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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ MBA EM ENGENHARIA E GESTÃO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS FELIPE CARDOSO DE ARGÔLO RESENHA CRÍTICA DO ESTUDO DE CASO DA SAMARCO: “Samarco: o papel da empresa no empoderamento das pessoas”. ARACAJU-SE 2020 FELIPE CARDOSO DE ARGÔLO RESENHA CRÍTICA DO ESTUDO DE CASO DA SAMARCO: “Samarco: o papel da empresa no empoderamento das pessoas”. Resenha crítica desenvolvida no curso de MBA em Engenharia e gestão de Energias Renováveis da Universidade Estácio de Sá para a disciplina Problemas Ambientais Globais como requisito para obtenção da nota. TUTOR: Marcela Vicente Vieira Andrade ARACAJU-SE 2020 “Samarco: o papel da empresa no empoderamento das pessoas.” é um estudo de caso em língua portuguesa elaborado em 2011 pelos pesquisadores associados: Paulo da Rocha Ferreira Borba, Luciana Rocha de Mendonça, Monica Bose e Elidia Novaes, sob a supervisão da professora Rosa Maria Fischer. Todos esses fazem parte do Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (CEATS) da Universidade de São Paulo (USP). Este estudo de caso faz parte da coleção da revista Social Enterprise Knowledge Network (SEKN) (Rede Social de Conhecimento da Empresa) que tem como objetivo realizar pesquisa em áreas de alta prioridade no campo de Empreendedorismo Social. O estudo apresenta as atividades da mineradora Samarco em que relata as reuniões sobre o planejamento estratégico corporativo de 2004 mostrando como funciona o engajamento da empresa em projetos sociais. Esse estudo inicia-se com o empenho do Gerente do Meio Ambiente da Empresa, Sérgio Dias, em apresentar suas propostas para a área socioambiental acreditando que embora a empresa já invista em ações de preservação do meio ambiente e mantenham relações com as comunidades ao entorno de suas operações ainda precise ampliar principalmente, o escopo de projetos para ações relacionados principalmente ao desenvolvimento comunitário. Nesse sentido, afirma que a responsabilidade social é um dos pontos mais importantes, pois atende aos interesses de todos os stakeholders. Desse modo, as ações deveriam propiciar padrões de desempenho elevado, relacionamento focado na criação de valor para todas as partes e pautadas em procedimentos éticos, a exemplo do “Programa de Educação Popular Ambiental de Bento Rodrigues” com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento comunitário. Esse programa foi criado devido às desconfianças da população que vivia ao entorno da barragem de Mariana sobre os riscos iminentes de rompimento dessa barragem e consequentemente alagamento do município. Esse programa pretendia diminuir essa tensão existente entre a empresa e a comunidade, assim a Samarco decidiu iniciar o programa para esclarecer à população local quanto aos cuidados que a empresa tomava e tinha como objetivo contribuir para o desenvolvimento da comunidade. Ao final obteve resultados positivos sobre aspectos socioeconômicos da população melhorando sua qualidade de vida, mas que não continuaram após finalização do projeto. Contudo, nem todos da reunião concordaram com esse ponto de vista recebendo críticas e pontuações do Gerente Financeiro da empresa, José Ramos. Esse relatou que embora as atuações sociais das empresas junto às comunidades venham ganhando destaque nos últimos anos, os projetos voltados para ação social, como o Projeto Bento Rodrigues, possuem resultados duvidosos em comparação a projetos que investem no meio ambiente, tal como o “Salvamar”. O projeto Salvamar estava mais relacionado a questões ambientais em que visava à recuperação da diversidade de peixes e qualidade da água por meio da reciclagem e reutilização do óleo queimado pelos motores de barcos pesqueiros. Esse projeto obteve diversos resultados: adesão de 100% da população local e atração de outros pescadores de regiões próximas, a quantidade óleo recolhido, reciclado e reutilizado foi o dobro do estimado e tornou-se um atrativo para acionistas da Samarco. Contrapondo o exposto pelo colega de trabalho, Sérgio, explicitou que o Projeto de Bento Rodrigues tinha como intuito o engajamento dos moradores e que essa experiência mostrou que há a necessidade de redefinir as práticas de atuação social. Justificando ainda a importância de ações sociais citou que o licenciamento ambiental abrangerá muito mais que questões ambientais englobando também questões sociais para efetivação de quaisquer operações. Além disso, expôs outros pontos importantes para que pudessem entender seu ponto de vista. Inicia falando da história da Samarco fundada em 1997, como um projeto industrial ligado a duas empresas, Samitri e Marcona Corporation. Em 2003, passou a ser controlada