Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETÁRIO EXECUTIVO CURSO DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA RAFAEL ROCHA SEGUNDO OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELA GESTÃO PÚBLICA NA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI GERAL DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: O CASO DO MUNICÍPIO DE RUSSAS-CE RUSSAS 2020 RAFAEL ROCHA SEGUNDO OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELA GESTÃO PÚBLICA NA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI GERAL DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: O CASO DO MUNICÍPIO DE RUSSAS-CE Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Graduação em Administração Pública da Universidade Federal do Ceará/Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo, para obtenção do grau de bacharel em Administração Pública. Orientador: Prof. Esp. Luís Moreira de Oliveira Filho RUSSAS 2020 FICHA CATALOGRÁFICA Segundo, Rafael Rocha, - 1982 Os desafios enfrentados pela gestão pública na implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas: o caso do município de Russas-CE / Rafael Rocha Segundo - 2020. 44 f.: 30 cm Orientador: Luís Moreira de Oliveira Filho Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Federal do Ceará, Curso de Administração Pública, 2020. 1. Lei geral. 2. Micro e pequenas empresas. 3. Políticas públicas. I. Filho, Luís Moreira de Oliveira. II. Universidade Federal do Ceará. III. Os desafios enfrentados pela gestão pública na implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas: o caso do município de Russas-CE. RAFAEL ROCHA SEGUNDO OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELA GESTÃO PÚBLICA NA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI GERAL DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: O CASO DO MUNICÍPIO DE RUSSAS-CE Esta monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Graduação em Administração, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de bacharel em Administração Pública, outorgado pela Universidade Federal do Ceará e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca da referida Universidade. A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde que feita de acordo com as normas de ética científica. Aprovado em: _____/_____/2020 __________________________________________________________ Prof. (a). .................................................................... .............................… Orientador __________________________________________________________ Prof. (a). .................................................................... .............................… Membro _____________________________________________________________ Prof. (a) Ms . .................................................................... .............................… Coordenador (a) À minha família: meus pais (Segundo e Amélia) e meus irmãos (Kayro, Bruno e Hicaro), que de maneira natural me ensinam diariamente que o bom é ser feliz hoje, e não só amanhã. AGRADECIMENTOS Aos meus pais Francisco Pereira Segundo e Amélia Maria da Rocha Segundo, pelo amor incondicional e pela paciência. Por terem feito o possível e o impossível para me oferecerem a oportunidade de estudar, acreditando e respeitando minhas decisões e nunca deixando que as dificuldades acabassem com os meus sonhos, serei imensamente grato; Aos meus irmãos queridos, João Kayro, Bruno Rocha e Hicaro Rocha, que contribuíram com palavras de carinho, incentivos, companheirismo, e que com certeza nas horas de “aperto” estavam sempre de prontidão para me auxiliar; Aos meus sobrinhos, que em muitos finais de semana me proporcionaram carinho e momentos de alegria, fazendo eu até esquecer as minhas ansiedades e angústias. À todos os familiares, tios, tias e primos que torceram e acreditaram na conclusão deste curso, fico muito grato; Ao meu orientador, Prof. Esp. Luís Moreira de Oliveira Filho, pela seriedade e competência, paciência e compreensão, por estar presente nos momentos de dúvida, por me dar abertura para caminhar com meus próprios pés no trabalho, mas também por chamar atenção nos momentos de incertezas; Aos professores e tutores do curso, pelo conhecimento transmitido, mesmo à distância; Aos colegas da turma de graduação, que, ajudando e incentivando, tornaram a jornada mais leve e prazerosa; À Banca Examinadora da defesa, que soube apontar minhas falhas e meus avanços, contribuindo para enriquecer esse trabalho; Ao Sebrae-CE por ter me apoiado neste desafio e me subsidiar com ricas informações teóricas e práticas que compõem parte deste Trabalho; A todos os empreendedores e atores locais do município de Russas que participaram desta pesquisa; Agradeço a todas as pessoas do meu convívio que acreditaram e contribuíram, mesmo que indiretamente, para a conclusão deste curso. E, acima de tudo, a Deus, que me concedeu esta oportunidade de estudo e que durante este período me deu forças e sabedoria para chegar até o término de mais uma jornada. A todos minha gratidão. "Se algum dia vocês forem surpreendidos pela injustiça ou pela ingratidão, não deixem de crer na vida, de engrandecê-la pela decência, de construí-la pelo trabalho." Edson