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CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 1 SSUUMMÁÁRRIIOO INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 2 1. Introdução .............................................................................................................................. 3 2. Sistemas de Ventilação .......................................................................................................... 5 2.1. Sistemas de ventilação geral .............................................................................................. 6 2.1.1. Vazão e taxa de renovação ......................................................................................... 7 2.2. Sistema de ventilação geral ............................................................................................... 7 2.3. Sistema de ventilação local exaustora ............................................................................. 10 3. Ar, Atmosfera e Poluição ..................................................................................................... 10 3.1. Poluentes do Ar ................................................................................................................ 12 3.2. Propriedades das Partículas dos Aerosóis ....................................................................... 14 3.3. Efeitos da poluição do ar .................................................................................................. 18 3.3.1. Efeitos sobre a saúde ................................................................................................ 19 3.3.2. Efeitos sobre os materiais .......................................................................................... 21 3.3.3. Efeitos sobre as propriedades da atmosfera ............................................................. 22 3.3.4. Efeitos sobre a vegetação ......................................................................................... 23 3.3.5. Repercussões econômicas da poluição do ar ........................................................... 24 4. Níveis de Concentração dos Poluentes atmosféricos: padrões de qualidade .................... 25 4.1. Padrões de Emissão ................................................................................................... 28 5. Valores Limiares de Tolerância ........................................................................................... 30 5.1. Cálculo do limite de tolerância .......................................................................................... 32 6. Fundamentos de Toxicologia ............................................................................................... 33 6.1. Conceitos .......................................................................................................................... 35 6.2. Objetivos, divisão, importância, finalidades, áreas de desenvolvimento e aspectos da toxicologia ................................................................................................................................ 35 7. Bibliografia............................................................................................................................ 37 Anexo 01 ..................................................................................................................................... 38 CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 2 INTRODUÇÃO Bem-vindos ao curso “Ventilação Industrial”! Nas próximas dezesseis semanas, estaremos estudando as filosofias e diretrizes adotadas nos sistemas de ventilação industrial, aplicada ao controle térmico e ao controle de poluentes no ambiente industrial. São oito módulos: - Módulo 1 – Introdução e Conceitos Fundamentais; - Módulo 2 – Ventilação Geral 1 - Módulo 3 – Ventilação Geral 2 - Módulo 4 – Ventilação Local Exaustora - Módulo 5 – Dutos para Condução do Ar - Módulo 6 – Ventiladores - Módulo 7 – Operação de Sistemas de Ventilação Local Exaustora - Módulo 8 – Tecnologias de controle e tratamento de emissões captadas Ao final de cada módulo, os alunos deverão responder uma avaliação, que será disponibilizada na seção “exercícios” da “área do aluno”. Ao término do curso, o participante que obtiver aproveitamento de 70% nas avaliações, tendo realizado as avaliações referentes a todos os módulos, receberá pelo correio o certificado de conclusão do curso. Vamos ao curso? CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 3 11.. IInnttrroodduuççããoo Numa acepção ampla, ventilar significa deslocar o ar. Na prática, o deslocamento do ar tem como finalidade a retirada ou o fornecimento de ar a um ambiente, ou seja, a renovação do ar no mesmo. Essa renovação tem como fim primordial a obtenção, no interior de um recinto dito fechado, de ar com um grau de pureza e velocidade de escoamento compatíveis com as exigências fisiológicas para a saúde e o bem-estar humanos, e uma adequada distribuição do mesmo no local. A renovação consegue, além disso, controlar, dentro de certos limites, a temperatura e a umidade ambiente. Entretanto, o controle rigoroso destas duas grandezas só se realiza de um modo praticamente perfeito em instalações de climatização designadas como instalações de ar condicionado. A Ventilação Industrial é em geral entendida como a operação realizada por meios mecânicos que visem a controlar a temperatura, a distribuição do ar, a umidade e a eliminar agentes poluidores do ambiente, tais como gases, vapores, poeiras, fumos, névoas, microrganismos e odores, designados por "contaminantes" ou "poluentes". Podem-se considerar também como contaminantes substâncias que normalmente existem na composição do ar normal quando elas excedem determinados teores ou índices de concentração, passando a oferecer risco maior ou menor à saúde daqueles que se expõem durante tempo considerável ao ar que as contém. Além de remover de um determinado local os elementos contaminantes, o controle da poluição por meio da ventilação requer muitas vezes que os elementos poluidores, depois de captados, sejam coletados, dando-se a eles, em seguida, uma adequada destinação, de modo a não contaminarem o ar exterior, ou rios e lagoas, caso venham a ser dissolvidos ou misturados à água. A ventilação industrial, adequadamente projetada e operada, consegue eliminar agentes nocivos à saúde humana, ou no mínimo consegue uma redução na intensidade e na concentração dos agentes contaminantes a níveis de quase total inocuidade e evita que esses agentes se dispersem na atmosfera, prejudicando um número considerável de pessoas, afetando mesmo as condições ecológicas indispensáveis à vida. Permite, outrossim, reduzir as temperaturas dos locais de trabalho a níveis suportáveis e até mesmo a condição de relativo conforto ambiental. CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 4 É necessário insistir que a Ventilação Industrial não visa apenas a atender a condições favoráveis para aqueles que trabalham no interior das fábricas ou nos limites das mesmas. Objetiva, também, impedir que o lançamento na atmosfera, através de chaminés ou outros recursos, de fumaças, poeiras, gases, vapores e partículas venha a contaminar o ar, ameaçando a saúde e a vida da populaçãodas vizinhanças e até mesmo de locais relativamente afastados. As indústrias siderúrgicas (calcinação, sintetização etc), petroquímicas e químicas são normalmente muito poluidoras. Lançam na atmosfera, em certos casos, sem tratamento adequado, grande quantidade de material particulado e poluentes no estado de gases ou vapores. As estatísticas revelam números estarrecedores para a massa de substâncias poluidoras lançadas na atmosfera, não obstante o esforço que em muitos países vem sendo realizado para reduzir a poluição. As conseqüências de uma poluição em larga escala, dependendo naturalmente do poluente, podem manifestar-se sob a forma de graves doenças, entre as quais devem ser mencionadas: enfisema pulmonar e outras afecções broncopulmonares; hipertensão arterial; doenças do fígado; doenças dos olhos e irritação das mucosas; doenças do sistema nervoso central; dermatites; câncer da pele ("pele de jacaré"); câncer do sangue (leucemia) num processo inexorável, que pode levar de 10 a 20 anos até o desenlace. anomalias congênitas: anencefalia (nascimento de crianças sem cérebro); hidrocefalia (aumento da quantidade de líquido no encéfalo); microencefalia (redução do tamanho do cérebro); alteração de fertilidade no homem e na mulher. Os conhecimentos da medicina estabelecem níveis de conforto e índice de poluição e limites de tolerância do organismo humano a grande número de substâncias cuja liberação no ar tem lugar no ambiente em que se vive, e, mais particular e intensamente, em indústrias, processos