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DO CRIME

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DIREITO PENAL – DO CRIME 
- Nexo de causalidade – art. 13, CP: O resultado do crime somente é imputável a quem 
lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria 
ocorrido. 
Na hipótese de homicídio culposo na condução de um veículo, além de checar se a 
batida levou à morte, deve ser checado se a vítima não teria se lançado na frente do 
veículo, ou se a vítima não estava cruzando uma estrada de alta velocidade quando havia 
uma passarela a poucos metros do local, encontrando-se, portanto, fora da esfera de 
proteção da norma e assim por diante. 
- Causa relativamente independente – art. 13, §1º, CP: é excluída a imputação quando a 
superveniência de causa relativamente, por si só, produziu o resultado. Entretanto, os 
fatos anteriores ainda são imputados àquele que os praticou. 
Por exemplo: A defere uma facada em B, o que o ocasiona lesão corporal, sendo 
chamada uma ambulância para transportá-lo até ao hospital para receber tratamento. 
Entretanto, no caminho ao hospital, a ambulância colide com um carro em que o motorista 
encontra-se embriagado, furando a preferencial e, consequentemente, ocasionando a 
morte de B, devido ao acidente. Neste caso, A não pode ser indiciado pelo homicídio de 
B, pois não foi a facada que ocasionou a morte de B, mas sim o acidente entre a 
ambulância e o carro. Portanto, A será indiciado por lesão corporal causada à B 
anteriormente ao acidente, e o motorista embriagado responderá pelo homicídio causado. 
- Nexo de causalidade na omissão – art. 13, §2º, CP: a omissão é penalmente relevante 
quando aquele que devia e podia agir para evitar o resultado, se omite. Nesses casos, deve 
implicar maior rigor na atribuição de responsabilidade penal em tais circunstâncias. Trata-
se de crime omissivo impróprio, ou crimes comissivos por omissão. 
Tem o dever de agir aquele que: tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou 
vigilância; de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; com o seu 
comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
Exemplo: um banhista qualquer vê uma pessoa se afogando e não faz nada, não 
tenta salvá-la nem busca ajuda. Esse banhista responde pelo crime de omissão de socorro, 
que é um crime omissivo próprio. Porém, a cena é presenciada também por alguém que 
se encontra em posição de garantidor (salva-vidas, mãe, babá, etc.), o qual também se 
omite. Neste caso, este responde por homicídio por omissão, haja vista que nada fez para 
que houvesse tentativa de salvar a pessoa. Responde pelo crime comissivo por omissão 
quem deixa de diminuir o risco de ocorrência do resultado. 
Faz-se também necessário checar o elemento subjetivo, ou seja, se ao se omitir o 
garantidor buscava o resultado que deveria ter sido evitado. 
Nos crimes omissivos impróprios, o nexo de causalidade somente se completa 
quando há um resultado, uma omissão, um garantidor com capacidade e possibilidade de 
ação, bem como quando a ação omitida certamente evitaria o resultado. O direito só 
pode exigir que o garantidor aja visando evitar o resultado e não que efetivamente o evite. 
Portanto, o salva-vidas que vai em encontro à pessoa que está se afogando, mas não 
consegue salvá-la a tempo, não será responsabilizado criminalmente pelo simples fato de 
ter agido para tentar evitar esse resultado, mesmo que venha a falhar. 
Não há configuração do crime de lesão corporal seguida de morte se a conduta do 
agente não foi a causa imediata do resultado morte, estando ausente o necessário nexo 
de causalidade. 
- Tentativa – art. 14, II, CP: ocorre a tentativa de um crime quando, iniciada a execução, 
não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. A pena para a tentativa é 
a correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Para a 
configuração de um crime é necessário haver não só a exteriorização da vontade, mas 
sobretudo o início ou a realização, ao menos parcialmente, de qualquer dos verbos 
descritos na norma penal sancionatória. Quanto maior a aproximação do resultado, 
menor será a fração respectiva para reduzir-se a pena. 
