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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
PREVIDENCIÁRIO
Fontes do Direito da Seguridade Social
Livro Eletrônico
2 de 152https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Frederico Martins
Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Saúde, Previdência e Assistência . ........................................................................................................... 4
1. Fontes do Direito da Seguridade Social . ........................................................................................... 4
1.1. Conceito e Classificações . .................................................................................................................... 4
1.2. Espécies de Fontes Formais do Direito da Seguridade Social . ........................................... 5
1.3. Síntese das Fontes Formais e Materiais do Direito da Seguridade Social. . ................ 11
1.4. A Força Normativa dos Princípios . .................................................................................................13
2. Interpretação das Normas de Seguridade Social . .................................................................... 14
2.1. Tipologia das Normas de Seguridade Social . ........................................................................... 14
2.2. As Normas de Seguridade Social: Direitos Fundamentais, Máxima Efetividade 
e Interpretação mais Favorável . .............................................................................................................16
2.3. A Hermenêutica Clássica e Constitucional das Normas de Seguridade Social . .........17
3. Aplicação das Normas de Seguridade Social . ..............................................................................24
3.2. Sobre a Subsunção da Norma Jurídica . .......................................................................................24
3.3. Sobre o Positivismo Jurídico ........................................................................................................... 25
3.4. A aplicação da “Lei” no Tempo . ...................................................................................................... 26
3.5. A Aplicação da “Lei” no Espaço .......................................................................................................58
4. Antinomias Normativas . .......................................................................................................................61
4.1. Os Critérios de Solução em Caso de Conflito de Normas . .................................................. 62
5. Integração das Normas de Seguridade Social .............................................................................69
5.1. A Analogia . ............................................................................................................................................... 70
5.2. Os Costumes . ......................................................................................................................................... 76
5.3. A Equidade . .............................................................................................................................................. 79
5.4. Os Princípios Gerais de Direito . .....................................................................................................84
6. Eficácia das Normas de Seguridade Social . .................................................................................84
***
C
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C
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SO
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divisão
de custos
ClIqUe PaRa InTeRaGiR
Facebook
Gmail
Whatsapp
3 de 152https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Frederico Martins
Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
6.1. Os Planos de Checagem da Norma Jurídica ...............................................................................84
6.2. A Eficácia Social e Técnica da Norma de Seguridade Social . .............................................85
6.3. Classificação das Normas Quanto a sua Eficácia . ................................................................86
Resumo . .............................................................................................................................................................88
Questões de Concurso . ............................................................................................................................ 105
Gabarito . .......................................................................................................................................................... 115
Gabarito Comentado . .................................................................................................................................116
Referências . .................................................................................................................................................. 148
***
4 de 152https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Frederico Martins
Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
SAÚDE, PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA
Fontes do Direito da Seguridade Social. Conceito, classificações e espécies. Força nor-
mativa dos princípios e o pós-positivismo. Interpretação, aplicação, integração e eficácia das 
normas de Seguridade Social. Hermenêutica jurídica clássica e constitucional. Direito inter-
temporal. Direito adquirido e expectativa de direito na seara da Seguridade Social. O ato jurídi-
co perfeito e a coisa julgada. Aplicações práticas no Direito da Seguridade Social. Antinomias 
normativas e critérios de solução. Considerações acerca do princípio pro misero em relação 
ao critério hierárquico. Integração das normas jurídicas: analogia, costumes, equidade e prin-
cípios gerais de Direito em meio às normas de Seguridade Social. Eficácia das normas de 
Seguridade Social.
1. Fontes do direito da seguridade social
1.1. conceito e classiFicações
Fonte do direito é a origem de onde nasce a normatividade, dotada de bilateralidade, gene-
ralidade, abstratividade, imperatividade e coercibilidade, relativa a um determinado ramo de 
nosso ordenamento jurídico.
As fontes do direito podem ser materiais ou formais. Na doutrina de Kelsen, a fonte 
material unicamente aceitável é aquela que provem da vontade do Estado, ou seja, da 
vontade do legislador. Dessa forma, não haveria espaço para outras fontes materiais que 
não fossem aquelas tecnicamente extraídas da vontade do legislador.
Em verdade, não é possível mais concordar com esse posicionamento, já que em um regi-
me democrático há de se considerar diversos instrumentos efetivadores da vontade popular 
e, bem assim, de cada parcela da sociedade. As fontes materiais não podem se resumir uni-
camente à vontade do legislador em uma era de constitucionalismo pós-moderno, na qual a 
sociedade é também intérprete da Constituição (Peter HARBELE, por exemplo, leciona acerca 
da sociedade aberta dos interpretes da Constituição).
***
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Frederico Martins
Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Já as fontes formais são aquelas que derivam do processo legislativo ou, em alguns ca-
sos, ou melhor, em algumas ciências jurídicas, também dos costumes, o que não é o caso 
do Direito Previdenciário, ramo esse de nosso ordenamento jurídico que somente admite a 
expressão formalizada da lei, por meio de lei em sentido estrito, bem como por decretos e 
regulamentos.
Por óbvio que não podemos esquecer as normas advindas da Constituição, fonte formal 
de suprema posição nesse rol de fontes formais.
Além das normas do poder constituinte originário, também se devem incluir no rol de fon-
tes formais de suprema categoria as emendas constitucionais que advieram após a promul-
gação da Constituição de 1988.
Em seguida, temos as leis complementares, ordinárias e delegadas. Por fim, as medidas 
provisórias.
1.2. espécies de Fontes Formais do direito da seguridade social
De início, cabe anotar duasobservações importantes sobre as fontes formais de caráter 
infralegal: (i) elas não podem contrariar a lei, sob pena de exorbitarem de seu poder regula-
mentar; (ii) criam efeito vinculante para a própria administração pública, ressalvado, claro, o 
poder de autotutela, ou seja, de a administração revogar ou anular seus próprios atos admi-
nistrativos quando inconvenientes ou contrários à lei.
As principais leis em sentido estrito no âmbito da seguridade social, ou seja, as principais 
fontes formais do Direito da Seguridade Social são:
• Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991: dispõe sobre a organização da seguridade social, 
institui plano de custeio, e dá outras providências.
• Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991: dispõe sobre os planos de benefícios da Previdên-
cia Social e dá outras providências.
• Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993: dispõe sobre a organização da assistência so-
cial e dá outras providências.
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Frederico Martins
Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
• Lei n. 9.717, de 27 de novembro de 1998: dispõe sobre regras gerais para a orga-
nização e o funcionamento dos regimes próprios de previdência social dos ser-
vidores públicos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, dos 
militares dos estados e do Distrito Federal e dá outras providências.
• Lei n. 10.779, de 25 de novembro de 2003: dispõe sobre a concessão do benefício de 
seguro desemprego, durante o período de defeso, ao pescador profissional que exerce 
a atividade pesqueira de forma artesanal.
• Lei n. 12.101, de 27 de novembro de 2009: dispõe sobre a certificação das entidades 
beneficentes de assistência social; regula os procedimentos de isenção de contribui-
ções para a seguridade social; altera a Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993; revoga 
dispositivos das Leis nos 8.212, de 24 de julho de 1991, 9.429, de 26 de dezembro de 
1996, 9.732, de 11 de dezembro de 1998, 10.684, de 30 de maio de 2003, e da Medida 
Provisória no 2.187-13, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.
• Lei n. 12.618, de 30 de abril de 2012: institui o regime de previdência complementar 
para os servidores públicos federais titulares de cargo efetivo, inclusive os membros 
dos órgãos que menciona; fixa o limite máximo para a concessão de aposentadorias 
e pensões pelo regime de previdência de que trata o art. 40 da Constituição Federal; 
autoriza a criação de 3 (três) entidades fechadas de previdência complementar, deno-
minadas Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder 
Executivo (Funpresp-Exe), Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público 
Federal do Poder Legislativo (Funpresp-Leg) e Fundação de Previdência Complementar 
do Servidor Público Federal do Poder Judiciário (Funpresp-Jud); altera dispositivos da 
Lei n. 10.887, de 18 de junho de 2004; e dá outras providências.
• Lei Complementar n. 142, de 8 de maio de 2013: regulamenta o § 1º do art. 201 da 
Constituição Federal, no tocante à aposentadoria da pessoa com deficiência segurada 
do Regime Geral de Previdência Social - RGPS.
• Lei Complementar n. 152, de 3 de dezembro 2015: dispõe sobre a aposentadoria com-
pulsória por idade, com proventos proporcionais, nos termos do inciso II do § 1º do art. 
40 da Constituição Federal.
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Frederico Martins
Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Quanto às leis complementares, no Direito da Seguridade Social elas, estão previstas ape-
nas no art. 195, §4º, c/c art. 154, inciso I, ambos da CF, que diz que a “lei poderá instituir outras 
fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social”.
Já as leis delegadas, embora previstas de modo indistinto no art. 68, da CF/88, para qual-
quer ramo do Direito (com as vedações, entretanto, anotadas no §1º, e incisos do referido 
artigo), na prática não existem no campo previdenciário ainda.
De outro lado, as medidas provisórias são bastante frequentes na seara do Direito da 
Seguridade Social, conquanto nem sempre venham dotadas dos requisitos de relevância e 
urgência para suas edições.
Os decretos legislativos podem ser vistos, por vezes, como fonte formal do Direito da Se-
guridade Social, eis que são os instrumentos normativos que permitem a veiculação interna 
de tratados, convenções e acordos internacionais. Permite-se, com os decretos legislativos, 
a expansão do chamado bloco de constitucionalidade em matéria de Direito da Seguridade 
Social.
Parcela da doutrina aponta essa possibilidade como comprovadora de que há fontes do 
direito internacional no campo do direito previdenciário, escorando-se, inclusive, na previsão 
do art. 85-A, da Lei n. 8.212/91, cuja redação diz que os
Tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro ou organismo in-
ternacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria previdenciária, serão interpretados 
como lei especial.
Como exemplo de tratado ratificado pelo Brasil, pode-se citar o referente à participação 
brasileira na criação da OIT – Organização Internacional do Trabalho —, o que restou interna-
lizado em nosso ordenamento jurídico por meio do Decreto Legislativo n. 269, de 18/09/2008. 
No campo do Direito da Seguridade Social, interessante observar que essa convenção indica 
as 9 contingências sociais clássicas para que um sistema de seguridade social de um país 
signatário possa ser valido, quais sejam: auxílio-doença, assistência médica, amparo ao de-
semprego, acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, velhice, invalidez, morte, materni-
dade e subsídios familiares.
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8 de 152https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Frederico Martins
Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Na base de normas regulamentares, o Decreto n. 3.048/99 é o mais importante ato do Po-
der Executivo na seara do Direito Previdenciário, explicitando e detalhando o conteúdo legal 
presente na Lei n. 8.213/91.
Ainda no campo infralegal, temos também como fonte formal do Direito da Seguridade 
Social, as Portarias, as Instruções Normativas, as Ordens de Serviço de Ministérios relacio-
nados à arrecadação e concessão e benefícios e programas da seguridade social, bem como 
as Resoluções do Conselho Nacional da Previdência Social e, por fim, eventuais pareceres 
internos.
Professor, os costumes são fontes formais do Direito da Seguridade Social?
NÃO, os costumes não são fontes formais do direito previdenciário ou mesmo da seguri-
dade social, na medida em que a estrita legalidade é princípio que não se pode olvidar nesta 
seara, tanto pelo fato de que os atos e programas de seguridade social são emanados da ad-
ministração pública, quanto pelo fato de que sempre há de se considerar a exata e correspon-
dente prévia fonte de custeio para que uma nova contingencia social seja atendida ou ainda 
ampliada no espectro de cobertura de proteção social estatal.
E a jurisprudência é fonte do Direito da Seguridade Social?
Para certa parte da doutrina, como LAZZARI1, não pode ser considerada fonte formal do 
Direito, senão o seguinte:
No sistema de civil law, a fonte primordial é a norma legislada, 15 de modo que os órgãos judiciais, 
ainda que atuando na lacuna da lei, não criam direito, apenas suprindo a ausência de norma es-
pecífica, ou seja, não gerando qualquer precedente vinculativo, nem mesmo quando da edição de 
enunciados de súmula de jurisprudência dominante dos Tribunais.
(...)
A jurisprudência é, portanto, critério – importante, muitas vezes fundamental – de integração das 
normas jurídicas, observando-se qual tenha sido a conclusão a que chegaram os órgãos julgado-
res.
1 Castro, Carlos Alberto Pereira de; Lazzari, João Batista. Manual de Direito Previdenciário (Locais do Kindle 2590-2593). 
Forense. Edição do Kindle.
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9 de 152https://www.facebook.com/groups/2095402907430691Frederico Martins
Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Assim, para LAZZARI, a jurisprudência é mero meio de integração do Direito, nada se re-
velando como fonte formal da norma previdenciária, sobretudo em sistema jurídico como o 
nosso baseado no modelo de civil law.
Já para outra parte da doutrina, como ZAMBITE, a jurisprudência seria, sim, fonte formal 
do Direito da Seguridade Social, mormente em se considerando que estamos hoje a meio 
caminho de um modelo de civil law para um modelo commom law, com o ganho de força nor-
mativa cada vez maior dos precedentes judiciais. Não que tenhamos vivido hoje um sistema 
brasileiro de common law, mas é inegável que hoje temos fortes traços em nosso sistema 
processual que dão proeminência vinculante aos precedentes judiciais.
Vejamos mais algumas indagações importantes.
A súmula vinculante é fonte do Direito?
A súmula vinculante é, de fato, o maior expoente da transição acima, eis que cria nova 
fonte do Direito a partir de decisão do Supremo Tribunal Federal, encontrando guarida cons-
titucional por meio do art. 103-A, da CF/88.
As decisões sumuladas do Conselho de Recursos da Previdência Social são fontes do 
Direito da Seguridade Social?
São fontes formais do Direito da Seguridade Social e possuem efeito vinculante no âmbito 
interno da Administração Pública.
A doutrina é fonte do Direito da Seguridade Social?
Não se mostra como fonte formal da seguridade social, servindo apenas como instrumen-
to de interpretação da norma jurídica. Trata-se apenas de modo interpretativo, pertencendo, 
assim, à temática da hermenêutica jurídica, não a das fontes do Direito.
Para ZAMBITE, contudo, a doutrina poderia ser fonte formal do Direito da Seguridade so-
cial, pois influencia a criação das leis e também a atividade judicante dos magistrados. Nada 
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10 de 152https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Frederico Martins
Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
obstante, na medida em que a doutrina não possui traço de coercibilidade, ou seja, não pode 
impor o cumprimento de determinada norma derivada de seu processo hermenêutico, não 
pode ser considerada fonte do Direito.
É que, de fato, para que haja Direito Objetivo, devem estar presentes os elementos carac-
terísticos da lei, ou seja, deve haver a coercibilidade atribuída ao órgão legiferante para que a 
norma seja autoaplicável.
Vejamos o que diz sua doutrina:
(...) temos como fonte de direito e, por consequência, da legislação previdenciárias, as leis e demais 
atos normativos, além da jurisprudência, segundo alguns, a doutrina também seria fonte de direito, 
devido à sua intensa participação no desenvolvimento de leis e constante influência nas decisões 
dos magistrados.
Entretanto, devido à ausência de coercibilidade de suas posições, muitas vezes antagônicas, a 
doutrina é aqui excluída como fonte do Direito, adotando-se posição mais tradicional”.
Já com relação à jurisprudência, assim diz ZAMBITTE2:
A jurisprudência, como geradora de norma jurídica individual em razão das decisões judiciais, é 
fonte de Direito, pois suas sentenças são vinculantes para as partes. Ainda mais as decisões reite-
radas de tribunais que alteram, com frequência, o conteúdo dos atos administrativos, os quais são 
adaptados às interpretações do Judiciário. Este ponto ainda é mais evidente com a atual possibi-
lidade do Supremo Tribunal Federal em editar súmulas vinculantes.
A equidade é fonte do Direito da Seguridade Social?
Não pode ser considerada fonte formal de qualquer ramo do Direito (ressalvado o âm-
bito do Direito Internacional), a não ser quando expressamente autorizado pela lei, tal como 
previsto no art. 140, parágrafo único, do Código de Processo Civil. Em verdade, ainda quando 
autorizado, não se trataria de fonte formal do direito, mas apenas de meio de integração da 
norma jurídica.
E quanto aos princípios do Direito não escritos (implícitos) e escritos (explícitos), são 
fontes do Direito da Seguridade Social?
2 IBRAHIM, Fábio Zambitte, in Curso de Direito Previdenciário, 24ª Edição, Rio de Janeiro. Ed. Impetus, 2019, pg. 143.
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11 de 152https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Frederico Martins
Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Com relação aos princípios escritos, nenhuma dúvida há de que se tratam de fontes for-
mais, algumas vezes com caráter de sobreprincípio, tal como no caso do princípio da isono-
mia, o que gera evidentemente um influxo decisivo nas normas jurídicas da seguridade social.
Há de se chamar à atenção, contudo, para o fato de que o princípio da prévia fonte de 
custeio (ou da contrapartida) é de grande força na seara do Direito da Seguridade Social, não 
podendo ser relegado e, assim, não se pode falar que a isonomia, por exemplo, já que exerce-
ria força absoluta para permitir a concessão de um benefício não previsto em lei.
Há de se tomar cuidado, sempre, portanto, na ponderação de regras e princípios, com as 
regras e princípios específicos do segmento jurídico.
Já quanto aos princípios não escritos, a doutrina tem caminhado no mesmo caminho dos 
escritos, especialmente, por exemplo, no que toca os princípios da proporcionalidade e da 
razoabilidade.
Em verdade, eles podem ser extraídos da garantia fundamental do due process of law, 
sendo certo que a observância do devido processo legal insculpido no art. 5º, inciso LIV, da 
CF/88, possui em sua acepção substantiva a indispensável presença da proporcionalidade 
em sentido estrito e da razoabilidade.
1.3. síntese das Fontes Formais e materiais do direito da seguridade 
social.
Em síntese, podemos resumir da seguinte forma:
• FONTES MATERIAIS DO DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL: os fatos sociais, políticos 
e econômicos que ensejam o surgimento da norma jurídica previdenciária. Ou seja, é 
tudo aquilo que propicia, motiva e estimula o surgimento da lei e, dessa maneira, da 
norma relativa à seguridade social. É uma fonte material do Direito da Seguridade So-
cial, pois pode-se facilmente exemplificar pelo déficit nas contas públicas relacionado 
à Previdência Social no País. A necessidade de equilíbrio das contas públicas é fonte 
material clara do Direito da Seguridade Social, fazendo com que o Congresso Nacional 
vote atos normativos (emendas constitucionais, leis ordinárias etc.) que possam aten-
der às contingências socioeconômicas advindas daquelas circunstâncias financeiras 
atuais do Estado.
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Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
• FONTES FORMAIS DO DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL: são os atos editados pelo Po-
der Legislativo e Poder Executivo (e, em alguns casos, também pelo Poder Judiciário, 
pois, como se sabe, todos os Poderes da República exercem funções atípicas, não sen-
do impossível, aliás, frequente, que o Poder Judiciário necessite editar normas internas 
que repercutam em elementos regulamentadores de benefícios previdenciários afetos 
ao seu regime próprio, para aqueles servidores e juízes que ainda mantêm seus regi-
mes previdenciários destrelados do RGPS e do Funpresp-Jud) que geram efetivamente 
o poder de comando e de império estatal nas relações subjetivas das pessoas, no caso, 
criando, majorando, modificando ou extinguindo direitos relativos à seguridade social.
Em suma, podemos listar as seguintes fontes formais do Direito da Seguridade Social, 
seguindo a hierarquia das leis Kelsenianas:
• Constituição Federal de 1988 (e, por vezes, Constituições anteriores também, eis que, 
pelo princípio do tempus regit actum, muitas vezes é necessário no Direito Previdenciá-
rio verificar quais eram os requisitos normativos da época da contingencia social para 
saber se há direito a um benefício ou não);
• Emendas Constitucionais (e, quanto a essas fontes, não apenas o seu conteúdo modi-
ficador direto da Constituição Federal de 1988,mas também o que se veicula em seu 
corpo formal, textual, isto é, aquilo que se define como norma de transição nas Emen-
das Constitucionais reformadoras da previdência);
• Leis Complementares (que na seguridade social pode ser muito bem exemplificada 
pela Lei Complementar n. 109/2001, que dispõe “sobre o Regime de Previdência Com-
plementar e dá outras providências”);
• Lei Ordinárias (as quais podem ser bem representadas no campo da seguridade social 
brasileira pelas Leis n. 8.213 e 8.212, ambas de 1991);
• Leis Delegadas (as quais, até o momento, nunca foram utilizadas em matéria de seguri-
dade social. Nada obstante, não parece haver vedação na Constituição Federal de 1988 
para que exista uma lei delegada em matéria de seguridade social);
Vejamos as vedações, apenas para relembrar o texto da norma constitucional:
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Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a 
delegação ao Congresso Nacional.
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os 
de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à 
lei complementar, nem a legislação sobre:
I – organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus mem-
bros;
II – nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
III – planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
• Medidas Provisórias (sendo essas bastante utilizadas em matéria de seguridade social 
em geral, mas em especial no campo do Direito Previdenciário, sobretudo no quanto re-
lativo ao RGPS. Um exemplo marcante disso, não muito distante no tempo, foi a edição 
da Medida Provisória n. 664/04, convertida, posteriormente, na Lei n. 13.135/15, que 
alterou as Leis n. 8.213/91, n. 10.876/04, n. 8.112/90 e n. 10.666/03);
• Decretos Legislativos (sendo instrumentos normativos exclusivos do Poder Legislati-
vo, voltados à regulação de questões internas e, dessa feita, existe no quanto relativo à 
seguridade social para, no máximo, regular alguma forma específica de requerer algum 
benefício ou serviço relacionado à proteção social disponibilizada no âmbito daquele 
Poder. Isso porque, sendo espécie normativa meramente regulamentar, não pode criar, 
modificar ou ir além de qualquer modo daquilo previsto na lei que lhe deu base);
• Resolução do Senado Federal.
• Atos Administrativos Normativos (Instrução Normativa, Ordem de Serviço, Circular, 
Orientação Normativa, Portaria etc.).
1.4. a Força normativa dos princípios
Com relação aos princípios, é importante salientar que hoje vivemos na era do pós-po-
sitivismo, com os ditames axiológicos do chamado neoconstitucionalismo, de forma que os 
princípios, sejam eles implícitos ou explícitos, deixaram de ser meros meios de integração das 
normas jurídicas, mas sim efetivas fontes do Direito.
Nessa nova ótica constitucionalista, os princípios são dotados de valor normativo tanto 
quanto às regras legais, embora carreados de maior abstração e generalidade, bem como, 
com frequência, de conceitos indeterminados.
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Fontes do Direito da Seguridade Social
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Mas o que é importante observar é que não há princípio absoluto, sendo sempre neces-
sário e indispensável que se faça a devida ponderação de interesses constitucionalmente 
envolvidos para se definir qual é a norma do caso.
Os princípios veiculam standards normativos, definidores de um padrão jurídico a ser se-
guido por todos os sistemas legais de um determinado Direito Objetivo.
Professor, existe hierarquia entre princípios e regras?
NÃO. Inexiste hierarquia, mas os princípios são sempre as bases axiológicas de um 
sistema jurídico. Dessa maneira, uma determinada regra pode até ser a determinante para 
um determinado caso, mas não poderá contrariar um princípio, a menos que outro princí-
pio demande maior balanceamento para o valor que o conclama.
Pode haver extensão da chamada grande invalidez prevista no art. 45, caput, da Lei n. 
8.213/91 para qualquer espécie de aposentadoria, a pretexto do principio da isonomia?
Não, prevalecendo a regra prevista no citado artigo, que somente prevê o acréscimo de 
25% para os casos específicos lá tratados. É que, como dito, não cabe falar em criação, ma-
joração ou extensão de benefícios previdenciários ou assistenciais que não encontrem prévia 
previsão orçamentária, sob pena de se invalidar o princípio da prévia fonte de custeio previsto 
no art. 195, §5º, da CF/88 (“nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser cria-
do, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total”).
2. interpretação das normas de seguridade social
2.1. tipologia das normas de seguridade social
Já sabemos de onde surgem as normas, ou seja, já entendemos a classificação das fon-
tes de normas em fontes materiais e fontes formais; agora é hora de entender melhor, e mais 
a fundo, a norma previdenciária e suas nuances.
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Isso porque o direito da seguridade social, e em especial o Direito Previdenciário, trata de 
compartimentar muito bem certas etapas ou de alocar certas regras jurídicas as quais inci-
dem em pilares de sustentação, digamos, de toda a seguridade social.
Nessa base de percepções, temos normas que cuidam da entrada do segurado no re-
gime normativo de proteção social e, bem assim, de sua manutenção ou, ainda, extinção 
de seu vínculo jurídico com um determinado regime jurídico-previdenciário.
De outro lado, temos normas que somente cuidam da manutenção e da arrecadação dos 
sistemas de proteção social, especialmente no que troca ao seu custeio e financiamento.
Sobre isso, podemos nos fundamentar na doutrina de LAZZARI3, que muito bem sintetiza 
essa classificação com base em duas fontes doutrinárias, ambas bastante didáticas a meu 
ver e que, por isso mesmo, merecem nossa lembrança.
Vejamos.
A 1ª classificação é dada por FEIJÓ COIMBRA, citada por LAZZARI, que assim se subdivi-
de:
a) Normas de filiação, ou de vinculação, que dispõem sobre a formação, manutenção e 
dissolução do vínculo entre o indivíduo e a Previdência Social;
b) Normas de proteção, ou de amparo, cujo objeto é a concessão de prestação previden-
ciária;
c) Normas de custeio, de natureza tributária, que delimitam situações fáticas que se 
ocorridas geram uma relação jurídica tributária-previdenciária.
Já a 2ª classificação é dada por FÁBIO LOPES VILELA BERBEL4, e acrescenta duas espé-
cies àquelas acima indicadas, senão vejamos:
a) Normas de manutenção do valor real dos benefícios;
b) Normas de irredutibilidade dos benefícios.
3 Castro, Carlos Alberto Pereira de; Lazzari, João Batista. Manual de Direito Previdenciário (Locais do Kindle 2667-2671). 
Forense. Edição do Kindle.
4 BERBEL, Fábio Lopes Vilela. Teoria Geral da Previdência Social. São Paulo: Quartier Latin, 2005, pp. 115-117.
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2.2. as normas de seguridade social: direitos Fundamentais, máxima 
eFetividade e interpretação mais Favorável
Tratam-se, sempre, é bom lembrar, de normas de direito fundamental de 2ª dimensão, 
veiculadoras de direitos sociais. Sendo assim, é mais do que impositivo que o interprete da 
norma a leia com horizonte largo de sua efetividade, ou seja, lembrando-se do princípio da 
máxima efetividade dos direitos fundamentais.
Além disso, não se pode esquecer do princípio universal da proteção da dignidade da pes-
soa humana, que pode ser representado pelo axioma princípio lógicopro homine.
Nessa base de valores fundamentais, a leitura das normas acima, sejam elas de custeio, 
de filiação ou de regulação dos benefícios em si, necessariamente resultará na interpretação 
mais favorável à pessoa humana.
Claro, é bom registrar que essa interpretação mais favorável se volta para a norma e não 
para os fatos. Quero dizer com isso que a dúvida fática sobre a existência ou não de uma con-
dição jurídica que permita a concessão de um benefício não poderá resultar na procedência 
de um pedido unicamente por conta do princípio pro homine.
Não me refiro à dúvida dos fatos e, sim, à na interpretação da lei, ou melhor, à ambivalên-
cia hermenêutica da leitura da norma de seguridade social. Se houver mais de uma interpre-
tação possível, dentro dos métodos e modo de interpretação que vamos aprender, a escolha 
do intérprete devera recair naquela que seja mais favorável abstratamente à pessoa.
Assim, por exemplo, se em uma determinada ação previdenciária na qual se pretende pen-
são por morte, a companheira do instituidor do benefício não traz provas suficientes de sua 
relação de união estável, deixando, com isso, margem de dúvida razoável para o juízo decidir 
ao seu favor, a solução será a improcedência da ação. Isso porque a dúvida que favorece a 
pessoa, pelo princípio pro homine, não é a dos fatos, mas a dúvida, a ambivalência hermenêu-
tica em relação à norma em abstrato.
Esse dever interpretativo escorado no princípio pro homine também se escora em norma 
de caráter geral prevista no art. 5º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (a 
antiga Lei de Introdução ao Código Civil), cuja natureza, como se sabe, é de lex legum, ou seja, 
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lei das leis, com espeque no art. 5º, da LINDB, pois a interpretação da norma necessariamente 
se coadunará com os fins sociais a que ela se destina.
No caso, os fins sociais a que se destinam todas aquelas espécies de normas de segurida-
de social acima listadas serão os fins protetivos do direito fundamental à seguridade social.
2.3. a Hermenêutica clássica e constitucional das normas de 
seguridade social
Para estudarmos a interpretação das normas jurídicas do Direito da Seguridade Social, é 
preciso que seja lembrado que suas fontes formais mais proeminentes provêm diretamente 
da Constituição Federal de 1988 e, bem assim, das Emendas Constitucionais que já estuda-
mos no Capítulo I de nosso curso.
Quais são as Emendas Constitucionais que promoveram as reformas da previdência até hoje?
São as seguintes:
- Emenda Constitucional n. 3/93
- Emenda Constitucional n. 20/98;
- Emenda Constitucional n. 41/03;
- Emenda Constitucional n. 45/07;
- Emenda Constitucional n. 70/12;
- Emenda Constitucional n. 88/15;
- Emenda Constitucional n. 103/19.
A Emenda Constitucional n. 103/19 será objeto especial de nosso estudo em capítulo pró-
prio. Foi promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal5 no dia 
12/11/2019 (publicação no Diário Oficial da União no dia 13 de novembro de 2019).
5 Relembrando a “lei seca”, vejamos o art. 60, §3º, da CF/88:
“Art. 60. Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (...) § 3º A emenda à Constituição será promulgada 
pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem”.
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Apresentada pelo governo em fevereiro, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019 trami-
tou por seis meses na Câmara e quase três no Senado. O objetivo da medida, segundo o Executivo, 
é reduzir o déficit nas contas da Previdência Social. A estimativa de economia é de cerca de R$ 800 
bilhões em 10 anos6.
É muito importante perceber, portanto, que no estudo do Direito da Seguridade Social há 
esse peso das normas constitucionais, não sendo, por óbvio, suficiente o aprendizado dessa 
vasta disciplina jurídica tão somente por meio das leis (lei aqui empregada em sentido estri-
to).
Logo, ao abordarmos o tópico da interpretação das normas jurídicas presentes no Direito 
da Seguridade Social, precisamos ter em mente que há nessa temática um estudo comparti-
mentado em dois momentos: um relacionado à hermenêutica constitucional e outro relacio-
nado à hermenêutica clássica.
Estudar a interpretação das normas jurídicas, pois, é estudar a hermenêutica jurídica.
2.3.1. Hermenêutica Jurídica: Abordagens Preliminares.
Muito bem. Para ilustrar melhor o conhecimento do leitor, vale lembrar que a expressão 
hermenêutica tem sua etimologia derivada do grego “hermeneuein” (que significa declarar, 
anunciar e esclarecer).
Interessante, ainda, observar – para melhor fixação do conceito – que, no contexto filo-
sófico da mitologia grega, a etimologia da palavra “hermenêutica” também provém do deus 
Hermes, filho de Zeus e Maia, cuja divindade era, dentre outras, a de ser o intérprete e mensa-
geiro dos deuses.
E mais tarde, ainda nos primórdios da filosofia grega, Aristóteles foi além da mitologia e 
sistematizou o conceito da hermenêutica, a ciência da interpretação. Na origem, pois, lastre-
ando-se na filosofia grega, temos que a hermenêutica é um ramo da filosofia que estuda a 
interpretação.
Já no campo do Direito pós-moderno, a hermenêutica clássica se finca, contudo, para 
além das noções de bases puramente filosóficas, sendo delimitada por técnicas e métodos 
6 Extraído de: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/11/12/promulgada-emenda-constitucional-da-refor-
ma-da-previdencia, em 05/12/2019, às 09:12.
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de interpretação da norma jurídica. Essa técnicas e métodos são essenciais para o máximo 
alcance do que se pode conceber como sendo o justo, porque a subsunção da norma jurídica 
ao fato não pode decorrer simplesmente de automatismo, de um processo mecânico, extraí-
do mediante processo superficial de pura leitura mecanizada dos dispositivos dispersos em 
nosso ordenamento jurídico.
Há mais a se fazer do que isso para se atingir a vontade da lei, ou melhor, para se alcan-
çar o “espírito da lei” (acepção essa proveniente das palavras de Rudolph Von Ihering em 
sua obra referente à teoria do fim do direito, a qual trata do método teleológico, mais adiante 
abordado).
Sobre essa necessidade de aprofundamento interpretativo quanto ao fundo intelectivo do 
direito invocado, cabe lembrar, inclusive, que o antigo axioma jurídico relacionado à matéria 
de sucessões, do Direito Civil, “in claris cessat interpretatio” (“na clareza da lei, cessa a inter-
pretação”: axioma esse que remonta, no mínimo, ao período do Digesto, promulgado no ano 
de 530 d.C) não deve, realmente, ser a pedra de toque do hermeneuta jurídico.
É fundamental, pois, que a norma jurídica seja extraída de um conjunto técnicas e instru-
mentos que dão azo à razoável intepretação do correspondente dispositivo legal.
2.3.1.1. Sobre a Hermenêutica Jurídica Clássica
Nesse passo é que entram os conceitos de ELEMENTOS e MÉTODOS interpretativos da 
hermenêutica jurídica.
Cabe registrar, porém, que sobre essas designações (“elementos” e “métodos”) não há, em 
verdade, um absoluto consenso na doutrina acerca de suas particularizações classificatórias. 
Isso porque, conforme a doutrina de ANDRÉ RAMOS TAVARES7,
Inúmeros são os métodos, elementos e teorias apontados como aptos a serem utilizados pelo 
intérprete em sua atividade. Tais referências são sempre instrumentais, quer dizer, valem como 
meios de alcançar o conteúdo normativo apenas enunciado.
7 RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 10ª Edição, Revista e Atualizada, Editora Saraiva – São Paulo, 
pg. 104.
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Nada obstante, de um modo geral, é possível apontar que os denominados ELEMENTOS 
ou CRITÉRIOS interpretativos clássicos são os seguintes:
• O elemento GRAMATICAL (que permite a interpretação literal);
• O elemento LÓGICO (que permite a interpretação lógica, decorrente de processos racio-
nais dedutivos ou indutivos);
• O elemento HISTÓRICO (que permite a interpretação histórica, com base nos aconte-
cimentos históricos relacionados aos precedentes sociais, econômicos e políticos da 
atividade parlamentar que originou a norma, bem como as discussões relacionadas ao 
próprio processo legislativo em si da norma);
• O elemento SISTEMÁTICO (que permite a interpretação sistemática, ou seja, aquele que 
busca compatibilizar a norma a ser interpretada com o restante do ordenamento jurídi-
co, almejando situar a norma, objeto central da interpretação, no todo e, assim, extrair 
sua melhor normatividade);
• O elemento TELEOLÓGICO (que permite a interpretação teleológica ou finalística);
• O elemento SOCIOLÓGICO (que permite a visualização do contexto social e cultural dos 
destinatários da norma, visando, assim, ao atendimento dos fins sociais da lei, tal como 
previsto no art. 5º, da LINDB. Vale chamar à atenção ao fato de que a interpretação da 
norma pelo elemento sociológico tem sido associada à equidade. Veja-se, assim, que 
o conceito de equidade é tão fluido que ele pode figurar, a depender do ramo do Direito 
e da lei que o rege, como fonte do Direito, elemento de integração da norma jurídica – 
juntamente com a analogia, os costumes e os princípios de Direito – ou, por fim, como 
critério valorativo de interpretação social da norma).
Quanto aos MÉTODOS clássicos, eles podem variar quanto à origem da base intelectiva 
do processo interpretativo e são os seguintes.
• Quanto à origem:
– Método DOUTRINÁRIO, realizado pelos “doutos” (que permite a intepretação doutri-
nária);
– Método JURISPRUDENCIAL, realizado pelos juízes e tribunais (que permite a inter-
pretação jurisprudencial);
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– Método AUTÊNTICO, realizado pelo legislador (que permite a edição de uma lei inter-
pretativa).
• Quanto aos resultados:
– Método DECLARATIVO (que delimita o exato alcance da norma);
– Método EXTENSIVO (que estende o alcance da norma, quando essa disse menos do 
que deveria);
– Método RESTRITIVO (que restringe o alcance da norma, quando essa disse mais do 
que deveria).
Visto isso, vamos abordar, agora, as lições referentes à hermenêutica constitucional.
2.3.1.2. Sobre a Hermenêutica Constitucional
Afora os elementos e métodos clássicos acima vistos, cabe agora citar aquelas ferramen-
tas que compõem a hermenêutica constitucional.
Nesse sentido, para UADI LAMMÊGO BULOS8,
Os métodos modernos de interpretação constitucional nada mais são do que uma releitura de ve-
lhos artifícios hermenêuticos, como nova roupagem, de modo a se adaptarem às exigências das 
constituições modernas.
Como se vê, tais métodos não se diferenciam, na essência, daqueles clássicos, mas ape-
nas se adaptam e se disponibilizam sob nova roupagem conceitual, de acordo com as carac-
terísticas das Constituições atuais.
Cabe registrar, todavia, que é inegável uma observação sobre isso: é que nessa roupagem 
há uma preocupação maior dos teóricos, como se verá, em abordar a construção interpretati-
va da norma com a constante consideração da realidade social em que ela se insere.