Queiroz RESUMO O presente estudo teve como objetivo investigar os desafios enfrentados pela gestão pública na implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas empresas no município de Russas, no interior do Estado do Ceará. Este estudo teve como objetivos específicos examinar a legislação existente em prol da implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas; levantar informações sobre os principais desafios referente a implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas no município e propor ações e programas para a implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas no município. Para atingir o objetivo da pesquisa foi realizada, primeiramente, uma pesquisa bibliográfica, optando-se por um estudo exploratório-descritivo e uma abordagem qualitativa. Foi feita uma pesquisa de campo no município de Russas/CE por meio de entrevista com 3 órgãos ligados diretamente com a implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas no município. Os objetivos geral e específicos foram atingidos, pois se verificou que a gestão pública ao longo dos 14 anos de promulgação da Lei ainda não conseguiu implementá-la efetivamente. Palavras-chave: lei geral; micro e pequenas empresas; políticas públicas. ABSTRACT This study aimed to investigate the challenges faced by public management in the implementation of the General Law of Micro and Small Enterprises in the municipality of Russas, in the interior of the State of Ceará. The specific objectives of this study were to examine existing legislation in support of the implementation of the General Micro and Small Business Act; to gather information on the main challenges regarding the implementation of the General Micro and Small Business Act in the municipality and to propose actions and programs for the implementation of the General Micro and Small Business Act in the municipality. To achieve the research objective, a bibliographical research was first performed, opting for an exploratory-descriptive study and a qualitative approach. A field survey was conducted in the municipality of Russas/CE through an interview with 3 agencies directly connected with the implementation of the General Law of Micro and Smallin the municipality. The general and specific objectives were achieved, as it was found that public management over the 14 years of enactment of the Law has not yet been able to implement it effectively. Key Words: general law; micro and small enterprises; public policies. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABM Associação Brasileira dos Municípios CNM Confederação Nacional de Municípios CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica DIEESE Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos EPP Empresas de Pequeno Porte FMI Fundo Monetário Internacional LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias LOA Lei de Orçamento Anual ME Microempresas (ME) MPEs Micro e Pequenas Empresas ONGs Organizações Não Governamentais PDP Plano Diretor Participativo PIB Produto Interno Bruto PPA Plano Plurianual RAIS Relação Anual de Informações Sociais SCO Sociedade Civil Organizada SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 15 2.1 Políticas Públicas ...................................................................................................... 15 2.1.1 Conceitos de Políticas Públicas ............................................................................. 15 2.1.2 Os Atores das Políticas Públicas ........................................................................... 16 2.1.3 As Políticas Públicas Municipais .......................................................................... 17 2.2 Micro e Pequenas Empresas ..................................................................................... 18 2.2.1 Conceitos ............................................................................................................... 18 2.2.2 Representatividade das Micro e Pequenas Empresas ........................................... 18 2.3 Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas ............................................................... 19 2.3.1 A importância da Lei Geral para os Municípios..................................................... 21 2.3.2 Finalidade Social ................................................................................................... 22 2.3.3 Finalidade Econômica ............................................................................................ 22 3 METODOLOGIA DA PESQUISA .............................................................................. 24 3.1 Tipo de Pesquisa ........................................................................................................ 24 3.2 Caracterização do Município ..................................................................................... 26 3.3 População e Amostra ................................................................................................. 26 3.4 Instrumento e Coleta de Dados .................................................................................. 26 3.5 Análise de Dados ....................................................................................................... 