extrativos, de beneficiamento, químicos, CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 5 mecânicos, siderúrgicos, perfuração de galerias de minas, de túneis, desmonte de pedreiras e tantos outros. Cabe à engenharia encontrar a solução adequada, para que os limiares de segurança sejam respeitados, proporcionando condições ambientais adequadas à vida humana e à preservação da fauna e da flora. Entre as "medidas de engenharia" relacionadas com a Ventilação Industrial e Controle da Poluição, devem ser citados: Projeto adequado, compatível com o grau de risco dos poluentes envolvidos nos processos. A preocupação exclusiva com a economia pode conduzir a soluções paliativas ou ilusórias. O projeto deve ser entendido como o do processo industrial em si, e o da Ventilação correspondente. A substituição de materiais nocivos ou muito tóxicos por outros de menor nocividade, quando for possível, deve ser tentada. Umidificação do ar. É muito usada quando há poeira. Aplicada na indústria de cerâmica, perfuração de minas, aberturas de valas em pavimentação de ruas, estradas, britagem de pedras, pátios de carvões etc. Confinamento. Usado no jateamento de areia, em pintura, trituraçáo, moagem de cereais etc. A operação é realizada em compartimentos que impeçam o escapamento das substâncias poluidoras para outros ambientes. Isolamento. Consiste na instalação do equipamento de uma unidade altamente poluidora em um prédio separado do conjunto industrial. Recorrendo também à automação, consegue-se que, na trituração, a poeira e, nas pinturas, a tinta só venham a alcançar os poucos operários encarregados de sua "vistoria", os quais, nas vezes em que operarem, irão devidamente protegidos. Ventilação de ambientes, para assegurar condições de conforto adequadas, de modo a remover do ambiente contaminantes provenientes de equipamento e processos químicos e industriais. É o que se pretende com a aplicação da técnica da Ventilação Industrial. Separação e coleta dos poluentes, processando-se um tratamento, quando necessário, e dando-se ao produto residual uma destinação que não prejudique as condições ecológicas ambientais. É o objetivo do Controle da Poluição. 22.. SSiisstteemmaass ddee VVeennttiillaaççããoo CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 6 Os sistemas de ventilação se dividem em Sistemas de Ventilação Geral e em Sistemas de Ventilação Local Exaustora. Vejamos em que consistem. 2.1. Sistemas de ventilação geral Realiza a ventilação de um ambiente, de um modo global e geral. Pode ser: Natural, quando não são empregados recursos mecânicos para provocar o deslocamento do ar. A movimentação natural do ar se faz através de janelas, portas, lanternins etc. Geral diluidora, quando se empregam equipamentos mecânicos (ventiladores) para a ventilação do recinto. A ventilação geral diluidora pode realizar-se por meio de insuflação; exaustão; insuflação e exaustão combinados,constituindo o chamado Sistema Misto. A Ventilação Geral tem por finalidade: a) Manter o conforto e a eficiência do homem. Para isto, procura realizar: o restabelecimento das condições ambientais do ar, alteradas pela presença do homem; a refrigeração do ar em climas quentes; o aquecimento do ar em climas frios; o controle da umidade do ar. Estes objetivos são conseguidos da forma mais perfeita nas denominadas instalações de ar condicionado. b) Manter a saúde e a segurança do homem. Visa a conseguir: reduzir a concentração de aerodispersóides e particulados nocivos, até um nível considerado compatível com as exigências de salubridade; impedir que a concentração de gases, vapores e poeiras inflamáveis ou explosivas ultrapasse limites de segurança contra a inflamabilidade ou a explosão. CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 7 c) Conservar em bom estado materiais e equipamentos (subestações elétricas em interiores; "locais" de compressores, de motores a diesel e de geradores e motores elétricos). 2.1.1. Vazão e taxa de renovação Vazão é o volume de ar que se desloca na unidade de tempo, num ambiente ou numa tubulação. Q - vazão em [m3/h] ou [ft3/min] V - volume em [m3] ou [ft3] t - tempo em [h] ou [min] Taxa de Renovação de ar é o número de vezes que o volume de ar desse ambiente é trocado na unidade de tempo. É também chamado de número de trocas de ar. T - taxa de renovação em [1/h] ou [1/min] Q - vazão em [m3/h] ou [ft3/min] V - volume em [m3] ou [ft3] 2.2. Sistema de ventilação geral O homem é um ser tropical por excelência, possuindo uma capacidade bastante desenvolvida de transpiração. Um grande número de indivíduos está, parte do tempo, exposto a temperaturas mais altas que a temperatura ambiente, principalmente em seu ambiente de trabalho, onde uma série de fatores climáticos e não climáticos conduzem a um ganho ou a uma menor dissipação de calor pelo organismo. A esse estímulo o organismo responde fisiologicamente, refletindo a severidade da exposição ao calor. CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 8 Para o equacionamento do equilíbrio térmico do indivíduo se faz necessário medir quantitativamente a ação do calor, bem como a resposta do organismo, correlacionando-as. Essa é uma tarefa difícil em função de vários parâmetros intervenientes, tais como a temperatura do ar, a umidade relativa, o calor radiante, a velocidade do ar, o tipo de trabalho exercido, a roupa utilizada e outros. Dessa forma, torna-se necessário a fixação de critérios que permitem estabelecer os limites de exposição ao calor em diferentes tipos de trabalho e a redução da exposição para respostas excessivasdo organismo. Os critérios assim desenvolvidos devem levar em conta não só a resposta fisiológica, mas também a psicológica, a produtividade e a ocorrência de desordens devido ao calor. Várias medidas podem ser tomadas para se evitar a exposição de pessoas a condições de alta temperatura. Por exemplo, enclausuramento e isolamento das fontes quentes, vestimentas, barreiras protetoras, diminuição do tempo de exposição, etc. Na tabela abaixo são indicadas as relações de espaço ocupado e vazões necessárias para várias situações: OBSERVAÇÕES: Nesta tabela foi prevista a remoção de odores corporais, nível de atividade do indivíduo e remoção de calor. As trocas até oito vezes por hora são suficientes para remover contaminantes emitidos por ocupantes. O limite superior da faixa é recomendado para remover calor e vapor em zonas tropicais. Em climas quentes (equatoriais) sugere-se o dobro dos valores da tabela. Se ocorrer a presença de fumantes também deve ser o dobro dos valores da tabela. Não se prevê uso de equipamentos de limpeza de ar. O espaço não deve ser inferior a 150 ft3/pessoa (4,248 m3/pessoa) ou 15 ft2/pessoa (1,394 m2/pessoa). Estudaremos este conceito com mais profundidade no módulo 02 do curso. CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 9 Tabela 01 - Critérios para projetos gerais de ventilação de ambientes (ASHRAE - American Society of Heating and Air Condictioning Engineering, Guide and Data Book ÁREA FUNCIONAL TAXA DE RENOVAÇÃO (trocas/hora) VAZÃO (ft3/min)/pessoa Hospitais (sala de anestesia) 8 – 12 - Salas de animais 12 – 16 - Auditórios 10 – 20 10 Hospitais (salas de autópsia) 8 – 12 10 Padaria e confeitaria 20 – 60 - Boliches 15 – 30 30 Igrejas 15 – 25 5 Hospitais (salas de citoscopia) 8 – 10 20 Salas de aula 10 – 30 40 Salas de conferência 25 – 35 - Corredores 3 – 10 - Hospitais (salas de parto) 8 – 12 - Leiterias 2 – 15 - Lavagem de pratos 30 – 60 - Lavagem a seco 20 – 40 - Fundições 5 – 20 - Ginásios 6 – 30 1,5/ft2 Garagens 6 – 10 - Hospitais (salas de hidroterapia) 6 – 10 - Hospitais (salas de isolamento) 8 – 12 - Manutenção e limpeza - - Cozinhas 10 – 30 - Lavanderias 10 – 60 - Bibliotecas 15 – 25 10 Salas de depósito 2 – 15 - Pequenas oficinas 8 – 12 - Equipamentos mecânicos 8 – 12 - Hospitais (suprimentos) 6 – 10 - Berçários 10 – 15 - Escritórios 6 – 20 10 Hospitais (salas de operação) 10 – 15 - Pinturas e polimentos 10 – 22 - Radiologia 6 – 10 - Restaurantes 6 – 20 10 Lojinhas 18 – 22 10 Residências 5 – 20 - Equipamentos telefônicos 6 – 10 - Salas de controle de tráfego aéreo 10 – 22 10 Toaletes 8 – 20 - Soldas a arco voltáico 18 -22 - CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 10 2.3. Sistema de ventilação local exaustora Realiza-se com um equipamento captor de ar junto à fonte poluidora, isto é, produtora de um poluente nocivo à saúde, de modo a remover o ar do local para a atmosfera, por um sistema exaustor, ou a tratá-lo devidamente, a fim de ser-lhe dada destinação conveniente, isto é, sem riscos de poluição ambiental. 