Assim, com base nessas percepções, certamente é viável admitir que haja uma herme-
nêutica específica para o campo das normas constitucionais.
8 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 6ª ed. Rev. E atual. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 448.
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E, lembre-se: essa especificidade de metodologia hermenêutica decorre do fato de que no 
âmbito da norma constitucional não se pode olvidar, no decorrer do processo interpretativo, 
de certos axiomas que se que se consolidam como inflexíveis sobreprincípios, tais como a 
supremacia e a unidade da Constituição.
Além disso, a “utilização de normas abstratas, de princípios, o tratamento dos direitos 
fundamentais e dos poderes e a regulamentação da esfera política”9 impõem essas particula-
ridades ao interprete da norma máxima.
Em síntese, podemos arrolar os seguintes MÉTODOS específicos de INTERPRETAÇÃO DA 
NORMA CONSTITUCIONAL:
• MÉTODO CIENTÍFICO-ESPIRITUAL: também conhecido como método integrativo, sen-
do oriundo da doutrina alemã de Rudolf Smend, visa à aproximação do hermeneuta 
com a realidade fática a ser tutelada pela norma, de modo a efetivamente atender o 
“espírito” da Constituição, daí advindo o seu nome “científico-espiritual”;
• MÉTODO TÓPICO-PROBLEMÁTICO: doutrina de Theodor Viehweg que visa extrair a in-
terpretação da norma constitucional a partir do próprio problema, de modo que o senti-
do da lei, para essa teoria, não é latente em seu próprio texto, mas sim do problema em 
si e, de modo que somente a partir disso, pelo caráter aberto das normas constitucio-
nais, é que se encontra a melhor exegese;
• MÉTODO NORMATIVO-ESTRUTURANTE: doutrina de Friedrich Muller que pontua a in-
terpretação constitucional como sendo aquela que se extrai não apenas do texto da 
norma constitucional, mas também, e sobretudo, da realidade social, de modo que o 
“programa normativo” não se dissocia de sua perspectiva sociológica, sendo a única 
maneira de se alcançar o “enunciado normativo” constante daquele programa;
• MÉTODO HERMENÊUTICO CONCRETIZADOR: doutrina que visa à concretização da nor-
ma constitucional com vistas aos aspectos sociais, mas sem olvidar uma necessária 
pré-compreensão do interprete sobre os conceitos e matrizes constitucionais vigentes, 
9 RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 10ª Edição, Revista e Atualizada, Editora Saraiva – São Paulo, 
pg. 104.
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sendo esse o ponto de diferenciação com o método tópico-problemático, o qual dá su-
premacia interpretativa um movimento racional de análise que parte prioritariamente 
apenas do problema em si.
Para fixarmos o conhecimento, vamos ver uma questão sobre hermenêutica constitucio-
nal?
Registro que é bem difícil de encontrarmos uma questão como essa em provas objetivas 
relacionadas ao Direito da Seguridade Social, mas considero importante fixarmos esse con-
teúdo porque, em provas de segunda fase, a demonstração de conhecimento como esse pode 
alavancar, e muito, sua nota junto ao examinador, pois em questões discursivas, sim, é bem 
possível que possa ser exigido, ainda que tangencialmente, esse conhecimento.
Vamos ver a questão!
Questão 1 (CESPE/2017/PC-MT/DELEGADO DE POLÍCIA) O método de interpretação da 
Constituição que, por considerá-la um sistema aberto de regras e princípios, propõe que se 
deva encontrar a solução mais razoável para determinado caso jurídico partindo-se da situa-
ção concreta para a norma, é denominado método10
a) Hermenêutico clássico.
b) Científico-espiritual.
c) Tópico-problemático.
d) Normativo-estruturante.
e) Hermenêutico concretizador.
10 Letra c.
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3. aplicação das normas de seguridade social
3.2. sobre a subsunção da norma Jurídica
Para falar em aplicação das normas jurídicas, é preciso entender seu mecanismo lógico, 
que busca por uma ação intelectiva do interprete do texto da lei. Esse mecanismo lógicose 
chama subsunção jurídica, cuja operação parte da adequação de uma norma-tipo a um fato, 
a fim de se criar, no caso, uma norma-fato.
Trata-se, pois, de se obter nisso o que se denomina “silogismo jurídico”, por meio do qual 
se encaixa uma premissa menor (fato) em uma premissa maior (lei), extraindo-se disso uma 
conclusão que se traduz na norma jurídica aplicável ao caso.
A subsunção normativa é matéria, assim que permite a aplicação da norma jurídica. A 
subsunção promove a validade jurídica da norma ao caso, ou não, se for subsumida, aplicável 
e adequada, pois haverá validade da norma jurídica invocada como premissa maior para o 
caso; do contrário, não, sendo a norma jurídica invocada inválida para ser aplicável ao fato.
A chave, contudo, para se verificar se há esse silogismo jurídico está na interpretação da 
premissa maior, ou seja, no esgotamento da hermenêutica possível para a norma jurídica em 
abstrato potencialmente aplicável ao fato.
Pelos métodos interpretativos o hermeneuta dá validade ou não à norma conclamada.
Professor, hoje em dia, podemos falar que permanece com a mesma força essa operação 
de silogismo jurídico para se achar a validade da norma jurídica ao caso concreto?
NÃO. O método subsuntivo encontrou seu nascedouro no positivismo jurídico, com o for-
talecimento do Estado de Direito, sobretudo, após a Revolução Francesa.
Nesse contexto histórico, é que se consolidou o positivismo jurídico como produto do Es-
tado Legislativo, eis que os Estados Absolutistas haviam sido deixados para trás.
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3.3. sobre o positivismo Jurídico
Na era dos Estados Absolutistas, prevalecia a máxima “the King do not wrong”, de modo 
que não havia lei previamente definida, ressalvadas algumas exceções históricas, tais como 
a da Carta de João Sem Terra (The King John of England, que ficou conhecido por John La-
ckland, cuja tradução aproximada aponta para a expressão “João sem terra”, eis que não 
herdou nenhuma terra de seu pai Henrique II por ser o mais jovem de oito filhos11), ocasião na 
qual ficou demarcada a cláusula do “due processo of law”, para garantir o direito de proprie-
dade e barrar os excessos dos detentores do Poder.
Inaugurou-se, por meio da Magna Carta de João Sem Terra, em 1215, o sistema de 
garantias do cidadão contra o poder absolutista, iniciando-se, com isso, o que posterior-
mente convencionou-se chamar de Rule of Law, ou Estado de Direito (Le État de Droit).
Pela beleza da cláusula 39 da Magna Carta de João Sem Terra, peço licença para sua 
transcrição, em tradução livre:
Nenhum homem livre será detido ou preso, nem privado se seus bens, banido ou exilado ou, de 
algum modo, prejudicado, nem agiremos ou mandaremos agir contra ele, senão mediante um juízo 
legal de seus pares ou segundo a lei da terra.
Até aí – e, na verdade, por muito tempo depois ainda - não havia Constituição ou lei escrita 
que pudesse imprimir força limitadora ou balanceadora nos poderes supremos e soberanos 
do Rei, que conjugava nele todos os atributos do Poder Estatal (“legislava”, executava e jul-
gava).
Séculos mais tarde (século XIX), o positivismo jurídico consolidou-se no chamado Estado 
Legislativo, atribuindo-se, assim, um papel dominante, senão exclusivo, à legislação como 
fonte do direito. A Codificação Napoleônica passou ao expoente dessa nova era, de modo que 
a lei torna-se a fonte principal do Direito, exigindo-se, nessa toada, o exercício de subsunção 
normativa do aplicador da lei.
11 Cfr. Fábio Konder Comparado. A afirmação histórica dos direitos humanos, 2.ª ed., São Paulo: Saraiva, 2001, p. 67 et seq.; 
e Thiago Rodovalho. Do Direito Constitucional à Ampla e Efetiva Defesa na Assistência Judiciária Gratuita na Esfera Cri-
minal, in Revista Direitos Fundamentais & Democracia - Unibrasil, v.4, 2008, p. 1/22. Extraído de: https://www.conjur.com.
br/2015-jun-15/thiago-rodovalho-magna-carta-continua-inspirar-liberdades#_ftn12, em 05/12/2019, ás 16:15.
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Importante dizer, nesse contexto, que lei e justiça são termos sinônimos para os positi-
vistas, sendo que o Direito, nessa corrente jusfilosófica, é monista, ou seja, apresenta apenas 
uma fonte normativa (lei escrita). O “direito natural” para o positivismo seria apenas história, 
ou, no máximo, parte secundária da filosofia do Direito. Em síntese, para o positivismo, impé-
rio da lei, vige a dualidade “justiça X injustiça” em pé de igualdade valorativa com a dualidade 
“cumprimento da lei X descumprimento da lei”.
Por isso que o papel do juiz, ao exercer meramente a subsunção da norma jurídica no 
contexto jusfilosófico do positivismo, é meramente funcional, sendo, nas palavras de Montes-
quieau12, em sua obra o Espírito das Leis, apenas a “boca da lei” (“la bouche de la loi”).
Modernamente, falar sobre subsunção é falar, por fim, sobre a Teoria Pura do Direito, de 
Hans Kelsen, que nas primeiras linhas de sua obra afirmou que a “Teoria Pura do Direito é uma 
teoria do Direito Positivo”.
Professor, mas por que todo esse retrospecto sobre passagens históricas do positivismo?
Porque é importante você ter em mente que vivemos no pós-positivismo, cujo movimento 
neoconstitucionalista é o seu maior expoente, mediante o abandono da mera subsunção da 
norma positivada por outras teorias que retomam a argumentação jurídica. O silogismo jurí-
dico ainda opera para se extrair a aplicação da norma, mas é importante que o intérprete da lei 
esteja atento a outros influxos valorativos no momento da conjunção entre a premissa maior 
(lei) e premissa menor (fato).
3.4. a aplicação da “lei” no tempo
Aqui falamos dos efeitos que se pode cogitar da edição de uma nova lei em relação ao 
quadro normativo anterior. Assim, falamos em direito intertemporal.
Antes de qualquer coisa, para falarmos em direito intertemporal, é necessário que a lei, ou 
as leis, devem estar vigentes, o que se inicia com a publicação da respectiva norma no Diário 
12 “Mas os juízes da nação são apenas, como dissemos, a boca que pronuncia as palavras da lei; seres inanimados que não 
podem nem moderar a força nem o rigor dessas palavras.” (Do Espírito das Leis, Montesquieu, Martin Claret, São Paulo, 
2011, p. 175). Extraído de https://jornalggn.com.br/justica/la-bouche-de-la-loi-no-caso-do-triplex/, em 05/12/2019, às 
16:38.
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Oficial. A partir disso, considerado ainda o período de vacatio legis da lei, fala-se em vigência 
e vigor. Veja-se que um dos efeitos do direito intertemporal é que, conquanto uma lei possa 
ser revogada, nada impede que ela continue a ter vigor para certas e determinadas relações 
jurídicas aptas ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada.
Podemos ter o fenômeno da ultratividade, portanto, para algumas leis que já foram revo-
gadas, mas que continuam a surtir efeitos em casos específicos escorados na garantia fun-
damental prevista no art. 5º, inciso XXXVI, da CF/88.
Há, ainda, leis que são temporárias, vigendo apenas dentro de determinado período pre-
viamente indicado em seu texto legal.
Em regra, a lei previdenciária possui vigência imediata, mas, no campo do Direito da Segu-
ridade Social, há certas peculiaridades que devem ser observadas quando falamos de direito 
intertemporal.
3.4.1. As Normas-Custeio e Anterioridade Nonagesimal.
A primeira delas se refere às normas de seguridade social relacionadas ao custeio do sis-
tema de proteção social estatal, eis que, tratando-se de tema ligado à seara tributária, devem 
ser observados os princípios próprios dessa área. Com efeito, não é de se olvidar o princípioda anterioridade nonagesimal, que se reveste em verdadeira garantia constitucional, embora 
não explícita no art. 5º, da Constituição Federal de 1988.
Por essa garantia, em havendo criação de contribuição social, ou modificação que majore 
alguma contribuição social já existente, somente poderá haver sua incidência aos correspon-
dentes fatos geradores após 90 dias da publicação do veículo normativo que a introduziu em 
nosso ordenamento “
Isso está ocorrendo, por exemplo, na promulgação da Emenda Constitucional n. 103, de 
12 de novembro de 2019, relativamente ao aumento de alíquotas.
Após a promulgação da EC 103/19, todas as noveis regras atinentes aos benefícios, seus 
cálculos e demais matérias relativas à filiação, tempo de aposentadoria, entrarão imediata-
mente em vigor, notadamente porque, como já dito, basta a promulgação da Emenda Consti-
tucional, sendo desnecessária a sanção presidencial para a entrada da nova norma no mundo 
jurídico.
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A exceção fica com as alterações relacionadas ao aumento das alíquotas de contribuição 
previdenciária imposta aos segurados do RGPS e, também, dos regimes próprios da União, 
regras essas as quais somente poderão entrar em vigor efetivamente no dia 01/03/2020, con-
siderando os noventa dias exigidos pelo art. 195, §6º, da Constituição Federal de 1988.
Vejamos o dispositivo constitucional para a fixação da matéria:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos 
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
(...)
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos 
noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes apli-
cando o disposto no art. 150, III, “b”.
Logo, grave essa primeira peculiaridade relacionada à aplicação da lei no tempo quando 
se trata de norma de custeio da seguridade social. Em verdade, quando se tratar de qualquer 
norma de cunho tributário, obviamente, deverá ser observada a garantia fundamental da an-
terioridade nonagesimal.
3.4.2. Sobre a Vacatio Legis
Professor, como seria se as novas regras previdenciárias viessem em forma de lei, e não 
de emenda constitucional? Qual o seu prazo de vacatio legis?
Bom, nesse caso basta observar o comando de vacatio legis dado pela própria lei ou, em 
caso de silencio quanto a isso, o prazo dado pelo art. 1º, da Lei de Introdução às Normas do 
Direito Brasileiro (Decreto-Lei n. 4.657/42), ou seja, o prazo de 45 dias depois de oficialmente 
publicada.
Professor, já que a própria lei pode impor um determinado prazo, ou até mesmo determi-
nar a vigência imediata na data de sua publicação, poderia haver uma mescla disso, ou 
seja, dar prazos de vacatio legis diferenciados para certos artigos da própria lei?
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SIM, e isso não fere o princípio da isonomia, em regra, salvo se houver comprovação ma-
nifesta disso, ou seja, se não houve um discrímen razoável para desigualar prazos em função 
de desiguais.
Um exemplo recente disso é o da Lei n. 13.135, de 17 de junho de 2015, que promoveu 
reformas legais e pontuais em alguns benefícios do RGPS, em especial no auxílio-doença, 
aposentadoria por invalidez e, sobretudo, na pensão por morte.
A Lei n. 13.135/15 previu em seu art. 6º prazos diferenciados de vacatio legis para certos 
dispositivos, notadamente por conta da proteção, razoável, de deficientes intelectuais e men-
tais.
Vejamos, para sua fixação sobre o tema, inclusive porque houve relevantíssimas altera-
ções com essa lei, valendo seu estudo via “lei seca” de modo bem pontual:
Art. 6º Esta Lei entra em vigor em:
I – 180 (cento e oitenta) dias a partir de sua publicação, quanto à inclusão de pessoas com defi-
ciência grave entre os dependentes dos segurados do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) 
e do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) previstos na Lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 
1990;
II – 2 (dois) anos para a nova redação:
a) do art. 16, incisos I e III, e do art. 77, § 2º, inciso IV, da Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991, em 
relação às pessoas com deficiência intelectual ou mental;
b) do art. 217, inciso IV, alínea “c”, da Lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 1990;
III – na data de sua publicação, para os demais dispositivos.
(...)
Brasília, 17 de junho de 2015; 194º da Independência e 127º da República.
Visto isso, vamos enfrentar um caso específico, relacionado ao estudo de outro princípio.
Bom, primeiro vamos abordar esse outro princípio.
3.4.3. O Princípio da Irretroatividade da Lei de Seguridade Social
Pois bem, trata-se do princípio da irretroatividade, sendo aplicável ainda que haja, como 
no Direito Penal, norma mais benéfica para o segurado ou beneficiário da seguridade social.
Ou seja, não importa se a nova lei vai beneficiar o segurado, ela jamais retroagirá.
Em verdade, na prática, isso seria bem difícil, pois como já estudamos e já percebemos, 
a tendência normativa global é de retirar cada vez mais benefícios de seguridade social do 
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encargo estatal, passando boa parte dessa responsabilidade social para a própria sociedade 
e, bem assim, para instituições privadas.
3.4.4. O Princípio Tempus Regit Actum
Igualmente, por óbvio, a lei nova também não retroagirá para prejudicar qualquer situação 
jurídica já consolidada, notadamente porque se deve ter em mente o princípio do tempus regit 
actum em matéria relacionada aos benefícios da seguridade social.
Assim, suponhamos, por exemplo, que uma senhora pretenda requerer benefício de pen-
são por morte junto ao INSS. O pedido se deve ao óbito de seu esposo, cujo falecimento ocor-
reu em 16 de junho de 2015, enquanto que o requerimento junto ao INSS ocorreu em 18 de 
junho de 2015. A referida senhora, ao promover o pedido, juntou sua certidão de casamento, 
demonstrando que o enlace matrimonial já havia sido realizado há dez anos. Todavia, sua 
idade ainda não era muito avançada, contando apenas com 38 anos.
O INSS, ao apreciar o pedido, decidiu pela concessão do benefício pleiteado, mas limitou 
seu gozo a 15 anos, já que a requerente possuía ao tempo do óbito mais de 30 e menos de 40 
anos de idade, fazendo incidir o disposto no art. 77, §2º, inciso V, alínea “c”, item 4, da Lei n. 
8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 13.135/15.
Pergunta a você: o INSS agiu corretamente?
NÃO, eis que a data do óbito é o marco temporal para se verificar qual a legislação aplicá-
vel em termos de concessão de beneficio previdenciário.
Ora, se o óbito ocorreu no dia 16 de junho de 2015, um dia, portanto, antes da vigência 
da Lei n. 13.135/2015, não há que se falar em restrição temporal do benefício de pensão por 
morte à requerente, nada importando, no caso, se o requerimento se deu já na vigência da lei 
nova.
Cabe frisar que a Lei n. 13.135/15 foi fruto da conversão da Medida Provisória n. 664, de 
31 de dezembro de 2014, mas a vigência dessa medida provisória, mesmo com a prorrogação 
prevista no art. 62, §3º, da CF/88, alcançou somente o dia 01/06/2015.
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Consequentemente, de 02/06/2015 a 16/06/2015, não havia em nosso ordenamento jurí-
dico qualquer norma vigente da MP 664/14 e, tampouco, existia inovação legal dada pela Lei 
n. 13.135/15. Diante desse vácuo detectado na conversão da medida provisória em lei, claroestá que as regras da pensão por morte anteriormente previstas na Lei n. 8.213/91 é que de-
veriam ser aplicadas ao caso da requerente citada em nosso exemplo.
Nesse passo, não havia nenhuma limitação ao prazo de fruição do benefício de pensão 
por morte, independentemente da idade em que o cônjuge contava no momento do óbito do 
instituidor da pensão, sendo essa vitalícia.
Professor, há alguma exceção à regra da irretroatividade da lei em matéria de Direito da 
Seguridade Social?
3.4.5. Exceções à Irretroatividade
SIM, quando falarmos em normas de custeio, pode haver retroatividade da lei, já que se 
trata, na essência de lei de natureza tributária neste tocante. Com isso, deve-se observar o 
disposto no art. 106, do Código Tributário Nacional, que assim replico para você aqui:
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I – em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalida-
de à infração dos dispositivos interpretados;
II – tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que 
não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prá-
tica.
Bom, antes de explicar o dispositivo acima, é importante você lembrar que a irretroati-
vidade é regra também na seara tributária e, com efeito, na seara das normas de custeio de 
seguridade social.
A doutrina de HUGO DE BRITO MACHADO13 salienta o seguinte a respeito do princípio da 
irretroatividade da lei tributária:
13 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 27ª ed. São Paulo: Ed. Malheiros, 2006.
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Como expressão do princípio da segurança jurídica a irretroatividade é preceito universal.
Faz parte da própria ideia do Direito. Ocorre que o legislador poderia, por razões políticas, elaboras 
leis com cláusulas expressas determinando sua aplicação retroativa.
Então, para tornar induvidosa a desvalia de tais retroativas e para dar segurança jurídica, erigiu-se 
este princípio em norma da Lei Maior, segundo a qual é vedada a cobrança de tributos ‘em relação 
a fatos geradores ocorridos antes do início da lei que os houver instituído ou aumentado.
Na Constituição Federal de 1988, o art. 150, inciso III, expressa claramente que é vedado à 
União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios cobrarem tributos “em relação a fatos 
geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado”.
Muito bem, no que toca à retroatividade da lei interpretativa, essa somente ocorrerá se 
houver benefício fiscal no entendimento de norma tributária já existente. A lei interpretativa 
não veicula conteúdo novo no ordenamento jurídico, mas explica e clarifica preceito normati-
vo já existente. Daí que, por preservação do princípio da não surpresa em matéria fiscal, bem 
como da própria anterioridade da norma tributária, somente pode incidir nos fatos geradores 
anteriores se não for realmente impositiva de sanção fiscal.
Vejamos o que diz a clássica doutrina de VICENTE RAO14 a respeito do tema das leis in-
terpretativas:
Fala-se frequentemente em leis interpretativas, como leis que retroagem.
A lei interpretativa, entretanto, não contém disposição nova, não cria nem reconhece relações an-
tes inexistentes, apenas declara o sentido fiel da lei anterior e, por isso, o tempo do início de seus 
efeitos se confunde com o da lei interpretada, ou esclarecida, com a qual passa a confundir-se.
Não criando direito novo não pode provocar conflito com outra lei anterior, pois o conflito das leis 
no tempo é, em última análise, um conflito de competência, um conflito material, entre leis diversas.
As normas de custeio da Seguridade Social que eventualmente veicularem sentido inter-
pretativo a alguma outra norma tributária anterior terão retroatividade, ressalvada a imposi-
ção de penalidade em razão da nova interpretação dada.
Obviamente se trata de regra protetiva, ou seja, se for para beneficiar retroagirá.
Observe, contudo, que há de ser observado o conceito de “ato não definitivamente julgado” 
para, então, autorizar a retroatividade da lei previdenciária de custeio (lei tributária) a algum 
fato gerador anterior à vigência da lei nova beneficiadora.
14 RAO, Vicente. In O Direito e a Vida dos Direitos, 3º edição, vol. 1, pág.337.
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O “ato não definitivamente julgado” é aquele no qual pende impugnação administrativa 
dentro do processo administrativo tributário regulado pelo Decreto n. 70.235/72, o qual dis-
põe “sobre o processo administrativo fiscal, e dá outras providências”. Além disso, não pode 
haver também pendencia de apreciação da matéria na via judicial, sendo que a expressão 
“não definitivamente julgado” é ampla e inclui, igualmente, a instancia judicial.
Um exemplo não raro nas lides da Justiça Federal se refere ao argumento de que a Lei n. 
8.870/94, por ser supostamente interpretativa, teria o condão de retroagir para alcançar os 
fatos geradores delineados sob a égide da Lei n. 8.212/91, no que toca ao recolhimento de 
contribuições previdenciárias para o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL).
Veja bem: a Lei n. 8.870/94 foi editada com alíquotas mais benéficas, de 1,7%, para o re-
colhimento das contribuições ao fundo, contribuições essas que após a CF/88 passaram a 
ser previstas na Lei n. 8.212/91, cuja alíquota era de 3% e, após a edição da Lei n. 8.540/92, 
foi reduzida para 2%.
Intentava-se, por parte dos empregadores rurais, a declaração de inconstitucionalidade 
da imposição das contribuições por meio de lei ordinária, em vista do disposto no art. 194, 
§4º, c/c art. 154, inciso I, ambos da Constituição Federal de 1988 (dispositivos esses que se 
referem à possibilidade de criação de novas fontes de custeio da seguridade social, desde que 
assim se faça por meio de lei complementar).
Mas um argumento subsidiário era o de que a Lei n. 8.870/94, ao reduzir as alíquotas da 
contribuição ao FUNRURAL, estava em verdade interpretando a norma anterior, dada pela Lei 
n. 8.212/91. Sendo assim, as alíquotas deveriam ser menores desde a edição dessa lei.
O argumento não colou, por óbvio, eis que a Lei n. 8.870/94 criou nova disposição norma-
tiva e, absolutamente, não possuía nenhum aspecto interpretativo que permitisse o uso, no 
caso, do art. 106, inciso I, do Código Tributário Nacional.
Já que tocamos nesse assunto, apenas uma síntese do que era a contribuição ao Fun-
rural. A contribuição ao Funrural é imposta aos produtores rurais pessoas físicas e jurídicas, 
bem como aos segurados especiais, embora para esses últimos apenas incide a contribuição 
sobre o resultado de sua produção, ou seja, aquilo que sobejar o necessário à manutenção de 
seu regime de economia familiar (regime de subsistência).
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Em breve síntese (vamos estudar melhor essa questão em capítulo próprio relacionado ao 
custeio da seguridade social), os produtores rurais, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, 
não contribuem com a alíquota de 20% sobre sua folha de salários, mas com o percentual de 
2,1% (produtor rural pessoa física) e 2,6% (produtor rural pessoa jurídica).
Além disso, o tributo incide apenas quando houver produção, de modo que o fato gerador 
é o resultado da comercialização da produção.
Por outro lado, embora haja alíquotas diferenciadas que substituem a cota patronal da 
contribuição previdenciária, incide normalmentea contribuição previdenciária no que se re-
fere à cota do empregado, a qual deve ser recolhida sob as alíquotas que variam de 8% a 11% 
sobre a folha de salários do empregado rural.
O entendimento sobre a constitucionalidade da cobrança do FUNRURAL passou por dois 
julgamentos no Supremo Tribunal Federal, um em 2010, outro em 2017. No primeiro julga-
mento, o STF considerou que a referida contribuição social não poderia ter sido implementada 
via lei ordinária e reconheceu a inconstitucionalidade da Lei n. 8.540/92 (lei essa que alterava 
a Lei n. 8.212/91, para instituir a cobrança da contribuição ao referido fundo).
Já no julgamento de 2017, o Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o Recurso Extraordi-
nário n. 718.874, entendeu pela constitucionalidade da contribuição ao Funrural pelo empre-
gador rural pessoa física ou jurídica. A Suprema Corte, nessa oportunidade, reconheceu como 
constitucional uma lei ordinária. Isso porque a Lei n. 10.256/01 foi editada após a vigência 
da Emenda Constitucional n. 20/98, que inclui no texto da Constituição Federal de 1988, di-
retamente, a possibilidade de incidência da contribuição sobre a receita bruta decorrente do 
resultado da produção daqueles empregadores. (art. 195, §8, da CF/8815).
Com relação aos segurados especiais, há um recurso extraordinário afetado sob o regime 
de repercussão geral que abordará a constitucionalidade da contribuição sobre aquela cate-
goria de trabalhador rural.
Vejamos a ementa do julgado:
15 § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, 
que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a segu-
ridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos 
benefícios nos termos da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 20, de 1998)
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Ementa: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. SEGURADO ESPECIAL. 
ARTIGO 195, § 8º, DA CF/88. RESULTADO DA COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO. ART. 25 
DA LEI 8.212/91, DESDE SUA REDAÇÃO ORIGINÁRIA. RECEITA BRUTA. BASE DE CÁLCULO. 
AUSÊNCIA DE IDENTIDADE. NECESSIDADE DE LEI COMPLEMENTAR. RECONHECIMENTO 
DA INCONSTITUCIONALIDADE DE DISPOSITIVOS DA LEI 8.212/91. EFEITOS REPRISTINA-
TÓRIOS. Possui repercussão geral a questão atinente à constitucionalidade da contribuição 
a ser recolhida pelo segurado especial, prevista no art. 25 da Lei 8.212/1991, desde a sua 
redação originária, diante da ausência de identidade de sua base de cálculo (receita bruta) 
com a prevista no art. 195, § 8º, da Constituição Federal (resultado da comercialização).
(RE 761263 RG, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, julgado em 24/04/2014, PROCESSO 
ELETRÔNICO DJe-091 DIVULG 13-05-2014 PUBLIC 14-05-2014 )
3.4.6. Interpretação Normativa Desfavorável e Norma de Transição.
Professor, e quando houver interpretação desfavorável que gere novo dever para a parte, 
o que ocorre? Essa interpretação se aplica de imediato?
NÃO. E a resposta para essa indagação pode ser encontrada diretamente no art. 23, da 
LINDB, senão vejamos:
Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orien-
tação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condiciona-
mento de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever 
ou condicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem 
prejuízo aos interesses gerais.
Logo, se a lei interpretativa for desfavorável, isto é, impor novas obrigações ou dar novo 
condicionamento para a invocação do direito em questão, seja na seara administrativa, con-
troladora ou judicial, deverá haver a fixação pela autoridade julgadora de um regime norma-
tivo de transição, a fim de que não haja violação ao princípio da boa-fé objetiva, da não sur-
presa e, bem assim, do próprio postulado do devido processo legal, seja ele em sua acepção 
formal ou substancial.
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3.4.7. Considerações Acerca do art. 5º, XXXVI, da CF/88 na Seguridade So-
cial
É de se concluir, ao perceber todas essas nuances, princípios e casos práticos de aplicação 
da lei no tempo, que a pedra angular de todo esse sistema de consideração intertemporal da 
norma jurídica se fixa no art. 5º, inciso XXXVI, da CF/88: “XXXVI - a lei não prejudicará o direito 
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; ”
No caso da seguridade social, temos exemplos de consideração pratica dessas garantias, 
conforme os tópicos que seguem.
3.4.7.1. O Direito Adquirido
Se houver, por exemplo, a concessão de aposentadoria por idade no regime da lei pre-
videnciária antes das reformas advindas com a Emenda Constitucional n. 103/19, as novas 
normas constitucionais que impõem idade mínima para a aposentadoria por idade do tra-
balhador urbano (para os homens, a idade mínima continua sendo de 65 anos, mas para as 
mulheres a idade mínima aumentou para 62 anos), o direito adquirido protege a concessão 
anterior.
Assim, não haveria como a lei retroagir para quebrar o direito que já se encontra incorpo-
rado ao patrimônio da segurada, eis que nada norma anterior ela já havia cumprido todos os 
requisitos para a aposentadoria por idade, ou seja, 60 anos e 180 meses de carência.
O que importa observar aqui é que não importa se a segurada citada no exemplo não te-
nha exercido ainda seu direito à concessão de aposentadoria por idade nos moldes da norma 
anterior. Ou seja, para ela garantir a incorporação do direito a tal benefício ao seu patrimônio 
jurídico, não será necessário que a concessão tenha se dado antes da Emenda Constitucional 
n. 102/19.
Tampouco será necessário que o respectivo requerimento administrativo junto ao INSS 
tenha sido feito antes daquela emenda constitucional. O que vai ser determinante para se 
falar em direito adquirido à aposentadoria nos moldes da norma anterior é a verificação, no 
caso, de que todos os elementos constitutivos do direito esperado já tenham sido cumpridos 
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e satisfeitos pelo seu sujeito ativo. Se sim, aí sim, e desde já, estaremos falando de direito 
incorporado ao patrimônio jurídico da pessoa e legislação nova não poderá retirar tal incor-
poração, sob pena de lesão direta ao art. 5º, inciso XXXVI, da CF/88, logo lesão direta a direito 
fundamental.
Sobre o tema do direito adquirido, vale a lembrança da lição da valiosa e clássica doutrina 
de JOSÉ AFONSO DA SILVA16, senão vejamos, para sua melhor fixação do tema:
(...) para compreendermos melhor o que seja direito adquirido, cumpre relembrar o que se disse 
acima sobre o direito subjetivo: é um direito exercitável segunda a vontade do titular e exigível na 
via jurisdicional quando seu exercício é obstado pelo sujeito obrigado à prestação correspondente.
Se tal direito é exercido, foi devidamente prestado, tornou-se situação jurídica consumada (direito 
consumado, direito satisfeito, extinguiu-se a relação jurídica que o fundamentava (...)
Se o direito subjetivo não foi exercido, vindo a lei nova, transforma-se em direito adquirido, porque 
era direito exercitável e exigível à vontade de seu titular. Incorporou-se no seu patrimônio, para ser 
exercido quando lhe conviesse.
A lei nova não pode prejudicá-lo, só pelo fato do titular não o ter exercido antes.
Direito adquirido, é, pois, o direito já incorporado no patrimônio do titular no momento da entrada 
em vigor de lei nova, que não pode prejudicá-lo, porque ele recebe proteção direta e plenado art. 
5º XXXVI, da Constituição Federal, quando estatui: a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada.
Na jurisprudência, as orientações observadas nos Tribunais Superiores é, de muito, a 
mesma que noticiamos acima pela doutrina e por nossas percepções acerca dos reflexos 
inafastáveis da garantia constitucional da proteção ao direito adquirido.
Cabe registrar que a supracitada posição – no sentido de que os requisitos necessários, 
ou melhor, a reunião dos requisitos necessários já seria suficiente para delinear o direito ad-
quirido, dispensando-se, com isso, o requerimento administrativo para que haja tal proteção 
constitucional – nem sempre esteve encampada pelo Supremo Tribunal Federal.
A Corte Suprema, ainda na égide da Constituição de 1967, há muitos anos (desde 1963), 
por exemplo, já havia editado a Súmula 359, que sinalizava no sentido de que era necessário 
o requerimento administrativo.
A referida Súmula assim dizia:
16 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 6.ed. 2ª. tiragem. São Paulo: RT, 1990, p. 374. Extraído de:
http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/44023/aplicabilidade-pratica-do-direito-adquirido-em-materia-de-
-beneficios-previdenciarios, em 07/12/19, às 18:38.
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Ressalvada a revisão prevista em lei, os proventos da inatividade regulam-se pela lei 
vigente ao tempo em que o militar, ou servidor civil, reuniu os requisitos necessários, 
inclusive a apresentação do requerimento, quando a inatividade for voluntária.
Posteriormente, entretanto, o entendimento foi superado e, em 1973, por meio do julga-
mento RE 72509 ED-EDv17, entendeu-se que o direito adquirido já se estabelecia antes mes-
mo do requerimento administrativo.
Isso implicou a alteração da Súmula 359 para a seguinte redação:
Ressalvada a revisão prevista em lei, os proventos da inatividade regulam-se pela lei 
vigente ao tempo em que o militar, ou o servidor civil, reuniu os requisitos necessários. 
(Alterada)
A ementa do julgado, interessante replicá-la para você, foi muito clara afirmando que:
(...)
Direito adquirido.
Se, na vigência da lei anterior, o funcionário preenchera todos os requisitos exigidos, 
o fato de, na sua vigência, não haver requerido a aposentadoria não o faz perder o seu 
direito, que já havia adquirido.
Embargos recebidos.
Alteração da Súmula 359, para se suprimirem as palavras “inclusive a apresentação do 
requerimento, quando a inatividade for voluntária”.
Há algumas questões relacionadas à extensão do direito adquirido em matéria previden-
ciária, as quais são importantes ao nosso registro e estudo.
Vejamos.
17 Consulta no site do STF:
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=38443
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Se o instituidor da pensão já estivesse aposentado segundo as regras constitucionais 
anteriores a EC 41/03, logo com paridade e integralidade, mas o seu falecimento tenha 
ocorrido somente após a referida emenda constitucional, há direito adquirido na pensão 
por morte que garanta também a paridade e a integralidade?
Muito bem, o Supremo Tribunal Federal enfrentou esse questionamento no julgamento do 
TEMA 396, cuja ementa do julgado que reconheceu a repercussão geral assim dizia:
Ementa: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. PENSÃO POR 
MORTE. DIREITO A PARIDADE E INTEGRALIDADE. APOSENTADORIA ANTERIOR AO 
ADVENTO DA EC 41/2003 E FALECIMENTO APÓS A SUA PROMULGAÇÃO. EXISTÊNCIA 
DE REPERCUSSÃO GERAL.
(RE 603580 RG, Relator (a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 05/05/2011, DJe-
122 DIVULG 27-06-2011 PUBLIC 28-06-2011 EMENT VOL-02552-02 PP-00162 RT v. 
100, n. 911, 2011, p. 466-471 )
O desfecho do julgamento de nossa Corte Suprema foi no sentido de dar efetividade ao 
direito adquirido apenas se o caso se enquadrar na exceção prevista no art. 7º, da EC 41/03, 
por expressa chancela do art. 3º, da EC 47/05.
Vejamos a tese fixada:
Os pensionistas de servidor falecido posteriormente à EC n. 41/2003 têm direito à pari-
dade com servidores em atividade (EC n. 41/2003, art. 7º), caso se enquadrem na regra 
de transição prevista no art. 3º da EC n. 47/2005. Não tem, contudo, direito à integrali-
dade (CF, art. 40, § 7º, inciso I).
Consultando o inteiro teor do julgado referente a tal tese, pode-se perceber que o Supre-
mo Tribunal Federal não destoou da manutenção da tese de que a pensão por morte deve ser 
concedida com base na lei vigente ao tempo do óbito, pelo princípio do tempus regit actum.
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Esse princípio, por si só, se analisado isoladamente no caso paradigmático da tese fixada, 
implicaria a não extensão da paridade à pensionista, eis que, embora o instituidor da pensão 
tenha se aposentado antes da EC 41/03, seu óbito havia se dado já quando não havia, em 
regra, direito àquela vantagem.