- Espécies de tentativa – tentativa perfeita: todos os atos necessários são praticados pelo 
agente, mas o resultado não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade, como 
por exemplo: o agente, com intenção de matar, atira na vítima, que é atingida, mas 
socorrida a tempo e não vem a óbito; tentativa imperfeita: o agente não pratica todos os 
atos necessários para alcançar o seu intento, pois é impedido durante iter criminis, de 
continuar com o seu propósito criminoso, por exemplo: no momento em que iria atirar na 
vítima, outra pessoa chega e segura seu braço, tirando a arma e evitando que isso ocorra; 
tentativa branca: a ação praticada não ofende, alcança o corpo da vítima, como por 
exemplo o agente que vai com a intenção de dar uma facada na vítima, mas esta desvia 
do golpe evitando que ocorra; tentativa cruenta: a vítima é atingida, mas o crime não é 
consumado pois não há grande ofensa, por exemplo: o agente atira em direção da vítima, 
que se desvia, e acaba pegando o tiro “de raspão” em seu braço; tentativa idônea: o 
agente dispõe de todos os meios necessários para alcançar o seu intento, o resultado 
criminoso, mas tal não ocorre por circunstâncias alheias à sua vontade, o resultado é 
possível, pode ser consumado, mas o agente não consegue; tentativa inidônea (crime 
impossível): o agente utiliza-se de um meio absolutamente ineficaz ou impróprio para 
atingir o resultado pretendido, como por exemplo, utiliza uma arma de brinquedo ao tentar 
disparar um tiro contra a vítima. 
Crimes que não admitem a tentativa – crimes culposos; preterdolosos; 
unissubsistentes; habituais; omissivos próprios; de atentado; contraversões penais; de 
mera conduta. 
- Desistência voluntária e arrependimento eficaz – art. 15, CP: aquele que, 
voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, 
só responde pelos atos já praticados. A desistência voluntária ocorre quando o agente 
desiste voluntariamente de prosseguir na conduta, antes de concluir a execução. O 
arrependimento eficaz ocorre quando o agente procura voluntariamente impedir a 
produção do resultado, após a conclusão dos atos executórios. 
Desistência voluntária, dois requisitos: momento objetivo da interrupção dos atos 
de execução – não é preciso que o agente desista definitivamente dos atos de execução, 
mas apenas que em determinado momento abandone concretamente a prática destes, 
ainda que planeje prosseguir com a conduta posteriormente. O que importa, portanto, é a 
concreta interrupção dos atos executórios antes da consumação e não o abandono 
definitivo da intenção criminosa; momento subjetivo da desistência voluntária – a 
desistência do agente deve ser voluntária, ainda que não espontânea. Se verifica mesmo 
quando o agente interrompe a execução dos atos executórios para atender ao pedido de 
alguém, por exemplo da própria vítima. O que deve ocorrer é a desistência voluntária, 
mesmo que por influência de outrem, desde que não seja forçada. 
A desistência só é voluntária se a consumação ainda pode ser alcançada pelo 
agente. 
Arrependimento eficaz, dois requisitos: requisito objetivo: eficácia e requisito 
subjetivo: voluntariedade – a ação deve ser eficaz para impedir a produção do resultado, 
bem como deve ser voluntária, ainda que não espontânea. Assim, se o resultado não for 
impedido direta ou indiretamente pelo agente, há consumação, se for impedido por outra 
pessoa ou circunstância, há tentativa. Se o agente colabora decisivamente para evitar o 
resultado, ainda que mediante auxílio de terceira pessoa, não parece haver motivo para 
exclusão do benefício legal. 
O agente responde pelos atos já praticados até o momento da desistência desde que 
estes caracterizem uma infração penal. 
- Arrependimento posterior – art. 16,CP: “Nos crimes cometidos sem violência ou grave 
ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou 
da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços”. 
Crime sem violência ou grave ameaça contra a pessoa: a restrição refere-se apenas 
aos delitos dolosos, ou seja, os delitos culposos que envolvem violência contra a pessoa 
são compatíveis com o arrependimento posterior. 
Reparação do dano ou restituição da coisa: a reparação deve ser integral, e não 
apenas parcial. A avaliação da integralidade fica a critério da vítima, podendo até mesmo 
renunciar à reparação total. A restituição da coisa danificada não é suficiente para que a 
pena seja reduzida, pois cabe à vítima avaliar a necessidade de indenização complementar 
ou eventual satisfação com a coisa restituída. Por outro lado, a vítima que se nega a 
receber a indenização ou a restituição da coisa sem motivo justo, não pode impedir o 
reconhecimento da causa de redução de pena, sendo facultado ao agente o uso de outros 
meios legais disponíveis, como ação de consignação em pagamento. 
Limite temporal para a reparação ou restituição: a reparação ou restituição devem 
ser efetivadas até a data da decisão judicial que recebe formalmente a peça acusatória. 
