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PROJETO ESTRUTURAL – T533 UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL BRUNO DA SILVA SALES - 1920494/4 PAULO VICTOR CARNEIRO ARAUJO - 1510121/X DIMENSIONAMENTO DE CAIXA D’ ÁGUA FORTLAEZA 2020 PROJETO ESTRUTURAL – T533 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3 2 DIMENSIONAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA ...................................................... 4 2.1 DIMENSIONAMENTO DO VOLUME DE ÁGUA ....................................... 4 2.2 DIMENSIONAMENTO DAS PAREDES DA CAIXA D’ÁGUA ................... 7 2.2.1 1º Hipótese – Vigas Engastadas .................................................................... 8 2.2.2 2º Hipótese - Laje ........................................................................................ 13 2.3 DIMENSIONAMENTO DO FUNDO DA CAIXA D’ÁGUA ....................... 15 3 PROCESSO DE DETALHAMENTO .................................................................... 16 4 EXEMPLOS DE PROJETOS EXECUTADOS ..................................................... 20 5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 25 6 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 26 3 PROJETO ESTRUTURAL – T533 1 INTRODUÇÃO A água é um recurso natural indispensável à vida, nas mais diversas atividades rotineiras, desde o consumo próprio indo ao uso nas necessidades de higienização além a lavagem de utensílios. Pode se afirmar que sem a existência da água em seu estado físico líquido a vida na terra como se conhece não existiria (LEAL, 1988). Tendo conhecimento da importância da água de forma geral, paralelamente a isso sabendo que em temperatura ambiente que está em torno de 25°C, tal líquido se encontra presente em seu estado líquido. Existe a necessidade de construir reservatórios capazes de armazenar a água para o consumo humano. Tais reservatórios são chamados de caixa de água e tem por função além do armazenamento de água, garantir a estanqueidade do líquido armazenado, garantir uma vazão de saída, fornecer água a uma alta pressão e garantir o abastecimento caso falte água no sistema público (LEAL, 1988). Por sua vez a caixa de água pode ser construída de diferentes materiais, como: fibra de vidro, polietileno, fibrocimento com amianto, metálica (inox) e concreto armado, que será o foco do presente estudo. Torna-se imprescindível desenvolver o projeto estrutural de uma caixa de água produzida em concreto armado, em detrimento das cargas que atuam sobre a mesma e que, portanto devem ser determinadas para correto dimensionamento, evitando assim gastos desnecessários com superdimensionamento, ou no pior das situações o subdimensionamento (GUERRIN, 2003). A caixa de água de concreto tem como função principal armazenar grande volume de água em seu interior. Este tipo de caixa de água é recomendado para empresas que demandam de grande distribuição de água para diversos usos. A caixa d’água de concreto é uma estrutura extremamente indicada para quem deseja armazenar um grande volume de água, fugindo da normatização de caixas pré-fabricadas de outros materiais. A construção é extremamente robusta e não demanda de muitos custos de manutenção a depender do seu correto dimensionamento e execução. Além disso, o concreto apresenta vantagens em relação a estruturas metálicas e outros materiais, visto que o metal precisa de cuidados específicos para não enferrujar. Para o desenvolvimento dessa estrutura é necessário contratar o serviço de uma empresa especializada e tradicional com histórico de bons serviços realizados, tanto para o desenvolvimento do projeto estrutural quanto para a sua execução. A atividade de profissionais assegura um serviço bem executado (GUERRIN, 2003). 