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38031210-fontes-do-direito-da-seguridade-social - Direito Previdenciário GRAN CURSOS 2020

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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
PREVIDENCIÁRIO
Fontes do Direito da Seguridade Social
Livro Eletrônico
2 de 152https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Frederico Martins
Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Saúde, Previdência e Assistência . ........................................................................................................... 4
1. Fontes do Direito da Seguridade Social . ........................................................................................... 4
1.1. Conceito e Classificações . .................................................................................................................... 4
1.2. Espécies de Fontes Formais do Direito da Seguridade Social . ........................................... 5
1.3. Síntese das Fontes Formais e Materiais do Direito da Seguridade Social. . ................ 11
1.4. A Força Normativa dos Princípios . .................................................................................................13
2. Interpretação das Normas de Seguridade Social . .................................................................... 14
2.1. Tipologia das Normas de Seguridade Social . ........................................................................... 14
2.2. As Normas de Seguridade Social: Direitos Fundamentais, Máxima Efetividade 
e Interpretação mais Favorável . .............................................................................................................16
2.3. A Hermenêutica Clássica e Constitucional das Normas de Seguridade Social . .........17
3. Aplicação das Normas de Seguridade Social . ..............................................................................24
3.2. Sobre a Subsunção da Norma Jurídica . .......................................................................................24
3.3. Sobre o Positivismo Jurídico ........................................................................................................... 25
3.4. A aplicação da “Lei” no Tempo . ...................................................................................................... 26
3.5. A Aplicação da “Lei” no Espaço .......................................................................................................58
4. Antinomias Normativas . .......................................................................................................................61
4.1. Os Critérios de Solução em Caso de Conflito de Normas . .................................................. 62
5. Integração das Normas de Seguridade Social .............................................................................69
5.1. A Analogia . ............................................................................................................................................... 70
5.2. Os Costumes . ......................................................................................................................................... 76
5.3. A Equidade . .............................................................................................................................................. 79
5.4. Os Princípios Gerais de Direito . .....................................................................................................84
6. Eficácia das Normas de Seguridade Social . .................................................................................84
***
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divisão
de custos
ClIqUe PaRa InTeRaGiR
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Gmail
Whatsapp
3 de 152https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Frederico Martins
Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
6.1. Os Planos de Checagem da Norma Jurídica ...............................................................................84
6.2. A Eficácia Social e Técnica da Norma de Seguridade Social . .............................................85
6.3. Classificação das Normas Quanto a sua Eficácia . ................................................................86
Resumo . .............................................................................................................................................................88
Questões de Concurso . ............................................................................................................................ 105
Gabarito . .......................................................................................................................................................... 115
Gabarito Comentado . .................................................................................................................................116
Referências . .................................................................................................................................................. 148
***
4 de 152https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Frederico Martins
Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
SAÚDE, PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA
Fontes do Direito da Seguridade Social. Conceito, classificações e espécies. Força nor-
mativa dos princípios e o pós-positivismo. Interpretação, aplicação, integração e eficácia das 
normas de Seguridade Social. Hermenêutica jurídica clássica e constitucional. Direito inter-
temporal. Direito adquirido e expectativa de direito na seara da Seguridade Social. O ato jurídi-
co perfeito e a coisa julgada. Aplicações práticas no Direito da Seguridade Social. Antinomias 
normativas e critérios de solução. Considerações acerca do princípio pro misero em relação 
ao critério hierárquico. Integração das normas jurídicas: analogia, costumes, equidade e prin-
cípios gerais de Direito em meio às normas de Seguridade Social. Eficácia das normas de 
Seguridade Social.
1. Fontes do direito da seguridade social
1.1. conceito e classiFicações
Fonte do direito é a origem de onde nasce a normatividade, dotada de bilateralidade, gene-
ralidade, abstratividade, imperatividade e coercibilidade, relativa a um determinado ramo de 
nosso ordenamento jurídico.
As fontes do direito podem ser materiais ou formais. Na doutrina de Kelsen, a fonte 
material unicamente aceitável é aquela que provem da vontade do Estado, ou seja, da 
vontade do legislador. Dessa forma, não haveria espaço para outras fontes materiais que 
não fossem aquelas tecnicamente extraídas da vontade do legislador.
Em verdade, não é possível mais concordar com esse posicionamento, já que em um regi-
me democrático há de se considerar diversos instrumentos efetivadores da vontade popular 
e, bem assim, de cada parcela da sociedade. As fontes materiais não podem se resumir uni-
camente à vontade do legislador em uma era de constitucionalismo pós-moderno, na qual a 
sociedade é também intérprete da Constituição (Peter HARBELE, por exemplo, leciona acerca 
da sociedade aberta dos interpretes da Constituição).
***
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Frederico Martins
Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Já as fontes formais são aquelas que derivam do processo legislativo ou, em alguns ca-
sos, ou melhor, em algumas ciências jurídicas, também dos costumes, o que não é o caso 
do Direito Previdenciário, ramo esse de nosso ordenamento jurídico que somente admite a 
expressão formalizada da lei, por meio de lei em sentido estrito, bem como por decretos e 
regulamentos.
Por óbvio que não podemos esquecer as normas advindas da Constituição, fonte formal 
de suprema posição nesse rol de fontes formais.
Além das normas do poder constituinte originário, também se devem incluir no rol de fon-
tes formais de suprema categoria as emendas constitucionais que advieram após a promul-
gação da Constituição de 1988.
Em seguida, temos as leis complementares, ordinárias e delegadas. Por fim, as medidas 
provisórias.
1.2. espécies de Fontes Formais do direito da seguridade social
De início, cabe anotar duasobservações importantes sobre as fontes formais de caráter 
infralegal: (i) elas não podem contrariar a lei, sob pena de exorbitarem de seu poder regula-
mentar; (ii) criam efeito vinculante para a própria administração pública, ressalvado, claro, o 
poder de autotutela, ou seja, de a administração revogar ou anular seus próprios atos admi-
nistrativos quando inconvenientes ou contrários à lei.
As principais leis em sentido estrito no âmbito da seguridade social, ou seja, as principais 
fontes formais do Direito da Seguridade Social são:
• Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991: dispõe sobre a organização da seguridade social, 
institui plano de custeio, e dá outras providências.
• Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991: dispõe sobre os planos de benefícios da Previdên-
cia Social e dá outras providências.
• Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993: dispõe sobre a organização da assistência so-
cial e dá outras providências.
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Frederico Martins
Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
• Lei n. 9.717, de 27 de novembro de 1998: dispõe sobre regras gerais para a orga-
nização e o funcionamento dos regimes próprios de previdência social dos ser-
vidores públicos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, dos 
militares dos estados e do Distrito Federal e dá outras providências.
• Lei n. 10.779, de 25 de novembro de 2003: dispõe sobre a concessão do benefício de 
seguro desemprego, durante o período de defeso, ao pescador profissional que exerce 
a atividade pesqueira de forma artesanal.
• Lei n. 12.101, de 27 de novembro de 2009: dispõe sobre a certificação das entidades 
beneficentes de assistência social; regula os procedimentos de isenção de contribui-
ções para a seguridade social; altera a Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993; revoga 
dispositivos das Leis nos 8.212, de 24 de julho de 1991, 9.429, de 26 de dezembro de 
1996, 9.732, de 11 de dezembro de 1998, 10.684, de 30 de maio de 2003, e da Medida 
Provisória no 2.187-13, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.
• Lei n. 12.618, de 30 de abril de 2012: institui o regime de previdência complementar 
para os servidores públicos federais titulares de cargo efetivo, inclusive os membros 
dos órgãos que menciona; fixa o limite máximo para a concessão de aposentadorias 
e pensões pelo regime de previdência de que trata o art. 40 da Constituição Federal; 
autoriza a criação de 3 (três) entidades fechadas de previdência complementar, deno-
minadas Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder 
Executivo (Funpresp-Exe), Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público 
Federal do Poder Legislativo (Funpresp-Leg) e Fundação de Previdência Complementar 
do Servidor Público Federal do Poder Judiciário (Funpresp-Jud); altera dispositivos da 
Lei n. 10.887, de 18 de junho de 2004; e dá outras providências.
• Lei Complementar n. 142, de 8 de maio de 2013: regulamenta o § 1º do art. 201 da 
Constituição Federal, no tocante à aposentadoria da pessoa com deficiência segurada 
do Regime Geral de Previdência Social - RGPS.
• Lei Complementar n. 152, de 3 de dezembro 2015: dispõe sobre a aposentadoria com-
pulsória por idade, com proventos proporcionais, nos termos do inciso II do § 1º do art. 
40 da Constituição Federal.
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Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Quanto às leis complementares, no Direito da Seguridade Social elas, estão previstas ape-
nas no art. 195, §4º, c/c art. 154, inciso I, ambos da CF, que diz que a “lei poderá instituir outras 
fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social”.
Já as leis delegadas, embora previstas de modo indistinto no art. 68, da CF/88, para qual-
quer ramo do Direito (com as vedações, entretanto, anotadas no §1º, e incisos do referido 
artigo), na prática não existem no campo previdenciário ainda.
