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REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÃO RDC: ANÁLISE DA APLICAÇÃO, TRANSITORIEDADE E PERMANÊNCIA DA LEI 12.462/2011

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REGIME DIFERENCIADO DE CONTRATAÇÃO – RDC: ANÁLISE DA APLICAÇÃO, TRANSITORIEDADE E PERMANÊNCIA DA LEI 12.462/2011
Aghisan Xavier Ferreira Pinto 
Márcio Luís de Oliveira
Introdução 
Diante do compromisso assumido pelo Brasil, junto a instituições de direito internacional privado, para realização de grandes eventos entre 2012 e 2016, emergiu a necessidade de uma regulamentação mais célere e eficiente dos processos licitatórios, de modo que as obras de estruturação pudessem ser iniciadas e concluídas em tempo hábil. Os autores Aghisan Xavier Ferreira Pinto e Márcio Luís de Oliveira analisam o surgimento, desenvolvimento e eventuais ampliações da Lei 12.462/2011, conhecida como Regime Diferenciado de Contratação (RDC), a qual almejava adequar a infraestrutura burocrática de licitações para realização dos eventos assumidos internacionalmente.
Em regra, os processos da área eram regidos pela Lei nº 8.666, de 1993, conhecida como Lei Nacional de Licitações (LNL), a qual dispõe sobre os pilares procedimentais para contratação via licitação no Brasil. Ademais, conforme consta na Constituição Federal, é de competência privativa da União legislar sobre suas normas gerais da licitação (art. 22, XXVII). Aos entes federativos, a competência legislativa incide somente sobre “suas licitações públicas observando as normas gerais ditadas pela União” (p. 99). 
Entretanto, tornou-se evidente que a LNL se apresentava engessada para permitir a realização, em curto tempo, dos projetos de infraestrutura que o Brasil se comprometeu em sediar entre 2012 e 2016. Dentre os desafios impostos por esta Lei Nacional, destacam-se a exigências e burocracias processuais que propiciavam uma demora excessiva na realização de obras e serviços. Conforme ressaltam os autores, 
os rigorosos processos de controle e os excessos de formalidade do processo licitatório não contemplam o princípio da celeridade consagrado pela Lei nº 10.520, de 2002, Lei do Pregão, ou o princípio constitucional da eficiência, observado no art. 37, caput da Constituição da República (p.99).
Assim, projetos que exigiam rápida aprovação e execução poderiam ser prejudicados frente à legislação vigente.
A partir da Lei nº 12.462, de 2011, foi materializado o Regime Diferenciado de Contratação – RDC. Esse regime emergencial almeja, principalmente, aumentar a eficiência das contratações públicas, garantindo a busca pelo melhor custo e benefício, inovação tecnológica, isonomia entre licitantes e possibilidade de escolha mais vantajosa para a administração pública, conforme disposto em seu artigo 1º, §1º. A princípio, o RDC seria aplicado somente a projetos a curto prazo com finalidade esportiva internacional, entretanto, a legislação sofreu modificações, abrangendo contratos de cunho permanente e essencial da administração pública. 
Assim, constituiu-se como problemática central do artigo analisado a possibilidade do RDC transformar-se em uma nova modalidade de contratação pública, caso seja compatível com os princípios da administração pública brasileira (p. 100). Os autores, então, propõem uma análise dos fatos históricos que ensejaram a produção e consequentes modificações do Regime Diferenciado de Contratação.
1. O Momento Histórico Brasileiro
Em nova seção, é relatado período de crescimento econômico e estabilização financeira que atraiu atenção para realização de grandes eventos, a partir de acordos internacionais celebrados com entidades de direito privado, tais como a FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado), e o COI (Comitê Olímpico Internacional). Os eventos a serem realizados, de porte internacional, exigiam a ampliação da estrutura nacional e, consequentemente, adequação da burocracia administrativa para abarcar os novos contratos.
