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Eclesiastes - Estudo Comentado

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ECLESIASTES 
 
 
 
 
 
 
 
 
Silvio Dutra 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOV/2015 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A474 
 Alves, Silvio Dutra 
 Eclesiastes./ Silvio Dutra Alves. – Rio de 
 Janeiro, 2015. 
 112p.; 14,8x21cm 
 
 1. Teologia. 2. Salomão. 3. Sabedoria. 
 4. Comentário Bíblico. Título. 
 
 CDD 230.223 
 
3 
 
 
Sumário 
 
 
Eclesiastes 1 
 
 4 
 
Eclesiastes 2 
 
 12 
 
Eclesiastes 3 
 
 20 
 
Eclesiastes 4 
 
 29 
 
Eclesiastes 5 
 
 37 
 
Eclesiastes 6 
 
 44 
 
Eclesiastes 7 
 
 49 
 
Eclesiastes 8 
 
 78 
 
Eclesiastes 9 
 
 85 
 
Eclesiastes 10 
 
 93 
 
Eclesiastes 11 
 
101 
 
Eclesiastes 12 
 
105 
 
 
4 
 
Eclesiastes 1 
 
Se Salomão tivesse a vida atribulada de seu pai 
Davi, nas muitas guerras e oposições de muitos 
inimigos que ele enfrentou durante toda a sua vida, 
talvez tivesse se consagrado mais a Deus à busca de 
consolo e triunfo sobre as adversidades dirigidas 
contra ele e contra o reino de Israel. 
Contudo, como o seu reino foi pacífico e próspero, 
e sua vida cheia de confortos, achou então muita 
tristeza nas adversidades, desigualdades, enfim, em 
tudo aquilo que é consequente da presença do 
pecado no mundo. 
Todavia, o seu testemunho nos é muito precioso, 
para nos advertir que de fato, conforme a própria 
experiência dele o comprovou, apesar de toda a sua 
grande riqueza e sabedoria, não está em nada disso 
o motivo da verdadeira vida e alegria, senão 
somente no Senhor e na nossa plena comunhão 
com Ele. 
Então é importantíssimo que aqueles que andam à 
busca de prosperidade mundana, especialmente os 
cristãos da Igreja de Laodiceia, citada em Apo 3, 
como se fosse isto o triunfo da fé, porque a pessoa 
que colocar o seu coração em buscar uma vida 
vitoriosa fora do ato de se conquistar mais e mais 
5 
 
da pessoa do próprio Deus, virá a reconhecer mais 
cedo ou mais tarde, tal como Salomão, que tudo o 
que há no mundo, ou que se possa obter dele, é 
vaidade, ou seja, vazio, algo vão, inútil para atender 
aos propósitos divinos e eternos, que Deus 
designou para o homem. 
A vitória da fé é exatamente o oposto do que os 
cristãos carnais andam afirmando, porque a fé não 
é orientada para se alcançar resultados de triunfos 
mundanos, mas exatamente para vencer o mundo e 
o fascínio de suas riquezas e glória terrenas. 
“porque todo o que é nascido de Deus vence o 
mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a 
nossa fé.” (I Jo 5.4) 
A afirmação do verso 15 que não se pode endireitar 
o que é torto, está sendo considerada amplamente 
no comentário relativo a Eclesiastes 7.13. 
Quando Salomão afirma no verso 18 que “o que 
aumenta o conhecimento aumenta a tristeza.”, ele 
está se referindo não ao aumento de conhecimento 
propriamente dito como sendo uma fonte de 
tristeza para aquele que o possui, mas que é por ele 
que se chega a conhecer qual é a real condição da 
maldade que há no mundo, especialmente no 
coração humano. 
6 
 
Quem detém o verdadeiro conhecimento 
entenderá que este mundo não é nenhum parque 
de diversões, e que a vida não é uma coisa à qual 
não se deva dar a devida consideração, porque Deus 
prestará contas de todos os nossos atos, conforme 
o próprio Salomão afirma no capítulo 12 deste livro. 
Por isso também, Salomão afirmou que não 
devemos aplicar o coração para sermos 
demasiadamente sábios (cap 7, verso 16), porque 
acharíamos enfado nisto, e não toparíamos com o 
grande sentido da vida, porque faríamos do ato de 
buscar sabedoria um fim em si mesmo, quando o 
fim primeiro e último da vida é o próprio Deus. 
É possível conhecer até mesmo toda a Palavra de 
Deus, e, no entanto, não se ter qualquer comunhão 
ou intimidade com Ele. 
É possível conhecer tudo acerca da doutrina da 
salvação, e não ser salvo por uma experiência 
pessoal e real com Jesus Cristo. 
Então o conhecimento até mesmo como meio terá 
as suas limitações, caso não seja colocado em 
prática, e caso não seja orientado pelo próprio 
Deus, tanto no que se refere à recepção quanto à 
aplicação deste conhecimento. 
Pretendendo saber mais acerca das leis e da justiça, 
alguém pode usar isto vindo a se transformar num 
7 
 
ditador cruel, e fazer, portanto, um uso ruim de uma 
coisa boa. 
Assim Paulo disse dos judeus legalistas, que a Lei é 
boa para quem faz um uso legítimo da Lei, e não 
errando como eles faziam dizendo que a justificação 
não era pela fé, mas mediante o cumprimento de 
todos os mandamentos da Lei de Moisés (I Tim 1.8-
10). 
A graça e a verdade não serão achadas nos escritos 
de Moisés, e nem mesmo nestes escritos de 
Salomão, senão somente em nosso Senhor Jesus 
Cristo, pela revelação melhor e mais ampla que Ele 
nos fez de toda a vontade de Deus, e que nos foi 
ensinada em figura ou em forma de sombra no 
Velho Testamento. 
“Porque a lei foi dada por meio de Moisés; a graça e 
a verdade vieram por Jesus Cristo.” (Jo 1.17) 
Então Salomão não proferiu toda a verdade quando 
afirmou que há muito enfado no conhecimento e na 
sabedoria, e que tudo é vaidade, porque estava se 
referindo principalmente à sua própria condição 
depois de ter investigado profundamente todas as 
coisas no que lhe fora possível investigar, à procura 
do verdadeiro conhecimento e da verdadeira 
sabedoria. 
8 
 
Há muita verdade no que ele disse, especialmente 
quanto às coisas deste mundo que passam, mas não 
podemos concordar com ele, quando diz que Deus 
nos pôs o enfado de ter que investigar acerca da 
natureza de todas as coisas, porque na verdade não 
nos foi imposto tal enfado, Salomão o impôs a si 
mesmo, porque se é certo de que Deus colocou a 
eternidade no coração do homem para que Ele 
cresça em sabedoria e conhecimento, no entanto, 
isto pode ser feito como um deleite, em Sua 
presença, aprendendo dEle em plena submissão e 
paciência, e não tentando fazê-lo pela nossa própria 
capacidade e esforço, ou pela própria inteligência, 
tal como Salomão o fizera em grande parte, porque 
no final, a conclusão a que chegaremos será a 
mesma à qual ele chegou de que tudo não passou 
de enfado, canseira e vaidade para nós, porque não 
teve este crivo da marca do Senhor em toda a nossa 
busca. 
Veja a diferença destas palavras de Salomão, se 
comparadas com as que saíram da boca de seu pai 
Davi. Como ele se deleitava no Senhor e nas Suas 
obras. Como se agradava da Sua Lei, à qual ele 
chamava de perfeita. Deus era o centro em torno do 
qual girava toda a Sua vida, e por isso não achou 
nenhum enfado ou canseira em tudo o que 
aprendeu da parte do Senhor, porque teve sempre 
o Seu Espírito guiando todos os seus passos, 
pensamentos e ações, desde a sua infância. 
9 
 
Salomão tentou achar alegria nos prazeres terrenos, 
e somente depois de muito tempo, já nas reflexões 
que faz neste livro de Eclesiastes, chegou à 
conclusão que não se pode achar a verdadeira 
alegria em prazeres terrenos conforme ele afirma 
no primeiro versículo do capítulo seguinte (cap 2). 
Melhor instruído do que ele, Davi jamais buscou 
alegria em tais prazeres, porque o Senhor era toda 
a Sua alegria. 
 
“1 Palavras do pregador, filho de Davi, rei em 
Jerusalém. 
2 Vaidade de vaidades, diz o pregador; vaidade de 
vaidades, tudo é vaidade. 
3 Que proveito tem o homem, de todo o seu 
trabalho, com que se afadiga debaixo do sol? 
4 Uma geração vai-se, e outra geração vem, mas a 
terra permanece para sempre. 
5 O sol nasce, e o sol se põe, e corre de volta ao seu 
lugar donde nasce. 
6 O vento vai para o sul, e faz o seu giro vai para o 
norte; volve-se e revolve-se na sua carreira, e 
retoma os seus circuitos. 
10 
 
7 Todos os ribeiros vão para o mar, e contudo o mar 
não se enche; ao lugar para onde os rios correm, 
para alicontinuam a correr. 
8 Todas as coisas estão cheias de cansaço; ninguém 
o pode exprimir: os olhos não se fartam de ver, nem 
os ouvidos se enchem de ouvir. 
9 O que tem sido, isso é o que há de ser; e o que se 
tem feito, isso se tornará a fazer; nada há que seja 
novo debaixo do sol. 
10 Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é 
novo? ela já existiu nos séculos que foram antes de 
nós. 
11 Já não há lembrança das gerações passadas; nem 
das gerações futuras haverá lembrança entre os que 
virão depois delas. 
12 Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém. 
13 E apliquei o meu coração a inquirir e a investigar 
com sabedoria a respeito de tudo quanto se faz 
debaixo do céu; essa enfadonha ocupação deu Deus 
aos filhos dos homens para nela se exercitarem. 
14 Atentei para todas as obras que se e fazem 
debaixo do sol; e eis que tudo era vaidade e desejo 
vão. 
11 
 
15 O que é torto não se pode endireitar; o que falta 
não se pode enumerar. 
16 Falei comigo mesmo, dizendo: Eis que eu me 
engrandeci, e sobrepujei em sabedoria a todos os 
que houve antes de mim em Jerusalém; na verdade, 
tenho tido larga experiência da sabedoria e do 
conhecimento. 
17 E apliquei o coração a conhecer a sabedoria e a 
conhecer os desvarios e as loucuras; e vim a saber 
que também isso era desejo vão. 
18 Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o 
que aumenta o conhecimento aumenta a tristeza.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
Eclesiastes 2 
 
A verdadeira sabedoria é uma Pessoa (Cristo), e 
não algo que se adquire por exercício da mente. 
“Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual para nós 
foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e 
santificação, e redenção;” (I Cor 1.30). 
Então quanto mais se tem de Cristo, do 
conhecimento de Cristo, maior será a nossa 
sabedoria nas coisas relativas a Deus, ao Seu reino 
e ao propósito da nossa vida, tanto neste mundo 
quanto no porvir. 
Por isso nos é ordenado: 
“antes crescei na graça e no conhecimento de nosso 
Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a 
glória, assim agora, como até o dia da eternidade.” 
(II Pe 3.18). 
A sabedoria de Salomão lhe foi dada num único dia, 
depois de ter tido um encontro com Deus em sonho 
em Gibeá. 
13 
 
