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Apostila - Filosofia e Etica - ADM03012 - 2019

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Prévia do material em texto

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS 
PROGRAMA DE CERTIFICAÇÃO DE 
QUALIDADE 
 
ESTRUTURA CURRICULAR 2016.1 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 
 
 
APOSTILA 
Disciplina: Código: Período: 
Estrutura 
Curricular: 
 FILOSOFIA E ÉTICA ADM03012 3º 2016/1 
Professor Elaborador: 
 
CLÁUDIA BOMFIM 
 
 
 
 
 
 
 
1 
 
FILOSOFIA E ÉTICA - ADM03012 
Profa. Cláudia Bomfm 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 
 
 
Sumário 
 
Capítulo 1 - Introdução à Filosofia e Ética .............................................................................. 3 
1.1. A pergunta é: Por quê? .................................................................................................. 4 
1.2. Ética ou Filosofia Moral.................................................................................................. 6 
1.3. Filosofia e Ética na Administração ............................................................................... 8 
1.4. Praticando – questões para reflexão ........................................................................... 9 
Capítulo 2 – Outros temas da filosofia .................................................................................. 11 
2.1. O conhecimento ............................................................................................................ 12 
2.2. A verdade como um valor .......................................................................................... 14 
2.3. Filosofia Política ............................................................................................................ 14 
2.4. Praticando – Reflexões ............................................................................................... 16 
Capítulo 3 – Os Antigos ........................................................................................................... 18 
3.1. O conhecimento mítico ................................................................................................ 19 
3.2. Os Pré-Socráticos ......................................................................................................... 20 
3.3. Os Sofistas ..................................................................................................................... 21 
3.4. Sócrates ......................................................................................................................... 22 
3.5. Platão .............................................................................................................................. 23 
3.6. Aristóteles ...................................................................................................................... 24 
3.7. Período Helenístico e Romano ................................................................................... 25 
3.8. A virtude como justa medida ....................................................................................... 26 
3.9. Praticando – Conhecendo outras filosofias .............................................................. 28 
Capítulo 4 – Filosofia Patrística e Filosofia Escolástica ..................................................... 30 
4.1. A filosofia patrística e Santo Agostinho ..................................................................... 30 
4.2. A filosofia escolástica e São Tomás de Aquino ....................................................... 31 
4.3. Moral e religião na Idade Média ................................................................................. 33 
4.4. Praticando – Sugestões de Filmes ............................................................................ 35 
Capítulo 5 – A Filosofia da Renascença ............................................................................... 38 
5.1. Giordano Bruno ............................................................................................................. 39 
5.2. Maquiavel e a moral de um príncipe .......................................................................... 39 
5.3. Praticando – Extrato de O Príncipe, de Maquiavel ................................................. 41 
Capítulo 6 – Filosofia Moderna .............................................................................................. 44 
 
2 
 
FILOSOFIA E ÉTICA - ADM03012 
Profa. Cláudia Bomfm 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 
 
6.1. O Racionalismo Cartesiano ........................................................................................ 45 
6.2. Descartes e a moral provisória ................................................................................... 46 
6.3. O empirismo inglês ....................................................................................................... 47 
6.4. A ética como fruto de um pacto .................................................................................. 50 
6.5. Praticando – Código de Ética ..................................................................................... 51 
Capítulo 7 – Filosofia da ilustração ........................................................................................ 53 
7.1. O empirismo de David Hume ...................................................................................... 54 
7.2. Jean-Jacques Rousseau ............................................................................................. 54 
7.3. Rousseau e o contrato social ...................................................................................... 56 
7.4. Immanuel Kant .............................................................................................................. 57 
7.5. A moral da razão prática kantiana ............................................................................. 59 
7.6. Praticando – Humor inteligente .................................................................................. 61 
Capítulo 8 – A filosofia contemporânea ................................................................................ 62 
8.1. História e progresso ..................................................................................................... 63 
8.2. O utilitarismo inglês ...................................................................................................... 65 
8.3. O materialismo histórico .............................................................................................. 67 
8.4. A oposição ao racionalismo ........................................................................................ 70 
8.5. Existencialistas e pós-modernos ................................................................................ 72 
8.6. Praticando – As mulheres na filosofia ....................................................................... 74 
Anexo I – Caso para análise ................................................................................................... 79 
Anexo II – Caso para análise ................................................................................................. 83 
Anexo III – Sugestões de Vídeos ........................................................................................... 86 
Anexo IV – Respostas: questões do capítulo 1 ................................................................... 88 
Referências bibliográficas ....................................................................................................... 91 
 
 
 
 
 
3 
 
FILOSOFIA E ÉTICA - ADM03012 
Profa. Cláudia Bomfm 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 
 
Capítulo 1 - Introdução à Filosofia e Ética 
 
“Pior do que não saber, é fingir que sabe; pior do que não conhecer, é 
fingir que conhece. O conhecimento e, portanto, a inovação, começa 
exatamente quando sei que não sei algo, quando tenho consciência da 
minha ignorância e enxergo a urgência em saná-la.” 
(Cortella, 2009:7) 
Iniciamos nosso curso já com uma pergunta: Para que servem a Ética e a 
Filosofia? 
E quando você pensou que ia obter a reposta, eis que vamos lhe indicaroutros 
questionamentos. Por que não aproveitar para nos perguntarmos no que 
acreditamos? Será que temos clareza com relação aos princípios que regem 
nossas vidas? E indo um pouco mais além: no que estariam baseados esses 
princípios? 
Em nossa vida cotidiana, afirmamos, negamos, desejamos, acreditamos ou 
recusamos coisas, pessoas, situações e tudo isso indica quais são as nossas 
crenças. Nossas crenças são aquelas coisas ou ideias em que acreditamos sem 
questionar, que aceitamos porque são óbvias, evidentes. 
Indagar o que são as crenças e os sentimentos que alimentam a existência e o 
porquê de tais crenças e sentimentos nos leva à chamada atitude filosófica. É 
essa atitude filosófica que vai nos ajudar a responder às nossas indagações. 
Para tanto, precisaremos dizer não aos preconceitos, aos pré-juízos; interrogar 
sobre o que são as coisas, as ideias, os fatos. A mescla dessas habilidades 
possibilitará que nos tornemos indivíduos capazes de examinar e avaliar 
detalhadamente uma ideia, um valor, um costume, um comportamento, uma 
obra artística ou científica, sem preconceitos e sem pré-julgamento; exercitando 
nossa capacidade para julgar, discernir e decidir corretamente, tomando como 
base uma atitude crítica diante da realidade que nos é apresentada. 
 
 
4 
 
FILOSOFIA E ÉTICA - ADM03012 
Profa. Cláudia Bomfm 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 
 
1.1. A pergunta é: Por quê? 
Em português, a palavra “filosofia” possui um sentido muito amplo. Dizemos que 
determinada empresa possui uma nova “filosofia” de trabalho, abolindo a 
hierarquia, por exemplo; ou que aquela população ribeirinha tem uma “filosofia” 
de vida invejável ou que meu amigo resolveu seguir a “filosofia” hindu. Nesses 
exemplos, a palavara “filosofia” parece ter a ver com uma concepção, um saber. 
No entanto, é importante demarcar que 
“A filosofia tem suas origens e ponto de partida quando o pensamento 
investigador do homem se volta reflexivamente sobre si próprio e seu 
conteúdo de conhecimentos já elaborados e conceituados, ou em via 
de elaboração, a fim de aferi-los, compreender o processo de sua 
elaboração, conceder-lhe segurança e orientação adequadas para a 
utilização prática a que se destinam” (Prado Junior, 2008:29). 
A disciplina acadêmica que se intitula filosofia usa essa palavra num sentido 
estrito: 
Filosofia – palavra de origem grega 
philos = amigo; sophia = sabedoria 
Designa um tipo de especulação que se originou e atingiu seu apogeu entre os 
antigos gregos e que teria nascido entre o fim do século VII a.C. e o início do 
século VI a.C., nas colônias gregas da Ásia Menor, na cidade de Mileto. 
As viagens marítimas, a invenção do calendário, a invenção da moeda, o 
surgimento da vida urbana, a invenção da escrita alfabética e a invenção da 
política teriam sido as condições históricas para o surgimento da filosofia, já que, 
nesses momentos, mito e religião teriam cedido lugar à razão. A Filosofia busca 
refletir sobre a realidade, qualquer que seja ela, objetivando descobrir seus 
significados. 
Para Caio Prado Junior (Idem), “o conhecimento do conhecimento, ou seja, o 
conhecimento como ‘objeto do conhecimento’, o que vem a ser o ato ou ato de 
 
5 
 
FILOSOFIA E ÉTICA - ADM03012 
Profa. Cláudia Bomfm 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 
 
‘conhecer’; e como se realiza esse fato, qual a sua sequência”, seriam as 
questões das quais se ocupa a Filosofia.1 
Portanto, lembre-se: Filosofia não é um “eu acho que” ou um “eu gosto de”. As 
indagações filosóficas se realizam de modo sistemático. 
“Filosofia é um modo de pensar sistemático, organizado e metódico 
com questões precisas daquilo que se faz, para indagar sobre os 
porquês. E por que não é como. Quem pergunta pelo como é a 
ciência.” (Cortella, 2007:7,8) 
Segundo alguns autores, para que possamos exercitar um pensar filosófico, ou 
chegarmos ao ponto de “filosofar”, precisamos de algumas certezas e, ao mesmo 
tempo, precisamos duvidar e colocar em questão as heranças filosóficas que 
recebemos. Indo um pouco além, talvez fosse necessário optar entre o ceticismo 
ou o dogmatismo. Ou, quem sabe, não seria possível beber na fonte de ambos? 
O ceticismo é a corrente de pensamento que duvida de toda e qualquer 
possibilidade de se chegar ao conhecimento verdadeiro. Já o dogmatismo parte 
da admissão de que é possível conhecer as coisas em si e de que esse 
conhecimento é confiável para nos guiar na vida prática, sendo a doutrina ou 
atitude que afirma, de modo absoluto, sermos capazes de chegar a verdades 
seguras exclusivamente por meio do uso da razão. 
Mas o que é a verdade? 
Existe apenas uma concepção de verdade? 
E você? Tem uma verdade ou várias? 
Ao longo dos séculos, a Filosofia demonstrou um conjunto de preocupações, 
indagações e interesses que lhe vieram desde seu nascimento na Grécia. Esses 
interesses permitiram algumas divisões da Filosofia em campos que variaram ao 
longo do tempo. 
Na época de Aristóteles, a filosofia se dividia em Lógica ou os processos de 
alcançar o conhecimento sobre as coisas, sobre o ser das coisas; Física, que 
 
1 Ou, mais precisamente, o autor indica que tais questionamentos se agrupam na disciplina 
conhecida por teoria do conhecimento, epistemologia ou gnosiologia. Disicplinas essas que 
constituem, segundo consenso generalizado, capítulos da filosofia (Prado Junior, 2008: 16). 
 