4 PROJETO ESTRUTURAL – T533 2 DIMENSIONAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA 2.1 DIMENSIONAMENTO DO VOLUME DE ÁGUA O reservatório (caixa de água) faz parte do sistema de água fria, que por sua vez obedece a requisitos e exigência da norma de instalação de água fria NBR 5626:1998. Antes de dar início ao processo de dimensionamento da estrutura da caixa de água, faz-se necessário conhecer as cargas que atuam sobre a mesma advinda da massa água contida no reservatório. Sabendo disto torna-se necessário previamente dimensionar o volume de água que o reservatório (caixa de água) terá de armazenar. O primeiro passo é a coleta de informações com relação ao tipo de abastecimento se o mesmo será público ou privado. De posse desta informação faz-se necessário conhecer o sistema de abastecimento implantado na edificação, sendo classificados em direto, indireto e misto. Sendo direto quando os pontos de utilização são abastecidos diretamente pela rede de abastecimento de água, indireto ou também conhecidos como sistema de abastecimento por gravidade ocorre quando se utiliza reservatórios, por fim o misto é caracterizado pela mistura do direto com indireto. Depois de realizada a coleta de informações é necessária calcular o consumo diário de uma edificação (CD) NBR 5626:1998. Para determinar o consumo diário em litros por dia, é precisar saber a população da edificação (p) que está relacionada com a natureza do local como pode ser observado na Figura 1 a seguir. Figura 1 – Determinação da população a depende do uso da edificação Fonte: Creder, 1991. 5 PROJETO ESTRUTURAL – T533 Sendo necessário conhecer também o consumo per capita em litros por dia (q), que por sua vez também depende do tipo de utilização que será dada a edificação, variando diretamente com o uso do ambiente NBR 5626:1998. A Figura 2 a seguir mostra o consumo per capita a depende da finalidade da ocupação. Figura 2 – Determinação do consumo per capita a depende do uso da edificação Fonte: Creder, 1991. A equação para cálculo do consumo diário de uma edificação pode ser observada conforme expresso na equação a seguir. 𝐶𝐷 = 𝑝 ∗ 𝑞 Por fim calcula-se a capacidade do reservatório (CR), multiplica-se o consumo diário 6 PROJETO ESTRUTURAL – T533 da edificação pelo número de dias abastecido. Segundo a norma NBR 5626:1998 todo reservatório de água deve ser dimensionado para no mínimo dois dias de abastecimento no caso de racionamento de água. A equação da capacidade do reservatório pode ser observada na expressão a seguir. 𝐶𝑅 = 𝐶𝐷 ∗ 𝑛 (𝑑𝑖𝑎𝑠) A partir da capacidade do reservatório, faz-se necessário verificar se é necessário o uso de reservatório inferior. Vale lembrar que essa situação somente é necessária para edificações com três ou mais pavimentos, decorrente da pressão da rede de abastecimento não ser suficiente para abastecer os pontos de água fria em pavimentos cuja altura seja superior a nove metros. Nesse caso a norma recomenda que o reservatório seja dividido em dois, sendo um reservatório inferior e um superior. Em que o reservatório inferior possui 60% da capacidade total, enquanto o reservatório superior possui os 40% restante do volume e água, sendo necessária a alimentação do mesmo com o uso de bombas (FREITAS, 2007). Figura 3 – Reservatório elevados (Apoiados sobre pilares) Fonte: Freitas (2007). 7 PROJETO ESTRUTURAL – T533 Figura 4 – Reservatório enterrado (Apoiados diretamente sobre o solo) Fonte: Freitas (2007). 