Então o que ele recebeu foi na verdade uma grande 
inteligência natural com capacidade de investigar 
muitas coisas naturais, relativas ao homem natural. 
Devemos considerar que ele escreveu Eclesiastes 
quando já era velho e havia acumulado larga 
experiência de vida. No entanto vemos pouco da 
expressão da sabedoria espiritual, relativa a coisas 
espirituais, sendo expressada em suas palavras, 
como já dissemos, que vemos por exemplo, nos 
Salmos de Davi, falando pelo Espírito. 
 A verdadeira sabedoria espiritual que é a revelada 
por iluminação progressiva e gradual (cada vez 
maior) pelo Espírito, é operada portanto, no 
decorrer dos anos, e não pode ser obtida de uma 
vez a partir de um único dia, tal como Deus fizera 
com Salomão. 
Então, não seria de se esperar que falasse de ter 
buscado estimular o seu coração e a sua carne com 
vinho, sem no entanto deixar a sua sabedoria, e 
tentar manter-se com auto domínio de tal forma, 
ainda que alegrado pelo vinho, que não se deixasse 
dominar pela estultícia (v. 3). 
Isto nada tem a ver com o domínio próprio que é 
fruto do Espírito Santo, e não o resultado de 
autodeterminação. É sendo guiados pelo Espírito 
Santo, que podemos ter o verdadeiro autodomínio. 
14 
 
Salomão usou a sua sabedoria para realizar obras 
magníficas, como edificação de casas, e plantação 
de vinhas, hortas e jardins, construção de tanques 
para regar seus bosques, e foi rico em possessão 
tanto de servos como de gados e rebanhos, tendo 
excedido a todos os que tinham vivido antes dele 
em Jerusalém. 
Ajuntou prata e ouro e tesouros dos reis que lhe 
eram tributários, e teve cantores e concubinas em 
grande número, para aumentar com isto a glória e o 
fausto do seu reino. 
Ele satisfez todos os desejos da sua alma e de 
nenhuma alegria terrena privara o seu coração, e 
lhe dava muita alegria o seu trabalho. 
Todavia, quando veio a refletir sobre tudo o que 
havia feito, chegou à conclusão que tudo fora 
vaidade e um desejo vão, e que não havia proveito 
nenhum em tudo o que havia debaixo do sol, ou 
seja, sobre a terra (v. 11). 
Certamente, o conselho de Salomão que o que nos 
resta, já que a morte é certa, é retirar o melhor do 
que a vida possa nos oferecer, não é o reto ensino 
divino acerca do assunto relativo ao modo como 
devemos viver neste mundo, mas sua afirmação 
está inserida na Bíblia, para que possamos ter o 
conhecimento e a convicção do que sucede àqueles 
15 
 
que não fazem um uso apropriado da sabedoria e 
dos bens que tenha recebido até mesmo da parte 
do próprio Deus, tal como foi o caso de Salomão. 
Daí dizermos então que é preciso ter muito cuidado 
ao se firmar doutrina, a partir das citações de 
Salomão neste livro, porque muito do que ele 
afirmou aqui, retrata a expressão dos seus próprios 
sentimentos, e não a verdade que lhe fora revelada 
por Deus acerca de muitas coisas que ele afirma 
neste livro que ele escreveu. 
Todavia, devemos reafirmar aquelas verdades que 
são eternas e melhores, reveladas em toda a 
Palavra, do que nos concentrarmos em explicar 
exaustivamente tudo o que Salomão afirmou. 
Temos nestas coisas afirmadas por ele, uma 
abertura para esta grande oportunidade de 
analisarmos melhor o que há no coração de uma 
pessoa que permanece em comunhão íntima com 
Deus e debaixo da direção do Seu Espírito (como foi 
o caso de Davi), e daqueles, que apesar de terem um 
conhecimento da Palavra do Senhor, não se aplicam 
inteiramente a tal comunhão, e o resultado será 
este, que vemos nos Escritos de Salomão, em que o 
Senhor não é exaltado o tanto quanto deveria, e a 
Sua Lei e vontade afirmadas, e não tanto as próprias 
conclusões a que chegamos depois de uma 
investigação exaustiva, a partir não das coisas 
16 
 
celestiais e divinas, mas nas que pertencem à 
própria natureza humana e tudo o mais que existe 
na terra, e que é procedente do mundo e não do 
céu. 
 
“1 Disse eu a mim mesmo: Ora vem, eu te provarei 
com a alegria; portanto desfruta o prazer; mas eis 
que também isso era vaidade. 
2 Do riso disse: é loucura; e da alegria: de que serve? 
3 Busquei no meu coração como estimular com 
vinho a minha carne, sem deixar de me guiar pela 
sabedoria, e como me apoderar da estultícia, até 
ver o que era bom que os filhos dos homens 
fizessem debaixo do céu, durante o número dos dias 
de sua vida. 
4 Fiz para mim obras magníficas: edifiquei casas, 
plantei vinhas; 
5 fiz hortas e jardins, e plantei neles árvores 
frutíferas de todas as espécies. 
6 Fiz tanques de águas, para deles regar o bosque 
em que reverdeciam as árvores. 
7 Comprei servos e servas, e tive servos nascidos em 
casa; também tive grandes possessões de gados e 
17 
 
de rebanhos, mais do que todos os que houve antes 
de mim em Jerusalém. 
8 Ajuntei também para mim prata e ouro, e 
tesouros dos reis e das províncias; provi-me de 
cantores e cantoras, e das delícias dos filhos dos 
homens, concubinas em grande número. 
9 Assim me engrandeci, e me tornei mais rico do que 
todos os que houve antes de mim em Jerusalém; 
perseverou também comigo a minha sabedoria. 
10 E tudo quanto desejaram os meus olhos não lho 
neguei, nem privei o meu coração de alegria 
alguma; pois o meu coração se alegrou por todo o 
meu trabalho, e isso foi o meu proveito de todo o 
meu trabalho. 
11 Então olhei eu para todas as obras que as minhas 
mãos haviam feito, como também para o trabalho 
que eu aplicara em fazê-las; e eis que tudo era 
vaidade e desejo vão, e proveito nenhum havia 
debaixo do sol. 
12 Virei-me para contemplar a sabedoria, e a 
loucura, e a estultícia; pois que fará o homem que 
seguir ao rei? O mesmo que já se fez! 
13 Então vi eu que a sabedoria é mais excelente do 
que a estultícia, quanto a luz é mais excelentedo 
que as trevas. 
18 
 
14 Os olhos do sábio estão na sua cabeça, mas o 
louco anda em trevas; contudo percebi que a 
mesma coisa lhes sucede a ambos. 
15 Pelo que eu disse no meu coração: Como 
acontece ao estulto, assim me sucederá a mim; por 
que então busquei eu mais a sabedoria; Então 
respondi a mim mesmo que também isso era 
vaidade. 
16 Pois do sábio, bem como do estulto, a memória 
não durará para sempre; porquanto de tudo, nos 
dias futuros, total esquecimento haverá. E como 
morre o sábio, assim morre o estulto! 
17 Pelo que aborreci a vida, porque a obra que se 
faz debaixo do sol me era penosa; sim, tudo é 
vaidade e desejo vão. 
18 Também eu aborreci todo o meu trabalho em 
que me afadigara debaixo do sol, visto que tenho de 
deixá-lo ao homem que virá depois de mim. 
19 E quem sabe se será sábio ou estulto? Contudo, 
ele se assenhoreará de todo o meu trabalho em que 
me afadiguei, e em que me houve sabiamente 
debaixo do sol; também isso é vaidade. 
20 Pelo que eu me volvi e entreguei o meu coração 
ao desespero no tocante a todo o trabalho em que 
me afadigara debaixo do sol. 
19 
 
21 Porque há homem cujo trabalho é feito com 
sabedoria, e ciência, e destreza; contudo, deixará o 
fruto do seu labor para ser porção de quem não 
trabalhou nele; também isso é vaidade e um grande 
mal. 
22 Pois, que alcança o homem com todo o seu 
trabalho e com a fadiga em que ele anda 
trabalhando debaixo do sol? 
23 Porque todos os seus dias são dores, e o seu 
trabalho é vexação; nem de noite o seu coração 
descansa. Também isso é vaidade. 
24 Não há nada melhor para o homem do que 
comer e beber, e fazer que a sua alma se regozije do 
bem do seu trabalho. Vi que também isso vem da 
mão de Deus. 
25 Pois quem pode comer, ou quem pode se 
regozijar, melhor do que eu? 
26 Porque ao homem que lhe agrada, Deus dá 
sabedoria, e conhecimento, e alegria; mas ao 
pecador dá trabalho, para que ele ajunte e 
amontoe, a fim de dá-lo àquele que agrada a Deus: 
Também isso é vaidade e desejo vão.” 
 
 
20 
 
Eclesiastes 3 
 
Comparemos a citação de Salomão constante do 
verso 21 deste capítulo: 
“Quem sabe se o espírito dos filhos dos homens vai 
para cima, e se o dos animais desce para a terra?” 
Com a que ele faz no verso 7 do capítulo 12: 
 “e o pó volte para a terra como o era, e o espírito 
volte a Deus que o deu.” 
É necessário fazer tal comparação para que 
possamos entender o que ele pretendeu dizer com 
as palavras dos versos 18 a 21 deste capitulo 
terceiro, pelas quais parece estar afirmando que 
tanto homens quanto animais têm o mesmo destino 
comum, e que poderia haver alguma incerteza nele 
quanto ao destino de ambos depois da morte, 
todavia, o que parece que pretendia afirmar é que 
no que tange ao corpo é inegável que tanto homens 
quanto animais voltam ao pó, mas quanto ao 
espírito, ele diz em Ec 12.7 que este volta ao 
domínio de Deus depois da morte, porque foi dado 
por Deus, e não formado naturalmente dos próprios 
elementos naturais da terra, tal como fora o corpo, 
tanto de animais quanto de homens. 
21 
 
E ele afirmou também em relação ao espírito em Ec 
3.21, quanto ao destino eterno dos animais e dos 
homens, que não se pode afirmar que o espírito de 
todo o homem subirá ao céu depois da morte, bem 
como não podia afirmar se o dos animais desceria 
para a terra, parecendo atribuir aos animais terem 
um espírito que poderia ir para debaixo da terra 
depois da morte do seu corpo físico. 
Todavia, tão ligado estava Salomão às coisas deste 
mundo, que havia nele esta incerteza quanto às 
coisas que se seguem depois da morte, e assim, não 
podemos ver em suas palavras senão a trágica e 
melancólica conclusão do verso 22 de que então, 
em face da realidade assim considerada por ele, que 
não há coisa melhor para o homem, do que se 
alegrar nas suas obras enquanto estiver neste 
mundo, porque somente este era o seu quinhão, ou 
seja, a sua herança, porque quem o faria voltar 
depois da morte para ver o que sucedeu depois 
dele? 
Tão diferente são as afirmações de Davi em relação 
à certeza de que estaria com Deus para sempre, não 
somente Ele, bem como todos aqueles que tinham 
o verdadeiro temor do Senhor, e aos quais o Senhor 
não mais atribuiria a condenação eterna decorrente 
do pecado, por causa da justificação. 
22 
 
