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.... -~ Ventilação Industrial e Controle da Poluição ( i I, ARCHIBALD JOSEPH MACINTYRE Professor de Máquinas Hidráulicas da Escola de Engenharia da UFRJ; do Centro Técnico-Cientifico da PUC - RJ; da Escola de Engenharia da UERJ; Professor de Sistemas Fluidodinâmicos e de Instalações Hidráulicas do Instituto Militar de Engenharia - IME e Professor do Núcleo de Treinamento Tecnológico - NTT --- { Segunda edição r . \',."""I. . \.~.. q, ~";pt.~, . " \ \~'! ( :t íTé \ EDITORA --- ;; t. URI - Bib:ioteca CAMPUS - Sento Angeto (R8) Ir AIIog. / <>' :::-' DII8I~.'.2.J~ Direitos exclusivos para a língua portuguesa Copyright @ 1990 by LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. Travessa do Ouvidor, 11 Rio de Janeiro, RJ - CEP 20040-040 Reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecãnico, gravação, fotocópia, ou outros), sem permissão expressa da Editora. Prefácio da 2. a Edição Durante muitos anos a preocupação contra a poluição se voltava quase que exclusivamente para a defesa dos empregados em indústrias onde é elevado o risco de danos à saúde, em face dos contaminantes e poluentes nelas produzi- dos. Não havia preocupação maior quanto aos males causados às populações mais ou menos próximas às indústrias e que respiravam o ar po- luído. Eventualmente, um caso de doença grave veiculado pelos meios de comunicação, ou o cla- mor público, movimentavam oS,órgãos compe- tentes que, então, acionavam dispositivos de pe- nalização e intimação à indústria causadora do mal- talvez irreversível - para as providências cabíveis. Nos últimos anos, a opinião pública, alerta- da por defensores da preservação ecológica, to- mou conhecimento e se posicionou em defesa do meio ambiente contra várias formas de devas- tação e poluição ambiental, entre as quais as que decorrem do lançamento, na atmosfera, de gases, fumaças, vapores, particulados e fumos provenientes das mais variadas indústrias. Entidades nacionais e de âmbito internacio- nal, governos, partidos políticos e meios de co- municação se mobilizam para impedir que os efeitos da poluição atinjam as temíveis propor- ções de calamidade em escala mundial, afetando a saúde, a temperatura, os climas, os níveis dos mares, a camada protetora de ozônio e ocasio- nando a precipitação de chuvas ácidas. i I I I L A solução dessas questões em âmbito do planeta é o grande desafio que os países de todo o mundo deverão enfrentar, para preservar as \ condições de sobrevivência das gerações futuras. A solução global é compl~xa e dispendiosa,! mas não é concebível que se aguardem anos até que a ciência chegue a precisar melhor as causas dessa ou daquela perturbação ecológicaou climá- tica. Enquanto se realizam as pesquisas, é im- prescindível combater causas perfeitamente co- nhecidas como poluidoras, conscientizando as in- dústrias a se equiparem com os recursos que im- \ peçam males que possam ser causados aos seus operários e, pela poluição da atmosfera circun dante, às populações mais ou menos afastadas. Os países mais industrializados são certa-\ mente os mais'poluidores, mas atualmente inves- tem mais maciçamente em controle da poluição e eliminação de resíduos poluidores oriundos de combustão e de processos industriais na recicla- gem dos resíduos e poluentes captados. Este livroé, por assimdizer, o primeiro está- gio nos estudos que o leitor irá realizar na elabo- ração de seus projetos e na busca de soluções de questões relacionadas com Ventilação Indus- trial e Controle da Poluição. Um agradecimento especial é feito a vários fabricantes de equipamentos e a industriais pelas valiosas informaçõesprestadas e que foram intro- duzidas nesta segunda edição. O Autor \ - - . - I I L Conteúdo 1 Conceitos Fundamentais, 1 1.1 Objetivos da Ventilação Industrial, I 1.2 Classificação Sumária dos Sistemas de Ventilação, 2 2 Ar Atmosférico e Ar Poluido, 4 2.1 Composição do Ar, 4 2.2 Poluentes do Ar, 5 2.3 Propriedades das Partículas dos Aeres- sóis, 6 2.4 Proteção do Meio Ambiente contra a Po- luição, 9 2.5 Valores Limiares de Tolerância, 10 2.6 Considerações Breves sobre Toxicologia Industrial, 15 2.7 Agentes Químicos e seus Efeitos Fisioló- gicos Prejudiciais, 16 2.8 Atuação dos Contaminantes no Organis- mo Humano, 21 3 Efeito do Movimento do Ar sobre o ConfOrlo de Uma Pessoa, 26 3.1 Sensação de Frio e Calor. Condições de Conforto, 26 3.2 Formas de Transmissão de Calor, 26 3.3 Umidade Absoluta e Umidade Relativa, 30 3.4 Temperatura Efetiva, T", 30 3.5 Ventilação para o Conforto Térmico, 33 3.6 Metabolismo, 35 4 Ventilação Geral, 37 4.1 Conceituação,37 4.2 Entrada de Ar e Exaustão Naturais, 37 4.3 Movimento do Ar Devido ao Vento, 39 4.4 Movimento do Ar nos Recintos em Virtu- de da Diferença de Temperaturas, 40 4.5 Combinação dos Efeitos da Ação do Ven- to com o Efeito de Chaminé, 41 5 Psicrometria, 44 5.1 Recordação de Noções Fundamentais de Calor e Termologia, 44 5.2 Carta Psicrométrica, 58 (fi)Ventilação Geral Diluidora Obtida Mecanicamente, 73 6.1 Insunação Mecãnica e Exaustão Natural, 73 6.2 Insuflação Natural e Exaustão Mecãnica, 74 6.3 Insuflação e Exaustão Mecãnicas, 75 6.4 Ventilação de Ambientes "Normais", 78 6.5 Mistura de Retorno com Ar Externo, 88 6.6 Remoção da Umidade do Ar, 89 6.7 Resfriamento do Ar, 90 6.8 Compartimentos "Limpos" ou "Purifica- dos", 91 7 Ventilação Geral Diluidora para Re- dução de Calor Sensivel, 92 7.1 Considerações Preliminares, 92 7.2 Condições Ambicntais de Conforto, 93 7.3 Taxas de Ocupação dos Recintos, 93 7.4 Calor Liberado por uma Pessoa, 93 7.5 Calor Devido à Penetração do Exterior para o Recinto, por Condução, em Razão da Diferença de Temperaturas entre o Exterior e o Interior do Mesmo, 93 7.6 Carga Térmica Devida à Insolação, 94 7.7 Carga Térmica Devida à Energia Dissi- pada pelos Aparelhos de Iluminação, 95 7.8 Carga Térmica Devida ao Funcionamen- to de Motores Elétricos, 95 7.9 Carga Térmica Devida a Equipamentos em Funcionamento no Recinto, 95 7.10 Calor Devido à Ventilação ou Infiltração do Ar para o Ambiente, 96 7.l\ Carga Térmica Total, 98 7.12 Método Aproximado para Avaliação de Carga Térmica e do Volume de Ar de Insuflamento para Remoção da Mesma, 100 7.13 Ventilação de Salas de Máquinas ou Re- cintos Industriais, 101 8 Ventilação Industrial Diluidora, 105 8.1 Ventilação Local Diluidora ou Geral Df- luidora Industrial, 105 8.2 Taxa de Ventilação, 107 8.3 Casos a Considerar, 109 1'.4 Tempo para o Estahelecimento de um Dado Grau de Concentração num Recin- to. 11-1-~". 1'.5 Ventilação Geral Diluidora para Evitar Fogo ou Explosão. 113 X.h Mistura de Solventes. 114 9 Dutos para Condução do Ar, 117 9.\ Divisão do Assunto. 117 9.2 ConsideraçÜes Preliminares Quanto ao Dimensionamento dos Dutos para Insu- nmnento e Aspiraç,io. 117 9.3 Dimensionamento dos Dutos. 124 9.4 Perdas de Carga em Peças Especiais. 13K 9.5 Expansão ou Alargamento Gradual. 143 9.h Comprimentos Equivalentes em Peças. 144 9.7 Curvas c JunçÔes. 147 9.1' JunçÔes ue RamifieaçÜes em Duto. 14K 9.9 Material dos Dutos. 154 lO Ventiladores, 157 10.1 Ddiniç.jo. 157 10.2 Classificação. 157 10.3 FUl1llamentos da Teoria dos Ventilado. res. 164 10.4 Grandezas Características. 171 10.5 l.eis de Semelhança. 176 10.6 Escolha do Tipo de Ventilador. Veloci. dade Especifica. 171' 10.7 Codicientes AdimensiOlmis. 179 10.1' Velocidades Perif.:ricas MÜximas. 179 10.9 Projeto de um VentiladurCentrífugo. 11'1 10.10 Escolh.l Preliminar do Tipo de Rotor. 11'5 10.11 Curva Característica do Sistema. 11'6 10. I:! Controle da Vaz.jo. 11'9 1O.1J Operaç.jo de Ventiladores em S.:rie e em Paralelo. 192 10.14 Efeito da VariaçÜo da Densidade sohre o Ponto de OperaçÜo. 193 10.15 InstalaçÔes de Ventilauores em Condi. çÜes Perigosas. 195 10.16 Ruído Provocado pelo Ventilador. 197 11 Ventilação Local Exaustora, /99 11.1 Caracterizaç.jo do Sblema. IW I \.2 Captor. 201 11.3 Estimativas da Vazãoa Ser Exaurida com o Captor. 229 . liA VazÜoa Considerar em Captores. 255 11.5 Projeto de uma InstalaçÜo de Exaust.io Local. 25K 12 Purificação do Ar, 270 12.1 Generaliuaues.270 12.2 Fatores a Serem Considerados na Escolha uo Equipamento. 270 12.3 Equipamentos para Coleta e Eliminação das Partículas. 283 12.4 Equipamentos para Separação e Coleta de Contaminantes Gasosos. 283 12.5 Filtros. 285 . 12.6 Coletores Gravitacionais. 303 12.7 Coletores de Cãmaras lnerciais. 305 12.8 Coletores Centrífugos ou Ciclones. 306 12.9 Coletores Úmidos. Lavadores de Gases ou Torres Lavadoras. 316 12.10 Tratamento de Gases e Vapores. 323 12.11 Filtros Eletrostáticos ou Eletrofiltros. 332 13 Remoção e Eliminação do SOl-Ani- drido Sulfuroso, 338 13.1 Natureza da Questão. 338 13.2 Emissão do Enxofre. '339 13.3 Chuvas Ácidas. 339 13.4 Limites de Emissão de SO.. 340 13.5 Exemplo. 341 . 13.6 SoluçÜes para Controle do 50, no Ar. 342 - 13.7 Tratamento do 50. Contido nos Gases de Comhustão. 342- 13.8 Métodos de Verificação do Teor de SO.. 347 . ! . i I L 17.2 Exemplos de Aplicação. Produtos Em- pregados Causadores de Maus Odores e Recursos Adotados para Eliminar esses Odores. 363 18 Ejetor de Ar ou Bomba de Jato, 365 Medições em Ventilação Industrial, 370 ma - Funuaç.jo de Engenharia Estauual \ do Meio Amhiente do Rio de Janeiro. 31'1 20 21 Tabelas Úteis, 383 Licenciamento de Atividades Poluido- ras e Aprovação de Projetos de Siste- mas de Controle da Poluição do Ar, 3n I l4 Controle.das Emissões de NO... (Óxidos de Nitrogênio), 348 14.1 Fonnaç.jo dos Óxidos de Nitrogênio. 348 14.2 Controle pela Ação no Comhustor. 349 14.3 Controle pela AçÜo na Fornalha. 349 1.\.4 Controle dos Gases antes de Entrarem na Chamin.:. 349 19 19.1 Natureza das MediçÜes. 370 19.2 Medição dos Níveis dos Gases Presentes no Ar. 370 19.3 Tclemedição com Lasers. 372 19.4 Medição da Velocidade do Ar. 373 19.5 Medições de Vazão. 379 19.6 Medição da Pressão (Estática). 3X(} 19.7 Medição de Temperatura. 381 19.1' Métodos ue Mediç.io Adotados pc "I I'ee- 21.1 Entidade Controladora. 392 21.2 Lieenciamen\(). 