A vigente LNL apresentava excessivo controle e demora para conclusão das etapas do processo de licitação, caracterizados como “aspectos intrínsecos limitadores em potencial de sua eficácia” por Motta e Bicalho (2012). Ademais, a então conformidade da LNL dificultava a aplicação do princípio da celeridade, presente na Lei nº 10.520, de 2002, Lei do Pregão, “que garantiu a otimização do tempo nas licitações com vistas à aquisição de bens e serviços que possam ter seus padrões de desempenho e qualidade definidos objetivamente por meio de edital” (p. 102).
Frente a estes desafios, tornou-se necessário compor um novo regime de contratação, o qual favorecesse a aplicação prática dos Princípios Administrativos, sendo estes o princípio da eficiência e da celeridade, a fim de otimizar processos, reduzindo tempos de espera morosos.
2. A Origem do RDC
Surge, então o Regime Diferenciado de Contratação, a partir das Medidas Provisórias nº 488 e nº 499 (2010). As medidas tinham por objetivo, respectivamente: i) viabilizar a realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos na cidade de Rio de Janeiro em 2016; e ii) autorizar a União a integrar, na forma de consórcio público de regime especial, a Autoridade Pública Olímpica (APO), a qual deveria coordenar a participação da União na fiscalização e preparação da cidade do Rio de Janeiro para a realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos (p. 103). Posteriormente, pela Medida Provisória nº 527 de 2011, convertida em Lei nº 12.462/2011, foi disciplinado o Regime Diferenciado de Contratação. 
Desse modo, o objetivo manancial do RDC seria viabilizar obras e serviços de infraestrutura para os eventos internacionais realizados entre 2012 e 2016. Entretanto, conforme especificado por Ricardo Barretto de Andrade e Vitor Lanza Veloso em seu artigo, “Uma Visão Geral Sobre o Regime Diferenciado de Contratações Públicas: Objeto, Objetivos, Definições, Princípios e Diretrizes”, o texto legislativo do RDC apresenta lacunas no que se refere aos projetos que seriam verdadeiramente beneficiados pela nova legislação. (ANDRADE; VELOSO, 2013, p. 32). Portanto, a avaliação dos projetos que seriam favorecidos com o novo regime ficou a responsabilidade dos poderes executivos dos entes da federação envolvidos no processo de licitação (ANDRADE; VELOSO, 2013, p. 33).
3. Alterações e Ampliações do RDC
As identificações genéricas presentes no texto do RDC permitiram modificações para abranger diversos objetos de aplicação, dentre os quais destacam-se: i) ações do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC[footnoteRef:1]; ii) aplicação em projetos do sistema público de ensino[footnoteRef:2]; iii) aplicação no Sistema Único de Saúde – SUS[footnoteRef:3]; iv) obras de manutenção e ampliação dos portos e hidrovias[footnoteRef:4]; v) obras em aeródromos públicos[footnoteRef:5]; vi) obras e serviços de engenharia para construção, ampliação e reforma de estabelecimentos prisionais e unidades de serviço socioeducativo[footnoteRef:6]; vii) condições de contratação no regime integrado, em temas de tecnologia[footnoteRef:7]; viii) garantia do princípio da publicidade[footnoteRef:8]; ix) infraestrutura dos sistemas públicos de ensino, pesquisa, ciência e tecnologia; com previsão para a utilização da arbitragem privada e outros mecanismos de resolução de disputa, bem como da mediação, para a resolução dos conflitos oriundos dos contratos regidos pelo RDC[footnoteRef:9]; e x) locação de bens móveis e imóveis particulares pela Administração Pública (p.105 - 107)[footnoteRef:10]. [1: Lei nº 12.688 de 2012.] [2: Lei nº 12.722 de 2012.] [3: Lei nº 12.745 de 2012.] [4: Lei nº 12.815 de 2013.] [5: Lei nº 12.833 de 2013.] [6: Lei nº 12.980 de 2014. ] [7: Idem.] [8: Lei nº 13.173 de 2015.] [9: Medida Provisória nº 678 na Lei nº13.190 de 2015.] [10: Idem.] 
Assim, torna-se claro como o RDC passou por modificações que permitiram sua sobrevida no ordenamento jurídico nacional, disciplinando temáticas diversas àquelas demandas pontuais que justificaram sua aprovação inicial.