33.. AArr,, AAttmmoossffeerraa ee PPoolluuiiççããoo O ar é um elemento essencial para o ser humano, do qual não se pode prescindir por mais de alguns poucos minutos, utilizando-o como fonte de oxigênio (O2) para troca térmica e como receptor dos gases da respiração, principalmente o gás carbônico, da transpiração, de gases corporais em geral e de gases e partículas de suas atividades diárias, como o cozimento de alimentos ou o tabagismo. Cerca de 30 mil litros de ar passam, por dia, pêlos pulmões de uma pessoa adulta. Esse ar, atingindo as partes mais profundas do aparelho respiratório, entra em contato muito íntimo com os alvéolos pulmonares, cuja superfície é muito extensa. Caso fosse possível abrir cada alvéolo e colocá-los lado a lado, ter-se-ia uma área de aproximadamente 95 metros quadrados, ou seja, a área útil de um apartamento de tamanho médio. O ar, através dos alvéolos, vai então entrar em contato com a corrente sanguínea, fornecendo o oxigênio necessário à vida humana. Esse oxigênio é provido pela atmosfera, a camada de gases que envolve a Terra e que se estende até a altitude de 9.600 km. A atmosfera seca é constituída por cerca de 78% em volume de nitrogênio, 20,9% de oxigênio, 0,9% de argônio (Ar), 0,035% de dióxido de carbono (gás carbônico) e por vários outros gases em pequenas concentrações. A atmosfera contém quantidades bastante variáveis de vapor de água, dependendo do local, da hora, da estação do ano etc., chegando a 0,02% em volume nas regiões áridas e até 4% em regiões equatoriais úmidas. A atmosfera contém também partículas sólidas e líquidas em suspensão (aerossóis), de composição química e concentração variáveis e inclusive matéria viva (pólen, bactérias, vírus etc.). A atmosfera se divide em camadas. A troposfera é a camada da atmosfera que vai do solo até a altitude de cerca de 10 a 12 km (5 a 8 km sobre os pólos, podendo chegar a 18 km sobre a Linha do Equador) e a estratosfera é a camada que vai desde a troposfera até cerca de 50 km de altitude. Setenta e cinco por cento (75%) da massa da atmosfera está contida dentro da altitude de até 10 km, ou seja, basicamente na troposfera, sendo que 99% da massa de ar está contida dentro da altitude de 33 CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 11 quilômetros, envolvendo, portanto, a troposfera e parte da estratosfera. Acima da estratosfera se localiza a mesosfera (quimiosfera) e, acima, a termosfera (ionosfera). Figura 01: Composição da Atmosfera A densidade e a pressão da atmosfera diminuem com a altitude, sendo que sua temperatura varia dependendo da altitude considerada. Na troposfera, normalmente a temperatura diminui com o aumento da altitude. Processos, em geral naturais, podem alterar essa condição por pouco tempo, ocasionando o fenômeno denominado inversão térmica, muito prejudicial à dispersão dos poluentes. Na estratosfera, a temperatura aumenta com a altitude, voltando a cair na quimiosfera e invertendo-se novamente na ionosfera. Uma certa região da estratosfera, entre 20 e 30 km de altitude aproximadamente, denominada camada de ozônio, tem função importante pela maior quantidade de ozônio. Essa camada vem sendo destruída pela ação CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 12 antrópica, em especial pelo cloro presente nos clorofluorcarbonetos, ou clorofluorcarbonos, substâncias popularmente conhecidas por CFC’s. 3.1. Poluentes do Ar O ar, mesmo o considerado puro, contém normalmente quantidades pequenas de poeira de origem mineral, vegetal ou animal, além de bactérias e os chamados odores, que são gases de origem vegetal ou animal, desagradáveis ou não ao olfato. Acima de certa concentração, essas substâncias passam a constituir poluentes ou contaminantes ocasionando prejuízos à saúde humana e danos ecológicos. Vejamos os principais poluentes: Aerossóis: As partículas de materiais sólidos, líquidos e organismos vivos microscópicos se apresentam no ar atmosférico, formando com esse meio gasoso o que se denomina um aerossol. Pode-se definir o aerossol como umsistema constituído por meios de dispersão gasosa onde se encontram partículas sólidas, líquidas ou microorganismos, donde o nome de aerodispersóide, pelo qual também é conhecido. Os aerossóis podem ser formados por dispersão, como resultado de pulverização, atomização de sólidos ou líquidos, ou transferência de poeiras, pólen e bactérias, para o estado de suspensão em virtude da ação de correntes de ar. As partículas se apresentam de tamanho variado e de forma irregular. Podem também ser formados pela condensação de vapores supersaturados ou por uma reação processada entre gases, produzindo um material não-volátil. Existem aerossóis cuja fase dispersa é líquida. As partículas constitutivas, em geral, no caso, possuem forma esférica e tendem a fundir-se, originando partículas esféricas cada vez maiores que acabam por desintegrar-se no choque entre as mesmas. Vejam os principais aerossóis poluentes: Fumos. São partículas sólidas, em geral com diâmetros inferiores a 10 μm, chegando mesmo a 1 μm, (1 mícron = 0,001 mm). Resultam da condensação de partículas em estado gasoso, geralmente após volatilização de metais CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 13 fundidos, e quase sempre acompanhada de oxidação. Os fumos tendem a flocular no ar. É caso dos fumos metálicos, como o cloreto de amônio, por exemplo. Quando o chumbo é derretido, o vapor de chumbo sublimado em contato com o ar se transforma em oxido de chumbo, PbO, constituindo partículas sólidas extremamente pequenas em suspensão no ar, isto é, aerossóis. Esses fumos de PbO são tóxicos, venenos acumulativos, razão por que, nos linotipos, onde são fundidas ligas de chumbo e antimônio, deve-se executar uma instalação de ventilação adequada. Os fumos de óxidos metálicos produzem a chamada "febre dos fundidores" ou "febre dos latoeiros" que se manifesta acompanhada de tremores, algumas horas após a exposição ao "fumo". Poeiras. Os aerossóis no caso são formados por partículas sólidas, predominantemente maiores que as coloidais, com diâmetros compreendidos entre 1 μm e 100 μm. (Segundo o Manual da Connor, variam de 1 a 10 μm.) Resultam da desintegração mecânica de substâncias inorgânicas ou orgânicas, seja pelo simples manuseio (embalagem), seja em conseqüência de operações de britagem, moagem, trituração, esmerilhamento, peneiramento, usinagem mecânica, fundição, demolição etc. Exemplo: poeiras de carvão, sílica, asbesto, algodão, papel, fibras e outras. As poeiras de dimensões maiores são às vezes designadas por particulados ou areias finas, ou ainda, material fragmentado. As poeiras não tendem a flocular, exceto se submetidas a forças eletrostáticas. Não se difundem; ao contrário, precipitam pela ação da gravidade. Fumaça. São aerossóis constituídos por produtos resultantes da combustão incompleta de materiais orgânicos (lenha, óleo combustível, carvão, papel, cigarro etc). As partículas possuem diâmetros inferiores a 1 μm (ou a 0,1 μm, segundo o Manual da Connor). Névoas. São aerossóis constituídos por gotículas líquidas com diâmetros entre 0,1 (ou mesmo 0,01 μm) e 100 μm, resultantes da condensação de vapores sobre certos núcleos, ou da dispersão mecânica de líquidos em conseqüência de operações de pulverização, nebulização, respingos etc. Exemplos: névoa de ácido sulfúrico, de ácido crômico, de tinta pulverizada, de "sprays" etc. As neblinas se acham compreendidas entre 1 μm e 50 μm e se classificam em mist e em fog, sendo as partículas de um fog (cerração, orvalho, dispersões de água ou gelo) menores que as de um mist (pulverizações, atomizações, espirro de uma pessoa etc.). No mist ocorre uma baixa concentração de partículas líquidas de tamanho "grande". Em meteorologia, o mist indica uma leve CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 14 concentração de partículas de água de tamanho suficientemente grande para que caiam. O smog resulta de reações na atmosfera entre certos hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio e o ozônio, sob a ação da luz solar. Provoca irritação nos olhos, dificuldade respiratória e reduz a visibilidade. Organismos vivos. Os mais comuns são o pólen das flores (5 a 10 μm), os esporos de fungos (1 a 10 μm) e as bactérias (0,2 a 5 μm ou mesmo até 20 μm). Em circunstâncias especiais e em geral em locais confinados, pode ocorrer a presença de vírus (0,002 a 0,05 μm). Além dos aerossóis, devem-se levar em consideração os gases e vapores, que podem ocorrer em certos ambientes ou processos industriais, como é o caso do NH3, SO2, NO2, CO, CH4, Cl e CO2 (em excesso). São considerados por alguns autores como sendo também aerodispersóides. Gás. É um dos estados de agregação da matéria. Não possui forma e volume próprios e tende a expandir-se indefinidamente. A temperatura ordinária, mesmo sujeitas a pressões fortes, não podem ser total ou parcialmente reduzidos ao estado líquido. Vapor. E a forma gasosa da matéria, a