De outro lado, as medidas provisórias são bastante frequentes na seara do Direito da 
Seguridade Social, conquanto nem sempre venham dotadas dos requisitos de relevância e 
urgência para suas edições.
Os decretos legislativos podem ser vistos, por vezes, como fonte formal do Direito da Se-
guridade Social, eis que são os instrumentos normativos que permitem a veiculação interna 
de tratados, convenções e acordos internacionais. Permite-se, com os decretos legislativos, 
a expansão do chamado bloco de constitucionalidade em matéria de Direito da Seguridade 
Social.
Parcela da doutrina aponta essa possibilidade como comprovadora de que há fontes do 
direito internacional no campo do direito previdenciário, escorando-se, inclusive, na previsão 
do art. 85-A, da Lei n. 8.212/91, cuja redação diz que os
Tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro ou organismo in-
ternacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria previdenciária, serão interpretados 
como lei especial.
Como exemplo de tratado ratificado pelo Brasil, pode-se citar o referente à participação 
brasileira na criação da OIT – Organização Internacional do Trabalho —, o que restou interna-
lizado em nosso ordenamento jurídico por meio do Decreto Legislativo n. 269, de 18/09/2008. 
No campo do Direito da Seguridade Social, interessante observar que essa convenção indica 
as 9 contingências sociais clássicas para que um sistema de seguridade social de um país 
signatário possa ser valido, quais sejam: auxílio-doença, assistência médica, amparo ao de-
semprego, acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, velhice, invalidez, morte, materni-
dade e subsídios familiares.
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8 de 152https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Frederico Martins
Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Na base de normas regulamentares, o Decreto n. 3.048/99 é o mais importante ato do Po-
der Executivo na seara do Direito Previdenciário, explicitando e detalhando o conteúdo legal 
presente na Lei n. 8.213/91.
Ainda no campo infralegal, temos também como fonte formal do Direito da Seguridade 
Social, as Portarias, as Instruções Normativas, as Ordens de Serviço de Ministérios relacio-
nados à arrecadação e concessão e benefícios e programas da seguridade social, bem como 
as Resoluções do Conselho Nacional da Previdência Social e, por fim, eventuais pareceres 
internos.
Professor, os costumes são fontes formais do Direito da Seguridade Social?
NÃO, os costumes não são fontes formais do direito previdenciário ou mesmo da seguri-
dade social, na medida em que a estrita legalidade é princípio que não se pode olvidar nesta 
seara, tanto pelo fato de que os atos e programas de seguridade social são emanados da ad-
ministração pública, quanto pelo fato de que sempre há de se considerar a exata e correspon-
dente prévia fonte de custeio para que uma nova contingencia social seja atendida ou ainda 
ampliada no espectro de cobertura de proteção social estatal.
E a jurisprudência é fonte do Direito da Seguridade Social?
Para certa parte da doutrina, como LAZZARI1, não pode ser considerada fonte formal do 
Direito, senão o seguinte:
No sistema de civil law, a fonte primordial é a norma legislada, 15 de modo que os órgãos judiciais, 
ainda que atuando na lacuna da lei, não criam direito, apenas suprindo a ausência de norma es-
pecífica, ou seja, não gerando qualquer precedente vinculativo, nem mesmo quando da edição de 
enunciados de súmula de jurisprudência dominante dos Tribunais.
(...)
A jurisprudência é, portanto, critério – importante, muitas vezes fundamental – de integração das 
normas jurídicas, observando-se qual tenha sido a conclusão a que chegaram os órgãos julgado-
res.
1 Castro, Carlos Alberto Pereira de; Lazzari, João Batista. Manual de Direito Previdenciário (Locais do Kindle 2590-2593). 
Forense. Edição do Kindle.
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9 de 152https://www.facebook.com/groups/2095402907430691Frederico Martins
Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Assim, para LAZZARI, a jurisprudência é mero meio de integração do Direito, nada se re-
velando como fonte formal da norma previdenciária, sobretudo em sistema jurídico como o 
nosso baseado no modelo de civil law.
Já para outra parte da doutrina, como ZAMBITE, a jurisprudência seria, sim, fonte formal 
do Direito da Seguridade Social, mormente em se considerando que estamos hoje a meio 
caminho de um modelo de civil law para um modelo commom law, com o ganho de força nor-
mativa cada vez maior dos precedentes judiciais. Não que tenhamos vivido hoje um sistema 
brasileiro de common law, mas é inegável que hoje temos fortes traços em nosso sistema 
processual que dão proeminência vinculante aos precedentes judiciais.
Vejamos mais algumas indagações importantes.
A súmula vinculante é fonte do Direito?
A súmula vinculante é, de fato, o maior expoente da transição acima, eis que cria nova 
fonte do Direito a partir de decisão do Supremo Tribunal Federal, encontrando guarida cons-
titucional por meio do art. 103-A, da CF/88.
As decisões sumuladas do Conselho de Recursos da Previdência Social são fontes do 
Direito da Seguridade Social?
São fontes formais do Direito da Seguridade Social e possuem efeito vinculante no âmbito 
interno da Administração Pública.
A doutrina é fonte do Direito da Seguridade Social?
Não se mostra como fonte formal da seguridade social, servindo apenas como instrumen-
to de interpretação da norma jurídica. Trata-se apenas de modo interpretativo, pertencendo, 
assim, à temática da hermenêutica jurídica, não a das fontes do Direito.
Para ZAMBITE, contudo, a doutrina poderia ser fonte formal do Direito da Seguridade so-
cial, pois influencia a criação das leis e também a atividade judicante dos magistrados. Nada 
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Frederico Martins
Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
obstante, na medida em que a doutrina não possui traço de coercibilidade, ou seja, não pode 
impor o cumprimento de determinada norma derivada de seu processo hermenêutico, não 
pode ser considerada fonte do Direito.
É que, de fato, para que haja Direito Objetivo, devem estar presentes os elementos carac-
terísticos da lei, ou seja, deve haver a coercibilidade atribuída ao órgão legiferante para que a 
norma seja autoaplicável.
Vejamos o que diz sua doutrina:
(...) temos como fonte de direito e, por consequência, da legislação previdenciárias, as leis e demais 
atos normativos, além da jurisprudência, segundo alguns, a doutrina também seria fonte de direito, 
devido à sua intensa participação no desenvolvimento de leis e constante influência nas decisões 
dos magistrados.
Entretanto, devido à ausência de coercibilidade de suas posições, muitas vezes antagônicas, a 
doutrina é aqui excluída como fonte do Direito, adotando-se posição mais tradicional”.
Já com relação à jurisprudência, assim diz ZAMBITTE2:
A jurisprudência, como geradora de norma jurídica individual em razão das decisões judiciais, é 
fonte de Direito, pois suas sentenças são vinculantes para as partes. Ainda mais as decisões reite-
radas de tribunais que alteram, com frequência, o conteúdo dos atos administrativos, os quais são 
adaptados às interpretações do Judiciário. Este ponto ainda é mais evidente com a atual possibi-
lidade do Supremo Tribunal Federal em editar súmulas vinculantes.
A equidade é fonte do Direito da Seguridade Social?
Não pode ser considerada fonte formal de qualquer ramo do Direito (ressalvado o âm-
bito do Direito Internacional), a não ser quando expressamente autorizado pela lei, tal como 
previsto no art. 140, parágrafo único, do Código de Processo Civil. Em verdade, ainda quando 
autorizado, não se trataria de fonte formal do direito, mas apenas de meio de integração da 
norma jurídica.
E quanto aos princípios do Direito não escritos (implícitos) e escritos (explícitos), são 
fontes do Direito da Seguridade Social?
2 IBRAHIM, Fábio Zambitte, in Curso de Direito Previdenciário, 24ª Edição, Rio de Janeiro. Ed. Impetus, 2019, pg. 143.
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Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Com relação aos princípios escritos, nenhuma dúvida há de que se tratam de fontes for-
mais, algumas vezes com caráter de sobreprincípio, tal como no caso do princípio da isono-
mia, o que gera evidentemente um influxo decisivo nas normas jurídicas da seguridade social.
Há de se chamar à atenção, contudo, para o fato de que o princípio da prévia fonte de 
custeio (ou da contrapartida) é de grande força na seara do Direito da Seguridade Social, não 
podendo ser relegado e, assim, não se pode falar que a isonomia, por exemplo, já que exerce-
ria força absoluta para permitir a concessão de um benefício não previsto em lei.
Há de se tomar cuidado, sempre, portanto, na ponderação de regras e princípios, com as 
regras e princípios específicos do segmento jurídico.
Já quanto aos princípios não escritos, a doutrina tem caminhado no mesmo caminho dos 
escritos, especialmente, por exemplo, no que toca os princípios da proporcionalidade e da 
razoabilidade.
Em verdade, eles podem ser extraídos da garantia fundamental do due process of law, 
sendo certo que a observância do devido processo legal insculpido no art. 5º, inciso LIV, da 
CF/88, possui em sua acepção substantiva a indispensável presença da proporcionalidade 
em sentido estrito e da razoabilidade.