392 21.3 Sistema de Lieenciamento de Atividade, Poluidoras - SLAP. 393 Bibliografia, 396 Índice Alfabético, 399 . -- .A 15 Poluição pelas Pedreiras, Mineração e Perfuração de Túneis, 351 15.1 ConsidemçÔes Preliminares. 351 15.2 PerruraçÜo da Rocha. 351 15.3 BeneficiamenlO do Material Extraído. 353 15..\ Sistema de ExaustÜo-ventilação. 354 15.5 Lavagem da Pedra Britada. 354 15.6 Remoção de Gases em Túneis c Minas. 355 15.7 Doenças Provocadas pela RespiraçÜo de Poeiras 5ilicosas. 355 16 Poluição na Indústria Siderúrgica, 356 16. I O Processo Sidenirl!ico. 356 16.2 Poluentes Formado~. Depuraç.jo dos Ga- ses e Separação do PÓ. 351' 17 Controle do Odor, 362 17.1 M.:todos Empregados. 362 - ---- ...... ...I . ; ~Q.L\!,.&ií,~ ./ iJv..~ ( \ (:1 URl ~} 'l.cAMPu:~~ 1 Conceitos Fundamentais OBJETIVOS DA VENTILAÇÃO INDUSTI.UAL j'" i.~i Numa acepção ampla, ventilar significa deslocar o ar. Na prática, o deslocamento do ar tem como finalidadl' a retirada ou o fornecimento de ar a um ambiente, ou seja, a renovação do ar no mesmo. Essa renovação tem como fim primordial a obtenção, no interior de um recinto dito fechado, de ar com um grau de pureza e velocidade de escoamento compatíveis com as exigências fisiológicas para a saúde e o bem-estar humanos, e uma adequada distribuição do mesmo no local. A renovação consegue, além disso, controlar, dentro de certos limites, a temperatura e a umidade ambiente. Entretanto, o controle rigorosll destas duas grandezas só se realiza de um modo praticamente perfeito em instalações de climatização designada, como instalações de ar condicionado. . A Ventilação Industrial é em geral entendida como a operação realizada por meios mecânicos que viselI' a controlar a temperatura, a distribuição do ar, a umidade e a eliminar agentes poluidores do ambiente, tais como gases, vapores, poeiras, fumos, névoas, microrganismos e odores, designados por "contaminantes" 011 "poluentes". Podem-se considerar também como contaminantes substâncias que normalmente existen!, na composição do ar normal quando elas excedem determinados teores ou índices de concentração, passandQ a oferecer risco maior ou menor à saúde daqueles que se expõem durante tempo considerável ao ar que. as contém. Além de remover de um determinado local os elementos contaminantes, o controle da poluição pOl meio da ventilação requer muitas vezes que os elementos poluidores, depois de captados, sejam coletados dando-se a eles, em seguida, uma adequada destinação, de modo a não contaminarem o ar exterior, 01. rios e lagoas, caso venham a ser dissolvidos ou misturados à água. A ventilação industrial, adequadamente projetada e operada, consegue eliminar agentes nocivos à saúde humana, ou no mínimo consegue uma reduçãL na intensidade e na concentração dos agentes contaminantes a níveis de quase total inocuidade e evita quI' esses agentes se dispersem na atmosfera, prejudicando um número considerável de pessoas, afetando mesmL as condições ecológicas indispensáveis à vida. Permite, outrossim, reduzir as temperaturas dos locais de trabalho a níveis suportáveis e até mesmo a condição de relativo conforto ambiental. ' É necessário insistir que a Ventilação Industrial não visa apenas a atender a condições favoráveis par:.> aqueles que trabalham no interior das fábricas ou nos limites das mesmas. Objetiva, também, impedir quL o lançamento na atmosfera, através de chaminés ou outros recursos, de fumaças, poeiras, gases, vapores e partículas venha a contaminar o ar, ameaçando a saúde e a vida da população das vizinhanças e atL mesmo de locais relativamente afastados. As indústrias siderúrgicas (calcinação, sinterização etc.), petroquímicas e químicas são normalmente muite poluidoras. Lançam na atmosfera, em certos casos, sem tratamento adequado, grande quantidade de material particulado e poluentes no estado de gases ou vapores. As estatísticas revelam números estarrecedorcs part- a massa de substâncias poluidoras lançadas na atmosfera, não obstante o esforço que em muitos países vem sendorealizadopara reduzira poluição. \ As conseqüências de uma poluição em larga escala, dependendo naturalmente do poluente, podem manifes- tar-se sob a forma de graves doenças, entre as quais devem ser mencionadas: il, - .enfisema pulmonar e outras afecções broncopulmonares;- hipertensão arterial;- doenças do fígado;- doenças dos olhos e irritação das mucosas; . .... 1 VENTILAÇÃO INDUSTRIAL - doenças do sistema nervoso central;- dermatites;- câncer da pele ("pele de jacaré");- câncer do sangue (Ieucemia) num processo inexorável, que pode levar de 10 a 20 anos até o desenlace. - anomalias congênitas: anencefalia (nascimento de crianças sem cérebro); hidrocefalia (aumento da quantidade de líquido no encéfalo); microencefalia (redução do tamanho do cérebro);- alteração de fertilidade no homem e na mulher. Os conhecimentos da medicina estabelecem níveis de conforto e índice de poluição e limites de tolerância do organismo humano a grande número de substâncias cuja liberação no ar tem lugar no ambiente em que se vive, e, mais particular e intensamente, em indústrias, processos extrativos, de beneficiamento, químicos, mecânicos. siderúrgicos, perfuração de galerias de minas, de túneis, desmonte de pedreiras e tantos outros. Cabe à engenharia encontrar a solução adequada, para que os limiares de segurança sejam respeitados, proporcionando condições ambientais adequadaS à vida humana e à preservação da fauna e da flora. Entre as "medidas de engenharia" relacionadas com a Ventilação Industrial e Controle da Poluição, devem ser citados: Projeto adequado, compatível com o grau de risco dos poluentes envolvidos nos processos. A preocupação exclusiva com a economia pode conduzir a soluções paliativas ou ilusórias. O projeto deve ser entendido como o do processo industrial em si, e o da Ventilação correspondente. A substituição de materiais nocivos ou muito tóxicospor outros de menor nocividade, quando for possível, deve ser tentada. " Umidificação do ar. É muito usada quando há poeira. Aplicada na indústria de cerâmica, perfuração de minas, aberturas de valas em pavimentação de ruas, estradas, britagem de pedras, pátios de carvões etc. Confinamento. Usado no jateamento de areia, em pintura, trituração, moagem de cereais etc. A operação é realizada em compartimentos que impeçam o escapamento das substâncias poluidoras para outros ambientes. Isolamento. Consiste na instalação do equipamento de uma unidade altamente poluidora em um prédio separado do conjunto industrial. Recorrendo também à automação, consegue-se que, na trituração, a poeira e, nas pinturas, a tinta s6 venham a alcançar os poucos operários encarregados de sua "vistoria", os quais, nas vezes em que operarem, irão devidamente protegidos. Ventilação de ambientes, para assegurar condições de conforto adequadas, de modo a 'remover do ambiente contaminantes provenientes de equipamento e processos químicos e industriais. É o que se pretende com a aplicação da técnica da Ventilação Industrial. Separação e coleta dos poluentes, processando-se um tratamento, quando necessário, e dando-se ao produto residual uma destinaçâo que não prejudique as condições ecológicas ambientais. É o objetivo do Controle da Poluição. 1.2 CLASSIFICAÇÃO SUMÁRIA DOS SISTEMAS DE VENTILAÇÃO h.1 Os sistemas de ventilação se dividem em Sistemas de Ventilação Geral e em Sistemas de Ventilação Local Exaustora. Vejamos em que consistem. 1.2.1 Sistema de ventilação geral Realiza a ventilação de um ambiente, de um modo global e geral. Pode ser: Natural, quando não são empregados recursos mecânicos para provocar o deslocamento do ar. A movi- mentação natural do ar se faz através de janelas, portas, lantemins etc. Geral diluidora, quando se empregam equipamentos mecânicos (ventiladores) para a ventilação do recinto. A ventilaçâo geral diluidora pode realizar-se por meio de: insuflação; exaustão; insuflação e exaustão combinados,constituindo o chamado Sistema Misto. A Ventilação Geral tem por finalidade: a) Manter o conforto e a eficiencia do homem. Para isto, procura realizar: - o restabelecimento das condições ambientais do ar, alteradas pela presença do homem; - a refrigeração do ar em climas quentes; CONCEITOS FUNDAMENTAIS 3 - o aquecimento do ar em climas frios;- o controle da umidade do ar. Estes objetivos são conseguidos da forma mais perfeita nas denominadas instalações de ar condicionado. b) Manter a saúde e a segurança do homem. Visa a conseguir: - reduzir a concentração de aerodispers6ides e particulados nocivos, até um nível considerado compatível com as exigências de salubridade; - impedir que a concentração de gases, vapores e poeiras inflamáveis ou explosivas ultrapasse limites de segurança contra a inflamabilidade ou a explosão. c) Conservarembomestadomateriaiseequipamentos(subestaçõeselétricaseminteriores;"locais"decompres- sores, de motores a diesel e de geradores e motores elétricos). 1.2.2 SIstema de ventllação local exaustora Realiza-se com um equipamento captor de ar junto à fonte poluidora, isto é, produtora de um poluente nocivo à saúde, de modo a remover o ar do local para a atmosfera, por um sistema exaustor, ou a tratá-Io devidamente, a fim de ser-lhe dada destinação conveniente, isto é, sem riscos de poluição ambiental. . - 7 2 Ar 'Atmosférico e Ar Poluído 2.1 Composição do ar o ar atmosférico é uma mistura de gases, contendo pequena quantidade de matérias sólidas em sqspensão e cuja composição, quando seco e considerado puro, é indicada na Tabela 2.1. Tabela 2.1 Composição do ar Ar externo seco Substâncias . Nitrogênio, gases raros, hidrogênio Oxigênio CO2 (dióxido de carbono) % em volume % em peso 79,00 20,97 0,03 76,80 23,16 0.04 Em recintos onde existam pessoas, os teores acima se modificam. As porcentagens em volume, quando a umidade relativa do ar é de 50% e a temperatura de 21'C, podem passar a ser de: Nitrogênio, gases raros, hidrogênio Oxigênio ................................ CO2...................................................... Vapor de água 78,00% (em volume) 20,69% 0,06% 1,25% Uma redução de oxigênio para 16 a 20% ocasiona dificuldade de respirar. Entre 11 e 16% produz dor de cabeça. Entre 8 a 10%, ãnsia de vômito e perda da consciência. Compreende-se que o estado higrométrico do ar e a existência de indústrias poluidoras e de grande número de veículos trafegando em uma cidade alterem os valores acima indicados nas áreas industriais e centros urbanos densamente povoados. A simples presença do homem em um ambiente altera as taxas dos componentes. De fato, no ar expirado pelo homem, as taxas a 36'C e 100% de umidade relativa assumem os valores seguintes: Nitrogênio, gases raros, hidrogênio Oxigênio CO2...... Vapor de água 75% (em volume) 16% 4% 5% ~ I ~, Uma pesquisa realizada pelo ProL Ernesto Schneider revela que 42% das substâncias tóxicas espalhadas no ar em um centro urhano de muito tráfego (monóxido de carhono, chumbo, benzopireno etc.) provêm dos gases de escapamento dos veículos automóveis; 35% provêm das indústrias; e 23%, das emanações dos fogões domésticos. Naturalmente, a presença de uma ou mais indústrias no local, lançando, sem qualquer tratamento, poluentes na atmosfera altera completamente esse quadro de proporções. As "queimadas" na lavoura e eventuais incêndios em matas ocasionam também poluição, mas de caráter ocasional. . O consumo normal de ar por um homem com peso de 68,5 kg é o seguinte: AR ATMOSFÉRICO E AR POLuioo 5 Em repouso Trabalho leve Trabalho pesado IImin 7,4 28 13 kgf/dia 12 45 69 IIdia 10.600 40.400 62.000 Ib/dia 26 98,S 152 2.2 Poluentes do ar o ar, mesmo o considerado puro, contém normalmente, além do que foi mencionado na Tabela 2.1, quantidades pequenas de poeira de origem mineral, vegetal ou animal, além de bactérias e os chamados odores, que são gases de origem vegetal ou animal, desagradáveis ou não ao olfato. Acima de certa concentração, essas substâncias passam a constituir poluentes ou contaminantes ocasionando prejuízos à saúde humana e danos ecológicos. Vejamos os principais poluentes: 2.2.1 Aerossóis As partículas de materiais sólidos, líquidos e organismos vivos microscópicos se apresentam no ar atmos-' férico, formando com esse meio gasoso o que se denomina um aerossol. Pode-se definir o aerossol como um sistema constituído por meios de dispersão gasosa onde se encontram partículas sólidas, líquidas ou microorganismos, donde o nome de aerodispers6ide, pelo qual também é conhe- cido. 2.2.2 Modalidades de aerossóis Os aerossóis podem ser formados por dispersão, como resultado de pulverização, atomização de sólidos ou líquidos, ou transferência de poeiras, pólen e bactérias, para o estado de suspensão em virtude da ação de correntes de ar. As partículas se apresentam de tamanho variado e de forma irregular. Podem também ser formados pela condensação,de vapores supersaturados ou por uma reação processada entre gases, produzindo um material não-volátil. Existem aerossóis cuja fase dispersa é líquida. As partículas constitutivas, em geral, no caso, possuem forma esférica e tendem a fundir-se, originando partículas esféricas cada vez maiores que acabam por desinte- grar-se no choque entre as mesmas. Vejam os principais aerossóis poluentes: a) Fumos. São partículas sólidas, em geral com diâmetros inferiores a 10 p., chegando mesmo a 1 p. (1 mícron = 0,001 mm). Resultam da condensação de partículas em estado gasoso, geralmente após volatilização de metais fundidos, e quase sempre acompanhada de oxidação. Os fumos tendem a flocular no ar. É o caso dos fumos metálicos, como o cloreto de amônio, por exemplo. Quando o chumbo é derretido, o vapor de chumbo sublimado em contato com o ar se transforma em óxido de chumbo, PbO, constituindo partículas sólidas extremamente pequenas em suspensão no ar, isto é, aerossóis. Esses fumos de PbO são tóxicos, venenos acumulativos, razão por que, nos linotipos,onde são fundidas ligas de chumbo e antimônio, deve-se executar uma instalação de ventilação adequada. Os fumos de óxidos metálicos produzem a chamada "febre dos fundidores" ou "febre dos latoeiros" que se manifesta acompanhada de tremores, algumas horas após a exposição ao "fumo". b) Poeiras. Os aerossóis no caso são formados por partículas sólidas, predominantemente maiores que as - coloidais, com diâmetros compreendidos entre 1 p. e 100 p.. (Segundo o Manual da Connor, variam de 1 aiO p..) Resultam da desintegração mecânica de substâncias inorgânicas ou orgânicas, seja pelo simples manuseio (embalagem), seja em conseqüência de operações de britagem, moagem, trituração,esmerilha- mento, peneiramento, usinagem mecânica, fundição, demolição etc. Exemplo: poeiras de carvão, sflica, asbesto, algodão, papel, fibras e outras. As poeiras de dimensões maiores são às vezes designadas por particulados ou areias finas, ou ainda, material fragmentado. As poeiras não tendem a flocular, exceto se submetidas a forças eletrostáticas. Não se difundem; ao contrário, precipitam pela ação da gravidade. c) Fumaça. São aerossóis constituídos por produtos resultantes da combustão incompleta de materiais orgânicos (lenha, óleo combustível, carvão, papel, cigarro etc.). As partículas possuem diãmetros inferiores a 1 p. (ou a 0,1 p., segundo o Manual da Connor). d) Névoas. São aerossóis constituídos por gotículas líquidas com diâmetros entre 0,1 (ou mesmo 0,01 p.) e 100 p., resultantes da condensação de vapores sobre certos núcleos, ou da dispersão meciJnicade líquidos em conseqüência de operações de pulverização, nebulização, respingos etc. Exemplos: névoa de ácido sulfúrico, de ácido crômico, de tinta pulverizada, de "sprays" etc. As neblinas se acham compreendidas entre 1 p. e 50 p. e se classificam em mist e em fog, sendo as partículas de um {og (cerração, orvalho, Ir? 6 VENTILAÇÃO INDUSTRIAl. dispersões de água ou gelo) menores que as de um mist (pulverizações, atomizações, espirro de uma pessoa etc.). No mist ocorre uma baixa concentração de partículas líquidas de tamanho "grande". Em meteorologia, o mist indica uma leve concentração de partículas de água de tamanho suficientemente grande para que caiam. O smog resulta de reações na atmosfera entre certos hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio e o ozônio, sob a ação da luz solar. Provoca irritação nos olhos, dificuldade respiratória e reduz a visibilidade. e) Organismos vivos. Os mais comuns são o pólen das flores (5 a 10 p.), os esporos de fungos (1 a 10 p.) e as bactérias (0,2 a 5 p. ou mesmo até 20 p.). Em circunstãncias especiais e em geral em locais confinados, pode ocorrer a presença de vírus (0,002 a 0,05 p.). f) Além dos ae,rossóis devem-selevar em consideraçãoos gasese vapores,que podem ocorrer em certos ambientes ou processos industriais, como é o caso do NHJ, S02' NOz, CO, CH.. CI e CO2 (em excesso). São considerados por alguns autores como sendo também aerodispersóides. Gás. É um dos estados ~e agregação da matéria. Não possui forma e volume próprios e tende a expandir-se indefinidamente. A temperatura ordinária, mesmo sujeitas a pressões fortes, não podem ser total oUl arcialmente reduzidos ao estado líquido.Vapor. a forma gasosa da matéria, a qual, à temperatura ordinária, pode ser reduzida total ou parcialmente ao estado líquido. g) "Fly ash" (fuligem). São partículas finamente divididas de produtos de queima de carvão e óleo combustível e que são carregadas nps gases de combustão em geral de fornalhas e queimadores de caldeiras. Alguns autores classificam os aerodispersóides simplesmente em: poeiras; líquidos e vapores condensados; gases e vapores não-condensados; fumaças. A Fig. 2.1 do livro Air Conservation Engineering,da Connor Engineering Corporation, fornece, grafica- mente, indicações quanto aos aerossóis, vapores e gases, aos tamanhos das partículas e aos métodos recomen- dados para a eliminação das mesmas. A Fig. 2.2 (gráfico de S. Sylvan) indica os níveis de concentração e o tamanho médio das partículas, bem como os recursos aplicáveis ao combate à poluição, próprios a cada caso. Existe um gráfico devido a C.E. Laple, publicado pelo ROYCO lnstruments, lnc. e pelo Standard Research lnstitute, que apresenta também sob forma gráfica, de um modo ainda mais detalhado, as caracte- rísticas de partículas e aerodispersões, métodos para avaliação do tamanho das partículas e equipamentos recomendáveis para a col~ta de partículas. (Ver no livro Engenharia de Ventilação Industrial, citado na Biblio- grafia. ) 2.3 PROPRIEDADES DAS PARTíCULAS DOS AEROSSÓIS 2.3.1 Comportamento das partículas O comportamento das partículas no ar e sua velocidade de sedimentação dependem: - do tamanho das partículas;- da densidade das mesmas; - da concentração de partículas no ar;- do movimento do ar. Estas propriedades são levadas em consideração nos captores e nos eliminadores de partículas do ar (filtros, precipitadores, lavadores, ciclones, impactadores inerciais, precipitadores hidrodinâmicos etc.) 2.3.1.1 Tamanho das partículas O tamanho aerodinâmico de uma partícula é o diâmet~o ou o raio de uma esfera hipotética, tendo a mesma velocidade de queda da partícula e uma massa específica igual ai glcmJ. 2.3.1.2 Área superficial Uma mesma massa subdividida em grande número de partículas tem sua superfície grandemente aumen- tada, o que aumenta a taxa de reação química e agrava o risco de inalação dos aerossóis. 2.3.1.3 Evaporação e condensação Partículas muito finas podem funcionar como núcleos de condensação de umidade nos processos de transferência de massa na condensação e na evaporação. Essa difusão de massa varia proporcionalmente com a área superficial das partículas. AR ATMOSFÉRICO E AR POLuíDO 7( Vejamos algumas propriedades importantes ligadas ao comportamento das partículas em suspensão noar. iOOOO 'o 1000'0 100'0 10'0 1'0 01 001 000 I 000 01 <li .. C "O o o CJ ~ .~ õ<>E ~ ~ ElU..... ~I- UI ~I-;;; o lUI:;U ... Ul I - lUo o:E0-a. ~I i I ~ <lio ~ ~ .!:!' <l: 1 ~ 00 I- .