27 3.6 Aspectos Éticos e Legais ........................................................................................... 28 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................ 29 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 35 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 37 APÊNDICES ................................................................................................................... 41 APÊNDICE A – TERMO DE ANUÊNCIA .................................................................. 42 APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .......... 43 APÊNDICE C – FORMULÁRIO ................................................................................... 44 13 1 INTRODUÇÃO A necessidade de políticas públicas nasce com os problemas enfrentados pela a população e com a identificação desses pela gestão pública. Como resposta às necessidades do coletivo, a gestão pública, por meio do desenvolvimento de ações e programas, busca a cada dia alcançar a diminuição da desigualdade social. As políticas públicas são necessárias para incentivar não somente o desenvolvimento econômico e social de países, mas também de seus estados e municípios. Cavalcanti-Bandos e Carvalho Neto (2010) afirmam que as políticas públicas são planejadas e implementadas pelo Estado para resolver um fato ou problema, com o objetivo de desenvolver a sociedade e gerar o bem comum. O gestor público pode contribuir com o desenvolvimento local ajudando os pequenos negócios com a aplicação das ações prevista na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Os gestores municipais – prefeito, vereadores, agente de desenvolvimento e secretário de desenvolvimento – podem e devem serem grandes parceiros dos cidadãos que querem empreender. As Micro e Pequenas Empresas (MPEs) desempenham um papel fundamental e relevante para a dinâmica social e econômica nacional. Dados do SEBRAE (2020) revelam que no Brasil, as Micro e Pequena Empresas respondem por cerca de 30% da produção de riqueza do País, e esse valor adicionado tem se mostrado consistente ao longo dos anos. Percebe-se nos últimos dez anos, a ativa participação das Micro e Pequenas Empresas (MPEs) na economia do país, assim como o seu papel na geração de empregos e arrecadação de impostos, especialmente em momentos de crise. A Política de Micro e Pequena Empresa, chamada de Lei Geral, conforme caput da lei, tem por finalidade o tratamento diferenciado dessas organizações e suas diretrizes a esse grupo estão voltadas para a simplificação de arrecadação de impostos e das obrigações trabalhistas, acesso ao crédito e ao mercado, à tecnologia, ao associativismo e às regras de inclusão (BRASIL, 2006). O gestor ao implementar a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, aumenta as compras públicas de produtos e serviços locais, por outro lado o cidadão recebe apoio e se sente encorajado em empreender, formaliza o seu negócio, aproveitas as oportunidades de capacitação, aumenta a produção, investe em qualidade, contrata novos funcionários, com isso, movimenta a economia e recolhe tributos para o município que é 14 revertido em saúde, educação, infraestrutura, iluminação pública, esporte e outras áreas de interesse da população. Segundo o Fundo Monetário Internacional – FMI, citado por Vilhena, (2019), para cada R$ 1,00 (um real) investido em compras governamentais para micro e pequeno negócio o município recebe de volta R$ 1,70 (um real e setenta centavos) por meio de geração de novos empregos, renda e circulação de dinheiro na economia local, é 70% (setenta por cento) de retorno para o município. Percebe-se que se este recurso permanece no território, o retorno é de forma direta incrementada na economia do próprio município e isto ocorre como recolhimento demais tributos pelo aumento de circulação de renda no território e atração de novos empreendimentos em virtude do crescimento econômico do município. Diante disso, o acesso às políticas públicas voltadas para as Micro e Pequenas Empresas é importante para o desenvolvimento local, a geração de emprego e renda. Nessa perspectiva, o presente trabalho possui o seguinte questionamento: quais os desafios encontrados pela Gestão Pública do Município de Russas em efetivar a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. Baseado nessas informações, o estudo teve comoobjetivo geral, analisar os desafios enfrentados pela Gestão Pública na implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas no município de Russas, no Estado do Ceará. Os objetivos específicos são: (i) examinar a legislação existente em prol da implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas; (ii) levantar informações sobre os principais desafios referente a implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas no município; (iii) propor ações e programas para a implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas no município. Nesse sentido foi realizada uma pesquisa de campo no município de Russas/CE. Para atingir o objetivo da pesquisa foi realizada, primeiramente, uma pesquisa bibliográfica, optando-se por um estudo exploratório-descritivo e uma abordagem qualitativa, com