1.3. síntese das Fontes Formais e materiais do direito da seguridade 
social.
Em síntese, podemos resumir da seguinte forma:
• FONTES MATERIAIS DO DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL: os fatos sociais, políticos 
e econômicos que ensejam o surgimento da norma jurídica previdenciária. Ou seja, é 
tudo aquilo que propicia, motiva e estimula o surgimento da lei e, dessa maneira, da 
norma relativa à seguridade social. É uma fonte material do Direito da Seguridade So-
cial, pois pode-se facilmente exemplificar pelo déficit nas contas públicas relacionado 
à Previdência Social no País. A necessidade de equilíbrio das contas públicas é fonte 
material clara do Direito da Seguridade Social, fazendo com que o Congresso Nacional 
vote atos normativos (emendas constitucionais, leis ordinárias etc.) que possam aten-
der às contingências socioeconômicas advindas daquelas circunstâncias financeiras 
atuais do Estado.
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Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
• FONTES FORMAIS DO DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL: são os atos editados pelo Po-
der Legislativo e Poder Executivo (e, em alguns casos, também pelo Poder Judiciário, 
pois, como se sabe, todos os Poderes da República exercem funções atípicas, não sen-
do impossível, aliás, frequente, que o Poder Judiciário necessite editar normas internas 
que repercutam em elementos regulamentadores de benefícios previdenciários afetos 
ao seu regime próprio, para aqueles servidores e juízes que ainda mantêm seus regi-
mes previdenciários destrelados do RGPS e do Funpresp-Jud) que geram efetivamente 
o poder de comando e de império estatal nas relações subjetivas das pessoas, no caso, 
criando, majorando, modificando ou extinguindo direitos relativos à seguridade social.
Em suma, podemos listar as seguintes fontes formais do Direito da Seguridade Social, 
seguindo a hierarquia das leis Kelsenianas:
• Constituição Federal de 1988 (e, por vezes, Constituições anteriores também, eis que, 
pelo princípio do tempus regit actum, muitas vezes é necessário no Direito Previdenciá-
rio verificar quais eram os requisitos normativos da época da contingencia social para 
saber se há direito a um benefício ou não);
• Emendas Constitucionais (e, quanto a essas fontes, não apenas o seu conteúdo modi-
ficador direto da Constituição Federal de 1988,mas também o que se veicula em seu 
corpo formal, textual, isto é, aquilo que se define como norma de transição nas Emen-
das Constitucionais reformadoras da previdência);
• Leis Complementares (que na seguridade social pode ser muito bem exemplificada 
pela Lei Complementar n. 109/2001, que dispõe “sobre o Regime de Previdência Com-
plementar e dá outras providências”);
• Lei Ordinárias (as quais podem ser bem representadas no campo da seguridade social 
brasileira pelas Leis n. 8.213 e 8.212, ambas de 1991);
• Leis Delegadas (as quais, até o momento, nunca foram utilizadas em matéria de seguri-
dade social. Nada obstante, não parece haver vedação na Constituição Federal de 1988 
para que exista uma lei delegada em matéria de seguridade social);
Vejamos as vedações, apenas para relembrar o texto da norma constitucional:
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Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a 
delegação ao Congresso Nacional.
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os 
de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à 
lei complementar, nem a legislação sobre:
I – organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus mem-
bros;
II – nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
III – planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
• Medidas Provisórias (sendo essas bastante utilizadas em matéria de seguridade social 
em geral, mas em especial no campo do Direito Previdenciário, sobretudo no quanto re-
lativo ao RGPS. Um exemplo marcante disso, não muito distante no tempo, foi a edição 
da Medida Provisória n. 664/04, convertida, posteriormente, na Lei n. 13.135/15, que 
alterou as Leis n. 8.213/91, n. 10.876/04, n. 8.112/90 e n. 10.666/03);
• Decretos Legislativos (sendo instrumentos normativos exclusivos do Poder Legislati-
vo, voltados à regulação de questões internas e, dessa feita, existe no quanto relativo à 
seguridade social para, no máximo, regular alguma forma específica de requerer algum 
benefício ou serviço relacionado à proteção social disponibilizada no âmbito daquele 
Poder. Isso porque, sendo espécie normativa meramente regulamentar, não pode criar, 
modificar ou ir além de qualquer modo daquilo previsto na lei que lhe deu base);
• Resolução do Senado Federal.
• Atos Administrativos Normativos (Instrução Normativa, Ordem de Serviço, Circular, 
Orientação Normativa, Portaria etc.).
1.4. a Força normativa dos princípios
Com relação aos princípios, é importante salientar que hoje vivemos na era do pós-po-
sitivismo, com os ditames axiológicos do chamado neoconstitucionalismo, de forma que os 
princípios, sejam eles implícitos ou explícitos, deixaram de ser meros meios de integração das 
normas jurídicas, mas sim efetivas fontes do Direito.
Nessa nova ótica constitucionalista, os princípios são dotados de valor normativo tanto 
quanto às regras legais, embora carreados de maior abstração e generalidade, bem como, 
com frequência, de conceitos indeterminados.
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Mas o que é importante observar é que não há princípio absoluto, sendo sempre neces-
sário e indispensável que se faça a devida ponderação de interesses constitucionalmente 
envolvidos para se definir qual é a norma do caso.
Os princípios veiculam standards normativos, definidores de um padrão jurídico a ser se-
guido por todos os sistemas legais de um determinado Direito Objetivo.
Professor, existe hierarquia entre princípios e regras?
NÃO. Inexiste hierarquia, mas os princípios são sempre as bases axiológicas de um 
sistema jurídico. Dessa maneira, uma determinada regra pode até ser a determinante para 
um determinado caso, mas não poderá contrariar um princípio, a menos que outro princí-
pio demande maior balanceamento para o valor que o conclama.
Pode haver extensão da chamada grande invalidez prevista no art. 45, caput, da Lei n. 
8.213/91 para qualquer espécie de aposentadoria, a pretexto do principio da isonomia?
Não, prevalecendo a regra prevista no citado artigo, que somente prevê o acréscimo de 
25% para os casos específicos lá tratados. É que, como dito, não cabe falar em criação, ma-
joração ou extensão de benefícios previdenciários ou assistenciais que não encontrem prévia 
previsão orçamentária, sob pena de se invalidar o princípio da prévia fonte de custeio previsto 
no art. 195, §5º, da CF/88 (“nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser cria-
do, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total”).
2. interpretação das normas de seguridade social
2.1. tipologia das normas de seguridade social
Já sabemos de onde surgem as normas, ou seja, já entendemos a classificação das fon-
tes de normas em fontes materiais e fontes formais; agora é hora de entender melhor, e mais 
a fundo, a norma previdenciária e suas nuances.
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Isso porque o direito da seguridade social, e em especial o Direito Previdenciário, trata de 
compartimentar muito bem certas etapas ou de alocar certas regras jurídicas as quais inci-
dem em pilares de sustentação, digamos, de toda a seguridade social.
Nessa base de percepções, temos normas que cuidam da entrada do segurado no re-
gime normativo de proteção social e, bem assim, de sua manutenção ou, ainda, extinção 
de seu vínculo jurídico com um determinado regime jurídico-previdenciário.
De outro lado, temos normas que somente cuidam da manutenção e da arrecadação dos 
sistemas de proteção social, especialmente no que troca ao seu custeio e financiamento.
Sobre isso, podemos nos fundamentar na doutrina de LAZZARI3, que muito bem sintetiza 
essa classificação com base em duas fontes doutrinárias, ambas bastante didáticas a meu 
ver e que, por isso mesmo, merecem nossa lembrança.
Vejamos.
A 1ª classificação é dada por FEIJÓ COIMBRA, citada por LAZZARI, que assim se subdivi-
de:
a) Normas de filiação, ou de vinculação, que dispõem sobre a formação, manutenção e 
dissolução do vínculo entre o indivíduo e a Previdência Social;
b) Normas de proteção, ou de amparo, cujo objeto é a concessão de prestação previden-
ciária;
c) Normas de custeio, de natureza tributária, que delimitam situações fáticas que se 
ocorridas geram uma relação jurídica tributária-previdenciária.
Já a 2ª classificação é dada por FÁBIO LOPES VILELA BERBEL4, e acrescenta duas espé-
cies àquelas acima indicadas, senão vejamos:
a) Normas de manutenção do valor real dos benefícios;
b) Normas de irredutibilidade dos benefícios.
3 Castro, Carlos Alberto Pereira de; Lazzari, João Batista. Manual de Direito Previdenciário (Locais do Kindle 2667-2671). 
Forense. Edição do Kindle.