6 
 
FILOSOFIA E ÉTICA - ADM03012 
Profa. Cláudia Bomfm 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 
 
compreendia os saberes sobre tudo o que existe ou pode existir, dos seres da 
natureza ao espírito humano; Ética, que tratava do agir, das ações humanas, do 
que o ser humano é e do que o ser humano faz. 
Atualmente, a Filosofia compreende a Ontologia, que se caracteriza pela 
reflexão sobre a natureza do ser, sobre os objetos em geral; a Gnosiologia, que 
é a reflexão sobre a natureza e as condições do conhecimento; e a Axiologia, 
que é a reflexão sobre os valores. A Axiologia compreende a Ética e a 
Estética. 
1.2. Ética ou Filosofia Moral 
Ética é a parte da filosofia que se ocupa das ideias morais. Como disciplina, a 
ética é uma meta moral, uma reflexão sobre os fundamentos das normas morais 
e sobre sua justificação. 
“O termo moral designa o conjunto de atitudes humanas relacionadas 
aos costumes. Separa o ‘certo’ do ‘errado’, o ‘preferível’ do ‘detestável’ 
em sistemas de regras e normas que todos devemos observar no plano 
individual e no coletivo, no plano pessoal e no social.” (Thiry-Cherques, 
2008:30) 
A tradição filosófica emprestou ao termo ética uma acepção científica: a da 
reflexão sobre a conduta e sobre os princípios que permitem separar o bem do 
mal, o certo do errado. Ao longo dos séculos, a Filosofia demonstrou um conjunto 
de preocupações, indagações e interesses que lhe vieram desde seu 
nascimento na Grécia. Esses interesses permitiram algumas divisões da 
Filosofia em campos que variaram ao longo do tempo. 
Mas e a moral? 
Bem, a moral responde à pergunta: “O que deve ser feito?”, sendo um conjunto 
de deveres que são reconhecidos como legítimos, ainda que esses deveres 
venham a ser violados em algum momento (Comte-Sponville, 2002). 
“É a lei que imponho a mim mesmo, ou que deveria me impor, 
independentemente do olhar do outro e de qualquer sensação de 
recompensa. ‘O que devo fazer?’ e não: ‘O que os outros devem 
fazer?’. É o que distingue a moral do moralismo” (Idem) 
 
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FILOSOFIA E ÉTICA - ADM03012 
Profa. Cláudia Bomfm 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 
 
Pode-se pensar sobre a moral de três maneiras diferentes. A primeira delas é 
indagando-se se uma ação particular ou tipo de ação é certa ou errada. Por 
exemplo, o aborto ou a eutanásia são certos ou errados? Mentir pode ser 
admissível? É a chamada Ética prática. Pode-se tentar, também, entender as 
mesmas ideias considerandonossas próprias ações, ou considerando o tipo de 
pessoas que podemos ser ou nos tornar, a chamada Ética normativa. Ou, ainda, 
pode-se pensar crítica e reflexivamente sobre a moral, estudando as próprias 
ideias de certo e errado, bom e mau, a chamada Metaética. 
A moral diz respeito não só a situações práticas, mas a ideias sobre a natureza 
humana e sobre como “valores morais” se inserem em nossa concepção 
científica do mundo. 
Mas o que são valores? 
Valor é um bem subjetivo. Um valor é o que desperta interesse ou estima. “O 
termo ‘valor’ deriva da esfera econômica, da palavra grega áksios,a,on, o que é 
valioso, o que merece o seu preço. O valor qualifica o bom e o que é útil.” (Thiry-
Cherques, 2008:31) 
Existe o mundo das coisas e o mundo dos valores. O valor é sempre uma relação 
entre o sujeito que valora e o objeto que é valorado, não havendo, portanto, valor 
em si, mas valor para alguém. A Axiologia, portanto, reflete sobre o significado 
do conceito de valor, os chamados juízos de valor, buscando explicitar a 
natureza e as características do valor. 
Foi a filosofia kantiana que preparou o campo para as discussões axiológicas 
contemporâneas, na medida em que afirmava que caberia ao sujeito 
transcendental assumir o peso e a responsabilidade de seus valores. O sujeito 
seria um ser autônomo, ou seja, um ser capaz de julgar por si próprio ao fazer 
juízos estéticos e morais. 
Mas, e quanto aos juízos de valor? 
Quando enunciamos um acontecimento constatado por nós, proferimos o 
chamado juízo de fato. Um exemplo é se digo “está chovendo”. Os juízos de fato 
dizem o que algo é ou existe, e dizem o que as coisas são e como são e por que 
são. Diferentemente dos juízos de fato, existem os juízos de valor, que são 
 
8 
 
FILOSOFIA E ÉTICA - ADM03012 
Profa. Cláudia Bomfm 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 
 
avaliações sobre as coisas, pessoas, situações e são proferidos na moral, nas 
artes, na política, na religião. Ao dizer “a chuva me faz mal”, estou interpretando 
e avaliando o acontecimento. 
“Juízos de valor não se contentam em dizer que algo é ou como algo 
é, mas se referem ao que algo deve ser. Dessa perspectiva, os juízos 
morais de valor são normativos, isto é, (...) são normas que determinam 
o dever ser de nossos sentimentos, nossos atos, nossos 
comportamentos.” (Chauí, 2010:307) 
Ética é a parte da filosofia que se ocupa das ideias morais. Como disciplina, a 
ética é uma reflexão sobre os fundamentos das normas morais e sobre sua 
justificação (Thiry-Cherques, 2008). 
Vale reiterar que toda cultura e cada sociedade institui uma moral, que é 
constituída de valores concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido 
e à conduta correta e incorreta. Nesse contexto, a Ética, como disciplina, 
configura-se como uma reflexão que discute, problematiza e interpreta o 
significado dos valores morais, nascendo quando se passa a indagar o que são, 
de onde vêm e o que valem os costumes. 
Será que todas as sociedades possuem a mesma moral? A moral pode ser 
relativa? 
1.3. Filosofia e Ética na Administração 
Como um campo novo de investigação, essa disciplina propõe mais perguntas 
do que oferece respostas: quais os deveres em relação à comunidade em que a 
organização está inserida? É justo blefar em uma negociação? A competição é 
moralmente justificada? 
Fazer as perguntas corretas e formulá-las adequadamente talvez seja o grande 
desafio da ética neste momento. 
Uma grande variedade de temas é abordada sob a insígna da Ética na 
Administração: 
 A ética com relação a produtos  São eticamente questionáveis as 
decisões de promover e vender produtos de segurança ou valor 
questionáveis para o consumidor, como, por exemplo, cigarros e álcool? 
 
9 
 
FILOSOFIA E ÉTICA - ADM03012 
Profa. Cláudia Bomfm 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 
 
 A ética na propaganda  Como lidar com a propaganda enganosa? Em 
algum caso ela é legítima? 
 A ética na concorrência  O que carcateriza uma concorrência desleal? 
 A ética no trabalho  As diferenças salariais são justificáveis do ponto de 
vista ético? Até onde vai a responsabilidade das empresas para com seus 
empregados? 
Organizamos esse emaranhado de perguntas para tentar mostrar que essas 
reflexões estão diretamente ligadas à filosofia, já que será nos baseando naquilo 
em que acreditamos, nos princípios que regem nossas vidas, que 
conseguiremos respondê-las. E é a filosofia que nos ajuda a pensar em que 
estão baseados esses princípios e seus porquês. 
1.4. Praticando – questões para reflexão 
 
Questão 1 
A figura a seguir pode ser usada para ilustrar o conceito de moral em filosofia. 
 