igualmente pela empresa de mineração brasileira Companhia Vale do Rio Doce e pela anglo- australiana BHP Billiton. Essa é uma empresa brasileira de minério de ferro responsável pelo fornecimento de ferro de alta qualidade para a indústria siderúrgica mundial. Posteriormente, descreveu as externalidades decorrentes das atividades da empresa e a atuação social. Nesse ponto, trás que as atividades de produção da Samarco acarretarão problemas ambientais, conflitos no uso do solo, depreciação de imóveis circunvizinhos, geração de áreas degradadas e transtornos ao tráfego urbano. Essas externalidades geram conflitos na comunidade e ocorre devido o desconhecimento das mineradoras sobre características da comunidade que vive no entorno. Esses conflitos trazem impactos negativos, nesse sentido, ações sociais podem ser importantes visto que pode evitar perdas e competitividade decorrentes desses conflitos. Exposto isso, Sérgio, apresentou o Grupo de Aplicação Interdisciplinar à Aprendizagem (GAIA) uma organização não governamental especializada em implementar programas na área de gestão socioambiental, diagnóstico e educação para meio ambiente, segurança, saúde, geração de renda e responsabilidade social. Esse grupo desenvolveu o Programa de Educação e Comunicação para Responsabilidade Social (PROECOS), que era a sua proposta, esse programa buscava melhorar a imagem da empresa nas proximidades das instalações, o envolvimento das comunidades na elaboração de projetos socioambientais sustentáveis e a construção de uma rede de parceiros para o atendimento dessas demandas locais após o término do programa. Todavia, novamente houve um impasse entre Sérgio e José, enquanto Sérgio defendia a sua ideia do PROECOS alegando que esse auxiliaria a Samarco na construção de um canal de relacionamento contínuo com as comunidades, de forma a facilitar a ampliação prevista das suas atividades operacionais para os próximos dois anos, José relatava que a construção de um segundo mineroduto na região da faixa de servidão não seria considerada uma atividade problemática, já que o índice de rejeição à presença do mineroduto na região é bastante baixo e que a empresa não poderia ter suporte para um programa tão abrangente. Além de José, Paulo Rabelo, gerente Operacional da empresa ponderou que era necessário começar considerando as experiências, como também os resultados alcançados em Bento Rodrigues e no Salvamar, e concomitantemente analisando os dados financeiros da empresa. Depois, iriam avaliar a proposta do GAIA, considerando a relação custo-benefício do PROECOS. Levando em consideração tais pontos abordados no artigo acima descrito e sintetizado e estando este centrado no papel da empresa no empoderamento das pessoas, pode-se perceber tal papel na Samarco, pois a mesma possui vários projetos e iniciativas com grandes resultados, tais como o projeto Salvamar e o programa Bento Rodrigues que envolve o desenvolvimento comunitário, a responsabilidade social e o empoderamento das pessoas.O empoderamento das pessoas realizado pela Samarco ocorre através do ato de ensinar a comunidade a elaborar seus próprios meios com iniciativas próprias e tirando melhor proveito de sua região, como ocorrido nas iniciativas do projeto Salvamar e do programa Bento Rodrigues. Isso favorece para que a comunidade possa se organizar melhor e assim busquem um interesse comum a todos. Ao analisar os dados em anexo dos projetos realizados com esse intuito pela empresa percebesse que os resultados desses projetos obtiveram crescimento constante e revigora a missão e valores da empresa. Além disso, mostram a importância da parceria da empresa com seus ambientes externos e internos e a harmonia entre esses. É importante frisar que, os projetos e programas sociais proporcionam estabelecer um relacionamento cordial com os moradores, atendem algumas das necessidades de seus beneficiários e fortalecem a imagem de boa empregadora da empresa. Entretanto, às vezes, as dificuldades socioeconômicas dos municípios são maiores e mais complexas do que os projetos e programas podem solucionar, por isso, é necessário que as empresas antes de criar e implementar essas ações fazem um diagnóstico local preciso quanto às necessidades e prioridades e, principalmente, consolidar o envolvimento da própria comunidade na busca das soluções que fossem as mais adequadas e exequíveis com o intuito de obterem resultados claros, conclusivos e positivos. Outro fator que interfere na execução dos planos de desenvolvimento comunitário é a questão de colaboração dos agentes públicos para as ações sociais da empresa, em que esses, muitas vezes, esperam que a empresa contribua com recursos financeiros para seus próprios projetos em vez de as autoridades