4 BERBEL, Fábio Lopes Vilela. Teoria Geral da Previdência Social. São Paulo: Quartier Latin, 2005, pp. 115-117.
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2.2. as normas de seguridade social: direitos Fundamentais, máxima 
eFetividade e interpretação mais Favorável
Tratam-se, sempre, é bom lembrar, de normas de direito fundamental de 2ª dimensão, 
veiculadoras de direitos sociais. Sendo assim, é mais do que impositivo que o interprete da 
norma a leia com horizonte largo de sua efetividade, ou seja, lembrando-se do princípio da 
máxima efetividade dos direitos fundamentais.
Além disso, não se pode esquecer do princípio universal da proteção da dignidade da pes-
soa humana, que pode ser representado pelo axioma princípio lógicopro homine.
Nessa base de valores fundamentais, a leitura das normas acima, sejam elas de custeio, 
de filiação ou de regulação dos benefícios em si, necessariamente resultará na interpretação 
mais favorável à pessoa humana.
Claro, é bom registrar que essa interpretação mais favorável se volta para a norma e não 
para os fatos. Quero dizer com isso que a dúvida fática sobre a existência ou não de uma con-
dição jurídica que permita a concessão de um benefício não poderá resultar na procedência 
de um pedido unicamente por conta do princípio pro homine.
Não me refiro à dúvida dos fatos e, sim, à na interpretação da lei, ou melhor, à ambivalên-
cia hermenêutica da leitura da norma de seguridade social. Se houver mais de uma interpre-
tação possível, dentro dos métodos e modo de interpretação que vamos aprender, a escolha 
do intérprete devera recair naquela que seja mais favorável abstratamente à pessoa.
Assim, por exemplo, se em uma determinada ação previdenciária na qual se pretende pen-
são por morte, a companheira do instituidor do benefício não traz provas suficientes de sua 
relação de união estável, deixando, com isso, margem de dúvida razoável para o juízo decidir 
ao seu favor, a solução será a improcedência da ação. Isso porque a dúvida que favorece a 
pessoa, pelo princípio pro homine, não é a dos fatos, mas a dúvida, a ambivalência hermenêu-
tica em relação à norma em abstrato.
Esse dever interpretativo escorado no princípio pro homine também se escora em norma 
de caráter geral prevista no art. 5º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (a 
antiga Lei de Introdução ao Código Civil), cuja natureza, como se sabe, é de lex legum, ou seja, 
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lei das leis, com espeque no art. 5º, da LINDB, pois a interpretação da norma necessariamente 
se coadunará com os fins sociais a que ela se destina.
No caso, os fins sociais a que se destinam todas aquelas espécies de normas de segurida-
de social acima listadas serão os fins protetivos do direito fundamental à seguridade social.
2.3. a Hermenêutica clássica e constitucional das normas de 
seguridade social
Para estudarmos a interpretação das normas jurídicas do Direito da Seguridade Social, é 
preciso que seja lembrado que suas fontes formais mais proeminentes provêm diretamente 
da Constituição Federal de 1988 e, bem assim, das Emendas Constitucionais que já estuda-
mos no Capítulo I de nosso curso.
Quais são as Emendas Constitucionais que promoveram as reformas da previdência até hoje?
São as seguintes:
- Emenda Constitucional n. 3/93
- Emenda Constitucional n. 20/98;
- Emenda Constitucional n. 41/03;
- Emenda Constitucional n. 45/07;
- Emenda Constitucional n. 70/12;
- Emenda Constitucional n. 88/15;
- Emenda Constitucional n. 103/19.
A Emenda Constitucional n. 103/19 será objeto especial de nosso estudo em capítulo pró-
prio. Foi promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal5 no dia 
12/11/2019 (publicação no Diário Oficial da União no dia 13 de novembro de 2019).
5 Relembrando a “lei seca”, vejamos o art. 60, §3º, da CF/88:
“Art. 60. Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (...) § 3º A emenda à Constituição será promulgada 
pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem”.
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Apresentada pelo governo em fevereiro, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019 trami-
tou por seis meses na Câmara e quase três no Senado. O objetivo da medida, segundo o Executivo, 
é reduzir o déficit nas contas da Previdência Social. A estimativa de economia é de cerca de R$ 800 
bilhões em 10 anos6.
É muito importante perceber, portanto, que no estudo do Direito da Seguridade Social há 
esse peso das normas constitucionais, não sendo, por óbvio, suficiente o aprendizado dessa 
vasta disciplina jurídica tão somente por meio das leis (lei aqui empregada em sentido estri-
to).
Logo, ao abordarmos o tópico da interpretação das normas jurídicas presentes no Direito 
da Seguridade Social, precisamos ter em mente que há nessa temática um estudo comparti-
mentado em dois momentos: um relacionado à hermenêutica constitucional e outro relacio-
nado à hermenêutica clássica.
Estudar a interpretação das normas jurídicas, pois, é estudar a hermenêutica jurídica.
2.3.1. Hermenêutica Jurídica: Abordagens Preliminares.
Muito bem. Para ilustrar melhor o conhecimento do leitor, vale lembrar que a expressão 
hermenêutica tem sua etimologia derivada do grego “hermeneuein” (que significa declarar, 
anunciar e esclarecer).
Interessante, ainda, observar – para melhor fixação do conceito – que, no contexto filo-
sófico da mitologia grega, a etimologia da palavra “hermenêutica” também provém do deus 
Hermes, filho de Zeus e Maia, cuja divindade era, dentre outras, a de ser o intérprete e mensa-
geiro dos deuses.
E mais tarde, ainda nos primórdios da filosofia grega, Aristóteles foi além da mitologia e 
sistematizou o conceito da hermenêutica, a ciência da interpretação. Na origem, pois, lastre-
ando-se na filosofia grega, temos que a hermenêutica é um ramo da filosofia que estuda a 
interpretação.
Já no campo do Direito pós-moderno, a hermenêutica clássica se finca, contudo, para 
além das noções de bases puramente filosóficas, sendo delimitada por técnicas e métodos 
6 Extraído de: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/11/12/promulgada-emenda-constitucional-da-refor-
ma-da-previdencia, em 05/12/2019, às 09:12.
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de interpretação da norma jurídica. Essa técnicas e métodos são essenciais para o máximo 
alcance do que se pode conceber como sendo o justo, porque a subsunção da norma jurídica 
ao fato não pode decorrer simplesmente de automatismo, de um processo mecânico, extraí-
do mediante processo superficial de pura leitura mecanizada dos dispositivos dispersos em 
nosso ordenamento jurídico.
Há mais a se fazer do que isso para se atingir a vontade da lei, ou melhor, para se alcan-
çar o “espírito da lei” (acepção essa proveniente das palavras de Rudolph Von Ihering em 
sua obra referente à teoria do fim do direito, a qual trata do método teleológico, mais adiante 
abordado).
Sobre essa necessidade de aprofundamento interpretativo quanto ao fundo intelectivo do 
direito invocado, cabe lembrar, inclusive, que o antigo axioma jurídico relacionado à matéria 
de sucessões, do Direito Civil, “in claris cessat interpretatio” (“na clareza da lei, cessa a inter-
pretação”: axioma esse que remonta, no mínimo, ao período do Digesto, promulgado no ano 
de 530 d.C) não deve, realmente, ser a pedra de toque do hermeneuta jurídico.
É fundamental, pois, que a norma jurídica seja extraída de um conjunto técnicas e instru-
mentos que dão azo à razoável intepretação do correspondente dispositivo legal.
2.3.1.1. Sobre a Hermenêutica Jurídica Clássica
Nesse passo é que entram os conceitos de ELEMENTOS e MÉTODOS interpretativos da 
hermenêutica jurídica.
Cabe registrar, porém, que sobre essas designações (“elementos” e “métodos”) não há, em 
verdade, um absoluto consenso na doutrina acerca de suas particularizações classificatórias. 
Isso porque, conforme a doutrina de ANDRÉ RAMOS TAVARES7,
Inúmeros são os métodos, elementos e teorias apontados como aptos a serem utilizados pelo 
intérprete em sua atividade. Tais referências são sempre instrumentais, quer dizer, valem como 
meios de alcançar o conteúdo normativo apenas enunciado.
7 RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 10ª Edição, Revista e Atualizada, Editora Saraiva – São Paulo, 
pg. 104.
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Nada obstante, de um modo geral, é possível apontar que os denominados ELEMENTOS 
ou CRITÉRIOS interpretativos clássicos são os seguintes:
• O elemento GRAMATICAL (que permite a interpretação literal);
• O elemento LÓGICO (que permite a interpretação lógica, decorrente de processos racio-
nais dedutivos ou indutivos);
• O elemento HISTÓRICO (que permite a interpretação histórica, com base nos aconte-
cimentos históricos relacionados aos precedentes sociais, econômicos e políticos da 
atividade parlamentar que originou a norma, bem como as discussões relacionadas ao 
próprio processo legislativo em si da norma);
• O elemento SISTEMÁTICO (que permite a interpretação sistemática, ou seja, aquele que 
busca compatibilizar a norma a ser interpretada com o restante do ordenamento jurídi-
co, almejando situar a norma, objeto central da interpretação, no todo e, assim, extrair 
sua melhor normatividade);
• O elemento TELEOLÓGICO (que permite a interpretação teleológica ou finalística);
• O elemento SOCIOLÓGICO (que permite a visualização do contexto social e cultural dos 
destinatários da norma, visando, assim, ao atendimento dos fins sociais da lei, tal como 
previsto no art. 5º, da LINDB. Vale chamar à atenção ao fato de que a interpretação da 
norma pelo elemento sociológico tem sido associada à equidade. Veja-se, assim, que 
o conceito de equidade é tão fluido que ele pode figurar, a depender do ramo do Direito 
e da lei que o rege, como fonte do Direito, elemento de integração da norma jurídica – 
juntamente com a analogia, os costumes e os princípios de Direito – ou, por fim, como 
critério valorativo de interpretação social da norma).