Mas, nada obstante à regra do tempus regit actum, o fato é que o Constituinte Derivado 
permitiu certa ultratividade da norma constitucional anterior, flexibilizando a norma de tran-
sição que havia sido estabelecida para abarcar também as pensões derivadas das aposenta-
dorias concedidas na forma do art. 7º, da EC 43/01.
O art. 3º, da EC 47/05 expandiu a possibilidade de se reconhecer a integralidade e paridade 
a alguns servidores públicos que, embora não tivessem ainda completado os requisitos para 
a aposentação no serviço público na data da promulgação da EC 41/03, cumprissem alguns 
requisitos específicos.
Cabe frisar nessa lembrança que a extensão da integralidade com base no art. 30, caput, da EC 
47/05, somente alcança as aposentadorias, deixando de fora as pensões decorrentes dessas 
aposentações. É que o caput do art. 3º, da EC 47/05, veja bem, somente menciona a palavra 
“aposentadoria”, sendo que a palavra pensão somente é mencionada em seu parágrafo único, 
cujo teor se refere tão somente à paridade.
Vamos relembrar os requisitos para essa expansão (essa “colher de chá”, digamos, que o 
Constituinte Derivado concedeu aos servidores que não conseguiram se aposentar com pa-
ridade e integralidade até a edição da EC 41/03, a qual, como se sabe, acabou com aqueles 
benefícios no serviço público).
Os requisitos são os seguintes:
� a) Que o servidor tenha ingressado no serviço público até 16/12/1998;
� b) Que o servidor possua 35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos de contribuição, se 
mulher;
� c) Que o servidor possua 25 anos de efetivo exercício no serviço público, 15 anos de carreira 
e 5 anos no cargo em que se der a aposentadoria;
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d) Que o servidor tenha 60 anos de idade, se homem, ou 55 anos de idade, se mulher, poden-
do essa mínimo ser reduzido em 1 ano para cada ano que exceder o tempo de contribuição 
exigível no item “I”.
Professor, já entendi que a lei a ser aplicada à pensão por morte é a vigente na data do 
óbito. Mas isso vale mesmo para eventual caso em que a lei nova for mais benéfica para 
o segurado? Vamos supor que o óbito tenha ocorrido na lei “x”, a qual previa um salário 
de benefício menor, enquanto que o requerimento administrativo correspondente junto ao 
INSS somente ocorreu na vigência da lei “y”, a qual aumentou o coeficiente incidente no 
salario de benefício, logo aumentando a renda mensal inicial da pensão por morte. Qual 
lei se aplica? A lei nova, mais benéfica?
NÃO. Não há se falar no Direito da Seguridade Social de ultratividade da lei mais benéfica, 
diferentemente do que ocorreno Direito Penal. Não importa se a lei nova é mais benéfica ou 
prejudicial ao segurado, ela não se aplicará aos fatos que não foram verificados na sua vigên-
cia. Se um benefício de pensão por morte foi concedido na vigência da lei anterior que previa 
um coeficiente menor do salário de benefício, as prestações previdenciárias não poderão ser 
revistas unicamente pelo fato de haver, agora, nova lei com coeficiente de cálculo do salário 
de benefício melhor.
Mais uma vez, reporto-me aqui ao princípio do tempus regit actum, que demarcará, para 
o bem ou para o mal, o direito aplicável à espécie.
O Supremo Tribunal Federal já enfrentou essa questão no seguinte julgado:
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INTERPOSTO PELO INSTITUTO NACIONAL DO 
SEGURO SOCIAL (INSS), COM FUNDAMENTO NO ART. 102, III, “A”, DA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL, EM FACE DE ACÓRDÃO DE TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS 
FEDERAIS. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO: PENSÃO POR MORTE (LEI N. 9.032, DE 28 DE 
ABRIL DE 1995).
1. No caso concreto, a recorrida é pensionista do INSS desde 04/10/1994, recebendo 
através do benefício n. 055.419.615-8, aproximadamente o valor de R$ 948,68. Acórdão 
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recorrido que determinou a revisão do benefício de pensão por morte, com efeitos finan-
ceiros correspondentes à integralidade do salário de benefícios da previdência geral, a 
partir da vigência da Lei no 9.032/1995.
2. Concessão do referido benefício ocorrida em momento anterior à edição da Lei no 
9.032/1995. No caso concreto, ao momento da concessão, incidia a Lei no 8.213, de 24 
de julho de 1991.
(...)
4. O recorrente (INSS) alegou: i) suposta violação ao art. 5º, XXXVI, da CF (ofensa ao ato 
jurídico perfeito e ao direito adquirido); e ii) desrespeito ao disposto no art. 195, § 5º, da 
CF (impossibilidade de majoração de benefício da seguridade social sem a correspon-
dente indicação legislativa da fonte de custeio total).
(...)
8. Levantamento da jurisprudência do STF quanto à aplicação da lei previdenciária no 
tempo. Consagração da aplicação do princípio tempus regit actum quanto ao momento 
de referência para a concessão de benefícios nas relações previdenciárias.
(...)
10. (...) ao estender a aplicação dos novos critérios de cálculo a todos os beneficiários 
sob o regime das leis anteriores, o acórdão recorrido negligenciou a imposição constitu-
cional de que lei que majora benefício previdenciário deve, necessariamente e de modo 
expresso, indicar a fonte de custeio total (CF, art. 195, § 5º).
(...)
12. Ausência de violação ao princípio da isonomia (CF, art. 5º, caput) porque, na espécie, 
a exigência constitucional de prévia estipulação da fonte de custeio total consiste em 
exigência operacional do sistema previdenciário que, dada a realidade atuarial disponí-
vel, não pode ser simplesmente ignorada.
13. O cumprimento das políticas públicas previdenciárias, exatamente por estar calcado 
no princípio da solidariedade (CF, art. 3º, I), deve ter como fundamento o fato de que não 
é possível dissociar as bases contributivas de arrecadação da prévia indicação legisla-
tiva da dotação orçamentária exigida (CF, art. 195, § 5º).
(...)
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14. Considerada a atuação da autarquia recorrente, aplica-se também o princípio da 
preservação do equilíbrio financeiro e atuarial (CF, art. 201, caput), o qual se demonstra 
em consonância com os princípios norteadores da Administração Pública (CF, art. 37).
15. Salvo disposição legislativa expressa e que atenda à prévia indicação da fonte de 
custeio total, o benefício previdenciário deve ser calculado na forma prevista na legisla-
ção vigente à data da sua concessão. A Lei no 9.032/1995 somente pode ser aplicada às 
concessões ocorridas a partir de sua entrada em vigor.
16. No caso em apreço, aplica-se o teor do art. 75 da Lei 8.213/1991 em sua redação ao 
momento da concessão do benefício à recorrida. 17. Recurso conhecido e provido para 
reformar o acórdão recorrido.
(RE 415454, Relator (a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 08/02/2007, 
DJe-131 DIVULG 25-10-2007 PUBLIC 26-10-2007 DJ 26-10-2007 PP-00042 EMENT 
VOL-02295-06 PP-01004)
Interessante observar no julgado acima como os demais princípios da seguridade social 
também possuem influxo indissociável na consideração da lei previdenciária no tempo.
Os princípios da contrapartida (prévia fonte de custeio) e da manutenção do equilíbrio 
financeiro e atuarial são pedras angulares de toda a operacionalidade do sistema de segu-
ridade social previsto na Constituição Federal de 1988, e o princípio da isonomia, como já 
vimos anteriormente, não pode servir de pretexto para que haja a extensão ou majoração de 
proteções sociais que não encontram na fonte orçamentária de seu custeio qualquer rubrica 
sustente tal ato.
3.4.7.2. A Questão do Regime Jurídico.
Professor, eu tenho mais uma dúvida em relação à lei da seguridade social no tempo: 
existe direito adquirido a regime jurídico?
NÃO. Isso já foi exaustivamente enfrentado pela jurisprudência pátria, com as chancelas 
da doutrina. O fato de uma pessoa estar filiada a um determinado regime previdenciário e ter, 
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com isso, a expectativa de direito de que em um determinado tempo de vida, com determina-
da soma de contribuições, ela poderá se aposentar, mas não significa isso direito adquirido.
Como expus, trata-se de “expectativa de direito” e não de “direito adquirido”.
Por óbvio que poderíamos argumentar que a Constituição Federal de 1988 protege, 
ainda que implicitamente pela cláusula pétrea do due process of law, a boa-fé objetiva, 
a confiança legítima depositada nos atos administrativos e, bem assim, veta atos que 
violem o postulado jurídico do nemo potest venire contra factum proprium.
Todavia, quando se trata da proteção de um sistema normativo baseado na solidariedade, 
as expectativas de direito estabelecidas para relações jurídicas individuais devem ser pon-
deradas com a preservação de pilares axiológicos relacionados ao regime coletivo, como um 
todo (diante dos princípios da solidariedade, da contrapartida e, sobretudo, da manutenção 
do equilíbrio financeiro e atuarial do sistema de seguridade social).
Vejamos o que diz a doutrina de LAZZARI18 sobre o assunto, para fixarmos bem o assunto:
Não caracteriza direito adquirido o fato de um indivíduo já estar filiado a um Regime de Previdência 
Social, para efeito de pretensão de ultratividade de normas que vierem a ser revogadas antes que o 
mesmo tenha implementado todos os requisitos legais para o exercício do direito.
Em suma, como costuma frisar a jurisprudência dominante, “não há direito adquirido a regime 
jurídico”.
Se ao tempo da modificação da norma o indivíduo não tinha ainda possibilidade de postular a pres-
tação previdenciária, a mudança legislativa pode alterar sua expectativa.
A possibilidade de edição de regras de transição, embora defendida ardorosamente pela doutrina 
portuguesa como direito daqueles que se encontram em vias de adquirir o direito, não encontra 
base jurídica tal que seja assegurada aos detentores de expectativa de direito.
Veja-se que a lição acima pontua bem o fato de que as normas de transição são uma 
escolha do Constituinte Derivado, algo que se viu, inclusive, em todas as Emendas Constitu-
cionais relacionadas às reformas previdenciárias no Brasil.
Vale reforçar uma percepção aqui: o art. 23 da LINDB não impõe que haja sempre uma 
norma de transição para as inovações legislativas, porque esse dispositivo legal se dirige 
apenas às decisões “administrativa, controladora ou judiciais” queestabelecerem interpre-
tação ou orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado. Veja-se, aliás, que além 
18 Castro, Carlos Alberto Pereira de; Lazzari, João Batista. Manual de Direito Previdenciário (Locais do Kindle 2792-2795). 
Forense. Edição do Kindle.
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de se dirigir apenas aqueles tipos de decisão, também se exige que o conteúdo da decisão 
se refira à “norma de conteúdo indeterminado”, ou seja, nem toda decisão que interprete ou 
estabeleça nova orientação sobre algum dispositivo legal ou dispositivos legais exigirá uma 
“norma de transição”. Isso ocorrerá apenas para alterações interpretativas relacionadas a 
eventual “norma de conteúdo indeterminado”.
Como desfecho dessa temática – da inexistência de direito adquirido a regime jurídico – 
colaciono, ainda, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça abaixo:
PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DIREITO ADQUIRIDO A 
REGIME JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO. INEXISTÊNCIA.
I – O presente feito decorre de ação que objetiva o recebimento de pensão pecúlio post 
mortem, em virtude do falecimento do esposo da requrente, bem como indenização por 
danos morais. Na sentença, julgaram-se parcialmente procedentes os pedidos. No Tri-
bunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, a sentença foi mantida.
II – Verifica-se que, com a edição da Lei n. 9.032/95, houve a revogação da alínea a do 
inciso III do art. 18 da Lei n. 8.213/91, que previa o pagamento de benefício de “pecúlio”.
III – Ademais, a Lei n. 9.717/98 trouxe a limitação de que os regimes próprios de previ-
dência social dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito Federal não poderão conceder bene-
fícios distintos dos previstos no Regime Geral de Previdência Social, de que trata a Lei 
n. 8.213/91.
IV – Desse modo, à época do falecimento do servidor, ocorrida em setembro de 2005 (fl. 
11), já não mais havia previsão, no Regime Geral de Previdência Social, de pagamento 
do referido benefício.
V – Ademais, é importante ressaltar que, consoante a remansosa jurisprudência desta 
Corte Superior, não há direito adquirido a regime jurídico previdenciário. Nesse sentido: 
AgRg no REsp n. 1.212.364/RJ, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, 
julgado em 22/9/2015, DJe 30/9/2015 e AgRg no REsp n. 1.116.644/SC, Rel. Ministro 
Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 27/10/2009, DJe 7/12/2009.
VI – Agravo interno improvido.
(AgInt no REsp 1755473/RJ, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, jul-
gado em 05/02/2019, DJe 14/02/2019)
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Cabe destacar para você mais uma ocorrência de proteção prática do direito adquirido na 
legislação previdenciária brasileira.
Trata-se da hipótese veiculada nos artigos 6º e 7º, ambos da Lei n. 9.876/9919, que assim 
dizem:
Art. 6º É garantido ao segurado que até o dia anterior à data de publicação desta Lei tenha cum-
prido os requisitos para a concessão de benefício o cálculo segundo as regras até então vigentes.
Art. 7º É garantido ao segurado com direito a aposentadoria por idade a opção pela não aplicação 
do fator previdenciário a que se refere o art. 29 da Lei no 8.213, de 1991, com a redação dada por 
esta Lei.
A Lei n. 9.876/99 instituiu o fator previdenciário, logo após a reforma previdenciária advinda 
com a Emenda Constitucional n. 20/98, em virtude, na prática, como se sabe, de não ter vinga-
do no Congresso Nacional a aprovação da idade mínima para se aposentar no Regime Geral 
de Previdência Social.
Além disso, mudou a sistemática de cálculo do salário de benefício dos benefícios previden-
ciários do RGPS, determinando que o período básico de calculo seria, então, os 80% maiores 
salários de contribuição do segurado e, não mais, os últimos 36 meses de contribuição.
Muito bem, como se pode perceber, ambas as inovações podem ser prejudiciais no cálcu-
lo do sálario de benefício e à renda mensal inicial do benefício requerido.
Assim, havendo direito adquirido (ou seja, se satisfeitos todos os requisitos do benefício 
antes da lei nova), como o segurado possui direito ao melhor benefício dentro das opções 
legislativas disponíveis (veja bem: por hipótese, pode ser que os 80% maiores salários de 
contribuição, ou melhor, a média desses 80% maiores salários maiores de contribuição, possa 
ser mais benéfica do que os últimos 36 salários de contribuição), ele poderá optar pelo cálculo 
previsto na legislação anterior à Lei n. 9.876/99.
Por fim, cabe uma ultima indagação sobre lei de seguridade social no tempo:
19 Dispõe sobre a contribuição previdenciária do contribuinte individual, o cálculo do benefício, altera dispositivos das Leis 
nos 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, e dá outras providências.
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É possível falar em aproveitamento dos aspectos positivos de duas leis no tempo, ou seja, 
os pontos favoráveis da norma anterior e, conjuntamente, da norma nova?
NÃO, sob pena de se legislar de modo particularizado, implicando lex tertia, conforme jul-
gado do Supremo Tribunal Federal que coloco abaixo para você:
EMENTA: INSS. APOSENTADORIA. CONTAGEM DE TEMPO. DIREITO ADQUIRIDO. ART. 3º 
DA EC 20/98. CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO POSTERIOR A 16.12.1998. POSSIBI-
LIDADE. BENEFÍCIO CALCULADO EM CONFORMIDADE COM NORMAS VIGENTES ANTES 
DO ADVENTO DA REFERIDA EMENDA. INADMISSIBILIDADE. RE IMPROVIDO.
I – Embora tenha o recorrente direito adquirido à aposentadoria, nos termos do art. 3º 
da EC 20/98, não pode computar tempo de serviço posterior a ela, valendo-se das regras 
vigentes antes de sua edição.
II – Inexiste direito adquirido a determinado regime jurídico, razão pela qual não é lícito 
ao segurado conjugar as vantagens do novo sistema com aquelas aplicáveis ao anterior.
III – A superposição de vantagens caracteriza sistema híbrido, incompatível com a sis-
temática de cálculo dos benefícios previdenciários.
IV – Recurso extraordinário improvido.
(RE 575089, Relator (a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 
10/09/2008, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-202 DIVULG 23-10-2008 PUBLIC 
24-10-2008 EMENT VOL-02338-09 PP-01773 RB v. 20, n. 541, 2008, p. 23-26 RT v. 98, 
n. 880, 2009, p. 122-129)
No caso do julgado acima, o recorrente almejava se aposentar com 30 anos de serviço/
contribuição nos moldes do art. 3º, da Emenda Constitucional n. 20/98; eis que já possuía 
esse tempo, ou seja, possuía direito adquirido à aposentadoria nos moldes da norma anterior. 
Todavia, nos moldes da legislação anterior, a renda mensal inicial da aposentadoria pleiteada 
ficava previsto inicialmente em 70% salário de benefício, apenas se acrescendo de somas de 
6% a cada novo ano completo de atividade (redação do art. 53, inciso II, da Lei n. 8.213/91, a 
qual restou revogada tacitamente com as normas advindas pela EC 20/98).
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Claro está que o artigo 52 foi derrogado tacitamente pela Emenda Constitucional n. 20/98, 
já que, além de estipular que se trata de aposentadoria por “tempo de serviço” e não “tempo 
de contribuição”, elenca requisito etário diverso do previsto na CF/88 após a EC 20, exigindo 
apenas 30 anos de “serviço” para homens e 25 anos de “serviço” para as mulheres. Lembro, 
ainda, de que isso se trata de simples constatação de revogação da lei, pelo critério da lex 
posterior derrogat legi priori (lei posterior derroga lei anterior), não sendo caso de inconsti-
tucionalidadesuperveniente, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, que já se 
expressou nos seguintes termos20:
(...)
A orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal, sob a Constituição de 1967/69, não deixava dú-
vida de que a compatibilidade do direito anterior com norma constitucional superveniente haveria 
de ser aferida no âmbito do direito intertemporal.
(...)
Dessa forma, resta clara a revogação da Lei municipal, no ponto em que tratava da contribuição de 
inativos, operada pela publicação da EC 20/98, que vedou tal cobrança.
Logo, não poderia o recorrente, mesmo, valer-se das normas relativas à aposentadoria por 
tempo de serviço anteriores à EC 20/98 e, ao mesmo tempo, tomar como tempo restante, para 
incrementar sua renda mensal inicial, o período posterior àquela Emenda Constitucional.
3.4.7.3. O Ato Jurídico Perfeito
Aqui se aplicam os mesmos critérios de proteção relacionados ao direito adquirido, de-
vendo se considerar igualmente o princípio do tempus regit actum. Todavia, a consideração 
desse princípio necessita de um marco temporal para se tomar como referência e, então, sa-
bermos qual a lei aplicável, se a anterior ou a posterior.
A definição de ato jurídico perfeito é importante no que toca ao fato de que se trata de uma 
garantia que, assim como o direito adquirido, decorre do princípio da segurança e do devido 
20 Extraído de:
http://www.stf.jus.br/portal/diarioJustica/verDecisao.asp?numDj=188&dataPublicacao=25/09/2012&inciden-
te=4190309&capitulo=6&codigoMateria=3&numeroMateria=140&texto=4135765, em 04/11/2019, às 11:35.
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processo legal, mas possui distinção em grau e extensão. Isso porque também se trata de um 
reconhecimento jurídico o qual apresenta reflexos incorporáveis ao patrimônio de seu titular 
sob o manto da lei velha, mas nem sempre a incorporação desses reflexos resultará em direito 
adquirido.
Na lição da doutrina de ALEXANDRE DE MORAES21, podemos encontrar o conceito do 
instituto:
O ato jurídico perfeito:
É aquele que se aperfeiçoou, que reuniu todos os elementos necessários à sua formação, debaixo 
da lei velha. Isto não quer dizer, por si só, que ele encerre em seu bojo um direito adquirido. Do que 
está o seu beneficiário imunizado é de oscilações de forma aportadas pela lei nova.
No campo do Direito da Seguridade Social, o marco será sempre a ocorrência da contin-
gencia social objeto da proteção estatal. Nos benefícios de auxílio-doença, auxílio-acidente 
e aposentadoria por invalidez, por exemplo, a contingencia é a incapacidade laboral (ou res-
trição dela, no caso do auxílio-acidente). Sendo assim, a data do início da incapacidade será 
sempre a referencia temporal para se afirmar que uma ou outra lei deverá ser aplicada ao 
caso.
Casos de mudanças legislativas tais como os relacionados à alteração ou criação de pra-
zos de carência para a obtenção de benefícios são resolvidos por meio dessa mesma verifi-
cação. Ou seja, o prazo de carência exigido para a obtenção de um benefício previdenciário 
será sempre aquele que constar da lei que vige no momento do nascimento da contingencia 
social objeto da proteção estatal esperada. Mais uma vez tomando o exemplo dos benefícios 
relacionados à incapacidade laborativa, ou restrição dessa, a carência exigida será aquela 
constante da norma em vigor no momento do início da incapacidade.
Professor, isso já foi enfrentado pela jurisprudência?
21 MORAES, Alexandre de, in Curso de Direito Constitucional, 33ª Edição, Editora Atlas, pg. 74, citando BASTOS, Celso. Dicio-
nário de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 1994. p. 43.
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SIM, conforme julgamento do TEMA 176 da TNU – Turma Nacional de Uniformização da 
Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais —, deve-se adotar o regime normativo de 
carência vigente no momento do surgimento da incapacidade22:
Constatado que a incapacidade do (a) segurado (a) do Regime Geral da Previdência 
Social (RGPS) ocorreu ao tempo da vigência das Medidas Provisórias ns. 739/ 2016 e 
767/ 2017, aplicam-se as novas regras de carência nelas previstas (Processo 5001792-
09.2017.4.04.7129/ RS, j. em 17.8.2018).
Outra boa lembrança da proteção do ato jurídico perfeito na esfera do Direito da Segu-
ridade Social é o relativo à comprovação de atividades consideradas nocivas para efeito de 
reconhecimento de tempo especial. Essa questão também se relaciona, obviamente, com a 
proteção do direito adquirido, na medida em que o período de atividade especial pode ser in-
tegrado ao patrimônio jurídico do segurado de modo autônomo do direito à aposentadoria em 
si. Isso também se aplica ao reconhecimento de tempo de segurado especial.
Ou seja, havendo mudança das normas relacionadas à caracterização e, consequente-
mente, comprovação de períodos relacionados a atividades especiais de trabalho ou, ainda, a 
categorias peculiares de filiados do RGPS, é de se ter em mira o citado princípio tempus regit 
actum e, por conseguinte, a proteção do direito adquirido na legislação outrora vigente.
Mas especificamente no que se relaciona à comprovação documental, por exemplo, de 
certos vínculos exercidos em condições nas quais havia a presença de agentes nocivos (físi-
cos, químicos ou biológicos), a proteção ao ato jurídico perfeito permite que os documentos 
então exigíveis na época desses vínculos sejam suficientes à demonstração formal de que 
havia atividade especial, mesmo que posteriormente tenha havido alteração da lei para exigir 
outro tipo de documentação.
É certo que o tempo de serviço é regido pela lei vigente à data de sua prestação, assim as 
atividades prestadas sob condições especiais se efetivam sob os critérios estabelecidos pela 
lei vigente à época em que o segurado realizou a atividade, passando a integrar, como direito 
autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador.
22 Castro, Carlos Alberto Pereira de; Lazzari, João Batista. Manual de Direito Previdenciário (Locais do Kindle 2812-2816). 
Forense. Edição do Kindle.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Eventual alteração ocorrida na legislação, posteriormente, não pode ser aplicada retroa-
tivamente, mesmo que não mais se reconheça aquela atividade como especial, não retirando 
do trabalhador o direito à contagem do tempo de serviço na forma anterior, sendo este o 
entendimento pacificado do STJ, considerando o princípio tempus regit actum para tal desi-
derato.
Vamos abordar esse benefício e todas as suas peculiaridades no capítulo próprio de nos-
so curso, mas posso lhe adiantar que até 10/10/1996 (véspera da entrada em vigor da Medida 
Provisória n. 1.523/96, convertida na Lei n. 9.528/97), a exposição aos agentes nocivos deve 
ser feita com base nos quadros anexos aos Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79, por intermé-
dio dos formulários antigos SB-40 e DSS-8030.
Já, de 11/10/1996 até 05/03/1997, a exposição aos agentes nocivos deve ser feita com 
base nos quadros anexos aos Decretos n. 53.831/64 e 83.080/79, por intermédio do PPP 
(perfil profissiográfico previdenciário), admitindo-se, contudo, os formulários DIRBEN-8030, 
SB-40, DISES-BE-5235 e DSS-8030 emitidos anteriormente, o que reverbera a proteção ao 
ato jurídico perfeito.
3.4.7.4. A Coisa Julgada
Na dição da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, em seu art. 6º, §3º, da coisa 
julgada é a “decisão judicial de que não caiba recurso”.
Conforme, novamente, a lição de MORAES23, na:
(...) coisa julgada, “o direito incorpora-se ao patrimônio de seu titular por força da proteção que 
recebe da imutabilidade da decisão judicial. Daí falar-se em coisa julgada formal e material.Coisa julgada formal é aquela que se dá no âmbito do próprio processo. Seus efeitos restringem-
-se, pois, a este, não o extrapolando.
A coisa julgada material, ou substancial, existe, nas palavras de Couture, quando à condição de 
inimpugnável no mesmo processo, a sentença reúne a imutabilidade até mesmo em processo pos-
terior (Fundamentos do direito processual civil).
No campo do Direito da Seguridade Social, os aspectos que valem a pena conferir rela-
cionado à proteção da coisa julgada se referem, sobretudo, a duas situações. A primeira é 
referente à natureza das sentenças relacionadas a benefícios por incapacidade; a segunda se 
23 MORAES, Alexandre de, in Curso de Direito Constitucional, 33ª Edição, Editora Atlas, pg. 74.
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refere à possibilidade ou não de revisão desses mesmos benefícios diretamente pelo INSS, 
ainda quando tenha havido processo judicial transitado em julgado.
Primeiramente, no que se relaciona a primeira situação, é importante você entender que 
o conceito de incapacidade é dinâmico e variável no tempo, exigindo analise particularizada 
para cada segurado e, bem assim, para cada patologia incapacitante detectada em perícia 
médica.
Em sendo variável e dinâmico, portanto, nada impede que em um processo já extinto com 
resolução de mérito e acobertado pelo manto da coisa julgada tenha sido reconhecida a capa-
cidade para o trabalho, mas, meses depois, em outro processo judicial perceba-se que houve 
agravamento da doença e, com isso, surgimento da incapacidade anteriormente postulada.
Nessa base de progressão, havendo reconhecimento judicial da incapacidade e conse-
quente concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença ou aposentadoria por invali-
dez, não significará isso qualquer mácula à coisa julgada formada no processo anterior.
É que a coisa julgada em processos previdenciários relacionados à incapacidade laboral 
possui natureza rebus sic stantibus, ou seja, entram e se petrificam no mundo jurídico confor-
me o estado das coisas conhecidas pelo Juízo na oportunidade do julgamento.
Isso quer dizer, nos termos do Supremo Tribunal Federal24, que, quanto à coisa julgada 
formada nessas condições, “sua eficácia permanece enquanto se mantiverem inalterados 
os pressupostos fáticos e jurídicos adotados para o juízo de certeza estabelecido pelo provi-
mento sentencial”.
De fato, havendo progressão da doença e atingido, então, o estado de incapacidade, pare-
ce evidente que se trata de uma nova relação jurídica a ser certificada pelo juízo, desde que, 
claro, tenha havido novo requerimento administrativo, sob pena de não se ter desenhado o 
interesse jurídico no caso.
Já o segundo aspecto se refere à possibilidade, ou não, do INSS revisar ou cancelar bene-
fícios previdenciários concedidos judicialmente e já acobertados pela coisa julgada.
24 MS 32435 AgR, Relator (a): Min. CELSO DE MELLO, Relator (a) p/ Acórdão: Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado 
em 04/08/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-206 DIVULG 14-10-2015 PUBLIC 15-10-2015)
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
A resposta é SIM, mas com ressalvas óbvias, pois permitir a ampla possibilidade de revi-
são administrativa de sentenças judiciais é chancelar uma interferência totalmente anômala 
de um Poder em outro, ferindo de morte, além disso, a garantia fundamental da inafastabili-
dade da tutela jurisdicional (art. 5º, inciso XXXVI).
O Superior Tribunal de Justiça possui julgado exigindo a observância do paralelismo de 
formas nessas questões.
Vejamos:
PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONCEDIDA 
JUDICIALMENTE. CANCELAMENTO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. NECESSI-
DADE DE AÇÃO JUDICIAL REVISIONAL. RECURSO ESPECIAL DO INSS A QUE SE NEGA 
SEGUIMENTO.
“Com efeito, o acórdão recorrido está em consonância com o entendimento desta Corte 
de que não é possível a cessação administrativa dos benefícios por incapacidade con-
cedidos judicialmente, sob pena de violação à coisa julgada material e desrespeito ao 
princípio do paralelismo das formas”
(STJ, REsp 1.408.281/ SC, julg. 24.2.2017)
Mas a jurisprudência sobre isso, em verdade, oscila e, anteriormente, o Superior Tribunal 
de Justiça já havia julgado no sentido de que não é exigível o paralelismo de formas para 
a revisão administrativa, sendo dispensável que o INSS intente ação revisional para cessar 
benefício concedido judicialmente, desde que seja respeitado o devido processo legal e seus 
consectários (contraditório e ampla defesa do segurado).
Vejamos a informação veiculada no INFORMATIVO 536, do STJ (de 26/03/2014):
DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRINCÍPIO DO PARALELISMO DAS FORMAS NA REVISÃO DE 
BENEFÍCIO ASSISTENCIAL.
O INSS pode suspender ou cancelar benefício de prestação continuada concedido judi-
cialmente, desde que conceda administrativamente o contraditório e a ampla defesa ao 
beneficiário, não se aplicando o princípio do paralelismo das formas.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
O STJ, por meio da Sexta Turma, aplicou o entendimento de que era necessário respei-
tar o princípio do paralelismo das formas, ou seja, concedido o benefício por meio de 
decisão judicial, somente por outra decisão judicial seria possível a autarquia fazer a 
revisão para suspender ou cancelar o benefício, nos termos do art. 471, I, do CPC (REsp 
1.201.503-RS, DJe 26/11/2012).
No entanto, esse princípio não é de observância obrigatória, devendo-se impedir, entre-
tanto, o cancelamento ou suspensão unilateral do benefício por parte da autarquia, sem 
dar oportunidade ao beneficiário de apresentar provas que entender necessárias.
Efetivamente, não se exige o paralelismo de formas por três motivos:
1) a legislação previdenciária, que é muito prolixa, não faz essa exigência, não podendo 
o Poder Judiciário exigir ou criar obstáculos à autarquia não previstos em lei;
2) foge da razoabilidade e proporcionalidade, uma vez que, por meio do processo admi-
nistrativo, respeitando-se o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa, é 
possível extrair elementos suficientes para apurar a veracidade ou não dos argumentos 
para a suspensão ou cancelamento do benefício, o que não impede posterior revisão 
judicial;
3) a grande maioria dos benefícios sociais concedidos pela Lei Orgânica da Assistên-
cia Social (Lei 8.742/1993) são deferidos por meio de decisão judicial, o que acarreta-
ria excessiva demanda judicial, afetando em demasia o Poder Judiciário, bem como o 
departamento jurídico da autarquia, além da necessidade de defesa técnica, contratada 
pelo cidadão, sempre que houver motivos para a revisão do benefício.
Precedente citado do STJ: AgRg no Ag 1.105.324-BA, Quinta Turma, DJe 17/8/2009. 
Precedente citado do STF: RE 469.657 AgR, Segunda Turma, DJe 13/8/2012. REsp 
1.429.976-CE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 18/2/2014.
O art. 43, §4º, da Lei n. 8.213/91, assinala que o
Segurado aposentado por invalidez poderá ser convocado a qualquer momento para avaliação das 
condições que ensejaram o afastamento ou a aposentadoria, concedida judicial ou administrati-
vamente.
Já o art. 60, §10, também da Lei n. 8.213/91, vai na mesma linha, asseverando que o “se-
gurado em gozo de auxílio-doença, concedido judicial ou administrativamente, poderá ser 
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convocado a qualquer momento para avaliação das condições que ensejaram sua concessão 
ou manutenção”
Há, nessa base, um ato normativo, a PORTARIA CONJUNTA INSS N. 7, DE 19 DE AGOSTO 
DE 2016, que estabeleceprocedimentos relacionados à revisão administrativa de benefícios 
previdenciários por incapacidade prevista na Medida Provisória 739/2016.
Mas friso: qualquer corte que não respeite a coisa julgada é, em verdade, descumprimento 
de ordem judicial.
De outro lado, vedar completamente a revisão de um benefício apenas porque ele foi im-
plantado por ato judicial, após sentença ou liminar, não é condizente com a própria natureza 
desses benefícios, os quais, como dito, são concedidos sempre rebus sic stantibus.
Já no que toca à cessação programada de benefícios concedidos judicialmente, pode o 
INSS promover a chamada alta programada, em caso de não demarcação do tempo de ces-
sação na sentença transitada em julgado.
Essa possibilidade decorreu das inovações legais advindas por meio das Medidas Pro-
visórias n. 739/2016 e 767/2017, as quais, posteriormente, restaram convertidas na Lei n. 
13.457/17. Essa Lei promoveu mecanismos de implementação dos chamados “pentes finos” 
do INSS, permitindo a cessação do benefício em 120 dias se não houver data de cessação 
apontada administrativa ou judicialmente.
Vejamos o que diz o art. 60, §8º, da Lei n. 8.213/91, a respeito:
§ 9º Na ausência de fixação do prazo de que trata o § 8º deste artigo, o benefício cessará após 
o prazo de cento e vinte dias, contado da data de concessão ou de reativação do auxílio-doença, 
exceto se o segurado requerer a sua prorrogação perante o INSS, na forma do regulamento, obser-
vado o disposto no art. 62 desta Lei.
(Incluído pela Lei n. 13.457, de 2017)
Sobre isso, o entendimento fixado na TNU, no julgamento do representativo de controvérsia n. 
0500774-49.2016.4.05.8305/PE, orientou-se para fixar a inexistência de obrigação do INSS 
em marcar a chamada “perícia de saída”, ou seja, aquela que é marcada automática e obriga-
toriamente pela autarquia previdenciária antes de cessar o benefício.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
A TNU, apreciando aquele recurso representativo de controvérsia (PEDILEF n. 0500774-
49.2016.4.05.8305/PE), definiu o seu TEMA 164, sobre o qual pendia a seguinte controvérsia:
Saber quais são os reflexos das novas regras constantes na MP n. 739/2016 (§§ 8º e 
9º do art. 60 da Lei 8.213/1991) na fixação da data de cessação do benefício auxílio-
-doença e da exigência, quando for o caso, do pedido de prorrogação, bem como se são 
aplicáveis aos benefícios concedidos e às demandas ajuizadas em momento anterior à 
sua vigência.
E, quanto ao julgamento, 19/04/2018, a seguinte tese foi firmada:
Por não vislumbrar ilegalidade na fixação de data estimada para a cessação do auxílio-
-doença, ou mesmo na convocação do segurado para nova avaliação da persistência 
das condições que levaram à concessão do benefício na via judicial, a Turma Nacional 
de Uniformização, por unanimidade, firmou as seguintes teses:
a) os benefícios de auxílio-doença concedidos judicial ou administrativamente, sem Data 
de Cessação de Benefício (DCB), ainda que anteriormente à edição da MP n. 739/2016, 
podem ser objeto de revisão administrativa, na forma e prazos previstos em lei e demais 
normas que regulamentam a matéria, por meio de prévia convocação dos segurados 
pelo INSS, para avaliar se persistem os motivos de concessão do benefício;
b) os benefícios concedidos, reativados ou prorrogados posteriormente à publicação da 
MP n. 767/2017, convertida na Lei n. 13.457/17, devem, nos termos da lei, ter a sua DCB 
fixada, sendo desnecessária, nesses casos, a realização de nova perícia para a cessação 
do benefício;
c) em qualquer caso, o segurado poderá pedir a prorrogação do benefício, com garantia 
de pagamento até a realização da perícia médica.”
Em verdade, a discussão acerca da chamada “alta programada” é antiga, mas desde o ano de 
2010, em decorrência da ACP n. 2005.33.00.020219-8 (na qual se decidiu com abrangência 
nacional) o INSS editou a Resolução INSS/PRES n. 97/2010, possibilitando a cessação auto-
mática, mas desde que não haja pedido de prorrogação do segurado. E isso restou chancela-
do pelo julgamento da TNU, como visto, e reverberado o art. 60, §9, da Lei n. 8.213/91, incluído 
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
pela Lei n. 13.457/17, de modo que é legitima a imposição de um prazo máximo pelo INSS, de 
120 dias, conforme diz a lei, nos casos omissos, ou seja, quando a decisão judicial (ou admi-
nistrativa) não fixar um prazo de cessação.
Ocorre que o Superior Tribunal de Justiça não comunga do mesmo entendimento, tendo 
proferido reiteradas decisões no sentido de que a alta programada é contrária ao ordenamen-
to jurídico vigente e que não pode haver cessação do benefício sem perícia médica prévia, 
acompanhada de processo administrativo que assegure ao segurado o contraditório.
Nesse sentido, vejamos:
PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AUXÍLIO-DOENÇA. CESSAÇÃO DO PAGAMENTO 
DO BENEFÍCIO. AUSÊNCIA DE PERÍCIA MÉDICA. IMPOSSIBILIDADE.