qual, à temperatura ordinária, pode ser reduzida total ou parcialmente ao estado líquido. "Fly ash" (fuligem). São partículas finamente divididas de produtos de queima de carvão e óleo combustível e que são carregadas nos gases de combustão em geral de fornalhas e queimadores de caldeiras. Alguns autores classificam os aerodispersóides simplesmente em: poeiras; líquidos e vapores condensados; gases e vapores não-condensados; fumaças. A Fig. 02 abaixo fornece, graficamente, indicações quanto aos aerossóis, vapores e gases, aos tamanhos das partículas e aos métodos recomendados para a eliminação das mesmas. A Fig. 03 indica os níveis de concentração e o tamanho médio das partículas, bem como os recursos aplicáveis ao combate à poluição, próprios a cada caso. 3.2. Propriedades das Partículas dos Aerosóis Comportamento das partículas: O comportamento das partículas no ar e sua velocidade de sedimentação dependem: — do tamanho das partículas; CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 15 — da densidade das mesmas; — da concentração de partículas no ar; — do movimento do ar. Estas propriedades são levadas em consideração nos captores e nos eliminadores de partículas do ar (filtros, precipitadores, lavadores, ciclones, impactadores inerciais, precipitadores hidrodinâmicos etc.) Figura 02 - Impurezas em suspensão no ar Tamanho das partículas: O tamanho aerodinâmico de uma partícula é o diâmetro ou o raio de uma esfera hipotética, tendo a mesma velocidade de queda da partícula e uma massa específica igual a 1 g/cm3. Área superficial: Uma mesma massa subdividida em grande número de partículas tem sua superfície grandemente aumentada, o que aumenta a taxa de reação química e agrava o risco de inalação dos aerossóis. Evaporação e condensação: Partículas muito finas podem funcionar como núcleos de condensação de umidade nos processos de transferência de massa na condensação e na evaporação. Essa difusão de massa varia proporcionalmente com a área superficial das partículas. Adesividade: Quando uma pequena camada de líquido se espalha sobre uma superfície fica sujeita a forças de adesão proporcionais à atração molecular, à CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 16 tensão superficial do líquido e ao raio de curvatura da superfície líquida molhante. A umidadedo ar favorece a adesão. O fenômeno de adesão está relacionado com o fenômeno de tensão superficial e com as chamadas forças de Van der Waals. Figura 02 - níveis de concentração e o tamanho médio das partículas CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 17 Densidade: A densidade de uma partícula formada por dispersão de um sólido será a mesma do material que a originou. Quando, porém, diversas partículas sólidas não-porosas se juntam, a partícula resultante terá uma forma geométrica diferente e que inclui espaços vazios. Por este motivo, a massa específica da partícula resultante será menor que a das partículas originais. A massa específica de um conglomerado de partículas pode ser até 10 vezes menor que a do material que a formou devido a essa porosidade. Adsorção: É a adesão ou concentração de partículas dissolvidas ou dispersas sobre a superfície de um corpo. É um fenômeno de superfície que se verifica na camada que separa dois meios diferentes. Partículas sólidas e líquidas de dimensões muito pequenas se apresentam recobertas por uma película superficial de gás, a qual é mantida pela ação de forças elétricas de atração ou pelas condições de valência química originadas na camada superficial das moléculas. Esta formação de camada adsorvente de gás sobre a superfície de uma partícula depende do grau de concentração do mesmo no ambiente, e a quantidade de gás que é adsorvido é função da superfície externa da partícula. Quando ocorre adsorção de gases sobre a superfície de partículas, várias características superficiais das mesmas, tais como a evaporação, adesão molecular e carga elétrica, sofrem alterações. Designam-se por adsorvedores substâncias ou equipamentos capazes de extrair certas impurezas gasosas ou a umidade do ar por efeito do fenômeno de adsorção. São por isso usadas em filtros e em secadores. Carga eletrostática: O contato, a separação, o choque ou atrito entre as partículas em um meio gasoso provocam a transferência de elétrons livres, o que comunica às partículas uma certa carga elétrica. A difusão de íons livres no meio gasoso também influi na carga das partículas. Assim, as cargas de sinal elétrico + e as de sinal - se distribuem quase que igualmente entre as pequenas partículas que vão ficar contidas no ar, de modo que, conquanto cada partícula possa individualmente estar com alta carga elétrica, o aerossol, em seu conjunto, pode ter uma carga resultante bastante pequena, devido ao equilíbrio das cargas eletrostáticas de sinais opostos. Quando as partículas são submetidas a uma carga pela ação de um campo eletrostático, as forças que atuam sobre as partículas modificam suas condições de escoamento, podendo, desse modo, provocar a atração e a aglutinação das mesmas. A carga elétrica recebida pela partícula é proporcional ao seu tamanho, e neste fato se CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 18 fundamentam os precipitadores e classificadores eletrostáticos, conforme veremos oportunamente. 3.3. Efeitos da poluição do ar Efeitos da poluição do ar: Efeitos tóxicos sobre o ser vivo e os animais; Efeitos desagradáveis dos maus odores; Efeitos sobre os materiais; Efeitos sobre as propriedades da ATM; Efeitos sobre a vegetação; Efeitos econômicos. O efeito causado pelo poluente depende: Da concentração presente na ATM; Do tempo de exposição do indivíduo; Da sensibilidade de cada pessoa. O monóxido de carbono (CO) é o contaminante do ar mais abundante da camada inferior da atmosfera. Outros poluentes são óxidos de nitrogênio, óxidos de enxofre, dióxidos de enxofre, hidrocarbonetos (especialmente em áreas urbanas), o ozônio (o mesmo que exerce um efeito benéfico na alta atmosfera, protegendo-nos dos raios ultravioleta), chumbo, aldeídos e material particulado. Estas substâncias atingem seres humanos manifestando-se através de sintomas distintos: dores de cabeça, desconforto, cansaço, palpitações no coração, vertigens, diminuição dos reflexos (monóxido de carbono, que em concentrações elevadas, pode conduzir à morte), irritação dos olhos, nariz, garganta e pulmões (óxidos de nitrogênio); infiltração de partículas nos pulmões formando ácidos sulfúricos (óxido de enxofre); asma aguda e crônica, bronquite e enfisema (dióxido de enxofre); Câncer (hidrocarbonetos); destruição de enzimas e proteínas (ozônio); degeneração do sistema nervoso central e doenças nos ossos, principalmente em crianças (chumbo). O material particulado causa irritação e entupimento dos alvéolos pulmonares. O Brasil é um dos países com maior quantidade de aldeídos na atmosfera, originados pelos CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 19 carros à álcool. Acredita-se que o aldeído fórmico provoque tumores em cobaias, mas sobre os efeitos no homem ainda não há informações. A poluição do ar mata. Em geral mata lenta e discretamente e as mortes resultantes não chamam dramaticamente a atenção do público. 3.3.1. Efeitos sobre a saúde As três possíveis vias de penetração dos agentes poluentes no organismo são: via respiratória via cutânea via digestiva. A maioria das vítimas da poluição do ar não morre durante um episódio crítico. Elas contraem uma doença respiratória ou outro sintoma associado com a poluição do ar. Elas enfraquecem gradativamente para depois morrer tipicamente de pneumonia, ataque do coração ou falha de algum órgão vital, ou ainda, desenvolvem doenças como o câncer e geram crianças com defeitos de nascença. O trato respiratório é afetado pela poluição do ar. A cília do nariz e das superfícies internas que levam até os pulmões pode coletar as partículas maiores dos poluentes. Entretanto, as partículas menores e os gases são capazes de entrar nos pulmões. Quando respiramos, os alvéolos transformam o oxigênio em dióxido de carbono. A poluição pode causar, em algum desses alvéolos, o aumento do seu volume, alterando sua resiliência de tal forma que a respiração fica mais difícil. Os poluentes do ar podem também diminuir ou até parar a ação das cílias, que normalmente carregam muco e os poluentes coletados no trato respiratório. O muco pode engrossar ou aumentar, e as vias respiratórias podem ficar entupidas. Os problemas de respiração podem aparecer por causa de uma ou mais dessas reações. Existe uma associação próxima entre o sistema respiratório e circulatório. Se o sistema respiratório é afetado por uma doença e não pode trocar gases no sangue completamente, o coração precisa trabalhar mais intensamente para bombear