uso de entrevista direcionadas com órgãos e instituições públicas e privadas ligadas diretamente as Micro e Pequenas Empresas. Pretende-se com este estudo, além da importância de avaliar as políticas públicas para o município, apresentar aos gestores públicos municipais a importância da regulamentação no âmbito do Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno para o desenvolvimento do empreendedorismo local, apresentando um histórico de ação que 15 justifica a adoção deste marco regulatório, bem como demonstrar o auxílio que esse instrumento provoca na melhoria do ambiente de negócios no município. O presente estudo é importante não apenas como meio de averiguar como a Gestão Pública entende e reage à legislação de implementação da Lei Geral, mas também para conhecer quais os benefícios que, de fato, são importantes para o real desenvolvimento econômico local. O trabalho está organizado em cinco seções, incluindo esta introdução compondo a primeira seção. Na segunda seção é apresentado o referencial teórico do estudo, abordando os temas relacionados às políticas públicas para as Micro e Pequenas Empresas ressaltando a sua importância e necessidade de implementação ao nível do município. Em seguida, na terceira seção, é apresentada a metodologia do estudo, expondo os métodos de classificação, coleta e análise dos dados da pesquisa. Na quarta seção são apresentados os dados da pesquisa e as discussões relativas ao tema. Por fim, na quinta e última seção, são apresentadas as considerações finais do estudo. 16 2 REFERENCIAL TEÓRICO Nesta seção serão apresentados um breve histórico, conceitos e abordagens teóricas sobre o Políticas Públicas, a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, contemplando informações sobre Micro e Pequenas Empresas (MPEs), assim como sua importância social e econômica, a fim de fundamentar o presente estudo e auxiliar no alcance dos objetivos propostos. 2.1 Políticas Públicas 2.1.1 Conceitos de Políticas Públicas A função que o Estado desempenha em nossa sociedade sofreu inúmeras transformações ao passar do tempo. No século XVIII e XIX, seu principal objetivo era a segurança pública e a defesa externa em caso de ataque inimigo (SEBRAE, 2008). O governo brasileiro, assim como de outros países tem reconhecido a importância das políticas públicas de fomento ao empreendedorismo por vários motivos, entre eles: redução da pobreza, necessidade de aumento de arrecadação fiscal, incentivo a inovação e formalização de negócios (VALE; CORRÊA; REIS, 2014; SOUZA et al. 2016). Para atingir resultados em diversas áreas e promover o bem-estar da sociedade, os governos se utilizam das Políticas Públicas que podem ser definidas da seguinte forma: Políticas Públicas são um conjunto de ações e decisões do governo, voltadas para a solução (ou não) de problemas da sociedade (SEBRAE, 2008). Dito de outra maneira, as Políticas Públicas são a totalidade de ações, metas e planos que a Gestão Pública traça para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público, sendo preciso sempre levar em consideração as demandas da sociedade que são apresentadas aos dirigentes públicos por meio de grupos organizados, no que se denomina de Sociedade Civil Organizada (SCO), a qual inclui, conforme apontado acima, sindicatos, entidades de representação empresarial, associação de moradores, associações patronais e Organizações Não Governamentais - ONGs em geral (SEBRAE, 2008). É importante ressalvar, entretanto, que a existência de grupos e setores da sociedade apresentando reivindicações e demandas não significa que estas serão atendidas, pois antes disso é necessário que as reivindicações sejam reconhecidas e 17 ganhem força ao ponto de chamar a atenção das autoridades do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário. O significado de política pública é tratado por Santos e Olalde (2014) apud Silveira e Ávila (2014), explicitando que se trata de uma intervenção estatal em relação a um determinado fato ou problema que atraiu a atenção do poder público e que precisa, da parte deste, de reconhecimento, de análise e elaboração de alternativas que venham proporcionar as melhorias necessárias. Percebe-se a importância das políticas públicas como um instrumento que proporciona o bem comum e serve para assegurar os direitos dos cidadãos, proporcionando benefícios a toda população, que está à mercê de problemas sociais como educação precária, falta de saneamento básico, segurança pública, emprego, entre outros. Assim sendo, cabe ao governo desenvolver ações que visem minimizar os problemas existentes na sociedade. 