~:; - z.~- o ~~ ~; ~ , I&.~ oa ....J '0 ... a c O> .... z cU .E 0 1 ;:> I- = ~. l u z 'c~ > ,q,q li: O~t ~.. ..~c ~ 5: ;1 :Ia ~I ul I I <li C '" .... I- U ,q 10 O oc ~ <li O li. ... a .. O "O 'o... o <> "O Co .-- E... .- 2 'ii <li '" z O .J U-U li O U j: 'cI- li O'"I-'".J ... t- .J C ~ I-.- ...<li.J :;; 2 i=l-I- '"U I-... .J 1.t lU ~ o Ul I ~ o" 20 ::::I] 1&,,'0 i~ - c ! I - .JO 100 ...~ Z + 1- ~I" ~ ~'" .J11: '" O :a"' 1 0 "'1-o c '" .. I ~ > O - '" ~I- '".J li.-,1&., + ---1---" =-.. ,80 a!!1: ;!~O I C 'O O";"C f 0'0 Q.C Uo. E o .-.- o O EI-'Õu.g .... Fia, 2.1 Impurezas em suspensão no ar (Connor Engineering Corp. Ai, Conservalion Enginee,ing). .. o "O 'õ <li-, UI '0 UI UI O o: lU <I: Ul I ~ <I:~I-~- 00' (!):: lU (l) j <1:.. 0:0--"O lU:: 0'0 0." o N.. .. ~ o. E- li !:! ~ .... o ;: U.. .- o o. 0..'.; )( ~I - c '" c'"... ! I ô " E.. 1- o.... " E E 8 ô - 8 VENTILAÇÃO INDUSTRIAL m: J~... ... MI~ ! 1 10010 TAMAM-IO M€OIO OAS ~RTlcuLAS (}Jj illi .. 20-c . .tatm Flg. 2.2 Carta de. S. Sylvan - níveis de concentração e "tamanho" médio das partículas. 2.3.2 Adesividade Quando uma pequena camada de líquido se espalha sobre uma superfície fica sujeita a forças de adesão proporcionais à atração molecular, à tensão superficial do líquido e ao raio de curvatura da superfície líquidamolhante. r AR ATMOSFÉRICO E AR POLUfDo 9 A umidade do ar favorece a adesão. O fenômeno de adesão está relacionado com o fenômeno de tensãosuperficial e com as chamadas forças de Van der Waals. 2.3.3 Densidade A densidade de uma partícula formada por dispersão de um sólido será a mesma do material que aoriginou. Quando, porém, diversas partículas sólidas não-porosas se juntam, a partícula resultante terá uma forma geométrica diferente e que inclui espaços vazios. Por este motivo, a massa específica da partícula resultante será menor que a das partículas originais. A massa específica de um conglomerado departículas pode ser até 10 vezes menor que a do material que a formou devido a essa porosidáde. 2.3.4 Adsorção É a adesão ou concentração de partículas dissolvidas ou dispersas sobre a superfície de um corp~. É um fenômeno de superfície que se verifica na camada que separa dois meios diferentes. Partículas sólidas e líquidas de dimensões muito pequenas se apresentam recobertas por uma película superficial de gás, a qual é mantida pela ação de forças elétricas de atração ou pelas condições de valência químicaoriginadasna camadasuperfidaldas moléculas. , Esta formação de camada adsorvente de gás sobre a superflcie de uma partícula depende do grau de concentração do mesmo no ambiente, e a quantidade de gás que é adsorvido é função da superfície externada partícula. Quando Ocorre adsorção de gases sobre a superfície de partículas, várias características superficiais das mesmas, tais como a evaporação, adesão molecular e carga elétrica, sofrem alterações. Designam-se por adsorvedores substâncias ou equipamentos capazes de extrair certas impurezas gasosas ou a umidade do ar por efeito do fenômeno de adsorção. São por isso usadas em filtros e em secadores. 2.3.5 Carga eletrostática O contato, a separação, o choque ou atrito entre as partículas em um meio gasoso provocam a transferência de elétrons livres, o que comunica às partículas uma certa carga elétrica. A difusão de íons livres no meio gasoso também influi na carga das partículas. Assim, as cargas de sinal elétrico + e as de sinal - se distribuem quase que igualmente entre as pequenas partlculas que vão ficar contidas no ar, de modo que, conquanto cada partícula possa individualmente estar com alta carga elétrica, o aerossol, em seu conjunto, pode ter uma carga resultante bastante pequena, devido ao equilíbrio das cargas eletrostáticas de sinais opostos. Quando as partículas são submetidas a uma carga pela ação de um campo eletrostático, as forças que atuam sobre as partículas modificam suas condições de escoamento, podendo, desse modo, provocar a atração e a aglutinação das mesmas. A carga elétrica recebida pela partlcula é proporcional ao seu tamanho, e neste fato se fundamentam os precipitadores e classificadores eletrostáticos, conforme veremos oportunamente. 2.4 PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE CONTRA A POLUIÇÃO. A Lei Federal n° 6938, de 31 de agosto de 1981, dispõe sobre a Polltica Nacional do Meio Ambienteno Brasil. Esta lei foi regulamentada em 1° de junho de 1983 pelo Decreto n° 88.351, que conferiu ao Ministro de Estado do Interior a coordenação geral da política nacional do meio ambiente. Em 15 de março de 1985foicriadoo Ministériode DesenvolvimentoUrbanoe MeioAmbiente. ' O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) tem como órgão superior o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), cujo Regimento inicial foi ~lterado em 03 de junho de 1985. Cabe ao CONAMA, entre outras atribuições, as seguintes: - Estabelecer, com o apoio técnico da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), normas e critérios gerais para o licenciamento das atividades efetiva ou potencialmente poluidoras.- Determinar, quando julgar necessário, antes ou após o respectivo licenciamento, a realização de estudo das alternativas e das possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados de grande porte.- Estabelecer, com base em estudos da SEMA, normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manu,-tenção da qualidade do meio ambiente. O Decreto, em seu artigo 9", criou várias Câmaras Técnicas coordenadas pela SEMA, sendo uma delas a encarregada dos assuntos relativos à qualidade geral do ar, a DIPAR. Cabe aos Estados e Municípios a regionalização das medidas emanadas do SISNAMA, elaborando normas 10 VENTILAÇÃO INDUSTRIAL e padrões supletivos e complementares. O órgão estadual do meio ambiente em São paulc(é a CETESB, e no Estado do Rio de Janeiro é a FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente - e a SEMA, esta em caráter supletivo. Determinarão, sempre que necessário, a redução das atividades geradoras de poluição, para manter as emissões gasosas ou efluentes líquidos e resíduos sólidos nas condições e limites estipulados no licenciamento concedido. O Decreto citado prevê multas a "quem causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes de um quarteirão urbano ou localidade equivalente". A Associação Brasileira de Meio Ambiente e a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza defendem o meio ambiente contra a poluição e a predação ecológica. 2.5 VALORES LIMIARES DE TOLERÂNCIA São muitos os poluentes que resultam de operações e processos industriais. O organismo humano, os animais e os vegetais podem vir a ser gravemente afetados, caso o grau de concentração desses poluentes no ar venha a ultrapassar certos limites de tolerância. Na prática, não existe a pretensão de se alcançar uma purificação total do ar, mas atingir um grau de pureza que não ofereça riscos à saúde e à ecologia nem a médio nem a longo prazo. Pesquisas quanto à suscetibilidade dos organismos à ação de agentes poluentes têm sido e continuam sendo levadas a efeito por várias organizações de Saúde Pública e higienistas em todo o mundo. O levantamento das observações e os resultados apurados permitiram a elaboração de tabelas indicativas dos limites de tolerância do organismo humano a um considerável número de poluentes industriais. Assim, por exemplo, a American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH) publica periodicamente uma tabela dos chamados valores limiares de lolerlJncia(Ihreshold limit va/ues - TL V). A definição correta dos limiares de tolerância permitirá o cálculo do limite total permissível de emissão de um determinado poluente. A partir daí poderão ser estudados os métodos de redução da emissão, da coleta dos poluentes, do tratamento para a purificação do ar e estabelecidos sistemas de controle do teor do poluente. O Valor do limiar de lolerlJncia (YLT) corresponde a uma concentração média de substâncias suspensas ou dispersas no ar de um certo ambiente de trabalho, em um determinado intervalo de tempo, e que representa condições para as quais se pode presumir com cerla segurança que quase todos os tr!lbalhadores possam estar expostos a esse ar s~m que ocorra a manifestação de um efeito adverso em seu organismo. Existem três valores limiares de tolerância mais conhecidas e que são: a) TLY-TWA (Threshold Limil Value - Time Weighted Average). Corresponde a concentrações ponderadas pelo tempo, para uma jornada de trabalho de 8 horas e uma semana de trabalho de 40 horas e para as quais todos os trabalhadores podem ser expostos repetidamente dia após dia, sem efeito adverso. b) TLY-8TEL (Threshold Limit Value -Short Term Exposure Umil). Ê a concentração para a qual os trabalha- dores podem ser expostos continuadamente, por um curto intervalo de tempo, sem sofrerem: 1. Irritação das mucosas e da pele; 2. Dano crônico ou irreversível de qualquer tecido; 3. Narcose em grau tal que possa aumentar a possibilidade de um acidente ou reduzir a capacidade de autodefesa, ou ainda, o rendimento no trabalho. Trata-se de um parâmetro que suplementa mas não exclui o TL Y-TWA e se aplica a casos em que se saiba que existem conseqüências graves provocadas por substâncias cujos efeitos sâo primária e normal- mente de natureza crônica. Um STEL se define como a concentração durante um intervalo de tempo de 15 minutos e que não deve ser excedida em nenhum tempo durante um dia, supondo que a concentração ponderada diária esteja dentro dos limites de TLY-TWA. As exposições correspondentes ao STEL não devem exceder 15 minutos e não podem ser repetidas mais de quatro vezes ao dia. Deve haver pelo menos 60 minutos entre duas exposições sucessivas de.um STEL. c)TLY-C (Threshold Limil Va/ue-Ceiling). Vem a ser a concentração que não deverá ser excedida em qualquer tempo da jornada de trabalho. Corresponde pois a um "teto" ou limite superior que não deve ser atingido. Sempre que possível, devemser realizados estudos