Em Davi havia esta certeza plena por causa da 
testificação do Espírito com o seu espírito, mas em 
Salomão nós encontramos estas expressões da 
incerteza da vida, e da instabilidade de tudo o que 
há no mundo, nas suas palavras nos primeiros 
versículos deste capítulo, embora, ele soubesse que 
Deus é eterno, e seu meio de comprovação desta 
eternidade divina, é que Deus colocou na própria 
mente do homem a ideia da eternidade (v. 11). 
Embora, o homem não possa descobrir a obra de 
Deus desde o princípio até o fim (v. 11 b). Isto é uma 
afirmação doutrinária correta, ortodoxa, mas mal 
usada por Salomão no contexto da sua aplicação, 
porque concluiu que o melhor que há então para o 
homem fazer é se alegrar nesta vida e praticar o 
bem enquanto viver, comendo e bebendo, e 
gozando de todo o bem do seu trabalho (v. 12, 13). 
Podemos dizer disto que é parcialmente correto e 
que não expressa todo o desígnio de Deus quanto 
ao modo como espera que os Seus servos vivam 
neste mundo, porque Salomão associou todas as 
ações dos homens apenas àquilo que é terreno. 
Ele falou da eternidade de Deus, e da eternidade 
colocada por Deus na mente do homem, mas não 
pôde afirmar que o homem deveria viver orientado 
para esta vida eterna no por vir, porque ele próprio 
não vivia desta forma. 
23 
 
Deste modo, ele expressa o seu conceito sobre 
eternidade nos versos 14 e 15 que podem bem se 
prestar a servir de base para a formulação de 
doutrinas errôneas de que tudo não passa afinal de 
um eterno voltar a ser o que já fora dantes, do que 
para firmar o verdadeiro conceito relativo à 
eternidade que consiste em progresso em 
santificação, quando tudo se faz novo, e o que era 
velho e pertencente à natureza de Adão é destruído 
progressivamente por Deus, para a formação de 
uma nova criação em Cristo Jesus. 
Assim, as contradições do viver de Salomão 
especialmente nos últimos dias de sua vida, podem 
ser vistas em tudo o que escreveu em Eclesiastes, 
porque apesar de afirmar o temor devido a Deus, e 
que haverá um juízo perante Ele depois da morte, 
no entanto, em 
várias passagens de Eclesiastes afirma esta sua 
incerteza em relação ao futuro do espírito humano. 
Nós encontramos o seguinte registro em I Reis 11.4-
12, relativo a Salomão, pelo qual nós vemos a que 
ponto ele chegou por não ter perseverado em seguir 
ao Senhor com integridade de coração: 
“4 Pois sucedeu que, no tempo da velhice de 
Salomão, suas mulheres lhe perverteram o coração 
para seguir outros deuses; e seu coração já não era 
24 
 
perfeito para com o Senhor seu Deus, como fora o 
de Davi, seu pai; 
5 Salomão seguiu a Astarete, deusa dos sidônios, e 
a Milcom, abominação dos amonitas. 
6 Assim fez Salomão o que era mau aos olhos do 
Senhor, e não perseverou em seguir, como fizera 
Davi, seu pai. 
7 Nesse tempo edificou Salomão um alto a Quemós, 
abominação dos moabitas, sobre e monte que está 
diante de Jerusalém, e a Moloque, abominação dos 
amonitas. 
8 E assim fez para todas as suas mulheres 
estrangeiras, as quais queimavam incenso e 
ofereciam sacrifícios a seus deuses. 
9 Pelo que o Senhor se indignou contra Salomão, 
porquanto o seu coração se desviara do Senhor 
Deus de Israel, o qual duas vezes lhe aparecera, 
10 e lhe ordenara expressamente que não seguisse 
a outros deuses. Ele, porém, não guardou o que o 
Senhor lhe ordenara. 
11 Disse, pois, o Senhor a Salomão: Porquanto 
houve isto em ti, que não guardaste a meu pacto e 
os meus estatutos que te ordenei, certamente 
rasgarei de ti este reino, e o darei a teu servo. 
25 
 
12 Contudo não o farei nos teus dias, por amor de 
Davi, teu pai; da mão de teu filho o rasgarei.”Tão apegado estava Salomão à sua coroa, que 
mesmo sabendo que era da vontade de Deus dar as 
dez tribos do Norte para serem regidas por 
Jeroboão, conforme palavra do profeta Aías, 
Salomão tentou matá-lo, para que tal palavra não 
tivesse cumprimento, e nós vemos o quanto ele 
estava desviado do temor devido ao Senhor 
nesta fase da sua vida, conforme podemos ver no 
registro de I Reis 11.40: 
“40 Pelo que Salomão procurou matar Jeroboão; 
porém este se levantou, e fugiu para o Egito, a ter 
com Sisaque, rei de Egito, onde esteve até a morte 
de Salomão.” 
 
“1 Tudo tem a sua ocasião própria, e há tempo para 
todo propósito debaixo do céu. 
2 Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo 
de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; 
3 tempo de matar, e tempo de curar; tempo de 
derribar, e tempo de edificar; 
26 
 
4 tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de 
prantear, e tempo de dançar; 
5 tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar 
pedras; tempo de abraçar, e tempo de abster-se de 
abraçar; 
6 tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de 
guardar, e tempo de deitar fora; 
7 tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de 
estar calado, e tempo de falar; 
8 tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de 
guerra, e tempo de paz. 
9 Que proveito tem o trabalhador naquilo em que 
trabalha? 
10 Tenho visto o trabalho penoso que Deus deu aos 
filhos dos homens para nele se exercitarem. 
11 Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs na 
mente do homem a ideia da eternidade, se bem que 
este não possa descobrir a obra que Deus fez desde 
o princípio até o fim. 
12 Sei que não há coisa melhor para eles do que se 
regozijarem e fazerem o bem enquanto viverem; 
27 
 
13 e também que todo homem coma e beba, e goze 
do bem de todo o seu trabalho é dom de Deus. 
14 Eu sei que tudo quanto Deus faz durará 
eternamente; nada se lhe pode acrescentar, e nada 
se lhe pode tirar; e isso Deus faz para que os homens 
temam diante dele: 
15 O que é, já existiu; e o que há de ser, também já 
existiu; e Deus procura de novo o que já se passou. 
16 Vi ainda debaixo do sol que no lugar da retidão 
estava a impiedade; e que no lugar da justiça estava 
a impiedade ainda. 
17 Eu disse no meu coração: Deus julgará o justo e 
o ímpio; porque há um tempo para todo propósito 
e para toda obra. 
18 Disse eu no meu coração: Isso é por causa dos 
filhos dos homens, para que Deus possa prová-los, 
e eles possam ver que são em si mesmos como os 
animais. 
19 Pois o que sucede aos filhos dos homens, isso 
mesmo também sucede aos animais; uma e a 
mesma coisa lhes sucede; como morre um, assim 
morre o outro; todos têm o mesmo espírito; e o 
homem não tem vantagem sobre os animais; 
porque tudo é vaidade. 
28 
 
20 Todos vão para um lugar; todos são pó, e todos 
ao pó tornarão. 
21 Quem sabe se o espírito dos filhos dos homens 
vai para cima, e se o dos animais desce para a terra? 
22 Pelo que tenho visto que não há coisa melhor do 
que alegrar-se o homem nas suas obras; porque 
esse é o seu quinhão; pois quem o fará voltar para 
ver o que será depois dele?” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
Eclesiastes 4 
 
Tal era o desencanto de Salomão em relação à 
vida, pelo que viu da injustiça que há nos corações 
dos homens, que não chegou a entender os 
desígnios de Deus, na manifestação do Seu poder, 
graça e misericórdia, bem como dos Seus juízos, 
num mundo que havia ficado sujeito ao pecado 
desde Adão, e diferentemente de seu pai, Davi, que 
clamava por justiça ao Senhor, e por livramentos 
dos oprimidos, inclusive dele próprio debaixo da 
perseguições e pressões que sofria, Salomão 
preferiu filosofar sobre tal realidade opressiva, e 
chegou à conclusão de que era melhor nem sequer 
chegar à existência do que viver num mundo sujeito 
à opressão, ou 
então, considerava mais felizes os que já haviam 
morrido, do que aqueles que ainda estavam vivos 
(v. 1 a 3). 
Seria compreensível que tivesse escrito isto numa 
forma de lamento, tal como fizera Jó, Jeremias e 
outros, quando estiveram debaixo de grandes 
aflições, no entanto, eles não filosofaram friamente 
acerca disso, porque estavam na verdade abrindo 
seus corações diante de Deus, desabafando quanto 
30 
 
às suas condições, mas sem perderem a esperança 
de livramento, porque chegaram a compreender 
que Deus tem um bom propósito de nos fornecer 
aperfeiçoamento espiritual através de tais 
tribulações. 
Então, para um cristão esclarecido, não há 
calamidades, mas oportunidades de crescimento 
em todas as vicissitudes desta vida. 
Por isso o cristão não é um pacifista que tenta 
melhorar o mundo, porque o mundo sempre 
seguirá o seu curso, aumentando cada vez mais na 
multiplicação da iniquidade, mas é um pacificador, 
ou seja, alguém que prega a paz que há em Cristo, 
para aqueles que pretenderem deixar as trevas que 
há no mundo. 
A partir do verso 4 deste capitulo nós encontramos 
algumas citações proverbiais que foram escritas por 
Salomão. 
Ele afirma no verso 4 que todo trabalho e toda 
destreza em obras provêm da inveja que o homem 
tem do seu próximo, e que isso é também vaidade 
e um desejo vão. 
Não padece dúvida de que muitas das realizações 
humanas são movidas pela inveja, no desejo de 
superação do próximo. 
31 
 