2.1.2 Os Atores das Políticas Públicas De acordo com o SEBRAE (2008) os Atores das Políticas Públicas são aquelas pessoas que integram o Sistema Político, apresentando reivindicações ou executando ações, que serão transformadas em Políticas Públicas. Segundo Secchi (2013), os atores podem ser indivíduos ou instituições que influenciam os processos de políticas públicas: governamentais (burocratas, juízes, políticos e outros) e não governamentais (grupos de interesse, partidos políticos, meios de comunicação, destinatários das políticas, organizações do terceiro setor, organismos internacionais, pesquisadores, especialistas, associações de classe e outros). No processo de discussão, criação e execução das Políticas Públicas, encontramos basicamente dois tipos de atores: os ‘estatais’ (oriundos do Governo ou do Estado) e os ‘privados’ (oriundos da Sociedade Civil). Os atores estatais são aqueles que exercem funções públicas no Estado, tendo sido eleitos pela sociedade para um cargo por tempo determinado (os políticos), ou atuando de forma permanente, como os servidores públicos (que operam a burocracia) (SEBRAE, 2008). Os atores governamentais são os servidores públicos, uma vez que estabelecem e gerenciam as ações necessárias à implementação e os principais responsáveis pelas atividades do cotidiano da administração pública. Já os não 18 governamentais fazem parte do subsistema político, como conselhos gestores, organizações não governamentais, entre outros (HOWLETT, RAMESH e PERL, 2013). 2.1.3 As Políticas Públicas Municipais Para um município ser capaz de criar e gerenciar Políticas Públicas de qualidade é necessário, além dos recursos financeiros, planejamento de longo prazo. Ou seja, é importante que os atores políticos definam um objetivo e o melhor caminho para alcançá-lo. Isso facilitará a elaboração e execução das políticas, bem como permitirá uma integração entre elas, evitando ações contraditórias por parte da administração (SEBRAE, 2008). Em sua obra, Ferreira (2000, p. 19) afirma que é no município em que a tarefa do governo tem uma proximidade maior com o cidadão, e por isso o governo local deveria propor formas de desenvolvimento e política públicas que fossem voltadas para a sustentabilidade. Os instrumentos de planejamento municipal são variados. Dentre eles, podemos citar o Plano Diretor Participativo (PDP),o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei de Orçamento Anual (LOA). Todos estes são instrumentos de “Políticas Públicas” (SEBRAE, 2008). O Plano Diretor é uma lei municipal – obrigatória para municípios com população superior a vinte mil habitantes, que integram regiões metropolitanas, ou que sejam de interesse turístico, ou ainda, que estejam situados em áreas de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental – cuja função é estabelecer as diretrizes de ocupação da cidade (SEBRAE, 2008). O Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual são os elementos legislativos que compõem o sistema orçamentário brasileiro, instituídos pela Constituição Federal de 1988 para a União, e pelas Leis Orgânicas para os municípios (SEBRAE, 2008). O Plano Plurianual estabelece os projetos e os programas de longa duração, definindo objetivos e metas da ação pública para um período de quatro anos – iniciando sua vigência no segundo ano de mandato e terminando no primeiro ano do mandato seguinte, é nele que se estabelecem as Políticas Públicas. Essa peça orçamentária guiará a formação da Lei de Diretrizes Orçamentárias que, por sua vez, orientará a elaboração 19 da Lei Orçamentária Anual, que destinará os recursos para as ações governamentais inseridas nas Políticas Públicas. (SEBRAE, 2008). Percebe-se aqui a necessidade de ressaltar a importância dos diversos segmentos sociais na elaboração do processo orçamentário do município, desde seu planejamento nas audiências públicas para construção do PPA. 2.2 Micro e Pequenas Empresas 2.2.1 Conceito Segundo a definição da Lei Geral das MPEs (Lei no 123/2006), as microempresas são as que possuem um faturamento igual ou inferior a R$ 360 mil por ano. Já as empresas de pequeno porte devem faturar entre R$ 360 mil e igual ou inferior a R$ 4,8 milhões. (BRASIL, 2006). Outro critério utilizado para dimensionar as micro e pequenas empresas, baseia-se no número de funcionários, que varia segundo diferentes autores. Na indústria, as microempresas possuem menos de vinte funcionários e as pequenas empresas podem chegar a até noventa e nove colaboradores. Já no comércio e nos serviços esses limites são de até nove funcionários nas microempresas e até quarenta e nove funcionários nas pequenas empresas (SEBRAE apud DOLABELA, 2002). 2.2.2 Representatividade das Micro e Pequenas Empresas As Micro e Pequenas Empresas desempenham papel fundamental e cada vez mais relevante para a economia do Brasil, com crescimento consistente da sua participação na renda gerada nos últimos 30 anos. De acordo com o SEBRAE (2020, p. 6), essa tendência também ocorre nos estados brasileiros, contudo, os dados analisados apontam para um comportamento heterogêneo da participação das MPEs, indicando que em alguns estados estas empresas assumem uma maior importância na economia. A participação das MPEs varia de 21% a 46% do valor adicionado das economias dos estados e em 17 unidades da federação se observa um crescimento nessa participação entre o período de 2014 e 2017. 20 Conforme o “Manual de Desenvolvimento Dos Municípios (2011)”, atualmente as MPEs representam 99,1% das empresas urbanas, 85% dos estabelecimentos rurais do país, 25% do Produto Interno Bruto - PIB, gerando 14 milhões de empregos, o que significa 60% do emprego formal no país, respondendo, ainda, por 99,8% das empresas que são criadas a cada ano. Segundo a RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), entre 2000 e 2010, o número de empresas no Brasil cresceu 47%, alcançando 6,1 milhões de negócios. Na mais recente avaliação do Banco Mundial, o Brasil cria 316.000 novos negócios por ano, permanecendo em terceiro lugar como o país mais empreendedor do mundo. 