aprofundados para a fixação dos limites de tolerância, uma vez que a capacidade de defesa e a resistência dos organismos. variam muito e é sempre conveniente trabalhar-se com boa margem de segurança. Segundo a entidade que publica os valores, os TLYs devem ser usados como guias no controle do risco à saúde e não como se constituíssem limites precisos entre concentrações seguras e perigosas. Para o ar ambiente exterior à indústria, respirado pela população na vizinhança, os valores devem ser muito mais baixos, pois o ar poluído será respirado durante as 24 horas do dia. A Tabela 2.2 indica os valores dos TLY-TWA e TLY-STEL para os casos de alguns produtos químicos mais usuais. ., ~ AR ATMOSFÉRICO E AR POLUÍOO 11 Tabela 2.2 Yalores limites máximos para poeiras, fumaças e neblinas tóxicas, segundo a ACGIH - American Conference of Governamental Industrial Higienists - Industrial Yentilation, ed. 1985-1986 TLY-TWA Substâncias Acetaldeído Acetato de etila Acetato de metila Acetato de vinila Acetato n-propil Acetona Acetonitrila Ácido acético Ácido tricloroacético Ácido fórmico Ácido crômico e cromatos Ácido fosfórico Ácido nítrico Ácido pícrico (efeito sobre a pele) Ácido sulfúrico Acetileno (tetrabrometo de) Acroleína (aldeído acético) Acrilato de etila (pele) Acrilato de metila (pele) Álcool alOico (pele) Álcool n-butOico (pele) Álcool etOico (etanol) Álcool meUlico (metanol) (pele) Álcool propOico (pele) Aldrin (hexacloro) (pele) AmÔnia Anidrido acético Anilina (pele) Antimônio Arsenato de chumbo Arsênico e compostos Arsina Bário (compostos solúveis) Benzemo (benzol) (pele) Benzila, cloreto de Berílio Bióxido de carbono (COz) Boro, óxido de Brometo de metila (pele) Brometo de hidrogênio (ácido bromídrico) Bromofórmio (pele) Butadieno (1,3 butadieno) Butilamina (pele) (valores teto) Butano Cádmio, óxido de (fumo) Cálcio, carbonato de Cálcio, óxido de Cánfora Carbono, suIfeto de Carbono, monóxido de Celosolve (2 etoxietanol) Chumbo Chumbo, arseniato de Chumbo, tetraetila (pele) Cianetos, pele Cianogênio Ciclo hexanol Cloreto de alila Cloreto de etila aoreto de hidrogênio (ácido clorídrico) ppm 100 400 200 10 200 750 40 10 1 5 1 0,1 5 10 2 50 1.000 200 200 25 5 2 5.000 5 3 0,5 1.000 5 800 2 20 50 200 10 50 1 1.000 5 2 0,05 10 1 - TLY-STEL mglm3 ppm mglm3 ISO 150 270 1.400 - - 610 250 760 30 30 60 840 250 1.050 1.780 1.000 2.375 70 60 105 25 150 270 7 9 0,5 1 - 3 5 4 10 0,1 . - 0,31 - - 15 1,5 20 0,25 0,3 0,8 20 25 100 35 - - 5 4 10 150 1.900 260 250 310 500 250 1.050 0,25 - 0,75 18 35 27 20 - - 10 5 20 0,5 0,15 0,2 0,2 0,5 30 25 75 5 0,002 9.000 10 - 20 20 15 60 10 5 2.200 1.250 2.750 15 1.900 0,05 - 0,2- - 20 5 - - 12 3 18 30 - - 55 400 440 740 - - 0,15 - 0,45 0,15 - - 0,1 - 0,3 5 20 200 3 2 6 2.600 1.250 3.25.0 7 '" . IW I I lU:' 12 VENTILAÇÃO INDUSTRIAL AR ATMOSFÉRICO E AR POLUtDO 13 Além da tabela de TLV como indicação do limite de tolerância dos organismos a uma substância ou produto químico, encontram-se tabelas que aplicam outras referências baseadas na experiência das entidades que as publicaram ou na de seus autores. As mais conhecidas são: - Toxic limits (TL) - da United States Public Health Service (USPHS);- Maximum acceptable concentration (MAC) - concentração máxima aceitável, da American Standard Association (ASA);- Recommended maximum concentration (RMC) - concentração máxima recomendada, da American Indus- trial Hygiene Association (AIHA); Tabela 2.2 (cont.) Valores limites máximos tara poeiras, fumaças e neblinas tóxicas,segundo a ACGIH - American Conferenc of Governamental Industrial Higienists - Industrial Ventilation, ed. 1985-1986 TLV-TWA TLV-STEL Substâncias ppm mglm3 ppm mglm3 Cloreto de metila 50 105 100 205 Cloreto de metileno (diclorometano) 100 350 500 1.740 Cloreto de vinila (cloroetileno) 5 10 - - Cloro, 6xido de (CI,o) 0,1 0,3 0,3 0,9 Cloroacetaldeído (limites máximos) 1 3 Clorobenzeno 75 350 Clorodifenil (54% cloro) 0,5 1 Cloroetileno (cloreto de vinila) 5 10 Clorof6rmio (triclorometano) 10 50 50 225 Cloroprene 10 35 Cobalto - 0,1 Cobre (fumos) - 0,2 Cianamida - 2 Cobre (poeirase neblinas) 1 - - 2 Cromo 0,5 - Cresol(e todosos isOmeros)(pele) 5 22 DDT [2.2-bis(p-clorofenil)-tricloroetano](pele) - 1 - 3 Clorodifluorometano 1.000 3.500 1.250 4.350 Dicloreto de propileno 75 350 110 510 Dimetilamina 10 18 - - Dinitrobenzeno(e todosos isômeros)(pele) 0,15 1 0,5 3 Dinitrotolueno(pele) - 1,5 - 5 Di6xido de enxofre 2 5 5 10 Di6xidode nitrogênio 3 6 5 10 Di6xidode titânio - - - 20 t Enxofre, hexaflubreto de 1.000 6.000 1.250 7.500 Enxofre, pentafluoreto de 0,025 0,25 0,075 0,75 Estanho (compostos inorgânicos) - 2 Estanho (compostos orgânicos) - 0,1 Estricnina - 0,15 - 0,45 Etanol (ver álcool etílico) Éter etílico . 400 1.200 500 1.500 Éter isopropílico 250 1.050 310 1.320 Etila, brometo de 200 890 250 1.110 Etila, cloreto de 1.000 2.600 1.250 3.250 2 Etoxietanol (pele) 5 19 - - Fenil-hidrazina (pele) 5 20 10 45 Fenol (pele) 5 19 10 38 Ferrovanádio,poeirasde - 1 - 3 Flúor 0,1 0,2 - - Fluoretode hidrogênio(ácidofluorídrico) 3 2,5 6 5 Fluoretos - 2,5 Fosgênio 0,1 0,4 Formaldeído 1 1,5 2 3 F6sforo (amarelo) - 0,1 - 0,3 F6sforo (tricloreto de) 0,2 1,5 0,5 3 Gás carbônico (CO,) 5.000 9.000 15.000 27.000 Fumos de 6xido de magnésio - 10 - - Furtural (pele) 2 8 10 40' Gasolina 330 900 500 1.500 GLP 1.000 1.800 1.250 2.250 Hexana (n-Hexane) 50 180 Hexona (metil-isobutil-cetona) 100 410 Hidrazina (pele) 0,1 0,1 ,.Hidr6xido de s6dio ou potássio - 2 lodo 0,1 1 (socianetode metilenobiofenil(MDI) 0,02 0,05 Lítio,hidreto - 0,025 Magnésio,fumosde 6xidode - 10 Manganês - 5 Tabela 2.2 (cont.) Valores limites má.x1mospara poeiras, fumaças e neblinas tóxicas, segundo a ACGIH - American Conference of Governamental Industrial Higienists- Industrial Ventilation, ed. 1985-1986 TLV-TWA TLV-STEL Substâncias ppm mglm3 ppm mglm3 Mercúrio(compostosorgânicos)(pele) - 0,05 Metilmercaptan 0,5 1 Metilcelosolve(pele) 25 80 Molibdênio(compostosinsolúveis) - 10 - 20 Molibdênio(compostossolúveis) - 5 - 10 Monocloreto de enxofre 1 6 3 18 Naftaleno 10 50 15 75 Neblina de 61eo (mineral) - 5 - 10 Nicotina(pele) - 0,5 - 1,5 Níquelcarbonila(comoNi) 0,05 0,35 - - Nitrobenzeno (pele) 1 5 2 10 Nitrogênio, di6xido de 3 6 5 10 Nitroglicerina (pele) 0,05 0,5 Nitrotolueno, pele .2 11 Óxido de cálcio - 2 Óxido de cloro (CI,O) 0,1 0,3 0,3 0,9 Óxido de etileno 1 2 Óxido de propileno 20 50 Óxido de zinco (fumos) - 5 - 10 Ozônio 0,1 0,2 0,3 0,6 Percloroetileno (tetracloroetileno) 50 335 200 1.340 Pentacloretode f6sforo 0,1 1 - - Pentaclorofenol(pele) 0,1 0,5 - 1,5 Pentafluoreto de enxofre 0,025 0,25 0,075 0,75 Per6xido de hidrogênio, 90% 1 1,5 2 3 Piretro - 5 - 10 Piridina 5 15 10 30 Platina (sais solúveis) - 0,002 - - Propileno, dicloreto de 75 350 110 510 Quinona 0,1 0,4 0,3 1 S6dio, hidr6xido de - 2 - - Sulfeto de hidrogênio (gás sulfídrico) 10 14 15 21 Sulfeto de carbono 1(1 30 - - Sulfuril, fluoreto de 5 20 10 40 Tetracloreto de carbono 5 30 20 125 Titânio, di6xido de - - - 20 Tolueno (toluol) 100 375 150 560 Triclorometano (clorofórmio) 10 50 50 225 Tricloreto de f6sforo 0,2 1,5 0,5 3 Trinitrotolueno (pele) 0,5 - - 3 Urânio (compostossolúveise insolúveis) - 0,2 - 0,6 Vanádio(V,O, - fumos) - 0,05 - - Zinco, 6xido de (fumos) - 5 - 10 Zircônio, compostosde - 5 - 10 1 ppm = 1 pane de vapor ou gás por milhão de panes de ar, por volume, a 25"C e 7fIJ miUmetros de mercúrio. 1 ppm = \0-. m'/m' 1 mglm' = 1 miligrama de substância por 1 metro cúbico de ar 1% de volume = 10.000 ppm -. -í, 14 VENTILAÇÃO INDUSTRIAL - Hygienic Standard for Daily Inhalation - Padrrs higiênicos para a inalação diária, do Dr. Henry Field Smith Jr. . Neste capítulo faremos referência especial a dois poluentes à base do carbono e que são oCO, monóxido de carbono, e o CO2, anídrido carbônico. No Capo 13 trataremos dos óxidos de enxofre, e no 14, dos óxidos de nitrogênio, altamente poluidores. 2.5.1 Monóxido de carbono.CO IaI o CO é um gás incolor e inodoro. Possui uma, afinidade com a hemoglobina do sangue maior que o oxigênio e forma a carboxiemoglobina, a qual reduz a capacidade tran~portadora de oxigênio pelo sangue até as células. É, portanto, um gás insidioso e venenoso, podendo ocasionar a morte. A poluição com monóxido de carbono se deve principalmente à combustão de hidrocarbonetos com deficiência de oxigênio e portanto, aos veículos com motores de combustão interna que trafegam nas cidades, notadamente os de motores diesel. Como se observa na Tabela 2.3, a Secretaria Especial de Meio Ambiente - SEMA, de São Paulo, estabelece para o monóxido de carbono: - uma concentração máxima, em 8 horas, de 10.000 microgramaslmJ, que não deve ser excedida mais de uma vez por ano;- uma concentração máxima horária de 40.000 microgramas/mJ, que não deve ser excedida mais de uma vez por ano. - uma concentração de 4.000 ppm durante 30 min pode ser fatal. Tabela 2.3 Padrôes de qualidade do ar recomendados pela Portaria SEMA N." 23 e pelo Decreto-lei n." 8468 do Estado de São Paulo a. Partículas em suspensão: a.I Uma concentração média geométrica anual de 80 microgramaslm', a.2 Uma concentração máxima diária de 240 microgramaslm' que não deve ser excedida mais de uma vez por ano. b. Dióxido de enxofre (SO,): b.I Uma concentração média aritmética anual de 80 microgramas/m'. b.2 Uma concentração máxima diária de 365 microgramaslm' que não deve ser excedida mais de uma vez por ano. c. Monóxido de carbono (CO): c.I Uma concentração máxima de 8 h de 10,000 microgramas/m', que não deve ser excedida mais de uma vez por ano. c.2 Uma concentração máxima horária de 40.000 microgramaslm'. que não deve ser excedida mais de uma vez por ano. d. Oxidantesfotoquímícos: . d.l Uma concentração máxima horária de 160 microgramaslm', que não deve ser excedida mais de uma vez por ano. o CONAMA- Conselho Nacional de Meio Ambiente - prevê que a evolução tecnológica dos veículos com motor de combustão interna, através de aperfeiçoamentos e alterações de projeto, com injeção eletrônica ou aerodinâmica, melhor combustão, filtragem em certos casos, poderão em 10 a 12 anos reduzir os níveis de poluição dos gases de carbono e nitrogênio causados pelos veículos a valores aceitáveis. Atualmente os índices máximos permitidos são, no caso de veículos, para cada quilômetro rodado: 24gdeCO 2,1 g de hidrocarbonetos (HC) 2,1 g de óxidos de nitrogênio (NO,) Espera-se, com alguns dos aperfeiçoamentos mencionados, reduzir, dentro de alguns anos, esses índices para: 12 g de CO/km rodado .1,2 g de HC/km rodado 1,4 g de NO,/km rodado Numa bem-sucedida série de aperfeiçoamentos, espera-se em uma década, ou pouco mais, chegar a 2,0 glkm de. CO O,3,glkm de HC 0,6 glkm de NO, Os veiculos a álcool apresentam menores indices de poluição que os a gasolina. 