sangue suficiente para repor as perdas de oxigênio. Como resultado, o coração e os vasos CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 20 sanguíneos estarão sob STRESS, e poderão surgir algumas mudanças, por exemplo, o aumento do tamanho do coração. Como o monóxido de carbono reduz o conteúdo de oxigênio no sangue, este poluente pode exigir uma carga de trabalho do coração maior para pessoas com anemia ou doenças cardio-respiratórias. Classificação dos poluentes segundo a ação no organismo: IRRITANTES: produzem inflamação nos tecidos que entram em contacto. Atuam sobre o tecido de revestimento como a pele, mucosas das vias respiratórias, conjuntiva ocular, etc. Ex: amoníaco; poeiraalcalina; cloro; ozona; iodo; escapamento de motores; ácido sulfídrico; álcoois; éteres; etc. ASFIXIANTES: asfixiam por reduzir a concentração de oxigênio no ar - nível mínimo 18% - (metano, nitrogênio, dióxido de carbono, hélio, etc), e asfixiam por interferirem no processo de absorção de oxigênio no sangue ou nos tecidos (monóxido de carbono, gás sulfídrico, cianuretos, etc). O metano (CH4) em concentrações maiores que 2% já é um asfixiante simples. Em concentrações variando de 6 a 14% torna-se um explosivo de potencial imediato. Por estas razões que no trabalho nas minas de carvão do sul de SC deve-se levá-lo em conta – é conhecido como grisu. NARCÓTICOS: apresentam ação depressiva sobre sistema nervoso central - efeito anestésico ( éter etílico, acetona, éter isopropílico, Thinner, etc). INTOXICANTES SISTÊMICOS: causam intoxicação aguda ou crônica. Causam lesões nos órgãos: hidrocarbonetos halogenados, clorofórmio, tetracloreto de carbono, cloreto de vinila, etc). Causam lesões no sistema formador do sangue: benzeno, tolueno, xileno (podem produzir leucemia). Afetam o sistema nervoso: álcoois metílico e etílico, dissulfeto de carbono, éteres de ácidos orgânicos. Compostos tóxicos inorgânicos e metais tóxicos: sais de cianureto, fluoretos, arsênico, fósforo, enxofre, chumbo, mercúrio, cádmio, berilo, cromo, etc. MATERIAL PARTICULADO: poeiras, fumos, névoas, etc. Poeiras produtoras de fibrose: causam endurecimento e perda de flexibilidade dos tecidos pulmonares. Ex: sílica, amianto, etc. O pó inorgânico de maior importância do ponto de vista da Saúde Ocupacional é a sílica livre cristalizada, a qual acha-se em grandes quantidades na crosta terrestre (60% desta) formando parte de rochas, minérios, areias, tecidos vegetais, etc. A forma cristalizada do quartzo é a de maior risco, causadora de uma pneumoconiose chamada silicose. Entende-se por pneumoconiose a alteração produzida no tecido dos pulmões pela inalação de poeiras orgânicas e inorgânicas. Esta alteração pode ser uma fibrose pulmonar ou um depósito de material inerte, que não altera a função pulmonar. Entre estes dois estados, existe uma CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 21 variedade de danos aos pulmões. Além da sílica, outros compostos de silício, alguns silicatos, podem atuar sobre os pulmões, produzindo uma pneumoconiose pode-se citar o asbesto, causador de uma fibrose pulmonar incapacitante e com evidências já bastante comprovadas de produção de câncer pulmonar. Poeiras inertes ficam retidas no pulmão mas não produzem alteração. Ex: carbonatos, complexos de alumínio, etc. PARTÍCULAS ALERGIZANTES E IRRITANTES: atuam sobre a pele e aparelho respiratório. Ex: poeiras das madeiras e óleos vegetais, partículas de ácidos, resinas, pólem,etc. O nariz filtra tão bem o ar que dificilmente uma partícula de poeira maior que um glóbulo vermelho do sangue (apenas 8 microns de espessura) consegue atravessá-lo. 3.3.2. Efeitos sobre os materiais Tabela 02: Dano da Poluição do Ar a vários Materiais Tipo de Material Manifestação Típica do Dano Medida de Deterioração Poluente Danificante Outros Fatores Ambientais Vidros e metais Alteração da aparência da superfície Refletância Substâncias ácidas Umidade Metais Danificação da superfície; perda de metal; embaçamento Ganho de peso; redução da resistência; perda de peso; alteração da condutividade Dióxido de Enxofre; substâncias ácidas Umidade; Temperatura Materiais de Construção Descoloração; dissolução carbonato Não medido usualmente, / quantitativamente Dióxido de Enxofre; substâncias ácidas; partículas pegajosas Umidade Pintura Descoloração Não medido usualmente, / quantitativamente Dióxido de Enxofre; gás sulfídrico; partículas pegajosas Umidade; Fungos Couro Desintegração da superfície; enfraquecimento Perda da resistência Dióxido de Enxofre; substâncias ácidas - Papel Torna-se quebradiço Diminuição da resistência ao dobramento Dióxido de Enxofre; substâncias ácidas Luz Solar Tecidos Redução resistência tensão; formação de manchas Perda da resistência à tensão Dióxido de Enxofre; substâncias ácidas Umidade; Luz Solar; Fungos Corantes Desbotamento Reflectância Dióxido de Nitrogênio; Oxidantes; Dióxido de Enxofre Luz Solar; Umidade Borracha “Cracking”; enfraquecimento Perda elasticidade Oxidantes; Ozone Luz Solar abrasão: causada por partículas sólidas de tamanho suficiente e transportadas em alta velocidade. deposição e remoção: causada por partículas sólidas e líquidas que se depositam sobre a superfície. CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 22 ataque químico direto: embaciamento da prata pelo gás sulfídrico; destruição de superfícies metálicas pela ação de névoas ácidas. ataque químico indireto: caso do dióxido de enxofre absorvido pelo couro é convertido em ácido sulfídrico, que deteriora o couro. corrosão eletroquímica: é o mecanismo principal de deteorização de metais ferrosos. Devemos ainda levar em consideração que a danificação depende da umidade relativa, temperatura, luz solar, velocidade do vento, etc. 3.3.3. Efeitos sobre as propriedades da atmosfera Sobre a visibilidade: os fatores meteorológicos que afetam a visibilidade são: altura de inversão e velocidade dos ventos: quanto maior a altura de inversão e quanto maior a velocidade dos ventos, melhor a visibilidade, entretanto em determinadas áreas, velocidades de vento excessivamente altas diminuem a visibilidade pelo levantamento de pó. partículas higroscópicas e umidade relativa: sob alta condição de umidade as partículas higroscópicas aumentam de tamanho e reduzem a visibilidade. formação de neblinas: sabe-se que as neblinas nas cidades são mais freqüentes e mais persistentes que nas áreas circunvizinhas devido á poluição do ar. Estas neblinas em massas de ar poluídas estão compostas por gotículas d’agua contendo vários produtos químicos dissolvidos, e que estas substâncias favorecem a permanência das gotículas líquidas em condições de subsaturação. sobre as condições de radiação urbana: a quantidade de radiação recebida por uma cidade com poluição é menor do que para uma área sem poluição, sendo que os comprimentos de onda mais curtos são mais seriamente afetados que os mais longos. Há uma excessiva perda de radiação ultravioleta de luz solar, que é o principal fator para a geração de vitamina D, natural no corpo humano. Sobre os constituintes atmosféricos: o aumento da concentração de metano, dióxido de carbono e outros gases resulta em provável aumento da temperatura média da Terra, provocando alterações climáticas (neste sentindo existem atualmente diversas hipóteses contraditórias). aumento da concentração de aerosóis de chumbo. aumento da concentração de dióxido de enxofre (30% nos últimos 50 anos) e CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 23 de monóxido de carbono. destruição da camada de ozônio protetora dos ultravioleta. 3.3.4. Efeitos sobre a vegetação redução da penetração da luz por sedimentação de partículas nas folhas ou por interferência de partículas em suspensão na ATM; deposição de poluentes no solo, por sedimentação (partículas grosseiras) ou por carreamento provocado pelas chuvas (gases dissolvidos e partículas finas), permitindo apenetração dos poluentes pelas raízes e alterando as condições do solo. penetração dos poluentes pelos estômatos das plantas. Qualquer que seja a forma pela qual uma planta tenha sido afetada o efeito poderá ser visível ou não. Os efeitos são: colapso do tecido foliar; alterações da cor normal; alterações do crescimento. Ex: cloro; gás sulfídrico; clorídrico; amônia; etc. Tabela 03 - Efeitos da poluição do ar sobre a vegetação POLUENTES SINTOMAS CARACTERÍSTICOS MÍNIMA CONCENTRAÇÃO PARA DANO PPM (vol) g/m3 Tempo de Exposição Dióxido de Enxofre Manchas esbranquiçadas, áreas descoloridas entre veias, clorose (amarelamento) 0,3 785 8 horas Ozona Marcas esbranquiçadas, pigmentação. As pontas das coníferas tornam-se amarronzadas e necróticas 0,03 59 4 horas Nitrato de Peroxiacetila Espelhamento, prateamento ou bronzeamento na parte inferior das folhas 0,01 56 6 horas Dióxido de Nitrogênio Lesões irregulares, brancas ou marrons, no tecido intercostal e próximas à margem das folhas 2,5 4.700 4 horas Fluoreto de Hidrogênio Queimaduras nas pontas e nas margens, diminuição do crescimento, abcesso na folha, faixa estreita vermelha amarronzada separa áreas necrozadas do tecido verde. 