Todavia, não podemos fazer disso uma regra geral, 
porque especialmente os cristãos sinceros tudo 
fazem por amor a Deus e para Sua glória, e por amor 
ao próximo. 
Mas vivendo cercado por uma rede de intrigas dos 
muitos nobres que compunham a sua corte, 
Salomão restringiu o seu campo de análise ao que 
havia de pior na humanidade e não naquilo que há 
de melhor nela. 
É espantoso o relato que encontramos no livro de I 
Reis quanto às provisões diárias que eram 
necessárias, para alimentar todos os que 
compunham a corte do rei Salomão, e todas as 
tribos de Israel tinham que se revezar na produção 
de alimentos para alimentá-los com quantidades 
fixadas e vigiadas por superintendentes que foram 
colocados pelo rei sobre eles, de forma que para 
sustentá-los foram fixados pesados impostos sobre 
o povo, que eram insuportáveis a ponto de terem 
servido de motivo para a ruptura das demais tribos 
do Norte com Judá e Benjamin, para se colocarem 
debaixo do reinado de Jeroboão. 
Nos versos 5 e 6 lemos que aquele que é preguiçoso 
faz mal à sua própria carne, porque não se 
alimentará corretamente, porque pensa que é 
melhor um pouco de pão com tranquilidade, do que 
32 
 
ter ambas as mãos cheias com trabalho e correr 
atrás do vento. 
De fato é uma grande tolice preferir viver em 
penúria do que ser diligente em trabalhar, a 
pretexto de se amar a tranquilidade, porque Deus 
não aprova tal tipo falso de tranquilidade, que é 
muito parecido com a atitude daqueles que não 
trabalham por alegarem viverem pela fé de que 
Deus lhes proverá de tudo o que for necessário. 
Todavia, o Senhor tem imposto ao homem que 
comerá o seu pão com o suor do seu rosto, e isto é 
indicativo de que Ele suprirá todas as suas 
necessidades, desde que trabalhe, conforme Ele o 
tem determinado. 
Por outro lado é apontado um extremo que é o 
oposto deste citado, nos versos 7 e 8, que consiste 
em muito se trabalhar, sem cuidar do estado da 
alma, por se amar as riquezas como um fim em si 
mesmo, e sem ter com quem compartilhá-la. 
Nos versos 9 a 12 é ensinada a superioridade do 
trabalho em conjunto sobre o individual. 
Especialmente na obra de Deus não existe uma tal 
coisa como a de obreiro independente e isolado. 
O Senhor nos tem ordenado que vivamos 
congregados como um rebanho unido, em justa 
cooperação, e atuando como um só espírito. 
33 
 
Há grande vantagem nisto para cooperação mútua, 
e para que não haja derrota especialmente nas 
investidas do Inimigo, que terá muito maior 
dificuldade para derrotar um corpo de cristãos 
unidos, do que um cristão que viva isoladamente. 
Nos versos 13 e 14 Salomão escreveu um provérbio 
que teria evitado a sua queda no pecado no final de 
sua vida caso o aplicasse asi mesmo, porque diz 
que: 
“Melhor é o mancebo pobre e sábio do que o rei 
velho e insensato, que não se deixa mais 
admoestar, embora tenha saído do cárcere para 
reinar, ou tenha nascido pobre no seu próprio 
reino.” (v. 13 e 14) 
É provável que os versos 15 e 16 tenham sido 
escritos por Salomão inspirando-se no seu próprio 
caso, porque poderia estar falando 
melancolicamente sobre as muitas reclamações que 
estavam sendo levantadas contra o seu reinado, e 
pela aspiração do povo pelo levantamento de um 
novo regente no seu lugar, no caso o seu filho 
Roboão que era ainda muito jovem, e ele via nisto 
que se desencantariam com o jovem, tanto quanto 
haviam ficado insatisfeitos com ele, e por isso 
classificou tal atitude de vaidade e desejo vão. 
34 
 
Não foi esta a condição com que Davi, seu pai o 
conduziu ao reino em seu lugar, quando ainda o 
próprio Salomão era muito jovem, porque Davi 
morreu em ditosa velhice, na presença de Deus, e 
certo em relação à Sua vontade de que deveria fazer 
de Salomão seu sucessor. 
Mas desviado da presença de Deus, como Salomão 
se encontrava, como poderia saber em paz qual era 
a Sua vontade em relação a quem lhe deveria 
suceder no trono? 
Como vimos antes, isto seria feito debaixo de um 
juízo de Deus, tendo a dois jovens por sucessores, 
porque por causa da sua idolatria, o reino de Israel 
seria dividido, e seu filho Roboão o sucederia no Sul, 
e Jeroboão começaria a reinar no novo reino que 
seria formado no Norte. 
 
“1 Depois volvi-me, e atentei para todas as 
opressões que se fazem debaixo do sol; e eis as 
lágrimas dos oprimidos, e eles não tinham 
consolador; do lado dos seus opressores havia 
poder; mas eles não tinham consolador. 
2 Pelo que julguei mais felizes os que já morreram, 
do que os que vivem ainda. 
35 
 
3 E melhor do que uns e outros é aquele que ainda 
não é, e que não viu as más obras que se fazem 
debaixo do sol. 
4 Também vi eu que todo trabalho e toda destreza 
em obras provêm da inveja que o homem tem do 
seu próximo. Também isso é e vaidade e desejo vão. 
5 O tolo cruza as mãos, e come a sua própria carne, 
dizendo: 
6 Melhor é um punhado com tranquilidade do que 
ambas as mãos cheias com trabalho e correr atrás 
do vento. 
7 Outra vez me volvi, e vi outra vaidade debaixo do 
sol, isto é: 
8 Há um homem que é só, não tendo parente; não 
tem filho nem irmão e, contudo, de todo o seu 
trabalho não há fim, nem os seus olhos se fartam de 
riquezas. E ele não pergunta: Para quem estou 
trabalhando e privando do bem a minha alma? 
Também isso é vaidade e enfadonha ocupação. 
9 Melhor é serem dois do que um, porque têm 
melhor paga do seu trabalho. 
10 Pois se caírem, um levantará o seu companheiro; 
mas ai do que estiver só, pois, caindo, não haverá 
outro que o levante. 
36 
 
11 Também, se dois dormirem juntos, eles se 
aquentarão; mas um só como se aquentará? 
12 E, se alguém quiser prevalecer contra um, os dois 
lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se 
quebra tão depressa. 
13 Melhor é o mancebo pobre e sábio do que o rei 
velho e insensato, que não se deixa mais 
admoestar, 
14 embora tenha saído do cárcere para reinar, ou 
tenha nascido pobre no seu próprio reino. 
15 Vi a todos os viventes que andavam debaixo do 
sol, e eles estavam com o mancebo, o sucessor, que 
havia de ficar no lugar do rei. 
16 Todo o povo, à testa do qual se achava, era 
inumerável; contudo os que lhe sucederam não se 
regozijarão a respeito dele. Na verdade também 
isso é vaidade e desejo vão.” 
 
 
 
 
37 
 
Eclesiastes 5 
 
Ao lermos este quinto capítulo de Eclesiastes, 
fomos remetidos às palavras do sermão do Pr David 
Wilkerson no qual chama a Igreja de Laodiceia de 
Igreja de Salomão. 
Ficamos a pensar até que ponto os pregadores de 
Laodiceia, que se firmam basicamente na doutrina 
da prosperidade material, encontram em Salomão 
um paradigma para os seus procedimentos. 
Salomão se intitula no início deste seu livro de 
Eclesiastes como “pregador” (Ec 1.1). 
Ele diz que o que escreveria seria um sermão, um 
sermão que ele pregaria. 
Muito bem, temos então em Eclesiastes um longo 
sermão. 
Todavia algumas coisas devem ser consideradas na 
apreciação deste sermão típico da Antiga Aliança, 
com os sermões pregados na Nova Aliança, durante 
a dispensação da graça inaugurada por Cristo. 
Aquela dispensação era da letra, do ensino da letra 
da Palavra, e não do espírito (II Cor 3). 
38 
 
Se a Palavra e somente a Palavra estivesse em 
realce, tudo estaria bem naquela antiga 
dispensação em que vigorou a Antiga Aliança, que 
vigorou de Moisés até a morte de Jesus. 
Todavia, desde que o Espírito Santo foi derramado 
no dia de Pentecostes em Jerusalém, todo sermão 
deve ser pregado na direção, no poder e na unção 
do Espírito, porque senão o que teremos será o que 
tem ocorrido em muitas igrejas, em plena 
dispensação do Espírito: Ele é colocado de lado, e 
quem fica em realce é a palavra do pregador, com 
simples palavras, ainda que sejam verdadeiras, tais 
como as que Salomão apresenta neste quinto 
capítulo de Eclesiastes. 
Nos versos 1 a 7 Salomão se refere à devoção ao 
Senhor, especialmente no templo, na questão 
relativa a votos, que não devem ser feitos 
precipitadamente, para que não se fique sujeito a 
um juízo da parte de Deus. 
No verso 7 há uma advertência contra a vaidade que 
há em sonhos e muitas palavras que não estejam 
conformados à revelação da vontade de Deus em 
sua lei, e que o melhor antídoto para tudo isto é 
temer ao Senhor. 
A partir do verso 8 Salomão retoma o seu discurso 
relativo às opressões que existem na terra, à 
39 
 
incerteza das riquezas e a vaidade que há em se 
amar ao dinheiro e a riqueza porque não há limite 
para ficar satisfeito com o que se tem, porque 
quanto maior for o ganho, maior será o gasto. E a 
muita fartura do rico lhe roubará o sono, enquanto 
o sono para o simples trabalhador lhe será doce. 
Salomão bem sabia o que era estar inquieto por 
causa da grande corte que ele tinha que manter. 
Um filho irresponsável pode dissolver toda a 
riqueza que foi juntada pelo seu pai, e assim, o ter 
guardado tais riquezas não lhe trariam qualquer 
proveito. E o rico se irá deste mundo, sem levar 
nada consigo, tal como chegou a ele, quando saiu do 
ventre da sua mãe. Então, os que juntam para si 
riquezas deveriam levar em consideração este fato, 
porque todos os sacrifícios que fizeram, e os 
aborrecimentos que tiveram, pelo simples objetivo 
de serem ricos, no final não lhes servirá de qualquer 
proveito. 
Então Salomão, concluiu que o melhor a fazer era 
comer, beber e se regozijar com o bem do seu 
próprio trabalho, porque este é, segundo ele, o 
propósito de Deus para o homem. 
E quanto ao rico que recebeu de Deus suas riquezas 
e bens, e o poder para desfrutar deles, e receber a 
sua herança e regozijar-se no seu trabalho, isto lhe 
será um meio de alívio de muitas lutas e 
40 
 
dificuldades, porque a nossa vida na terra está cheia 
de aflições. E isto lhe ajudará a esquecer os dias 
ruins que viveu neste mundo. Assim Deus também 
equilibrará as cruzes que terá que carregar com os 
dons da Sua graça para alegrar o coração daqueles 
que passaram pela aflição. 
Na verdade, como diz Salomão no final do verso 20, 
será a própria alegria de Deus que consolará e 
encherá o coração ferido, e não propriamente os 
bens e os favores concedidos pela Sua graça aos que 
estiveram debaixo de sofrimentos. 
“1 Guarda o teu pé, quando fores à casa de Deus; 
porque chegar-se para ouvir é melhor do que 
oferecer sacrifícios de tolos; pois não sabem que 
fazem mal. 
2 Não te precipites com a tua boca, nem o teu 
coração se apresse a pronunciar palavra alguma na 
presença de Deus; porque Deus está no céu, e tu 
estás sobre a terra; portanto sejam poucas as tuas 
palavras. 
3 Porque, da multidão de trabalhos vêm os sonhos, 
e da multidão de palavras, a voz do tolo. 
4 Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em 
cumpri-lo; porque nãose agrada de tolos. O que 
votares, paga-o. 
41 
 