1. A jurisprudência do STJ tem-se firmado no sentido de que é incompatível com a lei 
previdenciária a adoção, em casos desse jaez, do procedimento da “alta programada”, 
uma vez que fere o direito subjetivo do segurado de ver sua capacidade laborativa afe-
rida através do meio idôneo a tal fim, que é a perícia médica.
2. De fato, revela-se incabível que o Instituto preveja, por mero prognóstico, em que data 
o segurado está apto para retornar ao trabalho, sem avaliar efetivamente o estado de 
saúde em que se encontra, tendo em vista que tal prognóstico pode não corresponder à 
evolução da doença, o que não é difícil de acontecer em casos mais complexos, como é 
o versado nos autos. Precedentes: REsp 1.291.075/CE, Relatora Ministra Regina Helena 
Costa, DJe 18/2/2014; REsp 1.544.417/MT, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, 
DJe 19/8/2015; REsp 1.563.601-MG, Relator Ministro Humberto Martins, DJe 30/6/2016.
3. Recurso Especial não provido.
(REsp 1737688/MT, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 
12/06/2018, DJe 23/11/2018)
Embora na ementa acima transcrita não tenha constado nada a respeito da possibilidade 
de pedido de prorrogação por parte do segurado, como medida apta a evitar a cessação au-
tomática, no inteiro teor do acórdão proferido há menção ao entendimento de que é do INSS 
o ônus de acompanhar o estado clínico daquele que está em gozo do benefício por incapaci-
dade.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Vejamos:
Sobre a necessidade de reavaliação do segurado, vale dizer que todos têm acesso ao 
sistema de saúde gratuito, em que um médico do sistema público poderá acompanhar 
a recuperação do segurado e indicar se ele deve pedir a prorrogação do auxílio-doença 
por remanescer a incapacidade temporária.
Todavia, entendo não ser possível que um sistema previdenciário, cujo pressuposto é a 
proteção social, se abstenha de acompanhar a recuperação da capacidade laborativa 
dos segurados incapazes, atribuindo-lhes o ônus de auto-exame clínico, a pretexto da 
diminuição das filas de atendimento na autarquia.
Resta saber como o entendimento vai se firmar, se pela legalidade da alta programada ou 
não, sendo que é possível que o Superior Tribunal de Justiça defina a questão com base no 
art. 14, §4º, da Lei n. 10.259/01, que assim diz:
§ 4º Quando a orientação acolhida pela Turma de Uniformização, em questões de direito ma-
terial, contrariar súmula ou jurisprudência dominante no Superior Tribunal de Justiça -STJ, a 
parte interessada poderá provocar a manifestação deste, que dirimirá a divergência.
Em provas objetivas, deve-se ficar atento ao enunciado da questão, ou seja, se faz refe-
rencia à “lei seca” ou à jurisprudência. Em caso de questões discursivas, é convenientemen-
cionar ambos os entendimentos hoje vigentes.
3.5. a aplicação da “lei” no espaço
3.5.1. A Territorialidade da Norma de Seguridade Social e suas Exceções
A regra da lei previdenciária é a da territorialidade, ou seja, incide a lei previdenciária bra-
sileira às relações jurídicas de trabalho desenvolvidas em território nacional, nos moldes das 
categorias de segurados definidos na Lei n. 8.213/91 e na Lei n. 8.213/91.
Há exceção, contudo, prevista na segunda parte do art. 11, inciso I, alínea “d”, da Lei n. 
8.213/91, no que toca ao “não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro 
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amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repar-
tição consular”.
Assim, se houver algum não brasileiro sem residência permanente no Brasil (incluídos, 
assim, portanto, os estrangeiros e os apátridas), mas que trabalhe em alguma missão diplo-
mática instalada em nosso país, bem como repartição consular de carreira estrangeira ou, 
por fim, a órgãos subordinados a essas entidades, não haverá incidência da lei previdenciária 
brasileira.
O mesmo ocorre se houver algum brasileiro que já possua relação jurídico-previdenciária 
com o país da respectiva missão diplomática ou repartição consular.
Em outros termos, a territorialidade da lei previdenciária é mitigada nessas hipóteses, no 
que toca à formação de relação jurídico-previdenciária. Nada obsta, contudo, a incidência 
de outros direitos afetos à proteção social estatal previstos na seguridade social brasileira, 
permanecendo hígida a possibilidade de que àqueles não-brasileiros seja garantido o direito 
à saúde e, bem assim, à assistência social.
Aliás, já de muito que o Supremo Tribunal Federal entendeu pela constitucionalidade da 
pretensão ao recebimento de benefício assistencial previsto na Lei n. 8.472/93 (LOAS) por 
parte de estrangeiro residente no País.
Estrangeiro residente no país tem direito à concessão de benefício assistencial, decide STF
Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a condição de estrangeiro residen-
te no Brasil não impede o recebimento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago pelo Ins-
tituto Nacional do Seguro Social (INSS) às pessoas com deficiência e aos idosos que comprovem 
não possuir meios de prover a própria manutenção ou ter o sustento provido por sua família, desde 
que atendidos os requisitos necessários para a concessão.
Em julgamento concluído nesta quinta-feira (20), o Plenário negou provimento ao Recurso Extraor-
dinário (RE) 587970, no qual o INSS questionava decisão da Primeira Turma Recursal do Juizado 
Especial Federal da 3ª Região que o condenou a conceder a uma italiana residente no Brasil há 57 
anos o benefício assistencial de um salário mínimo, previsto no artigo 203, inciso V, da Constituição 
Federal.
O recurso extraordinário tem repercussão geral reconhecida, o que significa que o entendimento 
firmado hoje pelo STF deve ser aplicado pelas demais instâncias do Poder Judiciário a processos 
semelhantes. A tese de repercussão geral aprovada é a seguinte: “Os estrangeiros residentes no 
país são beneficiários da assistência social prevista no artigo 203, inciso V, da Constituição Fede-
ral, uma vez atendidos os requisitos constitucionais e legais”.
Como visto, entretanto, a única condicionante para o recebimento do benefício assisten-
cial pelo estrangeiro é que ele possua residência no Brasil.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
A ementa do julgado restou assim redigida, senão vejamos:
ASSISTÊNCIA SOCIAL – ESTRANGEIROS RESIDENTES NO PAÍS – ARTIGO 203, INCISO V, 
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL – ALCANCE.
A assistência social prevista no artigo 203, inciso V, da Constituição Federal beneficia 
brasileiros natos, naturalizados e estrangeiros residentes no País, atendidos os requisi-
tos constitucionais e legais.
(RE 587970, Relator (a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 20/04/2017, 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-215 DIVULG 21-09-2017 
PUBLIC 22-09-2017)
3.5.2. A Extraterritorialidade da Norma de Seguridade Social
A extraterritorialidade é, portanto, exceção no ordenamento jurídico brasileiro relativo à 
seguridade social. A regra é que a lei nacional não se aplique para fazer incidir a proteção da 
seguridade social brasileira em relação de trabalho delineadas no exterior. Mas há casos em 
que isso pode ocorrer, por expressa determinação da Lei n. 8.213/91.
Vejamos:
• Art. 11, inciso I, alínea “c”, da Lei n. 8.213/91: o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado 
e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de em-
presa nacional no exterior (grave “empresa nacional no exterior” e “domiciliado/contra-
tado no Brasil).
• Art. 11, inciso I, alínea “e”, da Lei n. 8.213/91:
O brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou inter-
nacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se 
segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio (grave “OrgOfi Bra ou Inter de que o 
Bra seja parte”);
• Art. 11, inciso I, alínea “f”, da Lei n. 8.213/91:
Se um brasileiro for contratado para trabalhar para empresa que, embora sediada no exterior, pos-
sua empresa brasileira como titular da maioria do capital votante, incidirá a lei previdenciária bra-
sileira de modo extraterritorial (grave “empra Bra na maioria do capital votante”).
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• Art. 11, inciso V, alínea “e”, da Lei n. 8.213/91:
O brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é mem-
bro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de previ-
dência social (grave “org ofi internacional de que o Bra faz parte).
Lembre que em todas as situações, se houver cobertura por regime próprio de previdência 
social do país estrangeiro, não haverá cobertura brasileira, cessando a extraterritorialidade da 
lei nacional.
4. antinomias normativas
Muito bem, vimos que o Direito da Seguridade Social possui diversificação considerável 
de normas, com especificação de regras e princípios para variados segmentos de seu com-
plexo normativo.
Assim, é natural e bastante possível que haja aparente choque de normas, umas com as 
outras, com conflitos de regramentos os quais devem ser resolvidos, portanto, pelo aplicador 
da lei a fim de imputar a correta solução ao caso.
Fala-se nessa situação em antinomia, a qual, segundo a melhor doutrina, é sempre apa-
rente e não real. Isso, evidentemente, decorre de uma ficção jurídica, pois a produção legislati-
va é obviamente falha, decorrendo da natureza humana falível, de maneira que pode sim apre-
sentar ao ordenamento sistemas ou meramente regras que literalmente podem se chocar.
De todo modo, a questão se resolve por princípios interpretativos e critérios de solução 
para tais conflitos, os quais, diante disso, passam a ser meramente aparentes. Em outros ter-
mos, sempre é possível achar um jeito de resolver esse choque, digamos assim.
Existem duas ocorrências frequentes que representam esse aparente conflito de normas: 
uma relativa a normas de distintas posições em nosso ordenamento jurídico e outra relativa 
a normas de igual hierarquia.
Dentro dessas duas ocorrências, pode-se falar ainda em uma terceira hipótese de conflito 
aparente, relativa à intertemporalidade de leis, ou seja, conflitos de lei no tempo.
A 1ª ocorrência se situa na contraposição de normas de espécie hierárquica distinta, tal 
como contradição entre um dispositivo constitucionale um dispositivo legal, portanto, infra-
constitucional.
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Em tal circunstancia, a solução fica mais fácil de ser resolvida, sendo solucionada sim-
plesmente pelo critério hierárquico, sendo que a norma superior se sobrepõe a norma inferior. 
Nesse contexto, baseamo-nos na Pirâmide Normativa de Kelsen, segundo a qual a Constitui-
ção prevalece sobre todas as demais normas do ordenamento jurídico.
Antinomias como essa, quando envolvem a Constituição Federal, são dirimidas pela via 
do controle de constitucionalidade, seja ele difuso ou concentrado, ou seja, podem ser enfren-
tados esses choques aparentes de normas pelo Supremo Tribunal Federal e pelos Juízes em 
geral quando atuam na guarda da norma constitucional pela via difusa.
4.1. os critérios de solução em caso de conFlito de normas
Quando falamos em solução de conflito de normas, a doutrina clássica sobre o tema vem, 
primeiramente, de NORBERTO BOBBIO, que se debruçando sobre o tema, alinhavou para o 
intérprete três critérios de solução de antinomias:
• Critério cronológico, o qual significa que a lei posterior deve prevalecer sobre a norma 
anterior;
• Critério da especialidade, o qual significa que a norma especial deve prevalecer sobre 
a norma geral;
• Critério da hierarquia, o qual significa que a norma superior deve prevalecer sobre a 
norma inferior.
Em geral, como dito, as antinomias são meramente aparentes, sendo passíveis de serem 
resolvidas por um ou dois desses critérios, isolada ou conjuntamente. Alias, quando a antino-
mia conclama do interprete o uso de dois desses critérios, fala-se em antinomia de 2º grau. 
Quando se usa apenas um desses critérios, fala-se em antinomia de 1º grau.
Entendido? Muito bem, vamos adiante.
A doutrina de Maria Helena Diniz25 e Flavio Tartuce26 lecionam no sentido de que, quando 
nenhum desses critérios resolver, fala-se em antinomia real.
25 DINIZ, Maria Helena, in Conflito de Normas. São Paulo: Editora Saraiva, 2003, p. 34 a 51.
26 TARTUCE, Flávio, in Breve Estudo das Antinomias ou Lacunas de Conflito. Extraído de http://genjuridico.com.br/2015/02/25/
breve-estudo-das-antinomias-ou-lacunas-de-conflito/ em 04/12/2019, às 19:42.
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Referem-se à hipótese de choque entre uma norma de cunho geral superior e uma norma 
especial inferior, sendo que nessa situação não se poderia, em tese, fazer preponderar um ou 
outro critério (no caso, ou o critério cronológico, ou o critério da especialidade).
Vejamos:
Finalizando, quando se tem conflito entre uma norma geral superior e outra norma, especial e infe-
rior, qual deve prevalecer?
Ora, em casos tais, como bem expõe Maria Helena Diniz não há uma meta-regra geral de solução 
do conflito sendo caso da presença de antinomia real. São suas palavras:
No conflito entre o critério hierárquico e o de especialidade, havendo uma norma superior-geral 
e outra norma inferior especial, não será possível estabelecer uma meta-regra geral, preferindo o 
critério hierárquico ao da especialidade ou vice-versa, sem contrariar a adaptabilidade do direito. 
Poder-se-á, então, preferir qualquer um dos critérios, não existindo, portanto, qualquer prevalência. 
Todavia, segundo Bobbio, dever-se-á optar, teoricamente, pelo hierárquico; uma lei constitucional 
geral deverá prevalecer sobre uma lei ordinária especial, pois se se admitisse o princípio de que 
uma lei ordinária especial pudesse derrogar normas constitucionais, os princípios fundamentais 
do ordenamento jurídico estariam destinados a esvaziar-se, rapidamente, de seu conteúdo. Mas, 
na prática, a exigência de se adotarem as normas gerais de uma Constituição a situações novas le-
varia, às vezes, à aplicação de uma lei especial, ainda que ordinária, sobre a Constituição. A supre-
macia do critério da especialidade só se justificaria, nessa hipótese, a partir do mais alto princípio 
da justiça: suum cuique tribuere, baseado na interpretação de que ‘o que é igual deve ser tratado 
como igual e o que é diferente, de maneira diferente’. Esse princípio serviria numa certa medida 
para solucionar antinomia, tratando igualmente o que é igual e desigualmente o que é desigual, 
fazendo as diferenciações exigidas fática e valorativamente.
Embora seja possível concordar com a existência dessa hipótese levantada pelos autores 
– de que pode haver duvida em qual critério escolher para solucionar a norma aplicável – te-
nho que a melhor maneira de enxergar tal fenômeno jurídico não seja por meio do conceito de 
conflito de normas.
Não há choque de duas normas, mas sim ausência, lacuna de norma, nesses casos. Ora, 
se não é possível concluir de imediato; se, nesses casos, será a norma geral ou a especial, 
superior ou inferior, o que se tem é lacuna a ser integrada.
Os próprios autores citam, de fato, que deverão ser usados os instrumentos jurídicos pre-
vistos para preencher as lacunas da lei, tal como previsto nos artigos 4º e 5º, da Lei de Intro-
dução às Normas do Direito Brasileiro.
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Vejamos os dispositivos, para sua revisão:
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os 
princípios gerais de direito.
Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do 
bem comum.
Veja-se que, no caso do Direito da Seguridade Social, a lacuna decorrente da eventual 
concomitância de norma geral superior e norma especial inferior poderá ser integrada via 
princípios gerais do Direito, bem como pela percepção dos fins sociais a que se destinam as 
normas de proteção social estatal.
Com isso, a norma especial inferior poderá prevalecer sobre a norma geral superior.
Um exemplo aproximado dessa hipótese, embora não totalmente idêntico, serve para ilus-
trar nosso aprendizado em relação à peculiaridade do princípio da norma mais favorável no 
âmbito do Direito da Seguridade Social.
Refiro-me ao reconhecimento da condição de segurado especial do índio.
Como se estudará em capítulo próprio, segurado especial é uma espécie de segurado 
bastante distinta das demais, tendo sua definição relacionada ao trabalho agropastoril em 
regime de economia de subsistência, ou, ainda, relacionado ao pescador artesanal.
Nessa toada de conceituação, a Lei n. 8.213/91, contudo, nada mencionou sobre os índios 
e, com isso, remanesceria duvida sobre o enquadramento dos indígenas como segurados 
especiais ou não.
Veja você mesmo, por meio da leitura direta do art. 11, inciso VII, da Lei n. 8.213/91:
Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: (Redação 
dada pela Lei n. 8.647, de 1993)
(...)
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano 
ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o 
auxílio eventual de terceiros, na condição de: (Redação dada pela Lei n. 11.718, de 2008)
a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, 
comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008)
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008)
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do 
caput do art. 2º da Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de 
vida; (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008)
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DIREITO PREVIDENCIÁRIOb) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal 
meio de vida; e (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008)
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equi-
parado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem 
com o grupo familiar respectivo. (Incluído pela Lei n. 11.718, de 2008)
Percebeu que nada se fala sobre os índios?
Indo além da lei, portanto, o Decreto n. 3.048/99 mencionou expressamente os índios 
como sendo passiveis de enquadramento na condição de segurados especiais.
Note-se que concluir pela inclusão de indígenas na descrição da lei não seria exercício in-
terpretativo tão claro, na medida em que os índios, em regra, não são produtores agropastoris 
como “proprietários, usufrutuários, possuidores, assentados, parceiros ou meeiros outorga-
dos, comodatários ou arrendatário rurais”.
Assim, uma norma inferior, a qual teria o condão tão somente de regulamentar o que a Lei 
n. 8.213/91 previu, exorbitou de sua função regulamentadora e criou norma protetiva extra 
para os índios, permitindo seu enquadramento como segurados especiais.
Vejamos:
Art. 62. A prova de tempo de serviço, considerado tempo de contribuição na forma do art. 60, 
observado o disposto no art. 19 e, no que couber, as peculiaridades do segurado de que tratam 
as alíneas “j” e “l” do inciso V do caput do art. 9º e do art. 11, é feita mediante documentos que 
comprovem o exercício de atividade nos períodos a serem contados, devendo esses documentos 
ser contemporâneos dos fatos a comprovar e mencionar as datas de início e término e, quando se 
tratar de trabalhador avulso, a duração do trabalho e a condição em que foi prestado. (Redação 
dada pelo Decreto n. 4.079, de 2002)
(...)
§ 2º Subsidiariamente ao disposto no art. 19, servem para a prova do tempo de contribuição que 
trata o caput: (Redação dada pelo Decreto n. 6.722, de 2008).
(...)
II – de exercício de atividade rural, alternativamente:(Redação dada pelo Decreto n. 6.722, de 2008).
(...)
l) certidão fornecida pela Fundação Nacional do Índio - FUNAI, certificando a condição do índio 
como trabalhador rural, desde que homologada pelo INSS. (Incluído pelo Decreto n. 6.722, de 2008).
É de se notar que a previsão exorbitadora da lei foi singela, modesta, mas deixou entre-
ver que aos índios bastará a juntada de certidão da Funai, desde que homologada pelo INSS, 
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atestando que se trata de índio efetivamente, para que haja comprovação de tempo de segu-
rado especial.
A Instrução Normativa INSS n. 77/2015, contudo, escancarou e foi mais clara ainda, afir-
mando categoricamente que o índio pode se enquadrar como segurado especial quando re-
conhecido pela Funai, independentemente do local onde resida ou exerça suas atividades (o 
que nos aponta para a irrelevância do índio ser aldeado ou não para ser considerado segurado 
especial).
Vejamos:
Do segurado especial
Art. 39. São considerados segurados especiais o produtor rural e o pescador artesanal ou a este 
assemelhado, desde que exerçam a atividade rural individualmente ou em regime de economia 
familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros.
(...)
§ 4º Enquadra-se como segurado especial o indígena reconhecido pela Fundação Nacional do 
Índio - FUNAI, inclusive o artesão que utilize matéria-prima proveniente de extrativismo vegetal, 
desde que atendidos os demais requisitos constantes no inciso V do art. 42, independentemente 
do local onde resida ou exerça suas atividades, sendo irrelevante a definição de indígena aldeado, 
não aldeado, em vias de integração, isolado ou integrado, desde que exerça a atividade rural indi-
vidualmente ou em regime de economia familiar e faça dessas atividades o principal meio de vida 
e de sustento.
Art. 47. A comprovação do exercício de atividade rural do segurado especial, observado o disposto 
nos arts. 118 a 120, será feita mediante a apresentação de um dos seguintes documentos:
(...)
XI – certidão fornecida pela FUNAI, certificando a condição do índio como trabalhador rural, obser-
vado o § 2º do art. 118.
Este é um caso muito claro de que uma norma inferior pode se sobrepor a uma norma 
superior.
Conclui-se que, no campo do Direito da Seguridade Social, você deve ficar muito atento 
acerca do critério da hierarquia, a fim de solucionar antinomias aparentes, na medida em que 
nem sempre prevalecerá a norma superior.
Certo? Entendido até aqui?
Professor, e como fica se duas normas constitucionais estiverem incidindo ao mesmo 
tempo no caso? Há conflito aparente de normas nesse caso também?
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NÃO. Nesse caso, não se fala em conflito aparente de normas, mas de ponderação de 
interesses e princípios constitucionais, bem como por meio dos métodos específicos de her-
menêutica constitucional, tal como já estudado nas linhas anteriores de nossa aula.
4.1.1. Princípio “Pro Homine” x Critério Hierárquico
Há no campo do Direito da Seguridade Social uma grande peculiaridade sobre isso.
Bom, vou pontuar de novo: quando houver antinomia entre norma constitucional e norma 
infraconstitucional, a regra é que prevalece a constitucional.
Mas vamos supor que uma determinada lei venha e estenda um benefício, indicando a 
correta fonte de custeio, para uma categoria não prevista inicialmente na Constituição. Veja 
que isso no nosso modelo constitucional é bem possível, eis que nossa Constituição, den-
tro das classificações possíveis de seu texto, veicula texto prolixo. Uma Constituição prolixa 
(analítica) é extensa e regula situações jurídicas as quais poderiam, em tese, ser relegadas às 
normas de segundo grau.
A princípio, aplica-se a norma mais favorável e mais benéfica à pessoa, tutelando ao má-
ximo seu direito fundamental à seguridade social.
Veja-se que, consequentemente, o vértice da Pirâmide de Kelsen deixa de ser sempre a 
Constituição e passa a ser sempre a norma mais favorável, ainda que esta esteja na base da 
estrutura piramidal de nosso ordenamento, por meio, por exemplo, de uma instrução normati-
va (Instrução Normativa INSS n. 15/2009, por exemplo, que detalha e muito todas as normas 
de filiação e de benefícios do RGPS, valendo muito a sua leitura integral).
Esse é o entendimento que ressoa de maneira uníssona na doutrina e cito nesse sentido 
a obra de LAZZARI27.
Vejamos:
Vejamos, inicialmente, as antinomias entre normas de espécies distintas. Neste caso, há uma si-
tuação que merece estudo à parte, qual seja, a da antinomia entre norma principiológica ou cons-
titucional e norma infraconstitucional.
A princípio, a questão se resolve de forma simples: a norma constitucional se sobrepõe à norma 
legal, ou ao ato administrativo. Contudo, deve-se recordar que, em termos de Direito Previdenciário, 
as normas deste ramo estabelecem direitos e obrigações para os segurados, dependentes, con-
tribuintes e para o próprio Estado – gestor do regime. Assim, as regras infraconstitucionais que 
27 Castro, Carlos Alberto Pereira de; Lazzari, João Batista. Manual de Direito Previdenciário (Locais do Kindle 2684-2692). 
Forense. Edição do Kindle.
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se caracterizem como normas mais favoráveis para o indivíduo integrante do regime devem ser 
consideradas válidas.
Exemplificando, não se pode taxar de inconstitucional a Lei n. 9.876/ 99, que estendeu o benefício 
do salário-maternidade às contribuintes individuais, alegando que a Constituição somente prevê 
o benefício expressamente a empregadas urbanas, rurais e domésticas e trabalhadoras avulsas.
A norma favorece as seguradase há fonte de custeio correspondente, logo, não se reveste tal nor-
ma do vício de inconstitucionalidade.
Como se pode perceber, a doutrina reafirma essa mudança paradigmática da norma refe-
rencial do sistema, sendo proeminente no caso do Direito da Seguridade Social a norma mais 
favorável e não a Constituição Federal de 1988.
Mas há de se ler com granu salis essa orientação. Nem sempre será assim tão facilmente 
ou automaticamente. A meu ver, a Constituição é invariavelmente o vértice da Pirâmide Nor-
mativa de Kelsen, ressalvados casos extremos de cartas constitucionais arbitrárias e total-
mente não condizentes com os Direitos Humanos internacionalmente reconhecidos, seja por 
costumes, por regras de soft law ou hard law na comunidade das nações unidas.
Em verdade, um documento normativo que se propõe a funcionar como Constituição de 
uma nação, em não contendo nenhuma regra ou princípio que se destine a proteger direitos 
fundamentais das pessoas, dogmaticamente não pode ser considerada uma Constituição.
Pois bem, a Constituição é o topo, o ápice, a soberana norma que deve ser seguida por 
toda e qualquer outra norma produzida em um determinado ordenamento jurídico.
Logo, ainda que haja norma mais favorável, sua aplicação somente poderá ser conside-
rava viável se est também encontrar base axiológica na interpretação das normas constitu-
cionais como um todo. O bloco de constitucionalidade somente pode ser expandir se houver 
abertura axiológica para isso na própria Constituição.
Acompanhe comigo: como seria possível estender um benefício previdenciário ou assis-
tencial para uma determinada categoria de segurado ou para uma parcela da sociedade 
sem que haja para isso a previa indicação de fonte de custeio? Ignorar uma prévia fonte 
de custeio não causa um impacto desproporcional nas demais categorias de segurados 
ou na sociedade como um todo, na medida em que acabariam por suportar os ônus finan-
ceiros de uma gestão irresponsável do ponto de vista atuarial do sistema previdenciário?
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Parece-me que sim! Então, oriento a você a responder nas provas que, tudo bem, a norma 
mais favorável é aquela que vai prevalecer quando falamos em Direito da Seguridade Social, 
mas tome cuidado com afirmações absolutistas quando negamos a Constituição, pois tal 
documento dogmaticamente é soberano e absoluto (claro, quando respeita seus pilares exis-
tenciais mínimos, dentre eles a previsão de que haja a proteção dos direitos humanos).
Então, o princípio da norma mais favorável deve ser lido dentro de um contexto maior e 
sempre com uma visão consequencialista do interprete. Aliás, essa é a dicção que passou a 
constar da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, pelo seu art. 20, incluído pela Lei 
n. 13.655/18, que assim diz:
Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores 
jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. (Incluído 
pela Lei n. 13.655, de 2018) (Regulamento)
5. integração das normas de seguridade social
O processo de integração da norma jurídica visa preencher vazios na moldura positiva de 
nosso ordenamento jurídico. Não se trata de buscar a vontade da lei, a mens legis, ou seja, o 
espírito da lei como um produto autônomo da vontade do legislador, eis que isso é tarefa dos 
métodos de interpretação.
Trata-se de preencher, de colmatar, as lacunas, os vazios, as fendas existentes em nosso 
complexo de fontes formais do Direito. É tarefa obrigatória do aplicador da lei, notadamente 
o juiz, eis que ele não pode se escusar de dar o direito, conforme determina, aliás, o art. 140, 
caput, do Código de Processo Civil:
Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento 
jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
E, dentro dessa impossibilidade de se eximir de julgar alegando lacuna ou obscuridade da 
lei, o juiz deve se valer dos caminhos propostos no art. 4º, da LINDB, que assim diz:
Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os 
princípios gerais de direito.
Assim, considerados esses métodos de integração da norma; vejamos um a um.
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5.1. a analogia
A premissa básica e inicial para o emprego de analogia é a percepção da inexistência de 
norma jurídica que regule o caso em apreço. Havendo alguma regra, princípio ou qualquer ou-
tra fonte formal do Direito que verse sobre o tema a ser interpretado, julgado e aplicado, não 
poderá o juiz se valer da analogia.
A analogia é diferente do que se concebe como interpretação analógica, vale mencionar. 
Aquela é o preenchimento total pelo julgador de um vazio normativo sobre o fato; essa é a 
colmatação pontual e parcial de um determinado elemento descritivo da norma por meio de 
uma fórmula, ou standard normativo, dado pela própria norma.
Exemplo de interpretação analógica foi a percebida pelo Supremo Tribunal Federal no jul-
gamento conjunto da ADPF 132 e ADI 4277, entendendo a Corte Suprema pela constituciona-
lidade da proteção previdenciária aos casais homoafetivos.
Poder-se-ia dizer que um dos fundamentos – não o único – foi a interpretação analógica 
da fórmula genérica que implicitamente se extrai das normas constitucionais previstas no art. 
226, da CF/88.
Vejamos os dispositivos:
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher 
como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e 
seus descendentes.
É de se notar que o constituinte originário apontou a “família” como formula genérica, 
dando exemplos de união entre homem e mulher, mas não excluindo peremptoriamente ou-
tras formas de união civil ou meramente afetiva.
Com isso, a formulação valorativa da família e da união entre duas pessoas pode ser in-
terpretada analogicamente ao caso da união entre pessoas do mesmo sexo, desde que assim 
o façam com o objetivo potencial de constituir familiar, de manter relacionamento estável, 
duradouro, público e contínuo (affectio maritalis).
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Vale transcrever trecho do voto do Min. Ricardo Lewandowski28, no julgamento das refe-
ridas ações constitucionais:
Entendo que as uniões de pessoas do mesmo sexo que se projetam no tempo e ostentam 
a marca da publicidade, na medida em que constituem um dado da realidade fenomê-
nica e, de resto, não são proibidas pelo ordenamento jurídico, devem ser reconhecidas 
pelo Direito, pois, como já diziam os jurisconsultos romanos, ex facto oritur jus”.
(...)
Cuida-se, enfim, a meu juízo, de uma entidade familiar que, embora não esteja prevista 
no art. 226, precisa ter a sua existência reconhecida pelo Direito, tendo em conta a ocor-
rência de uma lacuna legal que impede que o Estado, exercendo o indeclinável papel de 
protetor dos grupos minoritários, coloque sob seu amparo as relações afetivas públicas 
e duradouras que se formam entre pessoas do mesmo sexo.
Como se trata de importantíssimo julgamento para o seu estudo, entendo pertinente a 
transcrição da ementa do acórdão abaixo:
Ementa: 1. ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF). 
PERDA PARCIAL DE OBJETO. RECEBIMENTO, NA PARTE REMANESCENTE, COMO AÇÃO 
DIRETADE INCONSTITUCIONALIDADE. UNIÃO HOMOAFETIVA E SEU RECONHECIMENTO 
COMO INSTITUTO JURÍDICO. CONVERGÊNCIA DE OBJETOS ENTRE AÇÕES DE NATU-
REZA ABSTRATA. JULGAMENTO CONJUNTO.
(...)
2. PROIBIÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO DAS PESSOAS EM RAZÃO DO SEXO, SEJA NO PLANO 
DA DICOTOMIA HOMEM/MULHER (GÊNERO), SEJA NO PLANO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL 
DE CADA QUAL DELES. A PROIBIÇÃO DO PRECONCEITO COMO CAPÍTULO DO CONS-
TITUCIONALISMO FRATERNAL. HOMENAGEM AO PLURALISMO COMO VALOR SÓCIO-
-POLÍTICO-CULTURAL. LIBERDADE PARA DISPOR DA PRÓPRIA SEXUALIDADE, INSE-
28 Voto do Min. LEWANDOWSKI, p. 713-714 e 719, in ADPF 132, Relator (a): Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, 
julgado em 05/05/2011, DJe-198 DIVULG 13-10-2011 PUBLIC 14-10-2011 EMENT VOL-02607-01 PP-00001. 
Extraído de tese de monografia escrita por JONATHAS BEZERRA SILVA (A ideia de igualdade material a partir 
da recente jurisprudência do supremo tribunal federal: uma análise demarcada pela relação entre estabele-
cidos e não estabelecidos), em http://bdm.unb.br/bitstream/10483/6819/1/2013_JonathasBezerra-
Silva.pdf, em: 09/12/19, às 11:55.
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RIDA NA CATEGORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO INDIVÍDUO, EXPRESSÃO QUE 
É DA AUTONOMIA DE VONTADE. DIREITO À INTIMIDADE E À VIDA PRIVADA. CLÁUSULA 
PÉTREA.
O sexo das pessoas, salvo disposição constitucional expressa ou implícita em sentido 
contrário, não se presta como fator de desigualação jurídica. Proibição de preconceito, à 
luz do inciso IV do art. 3º da Constituição Federal, por colidir frontalmente com o objetivo 
constitucional de “promover o bem de todos”.
Silêncio normativo da Carta Magna a respeito do concreto uso do sexo dos indivíduos 
como saque da kelseniana “norma geral negativa”, segundo a qual “o que não estiver 
juridicamente proibido, ou obrigado, está juridicamente permitido”.
Reconhecimento do direito à preferência sexual como direta emanação do princípio da 
“dignidade da pessoa humana”: direito a autoestima no mais elevado ponto da consci-
ência do indivíduo. Direito à busca da felicidade. Salto normativo da proibição do precon-
ceito para a proclamação do direito à liberdade sexual. O concreto uso da sexualidade 
faz parte da autonomia da vontade das pessoas naturais. Empírico uso da sexualidade 
nos planos da intimidade e da privacidade constitucionalmente tuteladas. Autonomia da 
vontade. Cláusula pétrea.
3. TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DA INSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA. RECONHECIMENTO 
DE QUE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL NÃO EMPRESTA AO SUBSTANTIVO “FAMÍLIA” 
NENHUM SIGNIFICADO ORTODOXO OU DA PRÓPRIA TÉCNICA JURÍDICA.
A FAMÍLIA COMO CATEGORIA SOCIOCULTURAL E PRINCÍPIO ESPIRITUAL. DIREITO SUB-
JETIVO DE CONSTITUIR FAMÍLIA. INTERPRETAÇÃO NÃO-REDUCIONISTA.
O caput do art. 226 confere à família, base da sociedade, especial proteção do Estado. 
Ênfase constitucional à instituição da família. Família em seu coloquial ou proverbial 
significado de núcleo doméstico, pouco importando se formal ou informalmente consti-
tuída, ou se integrada por casais heteroafetivos ou por pares homoafetivos.
A Constituição de 1988, ao utilizar-se da expressão “família”, não limita sua formação 
a casais heteroafetivos nem a formalidade cartorária, celebração civil ou liturgia reli-
giosa. Família como instituição privada que, voluntariamente constituída entre pessoas 
adultas, mantém com o Estado e a sociedade civil uma necessária relação tricotômica. 
Núcleo familiar que é o principal lócus institucional de concreção dos direitos funda-
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mentais que a própria Constituição designa por “intimidade e vida privada” (inciso X do 
art. 5º).
Isonomia entre casais heteroafetivos e pares homoafetivos que somente ganha pleni-
tude de sentido se desembocar no igual direito subjetivo à formação de uma autonomi-
zada família. Família como figura central ou continente, de que tudo o mais é conteúdo. 
Imperiosidade da interpretação não-reducionista do conceito de família como institui-
ção que também se forma por vias distintas do casamento civil.
Avanço da Constituição Federal de 1988 no plano dos costumes. Caminhada na direção 
do pluralismo como categoria sócio-político-cultural. Competência do Supremo Tribu-
nal Federal para manter, interpretativamente, o Texto Magno na posse do seu fundamen-
tal atributo da coerência, o que passa pela eliminação de preconceito quanto à orienta-
ção sexual das pessoas.
4. UNIÃO ESTÁVEL. NORMAÇÃO CONSTITUCIONAL REFERIDA A HOMEM E MULHER, 
MAS APENAS PARA ESPECIAL PROTEÇÃO DESTA ÚLTIMA. FOCADO PROPÓSITO CONS-
TITUCIONAL DE ESTABELECER RELAÇÕES JURÍDICAS HORIZONTAIS OU SEM HIERAR-
QUIA ENTRE AS DUAS TIPOLOGIAS DO GÊNERO HUMANO. IDENTIDADE CONSTITUCIO-
NAL DOS CONCEITOS DE “ENTIDADE FAMILIAR” E “FAMÍLIA”. A referência constitucional 
à dualidade básica homem/mulher, no §3º do seu art. 226, deve-se ao centrado intuito 
de não se perder a menor oportunidade para favorecer relações jurídicas horizontais ou 
sem hierarquia no âmbito das sociedades domésticas. Reforço normativo a um mais 
eficiente combate à renitência patriarcal dos costumes brasileiros. Impossibilidade de 
uso da letra da Constituição para ressuscitar o art. 175 da Carta de 1967/1969. Não há 
como fazer rolar a cabeça do art. 226 no patíbulo do seu parágrafo terceiro. Dispositivo 
que, ao utilizar da terminologia “entidade familiar”, não pretendeu diferenciá-la da “famí-
lia”. Inexistência de hierarquia ou diferença de qualidade jurídica entre as duas formas 
de constituição de um novo e autonomizado núcleo doméstico.
Emprego do fraseado “entidade familiar” como sinônimo perfeito de família.
A Constituição não interdita a formação de família por pessoas do mesmo sexo. Consa-
gração do juízo de que não se proíbe nada a ninguém senão em face de um direito ou de 
proteção de um legítimo interesse de outrem, ou de toda a sociedade, o que não se dá 
na hipótese sub judice. Inexistência do direito dos indivíduos heteroafetivos à sua não-
-equiparação jurídica com os indivíduos homoafetivos. Aplicabilidade do §2º do art. 5º 
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da Constituição Federal, a evidenciar que outros direitos e garantias, não expressamente 
listados na Constituição, emergem “do regime e dos princípios por ela adotados”, verbis: 
“Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes 
do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a 
República Federativa do Brasil seja parte”.
5. DIVERGÊNCIAS LATERAIS QUANTO À FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO. Anotação de 
que os Ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Cezar Peluso convergiram no 
particular entendimento da impossibilidade de ortodoxo enquadramento da união homo-
afetiva nas espécies de família constitucionalmente estabelecidas. Sem embargo, reco-
nheceram a união entre parceiros do mesmo sexo como uma nova forma de entidade 
familiar. Matéria aberta à conformação legislativa, sem prejuízo do reconhecimento da 
imediata auto-aplicabilidade da Constituição.