2.2 DIMENSIONAMENTO DAS PAREDES DA CAIXA D’ÁGUA Como apresentado anteriormente às caixas de água podem ser suspensas para o caso de caixasde água superiores ou então aterradas para o caso das caixas de água inferiores, esta última por sua vez funciona de forma muito similar as piscinas. As caixas de água de modo geral são formadas por quatros faces (paredes), em que cada uma destas faces trabalha como um muro de arrimo, que vão segurar tanto o empuxo advindo da água, quando o empuxo de solo a depender se a mesma estiver aterrada ou não. Possuindo em seu fundo uma laje que pode esta apoiada no solo ou então suspensa em vigas ou pilares (HANAI, 1977). No caso especifico de caixa de água aterrada, se o peso do solo retirado para execução do reservatório inferior for superior ou igual ao peso da água somado a estrutura de concreto armado, pode realizar a estrutura sem se preocupar com o aspecto geotécnico, visto que não estará sendo aumentada a tensão efetiva ao qual o solo está sendo solicitado. Caso contrário será necessário verificar se a tensão admissível é igual ou superior a tensão solicitante e realizar o dimensionamento da fundação (COSTA, 1988). Assim como no dimensionamento de piscinas, as caixas de água podem ser consideradas como uma composição de paredes laterais e frontais, somada a uma laje de fundo. As paredes por sua vez podem ser consideradas como placas (lajes) desde que a relação A/B e A/C estejam contidas dentro do intervalo que vai de 0,5 até 2 (COSTA, 1988). As paredes da caixa de água podem ser consideradas como uma laje ou viga a depender do valor obtido em uma dada relação. Caso a relação A/C da parede (altura/ comprimento) e A/B (altura/largura) ambas estiverem entre o valor de 0,5 até 2, pode-se considerar que a parede atua como uma placa, ou melhor dizendo uma laje, sendo o seu 8 PROJETO ESTRUTURAL – T533 dimensionamento realizado com as teorias de laje. Caso o resultado da relação A/C e B/C seja um valor menor do que 0,5 ou maior que 2, a parede deve ser dimensionada como uma viga em balanço, visto que apenas a região inferior da parede encontra se engastada estando sua outra extremidade livre. Enquanto que o fundo da caixa de água encontra-se engastado em todas as suas extremidades (COSTA, 1988). As ações a serem consideradas no fundo caixa de água, são basicamente decorrentes das ações gravitacionais da água, o peso próprio da estrutura, os empuxos horizontais advindos tanto do volume de água quanto da terra e a reação do solo. Enquanto que nas paredes atuam apenas os empuxos de água e de terra. Para dar início ao dimensionamento da caixa de água, faz-se necessário possuir alguns dados de projeto, sendo estes: resistência característica a compressão do concreto, resistência característica do aço, valor de cobrimento, densidade do solo e empuxo ativo do solo. Figura 5 – Determinação do modelo de dimensionamento e comportamento das paredes (VIGA / LAJE) Fonte: Autor (2020). 2.2.1 1º Hipótese – Vigas Engastadas Supondo a hipótese que as relações A/B e A/C indicaram que se trata de uma viga em balanço, faz-se necessário calcular os momentos fletores advindos do empuxo de água e do solo. 9 PROJETO ESTRUTURAL – T533 Inicialmente foi demonstrado o método de cálculo do momento fletor gerado devido ao empuxo causado pela água. Levando-se em consideração que a coluna de água na caixa de água atua com um carregamento triangular ascendente medida que a profundidade aumenta o longo da caixa de água, conforme mostrado na Figura 6 a seguir. • Momento fletor devido ao empuxo da água Figura 6 – Determinação do momento fletor gerado pela coluna de água Fonte: Autor (2020). Para se determinar o momento fletor, que depende unicamente do braço de alavanca que está relacionada com a altura da coluna de água e do empuxo causado pela mesma, esta última depende de algumas variáveis a mais, como a densidade da água e também do coeficiente de empuxo ativo. As equações para determinação do momento fletor podem ser observados a seguir. 