2.3 Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas Os termos microempresa e pequena empresa por muito tempo foram utilizados sem nenhuma distinção, devido às semelhanças existentes entre esses pequenos negócios. Assim, com o intuito de definir as diferenças entre micro e pequenas empresas, foi criada a Lei Complementar nº 123 de 14 de dezembro de 2006, sendo conhecida também como Lei Geral da Micro e Empresa de Pequeno Porte. Esta lei instituiu o regime tributário específico para os pequenos negócios, com: redução da carga de impostos; simplificação e desburocratização dos processos de cálculo e recolhimento; facilidade no acesso ao mercado, ao crédito e à justiça; estimulando à inovação e à exportação. A Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas reflete um novo panorama para o desenvolvimento econômico do Brasil, é o Estatuto Nacional das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte, instituída pela lei Complementar nº 123, de14 de dezembro de 2006. Na prática, é uma política pública de desenvolvimento sustentável firmado entre União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, que proporcionam as Microempresas (ME) e às Empresas de Pequeno Porte (EPP) tratamento diferenciado e favorecido ao segmento que mais gera emprego e renda no país, ratificando os termos dos artigos 146,170 e 179 da Constituição Federal de 1988 (SOUTO, 2017). Devido à importância e relevância das MPEs, a Lei 123/2006 concedeu ás empresas um tratamento diferente que contribuiu para o crescimento das mesmas. Dessa forma, a classificação do porte de MPE pode ser feita com base em dois critérios, tanto pela quantidade de pessoas ocupadas na empresa quanto pela receita bruta auferida (LOPES, 2019). 21 De acordo com Tavares (2007), a Lei Geral foi umas das primeiras políticas públicas brasileira que tiveram o intuito de favorecer as micro e pequenas empresas, que atuam tanto na esfera federal, quanto na estadual, distrital e municipal. O principal objetivo da Lei Geral é fomentar a criação de um ambiente favorável e competitivo de negócios, reduzindo a informalidade, gerando inclusão social, incentivando a inovação tecnológica, promovendo a distribuição de renda e benefícios para toda a sociedade. Os benefícios criados pela Lei Geral, a exceção do tratamento tributário diferenciado, aplicam-se também ao produtor rural, pessoa física e ao agricultor familiar. Percebe-se que a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar 123/2006) é uma ferramenta de grande poder para o desenvolvimento local e territorial mediante a criação de um ambiente favorável para os pequenos negócios nos municípios por meio de sua implementação e foi criada para regulamentar o tratamento diferenciado que deve ser dado às micro e pequenas empresas, previsto na Constituição. As pequenas e micro empresas são uma das principais bases de sustentação da economia brasileira, quer pela sua enorme capacidade geradora de empregos, quer pelo representativo número de estabelecimentos desconcentrados geograficamente. O papel das Micro e Pequenas Empresas tem sido discutido e muitos países têm intensificado os investimentos para esses empreendimentos, que são responsáveis na maioria dos países desenvolvidos pela maioria da produção industrial e também do oferecimento de novos postos de trabalho. (SILVA, 2004, p. 30) As Micro e Pequenas Empresas (MPEs) afetam positivamente a economia criando oportunidades de trabalho, produtividade e inovação, gerando mais empregos do que as empresas com 100 ou mais funcionários (BARROS; PEREIRA, 2008). De acordo com SEBRAE (2017), as microempresas e empresas de pequeno porte representam 99% dos empreendimentos no Brasil, as MPEs são responsáveis por 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado, contudo, apesar de representarem essa grande movimentação no mercado e serem de importante relevância para o país, ainda apresentam desigualdades nas contratações públicas comparadas as empresas de médio e grande porte, sendo a falta da aplicabilidadeda Lei um forte agravante para que a maioria delas não tenham o devido privilégio nas licitações. Estudos acadêmicos nacionais e internacionais, como os destacados por Wennekers e Thurik (1999) e Dolabella (2003), ressaltam a importância das MPEs no desenvolvimento econômico local, haja vista as contribuições nas taxas de 22 empregabilidade, desenvolvimento de tecnologias e geração de produtos e serviços que agregam valor econômico e estimulam a dinâmica desses empreendimentos. Desde que foi criada em 2006, a Lei Geral das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, já atravessou quatro rodadas de alteração, mas permanece com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento e a competitividade das microempresas e empresas de pequeno porte brasileiras, como estratégia de geração de emprego, distribuição de renda, inclusão social, redução da informalidade e fortalecimento da economia. 