Entretanto, o pagamento posterior ao fato já ocorrido (ainda que anterior à denúncia) não 
elimina a fraude ou o dolo da conduta, motivo pelo qual não há falar em exclusão de 
tipicidade ou óbice ao prosseguimento da ação penal, mas sim em redução da pena! No 
crime de peculato culposo, a lei permite que a reparação do dano, mesmo após o 
recebimento da denúncia, cause a extinção da punibilidade se efetivada até o trânsito em 
julgado da sentença, se posterior à sentença, é possível a redução da pena imposta pela 
metade (art. 321, §3º, CP). 
Em se tratando de concurso de agentes, a reparação do dano ou a restituição da 
coisa por um dos agentes em concurso, aproveita aos demais, ou seja, todos os corréus 
devem ser beneficiados com a redução da pena. 
Para obter o privilégio de redução da pena, deve ser reconhecida a ocorrência do 
arrependimento posterior, sendo, assim, reduzida de 1/3 a 2/3. Quanto mais completo o 
ressarcimento, maior a redução da pena; quanto mais rápido o ressarcimento ou a 
devolução, maior a redução da pena. 
- Crime impossível – art. 17, CP: também chamado de tentativa inidônea, é a conduta 
não punível em razão da ineficácia absoluta do meio empregado pelo agente ou da 
impropriedade absoluta do objeto contra o qual o agente dirigiu sua conduta. A 
consumação é impossível e a conduta é impunível. Como por exemplo: atirar em um 
corpo que já está morto (mesmo que não tenha ciência disto), tentar envenenar alguém 
dando-lhe água com sal, etc. Sempre que o meio empregado ou objeto utilizado não teria 
como consumar o crime, resta caracterizado o crime impossível, o que não é passível de 
punição criminalmente. 
Teoria objetiva temperada ou moderada: o crime impossível é impunível porque a 
conduta não gera risco ao bem jurídico tutelado. Só ocorre quando o meio empregado na 
tentativa é absolutamente ineficaz ou o objeto é absolutamente impróprio para a 
produção do resultado. Se é relativamente, ocorre a tentativa! 
Requisitos: ineficácia absoluta do meio ou absoluta impropriedade do objeto – meio 
absolutamente ineficaz é aquele que, por sua própria natureza, é incapaz de produzir o 
resultado pretendido (ex: veneno em dose insuficiente). Objeto absolutamente 
impróprio é aquele que não existe ou que não possui os atributos necessários para 
viabilizar a consumação (ex: cadáver como vítima de homicídio). A ineficácia do meio 
ou a impropriedade do objeto devem ser analisadas no caso concreto, mormente em 
relação ao meio empregado pelo agente que, em alguns casos, pode ser essencialmente 
ineficaz e mesmo assim produzir o resultado em face de uma peculiar condição da vítima, 
por exemplo, utilizar uma arma de brinquedo para uma tentativa de homicídio, mas a 
vítima é cardíaca). 
Súmula 567, STJ: “Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico 
ou por existência de segurança no interior do estabelecimento comercial, por si só, não 
torna impossível a configuração do crime de furto”. Havendo possibilidade, ainda que 
remota, de burlar a vigilância exercida sobre a coisa e, por conseguinte, de ofender o bem 
jurídico tutelado pela norma penal, não se configura o crime impossível. A questão deve 
sempre ser analisada no caso concreto, diante das circunstâncias apresentadas. Por 
exemplo, se a vigilância é permanente e o agente é seguido constantemente, até ser 
abordado pelos seguranças do estabelecimento, a consumação nunca foi viável e a 
hipótese é de crime impossível por ineficácia absoluta do meio empregado; se o agente 
escapa da vigilância permanente e consegue sair do estabelecimento com o objeto do 
furto, a consumação passou a ser possível e o agente, se abordado em seguida, responde 
pela tentativa. 
Súmula 145, STF: “Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia 
torna impossível a sua consumação”. O flagrante preparado ou provocado é aquele em 
que o agente provocador induz o suposto delinquente a praticar uma infração penal e, ao 
mesmo tempo, cria condições necessárias para impedir sua consumação. Nesse caso, 
trata-se de um crime impossível, não sendo passível de punibilidade. Se consumado o 
delito pelo provocado, o agente provocador pode responder pelo crime a título de culpa, 
se houver previsão legal. O flagrante esperado ocorre quando a polícia obtém a notícia 
de um crime futuro e se prepara para impedir sua consumação, sem interferir na conduta 
do agente. Já o flagrante forjado é aquele em que as provas de um delito são criadas e 
produzidas pelos próprios agentes policiais, não havendo crime e, ainda, o responsável 
pela farsa deve responder pelo abuso de autoridade. 