5 Melhor é que não votes do que votares e não 
pagares. 
6 Não consintas que a tua boca faça pecar a tua 
carne, nem digas na presença do anjo que foi erro; 
por que razão se iraria Deus contra a tua voz, e 
destruiria a obra das tuas mãos? 
7 Porque na multidão dos sonhos há vaidades e 
muitas palavras; mas tu teme a Deus. 
8 Se vires em alguma província opressão de pobres, 
e a perversão violenta do direito e da justiça, não te 
maravilhes de semelhante caso. Pois quem está 
altamente colocado tem superior que o vigia; e há 
mais altos ainda sobre eles. 
9 O proveito da terra é para todos; até o rei se serve 
do campo. 
10 Quem ama o dinheiro não se fartará de dinheiro; 
nem o que ama a riqueza se fartará do ganho; 
também isso é vaidade. 
11 Quando se multiplicam os bens, multiplicam-se 
também os que comem; e que proveito tem o seu 
dono senão o de vê-los com os seus olhos? 
12 Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco 
quer muito; mas a fartura do rico não o deixa 
dormir. 
42 
 
13 Há um grave mal que vi debaixo do sol: riquezas 
foram guardadas por seu dono para o seu próprio 
dano; 
14 e as mesmas riquezas se perderam por qualquer 
má aventura; e havendo algum filho nada fica na 
sua mão. 
15 Como saiu do ventre de sua mãe, assim também 
se irá, nu como veio; e nada tomará do seu trabalho, 
que possa levar na mão. 
16 Ora isso é um grave mal; porque justamente 
como veio, assim há de ir; e que proveito lhe vem 
de ter trabalhado para o vento, 
17 e de haver passado todos os seus dias nas trevas, 
e de haver padecido muito enfado, enfermidades e 
aborrecimento? 
18 Eis aqui o que eu vi, uma boa e bela coisa: alguém 
comer e beber, e gozar cada um do bem de todo o 
seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol, 
todos os dias da vida que Deus lhe deu; pois esse é 
o seu quinhão. 
19 E quanto ao homem a quem Deus deu riquezas e 
bens, e poder para desfrutá-los, receber o seu 
quinhão, e se regozijar no seu trabalho, isso é dom 
de Deus. 
43 
 
20 Pois não se lembrará muito dos dias da sua vida; 
porque Deus lhe enche de alegria o coração.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
Eclesiastes 6 
 
Não podemos de modo algum concordar com as 
palavras de Salomão proferidas no último versículo 
deste capitulo, porque conhecemos sim, se somos 
servos de Deus, aquilo que é bom para o homem 
nesta vida, ainda que sejam poucos os seus dias na 
terra, porque não é vã a vida para aqueles que 
andam na presença do Senhor e que o servem com 
um coração sincero, porque é em Deus mesmo que 
se encontra o sentido da vida, e não nos dons que 
recebemos dEle, nem mesmo na sabedoria que nos 
tenha dado, tal como fizera com Salomão, porque 
nada disso pode preencher a vida, senão o próprio 
Senhor. 
A razão desta conclusão melancólica de Salomão 
pode ser vista em suas palavras proferidas no início 
deste capitulo no qual ele afirma 
que se Deus dá riquezas a um homem, mas ao 
mesmo tempo não lhe dá a condição de desfrutar 
delas, então, segundo Salomão, teria sido melhor 
para tal homem que nem tivesse nascido, porque 
um aborto está em vantagem em relação a ele, 
porque não tendo nascido, não pôde ter consciência 
45 
 
de não poder desfrutar daquilo que lhe havia sido 
dado. 
Veja o modo como Salomão lamenta, em sua 
velhice, a sua própria incapacidade, como há de 
declarar no último capitulo deste livro, o seu 
próprio estado de não sentir prazer mais em nada, 
por causa da sua idade avançada. 
Assim, ao mesmo tempo em que falava da certeza e 
da instabilidade das riquezas, como no capítulo 
anterior, e que não é nelas que devemos colocar o 
nosso coração, todavia, era quase que 
exclusivamente nisto que Salomão somente 
pensava, ou seja, nas riquezas, e como poderia 
continuar desfrutando delas. 
Temos assim nele, a mesma contradição dos 
pastores da Igreja de Laodiceia, que afirmam pregar 
a verdade do evangelho da cruz, mas na prática seus 
corações estão apegados irremediavelmente às 
coisas deste mundo. Pobres infelizes, como Cristo se 
referiu a eles, por viverem em tal contradição de 
vida, afirmando uma coisa e vivendo o oposto dela. 
As igrejas estão cheias de pessoas que têm grande 
conhecimento teológico, mas nenhuma verdadeira 
piedade. Afirmam o valor da vida piedosa, mas 
negam a sua eficácia em suas próprias vidas. 
 
46 
 
“1 Sabe, porém, isto, que nos últimos dias 
sobrevirão tempos penosos; 
2 pois os homens serão amantes de si mesmos, 
gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, 
desobedientes a seus pais, ingratos, ímpios, 
3 sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, 
incontinentes, cruéis, inimigos do bem, 
4 traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos 
deleites do que amigos de Deus, 
5 tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o 
poder. Afasta-te também desses.” (II Tim 3.1-5) 
“Porque o reino de Deus não consiste em palavras, 
mas em poder.” (I Cor 4.20) 
A pregação dos pastores da Igreja de Laodiceia está 
toda orientada para desfrutar os prazeres que a vida 
pode dar. Chamam à conquista de tal posição, de o 
triunfo da fé, na materialização de sonhos e desejos. 
 Exatamente o que afirma Salomão no seu ensino 
neste capitulo, para o qual a vida não teria qualquer 
sentido caso não se pudesse experimentar tais 
prazeres que o mundo tem a nos oferecer (v. 6). 
Ele até parece ter sido adepto da filosofia epicurista 
antes mesmo dela ter sido formulada na Grécia, 
47 
 
pela qual se afirma o “comamos e bebamos porque 
amanhã morreremos”. 
O evangelho está na contramão desta filosofia, 
porque não esperamos a nossa recompensa da fé 
em Cristo, apenas para este mundo, e não é para 
este tipo de recompensa mundana que ela está 
orientada, porque o triunfo da cruz, é triunfo sobre 
o mundo e a carne, pelo viver e andar no poder do 
Espírito, em novidade de vida, a vida ressureta e 
poderosa de Cristo, que se manifesta em nós, 
quando negamos o eu e carregamos a nossa cruz 
diariamente. 
 
“1 Há um mal que tenho visto debaixo do sol, e que 
pesa muito sobre o homem: 
2 um homem a quem Deus deu riquezas, bens e 
honra, de maneira que nada lhe falta de tudo 
quanto ele deseja, contudo Deus não lhe dá poder 
para daí comer, antes o estranho lho come; também 
isso é vaidade e grande mal. 
3 Se o homem gerar cem filhos, e viver muitos anos, 
de modo que os dias da sua vida sejam muitos, 
porém se a sua alma não se fartar do bem, e além 
disso não tiver sepultura, digo que um aborto é 
melhor do que ele; 
48 
 
4 porquanto debalde veio, e em trevas se vai, e de 
trevas se cobre o seu nome; 
5 e ainda que nunca viu o sol, nem o conheceu, mais 
descanso tem do que o tal; 
6 e embora vivesse duas vezes mil anos, mas não 
gozasse o bem. Não vão todos para um mesmo 
lugar? 
7 Todo o trabalho do homem é para a sua boca, e 
contudo não se satisfaz o seu apetite. 
8 Pois, que vantagem tem o sábio sobre o tolo? e 
que tem o pobre que sabe andar perante os vivos? 
9 Melhor é a vista dos olhos do que o vaguear da 
cobiça; também isso é vaidade, e desejo vão. 
10 Seja qualquer o que for, já há muito foi chamado 
pelo seu nome; e sabe-se que é homem; e ele não 
pode contender com o que é mais forte do que ele. 
11 Visto que as muitas palavras aumentam a 
vaidade, que vantagem tira delas o homem? 
12 Porque, quem sabe o que é bom nesta vida para 
o homem, durante os poucos dias da sua vida vã, os 
quais gasta como sombra? pois quem declarará ao 
homem o que será depois dele debaixo do sol?” 
49 
 
Eclesiastes 7 
 
Salomão deu muitas provas e exemplos da vaidade 
deste mundo e de tudo o que pertence a ele, e agora 
neste capítulo ele nos recomenda alguns meios 
apropriados para nos prevenirmos e agirmos de tal 
maneira sábia, que não sejamos enredados ou 
prejudicados pela instabilidade e impureza das 
coisas do mundo em razão do pecado. 
Então são recomendados principalmente, boa 
reputação (v. 1); seriedade (v. 2 a 6); tranquilidade 
de espírito(v. 7 a 10); prudência na administração 
de nossos negócios (v. 11, 12); submissão à vontade 
de Deus (v. 13 a 15); evitar os extremos perigosos 
(v. 16 e 
18); mansidão e ternura para com aqueles que nos 
ofenderam (v. 19 a 22); e finalmente Salomão 
lamenta a sua própria iniquidade juntando para si 
várias mulheres, que acabaram lhe afastando de 
Deus e impedindo que ele cumprisse os seus 
deveres (v. 23 a 29). 
Tão fundamental é que se viva permanentemente 
na prudência e vigilância que são essenciais à 
manutenção da nossa santificação, que é melhor 
estarmos num funeral, do que num banquete 
50 
 
festivo (v. 2). Porque não somente aprendemos 
sobre quão breve é a nossa peregrinação neste 
mundo, como nada há num funeral que nos chame 
a sair de nosso estado de seriedade e humildade 
diante de Deus. Não há espaço para as paixões da 
carne se manifestarem na casa onde há luto. 
Todavia, dá-se o oposto onde há banquetes que têm 
por fim gerar alegria carnal. 
Por isso se afirma também no verso 3 que é melhor 
a aflição do que o riso, porque a tristeza do rosto 
torna melhor o coração. Isto é uma referência 
especialmente às aflições que os cristãos fiéis 
sofrem neste mundo, sobre as quais Jesus alertou à 
Sua Igreja que por elas seria processado o 
crescimento da fé, e consumada a maturidade 
espiritual dos cristãos, porque sem tais aflições não 
se pode aprender paciência, experiência e 
esperança. 
Onde há alegria carnal, o Espírito Santo se 
entristece, porque o Seu fruto de alegria e de paz, 
não são conformes a alegria e paz que procede do 
mundo e que consiste em simples consolações vãs 
que são oferecidas à alma, na tentativa de 
preencher o vazio da vida que somente a presença 
de Deus pode por um fim, pela manifestação da 
plenitude da vida de Cristo em nós, pelo Espírito. 
Daí a conclusão do verso 4: 
51 
 