2.5.2 Gás carbônico - C01 Resulta da combustão do carbono quando há excesso de oxigênio, como ocorre nas "queimadas", incêndios, queima de lenha, de petróleo, de carvão, de metano etc. . AR ATMOSFÉRICO E AR POLuíDO ,15 ( \ Não constitui propriamente um "gás venenoso". Entretanto, o excesso de CO! em ambientes confinados produz asfixia e na atmosfera ocasiona o chamado efeito estufa, que se apresenta com os seguintes graves ( inconvenientes: ( a) Impede que o calor irradiado da terra para a atmosfera se dissipe. Poderá, no futuro, vir a alterar as temperaturas, fundir os gelos e elevar o nível dos mares, com terríveis conseqüências. ( b) Altera o nível do ozônio (OJ) na atmosfera. Numa camada relativamente pequena, o ozônio impede que grande parte da radiação ultravioleta chegue até nós, o que, se ocorresse, ocasionaria danos nos ( seres humanos (câncer de pele, por exemplo). O ozônio é um gás tóxico, formado nas camadas baixas da atmosfera, quando emissões de hidrocarbonetos, como combustíveis não-queimados totalmente, reagem ( na presença de radiação solar com produtos de combustão. c) Aprisiona os raios infravermelhos emitidos pelo sol, aquecendo a Terra além do desejável. 2.6 CONSIDERAÇÕES BREVES SOBRE TOXICOLOGIA INDUSTRIAL 2.6.1 Toxicologia É o estudo das ações nocivas de substâncias químicas sobre os IIlecanismos biológicos. A toxicologia pode ser encarada sob vários aspectos. O que nos interessa neste estudo é a toxicologia, ambiental industrial, assunto apresentado, de modo excelente, no extenso capítulo do livro Engenharia de Ventilação Industrial, de A.L.S. Mesquita, F.A. Guimarães e N. Nafussi. ( A toxicologia ambiental é o ramo da toxicologia que trata da exposição casual do tecido biológico do homem a produtos químicos basicamente poluentes do seu ambiente e de seus alimentos. É o estudo das( causas, condições, efeitos e limites de segurança, para tais exposições. Trata da poluição, dos resíduos e da higiene industrial. ( Toxicidade é a propriedade de uma substância que se manifesta em ambiente fisiológico vivo, produzindo uma alteração indesejável do mesmo. Em outras palavras, é a propriedade de uma substância sob cuja ação, pode vir a ocorrer dano a um organismo. Sinergismo é o aumento de toxicidade acima daquela comumente verificada e que ocorre quando o. agente tóxico é aplicado em combinação com outras substâncias. Antagonismo é uma ação oposta à toxicidade e pode ocorrer quando duas ou mais substãncias estão presentes no organismo. A ação antagônica pode resultar na completa neutralização e eliminação dos efeitos tóxicos, ou a toxicidade pode ser apenas parcialmente reduzida. 2.6.2 Agentes tóxicos Os agentes tóxicos podem classificar-se em: ( - Irritantes. São corrosivos e vesificantes (produzem bolhas e vesículas na pele e nas mucosas). Existem os que afetam principalmente o tratorespiratóriosuperior- nariz, traquéia, faringe (por exemplo, os aldeídos, poeiras e névoas alcalinas, amônia, ácido crõmico, ácido clorídrico, ácido fluorídrico, fluoreto de hidrogênio, dióxido de enxofre, acroleína e outros); os que afetam também os pulmões: bromo, cloro, óxidos clorados, flúor, iodo, ozônio, ácido sulfídrÍco, tricloreto de fósforo e alguns dos acima mencionados, quando concentrados ou respirados durante longos períodos de tempo; e os que afetam principalmente o trato respiratório inferior: NO!, fosgênio, tricloreto de arsênico etc. - Asfixiantes. Interferem na oxidação dos tecidos, diluindo ou reagindo com o oxigênio atmosférico, ou impedindo seu transporte pelo sangue. Podem ser simples - CO2, etano, hélio, hidrogênio! metano, nitrogênio, óxido nitroso; qu{micos - isocianato de metila, fosgênio, CO, cianeto de hidrogênio, anilina, metilanilina, nitrobenzeno. Este último e o sulfeto de hidrogênio (H2S) formam metemoglobina e subseqüente redução da pressão sangüínea, podendo provocar parada respiratória. A falta de oxigenação dos tecidos pelo sangue chama-se anóxia anoxêmica. É produzida pelos venenos hemáticos, entre os quais CO, H2S, As, Pb, NOJ, C6H6 (benzeno). - Narcóticos. Funcionam como anestésicos em seu estádio extremo de ação. É o caso dos hidrocarbonetos acetilênicos e olefínicos; do éter etílico, do éter isopropílico, dos hidrocarbonetos parafínicos, das cetonas e álcoois alifáticos. - Tóxicos sistêmicos. São agentes de natureza química tal, que atuam mais diretamente sobre alguns órgãos ou sistemas, mas acabam por comprometer todo o organismo. a) Afetam as vísceras: a maioria dos hidrocarbonetos alógenos (que contêm um dos elementos F, CI, Br e I). --1- --- Tabela 2.4 Partes do organismo humano afetadas pelos contaminantes mais usuais e valores limites críticos de tolerância (TLV-TWA) OLHOS 1. Gases e vapores Cresol Quinona Anidrido acético Acroleina (aldeido acético) Cloreto de benzina Álcool but/lico 2. Poeiras tóxicas, neblinas, fumaças Hidroquinona 2 mglm3 CÉREBRO OU SISTEMA NERVOSO CENTRAL 1. Gases e vapores Benzeno (benzol) Tetracloreto de carbono Sulfeto de carbono Butilamina Gás sulf(drico, SHz Chumbo tetraetila Acetaldeído (aldeído acético) Nitrobenzeno 2. Poeiras tóxicas, neblinas, fumaças Manganês Mercúrio Chumbo 16 VENTII.AÇÃOINDVSTRIAI. i l ! I. :1 b) Afetam a formaçüo Lsangue: bcnzeno, fenóis, tolueno, xilol e naftaleno. A emanação de benzeno nas indústrias siderúrgicas provoca a leucopenia, isto é, redução na taxa de glóbulos brancos no sangue. c) Afetam o sistema nervoso: dissulfato de carbono, álcool metnico (metanol). Constituem também tóxicos causadores de dano sistêmico progressivo: a) Metais tóxicos: chumbo, mercúrio, antimônio, cádmio, manganês, berilo etc. b) Não-metais tóxicos inorgânicos: compostos de arsênico, fósforo, selênio, enxofre, nuoretos, dissulfato de carbono, tetraeJoreto de carbono. - Ma/erial particulado nüo constituindo propriamente tóxico sistémico: ::I a) Poeiras que produzem fibrose: silício, asbestos (amianto). b) Poeiras inertes: carborundum, carvão. c) Poeiras que produzem reações alérgicas: pólen, serragem, resinas e muitas outras poeiras orgânicas. d) Pós i"itantes: sais, ácidos, álcalis, nuoretos, cromatos. . e) Bactérias e outros microorganismos. '11 I I I 2,6.3 Classificação das substâncias segundo seus efeitos tóxicos a) Venenos por concentração: Produzem um efeito proporcional à quantidade que já estiver presente no organismo: 1) fisicamente tóxicos - óxido nitroso, éter etílico, narcóticos em geral; 2) farmacologicamente ou bióquimicamente tóxicos - compostos orgânicos fosforados, que permitem acúmulo de grandes quantidades de acetilcolina no organismo; 3) fisiologicamente tóxicos - Butilcelosolve, que causa anemia hemofilítica (fragilidade dos glóbulos vermelhosdo sangue). . PULM6ES 1. Gases e vapores Níquel carbonila Gás sulí{drico Cio reto de alila Dicloretil-éter Dióxido de nitrogênio 2. Poeiras tóxicas, neblinas, fumaças Compostos de cromo Ber/lio 3. Poeiras minerais Quartzo e cristabolita, calculados 250 I. b) Venenos crónicos: tetraeloretro de carbono, que causa cirrose do fígado; benzeno, dissulfato de car- bono; c) Venenos cumulativos: que se armazenam no organismo quando atingido o limite de tolerância do sangue (chumbo, núor, DDT). d) Venenos aditivos: cada molécula que entra no organismo produz efeito permanente irreversível. Podem produzir cãncer. Exemplos: o níquel-carbonila e a benzopireno produzem câncer no trato respiratório. 2.7 AGENTES QUÍMICOS E SEUS EFEITOS FISIOLÓGICOS PREJUDICIAIS pela fÓrmula % SiOz+ S I I!II 'I~, Entre os numerosíssimos produtos químicos capazes de causar danos a células, tecidos, órgãos, aparelhos e sistemas do organismo humano, existem alguns que pelo seu largo emprego devem ser mencionados como um alerta e um dado no estudo das condições de higiene industrial e no projeto de uma instalação de ventilação adequada. Existe uma idéia simplória, ingênua e às vezes irresponsável, de achar-se que, para evitar danos aos olhos, basta colocar óculos especiais; para defesa do sistema circulatório e respiratório, basta colocar uma máscara; e que, para proteger os tecidos cutâneos, são suficientes luvas compridas. Esses recursos de defesa são m;cessários mas, dependendo do grau de poluição, podem não ser suficientes para evitar que, embora mais lentamente, as doenças acabem por se instalar no organismo. Roupas especiais, tipo escafandro, podem ser necessárias numa emergência e em trabalho de extremo risco, como no caso de haver radiações, mas não como indumentária para um trabalho rotineiro prolongado. É necessário que sejam removidas do ar as substâncias tóxicas por métodos que veremos adiante, de tal modo que o nível de toxicidade fique abaixo dos limites considerados aceitáveis para que os operários que trabalharem sob aquelas condições não estejam com sua saúde e sua vida ameaçadas. Em certos casos, mesmo com captação local do poluente as operações podem exigir o uso de másCaras, óculos e luvas, dada a proximidade do operador com os produtos tóxicos, sua manipulação e até mesmo o risco de uma eventual paralisação no sistema de captores, por falta de energia elétrica. É o caso da decapagem de metais, jateamento de areia e pintura a pistola. A Tabela 2.10, ao final deste capítulo, indica algumas substâncias. empregadas nos filtros de máscaras e os produtos que os mesmos retêm ou neutralizam. Quando se tiver que fazer um projeto para combater a poluição por alguma substância ou produto não constante das Tabelas 2.2, 2.3 e 2.4, deve-se consultar um químico e um médico que conheçam as propriedades do produto e seus efeitos sobre o organismo humano. CORAÇÃO 1. Gases e vapores Anilina 2 SISTEMA RESPIRAT6RIO SUPERIOR 1. Gases e vapores Ozônio Dimetilsulfato Anidrido acético Acroleína Gás sulfídrico Acetaldeído (aldeído acético) Álcool butaico 2. Poeiras t6xicas, neblinas, fumaças Composto de cromo (como cr03) FfGADO 1. Gases e vapores Cresol (todos os isómeros) SRica amoría Mica (abaixo de 5% de silica livre) Talco ~ AR ATMOSFÉRICO E AR POLUjDO 17 5 0,1 5 0,1 1 50 ppm (partes por milhão) ppm ppm ppm ppm ppm 10 5 10 5 10 0,2 100 ~ ppm ppm ppm ppm ppm mglm3 ppm ppm 5 mglm3 0,05 mglm3 0,15 mglm3 0,05 ppm 10 ppm 1 ppm 15 ppm 3 ppm 0,5 mglm3 0,002 mglm3 20 20 20 mppcf (m.p.p.ft3) mppcf mppcf ppm . 