Imagem: Google Imagens 
Relacione o conceito de moral visto em sala de aula e em sua apostila à figura 
acima. 
Adaptada da prova nacional de Filosofia e Ética do programa de Certificação de Qualidade FGV, 2017.1 
 
 
10 
 
FILOSOFIA E ÉTICA - ADM03012 
Profa. Cláudia Bomfm 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 
 
Questão 2 
As imagens a seguir dizem respeito ao tratamento dado às propagandas de 
cigarro no Brasil. A primeira imagem é da década de 1970, a segunda mostra 
uma embalagem de cigarro hoje, já que uma lei obriga que as embalagens 
advirtam os consumidores sobre os riscos do fumo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A partir da comparação entre as duas imagens e considerando o que elas 
representam, no que diz respeito ao conceito de valor, o que se pode inferir? 
Adaptada da prova nacional de Filosofia e Ética do programa de Certificação de Qualidade FGV, 2017.1 
Questão 3 
Considere a charge a seguir: 
 
 
A charge acima, utilizando-se da ironia, chama a atenção para o papel da 
Filosofia em nossas vidas. Considerando a charge, qual seria esse papel da 
Filosofia? 
Adaptada da prova nacional de Filosofia e Ética do programa de Certificação de Qualidade FGV, 2017.1 
 
11 
 
FILOSOFIA E ÉTICA - ADM03012 
Profa. Cláudia Bomfm 
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Capítulo 2 – Outros temas da filosofia 
Já é de nosso conhecimento que a filosofia nasceu entre os gregos, no século 
VI a.C. Esse modo de pensar, essa postura diante do mundo, que vai além da 
aparência dos fenômenos, em seu nascimento, englobava tanto a indagação 
filosófica, quanto o que chamamos hoje de conhecimento científico (Aranha e 
Martins, 2005). O filósofo teorizava sobre todos os assuntos, até que no século 
XVII, com Galileu Galilei e o aperfeiçoamento do método científico, a ciência 
passa a se constituir como uma forma específica de abordagem da realidade, 
estabelecendo seu campo. 
Ainda assim, a reflexão filosófica seguiu se interessando pelos mais variados 
temas: a ciência, seus valores e seus métodos, seus mitos; a religião; a arte; o 
ser humano em sua vida cotidiana. Enfim, tudo pode vir a ser objeto da reflexão 
filosófica (Idem), pois 
“A filosofia é um jogo irreverente que parte do que existe, critica, coloca 
em dúvida, faz perguntas importunas, abre a porta das possibilidades, 
faz-nos entrever outros mundos e outros modos de compreender a 
vida.” (Ibidem: 12) 
Dentre os temas de interesse da filosofia, podemos destacar: o conhecimento, a 
metafísica, a moral, a mente, a religião, a política e a ciência, só para citar alguns 
exemplos. 
Um dos mais antigos temas da filosofia é aquele que busca responder a 
questões fundamentais sobre a natureza da realidade, a metafísica. A questão 
fundamental da metafísica seria “o que é?” 
“A metafísica é a investigação filosófica que gira em torno da pergunta 
‘O que é’?. Este ‘é’ possui dois sentidos: 
1. Significa ‘existe’, de modo que a pergunta se refere à existência da 
realidade e pode ser transcrita como: ‘O que existe?’ 
2. Significa ‘natureza própria de alguma coisa’, de modo que a pergunta 
se refere à essência da realidade, podendo ser transcrita como: ‘Qual 
é a essência daquilo que existe?’ 
Existência e essência da realidadeem seus múltiplos aspectos são 
assim, os temas principais da metafísica que investiga os fundamentos, 
os princípios e as causas de todas as coisas e o Ser íntimo de todas 
 
12 
 
FILOSOFIA E ÉTICA - ADM03012 
Profa. Cláudia Bomfm 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 
 
as coisas, indagando por que existem e por que são a questão.” 
(Chauí, 2010:180,181) 
Vale acrescentar que a palavra metafísica não foi empregada pelos filósofos 
gregos, ela foi usada pela primeira vez para denominar o conjunto de escritos 
que, segundo a classificação de Andrônico de Rodes,2 localizavam-se após os 
tratados sobre física ou sobre a natureza. Meta: “após, depois”; tà physica: 
“aqueles da física”. “Assim, a expressão tà meta tà physica significa literalmente 
‘aqueles [escritos] que estão [catalogados] após os [escritos] da física”. 
(Idem:183) 
Outro tema da filosofia diz respeito aos questionamentos sobre “o que é a 
mente”? A questão reside no âmago da filosofia da mente e, apesar dos esforços 
de alguns dos maiores filósofos e cientistas do mundo, continua sendo 
profundamente desconcertante. Não menos desconcertante tem sido a busca 
pela resposta sobre a existência de Deus. Ao indagar como Deus é, como 
podemos saber sobre Deus e como devemos compreender a linguagem e a 
crença religiosas, a filosofia da religião discute o lugar da razão na formação da 
crença religiosa. 
Seria um erro considerar cada um desses temas da filosofia como 
campos de investigação estanques. 
Eles se sobrepõem. 
Bem, nós não vamos estudar aqui todas as áreas investigadas pela filosofia. 
Privilegiaremos aquelas cujas ideias e discussões consideramos essenciais a 
um administrador. Focaremos, portanto, nossa atenção no Conhecimento, na 
Filosofia Moral e na Filosofia Política. 
2.1. O conhecimento 
Quando a filosofia se volta para o tema do conhecimento, ela pretende 
descobrir o que é possível saber, como se chega ao que se sabe e o que é 
conhecimento. Na verdade, essas seriam as questões centrais para a filosofia 
como um todo. 
 
2 Andrônico de Rodes usou pela primeira vez a palavra metafísica, por volta do ano 50 a.C., 
quando da sua organização e classificação da obra de Aristóteles. 
 
13 
 
FILOSOFIA E ÉTICA - ADM03012 
Profa. Cláudia Bomfm 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 
 
Dá-se o nome de conhecimento à relação que se estabelece entre um sujeito 
cognoscente (ou uma consciência) e um objeto. 
O conhecimento pode ser definido como a apreensão do objeto pelo sujeito. 
Nesse sentido, haveria diversos tipos de conhecimento: 
 conhecimento por contato (“conheço bem minha cidade”) 
 enquanto habilidade (“sei dirigir”) 
 conhecimento proposicional (“sei que águias são aves”) 
A filosofia volta-se, sobretudo, para o terceiro: o que é conhecer uma 
proposição? 
Proposição = enunciado declarativo que faz uma afirmação. 
Na vida diária, damos por certo que podemos “saber” tais proposições, 
confiando, por exemplo, nas evidências imediatas de nossos sentidos ou 
lembrando o que aprendemos no passado. Mas será que conhecemos de fato 
tanto quanto pensamos conhecer? 
Em filosofia, a questão do que podemos conhecer é de importância fundamental. 
Mas o que se entende por conhecimento? Para Platão,3 conhecimento é a 
crença verdadeira justificada. Crenças devem ser tanto verdadeiras quanto 
apoiadas por fortes evidências para se qualificarem como conhecimento. Mas 
essa definição foi criticada. Um debate que é travado nesse campo põe em 
relação dois caminhos: 
 Visão racionalista  procura estabelecer se a razão pura pode produzir 
conhecimento por si só. 
 Visão empirista  acredita que dependemos da experiência sensorial 
para chegarmos ao conhecimento. 
De toda forma, para alguns pensadores, o conhecimento almeja ser verdadeiro. 
Seria o desejo do verdadeiro que moveria a Filosofia e suscitaria filosofias. 
 
 
3 Platão faz essa afirmação no Teeteto, diálogo escrito por ele no qual o autor discorre sobre a 
natureza do conhecimento. 
 
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2.2. A verdade como um valor 
Quando dizemos que uma casa é verdadeira, estamos dizendo que ela existe na 
realidade, ou seja, não é um desenho de uma casa ou uma casa de brinquedo. 
O sentido do termo verdade no senso comum é existência real. 
Em filosofia, verdade não qualifica o objeto, mas é um valor que diz respeito aos 
juízos e às asserções sobre lógica. Para saber se esses juízos e afirmações são 
verdadeiros, há pelo menos quatro critérios: 
 Evidência: algo que é considerado coletivamente, não pode ser recusado 
como verdade. 
 Conformidade: pressupõe a identidade entre a verdade do ser e a 
verdade do conhecimento. 
 Êxito: o conhecimento será verdadeiro se os resultados e as suas 
aplicações práticas forem úteis e puderem ser verificados. 
 Não contradição: é a verdade lógica que se dá dentro de uma 
determinada linguagem, podendo ser atingida obedecendo-se às normas 
e ao funcionamento dessa linguagem. 
Ao longo da história, os filósofos adotaram concepções diferentes de verdade, 
dependendo da sociedade e da cultura em que estavam inseridos bem como da 
corrente filosófica à qual estavam ligados. 
2.3. Filosofia Política 
Caracterizada como o estudo de como organizamos nossas sociedades, o modo 
como realmente fazemos e o modo como poderíamos fazê-lo para torná-las 
melhores, a filosofia política enfrenta o desafio de descobrir o que termos como 
liberdade, igualdade, justiça, direitos, por exemplo, significam de fato, e o que 
podemos fazer para colocá-los em prática de modo articulado. 
A articulação desses termos e suas relações com a moral nos remetem à tensão 
entre a ética e a polícia. A filosofia política busca dar conta das reflexões acerca 
das concepções que nos dizem o que é moralidade e ajudam a descrever o que 
é importante numa vida moral, além de refletirem sobre o fenômeno político, 
elaborando teorias para explicar sua origem, finalidade e suas formas. 
 