𝑀á𝑔𝑢𝑎 = 𝐸á𝑔𝑢𝑎 ∗ ( 𝐻 3 ) 𝐸á𝑔𝑢𝑎 = 𝑦 ∗ 𝑘 ∗ 𝐻 ∗ ( 𝐻 2 ) Onde: Mágua = Momento fletor gerado pela carga de água Eágua = Empuxo ativo 10 PROJETO ESTRUTURAL – T533 H = Altura da coluna de água y = Densidade de água (1.000 kgf/m³) k = coeficiente empuxo ativo da água (água = 1) • Momento fletor devido ao esforço de solo Para o caso especifico de caixa de água inferior se a mesma venha a ser aterrada, ou seja, edificada abaixo do nível do terreno natural de modo que suas paredes estejam em contato total ou parcial com as camadas de solo. Como consequências do local de assentamento da caixa de água atuam sobre a mesma os empuxos gerados pelas camadas de solo em contato com a parede que causaram momentos fletores em torno da parede da caixa de água conforme mostrado na Figura 7. De modo similar a coluna de água as camadas de solo em contato com a parede da caixa de água geram um carregamento triangular ao longo a parede da caixa de água que tem o seu valor ascendente a mesma que se aprofunda. A metodologia para a determinação do momento fletor gerado pelo solo sobre a parede é a mesma apresentada para com relação ao momento gerado pela coluna de água, se diferenciando apenas pelos valores das incógnitas utilizadas na determinação, tais como a densidade que vária de acordo com o material e também o coeficiente de empuxo ativo, que deverá ser utilizado o do solo. Figura 7 – Determinação do momento fletor gerado pela coluna pelo solo Fonte: Autor (2020). 𝑀𝑠𝑜𝑙𝑜 = 𝐸𝑠𝑜𝑙𝑜 ∗ ( 𝐻 3 ) 11 PROJETO ESTRUTURAL – T533 𝐸𝑠𝑜𝑙𝑜 = 𝑦 ∗ 𝑘 ∗ 𝐻 ∗ ( 𝐻 2 ) Onde: Msolo = Momento fletor gerado pela carga de água Esolo = Empuxo ativo H = Altura y = Densidade do solo k = coeficiente de empuxo ativo do solo • Considerações de cálculo Existem três considerações de cálculo do momento característico para as paredes da caixa de água, sendo estas: a primeira possibilidade de cálculo se caracteriza para o caso da caixa de água aterrada, em que suas paredes laterais estão em contato com o solo, sendo considerado que não existe qualquer volume de água em seu interior, ou seja, estará atuando apenas o empuxo e consequentemente momento devido ao solo. O segundo caso se caracteriza pela atuação unicamente do momento fletor causado pelo empuxo da água, que se aplica e se apresenta em sua forma mais intensa quando a caixa de água se encontra totalmente cheia. Por fim o último caso ocorre quando atua tanto o solo quanto a água, gerando cada um o seu respectivo empuxo e por consequência momento fletor, este último por sua vez geram momentos que tentam combater um ao outro, visto que são contrários consequenciando uma atenuação do momento resultante, em detrimento deste fato este último momento é inferior ao dos dois casos anteriores (COSTA, 1988). Figura 8 – Caso de carregamento da parede da caixa d’água Fonte: Autor (2020). 12 PROJETO ESTRUTURAL – T533 A partir da avaliação dos momentos quer atuam sobre a parede da caixa de água, deve- se considerar o caso em que o momento resultado seja o maior de modo que a parede da caixa de água seja dimensionada para a pior situação possível. O momento utilizado também é conhecido como momento característico e será majorado pelo fator de segurança do concreto de 1,4, em que o resultado é o momento de design NBR 6118:2014. 𝑀𝑑 = 𝑀𝑘 𝑦𝑐 Em posse do valor do momento de design e de algumas características geométricas da parede da caixa de água, como a altura útil e a largura da mesma, além da resistência de design do concreto é possível determinar o coeficiente KMD, conforme mostrado na equação a seguir. 