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UNIDADE 5: ESTABILIDADE DE TALUDES 1 INTRODUÇÃO Encosta x Talude Terreno em estado natural ≠ terreno movimentado! 1 INTRODUÇÃO Encosta 1 INTRODUÇÃO Talude São as superfícies inclinadas resultantes de um corte ou aterro que servem de ligação entre a plataforma que se vai executar e a superfície original do terreno, ou seja, são as superfícies que têm por finalidade servir como sustentação natural para movimentos de terra. 1 INTRODUÇÃO Talude pode ser definido como uma superfície inclinada que delimita um maciço terroso ou rochoso. 1 INTRODUÇÃO Leitura complementar ABNT NBR 11682/2009 – Estabilidade de taludes; ABNT NBR 5629/2006 – Execução de tirantes ancorados no terreno; Manual técnico de encostas – Fundação instituto de geotecnia do município do Rio de Janeiro; Manual de serviços geotécnicos – Solobrat 2015; Fundações teoria e prática – PINI – ABMS/ABEF - 2016 1 INTRODUÇÃO Escorregamento de talude ou movimentação de massa Pode-se dizer que a ocorrência de desastres com instabilização de taludes, devido principalmente a: Aumento da urbanização e do desenvolvimento de áreas sujeitas a escorregamentos; Desflorestamento contínuo destas áreas; Aumento das taxas de precipitação causadas pelas mudanças de clima. 1 INTRODUÇÃO Escorregamento de talude ou movimentação de massa Os escorregamentos geram custos, que podem ser diretos e indiretos. Os custos diretos correspondem ao reparo de danos, relocação de estruturas e manutenção de obras e instalações de contenção. Os custos indiretos podem ser: a) Perda de produtividade industrial, agrícola e florestal, potencial turístico e interrupção de sistemas de transporte; b) Desvalorização de propriedades, bem como os seus impostos; c) Perda de vidas humanas, invalidez física ou trauma psicológico em moradores de locais afetados por escorregamentos. 2 TIPOS DE ESCORREGAMENTO Os tipos de escorregamentos podem ser divididos em 5 grupos: a) Quedas (falls) : destacamento ou “descolamento” de solo ou rocha de um talude íngreme. b) Desprendimento (topples): rotação de massa de solo ou rocha em um ponto ou eixo abaixo do centro de gravidade da massa deslizante. Pode levar ao movimento de queda ou escocrregamento, dependendo da geometria do terreno. 2 TIPOS DE ESCORREGAMENTO c) Escorregamento (slide): movimento de descida de massa de solo ou rocha, tendo uma superfície de ruptura bem definida. Geralmente o centro de rotação está acima do centro de gravidade da massa deslizante. Quando ocorre lenta e progressivamente, pode receber também o nome de rastejo. 2 TIPOS DE ESCORREGAMENTO 2 TIPOS DE ESCORREGAMENTO 2 TIPOS DE ESCORREGAMENTO d) Espalhamento (Spread): descreve movimentos relativamente rápidos de massas de argila, que podem ter estado estáveis por muito tempo, que se deslocam para frente por uma distância considerável. e) Corridas de lama (mood flow): Movimentos muito rápidos de solo argiloso mole, que se move como se fosse um fluido viscoso. 3 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL É muito importante a identificação de áreas vulneráveis a movimentações. pode ser feita através de: Mapas topográficos e/ou geológicos, Fotografias aéreas e de satélite. Podem também ser realizadas investigações de campo: Levantamento topográfico; Estudo das estruturas geológicas; Exploração do subsolo; Medições de nível de água, permeabilidade do solo/rocha, regime de chuvas); Fatores Ambientais: clima 4 MECANISMOS QUE LEVAM A RUPTURA Mecanismos que levam a ruptura: São aqueles que levam a um aumento dos esforços atuantes ou a uma diminuição da resistência do material que compõe o talude ou do maciço como um todo. O material que compõe um talude tem a tendência natural de escorregar sob a influência da força da gravidade, entre outras que são suportadas pela resistência ao cisalhamento do próprio material. 4 MECANISMOS QUE LEVAM A RUPTURA Geralmente, o procedimento mais adequado para a estabilização de um talude é atuar sobre os mecanismos instabilizadores. -Causas externas: são devidas a ações externas que alteram o estado de tensão atuante sobre o maciço: Mudança da geometria do talude (inclinação e/ou altura), devido a cortes ou aterros, no talude ou em terrenos adjacentes; Aumento da carga atuante (por sobrecargas na superfície, por exemplo); Atividades sísmicas, e outras... 