Quanto aos MÉTODOS clássicos, eles podem variar quanto à origem da base intelectiva 
do processo interpretativo e são os seguintes.
• Quanto à origem:
– Método DOUTRINÁRIO, realizado pelos “doutos” (que permite a intepretação doutri-
nária);
– Método JURISPRUDENCIAL, realizado pelos juízes e tribunais (que permite a inter-
pretação jurisprudencial);
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– Método AUTÊNTICO, realizado pelo legislador (que permite a edição de uma lei inter-
pretativa).
• Quanto aos resultados:
– Método DECLARATIVO (que delimita o exato alcance da norma);
– Método EXTENSIVO (que estende o alcance da norma, quando essa disse menos do 
que deveria);
– Método RESTRITIVO (que restringe o alcance da norma, quando essa disse mais do 
que deveria).
Visto isso, vamos abordar, agora, as lições referentes à hermenêutica constitucional.
2.3.1.2. Sobre a Hermenêutica Constitucional
Afora os elementos e métodos clássicos acima vistos, cabe agora citar aquelas ferramen-
tas que compõem a hermenêutica constitucional.
Nesse sentido, para UADI LAMMÊGO BULOS8,
Os métodos modernos de interpretação constitucional nada mais são do que uma releitura de ve-
lhos artifícios hermenêuticos, como nova roupagem, de modo a se adaptarem às exigências das 
constituições modernas.
Como se vê, tais métodos não se diferenciam, na essência, daqueles clássicos, mas ape-
nas se adaptam e se disponibilizam sob nova roupagem conceitual, de acordo com as carac-
terísticas das Constituições atuais.
Cabe registrar, todavia, que é inegável uma observação sobre isso: é que nessa roupagem 
há uma preocupação maior dos teóricos, como se verá, em abordar a construção interpretati-
va da norma com a constante consideração da realidade social em que ela se insere.
Assim, com base nessas percepções, certamente é viável admitir que haja uma herme-
nêutica específica para o campo das normas constitucionais.
8 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 6ª ed. Rev. E atual. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 448.
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E, lembre-se: essa especificidade de metodologia hermenêutica decorre do fato de que no 
âmbito da norma constitucional não se pode olvidar, no decorrer do processo interpretativo, 
de certos axiomas que se que se consolidam como inflexíveis sobreprincípios, tais como a 
supremacia e a unidade da Constituição.
Além disso, a “utilização de normas abstratas, de princípios, o tratamento dos direitos 
fundamentais e dos poderes e a regulamentação da esfera política”9 impõem essas particula-
ridades ao interprete da norma máxima.
Em síntese, podemos arrolar os seguintes MÉTODOS específicos de INTERPRETAÇÃO DA 
NORMA CONSTITUCIONAL:
• MÉTODO CIENTÍFICO-ESPIRITUAL: também conhecido como método integrativo, sen-
do oriundo da doutrina alemã de Rudolf Smend, visa à aproximação do hermeneuta 
com a realidade fática a ser tutelada pela norma, de modo a efetivamente atender o 
“espírito” da Constituição, daí advindo o seu nome “científico-espiritual”;
• MÉTODO TÓPICO-PROBLEMÁTICO: doutrina de Theodor Viehweg que visa extrair a in-
terpretação da norma constitucional a partir do próprio problema, de modo que o senti-
do da lei, para essa teoria, não é latente em seu próprio texto, mas sim do problema em 
si e, de modo que somente a partir disso, pelo caráter aberto das normas constitucio-
nais, é que se encontra a melhor exegese;
• MÉTODO NORMATIVO-ESTRUTURANTE: doutrina de Friedrich Muller que pontua a in-
terpretação constitucional como sendo aquela que se extrai não apenas do texto da 
norma constitucional, mas também, e sobretudo, da realidade social, de modo que o 
“programa normativo” não se dissocia de sua perspectiva sociológica, sendo a única 
maneira de se alcançar o “enunciado normativo” constante daquele programa;
• MÉTODO HERMENÊUTICO CONCRETIZADOR: doutrina que visa à concretização da nor-
ma constitucional com vistas aos aspectos sociais, mas sem olvidar uma necessária 
pré-compreensão do interprete sobre os conceitos e matrizes constitucionais vigentes, 
9 RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 10ª Edição, Revista e Atualizada, Editora Saraiva – São Paulo, 
pg. 104.
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sendo esse o ponto de diferenciação com o método tópico-problemático, o qual dá su-
premacia interpretativa um movimento racional de análise que parte prioritariamente 
apenas do problema em si.
Para fixarmos o conhecimento, vamos ver uma questão sobre hermenêutica constitucio-
nal?
Registro que é bem difícil de encontrarmos uma questão como essa em provas objetivas 
relacionadas ao Direito da Seguridade Social, mas considero importante fixarmos esse con-
teúdo porque, em provas de segunda fase, a demonstração de conhecimento como esse pode 
alavancar, e muito, sua nota junto ao examinador, pois em questões discursivas, sim, é bem 
possível que possa ser exigido, ainda que tangencialmente, esse conhecimento.
Vamos ver a questão!
Questão 1 (CESPE/2017/PC-MT/DELEGADO DE POLÍCIA) O método de interpretação da 
Constituição que, por considerá-la um sistema aberto de regras e princípios, propõe que se 
deva encontrar a solução mais razoável para determinado caso jurídico partindo-se da situa-
ção concreta para a norma, é denominado método10
a) Hermenêutico clássico.
b) Científico-espiritual.
c) Tópico-problemático.
d) Normativo-estruturante.
e) Hermenêutico concretizador.
10 Letra c.
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3. aplicação das normas de seguridade social
3.2. sobre a subsunção da norma Jurídica
Para falar em aplicação das normas jurídicas, é preciso entender seu mecanismo lógico, 
que busca por uma ação intelectiva do interprete do texto da lei. Esse mecanismo lógicose 
chama subsunção jurídica, cuja operação parte da adequação de uma norma-tipo a um fato, 
a fim de se criar, no caso, uma norma-fato.
Trata-se, pois, de se obter nisso o que se denomina “silogismo jurídico”, por meio do qual 
se encaixa uma premissa menor (fato) em uma premissa maior (lei), extraindo-se disso uma 
conclusão que se traduz na norma jurídica aplicável ao caso.
A subsunção normativa é matéria, assim que permite a aplicação da norma jurídica. A 
subsunção promove a validade jurídica da norma ao caso, ou não, se for subsumida, aplicável 
e adequada, pois haverá validade da norma jurídica invocada como premissa maior para o 
caso; do contrário, não, sendo a norma jurídica invocada inválida para ser aplicável ao fato.
A chave, contudo, para se verificar se há esse silogismo jurídico está na interpretação da 
premissa maior, ou seja, no esgotamento da hermenêutica possível para a norma jurídica em 
abstrato potencialmente aplicável ao fato.
Pelos métodos interpretativos o hermeneuta dá validade ou não à norma conclamada.
Professor, hoje em dia, podemos falar que permanece com a mesma força essa operação 
de silogismo jurídico para se achar a validade da norma jurídica ao caso concreto?
NÃO. O método subsuntivo encontrou seu nascedouro no positivismo jurídico, com o for-
talecimento do Estado de Direito, sobretudo, após a Revolução Francesa.
Nesse contexto histórico, é que se consolidou o positivismo jurídico como produto do Es-
tado Legislativo, eis que os Estados Absolutistas haviam sido deixados para trás.
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3.3. sobre o positivismo Jurídico
Na era dos Estados Absolutistas, prevalecia a máxima “the King do not wrong”, de modo 
que não havia lei previamente definida, ressalvadas algumas exceções históricas, tais como 
a da Carta de João Sem Terra (The King John of England, que ficou conhecido por John La-
ckland, cuja tradução aproximada aponta para a expressão “João sem terra”, eis que não 
herdou nenhuma terra de seu pai Henrique II por ser o mais jovem de oito filhos11), ocasião na 
qual ficou demarcada a cláusula do “due processo of law”, para garantir o direito de proprie-
dade e barrar os excessos dos detentores do Poder.
Inaugurou-se, por meio da Magna Carta de João Sem Terra, em 1215, o sistema de 
garantias do cidadão contra o poder absolutista, iniciando-se, com isso, o que posterior-
mente convencionou-se chamar de Rule of Law, ou Estado de Direito (Le État de Droit).