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Filósofos se ocuparam de política desde o tempo dos gregos antigos. A 
República, de Platão, que expôs sua visão sobre como uma comunidade política 
ideal deveria funcionar, inaugurou um debate que prossegue até os dias de hoje. 
A Filosofia Política pergunta-se sobre as ideias-chave que regulam e moldam 
nossas vidas políticas – conceitos como justiça, igualdade e liberdade. Ao longo 
da história, vários filósofos pensaram a respeito dessas ideias-chave, 
relacionando-as com a moral e a ética. 
A palavra política vem do termo grego polis, que significa “cidade”, sendo arte de 
governar, de gerir os destinos da cidade. Costuma-se dizer que a política como 
reflexão surgiu na Grécia nos séculos V a.C. e IV a.C. com os sofistas, e, depois, 
com Platão e Aristóteles, que buscavam explicar as virtudes e mazelas das 
formas de governar, propondo a melhor maneira de agir na vida pública. 
“Política e Filosofia nasceram na mesma época. Por serem 
contemporâneas, diz-se que ‘a Filosofia é filha da pólis’ e muitos dos 
primeiros filósofos (os chamados pré-socráticos) foram chefes políticos 
e legisladores de suas cidades. Por sua origem, a Filosofia não cessou 
de refletir sobre o fenômeno político, elaborando teorias para explicar 
a origem dele, sua finalidade e suas formas.” (Chauí, 2010: 355) 
A Política teria como finalidade a vida justa e feliz, sendo inseparável da Ética. 
Para os gregos, era inconcebível a Ética fora da comunidade política, pois nela 
a natureza ou essência humana encontrava sua realização mais alta. Sendo 
assim, Ética (no sentido de estudo dos problemas individuais) e Política (no 
sentido de estudo dos problemas sociais)eram inseparáveis para os antigos. 
No período helenístico, e posteriormente em Roma, surgem alguns movimentos 
com preocupações basicamente éticas, centrados nos indivíduos. Na Idade 
Média, o Cristianismo introduz noções que serão essenciais na formação da 
consciência ética ocidental. É somente a partir do Renascimento que o poder 
político começa a se libertar da teologia, diferenciando Estado de Igreja. 
Baseando-se nessas ideias, alguns autores – como Hermano Roberto Thiry-
Cherques – optaram por classificar essas concepções e seus principais teóricos 
em correntes éticas. Em cada uma delas, encontraremos teorias relacionadas à 
Ética e à Política de forma entrelaçada. Daqui por diante, encontraremos 
 
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algumas concepções éticas correlacionadas ao tempo e aos filósofos que delas 
se ocuparam. 
2.4. Praticando – Reflexões 
Veja esta gravura de MC Escher: 
 
Queda de Água 
Observe a cascata com cuidado. O que você percebeu? 
E as torres? São da mesma altura? Mas, e a da direita? Não está em um andar 
mais baixo do que a da esquerda? 
Maurits Cornelis Escher (1898 - 1972) 
Foi um artista gráfico holandês conhecido pelas suas xilogravuras, litografias e 
meios-tons (mezzotints), que tendem a representar construções impossíveis, 
preenchimento regular do plano, explorações do infinito e as metamorfoses – 
 
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padrões geométricos entrecruzados que se transformam gradualmente para 
formas completamente diferentes. 
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Maurits_Cornelis_Escher 
 
Mas o que Escher tem a ver com o que estamos falando? 
É que a busca do que podemos saber e conhecer começa, muitas vezes, com 
uma questão fundamental: as aparências são um bom guia da realidade? 
Por vezes, podemos ser enganados pelo que ocorre diante dos nossos olhos. 
 
 
 
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Capítulo 3 – Os Antigos 
 
“No período que vai de Tales a Sócrates, muitas das grandes questões 
filosóficas, se não todas, já haviam sido levantadas. Com a física 
jônica, emerge a razão, que se afirma como instrumento adequado 
para a aquisisção do conhecimento. Mas cedo se descobre que a razão 
não somente explica as coisas. Ao contrário. Ela descobre dificuldades 
lá onde ninguém suspeitava que as houvesse.” (Iglésias, 1986:46) 
 
Como todas as criações e instituições humanas, a filosofia está na história e tem 
uma história. Está na história, pois manifesta e exprime os problemas e questões 
que, em cada época de uma sociedade, os homens colocam para si mesmos 
diante do que é novo e ainda não foi compreendido. Tem uma história, já que as 
resposta e soluções e as novas perguntas que os filósofos de uma época 
oferecem tornam-se saberes adquiridos que outros filósofos prosseguem. 
E é com o olhar voltado para essa linha de tempo imaginária que vamos seguir 
trilhando nosso caminho. Nossa proposta é fazer um passeio pela história da 
filosofia, refletindo acerca das ideias e principais pensadores de cada época, 
relacionando suas ideias a temas com as concepções concernentes ao 
conhecimento e à ética. 
A proposta é iniciar nossa jornada pela Grécia antiga, já que os primeiros 
registros de pensamento propriamente filosófico remontam ao ano de 585 a.C. 
e ligam-se a Tales, de Mileto, uma colônia grega que se localizava na costa da 
Ásia Menor. Mas, se como afirmou Aristóteles, a filosofia começa com o espanto, 
pressupõe-se que ela deva ser tão antiga quanto a própria humanidade. No 
entanto, até onde se sabe, antes de 600 a.C., “as reações aos enigmas próprios 
da condição humana eram míticas e religiosas, emvolvendo apelo à tradição e 
ao sobrenatural.” (Law, 2011:24). 
É, portanto, nesse período que se verifica a transição da elaboração cognitiva 
para um outro nível, que será o da filosofia que então se inaugura. 
 
 
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3.1. O conhecimento mítico 
 
Desde seu nascimento, a filosofia debruça-se sobre os conteúdos da 
consciência mítica, tentando dar-lhes interpretações teóricas. O processo de 
diferenciação entre mito e filosofia foi longo e necessário para que a filosofia 
formulasse o que é e qual é sua função. 
Mas, o que é um mito? A palavra mito vem do grego, mythós, que significa 
discurso, mensagem, palavra, assunto, invenção, lenda, relato imaginário. Um 
mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa por meio de lutas, alianças 
e relações sexuais entre forças sobrenaturais que governam o mundo e o destino 
dos homens. 
O mito de Narciso 
Narciso era um belo rapaz, filho 
do deus Céfiso e da ninfa 
Liríope. Por ocasião de seu 
nascimento, seus pais 
consultaram o oráculo Tirésias 
para saber qual seria o destino 
do menino. A resposta foi que 
ele teria uma longa vida, se 
nunca visse a própria face. 
Muitas moças e ninfas apaixonaram-se por Narciso quando ele chegou à idade 
adulta. Porém, o belo jovem não se interessava por nenhuma delas. A ninfa Eco, 
uma das mais apaixonadas, não se conformou com a indiferença de Narciso e 
afastou-se amargurada para um lugar deserto, onde definhou até que somente 
restaram dela os gemidos. As moças desprezadas pediram aos deuses para 
vingá-las. 
Nêmesis apiedou-se delas e induziu Narciso, depois de uma caçada num dia 
muito quente, a debruçar-se numa fonte para beber água. Descuidando-se de 
tudo o mais, ele permaneceu imóvel na contemplação ininterrupta de sua face 
 
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refletida e assim morreu. No próprio Hades ele tentava ver nas águas do Estige 
as feições pelas quais se apaixonara.4 
Você conhece algum mito? 
Será que a razão substitui os mitos? 
Os mitos são irracionais? 
3.2. Os Pré-Socráticos 
Os filósofos dessa época assim foram denominados não somente porque 
viveram e desenvolveram suas ideias no período anterior a Sócrates, mas 
porque possuíam uma unidade temática, a physis (Mattar, 2010). 
Nesse período, a filosofia ocupa-se fundamentalmente da origem do mundo e 
das causas das transformações das substâncias, sendo os filósofos 
observadores e estudiosos da natureza. Por esse motivo, são lembrados como 
“filósofos da natureza”. 
Suas ideias apresentam uma mescla de concepções metafísicas e místico-
religiosas. Preocupam-se com o problema da “substância” universal que daria 
origem a todas as coisas e as teria constituído. Tales, citado anteriormente, dirá 
o que é a água; Anaxímenes, o ar; Anaximandro, uma substância indefinida, 
apeiron (Prado Junior, 2008:30). 
Há, ainda, alguns dos filósofos pré-socráticos que percebem que a multiplicidade 
e a instabilidade das feições naturais seriam atribuídas à ilusão enganadora dos 
sentidos. Por trás dessa ilusão estaria a verdadeira realidade, onde se 
encontram a uniformidade e permanência. A busca desses filósofos segue sendo 
pela identidade desse princípio ideal. Esse princípio unificador da natureza varia 
segundo os filósofos: para Pitágoras, serão os números; para Parmênides, o 
SER; para Heráclito, o Logos; para Anaxágoras, o Nous (Idem: 34). 
Temos, portanto, os chamados monistas, de um lado, que acreditam que a 
origem da realidade se reduz a apenas um elemento, e os atomistas, de outro, 
 
4 Irene Machado. Literatura e redação. São Paulo: Scipione, 1994, p. 142-3. Resumo da autora 
a partir do Dicionário de mitologia grega e romana, de Mário da Gama Kury. Fonte: http://tempo-
de-ler.blogspot.com/2009/06/o-mito-de-narciso.html Acesso em 11/2016 
 
 
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que admitem o átomo (partículas indivisíveis e invisíveis) como os elementos 
primordiais do universo. 
Você sabia que Pitágoras de Samos via a matemática como elemento essencial 
para a compreensão do mundo? O pitagorismo, além de escola filosófica, 
também foi uma seita política, religiosa e moral. 
3.3. Os Sofistas 
Durante muitos séculos, os chamados “sofistas” fizeram parte da história da 
retórica, da literatura, mas não da filosofia. Os estudiosos contemporânos já os 
incorporaram como parte da história da filosofia, havendo, portanto, uma 
mudança no modo como se leem hoje os textos do passado (Marques, 2007). 
“Mas, para compreendermos o início dessa história toda, temos que 
voltar a Platão, pois foi ele quem primeiro incluiu os ‘sofistas’ nesse 
grande debate que é a história da filosofia; ou melhor, ‘incluiu 
excluindo’, pois, em seus diálogos, os ‘sofistas’ são personagens que 
dialogam com Sócrates e que servem como contraponto para Platão 
definir o que é o filósofo.” (Idem:15) 
Platão considerava que o que os sofistas faziam era o uso e o estudo da 
linguagem, dos modos de dizer as coisas (retórica), mas, a despeito de toda essa 
discussão, o que não se pode negar é que com os sofistas é que a filosofia se 
torna antropológica, já que a Natureza é substiuída pelo homem, que passa a 
ser o principal objeto da reflexão filosófica. 
Os sofistas utilizavam-se da persuasão e criticavam os ensinamentos dos 
filósofos cosmologistas, considerando que estes estariam repletos de erros e 
contradições e que não tinham utilidade para a vida da pólis. Eles se 
autodenominavam mestres da oratória, afirmando ser possível ensinar aos 
jovens tal arte para que fossem bons cidadãos (Chauí, 2010). 
O fato é que sob o governo de Péricles, a economia ateniense experimentou um 
grande impulso. O desenvolvimento do comércio marítimo, da indústria 
mineradora, do artesanato, do setor de construções públicas, das exportações, 
fez com que uma classe de “novos-ricos não nobres” emergisse e passasse a 
exercer e a disputar o poder ao lado dos aristocratas de sangue (Marques, 2007). 
 
