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Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa Fisiopatologia Diana Fernandes Francisco Pedro Rodrigues Curso de Licenciatura em Ortóptica 2009/2010 1º Ano – 2º Semestre Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 1 Índice Introdução 2 Nomenclatura da Doença 7 Lesão Celular 8 Síndrome Febril 13 Dor 20 Resposta Inflamatória 21 Inflamação 29 Aparelho Digestivo 34 Aparelho Urinário 55 Sistema Hematopoiético 64 Aparelho Respiratório 70 Aparelho Cardiovascular 75 Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 2 Introdução Fisiopatologia � Do grego: Physis [Natureza, Natural] + pathos [Doença] + logos [Ciência] História É marcada pelas crenças do momento: � Primeiros povos Doença resultado de influências sobrenaturais (perda da alma, castigo divino, feitiçaria) � A crença no sobrenatural manteve-se até à teoria do animismo (baseada na crença e no facto que qualquer ser animado ou inanimado tem uma alma) nas filosofias de Pitágoras e de Platão. � Empédocles contestou a teoria do sobrenatural e defendeu uma doutrina médica assente em conceitos filosóficos � A doença surgia do desequilíbrio dos quatro elementos do mundo. � Hipócrates foi o primeiro patologista e criou o Corpus Hipocraticus onde se fala dos conceitos de doença e do modo de curar. Começa a abordagem científica e deixa-se para trás a superstição, relativamente aos conhecimentos de saúde. � A teoria de Hipócrates baseia-se nos quatro humores corporais: sangue, linfa, bílis amarela e bílis negra. Fala ainda em eucrasia [estado de equilíbrio] e em discrasia [estado de doença e dor]. � Galeno inicia a dissecação de animais, vivos e mortos, para a relação de estruturas anatómicas e função. � Em 1316 é escrito o primeiro livro de anatomia por Mondino de Luzzi, após as primeiras autópsias. É o estudo das disfunções do organismo humano, ou seja, o estudo do anormal funcionamento dos órgãos e sistemas. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 3 “Todas as plantas e tecidos animais são constituídos por unidades microscópicas individuais” - Mattias Schleiden (1804-1881) - Theodor Schwann O conhecimento da célula revolucionou a medicina • Rudolf Virchow diz que o corpo é um estado celular e a doença um conflito entre as células. • No século XX, nasce a biologia molecular e inicia-se a era da genética. Homeostasia É o conceito de ambiente interno estável, conseguido através de um cuidadoso sistema fisiológico que se opõe à mudança, segundo Walter Cannon. Considera-se saudável o indivíduo cujas capacidades físicas e mentais possam ser completamente utilizadas Condição na qual a presença de uma alteração no organismo provoca a perda de saúde e portanto da sua homeostasia Doença Cada doença apresenta características diferentes: • Causas • Sinais e sintomas • Evolução • Alterações morfológicas • Alterações funcionais Teoria Celular Saúde Doença Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 4 O estudo da doença estabelece várias definições: • Nosografia: Estudo de cada doença de forma individual; • Patologia: É o estudo da doença considerando os mecanismos causais e a sua relação com as alterações fisiopatológicas e expressão sintomática; • Nosologia: Classificação das doenças segundo critérios: • Anatómicos – Divisão por órgãos ou sistemas; • Etiológicos – Doenças infecciosas, agentes mecânicos ou físicos; • Fitopatológicos – Doenças metabólicas; • Patocrónicos – Doenças agudas ou crónicas. Intervenção médica na doença: - Sinais e sintomas; - Exames complementares; - Avaliação médica; - Diagnóstico e Terapêutica; - Hipóteses de diagnóstico; - Prognóstico. Estudo de uma doença: • Etiologia - Causa da doença; • Patogenia - Mecanismo da doença; • Patocronia - Evolução da doença no tempo; • Semiologia - Sinais e sintomas; • Diagnóstico - Identificação da doença; • Prognóstico - Revisão da evolução da doença. Etiologia Devem ser consideradas causas: • Exógenas ou Externas; • Endógenas ou Internas; • Desconhecidas, Etiologia Primária ou Idiopática Essencial, Espontânea ou Criptogénica. O agente etiológico actua através de mecanismos patogénicos e produz manifestações da doença que vão dar origem a sintomatologia: Associada a alterações estruturais Associada a alterações funcionais Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 5 Alterações Estruturais: • Ocupação de espaço [Tumores] • Perda de tecido superficialmente [Ulceração] • Num órgão sólido [Enfarte] Alterações Funcionais: • Diminuição ou aumento de secreção de um produto celular [Muco ou Hormonas]; • Diminuição da contracção muscular. Patogenia Patocronia A doença pode ter uma evolução: • Aguda – Curta duração, começo brusco e desenvolvimento rápido; • Crónica – Longa duração, com começo abrupto ou insidioso. Fases Evolutivas Após Contacto Com Agente Etiológico: • Incidência da Causa: Momento em que o agente entra em contacto com o organismo; • Período de Incubação: Etapa em que não há sintomatologia; antecedente das manifestações clínicas; • Período Prodrómico: Inicia-se a sintomatologia [Febre, mau estar]; • Acme [Período de Estado]: Expressão e intensidade máxima da sintomatologia; Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 6 • Período de Declínio [Fase de Términos]: Pode ser em crise [manifestações desaparecem bruscamente] ou em lise [fim progressivo]; • Período de Convalescença: Momento em que desaparecem todos os sintomas mas, ainda não se recuperou a saúde. Ao longo das fases evolutivas pode ainda ocorrer: • Exacerbação: Agravamento da doença na fase Acme; • Recrudescência: Agravamento da sintomatologia no Período de Declínio; • Recaída: Agravamento durante ou Período de Convalescença; • Recidiva: Aparecimento de manifestações da doença após a convalescença. Semiologia Os sinais podem ser: • Gerais – Presentes em várias patologias, • Específicos – Permitem concentrar a atenção num determinado órgão ou sistema. Tipos de sinais: • Anatomoclínicos: Alterações na auscultação, concentração anómala de diversas substâncias no sangue ou urina, lesões detectáveis por técnicas radiológicas, etc. • Fisiopatológicos: Disfunção do órgão; estudo feito por provas funcionais. • Etiológicos: Estudo de microrganismos [cultura ou testes serológicos]. • Alterações Patognomónicas: A sua presença faz o diagnóstico. • Síndrome: A combinação de sinais e sintomas associados a uma doença em particular. Distribuição sintomática da doença: • Local – Confinada a uma região do corpo; • Sistémicas – As lesões estão distribuídas de forma mais generalizada. Diagnóstico É a identificação e o acto de dar um nome à doença específica do doente. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 7 Métodos de Diagnóstico: • Recolha de Dados: Anamnese, exploração física, provas complementares. • Análise e Interpretação dos Dados: Sensibilidade, especificidade. Prognóstico Factores de Prognóstico: • Hospedeiro • Interacção hospedeiro / doença • Patogenia da doença • Efeito do tratamento Utilidade do prognóstico: � Predizer a evolução individual da doença; � Distinguir grupos para aplicar tratamentos diferentes; � Estabelecer comparação entre ensaios clínicos; � Conhecer a história natural da doença; � Avaliar as variações e interacções detectadas; � Analisar a forma de intervir a longo prazo. Parâmetros a valorizar: � Remissão e recidiva; � Morbilidade (incapacidade versus recuperação funcional);� Mortalidade (esperança de vida). Nomenclatura da Doença A medicina e a patologia têm termos próprios, o léxico médico. Este é rico em prefixos e sufixos que permitem perceber o mecanismo patogénico ou modificações celulares. Prefixos: • Ana-: Ausência de resposta apropriada [anafilaxia] • Hiper-: Aumento de número [hiperplasia] • Hipo-: Diminuição de número [hipoplasia] • Meta-: Conversão de um estado/tipo celular para outro [metaplasia] • Dis-: Desordem [displasia] É a previsão da evolução da doença Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 8 Sufixos: • -opatia: Alteração do estado normal [linfoadenopatia] • -ite: Processo inflamatório [apendicite] • -oide: Semelhante [reumatóide] • -oma: Tumor [carcinoma] • -citose: Aumento do número de células [leucocitose] • -ose: Estado/condição não necessariamente patológico [osteoartrose] • -paresia: Atonia [gastroparesia] • -pexia: Fixação [osteopexia] • -rafia: Sutura [pilororafia] • -megalia: Grande [esplenomegalia] • -penia: Falta [trombocitopenia] • -ectasia: Dilatação [bronquiectasia] • -ectopia: Fora do local habitual [gravidez ectópica] • -ectomia: Excisão total/parcial [gastrectomia] • -ostomia: Comunicação com outro órgão [traqueostomia] • -tomia: Incisão [traqueotomia] Lesão Celular As células são compostas por subunidades complexas, por isso é necessário o recurso à patologia molecular para explicar alguns processos patológicos [ao nível das moléculas, átomos e partículas elementares] Todos os tecidos são constituídos por células parenquimatosas e elementos do tecido intersticial. Do meio ambiente, a célula recebe nutrientes, oxigénio e minerais essenciais. Do metabolismo de alguns desses nutrientes é produzida energia que é utilizada para: • Manutenção do núcleo; • Integridade do citoplasma, de organelos e da membrana celular. As células estão dependentes dos elementos orgânicos que as circundam [tecido intersticial] e é através deles que lhes são fornecidos os nutrientes necessários e eliminados os produtos nocivos resultantes do metabolismo celular. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 9 Glicose: Nutriente essencial à célula, uma vez que é o principal substrato para a produção de energia na maioria das células e único utilizado a nível cerebral. Causas de lesão celular Os mecanismos patogénicos podem: • Actuar directamente sobre as células parenquimatosas – Lesão celular directa; • Promover alterações no tecido intersticial – Lesão celular indirecta. Lesão celular directa Mecanismos básicos responsáveis: • Défice na produção de energia [ATP é a fonte mais eficaz de energia. Se falhar pode causar Hipóxia, Anóxia ou Hipoglicémia] o Hipóxia/Anóxia [redução/ausência total de O2] podem resultar: � Obstrução das vias aéreas [afogamento]; � Oxigenação inadequada de sangue nos pulmões [pneumonia]; � Transporte inadequado de O2 na circulação [anemia, intoxicação por CO2]; � Incapacidade de utilização de O2 na respiração celular [intoxicação por cianetos]. • Alterações da membrana celular o Pode ocorrer: � Produção de espécies reactivas de oxigénio [destruição de Lípidos da membrana]; � Activação do sistema do complemento; � Amilase libertada aquando da pancreatite aguda; � Enzimas de origem bacteriana; � Vírus do género hepatovirus; � Temperaturas extremas e solventes químicos; � Lesões mecânicas directas sobre as células. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 10 Intoxicações devem-se a: Toxicidade directa {mais frequente} Metais pesados Toxicidade indirecta {necessária a activação metabólica previa} Tetracloreto de Carbono • Alterações genéticas o Provocadas a nível do ADN após o nascimento: � Radiações ionizantes; � Espécies reactivas de oxigénio; � Infecções virais; � Drogas mutagénicas; o São responsáveis por alterações na síntese de proteínas e enzimas com repercussões no funcionamento e estrutura celular. • Distúrbios metabólicos o Substancias tóxicas exógenas: � Álcool; � Drogas; � Metais pesados; � Agentes infecciosos. o São capazes de provocar alterações no funcionamento e estrutura celular. Lesão celular indirecta Constituição do interstício celular: • Células [fibroblastos, macrófagos, linfócitos] • Água • Electrólitos • Proteínas fibrilhares [colagénio, elastina] • Glicoproteínas • Ácido hialurónico e fibronectina A acumulação de substâncias endógenas pode provocar distúrbios metabólicos que levam à lesão celular. Degenerescência gorda: acumulação de lípidos no citoplasma de alguns tecidos. Hemosiderose/hemocromatose: excesso de ferro no organismo [armazenamento nos macrófagos e nas células parenquimatosas; sob forma de hemosideria e ferritina]. Doença de Wilson: excesso de cobre no organismo [acumulação a nível intracelular]. Distúrbios metabólicos adquiridos: alterações patológicas por aumento da glicose a nível sanguíneo [diabetes mellitus]. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 11 Alterações no tecido intersticial levam a lesões celulares indirectas, que provocam: • Edema • Febre, hipotermia e hipertermia • Variações no pH • Alterações electrolíticas e da osmolaridade • Acumulação de cálcio (calcificação dos tecidos) • Alterações nas proteínas fibrilhares (colagénio, reticulina e elastina) • Depósitos de proteínas fibrilhares (amiloidose) • Acumulação de gordura • Alterações nos constituintes celulares – Durante a resposta inflamatória Lesão celular reversível [degenerescência celular] A resposta celular às alterações do meio segue dentro dos limites da homeostasia e ocorre o regresso ao estado inicial após a eliminação do estímulo perturbador. Se existe metabolismo energético/síntese proteica alterados ocorre a acumulação de várias substâncias no interior da célula o que condiciona alterações funcionais e estruturais. Uma das substâncias mais frequentemente acumuladas a nível celular é a água. Isto pode levar a: edema celular reversível/degenerescência hidróptica/degenerescência vacuolar. Patogénese do edema: Alteração no metabolismo energético por diminuição da respiração celular, ou seja, redução do ATP celular. • Alterações no funcionamento da bomba Na+/K+ • Entrada de Na+ para o meio intracelular arrastando no mesmo sentido Cl- e H2O � Edema celular Redução na produção de energia leva ao aumento da glicólise anaeróbia: • Grande quantidade de ácido láctico • Redução do pH • Diminuição do metabolismo celular Outras alterações estruturais: • Edema das microvilosidades • Formação de invaginações da membrana plasmática • Desorganização das junções intercelulares • Fragmentação dos organelos • A estrutura do núcleo mantém-se inalterada. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 12 Lesão celular irreversível As células não conseguem voltar ao estado de homeostasia � Necrose celular: • Alterações morfológicas o A nível nuclear: � Picnose: condensação do núcleo � Cariorrexis: fragmentação nuclear � Cariólise: dissolução do núcleo e lise da cromatina o A nível citoplasmático: � Perda de organelos com ruptura das respectivas membranas � Formação de vacúolos citoplasmáticos. o O conteúdo intracelular pode sofrer um processo de digestão por enzimas lisossómicas [autólise] o Múmia anuclear: coagulação das proteínas • Alterações funcionais o Disfunção do núcleo o Diminuição da produção de energia o Perda das funções da membrana citoplasmática • Alterações bioquímicas o Perda do gradiente transmembranar de cálcio o Influxo do ião cálcio para o exterior da célula Ao falar de morte celular é conveniente diferenciar: Devida a uma agressão patológica Morte celular programada Após a morte celular, as células podem apresentar diversas evoluções morfológicas que correspondema diferentes tipos de necrose: � Necrose por coagulação: Coagulação do conteúdo celular. Ocorre em órgãos sólidos, associada a défice no aporte de sangue � Necrose por liquefacção: Destruição enzimática das células [isquémia cerebral]. � Autólise: Digestão realizada pelas enzimas lisossómicas da própria célula. � Heterólise: Lise devia à libertação de enzimas com origem em outras células. � Necrose gorda: Acção das enzimas do pâncreas exócrino. Destroem os adipócitos dos tecidos vizinhos com transformação dos triglicéridos em glicerol e ácidos gordos. Necrose Apoptose Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 13 � Necrose gorda de causa não enzimática: Quase sempre associada a lesão traumática. � Necrose caseosa: Forma-se material necrótico semelhante a queijo – caseum. [tuberculose pulmonar] � Necrose fibrinóide: É frequente na destruição de tecido conjuntivo associado a doenças auto-imunes. � Gangrena: Necrose tecidular extensa • Seca: Frequente nas extremidades dos membros; resultante de obstrução arterial; zona necrótica, escura, seca e em demarcada no tecido adjacente; infecção bacteriana secundária insignificante. • Húmida: Resposta inflamatória aguda; grave sobreinfecção bacteriana do material necrótico; ocorre nas extremidades e em órgãos internos; difícil a separação dos tecidos saudáveis adjacentes [abundante exsudação, odor fétido]. • Gasosa: Semelhante à húmida; infecção por bactérias produtoras de gás; crepitação à palpação. Síndrome Febril A temperatura é mantida constante. O centro termorregulador está situado no hipotálamo anterior, na área pré-óptica. Existe um equilíbrio entre a produção de calor pelos tecidos. A dissipação de calor é independente das variações ambientais. A temperatura corporal varia de acordo com: • Idade – Temperaturas basais mais baixas nos idosos; • Zona do corpo – Superior no recto vs axilas; • Sexo – No sexo feminino há um aumento de temperatura após ovulação; • Ritmo circadiano – Acréscimo de temperatura entre as 6h e as 18h; • Exercício – A actividade física aumenta a temperatura; • Temperatura ambiente: Em climas quentes é mais elevada; • Gravidez: Aumenta por subida dos níveis de progesterona; • Estado pós-prandial: Durante o período da digestão há um acréscimo de temperatura; • Alterações endócrinas: A tiroxina acelera o metabolismo. Existe um padrão térmico baixo pela manhã e alto à tarde que se verifica na febre, mas não nas situações de hipertermia. Neste caso, há uma desregulação dos mecanismos periféricos de perda/produção de calor. Os anestésicos inalantes, como o halotano e relaxantes musculares levam a hipertermia maligna. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 14 A febre não é sinónima de Infecção Etiologia da febre As causas da febre são múltiplas: • Infecções; • Neoplasias; • Hemorragias; • Doenças metabólicas agudas; • Traumatismos; • Doenças do foro imunológico; • Drogas ou fármacos; • Obstrução vascular; • Doenças endócrinas. A febre [pirexia] é um sinal de doença em que existe uma alteração da termorregulação. As substâncias que a provocam � Os pirogénios exógenos são bactérias, os seus metabolitos e toxinas, vírus, factores de crescimento, substâncias químicas, fármacos, queimaduras, radiações ionizantes e complexos imunes. O mais estudado é o LPS [pipopolissacarídeo] ou endotoxina produzia por todas as bactérias gram-negativas. � Os pirogénios endógenos são principalmente citocinas como: A interleucina 1 α/β, o factor de necrose tumoral , a linfotoxina, o interferão α e a interleucina 6, produzidas por leucócitos activados por pirogénios exógenos. Para além dos leucócitos e das células endoteliais, podem também produzir pirogénios endógenos células epiteliais e fibroblastos. O LPS ou as Citocinas entram no sangue e vão até ao hipotálamo onde activam as células endoteliais dos órgãos que possuem receptores específicos. A prostaglandina, penetra no hipotálamo, activa as células hipotalâmicas após fixação em receptores específicos e induz a produção de AMP cíclico. Isto leva ao aumento do limiar de temperatura do termóstato hipotalâmico. Seguidamente, o hipotálamo activa os neurónios periféricos que controlam a vasoconstrição cutânea e a contracção muscular, aumentando a produção de calor e elevando a temperatura sanguínea. Pirogénios Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 15 A febre muito elevada [41-42ºC] pode levar a lesões no SNC [antipiréticos endógenos/mediadores de regulação] O controlo ou eliminação do agente desencadeante da febre faz-se através de: • Redução dos pirogénios sanguíneos; • Ajuste da temperatura a nível do hipotálamo; • Regresso ao valor basal; • Perda de calor com vasolidação cutânea e sudação � Leva o corpo à temperatura normal. A febre desenvolve-se em 4 fases: • Fase de pródomos � Cefaleias moderadas; � Fadiga, mal-estar geral; � Dores fugazes; � Vasoconstrição; � Piloerecção; � Pele pálida. • Fase de calafrios � Tremor generalizado; � Calafrios. • Fase de rubor � Vasodilatação; � Rubor. • Fase de defervescência � Início da sudação; � Estabilização da temperatura corporal. Manifestações clínicas da febre, resultantes da acção directa ou indirecta das citocinas: • Anorexia; • Mialgias; • Artralgias; • Fadiga; • Taquipneia; • Taquicardia; • Desidratação; • Cefaleias; • Delírio; • Sonolência; • Convulsões; • Lesões herpéticas. Para além da via hematogénica, as citocinas podem ainda atingir o hipotálamo via neurogénica [nervo vago] desencadeando, através de fibras noradrenérgicas, os mesmos efeitos. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 16 Alterações metabólicas: • Levam ao aumento da taxa metabólica que indica consumo de reservas de hidratos de carbono, proteínas e lípidos. • Cada 1ºC de temperatura corporal leva ao aumento de 13% no consumo de O2 e aumento das necessidades calóricas e hídricas. • A IL-1 e o TNF-α aceleram o catabolismo muscular que leva à perda de peso e balanço de azoto negativo. • A musculatura esquelética é utilizada como fonte de energia, libertando aminoácidos que levam a menos gliconeogénese [para a síntese de proteínas de fase aguda; formação de clones de células imunes]. • O catabolismo exagerado das proteínas leva a uma sobrecarga renal com produtos tóxicos azotados; concentração de urina. • A degradação excessiva de lípidos designa-se por cetoacidose. • Febre arrastada + consumo das reservas de nutrientes + anorexia = perda de peso Alterações no sangue: • Lecocitose com neutrofilia [infecções bacterianas agudas] • Linfocitose [infecções virais] • Linfopénia [febre tifóide] “A febre como componente da resposta inflamatória aguda” Febre Esta reacção é controlada por várias citocinas: • IL-1 α • IL-1 β • TNF-α A IL-1 α, IL-1 β, TNF- α e a IL-6 actuam sobre o fígado diminuindo a síntese de albumina e transferrina [proteínas negativas da fase aguda], favorecendo a síntese das proteínas positivas de fase aguda da resposta inflamatória [Proteína C reactiva, fracções do complemento] Alterações no metabolismo e no sangue induzidas pela febre estão dependentes da libertação de citocinas. Reacção de defesa desenvolvida para lutar contra uma agressão microbiana, física ou química. Exercem efeito pirogénico e efeito pró-inflamatório sobre células e tecidos [pleiotrofia]. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 17 Reacção inflamatória aguda determinada pelos pirogénios endógenos Linfócitos: Aumentam as defesas celulares por estímulo da proliferação das células. Células mononucleadas: Promovem a fagocitose, o que favorece a actividade bactericida. Endotélio/Epitélio: Promove a infiltração leucocitária que favorece a destruiçãodo agente agressor. Sistema Nervoso Central: Acção no córtex cerebral [sonolência, anorexia, mal- estar], acção no hipotálamo [estimula a produção de PgE2 que induz febre e liberta o CRF que por sua vez leva à libertação da ACTH] Fígado: Estimula a síntese de proteínas positivas e inibe a síntese de proteínas negativas da fase aguda da resposta inflamatória. Efeitos benéficos da febre A subida de temperatura ajuda a resposta do organismo sobre agentes infecciosos: � Microrganismos: Destroem agentes agressores � Diminuição do crescimento. � Bactérias: Diminuem a replicação < no soro do Fe, Cu e Zn � Vírus: Inibição da replicação [autodestruição celular] � Favorece a fagocitose e a produção de interferão antiviral. � Resposta imunoinflamatória: Estimula a transformação linfoblástica � Aumenta a motilidade dos PMN Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 18 Regulação da temperatura em crianças e idosos � Recém-nascidos: Baixa relação entre a massa metabolicamente activa e a superfície corporal, o que dificulta o ajuste térmico face a variações de temperatura ambientais. � Antes da Puberdade: Densidade das glândulas sudoríparas e o seu débito são reduzidos, fazendo a dissipação de calor essencialmente por vasolidação cutânea, evidente na cabeça, tronco e membros. � Puberdade: Por acção das hormonas sexuais, as glândulas sudoríparas e sebáceas aumentam de número e de capacidade secretora, passando a dissipação de calor a ser por evaporação. � Idosos: Morrem por hipotermia ou por golpe de calor. � A capacidade de adaptação ao calor está prejudicada por: • Declínio generalizado da actividade [em particular da Hormona do Crescimento]; • Atrofia cutânea; • Perda significativa de glândulas sudoríparas; • Redução da vasodilatação, em particular cutânea. � A capacidade de adaptação ao frio está também prejudicada por: • Atrofia muscular; • Redução da actividade motora; • Diminuição da resposta vasoconstritora cutânea; • Redução da sensibilidade à adrenalina; • Redução do débito cardíaco; • Menor redistribuição do sangue e da circulação esplâncnica e renal para a área cutânea; • Diminuição da sensibilidade periférica; • Redução da percepção ao calor; • Redução do metabolismo e subnutrição; • Alterações cognitivas [impedem a comunicação de sintomas]. A febre está ausente nos idosos, frequentemente, ao contrário do que sucede em crianças onde podem ocorrer altas temperaturas com infecções menores. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 19 A temperatura máxima possível de ser atingida numa infecção desce cerca de 0,1 a 0,2ºC por cada década de vida acima dos 30 anos. Recomenda-se nos idosos que se considere febre quando: • Temperatura persistentemente elevada (1,1ºC) em relação aos valores basais habituais [normalmente inferiores nos idosos] • Temperaturas orais repetidas de 37,2ªC ou rectais de 37,5ºC Tipos de febre: � Intermitente • A temperatura volta ao valor normal pelo menos 1 vez em cada 24h. [infecção por agente pirogénicos, tuberculose miliar e linfomas]. � Remitente • A temperatura não volta ao normal mas, varia alguns graus durante o dia. [febre inespecífica]. � Contínua • Mantém-se acima do normal com variações mínimas inferiores a 1ºC. [febre tifóide não tratada e endocardite infecciosa]. � Recorrente/recidivante • Sucessão de períodos febris que alternam com períodos sem febre. [paludismo, doença de Hodgkin]. � Febrícula • A temperatura é inferior a 38ºC de predomínio vespertino, acompanhada de sudorese. [tuberculose pulmonar]. O tratamento da febre assenta em quatro princípios: � Modificação do ambiente externo, como meio de transferir calor do ambiente interno para o externo. � Suporte do estado hipermetabólico através de hidratação e fornecimento de hidratos de carbono de cadeia simples. � Protecção dos órgãos mais vulneráveis [cérebro] e alivio das artralgias � Tratamento do factor etiológico da febre. Os antipiréticos mais prescritos actuam: ♦ Reduzindo a concentração de PgE2 no sistema nervoso central > inibição directa da ciclooxigenase. o O paracetamol tem uma acção essencialmente central: � Eficaz na inibição da COX � Não consegue estimular a produção dos antipiréticos endógenos � Difere dos outros antipiréticos pela sua incapacidade para actuar perifericamente, reduzindo a inflamação. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 20 Dor Está na relação directa com a destruição tecidular, lesão nos tecidos. • A dor tem alterações biológicas; • É um sintoma transversal a todas as doenças, mas é pouco sensível e muito pouco específico. Para se perceber a intensidade da dor São utilizadas escalas de dor As escalas que mais vulgarmente se utilizam são as escalas de 0 a 10 e são úteis para uma análise comparativa. Tipos de dores: Dor aguda: De intensidade alta, tem um pico e um decréscimo. Está associada a lesões exteriores do corpo. Dor crónica: Intensidade mais baixa, mas mais prolongada no tempo. Associada a disfunções nos órgãos. Existem 3 mecanismos fundamentais que dão origem à dor: • Mecânico • Térmico • Químico Os centros da dor estão localizados no hipotálamo. Activam directamente as terminações nervosas ou receptores Libertados na área da terminação nervosa. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 21 Resposta Inflamatória Paradigma da resposta imunitária inespecífica – fenómenos locais e sistémicos – reacção de fase aguda. É inata e independente da: • Natureza do estímulo; • Existência ou não de contactos prévios. Atinge o tecido adjacente à lesão: • Calor; • Rubor; • Tumor; • Dor; • Impotência funcional. Inicio da Resposta Inflamatória � Alterações no calibre dos vasos que dependem da intensidade do estímulo levando ao aumento do fluxo sanguíneo: • Vasoconstrição transitória [3 a 5s] • Vasodilatação � O aumento da permeabilidade vascular leva a que as proteínas plasmáticas e leucócitos saiam dos vasos para os tecidos e, consequentemente leva a: • Redução da pressão osmótica intravascular • Acumulação de água e proteínas no espaço extravascular • Estase [fluxo circulatório diminui] � Perda de fluidos e aumento da concentração de glóbulos vermelhos Mecanismos Activados durante a Resposta Inflamatória - Contracção das células endoteliais - É transitória, imediata, reversível e de curta duração [15 a 30min]. Dá-se nas vénulas pós-capilares com intervenção de mediadores moleculares [histamina, bradicinina, leucotrienos e substancia P] - Retracção juncional – Processo reversível e mediado por citocinas [IL-1 e TNF-α] - Reorganização do citoesqueleto das células endoteliais – Pode ocorrer 4-6h após o estímulo inicial e durar 24h ou mais. É uma resposta biológica e fisiológica dos tecidos vivos à agressão, com base na vascularização. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 22 Extravasamento de leucócitos Divide-se em: • Marginação dos leucócitos; • Rolar dos leucocitos sobre o endotélio; • Activação celular; • Adesão celular; • Diapedese ou transmigração endotelial; • Migraçao através da lâmina basal. Modificações Hemodinâmincas: Leucócitos assumem posição periférica endotelial – Marginação Leucócitos rolam sobre as células endoteliais – Activação [Histamina, trombina, PAF] P-selectina Mediadores Inflamatórios E-selectina adesão dos leucócitos Endotélio pavimentado de leucocitos Inicia-se a diapedese A diapedese pode ser dividida em dois passos, sequencialmente a cargo do PECAM-1 e CD99: 1. Quimiotaxia � Após o extravasamento, os leucócitos migram para a lesão. Os factores quimiotáticos são: ⋅ Exógenos – Produtos bacterianos; ⋅ Endógenos – De natureza molecular. FisiopatologiaOrtóptica Diana F - Pedro R 2010 23 2. Fagocitose � Está a cargo dos fagócitos [células do sistema mononuclear e de leucócitos polinucleares]. Envolve três passos: ⋅ Reconhecimento e ligação do agente a ser eliminado; ⋅ Invaginação; ⋅ Morte ou degradação. � O reconhecimento da maioria dos microrganismos dá-se após a ligação de factores opsoninas que se ligam a receptores específicos dos leucócitos � Aumento da eficiência da fagocitose. ⋅ Opsonias major são: Fragmento Fc da imunoglobulina G, facção C3b do complemento e proteínas de ligação a hidratos de carbono (lecitinas) que se ligam à parede da membrana dos microrganismos. ⋅ Os leucócitos apresentam receptores correspondentes: • FcRy • Receptores do complemento CR1,2 e 3 ⋅ Que ligam ao: • C3b do complemento • Receptores do C1q que se ligam às lecitinas � O CR3 é um receptor importante que se pode ligar à parede bacteriana independentemente da presença de uma opsonina. � Invaginação: pseudópodes rodeiam o agente – fagossoma – fagolisossomas por união do fagossoma com lisossoma � Nos fagolisossomas a morte do microrganismo pode depender do oxigénio (estímulo de um burst oxidativo) ou ser independente do oxigénio (acidificação do fagolisossoma por acção de enzimas) ⋅ A libertação dos metabolitos durante a fagocitose dá-se no interior do fagolisossoma, no espaço extracelular. Indução e Mecanismos de Resposta Inflamatória Os mediadores da inflamação constituem: • Uma rede organizada de comunicação e de ampliação de respostas biológicas • Têm como base o fenómeno inflamatório A indução pode sistematizar-se em dois grupos: • Resposta inata ou não-antigénio específica (já muita rapidez mas não há especificidade) • Resposta específica ou adquirida (lentidão e complexidade mas, é antigénio específica, exigindo resposta por anticorpos e por linfócitos. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 24 Antigénio Especifica: Mecanismo inespecífico, semelhante independentemente do agente indutor e pode ser desencadeada por respostas biológicas especificas, especialmente através da activação do sistema do complemento e dos linfócitos. Não-Antigénio Específica: É a principal forma de activação da resposta inflamatória. Existem três possibilidades a partir de estímulos que actuem sobre: • Os TLR (receptores toll-like) • Complemento e receptores neurogénicos • Envolvendo células inflamatórias Mediadores Celulares: � Neutrófilos • Células que se encontram programadas para sair dos vasos sanguíneos para os tecidos. • Combate aos microrganismos, matando-os e morrendo de seguida � Sistema Fagocítico mononucleado • Envolve todas as células que partilham a capacidade de fagocitar: - Monócitos/macrófagos (devem ser tratados em comum, já que representam duas fases da mesma célula: circulante e tecidular, respectivamente). � Os monócitos derivam de células da medula óssea e circulam no sangue periférico durante 2 a 3 dias. Quando passam aos tecidos, sob o nome de macrófagos, têm uma vida média de dias a anos. Sob a influência de factores quimiotácteis e de moléculas de adesão, os monócitos migram para o local de agressão, diferenciam-se em macrófagos e encontram-se distribuídos no tecido conjuntivo ou agrupados noutros tecidos são designados por outros nomes: -Células de Kupffer (fígado) -Histiócitos (baço e nódulos linfáticos) - Células da micróglia (SNC) -Macrófagos alveolares (pulmões) O estímulo dos TLR tem um papel primordial de activação da resposta inata. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 25 A activação macrofágica pode dar-se de duas formas: - Activação rápida: Resposta em segundos/minutos - Activação lenta: Semelhante a um processo de hipertrofia em que os macrófagos sofrem modificações: � Nos marcadores de superfície; � No conteúdo enzimático; � Aumento da capacidade bactericida e tumoricida; � Capacidade imunorreguladora. Podem responder a estímulos externos com dois tipos de adaptações: � Ingerindo e interiorizando lípidos tornando-se “células espumosas” com uma intervenção importante em processos de aterosclerose. � Fundindo vários macrofagos tornando-se células gigantes multinucleadas que são a marca da resposta inflamatória crónica. � Mastócitos • Células tecidulares com origem na medula que respondem a sinais inflamatórios com libertação imediata e tardia de mediadores. • Estão implicadas na patologia e mortalidade da resposta anafiláctica e outras alterações alérgicas. • Possuem capacidade de activação através da ligação dos receptores Fc e IgE específicos e concentram-se em locais de interface como o meio externo. São relativamente abundantes: � Eosinófilos • Células raras no sangue periférico dos indivíduos saudáveis. • A eosinofilia está presente em processos inflamatórios como infecções por parasitas ou reacções inflamatórias alérgicas medias pela IgE. • Circulam durante 6 a 12h no sangue periférico e grande maioria encontra-se nos tecidos, onde permanecem vários dias. � Pele � Timo e Tecido Linfóide � Pulmao, mucosa nasal e conjuntiva � Utero e bexiga � Lingua, sinovial e mesentério � Em torno de grandes e pequenos vasos � Camadas subserosas e submucosas do aparelho intestinal. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 26 � Plaquetas • Células sanguíneas anucleadas. • Actuam rapidamente, sem deixar a circulação sanguínea, libertando os seus mediadores, presentes sempre que há lesão vascular. • Possuem vários tipos de grânulos: � Lisossomais com ácido hidrólico � Densos com ADP, ATP, serotonina e cálcio � α com fibrinogénio, factor v, vitronectina, trombospondina e factor de von Willebrand. • Têm um papel activo na integridade do endotélio, na coagulação sanguínea e fibrinólise e na resposta inflamatória através da permeabilidade vascular e vasoconstrição) � Células Endoteliais • Num adulto, a sua superfície e composta por 1 a 6x1013 células, com peso de 1kg cobrindo a área de aproximadamente 1 a 7m2 • Revestem a superfície vascular • Regulam o fluxo de nutrientes • Actividade biológica de varias moléculas e das próprias células sanguíneas • Sob condições normais, o endotélio vascular: � Regula o tónus vasomotor � Tem capacidades antitrombóticas e anti-inflamatórias � Gere o crescimento do músculo liso vascular e a resposta inflamatória local. • O endotélio produz � Vasodilatadores (prostaciclina, oxido nítrico, etc) � Vasoconstritores (endotelina, prostaglandinas, etc) • As alterações que ocorrem no local da inflamação modificam as propriedades das células endoteliais e induzem o endotélio a criar um microambiente anti-fibrinolítico e pró-trombótico. Mediadores Moleculares � Extracelulares – Derivam do plasma. � Complemento; � Cininas; � Factores de coagulação; � Existem na circulação e têm que ser activados para terem propriedades biológicas. � Intracelulares – Derivam da produção local de células. � Encontram-se nos grânulos celulares; � São sintetizados de novo em resposta a estímulos [prostaglandinas]. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 27 Aminas Vasoactivas Fontes: mastócitos, basófilos, células gástricas, terminações nervosas. É libertada em caso de: • Agressão física [traumatistmo, calor e frio] • Reacções imunológicas envolvendo a IgE e a sua ligação a receptores dos mastócitos. • Fracções do complemento C3a e C5a • Neuropetídeos como a substância P • Citocinas – IL-1 IL-8 Contribui para a dor e para efeitos vasoactivos: • Contracção do músculo liso • Dilatação arteriolar • Aumento da permeabilidade venular por contracção das células endoteliais Serotonina • É um mediador com efeitos semelhantes à histamina. • A acção na dor (hiperalgesia ou analgesia) depende do tipo. Sistema do complemento • Completa a acção dos anticorpos; • Asproteínas que o compõem são sintetizadas por hepatócitos, células sanguineas, etc; • É composto por nove fracções proteicas plasmáticas – C1 e C9 inactivas no plasma. Sistema das Cininas • São péptidos vasoactivos muito potentes. • A bradicina é semelhante à histamina em termos de acção. • Tempo de acção curto, inactivadas rapidamente pela acção de cinases presentes no plasma e tecidos. Sistema de Coagulaçao – Fibrinólise Este, em conjunto com sistema de complemento, contribui para o processo inflamatório. A formação de trombos e a actividade reguladora da coagulação estão muito rerlacionadas e dependentes de mediadores inflamatórios. A principal é a histamina Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 28 Radicais livres derivados do oxigénio � A formação destes radicais é um sinal de activação celular na resposta inflamatória. �Os neutrófilos são células que os formam precocemente e os libertam em resposta a agentes quimiotácteis, complexos imunes e actividade fagocítica. Óxido nítrico • Produzido em células endoteliais, macrófagos e células da micróglia; • Inibe a actividade plaquetar e a adesão de leucócitos a nível endotelial; • Na superfície do endotélio regula o recrutamento de leucócitos. Metabolitos do ácido araquidónico (eucosanóides) • Este ácido é um ácido gordo poli-saturado; • Os metabolitos interferem em diversos processos biológicos incluindo a inflamação e hemostase; Factor Activador das Plaquetas (PAF) • Mediador derivado dos fosfolípidos com largo espectro de efeitos inflamatórios – Capacidade de agregar plaqutas e provocar desgranulação; • Derivado da membrana de neutrófilos, monócitos, basófilos, células endoteliais e plaquetas; • Provoca vasoconstrição e broncoconstriçao. Citocinas • Péptidos usados na comunicação intracelular e controlo do ambiente interno. • Podem actuar: � Nas células que as produzem – Autócrino; � Nas células vizinhas – Parácrino; � Sistemicamente – Endócrino. • Agrupam-se por várias famílias: � Interleucinas; � Factores de crescimento celular; � Quimiocinas; � Factores de necrose tumoral; � Interferoes. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 29 Proteínas de resposta inflamatória • Conjunto de proteínas cuja concentração sérica reage rapidamente a um fenómeno inflamatório: o Proteína C reactiva o α-1 antitripsina o Albumina o Transferrina Evolução, Regulação e Consequências da Resposta Inflamatória Apesar de ser uma resposta fisiológica dos tecidos vivos à agressão, pode conduzir a processos patogénicos não dependentes do agressor inicial, mas do evoluir da inflamação. Nem sempre é benéfica para o hospedeiro… Benéfico, pela activação: • Do sistema do complemento; • Cascata da coagulação; • Células fagocíticas e imunitárias. Se a intensidade e extensão do fenómeno forem demasiados ou inapropriados: • Agressão generalizada dos tecidos e órgãos do hospedeiro; • Lesões por citotoxicidade directa ou indirecta das células inflamatórias; • Situações muito graves [fatais] como sépsis, e sindromas de resposta inflamatória sistémica. Inflamação a mais ou a menos é prejudicial, tentando definir-se uma baliza fisiológica para a boa inflamação. Utilizadas como marcadores do processo inflamatório. Estão diminuídas na resposta inflamatória enquanto as duas primeiras aumentam a concentração. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 30 Células do Sangue: Leucócitos Inflamação Etiologia e Patogenia da Resposta Inflamatória Estímulos: Endógenos e exógenos. Quimiotaxia – Agentes Quimiotáxicos: • Produtos bacterianos solúveis; • Componentes do sistema do complemento; • Produtos do metabolismo do ácido Araquidónico, via lipoxigenase; • Citocinas; • Outros Induzem activação leucocitária Libertação de Mediadores Químicos. Tipos de inflamação: • Aguda � Curta duração (minutos/dias); � Predomina a acumulação de neutrófilos e exsudação de proteínas e fluido do plasma; � Ex: Apendicite aguda. � Manifestações Locais: � Rubor, Calor; � Dor; � Edema; � Impotência Funcional. • Crónica � Duração mais longa (semanas/anos); � Predominam linfócitos e macrófagos. Resposta protectora com o objectivo de eliminar a causa inicial da lesão celular e as células necróticas resultantes (reparação). Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 31 Resposta imediata à lesão: � Vasodilatação; � Aumento da permeabilidade vascular [exsudação de liquido rico em proteínas]; � Marginação, adesão e migração de leucócitos [diapedese]; - Transudado [aumento da pressão hidrostática; - Exsudado [aumento da permeabilidade vascular. Diapedese - CAM (Moléculas de adesão celular) • Rolamento e adesão – Selectinas; • Adesão e migração – Integrinas. Mediadores químicos • Plasma; • Produção local (células); • Aminas vasoactivas (histamina, serotonina); • Proteases plasmáticas (sist.complemento; sist.coagulação; sist.cininas); • Metabolitos do AA (PG, LT); • PAF (platelet-activating factor); • Citocinas: � Produtos polipeptídicos; � Sobretudo linfócitos e macrófagos activados, mas tb outros tipos de células; � Modular a função de outras células (neste caso, emissão de sinais entre células durante o desencadeamento das respostas imunes); � Ex: IL-1, TNF-α, IFN- γ, quimiocinas – atraem cel. Inflamatórias (IL-8, PAF); � Interferão (IFN), interleucina (IL), factor estimulador de colónias (CSF), factor de necrose tumoral (TNF), factor de transformação de crescimento (TGF); • NO e rad.livres O2; • Constituintes lisossomais (proteases ácidas, p. neutras); Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 32 Inflamação - Mediadores químicos • Vasodilatação � PG � NO • ↑ Permeabilidade vascular � Aminas vasoactivas � C3a, C5a (anafilotoxinas) � LT C4, D4, E4 � PAF • Quimiotaxia, activação leucocitária � C5a � LT B4 � Prod.bacterianos � Quimiocinas (ex. IL-8) • Febre � IL-1, IL-6, TNF-α • Dor � PG � Bradicinina • Dano tecidual � Enzimas lisossomais - neutrofilos e macrófagos � Metab.O2 � NO Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 33 Fagocitose 1. Reconhecimento e ligação à partícula • Receptores leucócitos – opsoninas (IgG, C3b) � ↓ pseudópodes 2. Vacúolo fagocitário • ↓ Grânulos lisossomais � (Desgranulação – proteases, BPI, lisozima, lactoferrina, defensinas) 3. Morte / degradação do material Ingerido • (rad. Livres O2 - NADPH Oxidase, MPO neutrófilo) Inflamação Aguda � Controlo da lesão tecidual � α1-antitripsina � α2-macroglobulina � Resolução completa � → Cicatrização ou fibrose � → Abcesso (m.piogénico) � → Progressão para inflamação Crónica Inflamação Crónica � Infiltração tecidos por células mononucleares (linfócitos; macrófagos – Derivam dos monócitos) � Destruição tecidual � Reparação – Fibrose e angiogénese Quando? • Persistência do agente Infeccioso (ex. Tuberculose, sífilis) • Exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos (silicose; hipercolesterolémia) • Doenças autoimunes Sistema fagocítico-mononuclear • Monócitos do sangue � (24-48h) • Macrófagos teciduais – células maiores, fagocíticas • Factores derivados dos linfócitos � Ex. IL-4, IFN-γ → Células gigantes (multinucleadas, fusão) Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 34 Inflamação Granulomatosa • Padrão particular de inflamação crónica (ex. Tuberculose) • Granulomas • Agregações nodulares de macrófagos activados → cél.Epitelóide (grande, aparência pavimentosa) • Colar circundante de linfócitos • Células Gigantes multinucleadas Inflamação (Aguda e Crónica) Padrões morfológicos • Inflamação Serosa; • Vesícula por queimadura ou infecção Viral;• Inflamação Fibrinosa; � Exsudado fibrinoso (ex. pericardite); • Inflamação Supurativa (purulenta); • Abcesso; • Ulceração; • Inflamação subepitelial, necrose epitelial; Inflamação - Efeitos sistémicos • Febre; • Anorexia; • Alteração no pool de leucócitos circulantes; • Leucocitose; • Neutrofilia; • Eosinofilia; • Linfocitose; • ↑ Proteínas de fase aguda; • ↑ VS. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 35 Aparelho Digestivo Principais manifestações clínicas: ESÓFAGO Disfagia � Dificuldade em deglutir, sensação de paragem do bolo alimentar. Sintoma mais específico de patologia esofágica. � Importante estabelecer associação temporal entre a acção de deglutir um alimento líquido ou sólido e o inicio dos sintomas. Regurgitação � Expulsão pela boca de conteúdo esofágico e gástrico. Não esta associada a náuseas, nem a contractura abdominal. � A aspiração do material regurgitado para as vias aéreas pode ocasionar, quadros respiratórios graves. � Pode surgir no contexto de doença do refluxo gastro-esofágico (+ frequente), neoplasia do esófago ou acalasia Pirose ou azia � Sintoma + característico de patologia esofágica, nomeadamente de DRGE � Sensação de ardor retroesternal que ocorre no período pós-prandial especialmente quando o paciente se inclina após uma refeição abundante e rica em gordura. � A prevalência e de 12 a 54% (mundo ocidental) Dor esofágica � Não associada a deglutição, normalmente localiza-se ao nível da lesão ou perturbação funcional que a origina � Localiza-se a nível retroesternal em qualquer lugar, desde a base do pescoço ate ao epigastro � Pode simular a dor de origem cardíaca Factores que podem aliviar sintomatologia: � Ingestão de antiácidos, deglutição de saliva, beber água ou acção de fármacos vasodilatadores O aparelho digestivo estende-se desde a cavidade oral ate ao ânus, englobando o fígado, pâncreas e vesícula biliar. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 36 Mecanismos implicados na sua origem: � Factores psicológicos � Dismotilidade esofágica (hiperperistaltismo, espasmo difuso do esófago) � DRGE Fisiopatologia do esófago A deglutição ocorre em duas fases: • Disfagia orofaringea ou de transferência - dificuldade na passagem do bolo alimentar da boca ate ao esófago. • Disfagia esofágica ou de transporte - “embaraço” na deglutição, desde o esófago superior ate ao estômago. Mecanismos básicos responsáveis: • Causa funcional (alterações da função motora na orofaringe ou no esófago) • Causa orgânica (aperto mecânico da orofaringe ou do lúmen esofágico) Factores de risco de RGE Alimentos Chocolate, chá, café Relaxamento do EEI Tomate, bebidas com cola Irritação directa da mucosa esofágica Álcool Disrupção das junções intercelulares do epitélio esofágico;relaxamento do EEI; alteração da clearance esofágica Estilo de vida/actividades Vestuário apertado, flexão do tronco, deitar após refeições Aumento da pressão intra-abdominal Drogas e fármacos Relaxantes do músculo liso, progesterona, diazepan, nitratos, anticolinérgicos, inibidores dos canais de cálcio, nicotina Relaxamento da pressão do EEI; alterações da motilidade esofágica Gravidez Acção dos estrogénios e progesterona que inibem a pressão do EEI; pressão mecânica do útero sobre o estômago Condições médicas Síndrome CREST Alterações da motilidade esofágica, hipotonia do EEI, atraso no esvaziamento Diabetes mellitus Lesões miopáticas gástricas e esofágicas, perturbando a clearance esofágica e a tonicidade do EEI Síndrome de Sjögren e Sica A xerostomia perturba a clearance esofágica Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 37 Disfagia orofaringea Sintomas associados com a localização na orofaringe: • Incapacidade de mastigar; babar saliva ou alimentos, dificuldade em iniciar o acto da deglutição. • Pode surgir ainda tosse ou sufocação durante a refeição, regurgitação nasal de alimentos ou líquidos, aparecimento de disfagia um segundo após a deglutição • A maioria das causas de disfunção orofaringea radica no SNC ou em distúrbios neuromusculares • Os sintomas neurológicos de acidente vascular cerebral (AVC), de disfunção do cerebelo e de disfunção extrapiramidal apontam para disfagia orofaringea. Exames complementares de diagnóstico • Videofluoroscopia - Permite detectar e analisar deficiências funcionais na orofaringe • Nasoendoscopia • Tomografia computorizada • Ressonância magnética Disfagia esofágica Sintomas referidos a região retro-esternal ou epigástrica, mas também na furcula supraesternal ou no pescoço • Disfagia funcional – O bolo alimentar pode progredir com a ajuda de manobras nomeadamente com deglutição repetida, elevação dos braços acima da cabeça ou com manobra de Valsalva • Disfagia orgânica – A impactação dos alimentos só e habitualmente aliviada com a sua regurgitação Exames complementares de diagnóstico • Endoscopia digestiva alta • Manometria esofágica • Rx do tórax • Tomografia computorizada do tórax A maioria dos casos de disfagia orofaringea envolve alterações da função motora, enquanto a disfagia esofágica tem causas motoras ou mecânicas. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 38 Doença do refluxo gastro-esofágico • Lesões da mucosa esofágica relacionadas com refluxo - esofagite (esofagite péptica). • Esta pode complicar-se de estenose, úlcera, hemorragia ou de metaplasia cilíndrica do esófago distal – Esófago de Barrett. A DRGE é classificada: • Erosiva • Não erosiva (de acordo com os achados endoscópicos) A presença de hérnia do hiato por deslizamento aumenta o risco de DRGE: • Diminuição da clearance esofágica do ácido • Diminuição da acção esfincteriana do diafragma crural na junção esofago- gástrica. • Aumento do refluxo do conteúdo gastroduodenal para o esófago • O ácido clorídrico e o principal responsável pelas lesões da mucosa esofágica na doença do refluxo. • As anomalias motoras do EEI e alterações na motilidade esofágica são factores coadjuvantes Sintomas cardinais � Azia e regurgitação ácida - ulceração, estenose péptica, hemorragia, esófago de Barrett são Complicações possíveis ESTÔMAGO Náuseas e vómitos Náusea: Sensação desagradável de necessidade iminente de vomitar, usualmente referida a região faríngea ou ao epigastro Vómito: Expulsão oral forçada do conteúdo gástrico (contrariamente a regurgitação, em que a expulsão não é forçada), com contracção da musculatura abdominal, do diafragma e dos músculos respiratórios. Mecanismos e causas: A náusea e o vómito podem ser a expressão de alterações do tracto gastrointestinal, da cavidade peritoneal, sistema nervoso central (SNC), funções endócrinas e metabólicas. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 39 Anamnese Ter em consideração alguns aspectos como a duração, frequência e severidade dos sintomas: • Inicio agudo: Gastroenterite, pancreatite, colecistite ou efeito secundário a fármaco • Inicio insidioso e apenas náuseas: Gravidez, distúrbio metabólico ou gastroparesia Características dos episódios de vómitos • Jejum: Gravidez e uremia, abuso de álcool ou aumento da pressão intracraniana (jacto) • Horas após ingestão alimentar: Gastroparesia ou obstrução pilorica • Imediatamente após refeição: Origem psicogenica (anorexia nervosa, depressões) • Não digerido: Acalasia, diverticulo de Zenker ou estenose • Parcialmente digeridos: Gastroparesia, obstrução piloro-bulbar • Com bílis: Obstrução no intestino delgado • Com odor fecaloide ou de putrefacção: Obstrução intestinal Náuseas e vómitos consideram-se crónicos se a duração ultrapassar um mês Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 40 Sintomas associados • Perda ponderal significativa (causa tumoral / obstrução pilorica)• Cefaleias • Vómitos incoercíveis Consequências do vómito • Desnutrição: Redução na ingestão calórica ou perda de calorias ingeridas • Distúrbios metabólicos: Perda de potássio, depleção de sódio, alcalose metabólica Hemorragia digestiva alta Localiza-se acima do ângulo de Treitz Manifestação • Hematemese • Melena: Degradação bacteriana do sangue com formação de hematina; permanência no lúmen intestinal de 8h e perda de sangue de pelo menos 60cc • Hematoquezia: Sinónimo de hemorragia digestiva baixa, em alguns casos a causa e alta significando hemorragia grave e de grande débito • Hemorragia digestiva oculta: Detectável pela pesquisa de sangue oculto nas fezes ou anemia por carência de ferro (prevalência de 10%) Em cerca de 5% dos doentes com hemorragia gastrointestinal, a sede da hemorragia não e identificada • Hemorragia digestiva de causa obscura (endoscopia digestiva alta e colonoscopia normais) • Causa + frequente ectasias vasculares (angiodisplasias) no intestino delgado Causas de Hemorragia Digestiva Aguda Alta Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 41 Hemorragia digestiva baixa Localiza-se abaixo do anglo de Treitz Manifesta-se por: • Hematoquezia • Rectorragia • Melena (mas raramente) Fisiopatologia do estômago � A secreção gástrica é de 1500 cc nas 24 h. � A ingestão alimentar constitui o estímulo fisiológico mais potente da secreção ácida ao desencadear reflexos vagais e estimular a produção de gastrina. Em relação a ingestão alimentar divide-se a secreção gástrica em: • Fase cefálica – Estimulação vagal, perante a visão, o cheiro e a degustação dos alimentos. • Fase gástrica – O principal mediador desta fase e a gastrina. A distensão gástrica, mediante reflexos vagais, estimula também a produção de ácido. • Fase intestinal – E a menos conhecida; o mecanismo e misto, mas preferencialmente humoral, quer seja da gastrina duodenal, quer de outro péptido semelhante. A causa mais frequente de hemorragia digestiva baixa é a patologia hemorroidaria. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 42 • Fase interdigestiva ou secreção ácida basal – O nervo vago parece ser o mediador da secreção ácida nesta fase, que atinge o pico máximo a meia-noite e o mínimo as 7h da manha. As consequências da hipersecreção gástrica não são normalmente clinicamente relevantes, embora ocasionalmente possam surgir sintomas: • Dor retroesternal ou epigástrica e pirose • Aparecimento de úlceras • Diarreia (tumores secretores de gastrina) INTESTINO Diarreia Secreção e absorção de água e sódio • 7,5 L absorvidos no intestino delgado e 1,5 L no cólon. • As fezes contem 60 a 80 % de água no seu peso A capacidade de absorção do intestino delgado é praticamente ilimitada, a do cólon e de 5-6 L/dia (ascendente e transverso nos casos em que falha a absorção no intestino delgado) Sódio – Absorve-se no intestino delgado, em grande parte associado a glicose, arrastando consigo cloro e água. • Em troca com o potássio ao longo do intestino delgado e do cólon • Existe também intercâmbio cloro-bicarbonato Motilidade intestinal ���� é importante a motilidade do cólon Coordenação da motilidade do cólon • Estímulos com origem no SNC, nos reflexos locais dos plexos mioentericos • Actividade intrínseca do músculo liso do cólon e em algumas substâncias como colecistoquinina (mediadora do reflexo gastro-colico) e a motilina. Na hiposecreção as consequências não são clinicamente relevantes Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 43 • Sistema nervoso parassimpático � Estimula a motilidade e a secreção do cólon • Sistema nervoso simpático � Inibe a motilidade e a secreção do cólon � Cólon ascendente � Predominam as contracções segmentares, rítmicas, não propulsoras que prolongam o tempo de contacto entre a matéria fecal e a mucosa � Favorece absorção de água. � Cólon descendente � Actividade propulsora. Ao longo do dia podem ocorrer fases de peristaltismo intenso que ajudam o conteúdo fecal a dirigir-se para o recto. Diarreia - Definição Pode ocorrer: • Aumento do volume da água que penetra no cólon através da válvula ileo-cecal • Doença do cólon � Quer por lesão da mucosa quer por perturbação da motilidade • Osmolaridade elevada do líquido que chega ao cólon ou substancias que estimulam a secreção de agua e electrólitos Classificação fisiopatológica: • Secretoras • Exsudativas ou inflamatória • Osmóticas • Motoras Classificação clínica: • Agudas – Duração inferior a duas semanas • Crónicas – Evolução superior a duas semanas Diarreia secretora Surge devido a secreção activa do sódio e cloro que arrastam água: • Aumento da produção de AMPc, através da activação do sistema da adenilciclase � Enterotoxina colerica, recessão do ileon terminal. • Aumento da produção de GMPc - enterotoxinas de Shigella, Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Clostridium perfringens. • Dependentes do cálcio – A entrada de cálcio estimula em alguns casos a secreção activa de cálcio. Quando o número de evacuações por dia é igual ou superior a três. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 44 � Pensa-se que este e o mecanismo através do qual a serotonina actua quando produzida em excesso (tumores neuroendocrinos carcinoides). Diarreia exsudativa ou inflamatória Lesões da parede intestinal – Líquido pode ser purulento, com muco e muitas vezes com sangue (oculto ou macroscópico) e leucócitos. • Também conhecida por diarreia desinteriforme (Shigella ou pela Amebiase) Na maioria dos casos, a causa e inflamatória infecciosa ou não, também podem estar implicadas neoplasias (infiltrativas), amiloidose e alterações isquemicas. Diarreia osmótica Presença no lúmen intestinal de substâncias osmoticamente activas que atraem agua • Diarreia da síndrome da mal-absorção e mal-digestão, intolerância a lactose Diarreia motora O aumento do trânsito intestinal ou a sua diminuição podem perturbar a absorção adequada dos nutrientes. • Neuropatia autonómica da diabetes mellitus e o hipertiroidismo Consequências da diarreia Dependem da etiologia, da intensidade e da intensidade das perdas hidroelectroliticas • Perda de peso - Mais frequente nas diarreias crónicas, de tipo exsudativo e nas síndromes de mal-absorção. � Anemia, hipoproteinemia, esteatorreia, défice de vitaminas podem estar presentes � Diarreia crónica sem perda de peso - síndrome do cólon irritável • Desidratação – Frequente na diarreia aguda e profusa (diarreias secretoras) • Desequilíbrios hidroelectroliticos – Surgem como consequência das perdas excessivas de líquido. A dieta melhora a diarreia o que não sucede na diarreia secretora Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 45 Obstipação Situação em que a frequência de defecação e de duas vezes por semana ou menos Na ausência de sintomas de alarme: • Perda de peso • Hemorragia digestiva • Alterações recentes nos hábitos intestinais • Dor abdominal significativa Classificação fisiopatológica � Obstipação com origem no cólon: • Diminuição da motilidade – Aumento do volume das fezes e o crescimento da flora bacteriana; deficiente ingestão de água • Lesões neurológicas – Doença de Parkinson, esclerose múltipla, diabetes, esclerodermia • Alterações metabólicas/endócrinas – A hipercalcemia, a hipopotassemia deprimem a excitabilidade da musculatura lisa da parede abdominal. Hipotiroidismo, desidratação e porfiria. • Espasmo cólico – Hipersensibilidade dos músculos do cólon a estímulos psicogenicos ou a colecistocinina libertada durante a digestão. • Fármacos – Opiáceos, anticolinergicos, anti-depressivos e anticonvulsivos diminuem a motilidade • Causas orgânicas – Lesões que condicionam estenose do lúmen cólico: � De causa parietal (tumores,estenoses inflamatórias); � Extraparietal (compressão extrínseca); � Intraluminal (fecalomas, corpos estranhos). � Obstipação ano-rectal ou dissinergia ou anismus Dificuldade e incapacidade de expulsar as fezes do recto • Causas orgânicas – Patologia hemorroidaria, fissuras, processos inflamatórios ou tumorais da região ano-rectal • Alterações neurológicas – Lesões pélvicas inflamatórias, traumatismos e lesões tumorais, lesões medulares baixas • Diminuição da forca da musculatura da parede abdominal – Multiparas, idosos, doentes acamados, sedentarismo, hérnias abdominais volumosas, falta de exercício físico (alterações da parede abdominal, pavimento pélvico e diafragma). • Repressão na urgência de defecação – A repressão constante resulta numa diminuição da sensibilidade da ampola rectal a distensão. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 46 � Obstipação Idiopática Tenesmo Sensação de necessidade de evacuar que se acompanha de evacuação incompleta. Normalmente está associada a inflamação da mucosa do recto ou a presença de neoplasia. FÍGADO E VIAS BILIARES Icterícia – Coloração amarelada da esclerótica, pele e membranas mucosas, resultante da deposição nos tecidos de um excesso de bilirrubina serica. • Um doente aparece clinicamente icterico quando a bilirrubina serica excede os 2 – 3 mg/dl • A icterícia ocorre em quatro alterações diferentes do metabolismo da bilirrubina: • Aumento do teor de bilirrubina apresentado a célula hepatica • Irregularidade na captação e transporte da bilirrubina no interior do hepatocito • Distúrbios na conjugação da bilirrubina • Obstrução mecânica ou funcional do fluxo biliar através dos ductos do sistema biliar. Hemorragia digestiva: Complicação grave no doente com doença hepática – Hipertensão portal. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 47 Ascite e edemas Ascite - Acumulação de líquido na cavidade peritoneal, frequente nos doentes com doença hepática. Causas • Gerais � Retenção hidrossalina � Hipertensão portal pós-sinusoidal � Insuficiência cardíaca � Hipoalbuminemia (diminuição da pressão oncotica) � Insuficiência hepática � Síndrome nefrotica � Enteropatias com perda de proteínas • Locais � Hipertensão portal (aumento da pressão hidrostática � Aumento da permeabilidade dos capilares esplâncnicos � Inflamação (peritonite) � Tumores � Obstrução linfática � Lesões do canal torácico � Lesões dos gânglios abdominais � Produção hepática excessiva de linfa (hipertensão pos-sinusoidal Encefalopatia hepática - distúrbio neuropsiquiatrico secundário a perda de função hepática. Clinicamente caracteriza-se: � Agitação, desorientação, alterações do ritmo do sono, fala presa, tremor (asterixis). Dor biliar A prevalência de cálculos na vesícula biliar e bastante elevada; na maioria dos casos e assintomática e o diagnóstico é acidental. Cólica biliar - Causada por impactação de um cálculo no canal cístico, no coledoco (coledocolitiase) ou no canal hepático comum - distensão brusca das vias biliares Clinicamente: • Dor no hipocôndrio direito, irradiação para as costas, normalmente em direcção a linha media, para a região interescapular. • E continua, pode durar horas, e em alguns casos, dias, frequentemente acompanhada de náuseas e vómitos. • Pode ser causada pela ingestão de comidas gordas ou copiosas, após jejum prolongado e por vezes não existe factor desencadeante conhecido. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 48 Colecistite aguda – Inflamação aguda da parede vesicular, pode ser o resultado da impactação de um cálculo no canal cístico da vesícula biliar. Empiema – Complicação de colecistite aguda - Peritonite e fistula colecisto-enterica Colangite – Complicação frequente nos casos de coledocolitiase, os doentes referem para além de dor no hipocôndrio direito, febre e icterícia (tríade de Charcot). Insuficiência hepática O fígado pesa cerca de 1200 a 1600gr A perfusão hepática e singular por dois motivos: • O tecido hepático recebe sangue arterial (artéria hepática) e venoso (veia porta), permitindo, neste ultimo caso, que as substancias ingeridas passem pelo fígado. • Destaca-se o grande volume de sangue que entra e sai pelo fígado, (recebe 1400 a 1600ml de sangue por minuto, ou seja, do debito cardíaco, provindo 75% da veia porta e 25% da artéria hepática. Fígado – Função metabólica Em termos gerais, o fígado proporciona ao organismo a fonte de energia (glicose e ácidos gordos) necessária durante o período interdigestivo Hidratos de carbono Após a ingestão alimentar, a glicose e armazenada no fígado sob a forma de glicogénio ou de trigliceridos. Durante a fase de jejum é libertada para a corrente sanguínea a glicose procedente da degradação do glicogénio (glicogenolise) e a que e sintetizada a partir dos aminoácidos (gliconeogenese) Gorduras O fígado capta os ácidos gordos provenientes do tecido adiposo e sintetiza-os, utilizando o excesso de glicose e aminoácidos • Os triglicerideos das lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL) • São também produzidas no fígado as proteínas de alta densidade (HDL) O fígado e o único órgão capaz de produzir corpos cetonicos através dos ácidos gordos sendo estes fontes importante de energia, não só para o fígado, mas também para o organismo. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 49 Proteínas O fígado metaboliza selectivamente os aminoácidos ramificados; os não ramificados tem como destino o músculo Sintetiza proteínas plasmáticas, como por exemplo a albumina e os factores de coagulação Função biliar A bílis e constituída por sais biliares, bilirrubina, colesterol, fosfolipidos, electrólitos e água. Serve para: • Eliminar o colesterol, a bilirrubina e outros produtos • Manter o colesterol solúvel na bílis • Participar na digestão e absorção das gorduras no lúmen intestinal através do seu conteúdo em sais biliares. Biotransformação Os fármacos e as substâncias tóxicas, endógenas (como a bilirrubina) ou exógenas são submetidas a diversas transformações, que modificam a sua actividade e os tornam hidrossoluveis permitindo a sua eliminação, quer por via biliar, quer por via urinária. No reticulo endoplasmático: • Reacções de fase I – As substâncias são inactivadas ou transformadas numa substancia mais activa mediante reacções de redução, oxidação ou hidrólise. E nesta fase que intervêm o citocromo P450 • Reacções da fase II – Ou de conjugação com diversas substancias (ex: acido glucoronico) podem actuar isoladamente ou após as reacções de fase I e, quase sempre são inactivados. Fígado e Hormonas O fígado sintetiza proteínas transportadoras de hormonas na corrente sanguínea (ex: proteína fixadora das hormonas sexuais). Degrada as hormonas e facilita a sua eliminação. Fígado e Vitaminas Função de armazenamento de vitaminas Vitamina D e eliminada com a bílis e reabsorvida no intestino (circulação entero - hepática) Síntese de proteínas transportadoras de vitaminas no sangue periférico. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 50 Fígado e Metais Importante local de armazenamento de metais: • Ferro sob a forma de ferritina e de hemossiderina • Zinco e cobre • Síntese de transferrina (transporta o ferro) • Síntese de ceruloplasmina (transporta o cobre) Fígado e Equilíbrio Hidrossalino O fígado actua indirectamente a este nível, através da produção de albumina, que tem a propriedade de reter a água dentro do espaço intracelular. Fígado – Funções do Sistema Reticulo-endotelial As células de Kupfer fazem parte do sistema reticulo-endotelial, o fígado participa nas suas funções, que compreendem a fagocitose de elementos estranhos. Fígado - Insuficiência Hepática Caracteriza-se pela perda brusca ou lentamente progressiva das funções hepáticas: • Perturbações na síntesee excreção biliar • Alterações na síntese proteica • Alterações no funcionamento do SNC Aguda ou fulminante: Necrose massiva do fígado Lentamente progressiva (doenças hepáticas crónicas) - cirrose hepatica • A cirrose hepatica e um factor de risco para aparecimento de carcinoma hepatocelular, nomeadamente nos casos de cirrose etilica e virica (a virus C e/ou B) Na insuficiência hepática existe perda global das funções hepáticas. • Algumas funções hepáticas têm uma grande reserva funcional de bilirrubina (só se da a descompensação em fases mais avançadas da insuficiência hepática). • Factores da coagulação: alterações na síntese manifestam-se precocemente. • Sais biliares: captação e eliminação com manifestação precoce. Hipertensão portal Associada a insuficiência hepática pode condicionar o aparecimento de varizes esofágicas, de encefalopatia hepática e ascite. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 51 PÂNCREAS Pela localização profunda no abdómen, as manifestações clínicas das desordens pancreáticas são inespecíficas, levando muitas vezes a um diagnóstico tardio, nomeadamente em casos de neoplasia. • Mal-absorção - Necessária uma destruição de mais de 90% do parenquima pancreático. A dor de origem pancreática pode ocorrer associada a um aumento da pressão intraductal � Pancreatite aguda ou crónica Clinicamente: • Dor intensa, constante, pode aumentar com alimentos gordos ou com ingestão de álcool. • Outras vezes e insidiosa, inespecífica, como sucede no caso da neoplasia do pâncreas. Outras manifestações: • As doenças pancreáticas podem ocasionar � Ascite, derrame pleural (caracteristicamente no lado esquerdo) e icterícia por compressão do colédoco (frequente nos tumores da cabeça do pâncreas MAL-ABSORÇÃO E MAL-DIGESTÃO Mal-digestão – Problemas relacionados com a digestão de proteínas, hidratos de carbono e/ou gorduras Mal-absorção – Deficiente capacidade de absorção de proteínas, hidratos de carbono e/ou gorduras. Discreta alteração na absorção de vitaminas, minerais, agua e electrólitos • Na mal-absorção existe excreção fecal de gordura (esteatorreia). Digestão e absorção intestinal O intestino delgado mede aproximadamente 3,5 m no adulto. • Morfologia: Válvulas coniventes, vilosidades e microvilosidades. INTESTINO Vilosidades – Medem 0,05 a 0,1 mm de altura e projectam-se para o interior do lúmen intestinal. Estão revestidas por três tipos de células: Enterocitos, secretoras de muco e enterocromafins. A maior função do intestino delgado é a digestão e absorção de alimentos e nutrientes Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 52 Criptas de Liberkuhn: Localizam-se entre as vilosidades. A superfície de absorção aumenta exponencialmente devido a todos os elementos, mas principalmente devido as microvilosidades da membrana apical dos enterocitos. Digestão e absorção intestinal A digestão inicia-se no estômago com a acção do ácido clorídrico e da pepsina sobre os alimentos ingeridos • Intestino delgado proximal • Enzimas pancreáticas (amilase, lipase, quimiotripsina e outras peptidases) exercem a sua acção. Resultado dos processos de digestão: • Transformação dos hidratos de carbono - monossacarideos e dissacarideos • Proteínas – Aminoácidos e péptidos • Gorduras – Ácidos gordos e monoglicerideos � Estes nutrientes são transportados através das células intestinais ao longo do tubo digestivo sendo a motilidade intestinal facilitadora do transporte e absorção. Digestão e absorção dos hidratos de carbono HC da dieta - amido, glicogénio, dissacarideos e monossacarideos Amilase salivar e pancreática hidrolisam o amido: oligossacarideos e dissacarideos - produtos residuais maltose e maltotriose. Os dissacarideos são desdobrados por dissacaridases localizadas nas microvilosidades dos enterocitos: • Lactose _ glicose _ Galactose • Sacarose _ glicose _ Frutose • Maltose _ 2 moléculas de glicose Os monossacarideos são transportados por difusão para o interior dos enterocitos, alguns por transporte activo (glicose e galactose) e destes para a circulação portal. Digestão e absorção de gorduras � Fase intraluminal No contexto da digestão das gorduras as enzimas exocrinas pancreáticas são indispensáveis. A gordura ingerida encontra-se habitualmente sob a forma de trigliceridos de cadeia larga. Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 53 A lipase pancreática hidrolisa os triglicerideos da dieta, desdobrando-os em: • Monoglicerideos • Diglicerideos • Ácidos gordos livres Simultaneamente são libertadas das células endócrinas da parte alta do intestino delgado, a colecistocinina (estimula a secreção de enzimas pancreáticas e a contracção da vesícula biliar) e a secretina (estimula a secreção de bicarbonato). � Principais ácidos biliares - ácido cólico, quenodesoxicolico e desoxicolico � Reabsorção dos sais biliares - íleon terminal (cerca de 95% dos ácidos e sais biliares excretados) � Eliminação dos sais biliares - fezes Papel dos sais biliares: • Permitem que a lipase pancreática actue num pH óptimo, potenciando a sua actividade lipolitica • Actuam como detergentes ao solubilizarem os ácidos gordos e os monoglicerideos; estes e as vitaminas lipossoluveis ficam suspensos numa solução aquosa • Estimulam a captação celular dos ácidos gordos e a esterificacao destes ácidos em triglicerideos nas células intestinais. � Fase intracelular ou intramucosa Os ácidos gordos e os monoglicerideos penetram nos enterocitos por difusão. Os de cadeia longa (+ de 12 átomos de carbono), são re-esterificados em trigliceridos por enzimas localizados no reticulo endoplasmatico. Ácidos gordos de cadeia média (entre 8 a 12 átomos de carbono) penetram directamente no sistema venoso portal sem re-esterificacao e são transportados em conjunto com a albumina. Absorção de aminoácidos Pepsina � Degrada as proteínas da dieta dentro do estômago Proteínas não digeridas - Sofrem no intestino delgado próximas acção das enzimas pancreáticas: • Endopeptidases (tripsina, quimiotripsina e elastase) • Exopeptidases (carboxipeptidases A e B) Lugares de absorção dos principais nutrientes o Intestino delgado próximal – Ferro, cálcio, gorduras, açúcares e aminoácidos. Alterado em: • Gastrectomia B II • Recessão jejunal • Doença celiaca o Intestino delgado médio - açúcares, aminoácidos. Alterado em: • Grande recessão intestinal Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 54 o Intestino delgado distal - Sais biliares e vitamina B12. Alterado em : • Recessão do ileon • Patologia do ileon: o Enterite regional o Sprue não tropical o Linfoma o Cólon – Água e electrólitos • As vitaminas lipossolúveis (A,D,E e K) são absorvidas no intestino delgado próximas por difusão passiva, sendo posteriormente transportadas e armazenadas no fígado. • A vitamina B12 (ligada ao factor intrínseco) e os sais biliares são absorvidos no íleon terminal. Síndrome de Mal-absorção e Mal-digestão Causas: A mal-digestão pode ser de origem: • Gástrica • Pancreática • Défice de sais biliares no lúmen intestinal A mal-absorção surge associada: • Lesões da parede intestinal • Diminuição da superfície de absorção • Perturbação da irrigação sanguínea • Obstrução dos vasos linfáticos Consequências Manifestações clínicas dependem: • Respectiva etiologia • Intensidade do processo • Fase em que e observado O doente pode evidenciar, de forma exuberante, sintomas e sinais típicos, mas por vezes apresenta apenas anemia ferripriva. Presença no lúmen intestinal de nutrientes não digeridos ou não absorvidos, dando origem a desnutrição Fisiopatologia Ortóptica Diana F - Pedro R 2010 55 O sintoma mais característico e a presença de esteatorreia (gordura> 7g/dia nas fezes); as fezes são volumosas, moles, cor amarelada, aspecto
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