Pela beleza da cláusula 39 da Magna Carta de João Sem Terra, peço licença para sua 
transcrição, em tradução livre:
Nenhum homem livre será detido ou preso, nem privado se seus bens, banido ou exilado ou, de 
algum modo, prejudicado, nem agiremos ou mandaremos agir contra ele, senão mediante um juízo 
legal de seus pares ou segundo a lei da terra.
Até aí – e, na verdade, por muito tempo depois ainda - não havia Constituição ou lei escrita 
que pudesse imprimir força limitadora ou balanceadora nos poderes supremos e soberanos 
do Rei, que conjugava nele todos os atributos do Poder Estatal (“legislava”, executava e jul-
gava).
Séculos mais tarde (século XIX), o positivismo jurídico consolidou-se no chamado Estado 
Legislativo, atribuindo-se, assim, um papel dominante, senão exclusivo, à legislação como 
fonte do direito. A Codificação Napoleônica passou ao expoente dessa nova era, de modo que 
a lei torna-se a fonte principal do Direito, exigindo-se, nessa toada, o exercício de subsunção 
normativa do aplicador da lei.
11 Cfr. Fábio Konder Comparado. A afirmação histórica dos direitos humanos, 2.ª ed., São Paulo: Saraiva, 2001, p. 67 et seq.; 
e Thiago Rodovalho. Do Direito Constitucional à Ampla e Efetiva Defesa na Assistência Judiciária Gratuita na Esfera Cri-
minal, in Revista Direitos Fundamentais & Democracia - Unibrasil, v.4, 2008, p. 1/22. Extraído de: https://www.conjur.com.
br/2015-jun-15/thiago-rodovalho-magna-carta-continua-inspirar-liberdades#_ftn12, em 05/12/2019, ás 16:15.
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Importante dizer, nesse contexto, que lei e justiça são termos sinônimos para os positi-
vistas, sendo que o Direito, nessa corrente jusfilosófica, é monista, ou seja, apresenta apenas 
uma fonte normativa (lei escrita). O “direito natural” para o positivismo seria apenas história, 
ou, no máximo, parte secundária da filosofia do Direito. Em síntese, para o positivismo, impé-
rio da lei, vige a dualidade “justiça X injustiça” em pé de igualdade valorativa com a dualidade 
“cumprimento da lei X descumprimento da lei”.
Por isso que o papel do juiz, ao exercer meramente a subsunção da norma jurídica no 
contexto jusfilosófico do positivismo, é meramente funcional, sendo, nas palavras de Montes-
quieau12, em sua obra o Espírito das Leis, apenas a “boca da lei” (“la bouche de la loi”).
Modernamente, falar sobre subsunção é falar, por fim, sobre a Teoria Pura do Direito, de 
Hans Kelsen, que nas primeiras linhas de sua obra afirmou que a “Teoria Pura do Direito é uma 
teoria do Direito Positivo”.
Professor, mas por que todo esse retrospecto sobre passagens históricas do positivismo?
Porque é importante você ter em mente que vivemos no pós-positivismo, cujo movimento 
neoconstitucionalista é o seu maior expoente, mediante o abandono da mera subsunção da 
norma positivada por outras teorias que retomam a argumentação jurídica. O silogismo jurí-
dico ainda opera para se extrair a aplicação da norma, mas é importante que o intérprete da lei 
esteja atento a outros influxos valorativos no momento da conjunção entre a premissa maior 
(lei) e premissa menor (fato).
3.4. a aplicação da “lei” no tempo
Aqui falamos dos efeitos que se pode cogitar da edição de uma nova lei em relação ao 
quadro normativo anterior. Assim, falamos em direito intertemporal.
Antes de qualquer coisa, para falarmos em direito intertemporal, é necessário que a lei, ou 
as leis, devem estar vigentes, o que se inicia com a publicação da respectiva norma no Diário 
12 “Mas os juízes da nação são apenas, como dissemos, a boca que pronuncia as palavras da lei; seres inanimados que não 
podem nem moderar a força nem o rigor dessas palavras.” (Do Espírito das Leis, Montesquieu, Martin Claret, São Paulo, 
2011, p. 175). Extraído de https://jornalggn.com.br/justica/la-bouche-de-la-loi-no-caso-do-triplex/, em 05/12/2019, às 
16:38.
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Oficial. A partir disso, considerado ainda o período de vacatio legis da lei, fala-se em vigência 
e vigor. Veja-se que um dos efeitos do direito intertemporal é que, conquanto uma lei possa 
ser revogada, nada impede que ela continue a ter vigor para certas e determinadas relações 
jurídicas aptas ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada.
Podemos ter o fenômeno da ultratividade, portanto, para algumas leis que já foram revo-
gadas, mas que continuam a surtir efeitos em casos específicos escorados na garantia fun-
damental prevista no art. 5º, inciso XXXVI, da CF/88.
Há, ainda, leis que são temporárias, vigendo apenas dentro de determinado período pre-
viamente indicado em seu texto legal.
Em regra, a lei previdenciária possui vigência imediata, mas, no campo do Direito da Segu-
ridade Social, há certas peculiaridades que devem ser observadas quando falamos de direito 
intertemporal.
3.4.1. As Normas-Custeio e Anterioridade Nonagesimal.
A primeira delas se refere às normas de seguridade social relacionadas ao custeio do sis-
tema de proteção social estatal, eis que, tratando-se de tema ligado à seara tributária, devem 
ser observados os princípios próprios dessa área. Com efeito, não é de se olvidar o princípioda anterioridade nonagesimal, que se reveste em verdadeira garantia constitucional, embora 
não explícita no art. 5º, da Constituição Federal de 1988.
Por essa garantia, em havendo criação de contribuição social, ou modificação que majore 
alguma contribuição social já existente, somente poderá haver sua incidência aos correspon-
dentes fatos geradores após 90 dias da publicação do veículo normativo que a introduziu em 
nosso ordenamento “
Isso está ocorrendo, por exemplo, na promulgação da Emenda Constitucional n. 103, de 
12 de novembro de 2019, relativamente ao aumento de alíquotas.
Após a promulgação da EC 103/19, todas as noveis regras atinentes aos benefícios, seus 
cálculos e demais matérias relativas à filiação, tempo de aposentadoria, entrarão imediata-
mente em vigor, notadamente porque, como já dito, basta a promulgação da Emenda Consti-
tucional, sendo desnecessária a sanção presidencial para a entrada da nova norma no mundo 
jurídico.
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A exceção fica com as alterações relacionadas ao aumento das alíquotas de contribuição 
previdenciária imposta aos segurados do RGPS e, também, dos regimes próprios da União, 
regras essas as quais somente poderão entrar em vigor efetivamente no dia 01/03/2020, con-
siderando os noventa dias exigidos pelo art. 195, §6º, da Constituição Federal de 1988.
Vejamos o dispositivo constitucional para a fixação da matéria:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos 
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
(...)
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos 
noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes apli-
cando o disposto no art. 150, III, “b”.
Logo, grave essa primeira peculiaridade relacionada à aplicação da lei no tempo quando 
se trata de norma de custeio da seguridade social. Em verdade, quando se tratar de qualquer 
norma de cunho tributário, obviamente, deverá ser observada a garantia fundamental da an-
terioridade nonagesimal.
3.4.2. Sobre a Vacatio Legis
Professor, como seria se as novas regras previdenciárias viessem em forma de lei, e não 
de emenda constitucional? Qual o seu prazo de vacatio legis?
Bom, nesse caso basta observar o comando de vacatio legis dado pela própria lei ou, em 
caso de silencio quanto a isso, o prazo dado pelo art. 1º, da Lei de Introdução às Normas do 
Direito Brasileiro (Decreto-Lei n. 4.657/42), ou seja, o prazo de 45 dias depois de oficialmente 
publicada.
Professor, já que a própria lei pode impor um determinado prazo, ou até mesmo determi-
nar a vigência imediata na data de sua publicação, poderia haver uma mescla disso, ou 
seja, dar prazos de vacatio legis diferenciados para certos artigos da própria lei?
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SIM, e isso não fere o princípio da isonomia, em regra, salvo se houver comprovação ma-
nifesta disso, ou seja, se não houve um discrímen razoável para desigualar prazos em função 
de desiguais.
Um exemplo recente disso é o da Lei n. 13.135, de 17 de junho de 2015, que promoveu 
reformas legais e pontuais em alguns benefícios do RGPS, em especial no auxílio-doença, 
aposentadoria por invalidez e, sobretudo, na pensão por morte.
A Lei n. 13.135/15 previu em seu art. 6º prazos diferenciados de vacatio legis para certos 
dispositivos, notadamente por conta da proteção, razoável, de deficientes intelectuais e men-
tais.