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“Os antigos e os novos ricos passam a se opor, ou se aliar, em 
circunstâncias diferentes, de acordo com os interesses ou os 
problemas em debate na cena política (...) o número de processos civis 
cresce enomermente, os quais passam a ser tratados nos tribunais; 
os sofistas e outros intelectuais participam dessas circunstâncias, 
oferendo à classe emergente uma educação (paideía)” (Idem: 23,24). 
Os sofistas passam a cobrar pela formação que oferecem aos cidadãos, prática 
que chocou os aristocratas e provocou indignação. Como críticos do social, as 
discussões sobre as relações entre o homem e o Estado tornam-se primordiais 
em suas reflexões, desprezando discussões filosóficas para as quais não se 
poderiam encontrar respostas (Mattar, 2010). É o homem que passa a ser a 
medida de todas as coisas.5 
3.4. Sócrates 
Nasceu em 469 a.C., em Atenas. Sua filosofia, seus ensinamentos e sua vida 
nos são descritos por seu discípulo Platão, já que Sócrates nada escreveu. 
Sócrates considerava que reconhecer a própria ignorância seria o primeiro passo 
para o conhecimento, já que é partir dessa premissa que passamos a buscar 
aquilo que não conhecemos. É com esse espírito crítico, que considerava de 
extrema relevância para o pensar, que Sócrates vai posicionar-se contra os 
sofistas, na busca por valores absolutos por meio de uma forma de 
conhecimento científica. 
Interessava-se, sobretudo, pelas questões morais que afetavam a vida dos 
indivíduos. Dentre suas ideias sobre ética, destacamos sua tese de que a 
integridade moral é sua própria recompensa. 
“[..] ele dizia que fazer o mal prejudica o perpetrador muito mais do que 
aqueles a quem o mal é feito, pois, embora infortúnios externos 
possam nos ocorrer, a verdadeira boa vida consiste na pureza da alma” 
(Law, 2011:242) 
Para Sócrates, ninguém fazia o mal intencionalmente, mas por pura ignorância, 
por não saber que se estava praticando o mal. Nesse sentido, considerava que 
 
5 É de Protágoras, um sofista que viveu no século V a.C., essa conhecida máxima: “ O homem é 
a medida de todas as coisas” (Mattar, 2010:17). 
 
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sua missão era, portanto, expor a ignorância dos outros quanto à verdadeira 
natureza dessas virtudes (Idem). O processo de questionamento a que expõe 
seus interlocutores, em seus diálogos filosóficos, é denominado maiêutica, 
propondo não ensinar, mas antes, aprender por meio de perguntas. 
Sócrates acreditava que seu talento residia em ajudar os outros a buscar dentro 
de si um conhecimento que lhe seria inato e que residiria em suas mentes. Indo 
além, propunha que, antes de querer conhecer a natureza e antes de querer 
persuadir os outros, cada um deveria, primeiro e antes de tudo, conhecer-se a si 
mesmo. 
3.5. Platão 
Nascido em Atenas, entre os anos 429 e 427 a.C., em uma família nobre, esse 
discípulo de Sócrates foi o primeiro filósofo a produzir um corpo de obras 
substancial. A maioria de suas obras tem forma de diáologos e é o mundo das 
ideias, das formas e dos conceitos que se constitui como primordial em sua 
filosofia. 
Em aproximadamente 387 a.C., Platão funda a Academia, uma instituição 
permanente de pesquisa e ensino, o primeiro modelo de universidade. 
“O objetivo da Academia platônica não é apenas realizar investigações 
científicas e filosóficas; pretende ser também um centro de preparação 
para uma atuação política baseada na busca da verdade e da justiça.” 
(Pessanha, 1986:54) 
A filosofia desenvolvida na Academia não é uma doutrina fixada e rígida, mas 
uma investigação sempre aberta, preconizando uma verdadeira ginástica do 
espírito, um constante exercício para pensar. 
E é exercitando esse pensar que Platão propõe que se afirme hipoteticamente a 
existência de “formas” ou “essências” ou “ideias” que seriam modelos eternos 
das coisas sensíveis (Idem). Nesse sentido, as “imagens” ou os dados da 
experiência são reflexos ou cópias aproximadas e imperfeitas das “ideias”, pois 
são as “ideias” que constituem “representação” da Realidade (Prado Júnior, 
2008:41). Partindo dessa premissa, Platão analisa as ideias buscando 
determinar a natureza e estruturação, a disposição relativa em que elas em 
 
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conjunto se articulam e se entrosam entre si, sua derivação e filiação umas das 
outras (Idem). 
“Se quisermos alcançar o conhecimento puro de alguma coisa, 
devemos nos afastar do corpo e contemplar as coisas por si mesmas 
com a alma por si mesma” (Platão, Fédon 66 a, op cit Law, 2011:244). 
Existe, portanto, diferença entre o mundo sensível, das aparências, e o mundo 
inteligível, das ideias. 
3.6. Aristóteles 
Aristóteles nasceu em Estagira, no norte da Grécia, em 384 a.C. Estudou na 
Academia de Platão, de quem se afasta, no que diz repeito às ideias, já que 
elimina a distinção estabelecida por seu mestre entre os objetos da ciência e da 
filosofia (Prado Junior, 2008). Sua obra busca dar conta do Universo, abordando 
todos os campos do conhecimento, proporcionando o encontro entre a filosofia 
e a ciência natural. 
Aristóteles integra as “ideias” platônicas às “coisas” da realidade sensível. 
“Para ele, o que Platão designa por ‘ideias’ não são mais que diferentes 
maneiras com que concebemos as coisas (...). Mas essas maneiras de 
conceber as coisas, ou seja, as ‘categorias’ do entendimento 
(substância, qualidade, quantidade, relação, lugar, tempo, situação, 
maneira de ser, ação sofrida), constituempara Aristóteles maneiras de 
ser das próprias coisas” (Idem:42). 
Os seres seriam, dessa forma, constituídos de matéria e forma, e ambas 
estariam no próprio objeto, no próprio mundo sensível. O que Aristóteles está 
defendendo é a possibilidade de uma ciência sobre o real concreto, já que, para 
ele, seria possível conhecer esse real concreto e mutável, por meio de definições 
e conceitos que permanecem inalterados. Essa premissa está fundada na 
crença de que o Universo seria um todo ordenado segundo leis constantes e 
imutáveis (Faria, 1989:69). 
É Aristóteles que funda a lógica formal como ciência, caracterizando-se como 
um instrumental que poderia servir a todas as ciências, sendo formal porque não 
estudaria nenhum conteúdo específico, mas apenas as regras do raciocínio 
(Mattar, 2011). 
 
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“Lógica significa, simplesmente, a arte e o métodos do pensamento 
correto. É a logia ou método de toda ciência, de toda disciplina e de 
todas as artes; e até a música a contém. É uma ciência porque, numa 
proporção muitíssimo elevada, os processos de pensamento correto 
podem ser reduzidos a regras como a física e a geometria, e ensinados 
a qualquer inteligência normal; é uma arte, porque, pela prática, dá ao 
pensamento, afinal, aquela precisão inconsciente e imediata que guia 
os dedos do pianista sobre o seu instrumento para extrair harmonias 
sem esforço. Nada é tão enfadonho quanto a lógica, e nada tão 
importante.” (Durant, 1996:76,77) 
Uma das muitas contribuições de Aristóteles para a filosofia é a chamada 
doutrina do silogismo,6 instrumento que utiliza para realizar sua dedução do 
particular a partir do universal. 
Segundo Marilena Chauí (2010), a Filosofia, para Aristóteles, encontraria seu 
ponto mais alto na metafísica e na teologia. A primeira caracteriza-se por ser a 
ciência da realidade pura, daquilo que deve haver em toda e qualquer realidade, 
do ser ou substância de tudo o que existe. A segunda, por ser a ciência das 
coisas divinas, “que são a causa e finalidade de tudo o que existe na natureza e 
no homem” (Idem:44). 
Lógica: Estudo dos métodos e princípios da argumentação. Investigação das 
condições em que a conclusão de um argumento se segue necessariamente de 
suas premissas. 
3.7. Período Helenístico e Romano 
Esse período é caractarizado como o último período da filosofia antiga. 
Historicamente, é marcado pela perda de hegemonia da pólis grega, que 
desaparece como centro político, deixando de ser referência principal para os 
filósofos. Por outro lado, o pensamento grego se expande para além de suas 
fronteiras, mesclando-se a elementos orientais. 
Os movimentos filosóficos desse período demonstram preocupações éticas com 
o ser humano como ser individual e não mais político, talvez porque os filósofos 
 
6 “Um silogismo é um trio de proposições das quais a terceira (a conclusão) segue-se da verdade 
admitida das outras duas (as premissas ‘maior ‘ e ‘menor’). Por exemplo, o homem é um animal 
racional; mas Sócrates é homem; portanto, Sócrates é um animal racional” (Durant, 1996:79). 
 