Falsificação grosseira: a falsificação grosseira de documentos na prática de 
estelionato pode tornar impossível a consumação e caracterizar crime impossível por 
absoluta ineficácia do meio. 
- Crime doloso – art. 18, I, CP: é aquele que contém o dolo como elemento subjetivo 
(vontade do agente) geral e implícito, além dos demais elementos objetivos. No tipo 
objetivo, encontram-se o autor da conduta (individualizado ou não), a conduta (ação ou 
omissão), o resultado e o nexo causal ou relação de causalidade. O tipo subjetivo é 
formado pelo dolo e, eventualmente, por elementos subjetivos específicos ou especiais 
do tipo. 
Dolo é a vontade consciente de praticar a conduta típica prevista na lei penal, ou 
seja, de realizar o tipo objetivo. Possui duas espécies: dolo direto, que é a vontade do 
agente dirigida especificamente a um determinado resultado típico, abrangendo também 
os meios empregados; e dolo indireto ou eventual, que é a vontade do agente dirigida a 
um certo resultado, admitindo e aceitando conscientemente a ocorrência de um outro 
resultado provável, mas não desejado: o agente não deseja o resultado, embora seja 
indiferente à sua ocorrência. 
- Crime culposo – art. 18, II, CP: conforme o parágrafo único do art. 18, o tipo culposo 
depende de previsão expressa na lei. É aquele em que a lei expressamente estabelece a 
punição a título de culpa. O crime culposo não admite a tentativa, pois o resultado é 
involuntário e só ocorre por conta de um defeito na programação da causalidade. 
Culpa é a violação de um dever de cuidado na realização de uma conduta, com 
finalidade em geral lícita, que produz um resultado previsível, mas não desejado pelo 
agente. Pode ser entendida simplesmente como violação do dever de cuidado por meio 
de imprudência, negligência ou imperícia. Imprudência é a ação precipitada, arriscada 
ou perigosa, ou seja, agir sem o devido cuidado, como por exemplo conduzir veículo em 
velocidade incompatível com o local; Negligência é a omissão,a inércia psíquica, a 
indiferença, por exemplo, deixar arma de fogo ao alcance de criança; Imperícia é a falta 
de conhecimentos teóricos e práticos no exercício de profissão, arte ou ofício, por 
exemplo, médico que comete erro grosseiro. A imperícia é considerada imprudência 
quando a atividade não é regulada por lei ou não exige conhecimentos técnicos 
específicos. 
Espécies: culpa inconsciente ocorre quando o agente não prevê o que era 
previsível; culpa consciente é quando o agente prevê o resultado, mas confia que este 
não ocorrerá, pois não o deseja, o agente não realizaria a conduta se soubesse com certeza 
da ocorrência do resultado; culpa própria é a culpa comum, ou seja, o agente causa o 
resultado por inobservância do dever de cuidado; culpa imprópria ocorre quando o 
agente realiza uma conduta dolosa por erro vencível ou inescusável (o agente não age 
com cautela necessária e acaba cometendo crime que poderia ter sido evitado) e a lei, em 
face do erro que motivou a conduta, estabelece punição a título de culpa, desde que exista 
previsão expressa do crime culposo correspondente. 
Elementos: do tipo objetivo é a conduta, o resultado e o nexo de causalidade entre 
eles; do tipo subjetivo é a finalidade da conduta, embora não dirigida ao resultado típico. 
A violação do dever de cuidado caracteriza-se como elemento normativo do tipo 
objetivo. Os deveres de cuidado podem estar estabelecidos na lei ou nas normas sociais e 
devem ser analisados no caso concreto, de acordo com a situação jurídica e social de cada 
pessoa; A previsibilidade é um elemento essencial do tipo subjetivo, e trata-se da 
possibilidade de conhecer o perigo que a conduta produz para os bens jurídicos, bem 
como do possível resultado correspondente. A conduta é atípica se o resultado era 
imprevisível para o agente, seja porque seus conhecimentos não eram suficientes para 
prever o resultado, seja porque se encontrava em erro invencível ou escusável de tipo. 
Dolo e culpa nas contravenções penais – conforme o art. 3º da LCP, a ação 
ou omissão voluntária basta para a caracterização da contravenção, exigindo dolo ou 
culpa apenas nas hipóteses em que a lei condiciona a esses elementos algum efeito 
jurídico específico. 