4 MECANISMOS QUE LEVAM A RUPTURA Causas internas: são aquelas que atuam reduzindo a resistência ao cisalhamento do solo constituinte do talude, sem ferir o seu aspecto geométrico visível, pode ser: i. Variação do nível de água (N.A.), que pode gerar: a) Aumento do peso específico do material; b) Aumento da poro-pressão diminuição da pressão efetiva; c) A saturação em areias faz desaparecer a coesão fictícia; d) Rebaixamento rápido do NA forças de percolação... ii. Diminuição da resistência do solo (ou rocha), ou do maciço como um todo, com o tempo (por lixiviação, por mudanças nos minerais secundários, nas descontinuidades, etc.); 5 ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDE Objetivos: 1. Averiguar a estabilidade de taludes em diferentes tipos de obras geotécnicas, sob diferentes condições de solicitação, de modo a permitir a execução de projetos econômicos e seguros; 2. Averiguar a possibilidade de escorregamentos de taludes naturais ou construídos pelo homem, analisando-se a influência de modificações propostas. 3. Analisar escorregamentos já ocorridos, obtendo-se subsídios para o entendimento de mecanismos de ruptura e da influência de fatores ambientais; 5 ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDE Objetivos: 4. Executar projetos de estabilização de taludes já rompidos, investigando-se as alternativas de medidas preventivas e corretivas que possam ser necessárias; 5. Estudar o efeito de carregamentos extremos naturais, tais como, terremotos, maremotos, explosões, altos gradientes de temperaturas, ou decorrentes da ação do homem - execução de obras por exemplo. 6. Entender o desenvolvimento e forma de taludes naturais e os processos responsáveis por diferenças em características naturais Regionais. 5 ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDE As técnicas de análise de estabilidade podem ser divididas em dois grandes grupos: ii. Análise Probabilística iii. Análises Determinísticas Análise Probabilística Requer conhecimento das distribuições de probabilidade ou das funções de densidade de probabilidade das variáveis aleatórias associadas ao problema. 5 ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDE Análises Determinísticas Realizadas em função do fator ou coeficiente de segurança (Fs), que pode ter diversas definições: a) Fator que minora os parâmetros de resistência ao cisalhamento (em termos de tensões efetivas): b) Fator que minora a resistência ao cisalhamento (em termos de tensões totais): c) Relação entre momentos resistente (MR) e atuante (MA) (para superfície de ruptura circular): d) Relação entre forças resistente (FR) e atuante (FA) (Fundações): e) Relação entre resistência ao cisalhamento do solo e tensões cisalhantes atuantes no maciço: 5 ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDE Fator de segurança (Fs): É o valor numérico da relação estabelecida entre a resistência ao cisalhamento disponível do solo para garantir o equilíbrio do corpo deslizante e a tensão de cisalhamento mobilizada, sob o efeito dos esforços atuantes. 5 ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDE Fator de segurança (Fs): 5 ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDE Fator de segurança (Fs): 5 ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDE Método de talude infinito: Um talude é denominado infinito quando a relação entre as suas grandezas geométricas, extensão e espessura for muito grande. Nestes taludes a linha potencial de ruptura é paralela à superfície do terreno (figura a seguir). Eles podem ser maciços homogêneos ou estratificados, neste caso, porém os estratos devem ter os planos de acamamento paralelos à superfície do talude. 5 ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDE Estabilidade de taludes infinitos sem percolação: 5 ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDEEstabilidade de taludes infinitos sem percolação: 5 ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDE Estabilidade de taludes infinitos com percolação: 5 ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDE Estabilidade de taludes infinitos com percolação: 5 ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDE Estabilidade de taludes finitos: - Método de Culmann 5 ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDE Estabilidade de taludes finitos: - Método de Culmann 5 ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDE Estabilidade de taludes finitos: - Método de Culmann 6 CONSIDERAÇÕES DE PROJETO Não se pode normatizar o projeto de estabilização de taludes, pois cada problema é único, tendo-se em vista a natureza dos solos (materiais naturais) e o local onde se encontram. Para se poder projetar adequadamente um talude que seja estável, deve- se levar em consideração dos dados de investigação de campo, ensaios de laboratório, análises de estabilidade efetuadas, a forma de execução da obra e sua manutenção. E, principalmente, o engenheiro deve utilizar seu bom senso. Muitas vezes, com uma simples modificação de geometria do talude, pode-se torná-lo estável. Outras vezes, é necessária a execução de obras complexas de engenharia. 