0,1 1 5 0,1 10 100 50 ppm ppm ppm ppm (fabricação de resinas sintéticas) ppm ppm ppm (dissolvente de vernizes) mwm30,1 5 ppm lr ~; ~ ~ ~ ( 18 VENTILAÇÃO INDUSTRIAL Tabela 2.4 (cont.) Partes do organismo humano afetadas pelos contaminantes mais usuais e valores limites críticos de tolerância (TL V-TW A) Dimetilsulfato Clorofórmio (triclorometano) Tetracloreto de carbono Dicloroetileno Tolueno (toluol) RINS 1. Gases e vapores Clorofórmio Dimetilsulfato 2. Fumos tóxicos Mercúrio PELE 1. Gases e vapores Álcool butRico Níquel carbonila Fenol 1 10 5 10 100 ppm ppm ppm ppm ppm 10 1 ppm ppm 0,05 mglm' 50 ppm 0,001 ppm 5 ppm Tabela 2.4a Alguns agentes químicos, as indústrias que os utilizam e os órgâos do corpo humano mais afetados I, I! I I I I I . . ,11t Agente OLHOS (oftalmoconioses) . Fumos metálicos Cresol Quinona Hidroquinona Anidrido acético Acroleína Cloreto de benzila Álcool butRico Acetona Indústria Fundição de metais, linotipos Fabricação química, refinação de óleo Fabricação química Ind. de corantes sintéticos Fabricação de tecidos .Fabricação química, resinas sintéticas Ind. de corantes sintéticos Ind. de lacas e tintas Ind. de lacas e tintas SISTEMA RESPIRATÓRIO SUPERIOR - MEMBRANAS, MUCOSAS Fumos metálicos Fundição de metais, linotipos Ozônio Operações de solda elétrica Dimetilsulfato Fabricação química, indo farmacêutica Cromo Fabricação de cromato, cromagem Anidrido acético Fabricação de tecidos Acroleína Ind. qu(mica Sulfeto de hidrogênio Ind. de raion: tratamento de resíduos de esgotos sanitários Álcool butRico Fabricação de lacas e tintas; dissolução de vernizes Acetaldeído Fabricação química, fabricação de tintas Acetona Fabricação de lacas e tintas; dissolução de vernizes PULMÕES Níquel SRica cristalina (produz a pneumoconiose) Asbesto (produz a asbestose) Berílio Cromo (pode provocar câncer pulmonar) Sulfeto de hidrogênio Cloreto de alila Dicloroetil-éter Mica Talco Isocianeto de metila Dióxido de nitrogênio Aldeído acético Processos de refinação metalúrgica Ind. de mineração; indo fundição Ind. mineração; indo tecelagem Ind. fundição; indo metalúrgica Fabricação de cromatos Ind. de raion viscose Tratamento de resíduos industriais Fabricação de plásticos Fabricação de inseticidas; ref. de óleo Ind. borracha; indo isolantes; indo mineração Fabricação química de plásticos Fabricação química, decapagem de metais Fabricação química; fabricação de tintas Tabela 2.4a (cont.) Alguns agentes químicos, as indústrias que os utilizam e os órgãos do corpo humano mais afetados Agente Indústria F{GADO Cresol Dimelilsulfato Clorofórmio Tetracloreto de carbono Tricloroetileno percloroetileno Tolueno Fabricação química; refinação de óleo Fabricação química; indo farmacêutica Fabricação química; fabricação de piásticos Fabricação química, limpeza a seco. Extintores Fabricação química, desengraxe de metais Fabricação química, limpeza a seco Ind. borracha,indo de plásticos PELE - As lesões na pele, apesar de não serem produzidas por poeira, chamam-se dermaroconioses Álcool butílico Fabricação de produtos químicos, lacas e vernizes Níquel Processos metalúrgicos de refinação Fenol Fabricação de plásticos Tricloroetileno Fabricação de produtos químicos. Desengraxe de metais Isocianeto de metila Fabricação de produtos químicos plásticos CÉREBRO OU SISTEMA NERVOSO CENTRAL Benzeno Ind. de borracha, fabricação química Tetracloreto de carbono Fabricação de solvente, limpeza a seco Sulfeto de carbono Fabricação raion, viscose; fabricação de borracha Butilamina Fabricação de corantes sintéticos. Ind. farmacêutica Sulfeto de hidrogênio Ind. de raion viscose Chumbo tetraetila Fabricação química Manganês Mineração. Processamento metalúrgico Mercúrio (hidrargirismo) Oitenta indústrias diferentes. Fabricação de equipamento elétrico. Serviços de laboratório Fabricação de automóveis, de baterias. Refina- ção de minérios metálicos Fabricação química Fabricação química, tintas, vernizes Fabricação de corantes sintéticos. Pastas para sapatos Fabricação de pesticidas. Fogos de artifício Chumbo (saturnismo ou plumbismo) Dimetilamina Acetaldeído Nitrobenzeno Tálio CORAÇÃO Anilina Fabricação de corantes sintéticos. Fabricação de tintas. Indústria de borracha. RINS Clorofórmio Mercúrio Fabricação química. Fabricação de plásticos Fabricação de equipamentos elétricos. Laboratórios científicos Fabricação química. Ind. farmacêuticaDimetilsulfato SANGUE Nitrobenzeno Anilina Arsênico (com arsina) Benzeno (produz leucopenia) Monóxido de carbono Fabricação de cor~ntes sintéticos Fabricação de tintas. Ind. de borracha Decapagem de metais Fabricação química. Ind. de borracha. Ind. siderúrgica. Ind. de tratamento térmico Serviço de automóveis; oficinas de reparo de veículos Fabricação tintas; fabricação de borrachaTolueno Tabela 2.4b Concentrações consideradas como fatais ao homem expressas em ppm Dióxido de carbono (C02) Dióxido de enxofre (502) Amônia (NH,) Gás sulfídrico (H,S) Ácido clorídrico (HCI) Óxidos de nitrogênio (NO + NO,) Ácido fluorídrico - 100.000 400 750 750 500 250 100 , 1 i~ 20 VENTILAÇÃO INDUSTRIAL Tabela 2.5 Órgãos afetados, doenças e outros males causados por alguns produtos químicos largamente fabricados e empregados I. HIDROCARBONETOS ALlFÁTlCOS Metano ......................... Propano TL V = 1.000 ppm Butano ......................... GLP (gás liquefeito de petróleo) Acetileno 2. HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS BenzenoTLV=25 ppm GV Nafta (alcatrão de hulha) TL V = 100 ppm. O-N-G EstirenoTLV = looppm O-N-G Voláteis de alcatrão TLV = 0,2 mglm' O-N-G 3. HiDROCARBONETOSCLORADOS Cloreto de metila TLV = 100 ppm, F.O-N-G ClorofórmioTLV = 50ppm ,.. F Tetracloretode carbonoTLV = 10ppm F-P-R HexacloroetanoTLV = 1ppm P-F Cloreto de vinila TL V = 500 ppm 4. ÁLCOOiS, FENÓiS, ÉTERES ~Icool metOico (metanol) TLV = 200ppm. O.N.G AlcooletOicoTLV = 1.000ppm O.N.G Álcoolpropl1icoTLV= 200ppm O.N-G FenolTLV = 5ppm P-O-N-G-F-R ÉteretOicoTLV= 400ppm O-N-G 5. ALDEIDO CETONAS AldeídofórmicoTLV= 5ppm O-N-G-B AldeídoacéticoTLV'" 200ppm O-N-G-B AcetonaTLV=400a1.000ppm O.N-G 6. ÁCIDOS ORGÂNICOS ANIDROS Ácido fórmico TL V =5 ppm . Ácido acético TL V = 10 ppm asfixia narcose narcose narcose asfixia asfixia narcose, anemia narcose câncer narcose narcose narcose narcose narcose narcose narcose narcose narcose narcose alergia edema pulmonar narcose O-N-G O-N-G 7. COMPOSTOS METÁLiCOS (FUMOS, POEiRAS) AntimônioTLV = 0,5 mglm' Açãosobreo coraçâoe os rins ArsênicoTLV = 0,5 mglm' Distúrbios gástricos, pele, pigmentação Cádmio(poeira)TLV = 0,2 mglm' Vômito, cãibras abdominais. Cádmio (fumos)TLV =0,1 mglm' Vômito. pneumonite, rins ÓxidodecálcioTLV = 5ppm Irritação dos olhos, nariz e garganta Cromo (metal e insolúvel) TLV =1mglm' Rins, cãncer pulmonar Saiscromosoe crômicoTLV = 0,5mglm' Rins,câncer Ácidocrômico.cromatosTLV = 0,1 mglm' lrritação do nariz. Rins; cãncer pulmonar; aumento do número de GV. Hipertrofia do baço Cobalto (metal, poeira)TLV =0,1 mglm' Policitemia, pneumonite, rins. Cobre (poeira) TLV =1mglm' Irritação do nariz. distúrbios gástricos. rins. anemia Cobre (fumo)TLV = 0.1 mglm' Idem.idem. Óxidos de ferroTLV = 10mglm' Febre de fumo (depósito nos pulmôes) ChumboTLV = 0.2 mglm' Anemia. rins Mercúrio TLV = 0,1 mglm' Pele. SNC. tremores; rins; aparelho digestivo; vias respiratórias NíquelTLV =0,1 mglm' Coração, rins, fígado Prata (metal. solúvel) TLV = 0.1mglm'.. Depósitosnegrosna pele ChumbotetraetiloTLV =0.075mglm' Pele. depósitos nos pulmões Estanho (inorgânico. exceto óxido) TLV = 5mglm' Rins; anemia Óxido de zinco TLV = 5 mglm' Câncer intestinal; febre de fumo; vias respiratórias. 8. GASES E VAPORES lNORGÂNlCOS Ozona (ozônio)TLV = 0.1 ppm Óxido nítrico TL V = 25 ppm .... Dióxido de nitrogênio TL V = 5 ppm Amônia TL V = 50 ppm O-N-G-B-A O-N-(J-B-A O-N-G-B-A O-N-G-B '""'- AR ATMOSFÉRICO E AR POLUÍDO 21\ Tabela 2.5 (cont.) Órgãos afetados, doenças e outros males causados por alguns produtos químicos lar~amente fabricados e empre~ados CloroTLV = 1ppm : O-N-G-B BromoTLV=0,1ppm O.N-G-B IodoTLV = 0,1ppm O.N.G-B Cloretode hidrogênio(HCI)TLV= 5ppm O-N.G.B Brometode hidrogênioTLV= 3ppm O-N.G-B F1uoretodehidrogênioTLV=3ppm O-N-G-B Ácido nítricoTLV =2ppm O-N-G-B DióxidodeenxofreTLV =5ppm O-N-G-B Dióxidode carbonoTLV = 5000ppm.................... MonóxidodecarbonoTLV = 50ppm O-N-G.B Cianeto de hidrogênio TL V = 10ppm CianogênioTLV = 10ppm ............. Sulfeto de hidrogênio TLV = 10ppm ( \ asfixia asfixia química asfixia química asfixia química paralisia respiratória 9. PARTlcULAS iRRiTANTES Negrode fumoTL V = 3,5 mglm' Hidróxido de sódio TL V = 2 mglm' Ácido sulfúrico TL V = 1 mglm' 10. POEiRAS Cristalinas SOica alta (acima de 50% de Si02 livre) TLV = 5 mppcf Fibrose pulmonar progressiva SOica média (5 a 50% de Si02livre) TLV = 20 mppcf ............ Poeiras amorfas, incluindo terras diatomáceas TLV = 20mppcf Fibrose pulmonar progressiva Asbesto (amianto) TLV = 5mppcf Fibrosepulmonar progressiva Pedra-sabão, talco e micaTLV = 20mppcf Fibrosepulmonar progressiva Cimento poltland TLV = 50mppcf Fibrose pulmonar progressiva Fibrose pulmonar progressiva Abreviaturas: O = olhos; N = nariz; G = garganta; B = brónquios; A = alvéolos pulmonares; PS - pressãosangüínea;SNC = sistema .ervoso central: GV = glóbulos vermelhos; F = ffgado; P = pele; R = rim I ( 2.8 ATUAÇÃO DOS CONTAMINANTES NO ORGANISMO HUMANO 2.8.1 Penetração de contaminantes através da pele A camada externa da epiderme é constituída de queratina, uma proteína sulfurada que resiste à águal aos ácidos diluídos, aos raios ultravioletas e a danos físicos. Pode, entretanto, ser danificada pelos álcalis, pelos detergentes e solventes e pela ação prolongada de água quente. Sobre a pele, existe um verdadeiro' manto de ácido protetor, com pH da ordem de 4, e que representa uma primeira linha de defesa do organismo. Irritante primário é uma substância que, permanecendo em contato com a pele, produzirá uma alteração~ visívelsobre ela. 2.8.1.1 Meios de atuar do irritante o agente contaminante pode atuar: - como solvente de queratina. É o caso do hidr6xido de s6dio (soda cáustica) e de potássio; -por dissolução de óleos e gorduras. É o modo de agir dos solventes orgânicos. Podem causar inflamaçóesl graves na pele. Exemplo: álcalis e detergentes;- por desidratação. A pele fica seca, fissura e fica sujeita a uma eventual infecção secundária: ácidos inorgânicos', e anidridos;- por oxidação. Ocorre quando se verifica uma excessiva exposição a alvejantes, como os per6xidos e' o cloro. Causam distúrbios no balanço fluido da camada de queratina; ,- por precipitação da proteina. Certos elementos, como o arsênico, o cromo e outros metais pesados, alteram\ a estrutura bioquímica da pele, causando u1ceração;- por redução. A redução vem a ser o aumento da valência positiva ou a diminuição da negativa de qualquer elemento químico em uma substância_~ O ácido salicílico, o ácido oxálico e outros ácidos reduzem quimicamentea camada mais externa I 24 VI::I"TILAÇÁOINDUSTRIAL Tabela 2.7 (cont.) Concenlração máxima para I hora de exposição e máxima admissível para exposição prolongada (partes por 10.000 partes de ar) I I Substância Concentração máxima para I hora de exposição Concentração máxima para exposição prolongada Fumos ("vapor") de chumbo Gasolina Metanol Nitrobenzeno Óxido de carbono Sulfeto de hidrogênio Sulfureto de carbono Terebintina retracloroetano Tetracloreto de carbono Tolueno Xileno IIJJ\ 111 2-3 5 10 30 30 5-6 10 2 lI.n02 0.5 I n.z 2 1.5 5 2 I Tabela 2.8 Substâncias comprovadamente cancerígenas e valores correspondentes do TL V (ACGIH - revisão de 1985-1986) Substância TLV Amianto- Amosite - .Crisólito - Outras formas Benzopireno (queima de óleo diesel) Cloreto de vinil . Cromato (processamento do minério cromita) Cromo (compostos solúveis) Éter biclorometí1ico Sulfato de níquel (fumo ou poeira) Voláteis de alcatrão n.5 fibra/em' 2 fibra/cm" Z fibra/em' 5ppm 0.05 mglm-' como Cr 0.05 mglm' como Cr 0.001 p~m I mglm' como Ni 0.2 mglm' como solúveis de benzeno Tabela 2.9 Substâncias suspeitas de serem cancerígenas (ACGIH -revisão de 1985-1986) Substância TL V Acrilamida Acrilonitrila Benzeno Berilo Brometo de vinil Butadieno (1,3) Clorofórmio Cromato de Pb, Zn (como cromo) Dimetil hidrazina (pele) Formaldeído Hidrazina (pele) lodeto de metila (pele) .Nitropropano Tetracloreto de carbono (pele) Tolidina (pele) 0,03 2 10 2 5 10 10 0.05 0,5 I 0,1 2 10 5 2 ppm ppm ppm ".glm-' ppm ppm ppm mglm' ppm ppm ppm ppm ppm ppm ppm AR ATMOSFÉRICO E AR POLUÍDO 2~ (...... Tabela 2.10 Substâncias usadas nos filtros das máscaras protetoras indust~iais ~Iiminar Substância do filtro ( a) COlo CI, formol, ácido fórmico. ácidos clorí- Soda cáustica fundida sobre pedra-pomes ( drico, cianídrico e sulfídrico. NO!, SOl' SO,. Concentraçâo máxima de 2% no ar \ b) Amônia NH, Sulfato de cobre sobre gel de sí1ica, com filtro de algodâo (, Mistura de óxidos de manganês, cobre, prata e cobalto. É um catali- ( sadorque transformaCO em CO! d) Cetona. benzeno,anilinas,SOl' hidrocarbo. Carvâode madeiraativado.seco, emgrânulos.Adsorveas substância'- ~ ( c) CO (até 3%) 2.8.5 O ozônio \ Na estratosfera e na troposfera existe uma concentraçãode ozônio (03) que protege os seres vivos ao filtrar os raios ultravioleta provenientes da radiação solar, os quais podem provocar câncer da pele J doenças nos olhos. Essa camada de ozônio tem sido ameaçada pela presença, na atmosfera, de c1orofluorcar( bonetos, que reagem com o ozônio. É grave a ação do CFC (c1orofluorcarbono) usado em sprays e do 'freon (dic1orofluormetano) usado em geladeiras, freezers, aparelhos de ar-condicionado, sistemas de refrige- ração, fabricação de espuma sintética etc. ( ~e, por um lado, a existência da camada de ozônio na estratosfera e troposfera é necessária, o excesso de ozônio nas camadas inferiores da atmosfera é prejudicial à saúde, dada sua atividade de oxidante. Uma concentração de 1 mm cúbico de ozônio por metro cúbico de ar provoca irritação dos olhos e das membranas e perturbações circulatórias. \ \ . ( -..a ~ ( n",i ( II1 !: ~ I::j, li ( ( ( I I ( I I I ( I ( I 1 1 ; ( ~ . : ( , r ..-*",,"--;j o 3 .I II li I Efeito do Movimento do ar Sobre o Conforto de uma Pessoa 3.1 SENSAÇÃO DE FRIO E CALOR. CONDIÇÕES DE CONFORTO É sabido que o movimento do ar alivia a sensação de calor, uma vez que o mesmo abaixa a temperatura da pele. É importante que se façam umas considerações sobre as perdas de calor sofridas pelo corpo humano, para uma melhor compreensão do conforto relativo que se pode alcançar com a ventilação. A assimilação dos alimentos após as transformações biológicas realizadas, fornece continuamente o calor necessário ao equilíbrio metab6lico do organismo. Essa quantidade de calor produzida aumenta conforme os esforços despendidos. Assim, um homem em repouso (sentado, parado) desenvolve cerca de 100 kcallh, ao passo que em march.a rápida, digamos a 6,S km/h, desenvolverá cerca de 3S0 kcallh. O corpo humano não tem porém condições de armazenar calor à medida que o mesmo vai se produzindo, uma vez que a temperatura interior ou subsuperficial deve situar-se pr6ximo a 37"C, e a superficial, a 36,S'C. Deverá portanto haver uma permanente eliminação do excesso de calor formado, o que ocorre através da pele, e esta eliminação deve fazer-se à medida e tão rapidamente quanto o calor vai sendo produzido. É necessário que isto aconteça para que a temperatura do corpo não se eleve a ponto de ameaçar o organismo \:Omum acidente circulat6rio-respiratório. Quando no ambiente local "faz frio", a perda de calor do corpo se processa rapidamente, mas se a temperatura ambiente for elevada, o corpo humano passa a aquecer-se. O ar em movimento favorece a transferência de calor através da pele, de modo a eliminar o excesso de calor produzido pelo corpo ou adquirido pelo mesmo em conseqüência do calor reinante no ambiente. Para que, em um clima tropical, seja possível trabalhar em condições ambientais necessárias primordial- mente à saúde e secundariamente à produtividade, deve-se procurar atender a condições adequadas de ventila- ção. Às vezes se imagina que o problema da ventilação industrial se relaciona apenas com a remoção de substâncias nocivas ao organismo, as quais possam encontrar-se no ar. Entretanto, é preciso atentar para o fato de que condições ambientais adversas de calor, traduzidas por uma temperatura e grau de umidade elevados ou uma secura excessiva do ar e baixa temperatura, podem, em prazo maior ou menor, minar e abalar a resistência do organismo, favorecendo o estabelecimento de uma série de doenças. 3.2 FORMAS DE TRANSMISSÃO DE CALOR Para uma melhor compreensão do modo segundo o qual o ar em movimento é favorável ao conforto ambiental, convém lembrar que a temperatura do corpo é regida por três processos físicos de transmissão de calor: a radiação, a convecção e a evaporação. A liberação de calor por convecção e evaporação é considera- velmente influenciada .pelo movimento do ar. 3.2.1 Radiação ou irradiação O corpo humano transmite ou recebe calor por radiação, conforme sua temperatura seja maior ou menor que as das superfícies existentes no ambiente. Assim, se as paredes do ambiente forem frias, o corpo humano EFEITO DO MOVIMENTO DO AR SOBRE O CONFORTO DE UMA PESSOA 27 perderá calor por radiação ou irradiação (como às vezes se diz) para as mesmas. Se as superfícies forem mais quentes do que a pele, a temperatura do corpo aumentará por efeito da radiação. A transferência de calor por radiação depende pois das temperaturas do corpo e das superfícies circundantes, mas não necessita da movimentação do ar para que se processe, uma vez que a propagação se realiza sob a forma de energia radiante. Quando esta energia radiante atinge a superfície do corpo, transforma-se em calor. A emissão de calor por radiação pode ser calculada pela equação I Q"d = a,ad' S"d'P (lho-t.r) I sendo Q"d arad S"d 'P a emissão de calor por radiação (kcallh); o coeficiente de transmissão de calor por radiação pelo homem vestido (kcallm2h'q; a superfície do corpo (m2) eficaz para a radiação; a relação de ângulos da radiação do homem sobre o volume ambiente total (coeficiente de radiação) ; a temperatura superficial média do homem vestido; e a temperatura superficial média das superfícies do local ("C). . tho t" A radiação se realiza sob forma de ondas do tipo das eletromagnéticas e não necessita de ar nem outro qualquer meio intermediário para se propagar. Para se evitar a incidência da radiação proveniente de massas de metal ou vidro em fusão, colocam-se anteparos entre a fonte emitente e o trabalhador. O anteparo reduzirá o efeito do calor radiante, pois refletirá a maior parte do mesmo para o ambiente, reemitindo sobre o operador apenas pequena parte do calor radiante que foi absorvido. . 3.2.2 Convecção Quando a temperatura do ar ambiente é inferior à da pele, processa-se uma perda de calor do corpo
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