“O coração dos sábios está na casa do luto, mas o 
coração dos tolos na casa da alegria.” 
Não se achará a verdadeira sabedoria na alegria 
carnal do mundo, e em tudo aquilo que o mundo 
busca para entreter a alma, porque o homem é 
espírito, e o espírito não pode estar vivo naqueles 
que não têm mortificado as paixões da carne. 
Por isso Salomão afirma que: 
“5 Melhor é ouvir a repreensão do sábio do que 
ouvir alguém a canção dos tolos. 
6 Pois qual o crepitar dos espinhos debaixo da 
panela, tal é o riso do tolo; também isso é vaidade.” 
A partir do verso 7 até o 9, Salomão passa a 
considerar como se deve considerar a questão da 
opressão e do suborno, os quais, conforme ele 
afirma, tira do seu juízo equilibrado até ao próprio 
sábio. 
“7 Verdadeiramente a opressão faz endoidecer até 
o sábio, e o suborno corrompe o coração. 
8 Melhor é o fim duma coisa do que o princípio; 
melhor é o paciente do que o arrogante. 
9 Não te apresses no teu espírito a irar-te, porque a 
ira abriga-se no seio dos tolos.” 
52 
 
 
Salomão tinha reclamado muito das opressões que 
ele viu debaixo do sol, e que deram ocasião a muitas 
especulações que trouxeram tristezas e desânimos 
à sua devoção. 
A opressão pode fazer com que um homem sábio 
fique irado, conforme vemos neste texto, mas o 
sábio deve evitar cair em tal tentação (v. 9). 
Ele deve prosseguir agindo com paciência, porque 
toda opressão terá o seu fim, e assim será melhor 
aguardar com paciência o seu término, do que se 
tornar arrogante desde o princípio em que a 
opressão se manifestar. 
Se o sábio perder a paciência debaixo das opressões 
que possa sofrer neste mundo, ele ficará sujeito à 
ira que se abrigará no seu coração, e será achado 
então na condição de um tolo e não de um sábio 
diante de Deus (v. 9). 
Até mesmo um coração generoso está sujeito à 
tentação de se tornar arrogante quando debaixo de 
opressões. 
As opressões às quais Salomão se refere, não se 
restringem apenas às injustiças dos ímpios 
especialmente contra o próximo, mas também toda 
sorte de tribulação, especialmente, as que são 
53 
 
produzidas pelos principados e potestades das 
trevas. 
Por isso é necessário que se busque refúgio no 
Senhor, como Ele mesmo nos ordena na Sua 
Palavra. 
“Vinde a mim, todos os que estai cansados e 
oprimidos, e eu vos aliviarei.” (Mt 11.28) 
Não será lutando para remover a causa da opressão 
propriamente dita, que poderemos nos livrar dela 
ou mesmo achar descanso para as nossas almas, 
mas é clamando ao Senhor, esperando nEle, na 
expectativa de que Ele nos livrará a Seu tempo, que 
a opressão será vencida por nós, pela fé, ainda que 
estejam presentes as causas das coisas que vinham 
nos oprimindo, porque o Senhor será uma barreira 
entre tais causas (enfermidades, falta de provisão, 
ataques do Inimigo etc), e nós. 
Nós entenderemos melhor o modo pelo qual 
convém nos comportarmos debaixo de opressões, 
no texto que usaremos de forma reduzida e 
adaptada da longa interpretação deste texto feita 
pelo puritano Thomas Bostons, especialmente 
sobre a afirmação do verso 13: 
 
54 
 
Ec 7.13: “Considera as obras de Deus; porque quem 
poderá endireitar o que ele fez torto?”. 
O propósito de Deus em afligir alguém para algum 
propósito de juízo ou de aperfeiçoamento espiritual 
haverá de ser cumprido pelo tempo que Ele 
determinou sem que ninguém possa mudar isto. 
Este é um dos principais significados de Ec 7.13. 
O sofrimento não tem o propósito de ser algo em 
vão nas nossas vidas, do ponto de vista de Deus, 
pois tem determinado principalmente que através 
dele sejamos transformados segundo a 
Sua vontade e Palavra, para que Ele seja glorificado. 
A paciência na tribulação, no sofrimento que ela 
produz, é de grande valor para Deus, e também para 
nós, porque é por meio disto que aprendemos a ser 
pacientes e perseverantes nas coisas do Senhor, 
ensinando-nos a amar com o mesmo amor de Deus, 
que é sofredor, isto é, longânimo em sofrer em 
razão do pecado que há no mundo. 
Uma visão correta da aflição é completamente 
necessária para um comportamento 
verdadeiramente cristão sob elas; e esta visão 
somente será obtida por fé, e nunca pelos sentidos; 
porque somente quando os desígnios divinos são 
descobertos nas aflições, pelos olhos da fé, sendo 
assim propriamente considerados, nós temos uma 
55 
 
visão correta das tribulações, que são o meio 
provido para suprimir as ações de afetos 
corrompidos quando estão debaixo destas aflições. 
Foi sob esta visão que Salomão afirmou as palavras 
de Ec 7.13: ““Considera as obras de Deus; porque 
quem poderá endireitar o que ele fez torto?”. 
Antes, ele havia afirmado em 7.3-5 que: “Melhor é 
a mágoa do que o riso, porque a tristeza do rosto 
torna melhor o coração. O coração dos sábios está 
na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da 
alegria. Melhor é ouvir a repreensão do sábio do 
que ouvir alguém a canção dos tolos.”. Ele está se 
referindo às tribulações como o meio precioso de 
nos tornar úteis para os propósitos de Deus em 
transformar-nos em sábios, e que deveriam ser 
motivo de regozijo e não de abatimento o passar 
por várias provações, sabendo que a prova da fé 
produz perseverança, conforme diz em suas 
palavras: “a tristeza do rosto torna melhor o 
coração.”, a saber, aquilo que nos magoa, isto é, que 
nos machuca, pode nos fazer pessoas melhores, o 
que necessariamente não ocorrerá com aquilo que 
somente nos dá alegrias. 
Salomão deduz, conforme de fato é segundo a 
vontade de Deus, que é melhor ser humilde e 
paciente do que orgulhoso e impaciente nas 
tribulações; porque no primeiro caso, nós nos 
56 
 
submetemos sabiamente ao que é realmente 
melhor; e no segundo caso, nós 
lutamos contra isto. E ele então nos dissuade de 
estarmos contrariados com nossas provações, por 
causa da adversidade que se encontra nelas. 
Salomão nos acautela, falando pelo Espírito, para 
não fazermos comparações odiosas de tempos 
anteriores e presentes (“Não digas: Por que razão 
foram os dias passados melhores do que estes; 
porque não provém da sabedoria esta pergunta.” - 
v. 10), concluindo que não é sábioproceder desta 
forma, porque que insinua reflexões e julgamentos 
impróprios acerca da providência de Deus. 
Ele prescreve um remédio geral, isto é, primeiro 
uma sabedoria santa, que nos permitirá tirar o 
melhor de tudo, até mesmo a vida em 
circunstâncias mortais; e então um remédio 
particular, consistindo numa aplicação devida 
daquela sabedoria, para levar a uma visão justa do 
caso: “Considera as obras de Deus; porque quem 
poderá endireitar o que ele fez torto?”, como que a 
dizer: quem ou o quê poderá impedir aquilo que foi 
determinado pela poderosa mão de Deus para nos 
provar? Por isso Pedro recomenda que nos 
humilhemos sob a potente mão do Senhor, para 
que no tempo dEle possa nos exaltar. 
57 
 
Assim, o próprio remédio é uma visão sábia da mão 
de Deus em tudo que nós achamos que seja duro de 
suportar. Isto é, "considere o trabalho de Deus" em 
suas desagradáveis aflições, nas cruzes que tem de 
carregar e nos cálices amargos que tem que beber. 
Porque há motivo de glória nisto, porque produzirá 
um peso eterno de glória, e o mesmo não pode ser 
dito de quem não tem experimentado os 
sofrimentos de Cristo dos quais todos os que são 
dEle têm se tornado participantes, e isto sim é para 
se lamentar, porque é indicador do fato de ser 
bastardo e não filho, porque todos os filhos de Deus 
são corrigidos e transformados por Ele por meio das 
suas provações. 
Quando se procura uma segunda causa para a 
aflição além da cruz, isto normalmente conduz à 
lamúria. Mas sendo paciente na tribulação, é 
possível ver a mão de Deus nisto, e sujeitando-se à 
Sua vontade é a melhor forma para ser livrado 
porque Ele livra o justo 
de todas as suas aflições. Mas o que lamuria será 
geralmente ainda achado nelas. 
Carregar a cruz voluntariamente faz com que ela se 
torne leve, mas carregá-la com a mente perturbada 
por inquietações à busca de respostas fora de Deus 
para aquilo que se esteja experimentando, quando 
58 
 
estas provas vêm da Sua parte, somente serve para 
aumentar o peso da cruz que carregamos. 
Ter um espírito contrito e quebrantado na aflição é 
algo muito apropriado para acalmar as agitações do 
coração, e nos fazer pacientes debaixo dela. Afinal, 
quem pode acabar com aquilo que Deus entortou? 
No quebrantamento em sua aflição Deus fez isto; e 
tem que continuar até que veja cumprido o Seu 
propósito. Se você pudesse usar toda a sua força, 
procurando consertar aquilo que somente Ele pode 
endireitar, sua tentativa será vã: Nada mudará 
apesar de tudo que você possa fazer. Somente Ele 
que produziu este entortamento que nos inquieta, 
pode repará-lo, e fazer isto diretamente. Esta 
consideração, esta visão do assunto, é o meio 
apropriado para silenciar e satisfazer os homens, e 
assim trazê-los a uma submissão obediente ao seu 
Criador e Senhor, debaixo do quebrantamento das 
suas aflições. 
Agora, nós estudaremos o nosso texto debaixo 
destes três aspectos principais: a) qualquer 
quebrantamento que há em nossa aflição, é Deus 
que está fazendo ou permitindo; b) o que Deus 
determinou arruinar, ninguém poderá reparar em 
sua aflição; c) considerar o quebrantamento na 
aflição como o trabalho de Deus, ou da ação direta 
dele, é o meio apropriado para nos levar a um 
comportamento cristão debaixo disto. 
59 
 
Quanto ao fato de que qualquer quebrantamento 
que há em nossa aflição, é Deus que está fazendo 
ou permitindo, nós temos duas coisas a considerar, 
a saber, o próprio quebrantamento, e Deus que o 
está produzindo. 
1. Sobre o próprio quebrantamento, o 
quebrantamento na aflição, para melhor entendê-
lo, são postuladas estas poucas coisas que seguem: 
Primeiro. Há um certo curso de eventos, pela 
providência de Deus, que caem sobre cada um de 
nós, durante nossa vida neste mundo. E isso é nossa 
aflição, como sendo dividida a nós pelo Deus 
soberano, nosso Criador e Senhor, "em quem 
vivemos e nos movemos”. Este conjunto de eventos 
é extensamente diferente para pessoas diferentes, 
de acordo com a vontade do soberano 
Administrador, que ordena a condição dos homens 
no mundo, numa grande variedade. 
Segundo. Nesse conjunto de eventos, excluindo 
determinadas épocas, cruzes nos são trazidas para 
que as carreguemos, com o alvo de nos quebrantar 
em nossa aflição. Enquanto nós estivermos aqui, 
haverá eventos desagradáveis, como também 
agradáveis. Às vezes as coisas planarão suave e 
agradavelmente; mas, logo, há algum incidente que 
altera aquele curso, como se tivéssemos dado um 
passo errado que nos fez começar a mancar. 
60 
 