Vejamos, para sua fixação sobre o tema, inclusive porque houve relevantíssimas altera-
ções com essa lei, valendo seu estudo via “lei seca” de modo bem pontual:
Art. 6º Esta Lei entra em vigor em:
I – 180 (cento e oitenta) dias a partir de sua publicação, quanto à inclusão de pessoas com defi-
ciência grave entre os dependentes dos segurados do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) 
e do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) previstos na Lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 
1990;
II – 2 (dois) anos para a nova redação:
a) do art. 16, incisos I e III, e do art. 77, § 2º, inciso IV, da Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991, em 
relação às pessoas com deficiência intelectual ou mental;
b) do art. 217, inciso IV, alínea “c”, da Lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 1990;
III – na data de sua publicação, para os demais dispositivos.
(...)
Brasília, 17 de junho de 2015; 194º da Independência e 127º da República.
Visto isso, vamos enfrentar um caso específico, relacionado ao estudo de outro princípio.
Bom, primeiro vamos abordar esse outro princípio.
3.4.3. O Princípio da Irretroatividade da Lei de Seguridade Social
Pois bem, trata-se do princípio da irretroatividade, sendo aplicável ainda que haja, como 
no Direito Penal, norma mais benéfica para o segurado ou beneficiário da seguridade social.
Ou seja, não importa se a nova lei vai beneficiar o segurado, ela jamais retroagirá.
Em verdade, na prática, isso seria bem difícil, pois como já estudamos e já percebemos, 
a tendência normativa global é de retirar cada vez mais benefícios de seguridade social do 
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encargo estatal, passando boa parte dessa responsabilidade social para a própria sociedade 
e, bem assim, para instituições privadas.
3.4.4. O Princípio Tempus Regit Actum
Igualmente, por óbvio, a lei nova também não retroagirá para prejudicar qualquer situação 
jurídica já consolidada, notadamente porque se deve ter em mente o princípio do tempus regit 
actum em matéria relacionada aos benefícios da seguridade social.
Assim, suponhamos, por exemplo, que uma senhora pretenda requerer benefício de pen-
são por morte junto ao INSS. O pedido se deve ao óbito de seu esposo, cujo falecimento ocor-
reu em 16 de junho de 2015, enquanto que o requerimento junto ao INSS ocorreu em 18 de 
junho de 2015. A referida senhora, ao promover o pedido, juntou sua certidão de casamento, 
demonstrando que o enlace matrimonial já havia sido realizado há dez anos. Todavia, sua 
idade ainda não era muito avançada, contando apenas com 38 anos.
O INSS, ao apreciar o pedido, decidiu pela concessão do benefício pleiteado, mas limitou 
seu gozo a 15 anos, já que a requerente possuía ao tempo do óbito mais de 30 e menos de 40 
anos de idade, fazendo incidir o disposto no art. 77, §2º, inciso V, alínea “c”, item 4, da Lei n. 
8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 13.135/15.
Pergunta a você: o INSS agiu corretamente?
NÃO, eis que a data do óbito é o marco temporal para se verificar qual a legislação aplicá-
vel em termos de concessão de beneficio previdenciário.
Ora, se o óbito ocorreu no dia 16 de junho de 2015, um dia, portanto, antes da vigência 
da Lei n. 13.135/2015, não há que se falar em restrição temporal do benefício de pensão por 
morte à requerente, nada importando, no caso, se o requerimento se deu já na vigência da lei 
nova.
Cabe frisar que a Lei n. 13.135/15 foi fruto da conversão da Medida Provisória n. 664, de 
31 de dezembro de 2014, mas a vigência dessa medida provisória, mesmo com a prorrogação 
prevista no art. 62, §3º, da CF/88, alcançou somente o dia 01/06/2015.
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Consequentemente, de 02/06/2015 a 16/06/2015, não havia em nosso ordenamento jurí-
dico qualquer norma vigente da MP 664/14 e, tampouco, existia inovação legal dada pela Lei 
n. 13.135/15. Diante desse vácuo detectado na conversão da medida provisória em lei, claroestá que as regras da pensão por morte anteriormente previstas na Lei n. 8.213/91 é que de-
veriam ser aplicadas ao caso da requerente citada em nosso exemplo.
Nesse passo, não havia nenhuma limitação ao prazo de fruição do benefício de pensão 
por morte, independentemente da idade em que o cônjuge contava no momento do óbito do 
instituidor da pensão, sendo essa vitalícia.
Professor, há alguma exceção à regra da irretroatividade da lei em matéria de Direito da 
Seguridade Social?
3.4.5. Exceções à Irretroatividade
SIM, quando falarmos em normas de custeio, pode haver retroatividade da lei, já que se 
trata, na essência de lei de natureza tributária neste tocante. Com isso, deve-se observar o 
disposto no art. 106, do Código Tributário Nacional, que assim replico para você aqui:
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I – em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalida-
de à infração dos dispositivos interpretados;
II – tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que 
não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prá-
tica.
Bom, antes de explicar o dispositivo acima, é importante você lembrar que a irretroati-
vidade é regra também na seara tributária e, com efeito, na seara das normas de custeio de 
seguridade social.
A doutrina de HUGO DE BRITO MACHADO13 salienta o seguinte a respeito do princípio da 
irretroatividade da lei tributária:
13 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 27ª ed. São Paulo: Ed. Malheiros, 2006.
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Como expressão do princípio da segurança jurídica a irretroatividade é preceito universal.
Faz parte da própria ideia do Direito. Ocorre que o legislador poderia, por razões políticas, elaboras 
leis com cláusulas expressas determinando sua aplicação retroativa.
Então, para tornar induvidosa a desvalia de tais retroativas e para dar segurança jurídica, erigiu-se 
este princípio em norma da Lei Maior, segundo a qual é vedada a cobrança de tributos ‘em relação 
a fatos geradores ocorridos antes do início da lei que os houver instituído ou aumentado.
Na Constituição Federal de 1988, o art. 150, inciso III, expressa claramente que é vedado à 
União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios cobrarem tributos “em relação a fatos 
geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado”.
Muito bem, no que toca à retroatividade da lei interpretativa, essa somente ocorrerá se 
houver benefício fiscal no entendimento de norma tributária já existente. A lei interpretativa 
não veicula conteúdo novo no ordenamento jurídico, mas explica e clarifica preceito normati-
vo já existente. Daí que, por preservação do princípio da não surpresa em matéria fiscal, bem 
como da própria anterioridade da norma tributária, somente pode incidir nos fatos geradores 
anteriores se não for realmente impositiva de sanção fiscal.
Vejamos o que diz a clássica doutrina de VICENTE RAO14 a respeito do tema das leis in-
terpretativas:
Fala-se frequentemente em leis interpretativas, como leis que retroagem.
A lei interpretativa, entretanto, não contém disposição nova, não cria nem reconhece relações an-
tes inexistentes, apenas declara o sentido fiel da lei anterior e, por isso, o tempo do início de seus 
efeitos se confunde com o da lei interpretada, ou esclarecida, com a qual passa a confundir-se.
Não criando direito novo não pode provocar conflito com outra lei anterior, pois o conflito das leis 
no tempo é, em última análise, um conflito de competência, um conflito material, entre leis diversas.
As normas de custeio da Seguridade Social que eventualmente veicularem sentido inter-
pretativo a alguma outra norma tributária anterior terão retroatividade, ressalvada a imposi-
ção de penalidade em razão da nova interpretação dada.
Obviamente se trata de regra protetiva, ou seja, se for para beneficiar retroagirá.
Observe, contudo, que há de ser observado o conceito de “ato não definitivamente julgado” 
para, então, autorizar a retroatividade da lei previdenciária de custeio (lei tributária) a algum 
fato gerador anterior à vigência da lei nova beneficiadora.
14 RAO, Vicente. In O Direito e a Vida dos Direitos, 3º edição, vol. 1, pág.337.
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O “ato não definitivamente julgado” é aquele no qual pende impugnação administrativa 
dentro do processo administrativo tributário regulado pelo Decreto n. 70.235/72, o qual dis-
põe “sobre o processo administrativo fiscal, e dá outras providências”. Além disso, não pode 
haver também pendencia de apreciação da matéria na via judicial, sendo que a expressão 
“não definitivamente julgado” é ampla e inclui, igualmente, a instancia judicial.
Um exemplo não raro nas lides da Justiça Federal se refere ao argumento de que a Lei n. 
8.870/94, por ser supostamente interpretativa, teria o condão de retroagir para alcançar os 
fatos geradores delineados sob a égide da Lei n. 8.212/91, no que toca ao recolhimento de 
contribuições previdenciárias para o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL).
Veja bem: a Lei n. 8.870/94 foi editada com alíquotas mais benéficas, de 1,7%, para o re-
colhimento das contribuições ao fundo, contribuições essas que após a CF/88 passaram a 
ser previstas na Lei n. 8.212/91, cuja alíquota era de 3% e, após a edição da Lei n. 8.540/92, 
foi reduzida para 2%.
Intentava-se, por parte dos empregadores rurais, a declaração de inconstitucionalidade 
da imposição das contribuições por meio de lei ordinária, em vista do disposto no art. 194, 
§4º, c/c art. 154, inciso I, ambos da Constituição Federal de 1988 (dispositivos esses que se 
referem à possibilidade de criação de novas fontes de custeio da seguridade social, desde que 
assim se faça por meio de lei complementar).