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já não podem mais se ocupar diretamente da política, já que esta passa a ser 
privilégio dos imperadores romanos (Cahuí, 2010). 
“Datam desse período quatro grandes sistemas cuja influência será 
sentida pelo pensamento cristão, que começa a formar-se nessa 
época: estoicismo, epicurismo, ceticismo e noplatonismo” (Idem:45). 
O epicurismo, escola fundada por Epicuro, entende que a serenidade e o prazer7 
deveriam ser as finalidades máximas dos homens. 
Para os estoicos, seguidores do estoicismo fundado por Zenão de Citium, a 
justiça e o dever são os valores mais importantes para o ser humano. Para Zenão 
de Citium, o mundo estava racionalmente ordenado, e a paz de espírito é 
alcançada mediante o controle das paixões. 
Uma outra linha de pensamento defende a impossibilidade de o homem chegar 
ao conhecimento: são os céticos. O ceticismo, fundado por Enesidemo, está 
baseado na ideia de que, embora possamos ter um grande número de crenças, 
de fato sabemos muito menos do que supomos saber. 
Por fim, citaremos os neoplatônicos, seguidores de um movimento fundado por 
Plotino, que, por meio de sua doutrina da trindade (o uno, o intelecto e a alma), 
buscou transpor a lacuna entre a teoria das ideias de Platão e a teologia cristã. 
Essa versão do platonismo determinou o desenvolvimento da matafísica cristã 
na Idade Média. 
3.8. A virtude como justa medida 
Se optássemos por dividir nossos estudos sobre a ética aplicada à gestão em 
“correntes éticas”, tal qual o faz Thiry-Cherques em seu livro Ética para 
executivos (2008), poderíamos dar a impressão de que tais correntes são um 
capítulo à parte dentro de todo o conteúdo teórico metodológico da filosofia. 
Para que não corramos o risco de ser mal interpretados nesse sentido, optamos 
por trazer à tona as ideias de mais destaque em cada escola de pensamento, ou 
período da história da filosofia, que tenham relação direta com a Ética ou 
Filosofia Moral. 
 
7 O prazer aqui entendido como ausência de perturbação e de dor. 
 
 
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Nesse movimento, o primeiro passo será considerar as concepções de 
Aristóteles acerca da relação entre ética e política. Tais concepções foram 
denominadas por Thiry-Cherques (Idem) de “economia moral da moderação”, já 
que, para Aristóteles, “o cultivo do espírito nos ensina que as virtudes, sejam 
dianoéticas, sejam éticas, são regidas pela moderação, pelo justo meio” 
(Ibidem:48). Vejamos o porquê dessa denominação e como chegar a essa 
moderação. 
Em sua Política, Aristóteles nos afirma que, assim como a natureza do universo 
se rege por leis eternas e imutáveis, também o Estado deve ser regido segundo 
uma constituição que traduza, tanto quanto possível, a própria natureza do 
Estado. O papel da filosofia, nesse contexto, seria a de subsidiar teoricamente 
os governantes para que governem com justiça. 
“A associação composta por vários povoados forma uma cidade 
perfeita, possuindo todos os meios de se bastar a si própria, para além 
de ser atingido, por assim dizer, o fim de toda sociedade. Unicamente 
nascida da necessidade de viver, ela existe para viver em bem-estar e 
abundância. É por isso que podemos dizer que toda cidade é um fato 
da natureza, visto que foi a natureza que formou as primeira 
associações; porque a cidade, ou sociedade civil, é o fim dessas 
associações.” (Aristóteles, Política. Op cit. Faria, 1989:82) 
Sendo os seres humanos fundamentalmente seres sociais, o governo é visto por 
Aristóteles como uma instituição que deve ajudar os seres humanos a 
alcançarem uma boa vida em sociedade. 
O ser humano deve lutar pelo bem-estar e, para alcançá-lo, é necessário viver 
virtuosamente. 
“Seguindo a concepção de que todas as coisas se regem segundo uma 
ordem subjacente, que brota da própria natureza e visa o seu pleno 
desenvolvimento, a virtude aparece como a justa medida, ou seja, a 
medida determinada por essa ordem natural e pelos fins que a sobre-
determinam.” (Idem: 83) 
Aristóteles continua e vai nos dizer que o objetivo da vida é a felicidade, e que a 
ética prende-se à felicidade, no que consiste e como é possível alcançá-la. A 
felicidade é o bem supremo, buscado por si mesmo, e que não pode ser objeto 
 
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de nenhuma ciência porque se refere ao ser humano na singularidade da sua 
existência privada e social. 
O caminho que leva o ser humanoa essa felicidade é o caminho do meio. O 
meio-termo justo se alcança pela ponderação e se rege pelo bom senso. “É o 
que permite escolhermos, cada um de nós, em sua singularidade e na 
particularidade de seu contexto e da sua circunstância, a ação mais sensata” 
(Thiry-Cherques, 2008:48). 
3.9. Praticando – Conhecendo outras filosofias 
“Enquanto Sócrates e Platão lançavam os fundamentos da filosofia 
ocidental, Confúcio e Lao-tsé inauguraram a era clássica da filosofia 
chinesa. Ela durou 400 anos e foi enriquecida por pensadores como 
Mozi, Mêncio e Han Fei, todos preocupados sobretudo com questões 
sociais e políticas que fundaram as quatro principais escolas do 
pensamento chinês.” (Law, 2010:26) 
São elas: o confucionismo, o taoísmo, o moísmo e o legalismo. 
 
 
 
 
 
 
Confúcio 
Foto/fonte: 
http://spazioinwind.libero.it/popoli_antichi/Religioni/Confucio.html 
Acesso em: 11/2017 
Já a filosofia indiana nasce a partir de um conjunto de escritos religiosos antigos 
que remontam ao século XIV a.C., os Vedas. Várias escolas de pensamento 
surgiram em reação aos Vedas, aceitando ou questionando seus dogmas, dentre 
essas últimas podemos citar o Budismo, fundado por Sidarta Gautama (Idem). 
 
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Sidarta Gautama - Buda 
Foto/fonte: 
http://www.maiscuriosidade.com.br/18-coisas-que-valem-a-pena-saber-sobre-sidarta-gautama-o-buda/ 
Acesso em: 11/2017 
 
“Sidarta nasceu no ano de 560 a.C. e era filho de um rei do povo 
Sakhya que habitava a região da fronteira entre a Índia e o Nepal. Buda 
viveu durante o período áureo dos filósofos e um dos períodos 
espirituais mais incríveis da história; foi contemporâneo de Heráclito, 
Pitágoras, Zoroastro, Jain Mahavira e Lao-Tsé.” 
Texto/fonte: http://www.brazilsite.com.br/religiao/budismo/bud02.htm 
Acesso em: 11/2017 
 
 
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Capítulo 4 – Filosofia Patrística e Filosofia Escolástica 
 
O problema central enfrentado pelos pensadores que marcaram a filosofia no 
período que compreende a chamada Idade Média era a conciliação das 
exigências da razão humana com a relevância divina. Pensadores judeus, 
cristãos e muçulmanos buscaram combinar a filosofia grega e romana com a 
ortodoxia religiosa (Law, 2011). 
Nesse período, a cultura urbana transforma-se em cultura rural, o feudalismo se 
caracteriza como organização sociopolítica e, com a queda do Império Romano 
e as invasões bárbaras, a Igreja torna-se a instituição detentora do saber, e a fé 
estabelece-se como padrão de conhecimento. A Idade Média foi, portanto, 
dominada pela teologia (Mattar, 2010) e pela Filosofia Cristã, que, influenciada 
pelo Cristianismo, predominou no Ocidente, principalmente na Europa, no 
período entre o século I ao XIV de nossa era (Costa, 1986). 
Tal período compreende duas épocas, a primeira conhecida como filosofia 
patrística, e a segunda conhecida por filosofia escolástica ou medieval. 
4.1. A filosofia patrística e Santo Agostinho 
Segundo Chauí (2010), a filosofia patrística compreende o período que vai do 
século I ao século VII e se inicia com as Epístolas de São Paulo e o Evangelho 
de São João. Essa denominação lhe foi atribuída pois as obras desse período 
foram elaboradas pelos apóstolos Paulo e João e pelos chamados Padres da 
Igreja. 
“A patrística resultou do esforço feito pelos dois apóstolos intelectuais 
(Paulo e João) e pelos primeiros padres da Igreja para conciliar a nova 
religião – o Cristianismo – com o pensamento filosófico dos gregos e 
romanos, pois somente com tal conciliação seria possível convencer 
os pagãos à nova verdade e convertê-los a ela. A Filosofia Patrística 
liga-se, portanto, à tarefa religiosa da evangelização e à defesa da 
religião cristã contra os ataques teóricos e morais que recebia dos 
antigos.” (Idem: 46) 
Duas linhas de pensamento carcaterizaram a filosofia patrísitica: uma tratava da 
possibilidade de conciliar razão e fé; a outra acreditava na impossibilidade desse 
feito. O fato é que se podem distinguir três posições a esse respeito. A primeira 
 