6. INTERPRETAÇÃO DO ART. 1.723 DO CÓDIGO CIVIL EM CONFORMIDADE COM A CONS-
TITUIÇÃO FEDERAL (TÉCNICA DA “INTERPRETAÇÃO CONFORME”). RECONHECIMENTO 
DA UNIÃO HOMOAFETIVA COMO FAMÍLIA. PROCEDÊNCIA DAS AÇÕES. Ante a possibi-
lidade de interpretação em sentido preconceituoso ou discriminatório do art. 1.723 do 
Código Civil, não resolúvel à luz dele próprio, faz-se necessária a utilização da técnica 
de “interpretação conforme à Constituição”. Isso para excluir do dispositivo em causa 
qualquer significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e dura-
doura entre pessoas do mesmo sexo como família.Reconhecimento que é de ser feito 
segundo as mesmas regras e com as mesmas consequências da união estável hetero-
afetiva.
(ADPF 132, Relator (a): Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 05/05/2011, DJe-
198 DIVULG 13-10-2011 PUBLIC 14-10-2011 EMENT VOL-02607-01 PP-00001)
A analogia possui duas subclassificações, quais sejam:
• Analogia legis: preenchimento da lacuna normativa por meio de outra norma derivada 
de fonte formal do Direito presente em leis em sentido estrito, Decretos Regulamenta-
dores, Portarias, Instruções e demais atos normativos expressos.
• Analogia iuris: preenchimento da lacuna normativa por meio mais amplo, tomando em 
consideração todos as fontes formais do Direito, notadamente os princípios gerais, os 
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quais, como já abordamos, na medida em que vige hoje um modelo pós-positivista em 
nosso ordenamento jurídico constitucional, possuem natureza de fonte formal do Direi-
to da Seguridade Social e, por isso, podem colmatar a norma jurídica.
Além disso, a analogia pode ser realizar uma heterointegração (busca de elementos de 
colmatação em outras fontes normativas) e uma autointegração (busca de elementos de col-
matação na própria fonte normativa, por meio dos costumes, princípios de Direito e equidade 
nos casos expressamente previstos pela lei).
Interessante a observação de ZAMBITTE29 ao pontuar que a analogia não pode impor obri-
gações novas, no seguinte sentido:
A analogia, assim como os demais métodos interpretativos, também sofre outras limitações, como, 
por exemplo, a criação de obrigações.
A atual Constituição brasileira determina que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei (art. 5º, II, da CRFB/88) e, por isso, a analogia não pode criar 
obrigações, como, por exemplo, exigir contribuição social de pessoa não definida em lei como su-
jeito passivo desta obrigação.
Concordamos em parte com a lição valiosa. É que a limitação de exações tributárias, tais 
como a exemplificada, encontram barreira não na conclusão de que a analogia não pode criar 
regras em desfavor dos sujeitos, mas sim em princípio expresso do Direito Tributário. Assim, 
o que impede a extensão de contribuição social a sujeito passivo não incluído na norma-ma-
triz tributária correspondente é o princípio da taxatividade e, bem assim, o da anterioridade 
tributária.
Além disso, a própria regra tributária prevista no art. 108, §1º, do Código Tributário Na-
cional expressa que o “emprego de analogia não poderá resultar na exigência de tributo não 
previsto em lei”.
Em verdade, o que impede a analogia in malam partem no Direito da Seguridade Social é o 
princípio pro misero (princípio pro homine), o qual já abordamos, cujo axioma determina que 
em caso de dúvida – o que, por óbvio, inclui a percepção de lacuna no ordenamento jurídico 
em face determinada situação fática – o intérprete da norma de seguridade social deverá ele-
ger a alternativa hermenêutica que mais favoreça à pessoa.
29 IBRAHIM, Fábio Zambitte, in Curso de Direito Previdenciário, 24ª Edição, Rio de Janeiro. Ed. Impetus, 2019, pg. 149.
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5.2. os costumes
Prática geral, reiterada, constante, notória e, por fim, aceita como socialmente corretas, 
desde que não seja contrária à lei posta. Essa é a definição de costume.
Há de se notar, portanto, diante da definição acima, que o costume somente ganha re-
levância jurídica normativa quando é composto de um elemento objetivo e de um elemento 
subjetivo.
O elemento objetivo deriva da percepção espacial e temporal da invocação de uma deter-
minada prática social.
Já o elemento subjetivo deriva da vontade e da convicção de obrigatoriedade da prática 
como necessidade social30.
Pode ser “praeter legem” (costume em sua acepção clássica como função integrador da 
norma, eis que não encontra previsão expressa na lei), “secundum legem” (costume previsto 
pela própria lei) e “contra legem” (costume contrário à lei), sendo que esse último não pode 
ser juridicamente aceito.
Em verdade, há quem aponte que o costume “contra legem” pode ser revelar em duas hi-
póteses: a primeira por meio do desuso e a segunda por meio uma prática ab-rogatória da lei, 
em franca intensão de ir contra as suas disposições.
Mas ambas as formas não podem ser aceitas (isso, pelo menos, no âmbito do Direito da 
Seguridade Social, que exige a rígida manutenção do sistema por meio do equilíbrio financeiro 
e atuarial de seus mecanismos).
Com relação às formas aceitas (praeter legem e secundum legem), cabe lembrar, contudo, 
que se tratam de elementos de integração da norma jurídica do Direito da Seguridade Social, 
jamais fontes formais. Até, em tese, poder-se-ia dizer que o costume pode gerar fonte mate-
rial, na medida em que as fontes materiais revelam o nascedouro das normas jurídicas, de-
corrente das dinâmicas sociais, econômicas e políticas em uma determinada época e em uma 
determinada sociedade. Mas, essencialmente, não geram norma formal no campo do Direito 
da Seguridade Social, apenas fornecem subsídios de colmatação de lacunas normativas para 
que não haja fato sem aplicação do Direito.
30 STOLZE, Pablo e Rodolfo Pamplona, in Novo Curso de Direito Civil, Parte Geral, 14ª edição. Editora Saraiva, 2012, São 
Paulo, pg. 65.
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Um exemplo interessante, que pode ser lembrado como uma forma de uso do costume 
para integrar a norma jurídica previdenciária, é o relativo à flexibilização da exigência de apre-
sentação de início de prova material para os trabalhadores rurais “bóias-frias”.
Sabe-se, pelo costume desse tipo de atividade, pelas práticas campesinas que se repe-
tiram ao longo de décadas em nosso país, sobretudo na abertura das fronteiras agrícolas 
para as regiões mais distantes dos centros urbanos, que os trabalhadores volantes, safristas, 
chamados de bóias-frias, não possuem a prática de assinar contratos e, em geral, possuem 
pouca instrução. Muitas vezes, são verdadeiros flagelos do campo a vagar em busca de um 
mínimo de trabalho apto a gerar o pagamento de uma diária mínima, ou apenas para terem 
onde dormir.
Em vista disso, a jurisprudência flexibilizou a obtenção de documentos por esses traba-
lhadores rurais, sem olvidar a imposição normativa, mas colmatando a norma para abarcar 
situações de trabalhadores rurais que não possuíam expressa e particularizada norma jurídi-
ca que lhes tutelasse adequadamente em relação às contingencias sociais do campo, dentro 
de suas realidades.
Essa temática foi enfrentada no julgamento do TEMA 554, do Superior Tribunal de Justiça, 
por meio do REsp 1321493/PR, de modo que a questão submetida a julgamento foi a seguinte:
Discute-se a possibilidade de admitir prova exclusivamente testemunhal (art. 55, § 3º, 
da Lei 8.213/1991) para configurar tempo de serviço rural para fins previdenciários no 
caso do trabalhador denominado ‘boia-fria’.
A tese firmada foi, então, a que abaixo colaciono para você:
Aplica-se a Súmula 149/STJ (‘A prova exclusivamente testemunhal não basta à com-
provação da atividade rurícola, para efeitos da obtenção de benefício previdenciário’) 
aos trabalhadores rurais denominados ‘boias-frias’, sendo imprescindível a apresenta-
ção de início de prova material.
Por outro lado, considerando a inerente dificuldade probatória da condição de trabalha-
dor campesino, a apresentação de prova material somente sobre parte do lapso tem-
poral pretendido não implica violação da Súmula 149/STJ, cuja aplicação é mitigada se 
a reduzida prova material for complementada por idônea e robusta prova testemunhal.***
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Outro exemplo que vale a pena destacar para que você fixe aplicações práticas da analo-
gia no campo do Direito da Seguridade Social é o caso da possibilidade de extensão do perío-
do de graça também para o segurado especial, permitindo-se que essa categoria de segurado 
também faça uso dos prazos previstos no art. 15, da Lei n. 8.213/91.
Assim, entende-se na jurisprudência atual que é viável a manutenção da relação jurídi-
co-previdenciária do segurado especial quando considerada a extensão do período de graça 
de modo analógico e isonômico com o previsto no art. 15, §1º e 2º, da Lei n. 8.213/91, sem 
distinção entre trabalhadores, sejam eles do meio urbano ou rural.
Cabe ressaltar, inclusive, sobre isso, que tal consideração analógica já se encontra sedi-
mentada no âmbito da TNU, no julgamento do PEDILEF 05009466520144058400.
Vejamos:
(...)
Considero que deve prevalecer a interpretação da Turma Regional de Uniformização da 
4ª Região.
De fato, os enunciados constantes dos §1º e 2º do artigo 15 da Lei 8.213/91 não podem 
ser interpretados literalmente.
A aplicação de normas, extraídas de leis ou regulamentos, para a resolução de confli-
tos sociais, tem a vantagem de simplificar o trabalho dos operadores do direito que não 
necessitam realizar juízos morais complexos.
Contudo, não é possível aplicar nenhum texto sem a realização de uma atividade de 
interpretação que não pode ser uma operação mecânica e meramente cognoscitiva. Por 
melhores que sejam os legisladores de um País, jamais será possível abarcar toda a 
complexidade da vida social e, além disso, todos os sistemas jurídicos aceitam o critério 
interpretativo de que a aplicação de uma norma não pode levar a um resultado irracional, 
absurdo ou incompatível com o princípio da isonomia.
No julgamento da Reclamação 4374, cabe recordar que o STF, no voto ministro 
Gilmar Mendes, destacou que o legislador deve tratar a matéria de forma sistemá-
tica. Isso significa dizer que todos os benefícios da seguridade social (assistenciais 
e previdenciários) devem compor um sistema consistente e coerente.
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Com isso, podem-se evitar incongruências na concessão de benefícios, cuja consequ-
ência mais óbvia é o tratamento anti-isonômico entre os diversos beneficiários das polí-
ticas governamentais.
(...)
De todo o modo, o princípio da uniformidade e equivalência das prestações devidas aos 
trabalhadores urbanos e rurais (parágrafo único do art.194 da CF/88) não compactua 
com distinções previdenciárias que não estejam amparadas em justificativas razoáveis, 
seja do ponto de vista da responsabilidade pelo recolhimento das contribuições ou no 
princípio da seletividade.
De efeito, se os trabalhadores verteram o mesmo número de contribuições, ou trabalha-
ram pelo mesmo período (nas situações em que a lei exige apenas a prova do trabalho), 
sendo todos segurados obrigatórios, não faz sentido que a manutenção da qualidade de 
segurado seja maior para uma categoria e menor para outra.
(...)
Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, a 
Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos juizados Especiais Federais, 
por unanimidade, CONHECEU do incidente de uniformização e, por maioria, DEU-LHE 
PARCIAL PROVIMENTO, nos termos do voto do (a) Juiz (a) Federal DANIEL MACHADO DA 
ROCHA, que lavra o presente acordão.
(PEDILEF 05009466520144058400, JUIZ FEDERAL DANIEL MACHADO DA ROCHA, TNU, 
DOU 03/06/2016 PÁGINAS 79/167)
Essa orientação já foi também adotada pelo próprio INSS, no Ministério da Previdência 
Social, por meio da 21ª Junta de Recursos do Conselho de Recursos da Previdência Social: 
processo: 44232.065526/2014-91.
5.3. a eQuidade
Há algumas definições na doutrina para o conceito de equidade. Na origem da filosofia 
grega, foi Platão quem abordou primeiramente a equidade dentro de uma teoria da justiça. 
Entretanto, Aristóteles a desenvolveu com mais destaque, promovendo uma diferenciação 
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entre equidade e justiça: aquela seria a justiça do caso concreto, dadas as circunstâncias do 
caso, das partes, da sociedade etc.; esta seria a imposição inflexível da norma.
Nos países de common law, baseados em um forte sistema de precedentes judiciais, a 
equidade é invocada como verdadeira fonte do Direito, sendo utilizada em um horizonte bem 
maior do que nos países de tradição normativa baseada no modelo de civil law.
Nesses países, a equidade é mero mecanismo de integração da norma jurídica, notada-
mente quando se tem em mira a determinação do 5º, da LINDB, no sentido de que na “aplica-
ção da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”.
Contudo, para não haver particularizações indevidas de aplicação da lei, como justificati-
va de alcançar sempre a justiça do caso concreto e, por isso, atender às supostas finalidades 
sociais das normas, nosso ordenamento jurídico proíbe o uso indiscriminado do recurso va-
lorativo da equidade (até porque historicamente se trata de um conceito impreciso e aberto).
Essa proibição de uso indiscriminado é extraída tanto da cláusula constitucional do de-
vido processo legal e, ainda, da isonomia, quanto do art. 140, parágrafo único, do Código de 
Processo Civil, que deixa bem claro que o juiz “só decidirá por equidade nos casos previstos 
em lei”.
Assim, atenção ao art. 140, parágrafo único, do Código de Processo Civil, que deixa bem 
claro que o juiz “só decidirá por equidade nos casos previstos em lei”. Esse dispositivo veta 
o uso, como regra, da equidade como fonte formal do Direito (excepcionando apenas nos ca-
sos previstos em lei, logo, por vezes a equidade pode sim ser fonte formal do Direito), não a 
vedando, entretanto, como fonte de integração das normas jurídicas (no campo do Direito da 
Seguridade Social, inclusive, a equidade como técnica supletiva de integração e interpretação
da norma jurídico-previdenciária se encaixa como uma luva, digamos, na prescrição da regra 
de ouro da interpretação prevista no art. 5º, da LINDB31).
Além disso, nada obstante à regra geral acima, no campo do Direito da Seguridade Social, 
a equidade é fonte normativa formal no que toca especificamente à sua base principiológica 
do sistema de proteção social desenhado em nossa Constituição Federal de 1988. Refiro-me 
31 Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.
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ao princípio da equidade na forma de participação no custeio, tal como previsto no art. 194, 
inciso V, da Constituição Federal de 1988. Veja-se, assim, que o próprio constituinte originário 
autorizou o uso da equidade especificamente para o regramento tributário relativo àqueles 
que vão financiar a seguridade social.
A equidade na forma de participação do custeio deve ser vista sob o aspecto da eleição da-
queles que funcionarão como bases financiadoras do sistema, bem como sob a ótica de que 
cada um desses que compõe essa base deverá ter a incidência das contribuições conforme 
suas capacidades contributivas.
No aspecto do trabalhador, não é razoável que ele pague contribuições que onerem em dema-
sia seu salário, tanto pela proteção ao salário mínimo, quanto pela irredutibilidade e intangibi-
lidade da verba alimentar. Assim, o pagamento de contribuições previdenciárias deve atender 
às alíquotas diferenciadas conforme o tipo de segurado e, bemassim, sua capacidade con-
tributiva.
Nesse sentido, um exemplo perfeito de equidade na forma de participação do custeio é o que 
veio com a Lei Complementar n. 126/03, que permitiu que certas categorias de segurados 
considerados de baixa renda possam pagar suas contribuições previdenciárias com base em 
alíquotas reduzidas.
Vemos nisso um consectário lógico do princípio puro da solidariedade, eis que no sistema 
previdenciário de repartição o fundo é composto por todos, não havendo cotas individualiza-
das como no sistema de capitalização.
É de se perceber, portanto, que a equidade como princípio do Direito da Seguridade Social 
funciona como um mandado de otimização da norma tributária no que se relaciona à ade-
quada, justa e proporcional oneração da capacidade contributiva daqueles que financiam o 
sistema de seguridade social no País (conforme art. 195, da CF/88).
A doutrina de LAZZARI menciona que um exemplo de uso de equidade no Direito da Se-
guridade Social foi a equiparação da companheira como dependente previdenciária, mesmo 
antes da alteração legislativa que promoveu essa igualação.
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Mas ousamos não concordar com o ilustre doutrinador, eis que, em verdade, a inclusão 
da companheira se deve medida de ativismo judicial em razão de manifesta violação a direito 
fundamental, qual seja o direito à previdência.
Em casos de manifesta violação a direitos fundamentais, o Judiciário está, sim, autoriza-
do a atuar anomalamente para assumir de modo particularizado e pontual a função normati-
va do Poder Legislativo, tão somente para impedir a violação ao direito.
Veja-se que, de outro lado, como já referi a você, há um grande cuidado em se fazer isso 
na seara da seguridade social porque deve ser sempre levado em consideração o princípio 
da contrapartida, que se desenha também como verdadeiro direito fundamental, todavia com 
natureza coletiva.
No caso, contudo, já havia prévia fonte de custeio para o pagamento de benefícios de 
pensão por morte aos dependentes cônjuges, de modo que a ampliação prática do número de 
beneficiários em razão da equiparação do (a) companheiro (a) como dependente não signifi-
ca, por si só, violação ao princípio da contrapartida.
Não se trata de majoração de benefício ou ampliação da continência social, eis que ele 
continua sendo pago com o mesmo formato de cálculo e em virtude das mesmas contingen-
cias sociais relacionadas ao cônjuge.
Por fim, para finalizar, podemos citar um caso no qual é possível perceber traços relativos 
de um julgamento por equidade na seara do Direito Previdenciário. Trata-se do julgamento 
do Recurso Especial 1479564/SP, por meio do qual o Superior Tribunal de Justiça entendeu 
pela concessão do benefício de auxílio-reclusão mesmo diante da pequena ultrapassagem do 
limite relativo à renda do grupo familiar, conforme Portaria Interministerial.
Vejamos:
RECURSO ESPECIAL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. POSSIBILIDADE 
DE FLEXIBILIZAÇÃO DO CRITÉRIO ECONÔMICO ABSOLUTO PREVISTO NA LEGISLAÇÃO 
PREVIDENCIÁRIA. PREVALÊNCIA DA FINALIDADE DE PROTEÇÃO SOCIAL DA PREVIDÊN-
CIA SOCIAL. RECURSO ESPECIAL DO INSS A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. O benefício de auxílio-reclusão destina-se diretamente aos dependentes de segu-
rado que contribuía para a Previdência Social no momento de sua reclusão, equiparável 
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à pensão por morte; visa a prover o sustento dos dependentes, protegendo-os nesse 
estado de necessidade.
2. À semelhança do entendimento firmado por esta Corte, no julgamento do Recurso 
Especial 1.112.557/MG, Representativo da Controvérsia, onde se reconheceu a possi-
bilidade de flexibilização do critério econômico definido legalmente para a concessão 
do Benefício Assistencial de Prestação Continuada, previsto na LOAS, é possível a con-
cessão do auxílio-reclusão quando o caso concreto revela a necessidade de proteção 
social, permitindo ao Julgador a flexibilização do critério econômico para deferimento 
do benefício, ainda que o salário de contribuição do segurado supere o valor legalmente 
fixado como critério de baixa renda.
3. No caso dos autos, o limite de renda fixado pela Portaria Interministerial, vigente no 
momento de reclusão da segurada, para definir o Segurado de baixa-renda era de R$ 
710,08, ao passo que, de acordo com os registros do CNIS, a renda mensal da segurada 
era de R$ 720,90, superior aquele limite 4. Nestas condições, é possível a flexibilização 
da análise do requisito de renda do instituidor do benefício, devendo ser mantida a pro-
cedência do pedido, reconhecida nas instâncias ordinárias.
5. Recurso Especial do INSS a que se nega provimento.
(REsp 1479564/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, jul-
gado em 06/11/2014, DJe 18/11/2014)
Perceba que o julgado acima, embora não mencione a equidade, admite a concessão do 
benefício tomando por base o caso concreto, notadamente pela razoabilidade da percepção 
de que não haverá mácula às finalidades da norma e, de outro lado, estará atendida a finalida-
de social da regra jurídica que impõe requisitos e, pela seletividade, elege aqueles que podem 
gozar do auxílio-reclusão.
É exatamente isso que a doutrina de MARIA HELENA DINIZ32 nos ressalta, ou seja, de que, 
em sendo atendida a finalidade primordial da norma jurídica e o interprete, portanto não a 
desvirtuando, a equidade poderá ser considerada como meio supletivo de integração da regra 
jurídica.
32 DINIZ, Maria Helena, in Compêndio de Introdução à Ciência do Direito, 4ª Edição, 1992, São Paulo, citada por STOLZE, 
Pablo e Rodolfo Pamplona, in Novo Curso de Direito Civil, Parte Geral, 14ª edição. Editora Saraiva, 2012, São Paulo, pg. 65.
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Vejamos:
(...) equidade ponderam-se, compreendem-se e estimam-se os resultados práticos que a aplica-
ção da norma produziria em determinadas situações fáticas.
Se o resultado prático concorda com as valorações que inspiram a norma, em que se funda, tal 
norma deverá ser aplicada.
Se, ao contrário, a norma aplicável a um caso singular produzir efeitos que viriam a contradizer as 
valorações, conforme as quais se modela a ordem jurídica, então, indubitavelmente, tal norma não 
deve ser aplicada a esse caso concreto.
(...)
A equidade seria uma válvula de segurança que possibilita aliviar a tensão e antinomia entre a nor-
ma e a realidade, a revolta dos fatos contra os códigos.
5.4. os princípios gerais de direito
Os princípios gerais de Direito, como já enfrentado nos tópicos iniciais de nossa aula, re-
vestem-se hoje de natureza indiscutível de fonte formal do Direito.
Embora estejam indicados no art. 4º da LINDB como instrumento usado para suprir la-
cunas de nosso ordenamento jurídico, tratam-se, os princípios, de fontes direta da norma 
jurídica.
Nada obstante, tendo em vista que carregam sempre grande carga axiomática, também 
podem ser usados como forma de concluir eventuais omissões da lei, integrando-a por meio 
dos influxos de seus valores.
6. eFicácia das normas de seguridade social
6.1. os planos de cHecagem da norma Jurídica
A eficácia é um dos aspectos a serem considerados em relação a alguma norma existen-
te em nosso ordenamento jurídico. Explicando melhor: quando falamos em norma, devemos 
passar por alguns planos de sua consideração. Esses planos são o da existência, da vigência, 
da validade e da eficácia.
O plano da existência decorre de sua simples edição, sanção (ou promulgação, no 
caso das Emendas Constitucionais) e assinatura (no caso de normas regulamentares).
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O plano da vigência origina-se da publicação da norma, podendo, contudo, ter vigência di-
ferida no tempo em razão do prazo de vacatio legis que cada lei pode indicar (ou, na omissão, 
no prazo de 45 dias, conforme o art. 1º, da LINDB).
O plano da validade se relaciona com a verificação de suas exigências de produção, tanto 
na ótica formal relacionada ao tramite procedimental de sua edição, quanto na ótica material, 
relacionada aos controles de constitucionalidade, convencionalidade e legalidade.
Por fim, o plano da eficácia, que opera dentro da verificação da possibilidade de a 
norma efetivamente produzir efeitos no mundo concreto (a publicação gera efeitos no 
mundo jurídico e a eficácia é o plano de análise de efeitos no mundo concreto).
6.2. a eFicácia social e técnica da norma de seguridade social
A eficácia deve ser verificada dentro do contexto de sua efetividade social e de seu con-
texto técnico33. A observação da efetividade social é feita mediante o questionamento da 
possibilidade social, econômica, politica, cultural, dentre outros aspectos, da norma jurídica 
ser imposta. Veja-se que o fato da lei não encontrar de imediato e, por si só, aceitação social 
e, por isso, mitigando sua eficácia social, não a torna indesejável do ponto de vista jurídico.
Um exemplo é o julgamento da ADI 4983 pelo Supremo Tribunal Federal (constitucio-
nalidade ou não da vaquejada), por meio do qual entendeu-se que a prática da vaquejada é 
incompatível com a Constituição Federal de 1988.
O Ministro Marco Aurélio, relator da ADI, considerou que os laudos constantes no pro-
cesso demonstraram consequências nocivas à saúde dos animais como fraturas, rup-
tura de ligamentos, traumatismos e deslocamento da articulação do rabo e até o arran-
camento dessa parte do corpo e outros danos causadores de dores físicas e sofrimento 
mental. Para o magistrado, a tortura e outros tipos de maus-tratos impostos aos bois na 
vaquejada são indiscutíveis e se enquadram no conceito de crueldade com animais, tal 
como expresso no artigo 225 da Constituição34.
33 STOLZE, Pablo e Rodolfo Pamplona, in Novo Curso de Direito Civil, Parte Geral, 14ª edição. Editora Saraiva, 2012, São 
Paulo, pg. 113.
34 Extraído de:
https://www12.senado.leg.br/emdiscussao/edicoes/vaquejada/vaquejada/supremo-decidiu-sobre-conflito-entre-direitos, 
em 09/12/19, às 14:34.
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O julgamento da referida ADI causou alvoroço nas frentes parlamentares de estados nos 
quais é costume e comum a prática de vaquejada como manifestação cultural. Esse movi-
mento contrário ao entendimento firmado no STF encontrou grande ressonância no Congres-
so Nacional, o que, por fim, levou à aprovação de uma Emenda Constitucional para incluir 
no art. 225, da CF/88, o §7º, que permite, em tese, a prática considerada nefasta pela Corte 
Suprema (Emenda Constitucional n. 96/2017).
Cabe aguardar o desfecho de uma nova ação direta de inconstitucionalidade para dar um 
desfecho à controvérsia agora travada entre o Poder Legislativo Federal e Supremo Tribunal 
Federal (para saber mais, consulte as ADIs 5.728 e 5.772).
De todo modo, o que importa mencionar é que a decisão vinculante do Supremo Tribu-
nal Federal, em gerando efeitos vinculantes e erga omnes, constituiu-se de verdadeira fonte 
formal do Direito, produzindo norma a ser cumprida (um non facere, relativo à proibição da 
prática da vaquejada). Mas a efetividade social dessa norma encontrou sérios impasses na 
realidade cultural de regiões do Brasil, algo que, conquanto não retire a validade da imposição 
normativa, enfraquece-a no quanto relativo à sua eficácia.
Já a eficácia técnica se refere à existência de condições normativas secundárias para a 
aplicação da lei, tal como a necessidade de algum instrumento normativo regulamentador.
6.3. classiFicação das normas Quanto a sua eFicácia
Nada obstante, tem-se entendido que as normas veiculadoras de direitos fundamentais 
possuem plena aplicabilidade, em caso de omissão do legislador quando esse é demandado 
pelo Constituinte a agir na produção normativo-regulamentar, mas se mantêm na inércia.
No bojo da avaliação da eficácia que cada norma carreia ao ordenamento jurídico, po-
demos arrolar certas funções eficaciais: função de bloqueio (função impeditiva, de bloqueio 
de algum comportamento); função de programa (são as normas programáticas); função de 
resguardo (objetivam resguardar e garantir alguma conduta determinada, tal como os direitos 
fundamentais relacionados aos direitos autorais).
Já a clássica tipologia da eficácia das normas constitucionais dada por JOSÉ AFONSO DA 
SILVA orienta que os dispositivos da Constituição podem veicular:
• Normas de eficácia plena (regra geral);
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• Normas de eficácia contida (exemplo no art. 5º, XIII, CF/8835);
• Normas de eficácia limitada (exemplo no art. 40, §1º, da CF/88, agora, em verdade, 
constante do art. 40, §4º-A, da CF/88, com a nova redação dada pela EC 103/19).
Com relação às normas de eficácia limitada, há de ser lembrada a questão relativa ao ar-
tigo acima mencionado, que trata da aposentadoria especial para os servidores públicos com 
deficiência, para aqueles que exercem atividades de risco e, por fim, para aqueles que exercem 
condições que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
Desde a Emenda Constitucional n. 20/98, passando pela Emenda Constitucional n. 47/05, 
até a Emenda Constitucional n. 103/19, há a previsão constitucional daquelas espécies espe-
ciais de aposentadoria.
Ocorre que sempre foi necessária, por imposição do Constituinte Derivado, a edição de lei 
complementar para que esses benefícios fossem efetivamente criados, sendo aquelas nor-
mas constitucionais, pois, de eficácia limitada.
O problema é que essa lei complementar até hoje não sai do papel, digamos, permane-
cendo em mora o Poder Executivo. Lembre-se de que a iniciativa de projetos de lei em relação 
aos servidores públicos da União é do Presidente da República, conforme o art. 61, §1º, alínea 
“c”, da CF/88 e, além disso, é vedada a edição de medidas provisórias em relação a matérias 
reservadas a leis complementares, o que é o caso (art. 62, §1º, III, da CF/88).
A única categoria de servidores públicos que possuem previsão em lei complementar de 
aposentadoria especial é das carreiras policiais (Lei Complementar n. 51/85, com as altera-
ções dadas pela Lei Complementar n. 144/14).
Nesse contexto, o Supremo Tribunal Federal, em 09/04/2014, aprovou a Súmula vinculan-
te 33, que assim diz:
Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do Regime Geral de Previdência 
Social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, parágrafo 4º, inciso III, da 
Constituição Federal, até edição de lei complementar específica.
Tal Súmula visou dar fim aos sucessivos e intermináveis mandados de injunção impetra-
dos pelos servidores públicos a fim de garantirem a possibilidade de aposentadoria especial, 
tendo em vista a inexistência de norma regulamentadora do art. 40, então §4º, da CF/88.
35 XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabe-
lecer;
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RESUMO
Resumo de “Fontes do Direito da Seguridade Social”
• Conceito de fonte do direto: o nascedouro da norma, que somente nasce se vier dotada 
de bilateralidade, generalidade, abstratividade, imperatividade e coercibilidade.
• As fontes do direito podem ser materiais ou formais.
• Atenção à era do positivismo: fontes matériasoriundas unicamente da atividade par-
lamentar em sentido estrito.
• Atenção à era do pós-positivismo: expansão da abertura dialógica das fontes mate-
riais.
• Fonte formal suprema: constituição.
• Fontes materiais do direito da seguridade social: os fatos sociais, políticos e econômi-
cos que ensejam o surgimento da norma jurídica previdenciária. Ou seja, é tudo aquilo 
que propicia, motiva e estimula o surgimento da lei e, dessa maneira, da norma relativa 
à seguridade social. Uma fonte material do direito da seguridade social, pois pode ser 
facilmente exemplificado pelo déficit nas contas públicas relacionado à previdência so-
cial no País. A necessidade de equilíbrio das contas públicas é fonte material clara do 
direito da seguridade social, fazendo com que o congresso nacional vote atos normati-
vos (emendas constitucionais, leis ordinárias, etc.) que possam atender às contingên-
cias socioeconômicas advindas daquelas circunstâncias financeiras atuais do Estado.
• Fontes formais do direito da seguridade social: são os atos editados pelo Poder Le-
gislativo e Poder Executivo (e, em alguns casos, também pelo Poder Judiciário, pois, 
como se sabe, todos os poderes da república exercem funções atípicas, não sendo 
impossível, aliás, frequente, que o Poder Judiciário necessite editar normas internas 
que repercutam em elementos regulamentadores de benefícios previdenciários afetos 
ao seu regime próprio, para aqueles servidores e juízes que ainda mantêm seus regi-
mes previdenciários destrelados do rgps e do funpresp-jud) que geram efetivamente o 
poder de comando e de império estatal nas relações subjetivas das pessoas, no caso, 
criando, majorando, modificando ou extinguindo direitos relativos à seguridade social.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
• Há duas observações importantes sobre as fontes formais de caráter infralegal: (i) elas 
não podem contrariar a lei, sob pena de exorbitarem de seu poder regulamentar; e (ii) 
criam efeito vinculante para a própria administração pública, ressalvado, claro, o poder 
de autotutela, ou seja, de a administração revogar ou anular seus próprios atos admi-
nistrativos quando inconvenientes ou contrários à lei.
• As principais fontes formais do direito da seguridade social são: Lei n. 8.212/91; Lei 
n. 8.213/91; Lei n. 8.742/93; Lei n. 9.717/88; Lei n. 10.779/03; Lei n. 12.101/09; Lei n. 
12.618/12; Lei complementar n. 142/13; Lei complementar n. 152/15.
• As leis complementares, no Direito da Seguridade Social, estão previstas apenas no 
art. 195, §4º, c/c art. 154, inciso i, ambos da cf, que diz que a “lei poderá instituir outras 
fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social”.
• As medidas provisórias são bastante frequentes na seara do Direito da Seguridade So-
cial, conquanto nem sempre venham dotadas dos requisitos de relevância e urgência 
para suas edições.
• Os decretos legislativos podem ser vistos por vezes como fonte formal do direito da 
seguridade social, eis que são os instrumentos normativos que permitem a veiculação 
interna de tratados, convenções e acordos internacionais. Permite-se, com os decretos 
legislativos, a expansão do chamado bloco de constitucionalidade em matéria de direi-
to da seguridade social.
• Na previsão do art. 85-a, da Lei n. 8.212/91, cuja redação diz que os “tratados, con-
venções e outros acordos internacionais de que estado estrangeiro ou organismo in-
ternacional e o brasil sejam partes, e que versem sobre matéria previdenciária, serão 
interpretados como lei especial”.
• O Decreto n. 3.048/99 é o mais importante ato do poder Executivo na seara do Direito 
Previdenciário, explicitando e detalhando o conteúdo legal presente na Lei n. 8.213/91.
• Os costumes não são fontes formais do Direito Previdenciário ou, mesmo, da seguri-
dade social.
• A jurisprudência é mero meio de integração do Direito, nada se revelando como fonte 
formal da norma previdenciária, sobretudo em sistema jurídico como o nosso baseado 
no modelo de civil law.
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• As Súmulas Vinculantes são novas fontes do Direito a partir de decisão do Supremo 
Tribunal Federal, encontrando guarida constitucional por meio do art. 103-a, da cf/88.
• As decisões sumuladas do conselho de recursos da previdência social são fontes do 
Direito da Seguridade Social.
• A doutrina não é fonte do Direito da Seguridade Social.
• A equidade não é fonte do Direito da Seguridade Social, apenas método integrativo.
• Os princípios de Direito não escritos (implícitos) e escritos (explícitos), são fontes do 
Direito da Seguridade Social.
• A força normativa dos princípios: os princípios deixaram de ser meros meios de inte-
gração das normas jurídicas, mas sim efetivas fontes do direito.
• Não há princípio absoluto, sendo sempre necessário e indispensável que se faça a de-
vida ponderação de interesses constitucionalmente envolvidos para se definir qual é a 
norma do caso.
• Os princípios veiculam standards normativos, definidores de um padrão jurídico a 
ser seguido por todos os sistemas legais de um determinado direito objetivo.
• Não existe hierarquia entre princípios e regras.
Resumo de “Interpretação das Normas de Seguridade Social”
• A tipologia das normas de seguridade social: há normas que cuidam da entrada do 
segurado no regime normativo de proteção social; normas que cuidam de sua manu-
tenção ou, ainda, extinção de seu vínculo jurídico com um determinado regime jurídico-
-previdenciário; normas que cuidam da manutenção e da arrecadação dos sistemas de 
proteção social, especialmente no tocante ao seu custeio e financiamento.
• Os tipos de normas da seguridade social são: normas de filiação, ou de vinculação; 
normas de proteção, ou de amparo; normas de custeio, de natureza tributária; normas 
de manutenção do valor real dos benefícios; normas de irredutibilidade dos benefícios.
• As normas de seguridade social são normas direito fundamental de 2ª dimensão, vei-
culadoras de direitos sociais.
• Atenção à máxima efetividade dos direitos fundamentais.
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• Atenção ao princípio universal da proteção da dignidade da pessoa humana, que pode 
ser representado pelo axioma principiológico pro homine.
• Atenção sempre à interpretação mais favorável à pessoa humana, no que toca às nor-
mas de seguridade social.
• A interpretação mais favorável volta-se para a norma e não para os fatos.
• A dúvida que favorece a pessoa, pelo princípio pro homine, não é a dúvida dos fatos, 
mas sim a duvida, a ambivalência hermenêutica, em relação a norma em abstrato.
• A interpretação da norma de seguridade social necessariamente se coadunará com os 
fins sociais a que ela se destina.
• Na interpretação das normas jurídicas do Direito da Seguridade Social, é preciso que 
seja lembrado que suas fontes formais mais proeminentes provêm diretamente da 
Constituição Federal de 1988 e, bem assim, das Emendas Constitucionais que já estu-
damos no capítulo 1 de nosso curso.
• Estudo da interpretação das normas de seguridade social deve ser feito compartimen-
tado em dois momentos: um relacionado à hermenêutica constitucional e outro rela-
cionado à hermenêutica clássica.
• Estudar a interpretação das normas jurídicas, pois é estudar a hermenêutica jurídica.
• A palavra hermenêutica tem sua etimologia derivada do grego “hermeneuein” (que sig-
nifica declarar, anunciar e esclarecer).
• A hermenêutica é feita por técnicas e métodos de interpretação da norma jurídica.
• Atenção para o fato de que hoje, no pós-positivismo, a subsunção da norma jurídica 
ao fato não pode decorrersimplesmente de automatismo, de um processo mecânico, 
extraído mediante processo superficial de pura leitura mecanizada.