𝐾𝑀𝐷 = 𝑀𝑑 𝑏𝑤𝑑2𝑓𝑐𝑑 Onde: KMD = Coeficiente Md= Momento de design Mk = Momento característico yc = Coeficiente de majoração doconcreto bw = Largura da parede d = Altura útil fcd= Resistência de design do concreto Com o uso da tabela do KMD e possível se encontrarem o valor do Kz para ser possível determinar a área de aço necessária. 𝐴𝑠 = 𝑀𝑑 𝐾𝑍 𝑑 𝑓𝑠 Onde: As = Área de aço da seção transversal 13 PROJETO ESTRUTURAL – T533 Kz = Coeficiente fs = Resistência de design (projeto) do aço 2.2.2 2º Hipótese - Laje A segunda hipótese de dimensionamento das paredes da caixa de água, onde as mesmas são tidas como lajes, mediante os resultados das relações A/C e B/C, ambas gerarem resultados inferiores a 0,5 ou maiores do que 2. A metodologia para determinar as dimensões e a área de aço das paredes utilizada foi baseada na teoria de grelhas, também conhecida por ser idealizada por Marcus. Tal metodologia afirma que sendo Lx à menor dimensão da laje, Ly a maior dimensão da laje. Existem aos todos seis casos de arranjos das disposições de tipo de apoio (ancoragem) entre as lajes. Sendo o tracejado uma representação de engaste, a linha sendo uma representação de apoio simples e por fim o pontilhado a representação de livre (sem vinculação). A depender do caso em que o arranjo entre os apoios da laje estivem, existem diferente equações tabeladas para os cálculos dos momentos Mx e My (BASTOS, 2007). Figura 9 – Alguns dos casos de disposição de apoios para cálculo de lajes em cruz (Marcus) Fonte: Bastos (2007). Calculam-se os momentos fletores como para uma viga de largura unitária, segundo a direção do vão menor conforme exposto na Figura 10 a seguir. 14 PROJETO ESTRUTURAL – T533 Figura 10 – Cálculo do momento fletor da laje em uma direção Fonte: Bastos (2007). O momento fletor estará em kNm/m, indicando que é o momento resultante em uma faixa de largura igual a 1 m. Figura 11 – Fórmulas tabeladas para cálculo do momento fletor correspondente aos quatro casos Fonte: Bastos (2007). A partir dos valores dos momentos fletores na direção X e Y é possível determinar a área de aço correspondente se utilizando das equações a seguir. 15 PROJETO ESTRUTURAL – T533 𝐴𝑠,𝑥 = 𝑀𝑥 0,85 𝑑 𝑓𝑦,𝑑 𝐴𝑠,𝑦 = 𝑀𝑦 0,85 𝑑 𝑓𝑦,𝑑 2.3 DIMENSIONAMENTO DO FUNDO DA CAIXA D’ÁGUA Antes de realizar o dimensionamento do fundo da caixa de água, torna-se importante conhecer os carregamentos que atuam sobre a mesma. A parede por sua vez transfere momentos para a laje de fundo, estes momentos são advindos da resultante entre os momentos da coluna de água e do solo, em que entra também o peso próprio da parede. Existem também os carregamentos advindos tanto do peso próprio da laje quanto do peso próprio da coluna de água que está sob a laje de fundo que se apresentam no formato de um carregamento retangular linearmente distribuído NBR 6120:2019. Podem ser observadas as cargas que atuam sobre a laje de fundo conforme a Figura 12 a seguir. Calculando-se o momento fletor máximo para uma faixa de um metro da laje de fundo da caixa de água no sentido de maior vão da mesma visto que este é o pior caso, em que se obtém o maior momento fletor. Em posse dos momentos fletores positivos e negativos são dimensionados a área de aço positiva e negativa na laje de fundo da caixa de água (COSTA, 1988). Figura 12 – Cargas atuantes na laje de fundo da caixa d’água Fonte: Autor (2020). 16 PROJETO ESTRUTURAL – T533 A partir da majoração do momento característico de cálculo é obtido o momento de design que é usado para cálculo do parâmetro KMD, por conseguinte determinação da área de aço como apresentado nas equações a seguir. Deve-se atentar que a altura útil é igual à altura total subtraída do cobrimento necessário a armadura. 