4. Os Princípios Conformadores da LNL, do Pregão e do RDC 
Posteriormente, os autores pontuam princípios norteadores da Administração Pública, elencados no artigo 37 da CF/88 e da LNL, os quais também estão presentes no artigo 3ºdo RDC. O princípio da celeridade, abarcado a partir da Lei do Pregão (Lei No 10.520, de 17 de Julho de 2002), não é explicitamente mencionado nessa legislação, mas é inferível pelas “ideias de otimização de processos e economia de tempo permeiam todo o processo licitatório inaugurado pela modalidade” (p. 108). A partir desse cenário, são apontados, no artigo 3º da RDC, os princípios da “legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da eficiência, da probidade administrativa, da economicidade, do desenvolvimento nacional sustentável, da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo como conformadores de seus processos licitatórios” (p. 109). 
4.1 O Princípio da Celeridade
Sendo assim, a formulação do RCD integrou os princípios da celeridade e da eficiência, intrínsecos para aprovar e realizar obras e serviços em tempo hábil, cumprindo os contratos celebrados com instituições esportivas internacionais. Os autores destacam a importância do princípio da celeridade, inaugurado pela Lei do Pregão, na otimização das contratações e licitações regidas pela nova legislação.
5. Três Características do RDC
Ademais, os autores também descrevem três características do RDC, sendo elas: I) o Orçamento Sigiloso (Art. 6º); ii) a Inversão de Fases – Habilitação e Apresentação de Propostas (Art. 12); e iii) a Fase Recursal Única (Art. 27). O orçamento sigiloso compreende que o orçamento estimado só é revelado publicamente após o encerramento da licitação, por motivos de eficiência econômica com base em estudos comportamentais de licitantes, entretanto, há controvérsias em relação ao princípio da publicidade disposto na LNL e à Lei de Acesso à Informação. Já a Inversão de Fases, por sua vez, apresenta a inversão de ordem das fases do processo licitatório em relação ao que determina a Lei nº 8.666, de 1993, com vistas ao aprimoramento e modernização dos processos para contratações com a Administração.
A terceira característica refere-se à Fase Recursal Única (Art. 27). A LNL prevê duas fases recursais no processo licitatório, o que gera, muitas vezes, maior demora na conclusão dos processos administrativos. No caso do RDC, “a regra geral contida no art. 12 [...] é que a habilitação ocorra tão somente após a apresentação e julgamento das propostas” (p. 112), dando enfoque à aplicação do princípio da celeridade.
Considerações finais
Por fim, após minuciosa e complexa análise, os autores evidenciam a ampliação do novo regime licitatório, que passa a abranger temas de cunho permanente e essencial à Administração Pública, com enfoque na racionalização do tempo de espera processual, assim como eficiência na aplicação dos projetos. Sendo assim, os autores também destacam a “vocação do Regime Diferenciado de Contratação para tornar-se uma nova espécie licitatória permanente, ou, até mesmo, um regime licitatório geral e autônomo em relação à Lei nº 8.666, de 1993” (p. 113), visto que a Lei Nacional de Licitações encontra desafios de atuação pela demasiada burocrática estrutura para as novas necessidades da Administração Pública para disciplinar o tema.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Ricardo Barretto; VELOSO, Vitor Lanza. Uma visão geral sobre o regime diferenciado de contratações públicas: objeto, objetivos, definições, princípios e diretrizes, p. 31-47, In: JUSTEN FILHO, Marçal; PEREIRA, Cesar A. Guimarães. (Coord.) O Regime Diferenciado de Contratações Públicas – Comentários à Lei nº 12.462 e ao Decreto nº 7.581 – RDC. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2013.
MOTTA, Carlos Pinto Coelho; BICALHO, Alécia Paolucci Nogueira. RDC: Contratações para as Copas e Jogos Olímpicos – LEI Nº 12.462/2011 – DECRETO nº 7.581/2011. 1. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2012.
XAVIER FERREIRA PINTO, Aghisan. OLIVEIRA, Marcos Luís de. Regime Diferenciado De Contratação – RDC: Análise dea Aplicação, Transitoriedade e Permanência Da Lei 12.462/2011. Porto Alegre: Anais do XXVII Congresso Nacional do CONPEDI Porto Alegre – RS, 2018.
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