• A norma jurídica é extraída de um conjunto técnicas e instrumentos que dão azo à ra-
zoável interpretação do correspondente dispositivo legal.
• Sobre técnicas, critérios e métodos de interpretação, não há, em verdade, um absoluto 
consenso na doutrina acerca de suas particularizações classificatórias.
• Hermenêutica clássica: de um modo geral, é possível apontar os seguintes elementos 
ou critérios interpretativos clássicos: o elemento gramatical (que permite a interpreta-
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ção literal); o elemento lógico (que permite a interpretação lógica, decorrente de pro-
cessos racionais dedutivos ou indutivos); o elemento histórico (que permite a interpre-
tação histórica); o elemento sistemático (que permite a interpretação sistemática) o 
elemento teleológico (que permite a interpretação teleológica ou finalística).
• Quanto aos métodos clássicos, são os seguintes: a) quanto à origem, temos o método 
doutrinário, o método jurisprudencial, o método autêntico; b) quanto aos resultados, 
temos o método declarativo, o método extensivo, o método restritivo.
• Hermenêutica constitucional: conforme Uadi Lammêgo Bulos36, “os métodos moder-
nos de interpretação constitucional nada mais são do que uma releitura de velhos ar-
tifícios hermenêuticos, como nova roupagem, de modo a se adaptarem às exigências 
das constituições modernas”.
• Podemos arrolar os seguintes métodos específicos de interpretação da norma consti-
tucional: método científico-espiritual, método tópico-problemático, método normativo-
-estruturante, método hermenêutico concretizador.
Resumo de “Aplicação das Normas de Seguridade Social”
• O processo de aplicação das normas jurídicas começa com o conceito de subsunção 
da norma jurídica, cuja operação parte da adequação de uma norma-tipo a um fato, a 
fim de se criar, no caso, uma norma-fato.
• Por meio da subsunção, faz-se um “silogismo jurídico”, por meio do qual se encaixa 
uma premissa menor (fato) em uma premissa maior (lei), extraindo-se disso uma con-
clusão que se traduz na norma jurídica aplicável ao caso.
• A realização desse silogismo, ou seja, o encaixe, é propiciado pela interpretação da 
premissa maior, por meio das técnicas e métodos de hermenêutica.
• A aplicação da norma pelo processo subsuntivo encontrou seu nascedouro no positi-
vismo jurídico, com o fortalecimento do Estado De Direito, sobretudo após a Revolução 
Francesa.
• Na era dos Estados Absolutistas prevalecia a máxima “the king do not wrong”, de modo 
que não havia lei previamente definida.
36 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 6ª ed. Rev. E atual. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 448.
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• O rei conjugava todos os atributos do poder estatal (“legislava”, executava e julgava).
• Séculos mais tarde (século XIX), o positivismo jurídico consolidou-se no chamado es-
tado legislativo, atribuindo-se, assim, um papel dominante, senão exclusivo, à legisla-
ção como fonte do direito. A codificação napoleônica passou a o expoente dessa nova 
era, de modo que a lei torna-se a fonte principal do direito, exigindo-se, nessa toada, o 
exercício de subsunção normativa do aplicador da lei.
• Modernamente, falar sobre subsunção é falar, por fim, sobre a teoria pura do direito, de 
Hans Kelsen, que nas primeiras linhas de sua obra afirmou que a “teoria pura do direito 
é uma teoria do direito positivo”.
• Entretanto, vivemos hoje no pós-positivismo, cujo movimento neoconstitucionalista é 
o seu maior expoente, mediante o abandono da mera subsunção da norma positivada 
por outras teorias que retomam a argumentação jurídica. O silogismo jurídico ainda 
opera para se extrai a aplicação da norma, mas é importante que o interprete da lei 
esteja atento a outros influxos valorativos no momento da conjunção entre a premissa 
maior (lei) e premissa menor (fato).
• A aplicação da “lei” no tempo: questões sobre direito intertemporal.
• Em regra, a lei previdenciária possui vigência imediata, mas no campo do Direito da Se-
guridade Social, há certas peculiaridades que devem ser observadas quando falamos 
de direito intertemporal.
• Exceção para as normas de seguridade social relacionadas ao custeio do sistema de 
proteção social estatal: observância do princípio da anterioridade nonagesimal (garan-
tia constitucional não expressa no art. 5º, da Constituição Federal de 1988).
• A vacatio legis nas normas de seguridade social não possui peculiaridades, de modo 
que é dado pela própria lei ou, em caso de silencio quanto a isso, o prazo dado pelo art. 
1º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei n. 4.657/42), ou 
seja, o prazo de 45 dias depois de oficialmente publicada.
• Pode a própria lei dar prazos de vacatio legis diferenciados para certos artigos da pró-
pria lei. Exemplo disso é o da Lei n. 13.135, de 17 de junho de 2015, que previu em seu 
art. 6º prazos diferenciados de vacatio legis para certos dispositivos, notadamente por 
conta da proteção, razoável, de deficientes intelectuais e mentais.
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• O princípio da irretroatividade: aplicável ainda que haja, como no Direito Penal, norma 
mais benéfica para o segurado ou beneficiário da seguridade social. Ou seja, não im-
porta se a nova lei vai beneficiar o segurado, ela jamais retroagirá.
• O princípio do tempus regit actum em matéria relacionada aos benefícios da segurida-
de social: a data da ocorrência do fato gerador da contingencia social é sempre marco 
temporal para se definir qual a norma de seguridade social incidente. Exemplo: a data 
do óbito é o marco temporal para se verificar qual a legislação aplicável em termos de 
concessão de benefício previdenciário.
• Exceção à regra da irretroatividade da lei em matéria de direito da seguridade social: 
observar o disposto no art. 106, do código tributário nacional. Além disso, a constitui-
ção federal de 1988, o art. 150, inciso iii, expressa claramente que é vedado à união, 
aos estados, ao distrito federal e aos municípios cobrarem tributos “em relação a fatos 
geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou au-
mentado”.
• A retroatividade da norma de custeio quando for interpretativa: somente ocorrerá se 
houver benefício fiscal no entendimento de norma tributária já existente. A lei interpre-
tativa não veicula conteúdo novo no ordenamento jurídico, mas sim explica e clarifica 
preceito normativo já existente. Daí que, por preservação do princípio da não surpresa 
em matéria fiscal, bem como da própria anterioridade da norma tributária, somente 
pode incidir nos fatos geradores anteriores se não for realmente impositiva de sanção 
fiscal.
• As normas de custeio da seguridade social que eventualmente veicularem sentido in-
terpretativo a alguma outra norma tributária anterior terão retroatividade, ressalvada a 
imposição de penalidade em razão da nova interpretação dada. Obviamente se trata de 
regra protetiva, ou seja, se for para beneficiar retroagirá.
• Quando houver interpretação desfavorável que gere novo dever para a parte, deve ser 
observado o art. 23, da LINDB, ou seja, deverá haver a fixação pela autoridade julgadora 
de um regime normativo de transição, a fim de que não haja violação ao princípio da 
boa-fé objetiva, da não surpresa e, bem assim, do próprio postulado do devido proces-
so legal, seja ele em sua acepção formal ou substancial.
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• Direito adquirido: se houver, por exemplo, a concessão de aposentadoria por idade no 
regime da lei previdenciária antes das reformas advindas com a Emenda Constitucional 
n. 103/19, as novas normas constitucionais que impõem idade mínima para a aposen-
tadoria por idade do trabalhador urbano (para os homens, a idade mínima continua 
sendo de 65 anos, mas para as mulheres a idade mínima aumentou para 62 anos), o di-
reito adquirido protege a concessão anterior. No caso, para garantir a incorporação do 
direito a tal benefício ao seu patrimônio jurídico, não será necessário que a concessão 
tenha se dado antes da emenda constitucional n. 102/19. Tampouco será necessário 
que o respectivo requerimento administrativo junto ao INSS tenha sido feito antes da-
quela emenda constitucional.
• O que vai ser determinante para se falar em direito adquirido à aposentadoria nos mol-
des da norma anterior é a verificação, no caso, de que todos os elementos constitutivos 
do direito esperado já tenham sido cumpridos e satisfeitos pelo seu sujeito ativo.
• Não há se falar no direito da seguridade social de ultratividade da lei mais benéfica, 
diferentemente do que ocorre no Direito Penal. Não importa se a lei nova é mais bené-
fica ou prejudicial ao segurado, ela não se aplicará aos fatos que não foram verificados 
na sua vigência. Se um benefício de pensão por morte foi concedido na vigência da lei 
anterior que previa um coeficiente menor do salário de benefício, as prestações previ-
denciárias não poderão ser revistas unicamente pelo fato de haver, agora, nova lei com 
coeficiente de cálculo do salário de benefício melhor.
• Não existe direito adquirido a regime jurídico. O fato de uma pessoa estar filiada a um 
determinado regime previdenciário e ter, com isso, a expectativa de direito de que em 
um determinado tempo de vida, com determinada soma de contribuições, ele poderá se 
aposentar, não significa isso direito adquirido.
• As normas de transição são uma escolha do constituinte derivado, algo que se viu, 
inclusive, em todas as emendas constitucionais relacionadas às reformas previdenciá-
rias no brasil.
• O art. 23 da LINDB não impõe que haja sempre uma norma de transição para as inova-
ções legislativas, porque esse dispositivo legal se dirige apenas às decisões “adminis-
trativa, controladora ou judiciais” que estabelecerem interpretação ou orientação nova 
sobre norma de conteúdo indeterminado.
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• Não é possível falar em aproveitamento dos aspectos positivos de duas leis no tempo, 
ou seja, os pontos favoráveis da norma anterior e, conjuntamente, da norma nova.
• O ato jurídico perfeito: aqui se aplicam os mesmos critérios de proteção relacionados 
ao direito adquirido, devendo se considerar igualmente o princípio do tempus regit ac-
tum. No campo do direito da seguridade social, o marco será sempre a ocorrência da 
contingencia social objeto da proteção estatal.
• Julgamento do tema 176 da TNU – Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudên-
cia dos Juizados Especiais Federais -, deve-se adotar o regime normativo de carência 
vigente no momento do surgimento da incapacidade.
• Outro exemplo de proteção do ato jurídico perfeito na esfera do direito da segurida-
de social é o relativo à comprovação de atividades consideradas nocivas para efeito 
de reconhecimento de tempo especial. Havendo mudança das normas relacionadas à 
caracterização e, consequentemente, comprovação de períodos relacionados à ativi-
dades especiais de trabalho ou, ainda, a categorias peculiares de filiados do RGPS, é de 
se ter em mira o citado princípio tempus regit actum e, por conseguinte, a proteção do 
direito adquirido na legislação outrora vigente.
• No que se relaciona à comprovação documental, por exemplo, de certos vínculos exer-
cidos em condições nas quais havia a presença de agentes nocivos (físicos, químicos 
ou biológicos), a proteção ao ato jurídico perfeito permite que os documentos então 
exigíveis na época desses vínculos sejam suficientes à demonstração formal de que 
havia atividade especial, mesmo que posteriormente tenha havido alteração da lei para 
exigir outro tipo de documentação.
• O tempo de serviço é regido pela lei vigente à data de sua prestação, assim as ativida-
des prestadas sob condições especiais se efetivam sob os critérios estabelecidos pela 
lei vigente à época em que o segurado realizou a atividade, passando a integrar, como 
direito autônomo, o patrimônio jurídico do trabalhador.
• A coisa julgada: na dição da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, em seu 
art. 6º, §3º, da coisa julgada é a “decisão judicial de que não caiba recurso”.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
• As sentenças relacionadas a benefícios por incapacidade: é importante você entender 
que o conceito de incapacidade é dinâmico e variável no tempo, exigindo analise par-
ticularizada para cada segurado e, bem assim, para cada patologia incapacitante de-
tectada em perícia médica. Havendo reconhecimento judicial da incapacidade e conse-
quente concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença ou aposentadoria por 
invalidez, não significará isso qualquer mácula à coisa julgada formada no processo 
anterior. É que a coisa julgada em processos previdenciários relacionados à incapa-
cidade laboral possui natureza rebus sic stantibus, ou seja, entram e se petrificam no 
mundo jurídico conforme o estado das coisas conhecidas pelo juízo na oportunidade 
do julgamento.
• Possibilidade do INSS revisar ou cancelar benefícios previdenciários concedidos ju-
dicialmente e já acobertados pela coisa julgada: sim, mas com ressalvas óbvias, pois 
permitir a ampla possibilidade de revisão administrativa de sentenças judiciais é chan-
celar uma interferência totalmente anômala de um poder em outro, ferindo de morte, 
além disso, a garantia fundamental da inafastabilidade da tutela jurisdicional (art. 5º, 
inciso XXXVI).
• Jurisprudência do superior tribunal de justiça: não é exigível o paralelismo de formas 
para a revisão administrativa, sendo dispensável que o INSS intente ação revisional 
para cessar benefício concedido judicialmente, desde que seja respeitado o devido pro-
cesso legal e seus consectários (contraditório e ampla defesa do segurado), conforme 
informativo 536, do stj (de 26/03/2014).
• Qualquer corte que não respeite a coisa julgada é, em verdade, descumprimento de 
ordem judicial. De outro lado, vedar completamente a revisão de um benefício apenas 
porque ele foi implantado por ato judicial, após sentença ou liminar, não é condizente 
com a própria natureza desses benefícios, os quais, como dito, são concedidos sempre 
rebus sic stantibus.
• Cessão programada de benefícios concedidos judicialmente: pode o INSS promover 
a chamada alta programada, em caso de não demarcação do tempo de cessação na 
sentença transitada em julgado. Essa possibilidade decorreu das inovações legais ad-
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
vindas por meio das Medidas Provisórias n. 739/2016 e 767/2017, as quase, posterior-
mente, restaram convertidas na Lei n. 13.457/17, permitindo a cessação do benefício 
em 120 dias se não houver data de cessação apontada administrativa ou judicialmente.
• Sobre isso, o entendimento fixado na TNU, no julgamento do representativo de con-
trovérsia n. 0500774-49.2016.4.05.8305/PE, orientou-se para fixar a inexistência de 
obrigação do INSS em marcar a chamada “perícia de saída”, ou seja, aquela que é mar-
cada automática e obrigatoriamente pela autarquiaprevidenciária antes de cessar o 
benefício. A TNU, apreciando aquele recurso representativo de controvérsia (PEDILEF n. 
0500774-49.2016.4.05.8305/PE), definiu o seu tema 164. Ocorre que o Superior Tribu-
nal de Justiça não comunga do mesmo entendimento, tendo proferido reiteradas deci-
sões no sentido de que a alta programada é contrária ao ordenamento jurídico vigente 
e que não pode haver cessação do benefício sem perícia médica prévia, acompanhada 
de processo administrativo que assegure ao segurado o contraditório.
• A aplicação da “lei” no espaço: a regra da lei previdenciária é a da territorialidade, ou 
seja, incide a lei previdenciária brasileira às relações jurídicas de trabalho desenvolvi-
das em território nacional, nos moldes das categorias de segurados definidos na Lei n. 
8.213/91 e na Lei n. 8.213/91.
• Exceção: na segunda parte do art. 11, inciso I, alínea “d”, da Lei n. 8.213/91, no que 
toca ao “não brasileiro sem residência permanente no brasil e o brasileiro amparado 
pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição 
consular”.
• O supremo tribunal federal entendeu pela constitucionalidade da pretensão ao rece-
bimento de benefício assistencial previsto na Lei n. 8.472/93 (loas) por parte de es-
trangeiro residente no país (re 587970, relator (a): min. Marco Aurélio, tribunal pleno, 
julgado em 20/04/2017, acórdão eletrônico repercussão geral - mérito dje-215 divulg. 
21-09-2017 public. 22-09-2017).
• A extraterritorialidade é, portanto, exceção no ordenamento jurídico brasileiro relativo à 
seguridade social. Vejamos os casos em que isso pode ocorrer, por expressa determi-
nação da Lei n. 8.213/91: art. 11, inciso I, alínea “c” “e”, “f” da Lei n. 8.213/91, bem como 
art. 11, inciso V, alínea “e”, da Lei n. 8.213/91.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
• Em todas as situações, se houver cobertura por regime próprio de previdência social do 
país estrangeiro, não haverá cobertura brasileira, cessando a extraterritorialidade da lei 
nacional.
Resumo de “Antinomias Normativas”
• Tendo em vista a considerável quantidade de normas de seguridade social, é natural e 
bastante possível que haja aparente choque entre elas, com conflitos de regramentos 
os quais devem ser resolvidos, portanto, pelo aplicador da lei a fim de imputar a correta 
solução ao caso.
• Fala-se nessa situação em antinomia, a qual, segundo a melhor doutrina, é sempre 
aparente e não real. Isso, evidentemente, decorre de uma ficção jurídica, pois a produ-
ção legislativa é obviamente falha, decorrendo da natureza humana falível, de maneira 
que pode sim apresentar ao ordenamento sistemas ou meramente regras que literal-
mente podem se chocar.
• A questão se resolve por princípios interpretativos e critérios de solução para tais con-
flitos.
• Existem duas ocorrências frequentes que representam esse aparente conflito de nor-
mas: uma relativa a normas de distintas posições em nosso ordenamento jurídico e 
outra relativa a normas de igual hierarquia. Dentro dessas duas ocorrências, pode-se 
falar ainda em uma terceira hipótese de conflito aparente, relativa à intertemporalidade 
de leis, ou seja, conflitos de lei no tempo.
• No choque aparente entre um dispositivo constitucional e um dispositivo legal, por-
tanto, infraconstitucional, o conflito se resolve pelo critério hierárquico, com base na 
Pirâmide Normativa de Kelsen, segundo a qual, a Constituição prevalece sobre todas as 
demais normas do ordenamento jurídico.
• A doutrina clássica sobre resolução de conflitos aparentes de normas remonta às li-
ções de Norberto Bobbio, por meio dos seguintes critérios de solução de antinomias: 
critério cronológico, critério da especialidade e critério da hierarquia.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
• Pode ser necessário incidir mais de um critério em certos casos, de modo que, nesse 
caso, fala-se em antinomia de 2º grau. Quando se usa apenas um desses critérios, fa-
la-se em antinomia de 1º grau.
• Quando duas normas constitucionais estiverem incidindo ao mesmo tempo, não se 
fala em conflito aparente de normas, mas em ponderação de interesses e princípios 
constitucionais, o que se atinge por conta da unidade da Constituição e, bem assim, por 
meio dos métodos específicos de hermenêutica constitucional.
• Com relação à prevalência do princípio pro homine na Seguridade Social, o vértice da 
Pirâmide de Kelsen deixa de ser sempre a Constituição e passa a ser sempre a norma 
mais favorável, ainda que ela esteja na base da estrutura piramidal de nosso ordena-
mento.
• Oriento a você a responder nas provas que, tudo bem, a norma mais favorável é aquela 
que vai prevalecer quando falamos em Direito da Seguridade Social, mas tome cuida-
do com afirmações absolutistas quando negamos a Constituição, pois tal documento 
dogmaticamente é soberano e absoluto (claro, quando respeita seus pilares existen-
ciais mínimos, dentre eles a previsão de que haja a proteção dos direitos humanos).
• Então, o princípio da norma mais favorável deve ser lido dentro de um contexto maior e, 
sempre com uma visão consequencialista do interprete.
Resumo de “Integração das Normas de Seguridade Social”
• O processo de integração da norma jurídica visa preencher vazios na moldura positiva 
de nosso ordenamento jurídico. Trata-se de preencher, de colmatar, as lacunas, os va-
zios, as fendas existentes em nosso complexo de fontes formais do Direito.
• Na impossibilidade de se eximir de julgar alegando lacuna ou obscuridade da lei, o juiz 
deve se valer dos caminhos propostos no art. 4º da LINDB.
• A analogia: a premissa básica e inicial para o emprego de analogia é a percepção da 
inexistência de norma jurídica que regule o caso em apreço.
• A analogia é diferente do que se concebe como interpretação analógica: aquela é o 
preenchimento total pelo julgador de um vazio normativo sobre o fato; essa é a colma-
tação pontual e parcial de um determinado elemento descritivo da norma por meio de 
uma formula, ou standard normativo, dado pela própria norma.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
• Exemplo de interpretação analógica: julgamento da ADPF 132 (proteção previdenciária 
aos casais homoafetivos).
• A analogia possui duas subclassificações, quais sejam: analogia legis e analogia iuris.
• A analogia pode ser realizar uma heterointegração (busca de elementos de colmatação 
em outras fontes normativas) e uma autointegração (busca de elementos de colmata-
ção na própria fonte normativa, por meio dos costumes, princípios de direito e equidade 
nos casos expressamente previstos pela lei).
• A analogia in malam partem no direito da seguridade social é obstada pelo princípio pro 
misero (princípio pro homine).
• Os costumes: prática geral, reiterada, constante, notória e, por fim, aceita como social-
mente corretas, desde que não seja contrária à lei posta.
• O costume somente ganha relevância jurídica normativa quando é composto de um 
elemento objetivo e de um elemento subjetivo. O elemento objetivo deriva da percepção 
espacial e temporal da invocação de uma determinada prática social. Já o elemento 
subjetivo deriva da vontade e da convicção de obrigatoriedade da prática como neces-
sidade social37.
• Tipos de costume: “praeter legem”, “secundum legem” e “contra legem” (costume con-
trário à lei), sendo que esse último não pode ser juridicamente aceito. Mas há quem 
aponte que o costume “contra legem” pode ser revelar em duas hipóteses: a primeira 
por meio do desuso e a segunda por meio uma pratica ab-rogatória da lei, em franca 
intensão de ir contra as suas disposições. Mas ambas as formasnão podem ser acei-
tas (isso, pelo menos, no âmbito do direito da seguridade social, que exige a rígida ma-
nutenção do sistema por meio do equilíbrio financeiro e atuarial de seus mecanismos).
• O costume praeter legem e secundum legem funciona como elemento de integração da 
norma jurídica do Direito Da Seguridade Social, jamais fonte formal. Pode ser, contudo, 
fonte material, na medida as fontes materiais revelam o nascedouro das normas jurí-
dicas, decorrente das dinâmicas sociais, econômicas e políticas em uma determinada 
época e em uma determinada sociedade.
37 STOLZE, Pablo e Rodolfo Pamplona, in Novo Curso de Direito Civil, Parte Geral, 14ª edição. Editora Saraiva, 2012, São 
Paulo, pg. 65.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
• Exemplo do costume para integrar a norma jurídica previdenciária é o relativo à flexibi-
lização da exigência de apresentação de início de prova material para os trabalhadores 
rurais “bóias-frias”. Essa temática foi enfrentada no julgamento do tema 554, do Supe-
rior Tribunal De Justiça, por meio do RESP 1321493/PR, de modo que a tese fixada foi 
a seguinte: “considerando a inerente dificuldade probatória da condição de trabalhador 
campesino, a apresentação de prova material somente sobre parte do lapso temporal 
pretendido não implica violação da súmula 149/STJ, cuja aplicação é mitigada se a 
reduzida prova material for complementada por idônea e robusta prova testemunhal”.
• Outro exemplo: possibilidade de extensão do período de graça também para o segura-
do especial, permitindo-se que essa categoria de segurado também faça uso dos pra-
zos previstos no art. 15, da Lei n. 8.213/91. Tal consideração analógica já se encontra 
sedimentada no âmbito da TNU, no julgamento do PEDILEF 05009466520144058400.
• A equidade: foi Platão quem abordou primeiramente a equidade dentro de uma teoria 
da justiça, mas Aristóteles a desenvolveu com mais destaque, promovendo uma dife-
renciação entre equidade e justiça: aquela seria a justiça do caso concreto, dadas as 
circunstancias do caso, das partes, da sociedade etc.; esta seria a imposição inflexível 
da norma.
• É maciçamente usada nos países de common law, baseados em um forte sistema de 
precedentes judiciais, a equidade é invocada como verdadeira fonte do direito.
• Nos países de civil law, a equidade é mero mecanismo de integração da norma jurídica.
• Atenção ao art. 140, parágrafo único, do código de processo civil, que deixa bem claro 
que o juiz “só decidirá por equidade nos casos previstos em lei”. Esse dispositivo veda 
o uso, como regra, da equidade como fonte formal do Direito (excepcionando apenas 
nos casos previstos em lei), não a vedando, entretanto, como fonte de integração das 
normas jurídicas (no campo do direito da seguridade social, inclusive, a equidade como 
técnica supletiva de integração e interpretação da norma jurídico-previdenciária se en-
caixa como uma luva, digamos, na prescrição da regra de ouro da interpretação previs-
ta no art. 5º da LINDB38).
38 Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
• Nada obstante à regra geral acima, no campo do Direito Da Seguridade Social, a equi-
dade é fonte normativa formal no que toca à sua base principiológica: princípio da equi-
dade na forma de participação no custeio, tal como previsto no art. 194, inciso V, da 
Constituição Federal de 1988.exemplo de julgamento por equidade na seara do direito 
previdenciário: recurso especial 1479564/SP, por meio do qual o Superior Tribunal de 
Justiça entendeu pela concessão do benefício de auxílio-reclusão mesmo diante da 
pequena ultrapassagem do limite relativo à renda do grupo familiar, conforme portaria 
interministerial.
• Os princípios gerais de Direito: os princípios gerais de Direito revestem-se hoje de na-
tureza indiscutível de fonte formal do direito. Embora estejam indicados no 4º da LINDB 
como instrumento usado para suprir lacunas de nosso ordenamento jurídico, tratam-
-se, os princípios, de fontes diretas da norma jurídica. Mas podem ser usados também 
como forma de concluir eventuais omissões da lei, integrando-a por meio dos influxos 
de seus valores.
Resumo de “Eficácia das Normas de Seguridade Social”
• Quando falamos em norma, devemos passar por alguns planos de sua consideração. 
Esses planos são o da existência, da vigência, da validade e da eficácia.
• Plano da eficácia: verificação da possibilidade de a norma efetivamente produzir efeitos 
no mundo concreto (a publicação gera efeitos no mundo jurídico e a eficácia é o plano 
de análise de efeitos no mundo concreto).
• A eficácia da norma deve ser vista no plano técnico e no plano social.
• Eficácia social: questionamento da possibilidade social, econômica, política, cultural, 
dentre outros aspectos, da norma jurídica ser imposta. Exemplo: ADI 4983 (constitucio-
nalidade ou não da vaquejada).
• Eficácia técnica: questionamento das condições normativas secundárias para a apli-
cação da lei, tal como a necessidade de algum instrumento normativo regulamentador.
• Funções das normas quanto a sua eficácia: função de bloqueio; função de programa; 
função de resguardo.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
• Classificação das normas quanto a sua aptidão para produzir efeitos (classificação de 
José Afonso da Silva): normas de eficácia plena (regra geral); normas de eficácia con-
tida (exemplo no art. 5º, XIII, CF/8839); normas de eficácia limitada (exemplo no art. 40, 
§1º, da CF/88, agora, em verdade, constante do art. 40, §4º-a, da CF/88, com a nova 
redação dada pela EC 103/19).
• Exemplo de norma de eficácia limitada na seguridade social: a aposentadoria especial 
para os servidores públicos com deficiência, para aqueles que exercem atividades de 
risco e, por fim, para aqueles que exercem condições que prejudiquem a saúde ou a in-
tegridade física, nos termos de lei complementar, a qual nunca foi editada. Nesse con-
texto, o Supremo Tribunal Federal, em 09/04/2014, aprovou a Súmula Vinculante 33, 
que diz que se aplicam “ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral de 
previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, parágrafo 4º, 
inciso III, da constituição federal, até edição de lei complementar específica”.
39 XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabe-
lecer;
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (VUNESP/2017/CÂMARA DE BARRETOS–SP/ADVOGADO) É correto afirmar, 
com base nas Súmulas do Supremo Tribunal Federal e/ou do Superior Tribunal de Justiça, 
que:
a) a lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do 
óbito do segurado.
b) a mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial não tem direito à pensão pre-
videnciária por morte do ex-marido.
c) é inconstitucional a incidência da contribuição previdenciária sobre o décimo-terceiro sa-
lário.
d) é inconstitucional a inclusão de sócios e administradores de sociedades e titulares de fir-
mas individuais como contribuintes obrigatórios da previdência social.
e) o segurado pode ajuizar eventual ação contra a instituição previdenciária somente perante 
as varas federais da Capital do Estado-Membro em que possua domicílio.
Questão 2 (CESPE/2017/TRF-5ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO) Quanto à aplicação 
da lei previdenciária no tempo, assinale a opção correta.a) Independentemente do benefício pretendido, aplica-se o princípio tempus regit actum: a lei 
do tempo em que se preencheram todos os requisitos para a concessão do benefício preten-
dido pelo segurado.
b) Com exceção das aposentadorias por tempo de contribuição e por idade, aplica-se a lei em 
vigor à época em que o segurado ingressou no sistema previdenciário.
c) Aplica-se o princípio lex posterior derrogat priori para os benefícios devidos aos segurados, 
independentemente de ser mais ou menos vantajoso; aplicando-se entretanto, a lei em vigor 
na data de ingresso do segurado no sistema previdenciário para os benefícios devidos aos 
dependentes.
d) Independentemente do benefício pretendido, será adotada a interpretação que mais se 
aproxima do ideal de justiça, pautado em princípio valorativo e finalístico, segundo o qual se 
aplica a lei mais vantajosa ao segurado.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
e) Aplica-se o princípio lex posterior derrogat priori, com a ressalva de que havendo alteração 
da lei após o ingresso do trabalhador ao sistema previdenciário, será adotada a lei mais van-
tajosa ao beneficiário segurado ou dependente.
Questão 3 (CAIP-IMES/2016/CRAISA DE SANTO ANDRÉ–SP/ADVOGADO) Assinale a alter-
nativa correta. São fontes materiais do Direito Previdenciário:
a) a doutrina e os costumes.
b) a Constituição Federal de 1988, as emendas constitucionais, as leis complementares, as 
leis ordinárias, as medidas provisórias, os decretos legislativos e as resoluções do Senado.
c) os fatos sociais, políticos, econômicos que ensejam o surgimento da norma jurídica previ-
denciária.
d) os fatos sociais e políticos, a doutrina, a Constituição Federal de 1988, as emendas consti-
tucionais, as leis complementares, as leis ordinárias.
Questão 4 (CESPE/2014/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO-CONSUL-
TOR LEGISLATIVO) Acerca da legislação previdenciária, especialmente no que se refere às 
suas fontes, autonomia, vigência e interpretação, julgue o item que se segue.
O direito previdenciário é classificado como ramo do direito privado, tendo reconhecida, pela 
doutrina majoritária, sua autonomia didática em relação a outros ramos do direito.
Questão 5 (CESPE/2014/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO-CONSUL-
TOR LEGISLATIVO) Acerca da legislação previdenciária, especialmente no que se refere às 
suas fontes, autonomia, vigência e interpretação, julgue o item que se segue.
As fontes formais do direito previdenciário incluem a CF e as Leis n. 8.212/1991 e n. 8.213/1991.
Questão 6 (CESPE/2014/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO-CONSUL-
TOR LEGISLATIVO) Acerca da legislação previdenciária, especialmente no que se refere às 
suas fontes, autonomia, vigência e interpretação, julgue o item que se segue.
A vigência da lei de natureza previdenciária segue a regulamentação da Lei de Introdução às 
Normas do Direito Brasileiro, de modo que, salvo disposição contrária, entra em vigor quaren-
ta e cinco dias depois de oficialmente publicada.
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Questão 7 (CESPE/2014/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO-CONSUL-
TOR LEGISLATIVO) Acerca da legislação previdenciária, especialmente no que se refere às 
suas fontes, autonomia, vigência e interpretação, julgue o item que se segue.
Ao se utilizar do método de interpretação teleológico o intérprete busca compatibilizar o texto 
legal a ser interpretado com as demais normas que compõem o ordenamento jurídico, visua-
lizando a lei objeto de interpretação como parte de um todo.
Questão 8 (TRT 24R (MS)/2012/TRT - 24ª REGIÃO (MS)/JUIZ DO TRABALHO) Assinale a 
alternativa CORRETA:
a) A eficácia das normas da Seguridade Social no tempo difere conforme o objeto contido na 
legislação. Quando a norma se referir ao custeio do sistema, as contribuições instituídas ou 
majoradas somente serão exigidas depois de decorridos noventa dias da data da publicação 
da lei.
b) A proteção que cabe à Previdência Social refere-se à garantia apenas da aposentadoria.
c) Compete à Previdência Social a proteção ao trabalhador em situação de desemprego invo-
luntário.
d) Não é permitido no ordenamento jurídico brasileiro, regime previdenciário de caráter com-
plementar.
e) Todos os salários de contribuição considerados para cálculo de benefícios da previdência 
social não sofrem atualização.
Questão 9 (FCC/2012/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL) A interpretação da legislação 
previdenciária deve observar:
a) o costume, quando mais favorável ao segurado.
b) a Jurisprudência do Juizado Especial Federal.
c) a analogia, quando mais favorável ao segurado.
d) os princípios gerais de direito, na omissão legislativa.
e) o princípio do in dúbio pro societate em qualquer situação.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Questão 10 (CESPE/2010/TCE-BA/PROCURADOR) Segundo entendimento do STF, lei nova 
mais benéfica que altere a forma de cálculo da renda mensal inicial da pensão por morte, 
aumentando seu percentual, não se aplicará aos benefícios previdenciários concedidos antes 
de sua vigência.
Questão 11 (FCC/2010/TRF-4ª REGIÃO/TÉCNICO JUDICIÁRIO-ÁREA ADMINISTRATIVA) Pu-
blicada lei modificando a contribuição social sobre a receita ou faturamento:
a) só poderá ser exigida tal contribuição após decorridos noventa dias da data da publicação 
da referida lei.
b) só poderá ser exigida tal contribuição após decorridos cento e oitenta dias da data da pu-
blicação da referida lei.
c) não poderá ser exigida tal contribuição no mesmo exercício financeiro em que haja sido 
publicada a referida lei, independentemente da data de sua publicação.
d) poderá ser exigida tal contribuição imediatamente após a data da publicação da referida lei.
e) só poderá ser exigida tal contribuição após decorridos cento e vinte dias da data da publi-
cação da referida lei.
Questão 12 (CESPE/2008/DPE-CE/DEFENSOR PÚBLICO) A legislação previdenciária, tanto 
em matéria de benefícios como de custeio, submete-se a uma das regras gerais presentes na 
Lei de Introdução ao Código Civil, passando a viger, portanto, 45 dias após a sua publicação, 
ressalvadas as estipulações em contrário.
Questão 13 (ESAF/2009/RECEITA FEDERAL/AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL) A res-
peito do financiamento da Seguridade Social, nos termos da Constituição Federal e da legis-
lação de custeio previdenciária, assinale a opção correta.
a) A pessoa jurídica em débito com o sistema de seguridade social pode contratar com o po-
der público federal.
b) Lei ordinária pode instituir outras fontes de custeio além das previstas na Constituição 
Federal.
c) Podem-se criar benefícios previdenciários para inativos por meio de decreto legislativo.
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d) As contribuições sociais criadas podem ser exigidas noventa dias após a publicação da lei.
e) São isentas de contribuição para a seguridade social todas entidades beneficentes de uti-
lidade pública distrital e municipal.
Questão 14 (ESAF/2005/RECEITA FEDERAL/AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL-ÁREA 
TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA) Com relação às contribuições sociais, no âmbito da seguridade 
social, é correto afirmar:
a) As contribuições sociais, de que trata o art. 195 da CF/88, só poderão ser exigidas após 
decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, 
não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b, da Carta Magna.
b) As contribuições sociais de que trata o art. 195, da CF/88, só poderão ser exigidas após 
decorridos cento e oitenta dias da data da publicaçãoda lei que as houver instituído ou modifi 
cado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b, da Carta Magna.
c) São isentas de contribuição para a seguridade social todas as entidades de assistência 
social que atendam às exigências estabelecidas em lei complementar.
d) As contribuições sociais de que trata o art. 195, da CF/88, só poderão ser exigidas após 
decorridos noventa dias da assinatura da lei que as houver instituído ou modificado, não se 
lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b, da Carta Magna.
e) As contribuições sociais de que trata o art. 195, da CF/88, só poderão ser criadas e exigidas 
após decorridos noventa dias da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não 
se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b, da Carta Magna.
Questão 15 (FCC/2013/TRT-5ª REGIÃO (BA)/ANALISTA JUDICIÁRIO-ÁREA JUDICIÁRIA) 
Considere as afirmações:
I – No âmbito do Direito Previdenciário, as expressões “seguridade social” e “assistência 
social” são sinônimas puras, revelando sistemas idênticos, que são universalizados, 
contributivos e contam com a participação obrigatória da União, de empregadores e 
empregados.
II – Em Direito Previdenciário, torna-se possível a solução de controvérsias mediante apli-
cação da equidade, de que é exemplo a concessão de salário-maternidade para o se-
gurado homem que, em relação homoafetiva, adota criança.
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III – As normas internacionais entre organismos estrangeiros e o Brasil, tais como tratados, 
acordos ou convenções, quando versem sobre matéria previdenciária, devem ser inter-
pretados como lei especial, nos termos do artigo 85-A, da Lei n. 8212/1991.
IV – Previdência Social engloba um conceito amplo, universal, sendo em verdade o gênero 
da qual são espécies a assistência social, a saúde e a seguridade social.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I, II e III.
b) II e IV.
c) II e III.
d) III e IV.
e) I, III e IV.