𝑀𝑑 = 𝑀𝑘 𝑦𝑐 𝐾𝑀𝐷 = 𝑀𝑑 𝑏𝑤𝑑2𝑓𝑐𝑑 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑑 = 𝐻 − 𝑐 𝐴𝑠 = 𝑀𝑑 𝐾𝑍 𝑑 𝑓𝑠 Onde: KMD = Coeficiente Md= Momento de design Mk = Momento característico yc = Coeficiente de majoração do concreto d = Altura útil fcd= Resistência de design do concreto As = Área de aço da seção transversal Kz = Coeficiente fs = Resistência de design (projeto) do aço 3 PROCESSO DE DETALHAMENTO Por fim, após obter os valores dos momentos de design atuante e consequentemente a área de aço do elemento estrutural de concreto armado, faz-se necessário se realizar o detalhamento, descobrindo a quantidade de barras, dividindo a área de aço encontrada pela área de aço da bitola desejada, em que “D” é o diâmetro da barra selecionada, tem se por resultado a quantidade de barra em cada sentido no elemento estrutural. 17 PROJETO ESTRUTURAL – T533 𝑄𝑡𝑑𝐴 = 4 ∗ 𝐴𝑠, 𝑎 𝜋𝐷2 𝑒 𝑄𝑡𝑑𝐵 = 4 ∗ 𝐴𝑠, 𝑏 𝜋𝐷2 Em seguida, por meio da razão da quantidade de barras pelo lado transversal ao momento atuante, tem-se o espaçamento entre as barras, conforme mostrado nas equações a seguir. 𝐸𝑠𝑝, 𝐴 = 𝑄𝑡𝑑𝐴 𝐵 − 2𝑐 𝑒 𝐸𝑠𝑝, 𝐵 = 𝑄𝑡𝑑𝐵 𝐴 − 2𝑐 Como em todos os elementos estruturais sujeitos aos esforços de flexão fazem-se necessário a armação positiva, caracterizada por se encontrar na região inferior dos elementos estrutural e que tem a função de ajudar no combate aos momentos fletores positivos, região esta que se encontra sob os esforços de tração. Também sendo necessária a armação negativa que se encontra na região superior do elemento estrutural, auxiliando no combate aos momentos fletores negativos. O modelo em que é apresentado o detalhamento da área e aço da armação longitudinal independente de esta ser uma armação positiva ou negativa é expresso conforme abaixo. Em que inicialmente apresenta-se a quantidade de barras no caso são 2 sendo enumerado através do código (N1), em seguida junto com o símbolo de bitola (Ø) vem a indicação dos diâmetros da barra que no caso é de 10mm e por fim o comprimento total da barra simbolizado pela letra (C), em que a mesma possui o valor de 5m. A grosso modo esta é a formatação em que se apresenta o detalhamento da armação longitudinal. (Quantidade de barras) N1 Ø (Diâmetro da barra) C= (Comprimento total + ancoragem) 2 N1 Ø 10,0 C = 500 Enquanto que o modo de apresentar o detalhamento da armação transversal, é expressa da seguinte forma. Inicialmente apresenta-se a quantidade de estribos que no exemplo mostrado são 48, seguindo pela indicação de bitola (Ø) com o respectivo diâmetro que é de 5mm e o seu respectivo espaçamentos entre os demais estribos (C / ), sendo igual a 20cm, por fim é apresentado a nomenclatura desta ferragem representada por (N2) e o comprimento linear por onde os estribos se distribuem que é igual a 9,6m. 18 PROJETO ESTRUTURAL – T533 (Quantidade de estribos)Ø (Diâmetro da barra) C / (Espaçamento) N2 (Extensão linear por onde se distribuem os estribos) 48Ø 5,0 C / 20 N2 (960) A Figura 13 apresenta o detalhamento da laje de fundo de uma caixa de água, enquanto a Figura 14 mostra o detalhamento da tampa da laje da caixa de água, em que é possível notar a armação tanto positiva quanto negativa ao longo da mesma, seguindo a mesma formatação apresentada anteriormente. Deve-se atentar que no caso da laje de tampa da caixa de água, deve-se haver no mínimo um furo retangular na mesma para possibilitar a passagem de funcionários para realizar a limpeza quando necessário. Em caso da caixa de água ser muito grande a mesma deve ser compartimentada, dividida em duas por meio de uma parede, de forma a sempre manter um volume de água útil quando for necessário esvaziar a mesma para limpeza ou recuperação estrutural. Figura 13 – Detalhamento da laje de fundo da caixa d’água Fonte: Costa (1998). 