Terceiro. Todo a aflição neste mundo tem algum 
quebrantamento nisto. Os queixosos são hábeis 
para fazer comparações odiosas. Eles não 
conseguem olhar para muito longe e acabam pondo 
a culpa do que está lhes afligindo no seu próximo. 
Eles não conseguem ver a mão de Deus nisto, e 
assim, não se submetem a ela. E assim fazem uma 
falso veredicto; porque não há nenhuma aflição 
aqui que não tenha sido ligada ou permitida no céu. 
Quem teria pensado que a aflição de Hamã seria 
muito direta, quando a família dele estava numa 
condição próspera, e ele prosperando em riquezas 
e honras, como primeiro-ministro do estado Persa, 
e de pé no elevado favor do rei? Certamente ele não 
pôde ver que era a mão de Deus que estava 
produzindo a sua aflição. Ainda que os homens 
neguem que não é a mão de Deus que seja a causa 
de suas aflições, não há realmente uma só gota de 
conforto permitida; porque enquanto estivermos 
aqui, sempre será pelas misericórdias do Senhor 
que não somos consumidos. 
Quarto. O quebrantamento na aflição entrou no 
mundo através do pecado. Ele existe por causa da 
queda, porque assim que o pecado entrou no 
mundo entrou com ele a enfermidade, o sofrimento 
e a morte. O pecado entortou o corpo, a mente e o 
espírito dos 
61 
 
homens. E como este entortamento está 
inseparavelmente ligado à aflição, conclui-se que 
isto nos acompanhará até que deixemos este corpo 
de morte e cheguemos aos portões do céu. 
Assim, enquanto estivermos aqui, o 
quebrantamento na aflição produz o contraste de 
comportamento que há entre o dia da adversidade 
e o dia da prosperidade. Como se lê em Ec 7.14: “No 
dia da prosperidade regozija-te, mas no dia da 
adversidade considera; porque Deus fez tanto este 
como aquele, para que o homem nada descubra do 
que há de vir depois dele.”. E isto segue de certo 
modo a recomendação de Tiago: “Está alguém 
alegre? Cante louvores. Está alguém triste. Faça 
oração.”. Esta oração na tristeza é sobretudo oração 
de dependência e de submissão à vontade de Deus, 
e não necessariamente oração para expulsar 
imediatamente a tristeza. 
O quebrantamento na aflição é uma ou outra 
medida de adversidade. A Palavra ensina que tanto 
o dia da prosperidade quanto o da adversidade 
procedem da parte de Deus, “que fez assim este 
como aquele para que o homem nada descubra do 
que há de vir depois dele.”, isto é, para que ninguém 
saiba o que lhe reserva o futuro, e assim vivam 
dependendo inteiramente de Deus, confiando suas 
almas ao fiel Criador na prática do bem, enquanto 
sofrem neste mundo. 
62 
 
Deus misturou estes dois na condição dos homens 
neste mundo; que, tanto experimentam um pouco 
de prosperidade, quanto de adversidade. Esta 
mistura tem lugar, não somente na aflição de santos 
dos quais é dito que "no mundo terão tribulação", 
mas até mesmo na aflição de todos. 
Estas são aplicações da vara da adversidade que 
passa pelas pessoas, e a aflição da pessoa pode ser 
extinta de repente, assim como a nuvem que 
desaparece antes que o percebamos, sem que seja 
produzido qualquer efeito duradouro. Assim o 
quebrantamento na aflição da adversidade, 
continua durante um tempo mais curto ou mais 
longo. 
Mas um quebrantamento na aflição que produz 
efeitos duradouros. Como o quebrantamento 
produzido pela crueldade de Herodes que 
fez com que a aflição das mães em Belém 
lamentasse a morte de seus filhos produzisse um 
lamento para o qual não se encontrou conforto.E há um quebrantamento produzido por um 
conjunto de aflições que se sucedem, tal como no 
caso de Jó, que enquanto um mensageiro de más 
notícias ainda falava, veio um outro com outras más 
notícias. 
63 
 
José experimentou este tipo de quebrantamento 
quando em sucessão foi lançado na cova pelos seus 
irmãos, vendido como escravo, e lançado numa 
prisão egípcia. 
 Há quebrantamentos que são de tempo 
prolongado, como Sara, Raquel e Rebeca que foram 
impedidas de gerarem filhos por muito tempo. 
Outros que como aquela mulher que tocou em Jesus 
sofria de uma hemorragia de doze anos. 
E assim há variedades de aflições, tanto na 
qualidade delas quanto em relação às pessoas. 
E mais particularmente, encontramos na natureza 
do quebrantamento na aflição estas quatro coisas: 
(1) Desarmonia. Uma coisa que aflige é persistente. 
E não há naturalmente, isto é, em sua própria 
natureza, em nenhuma pessoa, uma tal coisa como 
um quebrantamento em relação à vontade e 
propósitos de Deus. Se a vontade de Deus fosse 
aceita e feita no mundo, haveria nele uma harmonia 
perfeita. Mas como isto não é feito voluntariamente 
em razão da natureza terrena que não está sujeita à 
vontade de Deus e nem mesmo pode estar, então 
Ele fará com que todas as coisas cooperem 
juntamente para o cumprimento da Sua vontade, 
sejam agradáveis ou não agradáveis. Ele fará aquilo 
que tiver que ser feito. Assim se Paulo deve ser 
64 
 
entregue nas mãos dos gentios, foi pela vontade de 
Deus que isto ocorreu, de modo que a Paulo foi 
revelado pelo Espírito as cadeias e tribulações que 
lhe aguardavam. E assim não havia nenhuma 
desarmonia nisto. Mas, na aflição de toda pessoa há 
uma desarmonia entre o que se passa em suas 
mentes e a inclinação natural delas. 
A situação adversa traz a cruz à pessoa e esta não 
responderá harmoniosamente a isto. Quando a 
divina providência traz a provação a vontade do 
homem vai de um modo e a situação vai de outro, e 
a vontade puxa para cima, e a situação puxa para 
baixo, e assim vão em sentidos contrários. E é 
justamente nisto que consiste a aflição. É esta 
desarmonia produzida pela aflição que nos exercita 
no estado de provação, no qual somos chamados a 
confiar em Deus, enquanto caminhamos por fé, não 
através de visão, e temos que se aquietar e se 
ajustar à vontade e propósito de Deus, e não 
insistirmos que a situação devesse estar de acordo 
com o que estabelecemos em nossa mente. 
(2) Perda de visão. Coisas entortadas são 
desagradáveis à vista; e nenhum quebrantamento 
na aflição parece ser alegre, mas doloroso (Hb 
12.11). Então as pessoas precisam se precaver de 
dar curso aos seus pensamentos enfatizando o 
quebrantamento na aflição delas, e de manter isto 
muito à vista. Davi mostra uma experiência 
65 
 
dolorosa sua quando disse: "Enquanto eu estava 
meditando o fogo estava queimando" e Jacó agiu de 
modo mais sábio, quando chamou o seu filho 
Benjamim, de filho da mão direita do que a mãe 
agonizante que lhe tinha chamado de Benoni, que 
significa o filho de minha tristeza. Porque com isto 
não estaria provendo um meio de quebrantamento 
na aflição toda vez que pronunciasse o nome do seu 
filho. 
Realmente, um cristão pode ter uma visão fixa e 
fraca do seu quebrantamento na aflição à luz da 
Palavra santa que representa isto como a disciplina 
da aliança. Assim a fé descobrirá uma visão 
escondida nisto, debaixo de uma pequena 
aparência externa, percebendo o quão agradável 
isto é à bondade infinita, amor, e sabedoria de 
Deus, e para a realidade de que na maioria dos 
valiosos interesses para que a pessoa possa 
experimentar aquele gozo mais elevado e refinado 
que resulta da alegria na provação e na angústia. 
Mas qualquer quebrantamento na aflição que é 
agradável ao olho da fé, não é de todo agradável ao 
olho dos sentidos. 
(3) Incapacidade para se movimentar. Salomão 
observa a causa do caminhar intranquilo e 
desajeitado do manco: "As pernas do manco não 
são iguais.". Esta intranquilidade deles é 
encontrada na caminhada cristã, pela aflição de um 
66 
 
espírito dobre que tem pernas de tamanhos 
diferentes, e que traz grande dificuldade para a 
caminhada. Não há nada que dê um acesso mais 
fácil para a tentação do que a aflição; nada é mais 
hábil para colocar os passos fora do rumo. Então, diz 
o apóstolo, no contexto das recomendações 
relativas à disciplina de Deus em Hb 12.11-13: “Na 
verdade, nenhuma correção parece no momento 
ser motivo de gozo, porém de tristeza; mas depois 
produz um fruto pacífico de justiça nos que por ele 
têm sido exercitados. Portanto levantai as mãos 
cansadas, e os joelhos vacilantes, e fazei veredas 
direitas para os vossos pés, para que o que é manco 
não se desvie, antes seja curado.” Devemos ter 
compaixão daqueles que estão sendo trabalhados 
debaixo disto e não os censurarmos rigidamente, 
porque ainda que tenham dificuldade de serem 
corrigidos por palavras eles aprenderão a lição que 
lhes será dada na sua própria experiência. 
(4.) Inteligência para pegar e se segurar, como que 
usando ganchos (anzóis). O quebrantamento na 
aflição deixa prontamente uma forte impressão no 
espírito da pessoa, e as corrupções do pecado ou as 
tentações de Satanás deixam-na como que em um 
embaraço do qual não consegue se desembaraçar. 
E esta tentação deixa à mostra alguma coisa muito 
feia que estava oculta no espírito, como o lodo que 
existe no fundo do mar e que é revelado pelo bater 
das ondas. Alguma blasfêmia ou ateísmo pode 
67 
 
surgir na aflição, como revelado por Asafe: “foi 
inútil limpar meu coração e lavar minhas mãos na 
inocência.”. Foi parte do que ele disse em sua 
aflição. Ah! É este o piedoso Asafe? Como é que ele 
se virou tão rápido na direção contrária! Mas o 
quebrantamento na aflição é uma máquina 
reveladora pela qual o tentador faz descobertas 
surpreendentes de corrupção oculta até mesmo nos 
melhores santos. 
Assim o quebrantamento na aflição pode atingir 
qualquer pessoa, e ninguém está isento de ser 
apanhado por isto, e porque o pecado é achado em 
toda parte o quebrantamento pode acontecer em 
qualquer parte. As próprias enfermidades físicas e 
até mentais abundam visivelmente no mundo em 
razão disto, por que o pecado abunda em toda a 
parte, e a enfermidade é uma mera consequência 
da existência do pecado. 
Uma pessoa pode ter um quebrantamento na 
aflição permanente de complexos de inferioridade 
por causa de sua constituição física que lhe parece 
inadequada; na falta de estima e reconhecimento 
da parte de seus semelhantes; na insatisfação por 
não ser capacitada intelectualmente tanto quanto 
gostaria de ser; e por uma série de outros motivos 
relativos a uma inaceitação pessoal. 
68 
 