Questão 16 (INÉDITA/2019) Marque a alternativa correta em relação às fontes do Direito da 
Seguridade Social:
a) São fontes formais do Direito da Seguridade Social os costumes, as leis complementares 
e as leis ordinárias.
b) São fontes formais do Direito da Seguridade Social a analogia, os costumes, as leis com-
plementares e as leis ordinárias.
c) São fontes formais do Direito da Seguridade Social as leis complementares, as leis ordiná-
rias, a Constituição Federal de 1988 e as instruções expedidas pelo INSS.
d) São fontes materiais do Direito da Seguridade Social os costumes e a equidade.
Questão 17 (INÉDITA/2019) Com relação aos princípios da seguridade social, marque a al-
ternativa correta:
a) Os princípios da seguridade social não são fontes formais do Direito, mas apenas orien-
tações do Constituinte Originário, que criam standards normativos a serem cumpridos pelo 
legislador ordinário.
b) Os princípios da seguridade social são os pilares de todo o sistema da seguridade social 
previsto na Constituição Federal de 1988, possuindo amplo espectro normativo e funcionan-
do como fontes materiais do Direito da Seguridade Social.
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c) Os princípios da seguridade social devem ser lidos sob a ótica do pós-positivismo jurídico 
e apresentam força normativa e aplicabilidade direta, tal qual a força normativa que deriva das 
regras previstas nas leis previdenciárias, devendo prevalecer, em regra, as normas principio-
lógicas eis que superiores na Pirâmide Kelsen.
d) Os princípios da seguridade social são fontes formais do Direito da Seguridade Social e 
deverão ser, sempre, interpretados com base no princípio da solidariedade.
Questão 18 (INÉDITA/2019) Marque a alternativa incorreta com relação aos tipos de normas 
de seguridade social existentes:
a) normas-custeio, normas de filiação e normas de proteção.
b) normas-custeio, normas de filiação e normas de amparo.
c) normas de manutenção do valor real dos benefícios e normas de irredutibilidade dos be-
nefícios.
d) normas-custeio, normas de vinculação e normas de retirada.
Questão 19 (INÉDITA/2019) Sobre as normas da seguridade social e sua interpretação, as-
sinale a alternativa correta:
a) as normas de seguridade social não podem ser vistas como normas de direito fundamen-
tal, eis que o Estado pode promover reformas previdenciárias para alterá-las.
b) O princípio pro homine é determinante na interpretação das normas da seguridade social e 
deve ser aplicado quando há dúvida na leitura dos fatos apresentados ao Juiz.
c) O princípio pro homine orienta a interpretação da norma da seguridade social sempre no 
sentido de que dela se extraia a conclusão mais favorável à pessoa humana, podendo, in-
clusive, alterar a ordem normativa da Pirâmide de Kelsen para que uma instrução normativa 
possa ter mais peso do que um determinado artigo de lei.
d) a máxima efetividade das normas de seguridade social somente pode ser considerada para 
as normas constitucionais de direitos sociais que apresentem eficácia plena.
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Questão 20 (INÉDITA/2019) Com relação aos critérios, elementos ou métodos de interpreta-
ção da norma jurídica de seguridade social, julgue o item abaixo.
O elemento SOCIOLÓGICO permite a visualização do contexto social e cultural dos destina-
tários da norma, visando, assim, ao atendimento dos fins sociais da lei, tal como previsto no 
art. 5º, da LINDB.
Questão 21 (INÉDITA/2019) Com relação ao conflito de leis previdenciárias no tempo, julgue 
o item que segue.
A lei nova também não retroagirá para prejudicar qualquer situação jurídica já consolidada, 
notadamente porque se deve ter em mente o princípio do tempus regit actum em matéria re-
lacionada aos benefícios da seguridade social.
Questão 22 (INÉDITA/2019) Com relação ao conflito de leis previdenciárias no tempo, julgue 
o item que segue.
Em caso de sucessão de leis no tempo, com alteração da forma de cálculo do salário de bene-
fício para a pensão por morte, é na data do requerimento administrativo que se deve averiguar 
qual a lei aplicável, se a lei nova ou a lei velha.
Questão 23 (INÉDITA/2019) Com relação à coisa julgada na seara do Direito Previdenciário, 
julgue o item que segue.
A coisa julgada em ação previdenciária na qual se requer auxílio-doença é imutável e, por 
isso, não permite que o INSS reveja o estado de saúde do segurado e, diante da superação da 
patologia incapacitante, cesse o benefício concedido judicialmente.
Questão 24 (INÉDITA/2019) Com relação à cessação dos benefícios previdenciários conce-
didos judicialmente, julgue o item abaixo.
Quanto à cessação programada de benefícios concedidos judicialmente, pode o INSS pro-
mover a chamada alta programada, em caso de não demarcação do tempo de cessação na 
sentença transitada em julgado.
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Questão 25 (INÉDITA/2019) Com relação à lei previdenciária no tempo, julgue o item abaixo.
Havendo lei previdenciária nova que aumente o prazo de carência para a obtenção de um be-
nefício por incapacidade, aplicam-se suas novas disposições, mesmo aos segurados que já 
estavam filiados ao sistema quando a incapacidade laboral deles for constatada como tendo 
iniciado ao tempo da nova lei.
Questão 26 (INÉDITA/2019) Sabe-se que a norma jurídica pode ser checada em diversos 
planos de aferição, desde a sua edição até a produção normal e concreta de seus efeitos. 
Sendo assim, marque a alternativa que não representa nenhum desses planos:
a) Plano da validade.
b) Plano da existência.c) Plano da eficácia.
d) Plano da vigência.
e) Plano da publicidade.
Questão 27 (INÉDITA/2019) Sobre a eficácia da norma jurídica, inclusive a norma jurídica da 
seguridade social, julgue o item a seguir:
A norma jurídica de seguridade social pode ter sua eficácia aferida sob dois aspectos: o as-
pecto técnico e o aspecto social. Quanto ao aspecto técnico, significa que para se falar que 
possui eficácia é necessário verificar se há alguma dependência normativa em segundo grau, 
ou seja, alguma exigência regulamentar para que a norma seja então perfeitamente aplicável 
tecnicamente. Há no aspecto da eficácia social, a norma jurídica de seguridade social neces-
sita de ter aplicabilidade prática no seio social, de modo que, em não havendo essa aplicabi-
lidade social, a lei pode ser considerada inválida em nosso ordenamento jurídico.
Questão 28 (INÉDITA/2019) Acerca dos elementos, critérios ou métodos de interpretação da 
hermenêutica jurídica clássica, julgue o item que segue:
O elemento teleológico permite a interpretação que busca compatibilizar a norma a ser inter-
pretada com o restante do ordenamento jurídico, almejando situar a norma colocada como 
objeto central da interpretação no todo e, assim, extrair sua melhor normatividade sistêmica. 
Já o elemento sistemático permite a interpretação finalística da norma.
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Questão 29 (INÉDITA/2019) Acerca da tipologia das normas constitucionais dada por José 
Afonso da Silva, julgue o item abaixo.
No bojo da avaliação da eficácia que cada norma carreia ao ordenamento jurídico, podemos 
arrolar certas funções eficaciais: função de bloqueio (função impeditiva, de bloqueio de algum 
comportamento); função de programa (são as normas programáticas); função de resguardo 
(objetivam resguardar e garantir alguma conduta determinada, tal como os direitos funda-
mentais relacionados aos direitos autorais).
Questão 30 (INÉDITA/2019) Acerca do emprego da analogia nas normas de seguridade so-
cial, julgue o item a seguir.
Entende-se na jurisprudência atual que é viável a manutenção da relação jurídico-previden-
ciária do segurado especial quando considerada a extensão do período de graça de modo 
analógico e isonômico com o previsto no art. 15, §1º e 2º, da Lei n. 8.213/91, sem distinção 
entre trabalhadores, sejam eles do meio urbano ou rural.
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GABARITO
1. a
2. a
3. c
4. E
5. C
6. C
7. E
8. a
9. d
10. C
11. a
12. E
13. d
14. a
15. c
16. b
17. c
18. d
19. c
20. C
21. C
22. E
23. E
24. C
25. C
26. e
27. E
28. E
29. C
30. C
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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (VUNESP/2017/CÂMARA DE BARRETOS–SP/ADVOGADO) É correto afirmar, 
com base nas Súmulas do Supremo Tribunal Federal e/ou do Superior Tribunal de Justiça, 
que:
a) a lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do 
óbito do segurado.
b) a mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial não tem direito à pensão pre-
videnciária por morte do ex-marido.
c) é inconstitucional a incidência da contribuição previdenciária sobre o décimo-terceiro sa-
lário.
d) é inconstitucional a inclusão de sócios e administradores de sociedades e titulares de fir-
mas individuais como contribuintes obrigatórios da previdência social.
e) o segurado pode ajuizar eventual ação contra a instituição previdenciária somente perante 
as varas federais da Capital do Estado-Membro em que possua domicílio.
Letra a.
a) Certa, com base no princípio do tempus regit actum, bem como em respeito ao direito adqui-
rido, sendo certo que a resposta está em consonância com a Súmula 340, do Superior Tribunal 
de Justiça (SÚMULA N. 340: “A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é 
aquela vigente na data do óbito do segurado”).
b) Errada, eis que contrária à Súmula 336, do Superior Tribunal de Justiça, que assim diz: “A mulher 
que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão previdenciária por morte 
do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente”. Ou seja, em regra, se renun-
ciou não tem direito. Todavia, se houver comprovação posterior de necessidade econômica, os 
alimentos são devidos.
c) Errada, pois vai de encontro à Súmula 688, do Supremo Tribunal Federal, no sentido de 
que é “legítima a incidência da contribuição previdenciária sobre o 13º salário”.
d) Errada, pois destoa do previsto na Súmula 466, do Supremo Tribunal Federal: “Súmula 466: 
Não é inconstitucional a inclusão de sócios e administradores de sociedades e titulares de 
firmas individuais como contribuintes obrigatórios da previdência social”.
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e) Errada, pois colide frontalmente com o disposto na Súmula 689, do STF, que assim diz: “O 
segurado pode ajuizar ação contra a instituição previdenciária perante o Juízo Federal do seu 
domicílio ou nas Varas Federais da capital do Estado-membro”.
Questão 2 (CESPE/2017/TRF-5ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO) Quanto à aplicação 
da lei previdenciária no tempo, assinale a opção correta.
a) Independentemente do benefício pretendido, aplica-se o princípio tempus regit actum: a lei 
do tempo em que se preencheram todos os requisitos para a concessão do benefício preten-
dido pelo segurado.
b) Com exceção das aposentadorias por tempo de contribuição e por idade, aplica-se a lei em 
vigor à época em que o segurado ingressou no sistema previdenciário.
c) Aplica-se o princípio lex posterior derrogat priori para os benefícios devidos aos segurados, 
independentemente de ser mais ou menos vantajoso; aplicando-se entretanto, a lei em vigor 
na data de ingresso do segurado no sistema previdenciário para os benefícios devidos aos 
dependentes.
d) Independentemente do benefício pretendido, será adotada a interpretação que mais se 
aproxima do ideal de justiça, pautado em princípio valorativo e finalístico, segundo o qual se 
aplica a lei mais vantajosa ao segurado.
e) Aplica-se o princípio lex posterior derrogat priori, com a ressalva de que havendo alteração 
da lei após o ingresso do trabalhador ao sistema previdenciário, será adotada a lei mais van-
tajosa ao beneficiário segurado ou dependente.
Letra a.
a) Certa, pois vai ao encontro da aplicação do princípio do tempus regit actum e, bem assim, 
da Súmula 340, do Superior Tribunal de Justiça. Cabe lembrar que o enunciado da alternativa 
mereceria uma crítica: é que na aposentadoria especial, embora se aplique a lei do tempo no 
momento em que todos os requisitos estiverem atendidos (tempo especial, idade mínima e 
carência), é possível se aplicar a lei da época em que as atividades nocivas foram prestadas, 
protegendo-se, com isso, o ato jurídico perfeito. É o caso da consideração de atividades es-
peciais por mero enquadramento até 28/04/1995.
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b) Errada, não há direito adquirido a regime jurídico, independentemente do benefício preten-
dido. Assim, se há uma lei vigente no momento em que o segurado se filia ao sistema, tem-se 
nesse momento mera expectativa de direito de que haverá aposentadoria nos termos então 
vigentes. Assim, até o preenchimento de todos os requisitos exigidos para a aposentadoria, 
tudo pode mudar, ressalvada a possibilidade de se implementarem normas de transição.
c) Errada, pois a alternativa incide no mesmo erro do item anterior,ao afirmar que se aplica a 
lei vigente no momento do ingresso no sistema previdenciário. Já quanto ao fato da lei pos-
terior derrogar lei anterior, de fato, está correto, devendo a lei nova ser aplicada independen-
temente de ser benéfica ou não, ressalvado, sempre, claro, o direito adquirido, o ato jurídico 
perfeito e a coisa julgada.
d) Errada, pois, embora realmente deva ser aplicada a lei mais vantajosa ao segurado, o enun-
ciado da alternativa pecou ao afirmar que o intérprete deverá buscar o máximo do ideal de 
justiça, pois tal conceito não é o mesmo do princípio pro homine em matéria de seguridade 
social (inclusive porque o conceito de justiça é amplo e indeterminado).
e) Errada, pois a lei que se aplica é a do momento em que todos os requisitos exigidos para 
o benefício estão atendidos, independentemente de ser benéfica ou não. Caso a lei vigente 
naquele momento não seja mais benéfica, não há como se invocar uma ultratividade da lei 
anterior.
Questão 3 (CAIP-IMES/2016/CRAISA DE SANTO ANDRÉ–SP/ADVOGADO) Assinale a alter-
nativa correta. São fontes materiais do Direito Previdenciário:
a) a doutrina e os costumes.
b) a Constituição Federal de 1988, as emendas constitucionais, as leis complementares, as 
leis ordinárias, as medidas provisórias, os decretos legislativos e as resoluções do Senado.
c) os fatos sociais, políticos, econômicos que ensejam o surgimento da norma jurídica previ-
denciária.
d) os fatos sociais e políticos, a doutrina, a Constituição Federal de 1988, as emendas consti-
tucionais, as leis complementares, as leis ordinárias.
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Letra c.
a) Errada, pois a doutrina e os costumes não são, sequer, fontes do Direito da Seguridade 
Social. A doutrina funciona como instrumento de hermenêutica jurídica, enquanto que a ana-
logia é meio de integração da norma jurídica (conforme art. 4º da LINDB).
b) Errada, pois todos os veículos normativos citados são fontes formais do Direito da Seguri-
dade Social.
c) Certa, pois as fontes matérias são os fatos sociais, políticos e econômicos que ensejam o 
surgimento da norma jurídica previdenciária. Ou seja, é tudo aquilo que propicia, motiva e es-
timula o surgimento da lei e, dessa maneira, da norma relativa à seguridade social. Uma fonte 
material do Direito da Seguridade Social, pois pode ser facilmente exemplificado pelo déficit 
nas contas públicas relacionado à Previdência Social no País. A necessidade de equilíbrio 
das contas públicas é fonte material clara do Direito da Seguridade Social, fazendo com que 
o Congresso Nacional vote atos normativos (emendas constitucionais, leis ordinárias, etc.) 
que possam atender às contingências socioeconômicas advindas daquelas circunstâncias 
financeiras atuais do Estado.
d) Errada, pois a doutrina não é fonte material do Direito da Seguridade Social, assim como 
também não o são a CF/88, as Emendas Constitucionais, leis complementares e leis ordiná-
rias. Todas essas últimas são fontes formais do Direito.
Questão 4 (CESPE/2014/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO-CONSUL-
TOR LEGISLATIVO) Acerca da legislação previdenciária, especialmente no que se refere às 
suas fontes, autonomia, vigência e interpretação, julgue o item que se segue.
O direito previdenciário é classificado como ramo do direito privado, tendo reconhecida, pela 
doutrina majoritária, sua autonomia didática em relação a outros ramos do direito.
Errado.
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Uma vez que o Direito Previdenciário não é ramo do Direito Privado, mas ciência jurídica que 
engloba o complexo de normas do Direito Público. Quanto à sua autonomia didática, sim, o 
enunciado está correto.
Questão 5 (CESPE/2014/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO-CONSUL-
TOR LEGISLATIVO) Acerca da legislação previdenciária, especialmente no que se refere às 
suas fontes, autonomia, vigência e interpretação, julgue o item que se segue.
As fontes formais do direito previdenciário incluem a CF e as Leis n. 8.212/1991 e n. 8.213/1991.
Certo.
Sendo induvidoso que entre as fontes formais do Direito da Seguridade Social estão, de modo 
proeminente e primeiramente, a Constituição Federal de 1988 e, em seguida, de acordo com a 
Pirâmide Normativa de Kelsen, as Leis Ordinária n. 8.212/91 (Lei de Custeio) e 8.213/91 (Lei 
de Benefícios). Lembre-se, contudo, de que vige no Direito da Seguridade Social o princípio 
pro homine, que exige a aplicação da norma mais favorável à pessoa humana, independente-
mente de sua hierarquia em nossa pirâmide normativa.
Questão 6 (CESPE/2014/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO- ONSULTOR 
LEGISLATIVO) Acerca da legislação previdenciária, especialmente no que se refere às suas 
fontes, autonomia, vigência e interpretação, julgue o item que se segue.
A vigência da lei de natureza previdenciária segue a regulamentação da Lei de Introdução às 
Normas do Direito Brasileiro, de modo que, salvo disposição contrária, entra em vigor quaren-
ta e cinco dias depois de oficialmente publicada.
Certo.
Uma vez que, de fato, não há nenhuma peculiaridade em relação à legislação de Seguridade 
Social no que toca ao momento em que ela entra em vigor, seguindo a regra geral prevista no 
art. 1º, da LINDB. Deve-se apenas ter em mente que as normas-custeio, quando instituírem 
ou modificarem contribuição social, somente poderão ser exigidas 90 dias após a data da pu-
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
blicação da respectiva lei, conforme art. 195, §6º, da CF/88 (princípio da anterioridade nona-
gesimal). Note-se que esse princípio não altera a vigência da lei, mas apenas a exigibilidade 
do tributo criado ou majorado. Daí é que o enunciado não peca ao generalizar a afirmação 
para qualquer lei de natureza previdenciária.
Questão 7 (CESPE/2014/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO-CONSUL-
TOR LEGISLATIVO) Acerca da legislação previdenciária, especialmente no que se refere às 
suas fontes, autonomia, vigência e interpretação, julgue o item que se segue.
Ao se utilizar do método de interpretação teleológico o intérprete busca compatibilizar o texto 
legal a ser interpretado com as demais normas que compõem o ordenamento jurídico, visuali-
zando a lei objeto de interpretação como parte de um todo.
Errado.
O item enunciado está realmente errado, na medida em que a sua descrição não é referente 
ao método teleológico, mas sim ao método sistemático. Pelo método teleológico, o intérpre-
te busca alcançar o telos da norma, ou seja, sua finalidade. Já pelo método sistemático, o 
interprete, sim, busca compatibilizar o texto legal a ser interpretado com as demais normas 
componentes de nosso ordenamento jurídico.
Questão 8 (TRT 24R (MS)/2012/TRT-24ª REGIÃO (MS)/JUIZ DO TRABALHO) Assinale a al-
ternativa CORRETA:
a) A eficácia das normas da Seguridade Social no tempo difere conforme o objeto contido na 
legislação. Quando a norma se referir ao custeio do sistema, as contribuições instituídas ou 
majoradas somente serão exigidas depois de decorridos noventa dias da data da publicação 
da lei.
b) A proteção que cabe à Previdência Social refere-se à garantia apenas da aposentado-
ria.
c) Compete à Previdência Social a proteção ao trabalhador em situação de desemprego invo-
luntário.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
d) Não é permitido no ordenamento jurídico brasileiro, regime previdenciário de caráter com-
plementar.
e) Todos os salários de contribuição considerados para cálculo de benefícios da previdência 
social não sofrem atualização.
Letra a.
a)Certa, pois vai ao encontro do que prescreve o art. 195, §6º, da Constituição Federal de 
1988:
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos 
noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes apli-
cando o disposto no art. 150, III, “b”.
b) Errada, pois os incisos do art. 201, da CF/88, vão muito além de unicamente cobrir a con-
tingencia social da idade avançada. Logo, por óbvio, que a proteção que cabe à Previdência 
Social não se limita unicamente à aposentadoria.
c) Errada, mas permitiria, em tese, recurso, na medida em que o art. 201, inciso III, da CF/88, 
inclui a proteção da Previdência em face de desemprego involuntário. Todavia, ao que parece, 
ao mencionar a palavra “compete” no enunciado da questão, a banca examinadora fez certa 
referência à atribuição, no sentido do Direito Administrativo. Em sendo assim, não teria atri-
buição a Previdência (o Ministério da Previdência), mas sim o Ministério do Trabalho.
d) Errada, pois, conforme art. 202, da CF/88, expressa claramente a possibilidade de previdên-
cia privada em nosso ordenamento jurídico.
Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autô-
noma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição 
de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar. (Redação dada 
pela Emenda Constitucional n. 20, de 1998)
e) Errada, pois colide frontalmente com o texto do art. 201, §3º, da CF/88.
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamen-
te atualizados, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 20, de 1998)
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Questão 9 (FCC/2012/INSS/TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL) A interpretação da legislação 
previdenciária deve observar:
a) o costume, quando mais favorável ao segurado.
b) a Jurisprudência do Juizado Especial Federal.
c) a analogia, quando mais favorável ao segurado.
d) os princípios gerais de direito, na omissão legislativa.
e) o princípio do in dúbio pro societate em qualquer situação.
Letra d.
a) Errada, pois o costume é elemento de integração da norma jurídica e depende, para ser invo-
cado, da omissão da lei, conforme o art. 4º, da LINDB. Como se trata de questão objetiva, que 
não exige maiores conhecimentos ou divagações sobre o tema; a letra da lei deve ser o norte 
para a resposta. De todo modo, cabe lembrar que o costume somente poderá ser invocado no 
Direito da Seguridade Social se não criar nenhuma norma, mas apenas preencher lacuna da 
lei, sem que haja, ainda, violação aos demais princípios norteadores da seguridade social, em 
especial o princípio da prévia fonte de custeio. É possível concluir, ademais, que pelo princípio 
da norma mais favorável, a lacuna da lei apta a gerar dúvida em sua interpretação não poderia 
jamais direcionar o interprete a uma conclusão contrária à máxima efetividade dos direitos 
fundamentais da seguridade social.
b) Errada, a legislação previdenciária não deve necessariamente observar a jurisprudência, a 
menos que essa seja vinculante.
c) Errada, pois a analogia, assim como descrito no quanto referente a alternativa “A”, somente 
pode ser empregada quando houver lacuna da lei. As demais observações feitas em relação 
às limitações de emprego do costume também valem para a analogia (observância dos de-
mais princípios da Seguridade Social e, ainda, o principio da norma mais favorável).
d) Certa, pois bate com o disposto no art. 4º, da LINDB, sendo certo que, na letra da lei, os 
princípios gerais de Direito desempenham a função de integrar a norma jurídica quando hou-
ver omissão normativa. Nada obstante, como vimos em nossa aula, os princípios na era do 
pós-positivismo desempenham função normativa de primeiro grau, ou seja, são efetivamente 
fontes do Direito e não apenas elemento de integração da norma quando essa for omissa.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
e) Errada, pois o princípio do in dubio pro societate nada tem a ver com o Direito da Segurida-
de Social, pertencendo às lições de Direito Processual Penal.
Questão 10 (CESPE/2010/TCE-BA/PROCURADOR) Segundo entendimento do STF, lei nova 
mais benéfica que altere a forma de cálculo da renda mensal inicial da pensão por morte, 
aumentando seu percentual, não se aplicará aos benefícios previdenciários concedidos antes 
de sua vigência.
Certo.
A assertiva está certa, pois o Supremo Tribunal Federal realmente entendeu no sentido de que 
a lei nova, mesmo sendo mais benéfica, não pode retroagir para atingir benefícios já concedi-
dos anteriormente. Vejamos:
(...) Salvo disposição legislativa expressa e que atenda à prévia indicação da fonte de 
custeio total, o benefício previdenciário deve ser calculado na forma prevista na legisla-
ção vigente à data da sua concessão. A Lei no 9.032/1995 somente pode ser aplicada às 
concessões ocorridas a partir de sua entrada em vigor. 16. No caso em apreço, aplica-se 
o teor do art 75 da Lei 8.213/1991 em sua redação ao momento da concessão do bene-
fício à recorrida. 17. Recurso conhecido e provido para reformar o acórdão recorrido. (RE 
415454, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 08/02/2007, DJe-
131 DIVULG 25-10-2007 PUBLIC 26-10-2007 DJ 26-10-2007 PP-00042 EMENT VOL-
02295-06 PP-01004)
Questão 11 (FCC/2010/TRF-4ª REGIÃO/TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINISTRATIVA) 
Publicada lei modificando a contribuição social sobre a receita ou faturamento:
a) só poderá ser exigida tal contribuição após decorridos noventa dias da data da publicação 
da referida lei.
b) só poderá ser exigida tal contribuição após decorridos cento e oitenta dias da data da pu-
blicação da referida lei.
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c) não poderá ser exigida tal contribuição no mesmo exercício financeiro em que haja sido 
publicada a referida lei, independentemente da data de sua publicação.
d) poderá ser exigida tal contribuição imediatamente após a data da publicação da referida lei.
e) só poderá ser exigida tal contribuição após decorridos cento e vinte dias da data da publi-
cação da referida lei.
Letra a.
a) Certa, pois vai ao encontro do disposto no art. 195, §6º, da CF/88.
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos 
noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes apli-
cando o disposto no art. 150, III, “b”.
b) Errada, pois o prazo é de noventa dias e não de 180 dias, conforme o art. 196, §6º, da CF/88.
c) Errada, pois o princípio da anualidade tributária (ou da anterioridade anual), previsto no 
art. 150, III, “b”, da CF/88, não se aplica às contribuições sociais previstas no art. 195, CF, por 
expressa vedação indicada na parte final do art. 195, §6º, da CF/88.
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos 
noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes apli-
cando o disposto no art. 150, III, “b”.
d) Errada, pois ignora completamente a imposição, como vimos, do princípio da anterioridade 
nonagesimal das contribuições sociais previstas no art. 195, CF/88.
e) Errada, pois o prazo indicado no enunciado está errado, sendo de 90 dias e não 120 dias.
Questão 12 (CESPE/2008/DPE-CE/DEFENSOR PÚBLICO) A legislação previdenciária, tanto 
em matéria de benefícios como de custeio, submete-se a uma das regras gerais presentes na 
Lei de Introdução ao Código Civil, passando a viger, portanto, 45 dias apósa sua publicação, 
ressalvadas as estipulações em contrário.
Errado.
O enunciado está realmente errado, na medida em que as normas de custeio possuem regra-
mento constitucional próprio relacionado a sua exigibilidade. Com isso, poder-se-ia concluir 
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que o art. 195, §6º, da CF/88, que estabelece o princípio da anterioridade nonagesimal, afasta 
o art. 1º, da LINDB, dando um prazo específico de vigência para as contribuições sociais. 
Como se trata de questão de lei seca, a melhor resposta é, de fato, o item ‘B”. Todavia, em 
uma prova aberta, caberia mencionar que o art. 195, §6º, da CF/88, não estabelece prazo de 
vigência da lei, mas sim condiciona a exigibilidade do tributo ao transpasse do prazo de 90 
dias. A meu ver, não se trata de vigência, mas sim de condicionamento dado pelo constituinte 
originário ao plano da eficácia das normas constitucionais.
Questão 13 (ESAF/2009/RECEITA FEDERAL/AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL) A res-
peito do financiamento da Seguridade Social, nos termos da Constituição Federal e da legis-
lação de custeio previdenciária, assinale a opção correta.
a) A pessoa jurídica em débito com o sistema de seguridade social pode contratar com o po-
der público federal.
b) Lei ordinária pode instituir outras fontes de custeio além das previstas na Constituição 
Federal.
c) Podem-se criar benefícios previdenciários para inativos por meio de decreto legislativo.
d) As contribuições sociais criadas podem ser exigidas noventa dias após a publicação da lei.
e) São isentas de contribuição para a seguridade social todas entidades beneficentes de uti-
lidade pública distrital e municipal.
Letra d.
a) Errada, pois o item vai de encontro com o disposto no art. 195, §3º, da CF/88:
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, 
não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou 
creditícios.
b) Errada, pois o item vai de encontro com o previsto no art. 195, §4º, c/c art. 154, I, da CF/88, 
sendo exigível a lei complementar para a criação pela União de outras fontes de financiamen-
to da Seguridade Social:
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Art. 195. (...)
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da segu-
ridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.
Art. 154. A União poderá instituir:
I – mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cu-
mulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Cons-
tituição;
c) Errada, pois a criação de benefícios para inativos por decreto legislativo contraria a neces-
sidade de lei ordinária para a criação de benefícios previdenciário e, bem assim, lei orçamen-
tária que garanta a prévia fonte de custeio para essa criação. Ademais, um decreto legislativo 
é ato normativo voltado exclusivamente para regular questões relativas à competência cons-
titucional do Congresso Nacional, tal como previsto no art. 49, da CF/88, não sendo instru-
mento legislativo hábil a inovação normativa em matéria de benefícios previdenciários.
d) Certa, pois se trata de determinação contida no art. 195, §6º, da CF/88.
e) Errada, pois não são todas as entidades “beneficentes de utilidade pública distrital ou mu-
nicipal, mas sim as “entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências 
estabelecidas em lei”, conforme art. 195, §7º, da CF/88.
Questão 14 (ESAF/2005/RECEITA FEDERAL/AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL - ÁREA 
TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA) Com relação às contribuições sociais, no âmbito da seguridade 
social, é correto afirmar:
a) As contribuições sociais, de que trata o art. 195 da CF/88, só poderão ser exigidas após de-
corridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não 
se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b, da Carta Magna.
b) As contribuições sociais de que trata o art. 195, da CF/88, só poderão ser exigidas após 
decorridos cento e oitenta dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modifi 
cado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b, da Carta Magna.
c) São isentas de contribuição para a seguridade social todas as entidades de assistência 
social que atendam às exigências estabelecidas em lei complementar.
d) As contribuições sociais de que trata o art. 195, da CF/88, só poderão ser exigidas após 
decorridos noventa dias da assinatura da lei que as houver instituído ou modificado, não se 
lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b, da Carta Magna.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
e) As contribuições sociais de que trata o art. 195, da CF/88, só poderão ser criadas e exigidas 
após decorridos noventa dias da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não 
se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b, da Carta Magna.
Letra a.
a) Certa, pois é a cópia fiel do art. 195, §6º, da CF/88:
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos 
noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes apli-
cando o disposto no art. 150, III, “b”.
b) Errada, pois indica prazo diverso do disposto no art. 150, §6º, da CF/88.
c) Errada, pois não bate com a letra do art. 195, §7º, da CF/88, sendo que somente as enti-
dades beneficentes de assistência social, que atendam aos requisitos previstos em lei com-
plementar, é que contarão com a isenção dada pelo Constituinte Originário em relação às 
contribuições previstas no art. 195, CF/88.
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência 
social que atendam às exigências estabelecidas em lei.
d) Errada, pois o prazo para que as contribuições previstas no art. 195, CF, possam ser exi-
gidas é contado da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado e, não 
como constou do enunciado, da assinatura da lei.
e) Errada, pois troca completamente o sentido do art. 195, §6º, da CF/88.
Questão 15 (FCC/2013/TRT-5ª REGIÃO (BA)/ANALISTA JUDICIÁRIO-ÁREA JUDICIÁRIA) 
Considere as afirmações:
I – No âmbito do Direito Previdenciário, as expressões “seguridade social” e “assistência 
social” são sinônimas puras, revelando sistemas idênticos, que são universalizados, 
contributivos e contam com a participação obrigatória da União, de empregadores e 
empregados.
II – Em Direito Previdenciário, torna-se possível a solução de controvérsias mediante apli-
cação da equidade, de que é exemplo a concessão de salário-maternidade para o se-
gurado homem que, em relação homoafetiva, adota criança.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
III – As normas internacionais entre organismos estrangeiros e o Brasil, tais como tratados, 
acordos ou convenções, quando versem sobre matéria previdenciária, devem ser inter-
pretados como lei especial, nos termos do artigo 85-A, da Lei n. 8212/1991.
IV – Previdência Social engloba um conceito amplo, universal, sendo em verdade o gênero 
da qual são espécies a assistência social, a saúde e a seguridade social.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I, II e III.
b) II e IV.
c) II e III.
d) III e IV.
e) I, III e IV.
Letra c.
I – Errado, pois seguridade social não é sinônimo de assistência social, uma vez que aquela 
é gênero do qual é espécie essa última. Assim, como se sabe, a seguridade social abrange a 
previdência, a saúde e a assistência social, sendo que cada ramode proteção social estatal 
compreende características e regras próprias. A seguridade social é calcada na universali-
dade de atendimento da cobertura e do atendimento. Com relação à característica da con-
tributividade, ela é atribuída tão somente à previdência, não à assistência. Já a participação 
obrigatória da União, dos empregadores e empregados está prevista no art. 195, da CF/88, 
tendo relação com toda a seguridade social.
II – Correto, pois a equidade é elemento de integração do Direito da Seguridade Social e, con-
sequentemente, do Direito Previdenciário. Note-se, contudo, que a equidade não é fonte do 
Direito, com exceção da equidade na forma da participação no custeio da seguridade social 
(equidade como fone normativa prevista diretamente pelo Constituinte Originário), mas ele-
mento de integração e, também, elemento de interpretação das regras jurídicas do Direito da 
Seguridade Social (art. 5º, da LINDB).
Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do 
bem comum.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Quanto à concessão do salário maternidade para adotantes homens homoafetivos, cabe re-
gistrar, primeiramente, que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do 
Recurso Extraordinário n. 778.889, já decidiu em regime de repercussão geral que deve haver 
equiparação dos prazos de afastamento entre a gestante e a adotante.
Quando o referido recurso foi afetado ao regime de repercussão geral, a ementa do julgado 
restou assim redigida, vejamos:
Ementa: PERÍODO DE LICENÇA-MATERNIDADE. SERVIDORAS PÚBLICAS. EQUIPARAÇÃO 
ENTRE GESTANTES E ADOTANTES. PRESENÇA DE REPERCUSSÃO GERAL. 1. Constitui 
questão constitucional saber se a lei pode ou não instituir prazos diferenciados para a 
licença-maternidade concedida às servidoras gestantes e às adotantes, especialmente 
à luz do art. 227, § 6º, da CF/88. 2. Repercussão geral reconhecida.
(RE 778889 RG, Relator (a): Min. ROBERTO BARROSO, julgado em 20/11/2014, ACÓRDÃO 
ELETRÔNICO DJe-046 DIVULG 10-03-2015 PUBLIC 11-03-2015)
Posteriormente, o julgamento do citado recurso resultou no reconhecimento de que não pode 
haver prazos diferenciados para a licença maternidade concedida às gestantes e às adotan-
tes.
Vejamos a ementa do julgado:
EMENTA DIREITO CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO 
GERAL. EQUIPARAÇÃO DO PRAZO DA LICENÇA-ADOTANTE AO PRAZO DE LICEN-
ÇA-GESTANTE. 1. A licença maternidade prevista no artigo 7º, XVIII, da Constituição 
abrange tanto a licença gestante quanto a licença adotante, ambas asseguradas pelo 
prazo mínimo de 120 dias. Interpretação sistemática da Constituição à luz da dignidade 
da pessoa humana, da igualdade entre filhos biológicos e adotados, da doutrina da pro-
teção integral, do princípio da prioridade e do interesse superior do menor. 2. As crianças 
adotadas constituem grupo vulnerável e fragilizado. Demandam esforço adicional da 
família para sua adaptação, para a criação de laços de afeto e para a superação de trau-
mas. Impossibilidade de se lhes conferir proteção inferior àquela dispensada aos filhos 
biológicos, que se encontram em condição menos gravosa. Violação do princípio da 
proporcionalidade como vedação à proteção deficiente. 3. Quanto mais velha a criança 
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
e quanto maior o tempo de internação compulsória em instituições, maior tende a ser a 
dificuldade de adaptação à família adotiva. Maior é, ainda, a dificuldade de viabilizar sua 
adoção, já que predomina no imaginário das famílias adotantes o desejo de reproduzir 
a paternidade biológica e adotar bebês. Impossibilidade de conferir proteção inferior 
às crianças mais velhas. Violação do princípio da proporcionalidade como vedação à 
proteção deficiente. 4. Tutela da dignidade e da autonomia da mulher para eleger seus 
projetos de vida. Dever reforçado do Estado de assegurar-lhe condições para compati-
bilizar maternidade e profissão, em especial quando a realização da maternidade ocorre 
pela via da adoção, possibilitando o resgate da convivência familiar em favor de menor 
carente. Dívida moral do Estado para com menores vítimas da inepta política estatal 
de institucionalização precoce. Ônus assumido pelas famílias adotantes, que devem 
ser encorajadas. 5. Mutação constitucional. Alteração da realidade social e nova com-
preensão do alcance dos direitos do menor adotado. Avanço do significado atribuído 
à licença parental e à igualdade entre filhos, previstas na Constituição. Superação de 
antigo entendimento do STF. 6. Declaração da inconstitucionalidade do art. 210 da Lei n. 
8.112/1990 e dos parágrafos 1º e 2º do artigo 3º da Resolução CJF n. 30/2008. 7. Provi-
mento do recurso extraordinário, de forma a deferir à recorrente prazo remanescente de 
licença parental, a fim de que o tempo total de fruição do benefício, computado o período 
já gozado, corresponda a 180 dias de afastamento remunerado, correspondentes aos 
120 dias de licença previstos no art. 7º, XVIII, CF, acrescidos de 60 dias de prorrogação, 
tal como estabelecido pela legislação em favor da mãe gestante. 8. Tese da repercussão 
geral: “Os prazos da licença adotante não podem ser inferiores aos prazos da licença 
gestante, o mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença ado-
tante, não é possível fixar prazos diversos em função da idade da criança adotada”.