públicas contribuíssem para a realização dos projetos das empresas (FISCHER; COMINI; PIRES, 2018). Ademais, essas ações trazem benefícios a médio e longo prazo e, talvez por isso, seja tão difícil que toda a sociedade participe e por esse mesmo motivo o receio de alguns funcionários da empresa investirem em ações de desenvolvimento comunitário e de empoderamento das pessoas. Além dos benefícios citados ao longo do texto sobre os impactos positivos do desenvolvimento comunitário e empoderamento das pessoas, como facilidade no licenciamento ambiental, minimização dos conflitos e organizações sociais das comunidades ao redor das empresas, há também outros impactos positivos, que podem ser oriundos de ações de responsabilidade social das empresas, tais como, publicidade positiva, engajamento dos colaboradores, ganho de vantagem competitiva, atração para novos investidores e benefícios fiscais que o governo tem oferecido para as empresas que adotam práticas sustentáveis — tanto ambientais quanto sociais (SILVA, 2012). Cabe ainda ressaltar que, mesmo a Samarco já tendo sido reconhecida como uma das líderes em responsabilidade social as relações de desenvolvimento comunitário e de responsabilidade social desenvolvida pelas empresas ainda, são de certa forma, insuficientes. Uma situação que exemplifica isto é a tragédia de Mariana com o rompimento das barragens. Nessa situação, antes do acontecimento, foi explícito no Relatório Anual da empresa que havia um Plano de Ações Emergenciais (PAE) das barragens, que abordava o funcionamento das estruturas de disposição de rejeito e possíveis anomalias ou situações de emergência, bem como identificaram os possíveis riscos e propuseram outras possíveis melhorias (OLIVEIRA; LIMA; FERREIRA, 2015). Entretanto, mesmo com tudo isso ainda o desastre ocorreu demonstrando, assim que as medidas de responsabilidade social corporativa não são suficientes para proteger a sociedade. Nesse cenário, é necessário que os negócios tenham processos e modelos que gerem impactos positivos, regenerem a natureza e compartilhem o valor produzido, pois do oposto pode provocar outras tragédias. Isso ocorre porque as empresa se iludem ao achar que se baseando nas ferramentas e metodologias terão controle sobre as situações e riscos, mas esquecem de que o conhecimento obtido por meio desses instrumentos é majoritariamente formado por informações passadas ou presentes e, a cada dia, a previsão dos efeitos futuros de nossas atividades fica mais complexa e improvável (ALMEIDA, 2016). Portanto, com a leitura detalhada e exaustiva do estudo de caso aqui discutido criticamente pode-se afirmar que o texto possuir fácil compreensão e exposição da situação apresentada. A partir do texto observou-se que embora as empresas já investem bastante em sustentabilidade ambiental, ainda há receios, por outro lado, de se investir em sustentabilidade empresarial que, além de fatores ambientais leva em consideração fatores social, entre eles ganha destaque a responsabilidade social que envolve o desenvolvimento comunitário e o empoderamento das pessoas. Esse receio deve-se a fato de não identificação ou identificação falha dos problemas da comunidade levantados no diagnóstico local, falta de organização das comunidades e de apoio dos agentes públicos, receio e críticas negativas quanto às ações voltadas para projetos sociais pelos outros setores da empresa e análise do custo-benefício a curto prazo e não a longo prazo, entre outros. Entretanto ao analisar os aspectos positivos esses demonstram trazerem benefícios que compensam e sobressaem os fatores negativos durante processo de criação e implementação dos projetos sociais. REFERÊNCIAS ALMEIDA, A. O caso Samarco e o desmoronamento da responsabilidade social corporativa. 2016. Disponível em: https://www.istoedinheiro.com.br/blogs-e- colunas/post/20151109/caso-samarco-desmoronamento-responsabilidade-social- corporativa/7737. Acesso em: 30 jul. 2020. FISCHER, R. M. Samarco: o Papel da Empresa no Empoderamento das Pessoas. Case SEKN, 2005. FISCHER, R. M.; COMINI, G. M.; PIRES, J. T. Nexa Resources: como consolidar uma cultura de responsabilidade socioambiental e desenvolvimento comunitário. Case SEKN, 2018. OLIVEIRA, M.; FERREIRA, M. R.; LIMA, V. Responsabilidade social corporativa: conceito, instrumentos de gestão e normas. Revista Brasileira de Administração Científica, [S.L.], v. 6, n. 2, p. 161-172, 4 nov. 2015. SILVA, A. T. A importância da responsabilidade social para as organizações. 2012. 31 f. TCC (Graduação) - Curso de Administração, Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis – Imesa e A Fundação Educacional do Município de Assis – Fema, Assis, 2012.
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