Graus de culpa e culpa presumida – o grau ou intensidade da culpa não interfere 
no juízo de tipicidade, ou seja, a gradação da culpa, seja ela leve ou grave, é irrelevante 
para a configuração da infração penal; Ainda, a culpa não pode ser presumida, deve 
sempre ser comprovada. Assim, não é possível presumir a culpa do condutor de veículo 
sem habilitação que se envolve em acidente de trânsito e causa lesões corporais na vítima. 
Concorrência e compensação de culpas – a concorrência de culpas ocorre 
quando o resultado culposo é causado por duas ou mais pessoas, sem que exista ligação 
psicológica entre elas. Por exemplo, colisão entre dois veículos, que acarreta a morte de 
uma terceira pessoa. Não é caso de concurso de pessoas, pois não há ligação psicológica 
entre os agentes; Eventual comportamento imprudente da vítima em um delito culposo 
não pode ser considerado para descaracterizar a responsabilidade penal do agente, isto é, 
não existe a possibilidade de compensação de culpas. Entretanto, a culpa da vítima deve 
ser considerada no momento judicial de aplicação da pena, com base no art. 59 do CP. 
- Erro sobre elementos do tipo – art. 20, CP: erro corresponde à falsa noção sobre o 
objeto do conhecimento. É um estado positivo do agente frente à determinada 
circunstância. Sua ocorrência pressupõe a falsa percepção do agente em relação a um ou 
mais elementos essenciais da figura descrita na legislação penal. Quando o agente se 
encontra numa situação de erro de tipo, não se pode falar que houve dolo em relação ao 
comportamento praticado. O erro de tipo sempre exclui o dolo, independentemente de 
ser evitável ou não. Caso a conduta praticada tenha sua punição prevista a título de culpa, 
poderá o agente ser punido dessa forma. O erro de tipo exclui o dolo somente quando se 
der frente a elemento essencial da estrutura típica; caso o erro verse sobre elemento 
acidental, não há que se falar em exclusão do elemento volitivo da ação. Caso o erro se 
dê sobre a pessoa em relação a quem recai a ação, ou ainda sobre o processo causal, a 
infração não deixa de ser caracterizada. 
- Descriminantes putativas – art. 20, §1º, CP: é discutida quando o agente imagina estar 
concretamente diante de uma circunstância que, se de fato estivessem presentes 
determinados fatos, autorizariam a prática de conduta descrita como ilícito penal. Para 
que o erro reste configurado, a situação imaginada deve trazer inteiramente os elementos 
da figura legal permissiva, assim como se daria caso a excludente de ilicitude de fato 
existisse. Se o erro for inevitável, isenta-se o agente de pena, ao passo que, se for evitável, 
o fato será punível como crime culposo, se houver previsão legal. 
Por exemplo, um agente vê seu inimigo que havia lhe ameaçado anteriormente e, 
ao se aproximar, este faz movimento de tirar uma arma da cintura. Por este motivo, o 
agente justificado pelo aparente perigo iminente de ser morto, reage atirando na perna de 
seu inimigo, que sofre lesão corporal leve. Mesmo que após o ocorrido, venha a ser 
apurado que o inimigo não portava arma e que iria tirar da cintura um celular, fica claro 
que o agente encontrava-se plenamente justificado pelas circunstâncias, que o levaram a 
supor situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. 
- Erro determinado por terceiro – art. 20, §2º, CP: se o erro for insuperável, prevalece o 
erro em relação ao agente levado ao engano e o terceiro responde pela infração; se o erro 
for evitável, o agente enganado responde pelo delito na forma culposa, desde que prevista 
em lei. 
- Erro sobre a pessoa – art. 20, §3º, CP: é um elemento acidental do tipo. O dolo quanto 
a prática da infração não chega a ser descaracterizado, embora prevaleça a intenção inicial 
do agente de praticar a conduta contra pessoa diferente daquela que foi efetivamente 
ofendida. Devem ser sempre consideradas as condições ou qualidades da pessoa contra 
quem o agente queria praticar o crime, e não as da vítima. 
Como por exemplo, o agente está aguardando em um local para atirar contra sua 
mãe, portanto aguarda esta sair de sua casa. Entretanto, está escuro e, ao ver uma mulher 
semelhante saindo do portão da casa de sua mãe, acredita ser esta, mas acaba atirando em 
outra mulher, a qual vem a falecer. O dolo da prática de homicídio não é descaracterizado, 
mas são consideradas as características de que a vítima era para ser sua mãe, sendo 
aplicado assim a circunstância agravante do art. 61, II, e do CP. 