19 PROJETO ESTRUTURAL– T533 Figura 14 – Detalhamento da laje de tampa da caixa d’água Fonte: Costa (1998). Enquanto que as figuras 15, 16 e 17 apresentam o detalhamento da armadura ao longo da parede da caixa de água desenvolvia por Costa (1998), como mostrado a seguir, em que é apresentada a distribuição a armação longitudinal tanto positiva quanto negativa, como também são apresentados a distribuição da armadura transversal conhecida pelos estribos. Figura 15 – Detalhamento da armação da parede da caixa d’água Fonte: Costa (1998). 20 PROJETO ESTRUTURAL – T533 Figura 16 – Detalhamento da armação da parede da caixa d’água Fonte: Costa (1998). Figura 17 – Detalhamento da armação da parede da caixa d’água Fonte: Costa (1998). 4 EXEMPLOS DE PROJETOS EXECUTADOS 21 PROJETO ESTRUTURAL – T533 O presente tópico do estudo tem como objetivo apresentar alguns dos projetos de estruturas de caixa de água executadas em concreto armado, partindo de exemplos mais clássicos e indo até estruturas icônicas e com uma arquitetura inovadora, não foram apresentados os projetos com detalhamento de armação e de formas dos exemplos apresentados em detrimento dos direitos autorais e da impossibilidade de se obter os mesmos. O projeto é do engenheiro e arquiteto Rodolfo Bueno, que em 1962 inaugurou o primeiro reservatório elevado desse modelo em Campinas, no próprio São Bernardo. Reservatório Elevado completa 58 anos em Campinas. Figura 18- Castelo d’água no Jardim São Gabriel, Campinas, Brasil Fonte: Prefeitura de Campinas As obras foram concluídas em 1975, mas o reservatório só começou a funcionar em 1977 (RESENDE, 1985). Com um projeto modernista realizado pelo arquiteto paranaense Gerhard Leo Linzmeyer, a elevatória de 27 metros de altura tomou uma forma diferente de tudo que se tinha visto até então na cidade. 22 PROJETO ESTRUTURAL – T533 Figura 19 – Ceilândia / Brasília Fonte: Wikimapia Projeto de SERGE KETOFF, arquiteto-engenheiro. O peso de cada depósito de água de poço é de 5.000 toneladas Figura 20 – Alençon / França Fonte: Ernani Diaz Reservatório de 5400m3, em aço, com dimensões de 30x30x6m altura, sem tampa. A tampa é uma laje de concreto que fica a 1m de altura do bordo superior do tanque, apoiada em pilares de aço no interior do reservatório. Esta obra foi inaugurada em 1894, projetada e 23 PROJETO ESTRUTURAL – T533 construída pelos ingleses, e ainda hoje continua prestando um excelente trabalho à cidade de Manaus. Figura 21 - Reservatório de Mocó Fonte: Fonte: Ernani Diaz. De acordo com informação prestada pelo secretário municipal de Agricultura, Pecuária e Pesca o valor global do investimento é da ordem de R$ 183 mil. Caixa d’água elevada poderá armazenar 30 mil litros localizada em talhado. Figura 22 - Reservatório Pré-moldado. Fonte: Ernani Diaz Este reservatório se trata de uma estrutura pré-moldada, realizado no ano de 1982, na cidade de Riyadh na Arábia Saudita, sendo o mesmo içado ate o local de assentamento e posteriormente montado e concretado de forma a fixar (engastar) toda a estrutura. 24 PROJETO ESTRUTURAL – T533 Figura 23 – Reservatório de Mocó Fonte: Fonte: Ernani Diaz Este reservatório da Figura 24 localiza-se na cidade de Londrina- PARANÁ, sendo responsável pelo abastecimento em Bandeirantes. Tendo uma estrutura de sustentação de pórtico isostático muito similar a do museu de arte de São Paulo. Figura 24 – Reservatório de Bandeirantes Fonte: Ernani Diaz . 25 PROJETO ESTRUTURAL – T533 Esta caixa d’água da Figura 25 foi convertida em uma casa cheia de conforto. Possuindo até um elevador panorâmico para a construção de seis andares, localizada em Holanda. Figura 25 - Reservatório moradia Fonte: https://mickelson.livejournal.com/68113.html . 