2.3.1 A importância da lei geral para os municípios Todo gestor público empreendedor está comprometido com a tarefa de promover o desenvolvimento do município. Atuar como chefe do Poder Executivo é a sua grande chance de transformar para melhor a realidade local e a Lei Geral das Micro e Pequenas empresa é o caminho certo a seguir. As microempresas e empresas de pequeno porte representam uma parcela expressiva do setor produtivo nacional – cerca de 98% das empresas em funcionamento. Representam, também, aproximadamente 80% da força de trabalho e respondem por 42% da massa salarial do País. O grande espaço das micro e pequenas empresas (MPEs) na economia nacional implica a necessidade de combater as carências do segmento. Estão entre os principais problemas do segmento: dificuldades de acesso ao crédito, à tecnologia e à inovação de processos, falta de capacitação gerencial, baixa capacidade para obter informação e oneração tributária e burocrática para a condução dos negócios no mercado interno e externo. (SEBRAE, 2008). A implementação de políticas públicas deve buscar promover condições dignas à população, garantindo os direitos sociais previstos no artigo 6º da Constituição Federal de 1988, “[…] a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição” (BRASIL, 1988). A implementação é um dos elementos mais complexos, mas também mais decisivos do processo de políticas públicas, já que é nesta fase que as políticas encontram a realidade e produzem (idealmente) os resultados e impactos necessários para resolver, mitigar ou prevenir os problemas ou questões que motivaram a sua formulação (Hill e Hupe, 2009). 23 2.3.2 Finalidade Social É comum, principalmente nos municípios de pequeno e médio porte, existir um contingente de pessoas dependentes de programas sociais e que contam com o Poder Público para suprir suas necessidades básicas de subsistências (AZEVEDO, 2014). Uma demonstração clara de que o desenvolvimento está chegando a uma cidade ou região é a diminuição paulatina do número de beneficiários dos programas sociais municipais, estaduais e federais, pelo fato de as pessoas conseguirem fonte de renda própria, seja pela obtenção de um emprego em MPEs ou por abrirem um pequeno negócio (AZEVEDO, 2014). Além disso, os pequenos empreendimentos são importantes geradores do primeiro emprego, trazendo para o mercado de trabalho jovens e adultos sem experiência e qualificação profissional inicial e, com isso, promovem a inclusão produtiva de parcela da população normalmente excluída da economia formal (CNM, 2012). 2.3.3 Finalidade Econômica O desenvolvimento de uma cidade decorre do dinamismo dos setores econômicos que a compõem, por isso qualquer ação pública que vise a ativar a economia local deve contar com uma iniciativa privada forte. As micro e pequenas empresas, são efetivas na alavancagem da economia local, pois todos os benefícios gerados permanecem no município. Tanto o recrutamento de empregados quanto a compra de matérias-primas, o pagamento de impostos e a reinversão dos lucros ocorrem no município (ABM, 2015), é fundamental, portanto, que os municípios tenham uma política de apoio à micro e pequena empresa, como estratégia de fortalecimento da economia local e de promoção de bem-estar da população. Conforme Azevedo (2014), nos municípios onde os empreendedores são estimulados a abrir e formalizar o seu negócio, o resultado natural é o aumento da base de contribuintes pessoas jurídicas, levando ao aumento da arrecadação de impostos diretos e indiretos. Além dos aspectos destacados acima, Azevedo (2014), destaque que, os empreendimentos de pequeno porte fortalecidos contribuem para: 24 Reduzir a necessidade de atração de médias e grandes empresas para gerar emprego; Diminuir o êxodo de empreendedores para outras cidades; Manter os recursos financeiros girando na economia local; Gerar investimentos duradouros. Percebe-se e conforme a ABM (2015), os pequenos negócios são a base econômica da cidade: propiciam emprego e renda, pagam tributos e criam um ambiente urbano diversificado e atraente para o pedestre, condição indispensável para evitar a decadência das áreas centrais e manter a qualidade de vida dos moradores. Conforme o Confederação Nacional de Municípios - CNM (2012, p. 14) na maior parte das cidades brasileiras, os pequenos empreendimentos urbanos e rurais representam de 99 a 100% das atividades empresariais. Esta realidade é ainda mais presente nas cidades com menos de 20 mil habitantes (72% dos municípios). Portanto, percebe-se que são as micro e pequenas empresas que movimentam a economia local. Sendo assim, criar condições para que os pequenos negócios se fortaleçam e gerem mais emprego e renda é o melhor caminho para gerar um ciclo de prosperidade no município. 25 3 METODOLOGIA DA PESQUISA O presente capítulo apresenta os métodos e as técnicas utilizados neste trabalho, com informações sobre o tipo de pesquisa, as fontes e os instrumentos de coleta utilizados e o método para análise dos resultados. 