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agrupava os pensadores que julgavam fé e razão inconciliáveis, considerando a 
fé superior à razão. A segunda reunia aqueles que consideram ser possível a 
conciliação entre razão e fé, no entanto, subordinavam a primeira à segunda. 
Por fim, temos um terceiro grupo de pensadores que não acreditava na 
conciliação entre razão e fé, mas afirmava que cada uma delas possuía um 
campo próprio de conhecimento e que esses campos não deviam ser 
misturados. 
É com Santo Agostinho que se superam “as vacilações, dúvidas e 
desconfianças em relação a dar acolhida, no Cristianismo, à filosofia antiga” 
(Costa, 1986:90). 
Tendo sido professor de retórica antes de se converter ao Cristianismo, 
Agostinho de Hipona, ou Santo Agostinho, viveu entre os anos 354 e 430. Suas 
obras mais conhecidas são sua autobiografia Confissões e sua descrição do 
reino de Deus, intitulada Cidade de Deus. 
Ao reinterpretar o platonismo, busca conciliá-lo com os dogmas do Cristianismo, 
afirmando que a verdade vislumbrada por Platão é a mesma que se manifesta 
de forma plena na revelação cristã. Sendo assim, Deus criaria as coisas a partir 
de modelos imutáveis e eternos, ou seja, as ideias divinas. Essas ideias 
existiriam na mente ou sabedoria divina, conforme testemunho da Bíblia, e não 
em um mundo à parte, como acreditava Platão (Idem). 
“A ideia neoplatônica de um mundo imaterial de ideias e do bem ou uno 
como princípio primeiro de todo ser dava lugar para um criador 
espiritual que é causa de todas as coisas.” (Law, 2011:257) 
4.2. A filosofia escolástica e São Tomás de Aquino 
A filosofia medieval, que vai do século VIII ao século XIV, encontra um cenário 
diferente do período patrístico. As traduções dos gregos já são lidas por 
intermédio dos árabes, surge a liberdade de pensamento e de espírito nas 
universidades do século XIII, representando o deslocamento dos centros de 
estudos das abadias para as catedrais e cidades. 
“Abrange pensadores europeus, árabes e judeus. É o período em que 
a Igreja Romana dominava a Europa, ungia e coroava reis, organizava 
Cruzadas à Terra Santa e criava, à volta das catedrais, as primeiras 
 
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universidades ou escolas. E, a partir do século XII, por ter sido 
ensinada nas escolas, a Filosofia medieval também passa a ser 
conhecida com o nome de escolástica.”( Chauí, 2010:47) 
À discussão já presente na filosofia patrística – conexão entre a filosofia clássica 
e o Cristianismo – a escolástica acrescenta o Problema dos Universais. Segundo 
Mattar (2011), os “universais” seriam conceitos que nos permitem utilizar a 
palavra “homem” para nos referirmos a todos os homens, e não apenas a um 
indivíduo, um homem individual. A questão que se estabelece como um 
“problema” é justamente se tais universais teriam uma existência objetiva, para 
além da mente do sujeito que se utiliza da linguagem. Essa pergunta poderia ser 
respondida de diversas formas a depender da corrente de pensamento. De um 
lado, afirmava-se que tais universais possuíam algum tipo de existência na 
realidade, além do próprio pensamento. De outro lado, acreditava-se que os 
universais seriam apenas características da linguagem, do pensamento, não 
possuindo existência na realidade. Trata-se, respectivamente, dos realistas e 
dos nominalistas. Na verdade, tal discussão persiste, desde então, nas reflexões 
ocidentais (Idem). 
É nesse período que nasce propriamente a chamada filosofia cristã, que é, na 
verdade, a teologia. Um de seus temas mais recorrentes sãoas provas da 
existência de Deus e da imortalidade da alma (Chauí, 2010). 
Santo Ancelmo e Pedro Abelardo são considerados os fundadores da 
escolástica medieval e não mediram esforços para tentar compreender com a 
razão as verdades da revelação, ou seja, buscaram explicar racionalmente as 
verdades da fé. Mas é São Tomás de Aquino o representante do apogeu dessa 
filosofia. Seus esforços foram guiados no sentido de “cristianizar” a filosofia 
aristotélica. 
Canonizado pelo Papa João XXII em 1323, São Tomás de Aquino nasceu em 
1225 em uma família nobre no reino de Nápoles e viveu até 1274. O autor da 
Suma Teológica buscou a unificação entre a filosofia e a teologia, valorizando o 
mundo sensível como fonte de conhecimento. Distinguiu dois caminhos para a 
aquisição do conhecimento: o raciocínio e a revelação. O conteúdo das verdades 
reveladas, no entanto, estaria acima da capacidade da razão natural. 
 
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Tanto a teologia quanto a filosofia poderiam tratar do mesmo objeto. Entretanto, 
a filosofia utilizaria as luzes da razão natural, enquanto a teologia se valeria das 
luzes da razão divina manifestada na revelação. Desse modo, São Tomás de 
Aquino parece encontrar o equilíbrio entre fé e razão, distinguindo-as, mas não 
as separando necessariamente (Costa, 1986). 
“Há verdades sobre Deus que excedem toda capacidade da razão 
humana... Mas há algumas que a razão natural também é capaz de 
alcançar. Por exemplo, que Deus existe.” (Suma contra os gentios, 
Livro 1. Op Cit, Law, 2011:264) 
4.3. Moral e religião na Idade Média 
 
“Deus não é a fonte dos males... Eles existem devido ao pecado 
voluntário da alma, à qual Deus deu livre Escolha.” ( Santo Agostinho, 
Contra fortunatum manichaeum, Acta seu disputaio cap. 20. Op cit, 
Law, 2011:257) 
Com a expansão do Cristianismo, a cultura ocidental foi marcada pela tradição 
moral fundada nos valores religiosos e na crença em uma vida após a morte. 
Nesse contexto, os valores são entendidos como algo transcendente, posto que 
resultam de doação divina, o que leva à identificação da pessoa moral com o ser 
temente a Deus (Aranha e Martins, 2005). 
Nessa construção do que Chauí (2010) chama de metafísica cristã, há algumas 
adaptações feitas a partir do neoplatonismo, do estoicismo e do gnosticismo.8 
Embora este último tenha sido considerado herege, há duas ideias que foram 
conservadas e que nos são úteis para a discussão da moral, ambas refletem 
acerca da existência do “mal”: a primeira afirma que o Mal existe realmente, 
estando personificado na figura do demônio. A segunda considera que a matéria 
 
8 “O gnosticismo era um dualismo metafísico, isto é, afirmava a existência de dois princípios 
supremos de onde provinha toda a realidade: o Bem, ou a luz imaterial, e o Mal, ou a treva 
material. Para os gnósticos, o mundo natural ou o mundo sensível é resultado da vitória do Mal 
sobre o Bem e por isso afirmavam que a salvação estava em libertar-se da matéria (do corpo) 
através do conhecimento intelectual e do êxtase místico. Gnosticismo vem da palavra grega 
gnosis, que significa ‘conhecimento’.” (Chauí, 2010:193) 
 
 
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seria o centro onde o demônio, ou o Mal, agiria sobe o mundo e sobre o homem. 
A pergunta que se faz, portanto, é como lidar com esse problema do Mal? Na 
verdade, o que subjaz a essa pergunta é uma outra questão: se Deus é tão bom, 
por que teria criado o Mal? 
Santo Agostinho a responde apontando um caminho um pouco distinto da 
tradição gnóstica: para ele, o mal não seria algo substantivo, mas uma privação 
ou falta de bem. Para ele, tudo o que Deus criou é bom, o mal só ocorreria 
quando sua criação fosse corrompida. Sendo assim, Deus não poderia ser 
considerado responsável pela criação do mal, já que este decorre das ações 
livres dos anjos e dos homens (Law, 2011). 
“Para os cristãos, o homem é livre porque sua vontade é uma 
capacidade para escolher tanto o bem quanto o mal, sendo mais 
poderosa do que a razão e, pelo pecado original, destinada à 
perversidade a ao vício, de modo que a ação moral só será boa, justa 
e virtuosa se for guiada pela fé e pela revelação.” (Chauí, 2010:194) 
Está também em São Tomás de Aquino a ideia de que a ação moral está ligada 
à vida virtuosa vivida no seio da comunidade, no esforço intelectual e na 
contemplação da essência de Deus. Sua ética parte da concepção de que todas 
as coisas criadas possuem um propósito, e a realização desse propósito é seu 
bem. 
 