7 EXERCÍCIOS 1) Para a inclinação infinita da figura (considere que não exista percolação pelo solo), determine: a) O fator de segurança contra o escorregamento ao longo da interface solo-rocha. b) A altura H, que fornecerá um fator de segurança (Fs) de 2 contra escorregamento. 7 EXERCÍCIOS 2) Considere o exercício anterior. Se existir percolação pelo solo com o lençol freático coincidindo com a superfície do solo, qual é o fator de segurança, dado que H = 1,11m e ɣsat = 18,55kN/m³. 7 EXERCÍCIOS 3) Dado o talude finito, calcule pelo método de Culmann a altura H para um coeficiente de segurança de 3. 7 EXERCÍCIOS 4) O muro de contenção mostrado na figura deve garantir a estabilidade de um talude de solo não coesivo, cuja envoltória de resistência ao cisalhamento é definida pelo ângulo de atrito φ. A partir da análise da figura, considerando o ângulo α a inclinação do terreno e das informações fornecidas, conclui-se que: a) quanto maior for o ângulo de atrito φ, maior será o empuxo do solo no muro. b) quanto maior for o ângulo α, menor será a tensão de compressão máxima na base do muro. c) aumentando-se a largura B, diminui-se o fator de segurança quanto ao deslizamento. d) no caso de α = 0, a direção da resultante do empuxo do solo é horizontal e dista H/3 da base do muro. e) para que o muro seja estável quanto ao tombamento, é necessário que a direção da resultante do empuxo passe pelo centro de gravidade da seção transversal do muro. 8 CONTENÇÃO DE TALUDES 1) Tratamento superficial: É uma medida preventiva a fim de evitar que material do maciço seja perdido, através da erosão da face e/ou que água em demasia infiltre no terreno. Para tal, faz-se o recobrimento da superfície do talude geralmente com: a) Vegetação rasteira; b) Telas (geossintéticos); c) Argamassa ou concreto jateado. 8 CONTENÇÃO DE TALUDES 2) Solo Reforçado Consiste na introdução de elementos resistentes na massa de solo, com a finalidade de aumentar a resistência do maciço como um todo. O método de execução é o chamado “Down-Top” (de baixo para cima). Durante a execução do aterro a ser reforçado, a cada camada de solo compactado executada, faz-se o intercalamento com uma camada de elementos resistentes. À medida que o aterro vai sendo alteado, o talude reforçado vai tomando forma. Geralmente, a face do talude reforçado recebe um revestimento, para que problemas, como erosão, possam ser evitados. 8 CONTENÇÃO DE TALUDES 3) Terra armada: Os elementos de reforço são tiras metálicas, que recebem tratamento especial anticorrosão. Estas tiras são presas a blocos de concreto que protegem a face, para que se evite deslocamento excessivo das mesmas. Cabe lembrar aqui que estes blocos de concreto não possuem função estrutural. 8 CONTENÇÃO DE TALUDES 4) Geossintéticos: Atualmente, estes materiais vêm sendo amplamente utilizados e novos tipos dos mesmos vem sendo desenvolvidos. Podem ser utilizados com diferentes finalidades: separação de materiais, reforço de aterros, filtração, drenagem e barreiras impermeáveis. Os mais utilizados como elementos de reforço em solo são: a)Geogrelhas; b)Geotêxteis – tecidos e não tecidos; c)Geocompostos (combinação de pelo menos dois geossintéticos). 8 CONTENÇÃO DE TALUDES 4) Geossintéticos: 8 CONTENÇÃO DE TALUDES 5) Outros materiais: Outros materiais que apresentam resistência maior que o solo podem ser utilizados como elementos de reforço. Diversas alternativas consideradas de baixo custo e ecologicamente corretas podem ser citadas, entre elas, a utilização de pneus usados e Bambus. 8 CONTENÇÃO DE TALUDES 6) Solo grampeado: Consiste na introdução de barras metálicas, revestidas ou não, em maciços naturais ou em aterros. Sua execução é composta das seguintes fases: perfuração do maciço, introdução da barra metálica no furo e preenchimento do mesmo com nata de cimento. 8 CONTENÇÃO DE TALUDES 7) Cortina atirantada: Consiste numa parede de concreto armado, através dos quais o maciço é perfurado, sendo introduzidas nos furos barras metálicas (tirantes). Após o posicionamento destas barras, é introduzida nas perfurações nata de cimento a alta pressão, que penetra nos vazios do solo, formando um bulbo, e ancorando as barras metálicas. Passado o tempo de cura da nata de cimento, os tirantes são protendidos e presos na parede de concreto, o que faz com que esta estrutura seja “empurrada” contra o maciço. NO MAIS, SAUDADES........ 7 EXERCÍCIOS Extra: Um maciço com talude infinito, constituído de solo silto-arenoso, rompeu após uma chuva intensa em virtude de ter ficado totalmente saturado e de ter perdido a sua parcela de resistência devida à coesão. Calcular o coeficiente de segurança que existia antes da chuva, quando o NA estava abaixo do topo da rocha, admitindo que a ruptura se deu com coeficiente de segurança unitário.
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