0,1 ppb 0.08 5 semanas CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 24 Tabela 03 - Efeitos da poluição do ar sobre a vegetação (cont.) POLUENTES SINTOMAS CARACTERÍSTICOS MÍNIMA CONCENTRAÇÃO PARA DANO PPM (vol) g/m3 Tempo de Exposição Etileno Necrose de parte do cálice em orquídeas, anormalidades nas folhas, queda de flores e falta de abertura das folhas: abcesso 0,05 58 6 horas Cloro Branqueamento entre veias das folhas, queimadura nas pontas e margens, abcesso nas folhas, danos similares ao da ozona 0,10 296 2 horas Amônia Aparência verde forte, tornando-se marrom ou verde comum ao secar. Pode ocorrer escurecimento geral em algumas espécies -20 -14000 4 horas Ácido Clorídrico Necrose tipo ácida, queimadura de pontas em algumas espécies, necrose da margem de folhas de plantas tipo folhas largas -5 -10 -11200 2 horas Gás Sulfídrico Chamuscamento dorsal e marginal 20 28000 5 horas Ácido Sulfúrico Pontos necróticos na superfície superior da folha, similar as lesões de compostos ácidos ou básicos - - - Várias plantas são sensitivas aos poluentes do ar. Algumas são usadas como indicadores de poluição do ar porque elas demonstram um tipo característico de dano para cada poluente específico. 3.3.5. Repercussões econômicas da poluição do ar Custo das perdas econômicas devidas à poluição do ar: corrosão de metais; enfraquecimento de tecidos; suja roupas; desgasta edifícios; danifica a vegetação e a fauna; reduz visibilidade; nociva a saúde, etc. Como exemplo tomaremos o caso da usinas termelétricas. A poluição provocada por elas será maior ou menor dependendo da qualidade do combustível a ser utilizado. No caso do carvão mineral importado, de melhor qualidade do que o nacional, os riscos de poluição podem ser reduzidos de 30 a 90%, dependendo dos equipamentos antipoluentes utilizados. O custo de produção de energia aumentaria 10% para uma CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 25 redução da poluição em 30%, e em 60% para reduzir em 90%. O controle ambiental, neste caso, pode representar cerca de 30 a 35% do custo total de uma termelétrica, nos EUA. Na Alemanha, o controle ambiental acresce em 47% o custo de capital básico das usinas, sendo 19% atribuídos ao controle de dióxido de enxofre (SO2); 9% ao controle de óxidos de nitrogênio (NOx); 6% ao controle de material particulado; 6% ao tratamento de efluentes e 7% ao controle de ruído, tratamento de rejeitos sólidos e outros controles. Hoje, apenas 5% da energia utilizada no Brasil é proveniente destas usinas. Apesar de ser considerada como uma fonte de “energia limpa” as hidrelétricas exigem o alagamento de extensas regiões, principalmente em áreas planas, como na Amazônia. Se considerarmos um fator para medir a área alagada por potência (Watt) gerada, a relação é muito variável: Em Tucuruí, por exemplo, foi necessário alagar uma área de 2.430 km2 para conseguir uma potência de 3.960 Mwatts (megawatts). Em outras palavras, foi preciso inundar uma área de 24,5 m2 para acender uma lâmpada de 40 watts. Em Balbina, para conseguir acender uma lâmpada de 40 watts, foi necessário alagar uma área de 400 m2. Na construção de Itaipú os impactos foram menores: foi necessário alagar uma área de 4,5 m2 para acender uma lâmpada de 40 watts. 44.. NNíívveeiiss ddee CCoonncceennttrraaççããoo ddooss PPoolluueenntteess aattmmoossfféérriiccooss:: ppaaddrrõõeess ddee qquuaalliiddaaddee Poluentes padrões: são os poluentes que ocorrem com grande freqüência, sendo danosos à saúde e ao bem estar geral da população, além de comumente causarem danos a outros receptores. São controlados através de padrões de qualidade do ar. Um padrão de qualidade do ar define legalmente as concentrações máximas de um componente gasoso presente na atmosfera de modo a garantir a proteção da saúde e do bem estar das pessoas. Os padrões de qualidade do ar são baseados em estudos científicos dos efeitos produzidos por poluentes específicos e são estabelecidos em níveis que possam propiciar uma margem de segurança adequada. Através da Portaria Normativa nº 348 de 14/03/90 e da Resolução CONAMA no 003 de 28/06/90 o IBAMA estabelece os padrões nacionais de qualidade do ar. No Brasil são estabelecidos dois tipos de padrões de qualidade do ar: os primários e os secundários. CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 26 Os Padrões Primários de Qualidade do Ar são as concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população. Podem ser entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração de poluentes atmosféricos, constituindo-se em meta de curto e médio prazo. São Padrões Secundários de Qualidade do Ar as concentrações de poluentes atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar da população, assim como o mínimo dano à fauna, à flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral. Podem ser entendidos como níveis desejados de concentração de poluentes, constituindo-se em meta de longo prazo. O objetivo do estabelecimento de padrões secundários é criar uma base para uma política de prevenção da degradação da qualidade do ar. Deve ser aplicado a áreas de preservação (por exemplo: parques nacionais, áreas de proteção ambiental, estâncias turísticas, etc). Como prevê a própria Resolução CONAMA no003 de 28/06/90 a aplicação diferenciada de padrões primários e secundários requer que o território nacional seja dividido em classes I, II e III conforme o uso pretendido. A mesma resolução prevê ainda que enquanto não for estabelecida a classificação das áreas os padrões aplicáveis serão os primários. São poluentes padronizados no Brasil: partículas totais em suspensão; fumaça; dióxido de enxofre (SO2); partículas inaláveis; monóxido de carbono (CO); ozônio (O3); dióxido de nitrogênio. Para estabelecer um padrão de qualidade, os pesquisadores observam os efeitos que os poluentes podem ter sobre s saúde humana, incluindo-se os danos ao ambiente e fixam um número indicador de que a saúde não está sendo gravemente afetada.Esses números ou padrões, são definidos por pesquisadores levando-se em conta os valores culturais da sociedade e os conhecimentos científicos que existem, com a viabilidade econômica e política de se implantar um determinado número ou condição. Em todos os países, estes níveis de referência, ou valores, ou ainda padrões de qualidade tem mudado com o decorrer dos anos. CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 27 Os padrões tem sido mais rígidos, ou menos, de acordo com a riqueza do país, e a correlação das forças políticas e interesses dos envolvidos na discussão e fixação destes padrões: os industriais, os empresários, os moradores, partidos políticos, sindicatos, técnicos, legisladores, governo e outros. CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA/1988 O capítulo dedicado exclusivamente a este tema estabelece o direito da população de viver em um ambiente ecologicamente equilibrado; caracteriza como crime toda ação lesiva ao meio ambiente; determina a exigência de que todas as unidades a Federação tenham reserva biológica ou parque nacional e todas as indústrias potencialmente poluidoras apresentem estudos sobre os danos que podem causar ao meio ambiente. É bom frizar que ainda faz-se necessário elaborar as leis que regulamentaram os dispositivos constitucionais. Resolução CONAMA N. 5/89 – Institui o PRONAR (Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar). Resolução CONAMA N. 18 de 6 de maio de 1986 – Estabelece o PROCONVE ( Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores). Resolução CONAMA N. 8/90 – Estabelece limites máximos de emissão de poluentes do ar (padrões de emissão) em fontes fixas de poluição. LEGISLAÇÃO FEDERAL Leis, decretos e portarias → (P2) Poluição do ar → (P2/330 - sumário) Padrões de qualidade do ar (P2/382) - Portaria no 231 de 27/04/76. Ver: Portaria Normativa no 348 de 14/03/90 - IBAMA que modifica a primeira Exemplos: Portaria MINTER no 100 de 14/07/80: fumaça veículos óleo diesel Instrução normativa MINTER no /81: referente a portaria no 100 Portaria MINTER no 92 de 19/06/80: emissão de sons e ruídos Lei no 6803 de 02/07/80→ver art. 9, item I (P2/337) Lei no 6938 de 31/08/81→Política Nacional do Meio Ambiente e Conama (P2/341) Poluição sonora→Portaria 92 de 19/06/80 (P2/389) Resolução CONAMA no 7 de 16/09/87: regula a comercialização de produtos a base de AMIANTO→ produz MP prejudicialmente à saúde (P5). CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 28 OBS: As resoluções do CONAMA podem ser atualizadas mediante pesquisa na INTERNET. 