- Coação irresistível e obediência hierárquica – art. 22, CP: não há reprovação quando o 
agente se encontra numa situação em que dele não se poderia exigir outro comportamento, 
ainda que em contrariedade com a norma. 
A coação moral irresistível é a grave ameaça que faz a vontade da pessoa coagida 
não ser livre, mas viciada. O coagido age com vontade, o que deve ser observado é que 
se dá importante comprometimento de tal manifestação, de modo a não se poder exigir 
que o indivíduo atue conforme o direito. Como por exemplo, o pai que é coagido a assaltar 
um banco para dar o dinheiro aos sequestradores de seu filho. Não há que se falar em 
coação moral irresistível quando o coacto pode perfeitamente recusar-se a fazer o que 
lhe está sendo postulado. 
A obediência hierárquica trata-se do acatamento, por parte de um subordinado, a 
uma ordem não proibida de modo evidente pelo direito penal. O subordinado fica 
intimidado e acaba praticando a conduta determinada por seu superior hierárquico. É 
incabível a aplicação da excludente de culpabilidade se a ordem for manifestamente 
ilegal, e se dessa ilegalidade tinha conhecimento o réu, podendo determinar-se de 
maneiradiversa. 
- Exclusão de ilicitude – art. 23, CP: hipóteses em que não o agente não responde por 
crime. 
I – estado de necessidade: também previsto no art. 24, CP, caracteriza-se pela 
conduta de atingir bem jurídico de terceiro inocente para salvar bem próprio ou de outrem 
de perigo atual. Requisitos: existência de perigo certo e atual; referido perigo não pode 
ter sido provocado pelo agente; o dano deve ser inevitável por outro meio, a não ser pelo 
comportamento lesivo praticado. Pode ter origem em um comportamento humano ou em 
um acontecimento natural, como um incêndio ou uma inundação. A proteção a bem de 
terceira pessoa pode se dar por motivo pessoal, como um relação de parentesco ou 
amizade, bem como por solidariedade humana. A exposição do bem jurídico não pode ter 
sido dolosa. Se o agente provoca o perigo, deve arcar com as consequências daí advindas, 
pois não pode ser beneficiado quem voluntariamente deu causa à situação perigosa, em 
detrimento de terceiro inocente. Não pode alegar excludente quem tem o dever legal de 
enfrentar o perigo. 
II – legítima defesa: também prevista no art. 25, CP, possui cinco elementos: 
existência de uma agressão injusta; agressão precisa ser atual ou iminente; a conduta é 
voltada à defesa de um bem ou interesse juridicamente protegidos; deve haver análise das 
circunstâncias nas quais o evento acontecer para avaliar o que normalmente poderia ser 
feito para repelir a situação de perigo; a moderação no uso dos meios, a prudência com 
que referidos meios foram utilizados (proporcionalidade entre ação e reação). A 
proporcionalidade diz respeito ao uso moderado dos meios necessários. Todos os bens 
jurídicos podem ser objeto da legítima defesa, desde que presentes os requisitos 
necessários para a caracterização do instituto. 
III – estrito cumprimento de dever legal: há situações nas quais a lei impõe a 
prática de determinado comportamento descrito tipicamente na legislação penal. Há dois 
requisitos: os atos praticados devem ser rigorosamente necessários e praticados no estrito 
cumprimento do dever; o dever imposto ao agente deve ser legal, ou seja, decorrente de 
lei, não caracterizando a excludente se o dever for decorrente de norma social, moral ou 
religiosa, por exemplo. 
III – exercício regular de direito: quando o exercício de um direito é regular, não 
se pode falar em proibição pelo ordenamento jurídico. Podem ser lembradas como 
exemplos dessa hipótese as intervenções médicas e cirúrgicas, assim como a violência 
esportiva decorrente do esporte exercido em obediência à sua regulamentação. 
Parágrafo único – excesso nas causas de justificação: o excesso está previsto em 
todas as excludentes. Para o excesso ser caracterizado, é necessário que a situação 
inicialmente configure a presença de uma excludente, sendo que, num momento posterior, 
seu exercício mostra-se excessivo. O excesso é culposo quando não for voluntário, 
quando decorra de erro devido a uma avaliação equivocada do agente quando, no caso 
concreto, era possível realizar uma avaliação correta; nesse caso, o agente somente será 
punido quando houver previsão legal da modalidade culposa.

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