conceder-lhe assim personalidade jurídica ou não. 
 
Um Estado que queira incentivar a criação de substratos, deve aplicar a Normativa. 
Artigo 158º - Caso tenham escritura pública e respeitem o artigo 167º, este adquire 
personalidade jurídica 
 
D) Tipos de pessoas coletivas 
 - Associações (artigo 167.º) 
Nunca visa obter lucro com vista a distribui-lo pelos seus associados. Não são 
pensadas para o lucro ou a distribuição deste. São as associadas a quem ergue a pessoa 
coletiva, quem a estrutura e lhe determina o modo de funcionamento atribuindo-lhe os 
órgãos de que careça. 
 - Fundações (artigo 185.º) 
 Afetação de um dado património por um indivíduo fundador – à realização de certos 
fins. É a vontade deste que institui e organiza a fundação fixando-lhe um fim e outorgando-
lhe os meios necessários para alcançá-lo. 
 
 - Sociedades (artigo 980.º CC): Sociedades civis, Sociedades Comerciais (artigo 1.º 
CSC). 
Agrupa-se com vista a exercer uma atividade económica e distribuir o lucro pelos seus 
sócios. Visa assim obter lucro e distribui-lo. Contribuem com bens ou serviços para o exercício 
em comum de certa atividade económica que não seja de mera fruição, a fim de repartirem 
os lucros resultantes dessa atividade. 
Comerciais – têm por objeto praticar um ou mais atos de comércio. 
 Civis – todas as outras. 
 
 
Limitações da capacidade de gozo das Pessoas Coletivas: 
– A pessoa coletiva não pode ter direitos/deveres que pressuponham a natureza humana 
(artigo 160º,2) 
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– A capacidade de gozo é determinada em função do fim da pessoa coletiva. O seu fim é 
que define a quantidade de direitos e deveres a que está apta a ser titular de forma a 
esta estar apta a alcança-lo (artigo 160º). 
Quando cessa a personalidade jurídica da pessoa coletiva? Com a sua extinção. 
 
 
 
8. FAMÍLIA E SUCESSÃO MORTIS CAUSA 
 
8.1. As relações jurídicas familiares (artigo 1576.º CC) 
Fontes das relações jurídicas: casamento, parentesco, afinidade e adoção. 
 
I) O Casamento 
A) Noção (artigo 1577.º) 
“Casamento é o contrato celebrado entre duas pessoas pretendem constituir família 
mediante uma plena comunhão de vida, nos termos das disposições do código” 
 
B) Modalidades (artigo 1587.º) 
 1. Casamento civil celebrado por forma civil, perante o Conservador de Registo Civil, ou 
casamento civil celebrado por forma religiosa, perante um ministro do culto de uma Igreja 
radicada em Portugal. 
 2. Casamento católico 
 
D) Capacidade matrimonial (artigo 1600.º e segs.) 
Todos aqueles em quem se não verifique alguns dos impedimentos matrimoniais 
previstos na lei. 
D) Alguns aspetos do regime jurídico da relação matrimonial 
1. O princípio da igualdade dos cônjuges (artigo 36.º, n.º3, CRP; artigo 
1671.º CC) 
2. Os deveres dos cônjuges (artigo 1672.º) 
Respeito, fidelidade, coabitação, cooperação e assistência 
3. O regime de bens do casamento (artig os 1717.º a 1736.º) 
 
E) A extinção da relação matrimonial 
1. Invalidade do casamento 
2. Dissolução por morte 
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3. Divórcio 
 
II) O parentesco 
A) Noção de parentesco (artigo 1578.º) 
É o vínculo que une duas pessoas. Em consequência de uma delas descender da outra ou 
de ambas procederem de um progenitor comum. O parentesco é uma relação de 
consanguinidade (laços de sangue). 
 
B) Graus e linhas de parentesco (artigos 1579.º, 1580.º e 1581.º) 
Cada geração forma um grau. Cada grau constitui uma linha. 
A linha de parentesco pode ser reta (quando um dos parentes descende do outro) ou 
colateral (quando nenhum descende do outro, mas têm um progenitor comum). 
 
– Na linha reta há tantos graus quantas as pessoas que formam a linha de 
parentesco, excluindo o progenitor. 
– Na linha colateral os graus contam se subindo e descendo sem contar com o 
progenitor comum. 
 
Irmãos e avós, 2 grau

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