 
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4.4. Praticando – Sugestões de Filmes 
 
 
Em 1327, William de Baskerville (Sean Connery), um monge franciscano, e Adso 
von Melk (Christian Slater), um noviço, chegam a um remoto mosteiro no norte 
da Itália. William de Baskerville pretende participar de um conclave para decidir 
se a Igreja deve doar parte de suas riquezas, mas a atenção é desviada por 
vários assassinatos que acontecem no mosteiro. William de Baskerville começa 
a investigar o caso, que se mostra bastante intrincando, além dos mais religiosos 
acreditarem que é obra do Demônio. William de Baskerville não partilha dessa 
opinião, mas antes que ele conclua as investigações Bernardo Gui (F. Murray 
Abraham), o Grão-Inquisidor, chega no local e está pronto para torturar qualquer 
suspeito de heresia que tenha cometido assassinatos em nome do Diabo. Como 
não gosta de Baskerville, ele é inclinado a colocá-lo no topo da lista dos que são 
diabolicamente influenciados. Essa batalha, junto com uma guerra ideológica 
entre franciscanos e dominicanos, é travada enquanto o motivo dos assassinatos 
é lentamente solucionado. 
Assista ao trailler: 
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-2402/trailer-19533939/ 
Fonte: http://www.adorocinema.com/ 
Acesso em: 11/2017 
 
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-2402/trailer-19533939/
 
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No século XII, Abelard (Derek De Lint), um respeitado filósofo e professor em 
Paris, é contratado para ser o tutor da bela e inteligente Heloise (Kim Thomson). 
Rapidamente eles se apaixonam, mas precisam manter seu relacionamento 
escondido de todos, porque Abelard está comprometido com o celibato. 
Fonte: http://www.interfilmes.com/filme_20458_Em.Nome.de.Deus-(Stealing.Heaven).html 
Acesso em: 11/2017 
 
 
 
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Balian (Orlando Bloom) é um jovem ferreiro francês, que guarda luto pela morte 
de sua esposa e filho. Ele recebe a visita de Godfrey de Ibelin (Liam Neeson), 
seu pai, que é também um conceituado barão do rei de Jerusalém e dedica sua 
vida a manter a paz na Terra Santa. Balian decide se dedicar também a esta 
meta, mas após a morte de Godfrey ele herda terras e um título de nobreza em 
Jerusalém. Determinado a manter seu juramento, Balian decide permanecer no 
local e servir a um rei amaldiçoado como cavaleiro. Paralelamente, ele se 
apaixona pela princesa Sibylla (Eva Green), a irmã do rei. 
Assista ao trailler: 
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-54205/trailer-19340632/ 
Fonte: http://www.adorocinema.com/ 
Acesso em: 11/2017 
 
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-54205/trailer-19340632/
 
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Capítulo 5 – A Filosofia da Renascença 
“Finda a Idade Média, um espírito de renascimento intelectual e 
artístico floresceu na Europa. Nesse período de inovação e descoberta, 
surgiu uma nova cepa depensadores que contestou as ideias 
medievais ortodoxas sobre a ordenação do Universo e da sociedade.” 
(Law, 2011:34) 
Marcada pela descoberta de obras desconhecidas de Platão e de novas obras 
de Aristóteles, a denominada Filosofia da Renascença expressa o espírito 
naturalista e científico do período que vai do século XIV ao século XVI, o 
Renascimento. 
Com o sistema feudal dando lugar ao capitalismo, à medida que emergia uma 
nova classe de comerciantes ricos, camponeses e servos são expulsos de suas 
terras, indo em direção à cidade. O comércio se desenvolve, as cidades crescem 
e surge a impressão tipográfica substituindo o pergaminho pelo papel. Todo esse 
cenário propicia a emergência de um novo humanismo nas artes e um espírito 
de redescoberta nas ciências e de questionamento das teorias vigentes sobre o 
mundo. 
“Francis Bacon (1561-1626) propôs uma nova abordagem ao esforço 
científico, que ficou conhecida como o método da indução. Ele 
aconselhou os cientistas a começarem com observações do mundo 
usando-as como base para produzir teorias gerais. Essa abordagem 
contrastava fortemente com a tendência dos pensadores medievais a 
se curvar à autoridade dos modelos tradicionais de funcionamento do 
mundo.” (Idem:35) 
O homem passa a ser valorizado e considerado o centro do Universo, em meio 
a uma efervescência cultural e política que critica a Igreja romana, e culmina com 
a Reforma Protestante que propõe um retorno aos ensinamentos da Bíblia. 
Poderíamos dizer que nesse período predominaram linhas de pensamento que 
percebiam o homem como artífice de seu próprio destino, “defendido em sua 
liberdade e em seu poder criador e transformador” (Chauí, 2010:48). Nesse 
contexto, a natureza é concebida como um grande ser vivo, dotada de alma 
universal, e o homem, compreendido como parte dessa natureza. Tem-se, por 
fim, a recuperação da ideia de República, defendendo a liberdade política. 
 
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5.1. Giordano Bruno 
Giordano Bruno nasceu em 1548 e foi morto nas fogueiras da Inquisição em 
1600. Um pensador heterodoxo, foi influenciado por Nicolau de Cusa, de quem 
tomou a ideia de que o Universo é espacialmente infinito, no qual nosso sistema 
solar é apenas um dos muitos que abrigam vida inteligente e a noção da 
concordância dos opostos. Também se mostrou fascinado por Heráclito, 
Parmênides, Demócrito, Lucrécio e Plotino, Raimundus Lullus e Nicolau 
Copérnico. 
Buscou demonstrar que o Sol era maior que a Terra e defendeu a infinitude do 
Universo, considerando-o como um conjunto dinâmico que se transforma 
continuamente, num movimento constante. Assim como o Universo, Deus 
também seria infinito, imanente e transcendente ao mesmo tempo, num Universo 
composto de “mônadas” ou átomos animados, estando presente por toda parte, 
como poder infinito. 
Nessa concepção, Deus e matéria nada mais seriam que dois aspectos da 
mesma substância, considerando Deus como alma e princípio ativo do mundo, 
e a matéria como princípio passivo. Foram, portanto, essas ideias, que 
antecipam Spinoza e Leibniz, e seu interesse por magia e astrologia que o 
puseram no hall dos heréticos e merecedores dos tribunais da Inquisição. Por 
ter se recusado a renegar suas ideias, foi condenado à fogueira por esse mesmo 
tribunal. 
5.2. Maquiavel e a moral de um príncipe 
 
“É uma máxima válida que ações repreensíveis podem se justificar por 
seus efeitos, e que quando o efeito é bom (...) sempre justifica a ação.” 
(Maquiavel, Discursos 1.9 Op cit, Law, 2011:271) 
No século XVI, enquanto a formulação de teorias políticas partia das obras dos 
filósofos greco-romanos, um diplomata e conselheiro dos governantes de 
Florença parte da experiência real de seu tempo para examinar como os 
governantes agiam de fato. Esse era Nicolau Maquiavel, que viveu entre 1469 e 
1527, e escreveu O Príncipe, obra na qual reflete acerca dos desafios da 
 
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conquista e manutenção do poder, sendo a obra inaugural da filosofia política 
moderna. 
A tradição da política normativa antiga e medieval descrevia o “ideal” do bom 
governo, delineando as virtudes requeridas para um bom soberano, além de 
partir da ideia de que boa comunidade política deveria ser constituída para o bem 
comum e a justiça. A partir das observações diretas dos acontecimentos, 
Maquiavel percebe que tais ideias acerca da política já não eram capazes de 
compreender o que seria o poder e que, sendo assim, uma nova concepção de 
sociedade e da política tornava-se necessária (Chauí, 2010). 
Essa concepção considera que a cidade é um espaço de lutas internas e que 
estaria originalmente dividida por dois desejos opostos: de um lado, o desejo 
daqueles que querem oprimir e comandar, de outro, o povo, que não deseja ser 
oprimido nem comandado. O que, portanto, unificaria e dar-lhe-ia identidade 
seria o polo superior, que é o poder político. “A política não é a lógica racional da 
justiça e da ética, mas a lógica da força transformada em lógica do poder e da 
lei” (Idem: 369). 
Nessa linha de pensamento, os valores morais que regulam as condutas 
individuais não são os mesmos que regulam a ação política, já que os valores 
políticos são medidos pela eficácia prática e pela utilidade social. 
“A recusa do prevalecimento dos valores da moral pessoal na ação 
política indica um novo conceito de ordem – a ordem mundana como 
projeto do Estado, e não mais a ordem divina, no caso, expressa na 
moral cristã” (Aranha e Martins, 2005:302). 
Um príncipe precisa ter virtù, ou seja, precisa ter a capacidade de ser flexível às 
circunstâncias, sendo hábil para aparentar integridade moral e estando pronto 
para agir impiedosamente para alcançar suas metas. 
A despeito de rotularem as ideias de Maquiavel, na verdade sua intenção parecia 
ser a de demonstrar que, por vezes, se faz necessário praticar ações que 
pareçam moralmente condenáveis para se atingir um fim digno, que, para ele, 
seria a manutenção da ordem civil, por exemplo. 
E para você? Os fins justificam os meios? 
 
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5.3. Praticando – Extrato de O Príncipe, de Maquiavel 
 
 
 Capítulo XVI 
DA LIBERALIDADE E DA PARCIMÓNIA. 
 Começando, pois, pelas primeiras qualidades que mencionei, digo que seria 
bom o príncipe ser tido por liberal; não a liberalidade usada de modo que o não 
pareça, que essa prejudica-te, porque se ela se usa virtuosamente e como se 
deve usar, não será conhecida e por conseguinte não te evitará a fama do 
contrário. A querer manter entre os homens a fama de liberal é preciso não 
descuidar nenhuma espécie de sumptuosidade; de modo que sempre um 
príncipe desta natureza consumirá todos os seus haveres em obras semelhantes 
e ver-se-á, por fim, na necessidade de agravar extraordinariamente os povos, 
recorrer a toda a espécie de impostos e fazer todas aquelas coisas que se podem 
fazer para obter dinheiros. Isto começará a torná-lo odioso aos olhos dos 
súbditos e pouco estimado de todos, por tornar-se pobre; de modo que, com esta 
sua liberalidade, tendo ofendido muitos para premiar poucos, sente as primeiras 
 
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necessidades e periga ao primeiro risco; e se assim que o reconhece quer 
retroceder, logo incorre na fama de mesquinho. 
Portanto, um príncipe, que não possa usar da virtude da liberalidade sem dano 
seu, deve, se é prudente, fazer pouco caso da fama de mesquinho, porque com 
o tempo será tido sempre por mais liberal, vendo que com a sua parcimónia as 
suas rendas lhe bastam; pode defender-se do que lhe faça guerra; pode meter-
se em empresas sem agravar os povos, de modo

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