(RE 778889, Relator (a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 10/03/2016, 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-159 DIVULG 29-07-2016 
PUBLIC 01-08-2016)
Visto isso, a jurisprudência pátria tem entendido que essa equiparação também deve valer 
para o adotante homem, seja ele componente de grupo familiar monoparental ou composto 
por um casal homoafetivo. A fundamentação é feita pela composição de entendimento firma-
dos no REX n. 778.889, acima colacionado, e na ADPF 132, que reconheceu a constituciona-
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
lidade da interpretação dada ao art. 226, da CF/88, no sentido de atribuir validade jurídica à 
união homoafetiva de casais compostos por pessoas do mesmo sexo.
Em verdade, a jurisprudência tem entendido que é possível a extensão para o pai de qualquer 
orientação sexual que, na ausência da mãe (gestante ou adotante) da criança, venha a reque-
rer o benefício de salário-maternidade.
Vejamos um julgado nesse sentido do TRF-3ª Região:
PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-MATERNIDADE. ÓBITO DA GENITORA. ANTECIPAÇÃO DE 
TUTELA. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO EM NOME DO GENITOR. POSSIBILIDADE. - O salá-
rio-maternidade encontra-se disciplinado nos artigos 71 a 73 da Lei n. 8.213/91, con-
sistindo em remuneração devida a qualquer segurada gestante durante 120 dias, com 
início no período entre 28 dias antes do parto e a data de ocorrência deste ou, ainda, à 
mãe adotiva ou guardiã para fins de adoção, durante 120 dias, em se tratando de criança 
de até 1 ano de idade, 60 dias, se entre 1 e 4 anos e 30 dias, de 4 a 8 anos. - O direito 
da adotante ao salário-maternidade foi inovação introduzida pela Lei n. 10.421, de 15 
de abril de 2002. - Os cuidados com a criança norteiam o sistema previdenciário, no 
tocante ao referido benefício, tanto é que, nos casos de adoção, se presume a menor 
necessidade de auxílio quanto maior for a idade do adotado. Não se trata apenas de res-
guardar a saúde da mãe, interpretação que apenas teria sentido se mantida a proteção 
à mãe biológica, nos moldes da redação original da Lei n. 8.213/91. Com a extensão do 
direito à mãe adotiva, resta claro que se deve dar à palavra maternidade conotação mais 
ampla, dissociando-adaquela relacionada apenas ao parto e aleitamento, e ressaltan-
do-se o direito da criança à vida, à saúde, à alimentação, garantido pela Constituição, 
no artigo 227, e instituído como dever da família. - Possibilidade de aplicação dos expe-
dientes previstos no artigo 4º da Lei de Introdução ao Código Civil, atual Lei de Introdu-
ção às Normas do Direito Brasileiro, conforme redação dada pela Lei n. 12.376/2010. 
- Na hipótese em que a mãe venha a falecer, considerando-se o interesse da criança em 
ter suas necessidades providas, possível a concessão do benefício, por analogia, ao pai, 
ora viúvo, concretizando-se a garantia prevista no artigo 227 da Constituição Federal. 
- O benefício é previsto na legislação previdenciária, por prazo determinado, com sua 
respectiva fonte de custeio, e foi concedido a segurado (contribuinte) do Regime Geral. 
- Agravo de instrumento a que se nega provimento.
(TRF-3 - AI: 27307 SP 0027307-84.2012.4.03.0000, Relator: DESEMBARGADORA FEDE-
RAL THEREZINHA CAZERTA, Data de Julgamento: 28/01/2013, OITAVA TURMA)
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III – Correto, pois se trata de cópia fiel do disposto no art. 85-A, da Lei n. 8.212/91:
Art. 85-A. Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro ou 
organismo internacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria previdenciária, serão 
interpretados como lei especial. (Incluído pela Lei n. 9.876, de 1999).
IV – Errado, pois a previdência é espécie do gênero seguridade social (e não o contrário).
Logo, estando corretos os itens “II” e “III”, o gabarito é letra C.
Questão 16 (INÉDITA/2019) Marque a alternativa correta em relação às fontes do Direito da 
Seguridade Social:
a) São fontes formais do Direito da Seguridade Social os costumes, as leis complementares 
e as leis ordinárias.
b) São fontes formais do Direito da Seguridade Social a analogia, os costumes, as leis com-
plementares e as leis ordinárias.
c) São fontes formais do Direito da Seguridade Social as leis complementares, as leis ordiná-
rias, a Constituição Federal de 1988 e as instruções expedidas pelo INSS.
d) São fontes materiais do Direito da Seguridade Social os costumes e a equidade.
Letra b.
a) Errada, pois as fontes formais do Direito da Seguridade Social não incluem os costumes.
b) Errada, pois as fontes formais do Direito da Seguridade Social não incluem os costumes 
e a analogia, os quais são meios ou elementos de integração da norma jurídica do Direito da 
Seguridade Social.
c) Certa, pois, de fato, são fontes formais as leis complementares, as leis ordinárias, a Cons-
tituição Federal de 1988 e as instruções expedidas pelo INSS.
d) Errada, pois os costumes e a equidade não são fontes materiais, mas sim elementos de 
integração da norma jurídica de Direito da Seguridade Social. Com relação à equidade, pode 
funcionar também como fonte, mas apenas no que toca ao princípio da equidade na forma de 
participação do custeio da seguridade social. Pode ser, por fim, elemento de interpretação da 
norma jurídica, com espeque no art. 5º, da LINDB (Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá 
aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum).
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Questão 17 (INÉDITA/2019) Com relação aos princípios da seguridade social, marque a al-
ternativa correta:
a) Os princípios da seguridade social não são fontes formais do Direito, mas apenas orien-
tações do Constituinte Originário, que criam standards normativos a serem cumpridos pelo 
legislador ordinário.
b) Os princípios da seguridade social são os pilares de todo o sistema da seguridade social 
previsto na Constituição Federal de 1988, possuindo amplo espectro normativo e funcionan-
do como fontes materiais do Direito da Seguridade Social.
c) Os princípios da seguridade social devem ser lidos sob a ótica do pós-positivismo jurídico 
e apresentam força normativa e aplicabilidade direta, tal qual a força normativa que deriva das 
regras previstas nas leis previdenciárias, devendo prevalecer, em regra, as normas principio-
lógicas eis que superiores na Pirâmide Kelsen.
d) Os princípios da seguridade social são fontes formais do Direito da Seguridade Social e 
deverão ser, sempre, interpretados com base no princípio da solidariedade.
Letra c.
a) Errada, pois os princípios da seguridade social são fontes formais do Direito da Seguridade 
Social, sendo essa a parte incorreta do enunciado. Com relação à segunda parte, sim, de fato, 
criam standards normativos a serem cumpridos pelo legislador ordinário.
b) Errada, pois a parte final do enunciado está incorreta, sendo certo que os princípios da 
seguridade social não são fontes materiais do Direito da Seguridade Social, mas sim fontes 
formais.
c) Correta, pois, realmente, os princípios da seguridade social devem ser lidos dentro da ótica 
pós-positivista, na qual os princípios deixam de funcionar unicamente como elementos de 
integração da norma jurídica, ostentando, doravante, força normativa própria. Assim, tal qual 
as regras legais e positivadas, os princípios, ainda quando não escritos, possuem força nor-
mativa e são fontes formais do Direito. Em regra, embora não haja hierarquia entre princípio e 
regra, quando se tratar, porém, de princípio de estirpe constitucional, esse deverá prevalecer, 
salvo se a norma mais favorável for a prevista na regra (com base no princípio da norma mais 
favorável em matéria de seguridade social).
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d) Errada, pois o princípio da solidariedade é um principio de consideração obrigatória quan-
do se tem em mira a interpretação da norma jurídica da Seguridade Social, mas não é a base 
principiológica que determinará de modo proeminente a conclusão do hermeneuta, mas sim 
o princípio pro homine.
Questão 18 (INÉDITA/2019) Marque a alternativa incorreta com relação aos tipos de normas 
de seguridade social existentes:
a) normas-custeio, normas de filiação e normas de proteção.
b) normas-custeio, normas de filiação e normas de amparo.
c) normas de manutenção do valor real dos benefícios e normas de irredutibilidade dos be-
nefícios.
d) normas-custeio, normas de vinculação e normas de retirada.
Letra d.
a/b/c) Certas, eis que todas enunciam espécies da tipologia de normas da seguridade social, 
conforme a doutrina de LAZZARI (Castro, Carlos Alberto Pereira de; Lazzari, João Batista. 
Manual de Direito Previdenciário (Locais do Kindle 2667-2671). Forense. Edição do Kindle.).
d) Errada, eis que não existe na tipologia de normas da seguridade social as indicadas “normas 
de retirada”, devendo essa alternativa ser marcada já que é incorreta.
Questão 19 (INÉDITA/2019) Sobre as normas da seguridade social e sua interpretação, as-
sinale a alternativa correta:
a) as normas de seguridade social não podem ser vistas como normas de direito fundamental, 
eis que o Estado pode promover reformas previdenciárias para alterá-las.
b) O princípio pro homine é determinante na interpretação das normas da seguridade social e 
deve ser aplicado quando há dúvida na leitura dos fatos apresentados ao Juiz.
c) O princípio pro homine orienta a interpretação da norma da seguridade social sempre 
no sentido de que dela se extraia a conclusão mais favorável à pessoa humana, podendo, 
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inclusive, alterar a ordem normativa da Pirâmide de Kelsen para que uma instrução nor-
mativa possa ter mais peso do que um determinado artigo de lei.
d) a máxima efetividade das normas de seguridadesocial somente pode ser considerada para as 
normas constitucionais de direitos sociais que apresentem eficácia plena.
Letra c.
a) Errada, pois as normas de seguridade social são, sim, normas que representam a tutela de 
direitos fundamentais sociais, vistos esses como direitos fundamentais de 2ª dimensão. E o 
fato de haver reformas previdenciárias que alterem o conteúdo desses direitos não implica 
qualquer desconsideração de sua natureza. Pelo contrário, justamente por serem conside-
rados direitos fundamentais, as reformas previdenciárias encontram limitações referentes 
à proibição do retrocesso social, bem como às vedações impostas pelo art. 60, §4º, IV, da 
CF/88. Assim, as alterações no sistema de seguridade social não podem excluir direitos, mas 
apenas modulá-los com razoabilidade e dentro de ponderações voltadas à manutenção do 
sistema, eis que, ao lado das garantias sociais que o constituinte alberga, também há de ser 
respeitado o princípio do equilíbrio financeiro e atuarial.
b) Errada, pois o princípio pro homine, em matéria de Direito da Seguridade Social, volta-se 
para a melhor interpretação do Direito e não dos fatos.
c) Certa, pois o referido princípio orienta, realmente, a busca da interpretação mais favorável à 
pessoa humana e, nesse sentido, pode até mesmo subverter a ordem das fontes normativas 
da Pirâmide de Kelsen.
d) Errada, pois a máxima efetividade das normas de seguridade social vale para qualquer 
norma, seja ela legal ou constitucional. E quanto a essas, a máxima efetividade se extrai de 
qualquer norma de direito fundamental, ainda que de eficácia limitada ou programática. Essa 
é a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, senão vejamos:
E M E N T A: PACIENTE COM HIV/AIDS - PESSOA DESTITUÍDA DE RECURSOS FINAN-
CEIROS - DIREITO À VIDA E À SAÚDE - FORNECIMENTO GRATUITO DE MEDICAMENTOS 
- DEVER CONSTITUCIONAL DO PODER PÚBLICO (CF, ARTS. 5º, CAPUT, E 196) - PRECE-
DENTES (STF) - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. O DIREITO À SAÚDE REPRESENTA 
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CONSEQUÊNCIA CONSTITUCIONAL INDISSOCIÁVEL DO DIREITO À VIDA. - O direito 
público subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica indisponível assegurada à 
generalidade das pessoas pela própria Constituição da República (art. 196). Traduz bem 
jurídico constitucionalmente tutelado, por cuja integridade deve velar, de maneira res-
ponsável, o Poder Público, a quem incumbe formular - e implementar - políticas sociais 
e econômicas idôneas que visem a garantir, aos cidadãos, inclusive àqueles portadores 
do vírus HIV, o acesso universal e igualitário à assistência farmacêutica e médico-hos-
pitalar. - O direito à saúde - além de qualificar-se como direito fundamental que assiste 
a todas as pessoas - representa consequência constitucional indissociável do direito à 
vida. O Poder Público, qualquer que seja a esfera institucional de sua atuação no plano 
da organização federativa brasileira, não pode mostrar-se indiferente ao problema da 
saúde da população, sob pena de incidir, ainda que por censurável omissão, em grave 
comportamento inconstitucional. A INTERPRETAÇÃO DA NORMA PROGRAMÁTICA NÃO 
PODE TRANSFORMÁ- LA EM PROMESSA CONSTITUCIONAL INCONSEQUENTE. - O cará-
ter programático da regra inscrita no art. 196 da Carta Política - que tem por desti-
natários todos os entes políticos que compõem, no plano institucional, a organização 
federativa do Estado brasileiro - não pode converter-se em promessa constitucional 
inconsequente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas expectativas nele deposi-
tadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu imposter-
gável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que determina 
a própria Lei Fundamental do Estado. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DE MEDICAMENTOS A 
PESSOAS CARENTES. - O reconhecimento judicial da validade jurídica de programas 
de distribuição gratuita de medicamentos a pessoas carentes, inclusive àquelas por-
tadoras do vírus HIV/AIDS, dá efetividade a preceitos fundamentais da Constituição da 
República (arts. 5º, caput, e 196) e representa, na concreção do seu alcance, um gesto 
reverente e solidário de apreço à vida e à saúde das pessoas, especialmente daquelas 
que nada têm e nada possuem, a não ser a consciência de sua própria humanidade e de 
sua essencial dignidade. Precedentes do STF.
(RE 271286 AgR, Relator (a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 
12/09/2000, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJ 24-11-2000 PP-00101 EMENT VOL-02013-07 
PP-01409)
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Questão 20 (INÉDITA/2019) Com relação aos critérios, elementos ou métodos de interpreta-
ção da norma jurídica de seguridade social, julgue o item abaixo.
O elemento SOCIOLÓGICO permite a visualização do contexto social e cultural dos destina-
tários da norma, visando, assim, ao atendimento dos fins sociais da lei, tal como previsto no 
art. 5º, da LINDB.
Certo.
Vale chamar a atenção ao fato de que a interpretação da norma pelo elemento sociológico 
tem sido associada à equidade. Veja-se, assim, que o conceito de equidade é tão fluido que 
ele pode figurar, a depender do ramo do Direito e da lei que o rege, como fonte do Direito, 
elemento de integração da norma jurídica – juntamente com a analogia, os costumes e os 
princípios de Direito – ou, por fim, como critério valorativo de interpretação social da norma.
Questão 21 (INÉDITA/2019) Com relação ao conflito de leis previdenciárias no tempo, julgue 
o item que segue.
A lei nova também não retroagirá para prejudicar qualquer situação jurídica já consolidada, 
notadamente porque se deve ter em mente o princípio do tempus regit actum em matéria re-
lacionada aos benefícios da seguridade social.
Certo.
Aborda-se com exatidão os reflexos do princípio tempus regit actum na seara da legislação 
previdenciária, sendo certo que a lei nova não retroagirá ainda quando beneficia para o se-
gurado. Assim, a lei incidente para definir as regras previdenciárias de cada benefício deverá 
ser aquela vigente ao tempo em que o fato gerador da contingencia social correspondente 
se desenhou no mundo jurídico. Como exemplo, na pensão por morte, temos o óbito como a 
referência para a incidência da lei previdenciária, com base no princípio tempus regit actum.
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Questão 22 (INÉDITA/2019) Com relação ao conflito de leis previdenciárias no tempo, julgue 
o item que segue.
Em caso de sucessão de leis no tempo, com alteração da forma de cálculo do salário de bene-
fício para a pensão por morte, é na data do requerimento administrativo que se deve averiguar 
qual a lei aplicável, se a lei nova ou a lei velha.
Errado.
Eis que é na data do óbito que se demarca a legislação aplicável, ainda quando o requerimen-
to é feito na vigência da lei nova.
Questão 23 (INÉDITA/2019) Com relação à coisa julgada na seara do Direito Previdenciário, 
julgue o item que segue.
A coisa julgada em ação previdenciária na qual se requer auxílio-doença é imutável e, por 
isso, não permite que o INSS reveja o estado de saúde do segurado e, diante da superação da 
patologia incapacitante, cesse o benefício concedido judicialmente.
Errado.
Sendo certo que o INSS pode, sim, rever os benefícios concedidos judicialmente, desde que 
convoque o segurado para nova perícia e demonstre que houve, de fato, superação da pato-
logia incapacitante diante da melhora do quadro de saúde do periciando. Esse procedimento 
não exige o denominado “paralelismo de formas”, ou seja, não exige que o INSS intente ação 
anulatória do julgado. Contudo, a jurisprudência doSTJ não definiu ainda o tema de modo 
definitivo, havendo decisão que já decidiu pela necessidade de observância do paralelismo 
de formas, o que exigiria o ajuizamento de ação tal qual a prevista anteriormente no art. 471, 
inciso I, do CPC-73 (agora art. 505, inciso I, CPC-15).
Vejamos:
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRINCÍPIO DO PARALELISMO DAS FORMAS NA REVISÃO DE 
BENEFÍCIO ASSISTENCIAL.
O INSS pode suspender ou cancelar benefício de prestação continuada concedido judi-
cialmente, desde que conceda administrativamente o contraditório e a ampla defesa ao 
beneficiário, não se aplicando o princípio do paralelismo das formas.
O STJ, por meio da Sexta Turma, aplicou o entendimento de que era necessário respei-
tar o princípio do paralelismo das formas, ou seja, concedido o benefício por meio de 
decisão judicial, somente por outra decisão judicial seria possível a autarquia fazer a 
revisão para suspender ou cancelar o benefício, nos termos do art. 471, I, do CPC (REsp. 
1.201.503-RS, DJe 26/11/2012).
No entanto, esse princípio não é de observância obrigatória, devendo-se impedir, entre-
tanto, o cancelamento ou suspensão unilateral do benefício por parte da autarquia, sem 
dar oportunidade ao beneficiário de apresentar provas que entender necessárias.
Efetivamente, não se exige o paralelismo de formas por três motivos:
1) a legislação previdenciária, que é muito prolixa, não faz essa exigência, não podendo 
o Poder Judiciário exigir ou criar obstáculos à autarquia não previstos em lei;
2) foge da razoabilidade e proporcionalidade, uma vez que, por meio do processo admi-
nistrativo, respeitando-se o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa, é 
possível extrair elementos suficientes para apurar a veracidade ou não dos argumentos 
para a suspensão ou cancelamento do benefício, o que não impede posterior revisão 
judicial;
3) a grande maioria dos benefícios sociais concedidos pela Lei Orgânica da Assistên-
cia Social (Lei 8.742/1993) são deferidos por meio de decisão judicial, o que acarreta-
ria excessiva demanda judicial, afetando em demasia o Poder Judiciário, bem como o 
departamento jurídico da autarquia, além da necessidade de defesa técnica, contratada 
pelo cidadão, sempre que houver motivos para a revisão do benefício.
Precedente citado do STJ: AgRg no Ag 1.105.324-BA, Quinta Turma, DJe 17/8/2009. 
Precedente citado do STF: RE 469.657 AgR, Segunda Turma, DJe 13/8/2012. REsp 
1.429.976-CE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 18/2/2014.
O art. 43, §4º, da Lei n. 8.213/91, assinala que o “segurado aposentado por invalidez poderá 
ser convocado a qualquer momento para avaliação das condições que ensejaram o afas-
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tamento ou a aposentadoria, concedida judicial ou administrativamente”. Já o art. 60, §10, 
também da Lei n. 8.213/91 vai na mesma linha, asseverando que o “segurado em gozo de 
auxílio-doença, concedido judicial ou administrativamente, poderá ser convocado a qualquer 
momento para avaliação das condições que ensejaram sua concessão ou manutenção”. Há, 
nessa base, um ato normativo, a PORTARIA CONJUNTA INSS N. 7, DE 19 DE AGOSTO DE 2016, 
que estabelece procedimentos relacionados à revisão administrativa de benefícios previden-
ciários por incapacidade prevista na Medida Provisória 739/2016. Mas, friso: qualquer corte 
que não respeite a coisa julgada é, em verdade, descumprimento de ordem judicial. De outro 
lado, vedar completamente a revisão de um benefício apenas porque ele foi implantado por 
ato judicial, após sentença ou liminar, não é condizente com a própria natureza desses bene-
fícios, os quais, como dito, são concedidos sempre rebus sic stantibus.
No âmbito do TRF-1ª Região, a jurisprudência ainda tem oscilado sobre a alternância de de-
cisões no STJ, no que toca à exigência ou não do paralelismo de formas.
Como exemplo de julgado que exigiu o citado paralelismo, colaciono o trecho da ementa do 
julgado abaixo:
Entretanto, qualquer que seja o ato administrativo que importe em supressão, ou mesmo 
redução de benefícios previdenciários, exige, sempre, a observância estrita do devido 
processo legal e do contraditório, tal como constitucionalmente previsto (artigo 5º, LIV, 
da CF/88), observância ao princípio do paralelismo das formas ou da similitude proce-
dimental, o que não ocorreu no caso, pois o que consta dos autos é que a cessação do 
benefício da autora se deu, de maneira repentina, sem que a autora pudesse ao menos 
se defender. (AC 0000145-60.2012.4.01.3819, JUIZ FEDERAL GRIGÓRIO CARLOS DOS 
SANTOS, TRF1 - 2ª CÂMARA REGIONAL PREVIDENCIÁRIA DE MINAS GERAIS, e-DJF1 
22/11/2018 PAG.)
Já no sentido de que o paralelismo não é indispensável, mas sim a garantia administrativa do 
contraditório e da ampla defesa, cito:
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APELAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. 
PENSÃO POR MORTE. CANCELAMENTO DE BENEFÍCIO. EXAURIMENTO DA INSTÂNCIA 
ADMINISTRATIVA. NECESSIDADE. SENTENÇA MANTIDA. HONORÁRIOS INCABÍVEIS. 1. 
Pode a Administração Pública rever os seus atos para cancelar ou suspender benefí-
cio previdenciário. Todavia, deve observar o princípio constitucional do devido processo 
legal, com a garantia do contraditório e da ampla defesa, sendo certo que tal princípio 
compreende, também, a via recursal administrativa, de modo que o cancelamento, a 
suspensão, a cessação ou a revisão de benefício previdenciário somente será possí-
vel após o exaurimento de todas as instâncias administrativas. O que a jurisprudência 
da Corte Superior exige não é a aplicação do princípio do paralelismo das formas, é a 
concessão do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, sempre que 
houver necessidade de revisão do benefício previdenciário, por meio do processo admi-
nistrativo previdenciário, impedindo com isso, o cancelamento unilateral por parte da 
autarquia, sem oportunizar apresentação de provas que entenderem necessárias. (STJ, 
REsp 1.323.209/MG, Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJ de 15/04/2014; REsp 
n. 1.363.899/CE, Ministra Regina Helena Costa, DJ de 06/02/2017). Logo, não merece 
reforma a sentença que determinou o restabelecimento do benefício da impetrante. 2. 
A pensão por morte também será devida se o óbito do segurado decorrer de acidente 
de qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho, independentemente do 
recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou da comprovação de 2 (dois) anos 
de casamento ou de união estável, de acordo com o art. 77, §2º da Lei 13. 135/2015. 3. 
Apelação do INSS e remessa oficial não provida. 4. Honorários incabíveis na espécie 
(art. 25 da Lei 12.016/2009). Custas na forma da lei, estando isento o INSS (art. 4º da Lei 
9.289/96).
(AMS 0002193-50.2015.4.01.3701, DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA 
SEIXAS, TRF1 - PRIMEIRA TURMA, e-DJF1 12/09/2018 PAG.)
Essa ultima posição parece ser a mais adequada e, ao que tudo indica, prevalecerá.
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Questão 24 (INÉDITA/2019) Com relação à cessação dos benefícios previdenciários conce-
didos judicialmente, julgue o item abaixo.
Quanto à cessação programada de benefícios concedidos judicialmente, pode o INSS pro-
mover a chamada alta programada, em caso de não demarcação do tempo de cessação na 
sentença transitada em julgado.
Certo.
Sendo que essa possibilidade está prevista no art. 60, §8, da Lei n. 8.213/91. Essa possibili-
dade decorreu das inovaçõeslegais advindas por meio das Medidas Provisórias n. 739/2016 
e 767/2017, as que, posteriormente, restaram convertidas na Lei n. 13.457/17. Essa lei pro-
moveu mecanismos de implementação dos chamados “pentes finos” do INSS, permitindo a 
cessação do benefício em 120 dias se não houver data de cessação apontada administrativa 
ou judicialmente. Além disso, a TNU, ao julgar o PEDILEF n. 0500774-49.2016.4.05.8305/PE), 
definiu o seu TEMA 164, fixando a seguinte tese:
Os benefícios de auxílio-doença concedidos judicial ou administrativamente, sem Data 
de Cessação de Benefício (DCB), ainda que anteriormente à edição da MP n. 739/2016, 
podem ser objeto de revisão administrativa, na forma e prazos previstos em lei e demais 
normas que regulamentam a matéria, por meio de prévia convocação dos segurados 
pelo INSS, para avaliar se persistem os motivos de concessão do benefício”.
Questão 25 (INÉDITA/2019) Com relação à lei previdenciária no tempo, julgue o item abaixo.
Havendo lei previdenciária nova que aumente o prazo de carência para a obtenção de um be-
nefício por incapacidade, aplicam-se suas novas disposições, mesmo aos segurados que já 
estavam filiados ao sistema quando a incapacidade laboral deles for constatada como tendo 
iniciado ao tempo da nova lei.
Certo.
Com os benefícios por incapacidade surge o momento em que deve ser verificada a legisla-
ção incidente pelo princípio tempus regit actum. Conforme julgamento do TEMA 176 da TNU 
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– Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais -, 
deve-se adotar o regime normativo de carência vigente no momento do surgimento da inca-
pacidade40:
Constatado que a incapacidade do (a) segurado (a) do Regime Geral da Previdência Social (RGPS) 
ocorreu ao tempo da vigência das Medidas Provisórias ns. 739/ 2016 e 767/ 2017, aplicam-se 
as novas regras de carência nelas previstas” (Processo 5001792-09.2017.4.04.7129/ RS, j. em 
17.8.2018)
Questão 26 (INÉDITA/2019) Sabe-se que a norma jurídica pode ser checada em diversos 
planos de aferição, desde a sua edição até a produção normal e concreta de seus efeitos. 
Sendo assim, marque a alternativa que não representa nenhum desses planos:
a) Plano da validade.
b) Plano da existência.
c) Plano da eficácia.
d) Plano da vigência.
e) Plano da publicidade.
Letra e.
A alternativa “E” é a única que não se coaduna com nenhum dos planos de checagem da 
norma, portanto é incorreta e deve ser marcada como resposta. Quando falamos em norma, 
devemos passar por alguns planos de sua consideração. Esses planos são o da existência, 
da vigência, da validade e da eficácia. O plano da existência decorre de sua simples edição, 
sanção (ou promulgação, no caso das Emendas Constitucionais) e assinatura (no caso de 
normas regulamentares). O plano da vigência origina-se da publicação da norma, podendo, 
contudo, ter vigência diferida no tempo em razão do prazo de vacatio legis que cada lei pode 
indicar (ou, na omissão, no prazo de 45 dias, conforme o art. 1º, da LINDB). O plano da vali-
dade se relaciona com a verificação de suas exigências de produção, tanto na ótica formal 
relacionada ao tramite procedimental de sua edição, quando à ótica material, relacionada aos 
controles de constitucionalidade, convencionalidade e legalidade. Por fim, o plano da eficácia, 
40 Castro, Carlos Alberto Pereira de; Lazzari, João Batista. Manual de Direito Previdenciário (Locais do Kindle 2812-2816). 
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que se opera dentro da verificação da possibilidade de a norma efetivamente produzir efeitos 
no mundo concreto (a publicação gera efeitos no mundo jurídico e a eficácia é o plano de 
análise de efeitos no mundo concreto).
Questão 27 (INÉDITA/2019) Sobre a eficácia da norma jurídica, inclusive a norma jurídica da 
seguridade social, julgue o item a seguir:
A norma jurídica de seguridade social pode ter sua eficácia aferida sob dois aspectos: o as-
pecto técnico e o aspecto social. Quanto ao aspecto técnico, significa que para se falar que 
possui eficácia é necessário verificar se há alguma dependência normativa em segundo grau, 
ou seja, alguma exigência regulamentar para que a norma seja então perfeitamente aplicável 
tecnicamente. Há no aspecto da eficácia social, a norma jurídica de seguridade social neces-
sita de ter aplicabilidade prática no seio social, de modo que, não havendo essa aplicabilidade 
social, a lei pode ser considerada inválida em nosso ordenamento jurídico.
Errado.
O enunciado está perfeito no que toca à menção quanto aos dois aspectos a serem observa-
dos no plano da eficácia da norma jurídica. Acertou, também, ao explicar o que são a eficácia 
técnica e eficácia social, mas quanto a essa pecou ao dizer que a lei torna-se inválida se não 
apresentar aplicabilidade social prática. A observação da efetividade social é feita mediante o 
questionamento da possibilidade social, econômica, politica, cultural, dentre outros aspectos, 
da norma jurídica ser imposta. Mas veja: o fato de a lei não encontrar de imediato e, por si só, 
aceitação social e, por isso, mitigando sua eficácia social, não a torna indesejável do ponto de 
vista jurídico. Além disso, conforme o art. 3º, da LINDB, ninguém “se escusa de cumprir a lei, 
alegando que não a conhece”.
Questão 28 (INÉDITA/2019) Acerca dos elementos, critérios ou métodos de interpretação da 
hermenêutica jurídica clássica, julgue o item que segue:
O elemento teleológico permite a interpretação que busca compatibilizar a norma a ser inter-
pretada com o restante do ordenamento jurídico, almejando situar a norma colocada como 
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objeto central da interpretação no todo e, assim, extrair sua melhor normatividade sistêmica. 
Já o elemento sistemático permite a interpretação finalística da norma.
Errado.
O enunciado está incorreto porque é justamente o contrário. O primeiro período da oração faz 
referencia ao elemento, ou critério, sistemático, enquanto que o segundo período faz referên-
cia ao critério teleológico.
Questão 29 (INÉDITA/2019) Acerca da tipologia das normas constitucionais dada por José 
Afonso da Silva, julgue o item abaixo.
No bojo da avaliação da eficácia que cada norma carreia ao ordenamento jurídico, podemos 
arrolar certas funções eficaciais: função de bloqueio (função impeditiva, de bloqueio de algum 
comportamento); função de programa (são as normas programáticas); função de resguardo 
(objetivam resguardar e garantir alguma conduta determinada, tal como os direitos funda-
mentais relacionados aos direitos autorais).
Certo.
O enunciado do item está perfeito. De fato, a classificação das funções eficaciais das normas 
constitucionais dada por José Afonso da Silva orienta que pode haver exatamente o mencio-
nado: função de bloqueio, função de programa e função de resguardo. Como exemplo, a se-
gurança pública carreia em nosso ordenamento constitucional normas que possuem função 
de bloqueio e, ao mesmo tempo, função de programa. Já a seguridade social é normatizada 
por, sobretudo, normas que contêm funções de programa.
Questão 30 (INÉDITA/2019) Acerca do emprego da analogia nas normas de seguridade so-
cial, julgue o item a seguir.
Entende-se na jurisprudência atual que é viável a manutenção da relação jurídico-previden-
ciária do segurado especial quando considerada a extensão do período de graça de modo 
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analógico e isonômico com o previstono art. 15, §1º e 2º, da Lei n. 8.213/91, sem distinção 
entre trabalhadores, sejam eles do meio urbano ou rural.
Certo.
O enunciado está correto, eis que aborda o entendimento consolidado no âmbito da TNU, 
no julgamento do PEDILEF 05009466520144058400, no sentido de que os prazos má-
ximos de período de graça previstos no art. 15, §§1º e 2º, da Lei de Benefícios (Lei n. 
8.213/91) é aplicável analogicamente aos segurados rurais. Vejamos:
(...)
Considero que deve prevalecer a interpretação da Turma Regional de Uniformização da 
4ª Região.
De fato, os enunciados constantes dos §1º e 2º do artigo 15 da Lei 8.213/91 não podem 
ser interpretados literalmente.
(...)
De efeito, se os trabalhadores verteram o mesmo número de contribuições, ou trabalha-
ram pelo mesmo período (nas situações em que a lei exige apenas a prova do trabalho), 
sendo todos segurados obrigatórios, não faz sentido que a manutenção da qualidade de 
segurado seja maior para uma categoria e menor para outra.
(...)
Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, a 
Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos juizados Especiais Federais, 
por unanimidade, CONHECEU do incidente de uniformização e, por maioria, DEU-LHE 
PARCIAL PROVIMENTO, nos termos do voto do (a) Juiz (a) Federal DANIEL MACHADO DA 
ROCHA, que lavra o presente acordão.
(PEDILEF 05009466520144058400, JUIZ FEDERAL DANIEL MACHADO DA ROCHA, TNU, 
DOU 03/06/2016 PÁGINAS 79/167)
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
REFERÊNCIAS
Castro, Carlos Alberto Pereira de; Lazzari, João Batista. Manual de Direito Previdenciário (Lo-
cais do Kindle 2812-2816). Forense. Edição do Kindle.
IBRAHIM, Fábio Zambitte, in Curso de Direito Previdenciário, 24ª Edição, Rio de Janeiro. Ed. 
Impetus, 2019
BERBEL, Fábio Lopes Vilela. Teoria Geral da Previdência Social. São Paulo: Quartier Latin, 
2005
RAMOS TAVARES, André. Curso de Direito Constitucional. 10ª Edição, Revista e Atualizada, 
Editora Saraiva – São Paulo
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 6ª ed. Rev. E atual. São Paulo: Sarai-
va, 2011
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 27ª ed. São Paulo: Ed. Malheiros, 2006
RAO, Vicente. In O Direito e a Vida dos Direitos, 3º edição, vol. 1
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 6.ed. 2ª. tiragem. São Paulo: 
RT, 1990
MORAES, Alexandre de, in Curso de Direito Constitucional, 33ª Edição, Editora Atlas, pg. 74, 
citando BASTOS, Celso. Dicionário de direito constitucional. São Paulo: Saraiva
DINIZ, Maria Helena, in Conflito de Normas. São Paulo: Editora Saraiva, 2003
TARTUCE, Flávio, in Breve Estudo das Antinomias ou Lacunas de Conflito. Extraído de http://
genjuridico.com.br/2015/02/25/breve-estudo-das-antinomias-ou-lacunas-de-conflito/ em 
04/12/2019, às 19:42
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
STOLZE, Pablo e Rodolfo Pamplona, in Novo Curso de Direito Civil, Parte Geral, 14ª edição. 
Editora Saraiva, 2012, São Paulo
COMPARATO, Fábio Konder Comparado. A afirmação histórica dos direitos humanos, 2.ª ed., 
São Paulo: Saraiva, 2001, p. 67 et seq.; e Thiago Rodovalho. Do Direito Constitucional à Am-
pla e Efetiva Defesa na Assistência Judiciária Gratuita na Esfera Criminal, in Revista Direitos 
Fundamentais & Democracia - Unibrasil, v.4, 2008, p. 1/22. Extraído de: https://www.conjur.
com.br/2015-jun-15/thiago-rodovalho-magna-carta-continua-inspirar-liberdades#_ftn12, 
em 05/12/2019, ás 16:15
Montesquieu, Martin Claret, Do Espírito das Leis, São Paulo, 2011. Extraído de https://jornal-
ggn.com.br/justica/la-bouche-de-la-loi-no-caso-do-triplex/, em 05/12/2019, às 16:38.
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	Saúde, Previdência e Assistência
	1. Fontes do Direito da Seguridade Social
	1.1. Conceito e Classificações
	1.2. Espécies de Fontes Formais do Direito da Seguridade Social
	1.3. Síntese das Fontes Formais e Materiais do Direito da Seguridade Social.
	1.4. A Força Normativa dos Princípios
	2. Interpretação das Normas de Seguridade Social
	2.1. Tipologia das Normas de Seguridade Social
	2.2. As Normas de Seguridade Social: Direitos Fundamentais, Máxima Efetividade e Interpretação mais Favorável
	2.3. A Hermenêutica Clássica e Constitucional das Normas de Seguridade Social
	3. Aplicação das Normas de Seguridade Social
	3.2. Sobre a Subsunção da Norma Jurídica
	3.3. Sobre o Positivismo Jurídico
	3.4. A aplicação da “Lei” no Tempo
	3.5. A Aplicação da “Lei” no Espaço
	4. Antinomias Normativas
	4.1. Os Critérios de Solução em Caso de Conflito de Normas
	5. Integração das Normas de Seguridade Social
	5.1. A Analogia
	5.2. Os Costumes
	5.3. A Equidade
	5.4. Os Princípios Gerais de Direito
	6. Eficácia das Normas de Seguridade Social
	6.1. Os Planos de Checagem da Norma Jurídica
	6.2. A Eficácia Social e Técnica da Norma de Seguridade Social
	6.3. Classificação das Normas Quanto a sua Eficácia
	Resumo
	Questões de Concurso
	Gabarito
	Gabarito Comentado
	Referências
	AVALIAR 5: 
	Página 152:

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