4.1. Padrões de Emissão No Brasil, existem poucos padrões de emissão definidos. Usualmente, estes padrões contemplam preferencialmente poluentes gerados em combustão, tais como CO, CO2 e SOx. Legislação Federal – alguns exemplos Portaria nº 231/1976 - Ministério do Interior estabelece os Padrões Nacionais de Qualidade do Ar para material particulado, dióxido de enxofre, monóxido de carbono e oxidantes. Os padrões de emissão serão propostos pelos Estados. Portaria nº 100/1980 - Ministério do Interior: estabelece os limites de emissão para fumaça preta para veículos movidos a diesel. O limite de emissão a altitudes acima de 500m , o Ringelmann nº 3 (60%). Abaixo de 500 m e para frotas com circulação restrita à área urbana em qualquer altitude, o limite é o Ringeimann nº 2 (40%). Resolução 507/1976 - Ministério da Justiça: estabelece os limites de emissão do cárter para os novos veículos a gasolina. Resolução CONAMA nº 018/86, de 06/05/86, que estabelece os limites máximos de emissão para motores e veículos novos, bem como as regras e exigências para o licenciamento para fabricação de uma configuração de veículo ou motor e para a verificação da conformidade da produção. Resolução CONAMA nº 008/90 de 06/12/90, que estabelece limites máximos de emissão de poluentes no ar para processos de combustão externa em fontes novas fixas com potências nominais até 70 MW e superiores. Portaria IBAMA nº 1937/90, que disciplina o controle de emissão para veículos importados. Lei Federal nº 8723 de out/93, que estabelece os critérios básicos, prazos e limites de emissão para veículos novos e convertidos, define o percentual de álcool na gasolina e incentiva o planejamento dos transportes como meio de controle ambiental. Resolução CONAMA nº 03/89, que estabelece os métodos de medição e os CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 29 limites de emissão de aldeídos para veículos leves novos a álcool. Resolução CONAMA nº 04/89, que estabelece metas para o desenvolvimento do método de medição da emissão de álcool em veículos. Resolução CONAMA nº 06/93, que estabelece a obrigatoriedade dos fabricantes e importadores de veículos disporem de procedimentos e infra- estrutura para a divulgação sistemática das especificações de regulagem e manutenção dos motores e sistemas de controle de poluição. Resolução CONAMA nº 07/93, que estabelece os padrões de emissão e procedimentos de inspeção para veículos em uso, bem como os critérios para a implantação dos Programas de I/M. Resolução CONAMA nº 08/93, que estabelece novos prazos e limites de emissão para veículos novos (pesados em geral, leves a diesel e importados), bem como recomenda as especificações do óleo diesel comercial necessárias ao controle ambiental. Resolução CONAMA nº 16/93, que regulamenta a Lei nº 8723, ratificando as exigências das Resoluções CONAMA emitidas anteriormente sobre o assunto. Resolução CONAMA no 342, de 09/03: São estabelecidos novos limites para emissões de gases poluentes por ciclomotores, motociclos e veículos similares novos. No caso de tratamento térmico de resíduos, há legislação definida pelo CONAMA para a emissão de poluentes. A Resolução CONAMA 317, de outubro de 2002, estabelece: Tabela 04: Padrões de emissão para tratamento térmico de resíduos e cadáveres (CONAMA 317/03). Poluente Padrão de emissão (Nm3/h) Material Particulado 70 Cádmio, Mercúrio e Tálio 0,28 Arsênio, Cobalto, Telúrio, Níquel, Selênio 1,4 Antimônio, Chumbo, Cromo, Cianetos, Cobre, Estanho, Fluoretos, Manganês, Platina, Paládio, Ródio, Vanádio 7,0 SOx 280 NOx 560 CO 100 ppm Compostos Organoclorados 80 compostos fluorados inorgânicos 5 Dioxinas e Furanos 0,0000005 CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 30 Quando não existirem padrões de emissão definidos pela legislação brasileira, o órgão de controle ambiental estadual pode: Definir um padrão de emissão com base em padrões estabelecidos por legislações de outros países (por exemplo, os padrões definidos nos Estados Unidos pelo NESHAP: National Emissions Standards for Hazardous Air Pollutants); Definir um padrão de emissão com base nos resultados de avaliação da qualidade do ar na região; Definir um padrão de emissão com base em estudos de risco; Definir um padrão de emissão com base com base na eficiência do desempenho do equipamento de controle de poluição. 55.. VVaalloorreess LLiimmiiaarreess ddee TToolleerrâânncciiaa São muitos os poluentes que resultam de operações e processos industriais. O organismo humano, os animais e os vegetais podem vir a ser gravemente afetados, caso o grau de concentração desses poluentesno ar venha a ultrapassar certos limites de tolerância. Na prática, não existe a pretensão de se alcançar uma purificação total do ar, mas atingir um grau de pureza que não ofereça riscos à saúde e à ecologia nem a médio nem a longo prazo. Pesquisas quanto à suscetibilidade dos organismos à ação de agentes poluentes têm sido e continuam sendo levadas a efeito por várias organizações de Saúde Pública e higienistas em todo o mundo. O levantamento das observações e os resultados apurados permitiram a elaboração de tabelas indicativas dos limites de tolerância do organismo humano a um considerável número de poluentes industriais. Assim, por exemplo, a American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH) publica periodicamente uma tabela dos chamados valores limiares de tolerância (threshold limit values — TLV). A definição correta dos limiares de tolerância permitirá o cálculo do limite total permissível de emissão de um determinado poluente. CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 31 A partir daí poderão ser estudados os métodos de redução da emissão, da coleta dos poluentes, do tratamento para a purificação do ar e estabelecidos sistemas de controle do teor do poluente. O Valor do limiar de tolerância (VLT) corresponde a uma concentração média de substâncias suspensas ou dispersas no ar de um certo ambiente de trabalho, em um determinado intervalo de tempo, e que representa condições para as quais se pode presumir com certa segurança que quase todos os trabalhadores possam estar expostos a esse ar sem que ocorra a manifestação de um efeito adverso em seu organismo. Existem três valores limiares de tolerância mais conhecidas e que são: TLV-TWA (Threshold Limit Value — Time Weighted Average). Corresponde a concentrações ponderadas pelo tempo, para uma jornada de trabalho de 8 horas e uma semana de trabalho de 40 horas e para as quais todos os trabalhadores podem ser expostos repetidamente, dia após dia, sem efeito adverso. TLV-STEL (Threshold Limit Value - Short Term Exposure Limit). É a concentração para a qual os trabalhadores podem ser expostos continuadamente, por um curto intervalo de tempo, sem sofrerem: 1. Irritação das mucosas e da pele; 2. Dano crônico ou irreversível de qualquer tecido; 3. Narcose em grau tal que possa aumentar a possibilidade de um acidente ou reduzir a capacidade de autodefesa, ou ainda, o rendimento no trabalho. Trata-se de um parâmetro que suplementa mas não exclui o TLV-TWA e se aplica a casos em que se saiba que existem conseqüências graves provocadas por substâncias cujos efeitos são primária e normalmente de natureza crônica. Um STEL se define como a concentração durante um intervalo de tempo de 15 minutos e que não deve ser excedida em nenhum tempo durante um dia, supondo que a concentração ponderada diária esteja dentro dos limites de TLV-TWA. As exposições correspondentes ao STEL não devem exceder 15 minutos e não podem ser repetidas mais de quatro vezes ao dia. Deve haver pelo menos 60 minutos entre duas exposições sucessivas de um STEL. CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 32 TLV-C (Threshold Limit Value-Ceiling). Vem a ser a concentração que não deverá ser excedida em qualquer tempo da jornada de trabalho. Corresponde pois a um "teto" ou limite superior que não deve ser atingido. Sempre que possível, devem ser realizados estudos aprofundados para a fixação dos limites de tolerância, uma vez que a capacidade de defesa e a resistência dos organismos variam muito e é sempre conveniente trabalhar-se com boa margem de segurança. Segundo a entidade que publica os valores, os TLVs devem ser usados como guias no controle do risco à saúde e não como se constituíssem limites precisos entre concentrações seguras e perigosas. Para o ar ambiente exterior à indústria, respirado pela população na vizinhança, os valores devem ser muito mais baixos, pois o ar poluído será respirado durante as 24 horas do dia. A Tabela do anexo 01 indica os valores dos TLV-TWA e TLV-STEL para os casos de alguns produtos químicos mais usuais. Além da tabela de TLV como indicação do limite