Muita aflição pode ser resultante do 
relacionamento pessoal. Este quebrantamento 
pode ser produzido por perda de relacionamento, 
especialmente a perda de pessoas queridas. Pode 
ser por rompimento de relacionamento, como no 
caso de separações conjugais, abandono do 
convívio dos filhos com os pais, exclusão da igreja 
ou de qualquer outra sociedade de amigos. 
Jó era afligido por sua esposa, Abigail por seu 
marido ranzinza Nabal; Eli pelos seus filhos 
obstinados; Jônatas pelo temperamento de Saul; e 
assim as pessoas acham uma cruz exatamente 
naqueles em quem esperava o seu maior conforto. 
O pecado sujeitou a criação inteira à vaidade, e 
tornou todo relacionamento sujeito a produzir 
aflição. Na empresa são patrões duros e injustos; no 
bairro, homens egoístas e violentos; na igreja 
pessoas carnais e indolentes, um verdadeiro fardo 
para os ministros; no estado, magistrados 
opressores e corruptos; na família filhos 
contenciosos e rebeldes. 
Tendo visto o próprio quebrantamento, nós vamos 
considerar qual é a participação de Deus em tudo 
isto. 
Primeiro, o quebrantamento na aflição, é uma 
forma de penalidade que os homens pagam como 
forma de juízo de Deus que começa já neste mundo, 
69 
 
mesmo começando primeiro pela sua própria igreja, 
como diz o apóstoloPedro, para que se saiba todo 
o mal que o pecado tem produzido na terra, e que 
Deus pôs um juízo sobre isto 
na forma de os homens serem quebrantados por 
suas aflições. Ninguém está inteiramente livre dos 
mais variados tipos de aflições que se pode sentir 
neste mundo, em razão de estar sujeito ao pecado 
que trouxe desarmonia e dor à criação. Mesmo 
quem se isole poderá ser achado por suas próprias 
aflições interiores como solidão, temores, 
enfermidades etc. 
Em segundo lugar, as doutrinas da Bíblia sobre a 
providência divina mostram claramente que Deus 
provoca a aflição de todos os homens. Não há nada 
que aconteça neste mundo que não seja permitido 
ou produzido por Deus. Satanás nada poderá fazer 
se o Senhor não o permitir. O pecador nada poderá 
fazer se Deus não o quiser, assim como impediu 
Abimeleque de tomar Sara, mulher de Abraão como 
esposa; e o poderoso Senaqueribe da Assíria levar 
Judá em cativeiro, assim como tinha levado Israel. 
No caso de Israel Ele permitiu, mas no de Judá, 
impediu. Ele permitiu que Tiago fosse morto por 
Herodes logo no início da igreja, e manteve João 
com vida até a mais avançada idade. Nem um só 
pássaro é morto sem a sua permissão, e até os 
cabelos de nossas cabeças estão contados. 
70 
 
E o mais maravilhoso de tudo isto é que Deus age 
sem anular o livre arbítrio humano e sem traçar o 
destino de cada um em relação a tudo o que deve 
lhes suceder em sua vida terrena. O bem será 
recompensado e o mal será julgado. E o justo será 
feito mais justo. E o que se suja se sujará ainda mais. 
É com base neste princípio geral que Ele tudo 
governa e visita os homens controlando as suas 
tribulações; de modo que produzam 
quebrantamentos na aflição para conversão ou 
aperfeiçoamento espiritual dos justos, ou para juízo 
dos injustos. 
O mistério da providência, no governo do mundo, 
está em todas as suas partes, em conformidade 
exata com o decreto de Deus que opera todas as 
coisas conforme o conselho da Sua vontade. 
Há quebrantamentos puros e sem pecado; que são 
meras aflições, cruzes limpas, dolorosas realmente, 
mas não sujas. Tal era a pobreza de Lázaro; a 
esterilidade de Raquel, os olhos baços de Lia, a 
cegueira do cego de nascença. Agora, os 
quebrantamentos deste tipo são de Deus, que 
pela eficácia do Seu poder os faz passar 
diretamente por estas situações. Ele é o Criador do 
pobre. Ele formou os olhos do cego de nascença de 
modo que as suas obras sejam manifestadas nele. 
Então ele diz a Moisés: “Quem faz a boca do 
71 
 
homem? ou quem faz o mudo, ou o surdo, ou o que 
vê, ou o cego?. Não sou eu, o Senhor?” (Êx 4.11). 
Em segundo lugar há quebrantamentos 
pecaminosos, isto é resultante do pecado em sua 
própria natureza. Como foi a aflição de Davi em 
razão do seu pecado de adultério e morte de Urias, 
produzido pelo incesto de Amon com Tamar; o 
assassinato de Amon; a rebelião e morte de 
Absalão, e por todas as desordens havidas em sua 
família por causa do seu pecado. E as tribulações 
deste tipo não são de Deus, é a isto que Pedro 
chama sofrer como um malfeitor, isto é, por causa 
do mal praticado. Deus não põe o mal no coração de 
ninguém, nem incita ninguém à sua prática. Nem 
sequer tenta a ninguém. Mas estas tribulações são 
permitidas por Ele, de modo que venham como 
forma de julgamento sobre o pecado que é 
praticado. 
 Está na esfera de soberania de Deus impedir ou não 
a prática de tais pecados, assim como impediu 
Abimeleque de pecar contra Ele, no caso de Sara, 
mulher de Abraão. Aquilo que Deus fecha ninguém 
pode abrir, e aquilo que Ele abre ninguém pode 
fechar. E quando Ele age ninguém poderá impedir. 
Então, Ele sabe em Sua providência a quem, onde e 
quando livrar da prática do pecado, bem como o 
contrário disto. Os juízos permitidos em forma de 
aflições chamam a atenção dos homens a serem 
72 
 
responsáveis e eles próprios tomarem atitudes 
legais de modo a não permitir que a prática do mal 
venha a se espalhar, colocando em perigo a 
sobrevivência da própria sociedade. 
Deus põe limites à prática do mal até ao próprio 
Satanás, como nós vemos no livro de Jó. Ele não 
pode ultrapassar os limites que lhe são impostos 
por Deus. E até mesmo todas as tentações dos 
cristãos têm estes limites demarcadores de modo 
que não sejam tentados além de suas forças. 
O propósito de Satanás era o de fazer Jó blasfemar 
e o de Deus de provar a sinceridade do amor de Jó 
por Ele, ao mesmo tempo que 
aperfeiçoaria a intimidade de Jó com Ele, e por isso 
permitiu que Satanás produzisse todas aquelas 
aflições que trouxe sobre Jó. E Deus virou o cativeiro 
de Jó fazendo com que aquilo que Satanás lhe 
trouxe para o seu mal, se transformasse na vida de 
Jó em duplo bem. De modo que o Senhor demonstra 
o Seu poder de fazer com que tudo coopere 
juntamente para o bem daqueles que O amam. E Ele 
fez o mesmo em relação a Mordecai e aos judeus, a 
quem Hamã desejava destruir, e o mal sobreveio ao 
próprio Hamã, enquanto Mordecai e os judeus 
foram livrados. O mal intentado para a destruição 
de José trouxe o livramento da fome a todo o 
mundo. 
73 
 
Estes, e todos os verdadeiros cristãos sofrem, 
nestas ocasiões, muitas vezes não por praticarem o 
mal, mas exatamente por praticarem o bem, pelo 
bom nome de Cristo que levam sobre si, e disto 
falou o apóstolo Pedro nas seguintes palavras: 
I Pe 2.20: “Pois, que glória é essa, se, quando 
cometeis pecado e sois por isso esbofeteados, 
sofreis com paciência? Mas se, quando fazeis o bem 
e sois afligidos, o sofreis com paciência, isso é 
agradável a Deus.”. 
I Pe 3.17: “Porque melhor é sofrerdes fazendo o 
bem, se a vontade de Deus assim o quer, do que 
fazendo o mal.”. 
 
“1 Melhor é o bom nome do que o melhor 
unguento, e o dia da morte do que o dia do 
nascimento. 
2 Melhor é ir à casa onde há luto do que ir a casa 
onde há banquete; porque naquela se vê o fim de 
todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu 
coração. 
3 Melhor é a aflição do que o riso, porque a tristeza 
do rosto torna melhor o coração. 
74 
 
4 O coração dos sábios está na casa do luto, mas o 
coração dos tolos na casa da alegria. 
5 Melhor é ouvir a repreensão do sábio do que ouvir 
alguém a canção dos tolos. 
6 Pois qual o crepitar dos espinhos debaixo da 
panela, tal é o riso do tolo; também isso é vaidade. 
7 Verdadeiramente a opressão faz endoidecer até o 
sábio, e o suborno corrompe o coração. 
8 Melhor é o fim duma coisa do que o princípio; 
melhor é o paciente do que o arrogante. 
9 Não te apresses no teu espírito a irar-te, porque a 
ira abriga-se no seio dos tolos. 
10 Não digas: Por que razão foram os dias passados 
melhores do que estes; porque não provém da 
sabedoria esta pergunta. 
11 Tão boa é a sabedoria como a herança, e mesmo 
de mais proveito para os que veem o sol. 
12 Porque a sabedoria serve de defesa, como de 
defesa serve o dinheiro; mas a excelência da 
sabedoria é que ela preserva a vida de quem a 
possui. 
75 
 
13 Considera as obras de Deus; porque quem 
poderá endireitar o que ele fez torto? 
14 No dia da prosperidade regozija-te, mas no dia 
da adversidade considera; porque Deus fez tanto 
este como aquele, para que o homem nada 
descubra do que há de vir depois dele. 
15 Tudo isto vi nos dias da minha vaidade: há justo 
que perece na sua justiça, e há ímpio que prolonga 
os seus dias na sua maldade. 
16 Não sejas demasiadamente justo, nem 
demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti 
mesmo? 
17 Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas 
tolo; por que morrerias antes do teu tempo? 
18 Bom é que retenhas isso, e que também daquilo 
não retires a tua mão; porque quem teme a Deus 
escapa de tudo isso. 
19 A sabedoria fortalece ao sábio mais do que dez 
governadores que haja na cidade. 
20 Pois não há homem justo sobre a terra, que faça 
o bem, e nunca peque. 
76 
 
21 Não escutes a todas as palavras que se disserem, 
para que não venhas a ouvir o teu servo amaldiçoar-
te; 
22 pois tu sabes também que muitas

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