5 CONCLUSÃO Ao longo do presente trabalho foi apresentada a finalidade, todo o processo de dimensionamento e por fim o detalhamento da caixa de água produzida de concreto armado. Ficou notório que as necessidades da sociedade de forma em geral de armazenar seus recursos hídricos para consumo próprio, geram a carência de projetos estruturais de concreto armado capazes de guardar a água potável de forma sistemática, garantindo sua potabilidade, impossibilitando vazamentos ou infiltrações tanto do meio externo para o meio interno, quanto o contrario, e por fim que atendam as cargas ao qual a caixa de água estará submetida. Conforme mostrado o dimensionamento de uma caixa de água se assemelha e muito 26 PROJETO ESTRUTURAL – T533 ao de uma piscina, em que se faz necessário avaliar qual é o comportamento da parede seja ela como viga ou laje, realizar a análise de cargas que atuam sobre as paredes da caixa de água, seno assim determinarem o momento de design sendo possível determinar sua respectiva área de aço e por fim realizar o detalhamento para execução in loco. O dimensionamento também se repete para laje de fundo, entretanto por conta de suas dimensões a mesma caracteriza-se pelo seu comportamento de laje, sendo necessário avaliar as cargas que atuam sobre a mesma, para somente assim ser possível determinar a área de aço da mesma. Por fim existe a laje e tampa da caixa de água sob a qual atua apenas o peso próprio, vale salientar que existe a necessidade de que haja um furo na mesma para possibilitar a entrada e funcionários para realizar a limpeza da caixa de água quando necessário. 6 REFERÊNCIAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5626/1998 – Instalação Predial de Água Fria, Rio de janeiro, Brasil ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6118/2014 – Projeto de estruturas de Concreto, Rio de janeiro, Brasil. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6120/2019 – Cargas para o cálculo de estruturas, Rio de janeiro, Brasil. Araújo, José Milton de; 2003 – Curso de Concreto Armado. Volume 3. Ed. Dunas. Guerrin, A; Lavaur, R.C.; 2003 – Tratado de Concreto Armado. Reservatórios, caixas d`água, piscinas. Ed. Hemus. HANAI, J.B. (1977). Reservatórios com parede ondulada. São Carlos. 250 p. Dissertação (mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo FREITAS, Josimar Pereira. DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL DE UM RESERVATÓRIO ELEVADO DE ÁGUA PARA UM CONDOMÍNIO RESIDENCIAL. 2007. 129 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, Departamento de Engenharia Civil, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, 2007. COSTA, Flávio de Oliveira. PROJETOS ESTRUTURAIS DE RESERVATÓRIOS PARALELEPIPÉDICOS DE CONCRETO ARMADO MOLDADOS IN LOCO. 1998. 182 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Departamento de Pós-graduação em Engenharia Civil, Escola de Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo, São 27 PROJETO ESTRUTURAL – T533 Carlos, 1998. BASTOS, Paulo sérgio dos Santos. LAJES DE CONCRETO. 2007. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA UNESP – Bauru/SP FACULDADE DE ENGENHARIA Departamento de Engenharia Civil Disponível em: http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto1/Lajes.pdf. Acesso em: 21 jun. 2020. Creder, H., “Instalações Hidráulicas e Sanitárias” LiTec, 1991. LEAL, A. C.; SUDO, H. Educação ambiental e gestão de recursos hídricos: experiências na graduação e educação continuada de professores do ensino fundamental. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS, 1998, Gramado, RS. Anais... Gramado: ABRH, 1998.
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