de tolerância dos organismos a uma substância ou produto químico, encontram-se tabelas que aplicam outras referências baseadas na experiência das entidades que as publicaram ou na de seus autores. As mais conhecidas são: Toxic limits (TL) — da United States Public Health Service (USPHS); Maximum acceptable concentration (MAC) — concentração máxima aceitável, da American Standard Association (ASA); Recommended maximum concentration (RMC) — concentração máxima recomendada, da American Industrial Hygiene Association (AIHA); Hygienic Standard for Daily Inhalation — Padrões higiênicos para a inalação diária, do Dr. Henry Field Smith Jr. 5.1. Cálculo do limite de tolerância As concentrações limites (Threshold Limit Values -TLV) são publicadas anualmente pelo American Conference of Governamental Industrial Hygienists. Os valores acima mencionados tem origem nestas publicações. CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 33 A NR-15 nos oferece limites de tolerância para muitos produtos, em [partículas/10m ] ou [mg/m ], ou ainda em [ppm] Há também o valor máximo (VL) onde as concentrações obtidas nas referidas amostragens não deverão ultrapassá-lo. VL = FL x TLV VL = valor máximo, TLV = limite de tolerância, FD = fator de estimativa de perigo TLV (ppm ou mg/m3) FD 0 – 1 3 1 – 10 2 10 – 100 1,5 100 – 1000 1,25 maior que 1000 1,1 Este valor máximo indica, de uma maneira prática que há uma situação de risco grave e iminente. Porém num determinado ambiente pode haver mais de um contaminante e neste caso faz-se necessário verificar o efeito cumulativo dos mesmos. Determina-se então a concentração de cada substância e seu limite de tolerância. Não podendo somar concentrações, pois não podemos especificar TLV para uma mistura, usamos a seguinte fórmula: Caso este somatório seja maior ou igual a uma concentração da mistura atingiu seu limite. 66.. FFuunnddaammeennttooss ddee TTooxxiiccoollooggiiaa CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 34 Toxicologia é o estudo das ações nocivas de substâncias químicas sobre os mecanismos biológicos. Atualmente, a Toxicologia engloba uma multiplicidade de enfoques e integra uma série de conhecimentos que reforça seu caráter multidisciplinar e faz com que haja um aporte de capacitações e tecnologias que integram a construção de seu conhecimento (Figura 4). Figura 04 – Natureza multidisciplinar da toxicologia O que nos interessa neste estudo é a toxicologia ambiental industrial. A toxicologia ambiental é o ramo da toxicologia que trata da exposição casual do tecido biológico do homem a produtos químicos basicamente poluentes do seu ambiente e de seus alimentos. É o estudo das causas, condições, efeitos e limites de segurança, para tais exposições. Trata da poluição, dos resíduos e da higiene industrial. Toxicidade é a propriedade de uma substância que se manifesta em ambiente fisiológico vivo, produzindo uma alteração indesejável do mesmo. Em outras palavras, é a propriedade de uma substância sob cuja ação pode vir a ocorrer dano aum organismo. Sinergismo é o aumento de toxicidade acima daquela comumente verificada e que ocorre quando o agente tóxico é aplicado em combinação com outras substâncias. Antagonismo é uma ação oposta à toxicidade e pode ocorrer quando duas ou mais substâncias estão presentes no organismo. A ação antagônica pode resultar na CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 35 completa neutralização e eliminação dos efeitos tóxicos, ou a toxicidade pode ser apenas parcialmente reduzida. 6.1. Conceitos Toxicologia é a ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das interações de substâncias químicas com o organismo. As características físico-químicas das substâncias e as biológicas do organismo determinam a natureza bioquímica do efeito nocivo. Alguns autores, entretanto, consideram que os efeitos tóxicos decorrentes da interação do organismo com os agentes físicos também fazem parte do escopo da Toxicologia. Como ciência, tem por objeto de estudo a intoxicação sob todos os seus aspectos e, na condução desse estudo, tangencia uma gama de outras ciências, com as quais, em algum momento, se relaciona de forma transdisciplinar. Três elementos - toxicante, toxicidade e intoxicação - constituem a tríade básica da Toxicologia, cuja finalidade primeira é promover condições seguras de convívio entre os agentes tóxicos e os organismos vivos, mormente o homem. Segurança significa a probabilidade de uma substância não produzir dano sob determinadas condições de exposição e, conseqüentemente, o conceito recíproco, risco, é a probabilidade de uma substância produzir dano sob determinadas condições de exposição. Quando o risco não está sob controle, pode surgir a intoxicação, que é um desequilíbrio fisiológico causado por substâncias químicas endógenas ou exógenas, exteriorizado por meio de sinais e sintomas. 6.2. Objetivos, divisão, importância, finalidades, áreas de desenvolvimento e aspectos da toxicologia O objetivo primeiro da toxicologia é gerenciar o risco, o que constitui condição indispensável para o estabelecimento de medidas de segurança na utilização dos compostos químicos e que, conseqüentemente, assegura a proteção do meio ambiente e da saúde humana. O gerenciamento do risco pressupõe sua caracterização, o que é feito pelo conhecimento da toxicidade inerente à substância e pela expressão dessa toxicidade, determinada pelas condições de exposição e de avaliação mensurável das relações, CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 36 as quais podem ser transformadas em índices que possibilitem a vigilância da exposição. Em todas as situações há sempre um risco relacionado à exposição, o que confere um caráter abrangente à Toxicologia. Dessa forma, várias áreas do conhecimento, de algum modo, apresentam interface com a produção do conhecimento toxicológico, que pode ser dividido didaticamente em cinco grandes áreas: Toxicologia Ambiental; de Alimentos; de Medicamentos e Cosméticos; Ocupacional; e Social. 6.3. Toxicologia Ambiental (Ecotoxicologia) A Toxicologia Ambiental e a Ecotoxicologia são termos que os autores têm empregado para descrever o estudo científico dos efeitos adversos causados aos organismos vivos pelas substâncias químicas liberadas no ambiente. Há uma tendência em utilizar a expressão Toxicologia Ambiental somente para os estudos dos efeitos diretos das substâncias químicas ou xenobióticos ambientais sobre os seres humanos e o termo Ecotoxicologia apenas para os estudos dos efeitos desses compostos sobre os ecossistemas e seus componentes não humanos, entretanto, tal distinção é bastante artificial. Os seres humanos não estão isolados de seu ambiente natural; eles estão no topo de muitas cadeias alimentares e há poucos ecossistemas nos quais a espécie humana não está envolvida. De maneira geral, utiliza-se o termo Toxicologia Ambiental para a área da Toxicologia em que se estudam os efeitos nocivos causados pela interação de agentes químicos contaminantes do ambiente - água, solo, ar - com organismos humanos, enquanto Ecotoxicologia é empregado para relacionar os efeitos tóxicos das substâncias químicas e dos agentes físicos sobre os organismos vivos, especialmente nas populações e nas comunidades de um ecossistema definido, incluindo os caminhos da transferência desses agentes e sua interação com o ambiente. Qualquer que seja a terminologia empregada, essa área do conhecimento toxicológico tem por preocupação o estudo das ações e dos efeitos nocivos de substâncias químicas, quase sempre de origem antropogênica. sobre os ecossistemas. Deve-se ressaltar que o surgimento de uma substância química ou a manifestação de um efeito tóxico pode ocorrer num ponto distante do local de introdução inicial do tóxico no ambiente. CCUURRSSOO ÀÀ DDIISSTTÂÂNNCCIIAA –– VVEENNTTIILLAAÇÇÃÃOO IINNDDUUSSTTRRIIAALL MMóódduulloo 0011 –– IInnttrroodduuççããoo ee CCoonncceeiittooss FFuunnddaammeennttaaiiss 37 77.. BBiibblliiooggrraaffiiaa Botkin, Daniel B.; Keller, Edward A. Environmental Science: Earth as a Living Planet. EUA, 2000, Editora John Willey & Sons. Boubel, Richard W; Fox, Donald L.; Turner, Bruce D.; Stern, Arthur C. Fundamentals of Air Pollution. Terceira Edição, Ed. Academic Press. Braga, Benedito. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo, 2005, Ed. Prentice Hall. Cooper, C. David; Alley, F.C. Air Pollution Control – A Design Approach. Illinois, USA, Waveland Press, 2002. CRC Press LLC. Environmental Engineer’s Handbook. 2a Edição http://www.amda.org.br/ http://www.quimtec.hpg.ig.com.br/polatm12.htm Lisboa, Henrique de Melo. Apostilas do curso “Controle da Poluição Atmosférica”. Universidade Federal de Santa Catarina, 2005. Lora, Electo Eduardo Silva. 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