Mas um argumento subsidiário era o de que a Lei n. 8.870/94, ao reduzir as alíquotas da 
contribuição ao FUNRURAL, estava em verdade interpretando a norma anterior, dada pela Lei 
n. 8.212/91. Sendo assim, as alíquotas deveriam ser menores desde a edição dessa lei.
O argumento não colou, por óbvio, eis que a Lei n. 8.870/94 criou nova disposição norma-
tiva e, absolutamente, não possuía nenhum aspecto interpretativo que permitisse o uso, no 
caso, do art. 106, inciso I, do Código Tributário Nacional.
Já que tocamos nesse assunto, apenas uma síntese do que era a contribuição ao Fun-
rural. A contribuição ao Funrural é imposta aos produtores rurais pessoas físicas e jurídicas, 
bem como aos segurados especiais, embora para esses últimos apenas incide a contribuição 
sobre o resultado de sua produção, ou seja, aquilo que sobejar o necessário à manutenção de 
seu regime de economia familiar (regime de subsistência).
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Em breve síntese (vamos estudar melhor essa questão em capítulo próprio relacionado ao 
custeio da seguridade social), os produtores rurais, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, 
não contribuem com a alíquota de 20% sobre sua folha de salários, mas com o percentual de 
2,1% (produtor rural pessoa física) e 2,6% (produtor rural pessoa jurídica).
Além disso, o tributo incide apenas quando houver produção, de modo que o fato gerador 
é o resultado da comercialização da produção.
Por outro lado, embora haja alíquotas diferenciadas que substituem a cota patronal da 
contribuição previdenciária, incide normalmentea contribuição previdenciária no que se re-
fere à cota do empregado, a qual deve ser recolhida sob as alíquotas que variam de 8% a 11% 
sobre a folha de salários do empregado rural.
O entendimento sobre a constitucionalidade da cobrança do FUNRURAL passou por dois 
julgamentos no Supremo Tribunal Federal, um em 2010, outro em 2017. No primeiro julga-
mento, o STF considerou que a referida contribuição social não poderia ter sido implementada 
via lei ordinária e reconheceu a inconstitucionalidade da Lei n. 8.540/92 (lei essa que alterava 
a Lei n. 8.212/91, para instituir a cobrança da contribuição ao referido fundo).
Já no julgamento de 2017, o Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o Recurso Extraordi-
nário n. 718.874, entendeu pela constitucionalidade da contribuição ao Funrural pelo empre-
gador rural pessoa física ou jurídica. A Suprema Corte, nessa oportunidade, reconheceu como 
constitucional uma lei ordinária. Isso porque a Lei n. 10.256/01 foi editada após a vigência 
da Emenda Constitucional n. 20/98, que inclui no texto da Constituição Federal de 1988, di-
retamente, a possibilidade de incidência da contribuição sobre a receita bruta decorrente do 
resultado da produção daqueles empregadores. (art. 195, §8, da CF/8815).
Com relação aos segurados especiais, há um recurso extraordinário afetado sob o regime 
de repercussão geral que abordará a constitucionalidade da contribuição sobre aquela cate-
goria de trabalhador rural.
Vejamos a ementa do julgado:
15 § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, 
que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a segu-
ridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos 
benefícios nos termos da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 20, de 1998)
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Ementa: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. SEGURADO ESPECIAL. 
ARTIGO 195, § 8º, DA CF/88. RESULTADO DA COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO. ART. 25 
DA LEI 8.212/91, DESDE SUA REDAÇÃO ORIGINÁRIA. RECEITA BRUTA. BASE DE CÁLCULO. 
AUSÊNCIA DE IDENTIDADE. NECESSIDADE DE LEI COMPLEMENTAR. RECONHECIMENTO 
DA INCONSTITUCIONALIDADE DE DISPOSITIVOS DA LEI 8.212/91. EFEITOS REPRISTINA-
TÓRIOS. Possui repercussão geral a questão atinente à constitucionalidade da contribuição 
a ser recolhida pelo segurado especial, prevista no art. 25 da Lei 8.212/1991, desde a sua 
redação originária, diante da ausência de identidade de sua base de cálculo (receita bruta) 
com a prevista no art. 195, § 8º, da Constituição Federal (resultado da comercialização).
(RE 761263 RG, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, julgado em 24/04/2014, PROCESSO 
ELETRÔNICO DJe-091 DIVULG 13-05-2014 PUBLIC 14-05-2014 )
3.4.6. Interpretação Normativa Desfavorável e Norma de Transição.
Professor, e quando houver interpretação desfavorável que gere novo dever para a parte, 
o que ocorre? Essa interpretação se aplica de imediato?
NÃO. E a resposta para essa indagação pode ser encontrada diretamente no art. 23, da 
LINDB, senão vejamos:
Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orien-
tação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condiciona-
mento de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever 
ou condicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem 
prejuízo aos interesses gerais.
Logo, se a lei interpretativa for desfavorável, isto é, impor novas obrigações ou dar novo 
condicionamento para a invocação do direito em questão, seja na seara administrativa, con-
troladora ou judicial, deverá haver a fixação pela autoridade julgadora de um regime norma-
tivo de transição, a fim de que não haja violação ao princípio da boa-fé objetiva, da não sur-
presa e, bem assim, do próprio postulado do devido processo legal, seja ele em sua acepção 
formal ou substancial.
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3.4.7. Considerações Acerca do art. 5º, XXXVI, da CF/88 na Seguridade So-
cial
É de se concluir, ao perceber todas essas nuances, princípios e casos práticos de aplicação 
da lei no tempo, que a pedra angular de todo esse sistema de consideração intertemporal da 
norma jurídica se fixa no art. 5º, inciso XXXVI, da CF/88: “XXXVI - a lei não prejudicará o direito 
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; ”
No caso da seguridade social, temos exemplos de consideração pratica dessas garantias, 
conforme os tópicos que seguem.
3.4.7.1. O Direito Adquirido
Se houver, por exemplo, a concessão de aposentadoria por idade no regime da lei pre-
videnciária antes das reformas advindas com a Emenda Constitucional n. 103/19, as novas 
normas constitucionais que impõem idade mínima para a aposentadoria por idade do tra-
balhador urbano (para os homens, a idade mínima continua sendo de 65 anos, mas para as 
mulheres a idade mínima aumentou para 62 anos), o direito adquirido protege a concessão 
anterior.
Assim, não haveria como a lei retroagir para quebrar o direito que já se encontra incorpo-
rado ao patrimônio da segurada, eis que nada norma anterior ela já havia cumprido todos os 
requisitos para a aposentadoria por idade, ou seja, 60 anos e 180 meses de carência.
O que importa observar aqui é que não importa se a segurada citada no exemplo não te-
nha exercido ainda seu direito à concessão de aposentadoria por idade nos moldes da norma 
anterior. Ou seja, para ela garantir a incorporação do direito a tal benefício ao seu patrimônio 
jurídico, não será necessário que a concessão tenha se dado antes da Emenda Constitucional 
n. 102/19.
Tampouco será necessário que o respectivo requerimento administrativo junto ao INSS 
tenha sido feito antes daquela emenda constitucional. O que vai ser determinante para se 
falar em direito adquirido à aposentadoria nos moldes da norma anterior é a verificação, no 
caso, de que todos os elementos constitutivos do direito esperado já tenham sido cumpridos 
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e satisfeitos pelo seu sujeito ativo. Se sim, aí sim, e desde já, estaremos falando de direito 
incorporado ao patrimônio jurídico da pessoa e legislação nova não poderá retirar tal incor-
poração, sob pena de lesão direta ao art. 5º, inciso XXXVI, da CF/88, logo lesão direta a direito 
fundamental.
Sobre o tema do direito adquirido, vale a lembrança da lição da valiosa e clássica doutrina 
de JOSÉ AFONSO DA SILVA16, senão vejamos, para sua melhor fixação do tema:
(...) para compreendermos melhor o que seja direito adquirido, cumpre relembrar o que se disse 
acima sobre o direito subjetivo: é um direito exercitável segunda a vontade do titular e exigível na 
via jurisdicional quando seu exercício é obstado pelo sujeito obrigado à prestação correspondente.
Se tal direito é exercido, foi devidamente prestado, tornou-se situação jurídica consumada (direito 
consumado, direito satisfeito, extinguiu-se a relação jurídica que o fundamentava (...)
Se o direito subjetivo não foi exercido, vindo a lei nova, transforma-se em direito adquirido, porque 
era direito exercitável e exigível à vontade de seu titular. Incorporou-se no seu patrimônio, para ser 
exercido quando lhe conviesse.
A lei nova não pode prejudicá-lo, só pelo fato do titular não o ter exercido antes.
Direito adquirido, é, pois, o direito já incorporado no patrimônio do titular no momento da entrada 
em vigor de lei nova, que não pode prejudicá-lo, porque ele recebe proteção direta e plena

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