3.1 Natureza e Tipologia da Pesquisa Este estudo quanto aos procedimentos, trata-se de pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, com abordagem qualitativa. De acordo com Moresi (2003, p. 10) a pesquisa bibliográfica “é o estudo sistematizado, desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral”. Já, a pesquisa de campo é a investigação empírica realizada nos locais onde acontece ou aconteceu um fato e que possui elementos que possam explicá-lo. Podem-se agregar questionários, entrevistas ou testes para se chegar à resposta da pesquisa. O estudo de caso tem se tornado a estratégia preferida quando os pesquisadores procuram responder às questões “como” e “por que” certos fenômenos ocorrem, quando há pouca possibilidade de controle sobre os eventos estudados e quando o foco de interesse é sobre fenômenos atuais, que só poderão ser analisados dentro de algum contexto de vida real (GODOY, 1995). Quanto ao método, este pode ser tratado como dedutivo. Moresi (2003) esclarece que o método dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas, ele faz um estudo do conteúdo geral para um específico. Quanto aos objetivos da pesquisa, é definida como descritiva, visto que será feita uma análise sobre os dados encontrados através do questionário aplicado acerca da implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresas no município de Russas. Vergara (2016 p. 48) afirma que “a pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza”.Segundo Gil (2012), as pesquisas descritivas têm por finalidade o estudo de características de determinada população bem como levantar opiniões, atitudes e crenças de tal. Já em relação à forma de abordagem do problema, o presente estudo foi classificado como qualitativo, uma vez que buscar-se-á analisar as informações a respeito 26 da implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresas no município. Lakatos e Marconi (2011 p. 290) afirmam que “a pesquisa quantitativa é a mais apropriada para apurar atitudes e responsabilidade dos entrevistados, uma vez que emprega questionários”. Michel (2015) diz que a pesquisa qualitativa busca coletar e analisar os dados de um estudo afim de explorar as diferentes opiniões e representações do assunto abordado. Na pesquisa qualitativa primeiramente busca-se coletar dados para construir um conjunto de conceitos, significados e princípios. (LAKATOS; MARCONI, 2011). Godoy (1995) reflete que: a pesquisa qualitativa não procura enumerar e/ou medir os eventos estudados, nem emprega instrumental estatístico na análise dos dados. Parte de questões ou focos de interesses amplos, que vão se definindo a medida que o estudo se desenvolve. Envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo (Godoy, 1995, p.58). A abordagem qualitativa de acordo com Moresi (2003) tem como função principal entender detalhadamente porque um indivíduo faz determinada ação. Esse tipo de pesquisa apresenta um processo a partir do qual se identificam algumas questões chaves e perguntas são formuladas descobrindo o que importa para os clientes e o porquê destas importâncias. A pesquisa qualitativa, de acordo com Minayo (2010), busca questões muito específicas e pormenorizadas, preocupando-se com um nível da realidade que não pode ser mensurado e quantificado. Atuam com base em significados, motivos, aspirações, crenças, valores, atitudes, e outras características subjetivas próprias do humano e do social que correspondem às relações, processos ou fenômenos e não podem ser reduzidas à variáveis numéricas. 3.2 Caracterização do município 27 O município de Russas situa-se na região doo Baixo Jaguaribe, porção nordeste do estado do Ceará, limitando-se com os municípios de Quixeré, Limoeiro do Norte, Quixeré, Morada Nova, Palhano, Jaguaruana e Beberibe. Abrange uma área territorial de 1.590,258 km², com uma população estimada de 69.833 habitantes e uma densidade demográfica de 43,91 (hab./km²). Em 2014 a população do município de Russas foi estimada em 74.243 habitantes (BRASIL, 2014). Dados do Censo mostram que o município dividia-se em 64,4% urbano e 35,6% rural e constituído de 6 distritos: Russas, Bonhu, Flores, Lagoa Grande, Peixe e São João de Deus, segundo divisão territorial datada de 1988 (BRASIL, 2010). O principal acesso rodoviário à sede do município, a partir de Fortaleza, pode ser feito através da BR-116. As diversas vilas, lugarejos, sítios e fazendas do município estão interligados por estradas carroçáveis, transitáveis durante a maior parte do ano. 3.3 População e Amostra Considerando o objetivo desse estudo, o universo da presente pesquisa foi o município de Russas, levando em consideração os Órgãos Municipais e Entidade Públicas e Privadas ligadas diretamente e indiretamente com as Micro e Pequenas Empresas. 3.4 Instrumento e Coleta de Dados A coleta de dados foi realizada mediante aplicação de um formulário junto ao público do estudo. (Apêndice C) O formulário foi dividido em perguntas que buscaram informações referentes a: legislação existente em prol da implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas; informações sobre os principais desafios referente a implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas no município; ações e programas voltados para a implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas no município. O formulário foi entregue aos Gestores dos órgãos e entidades públicas e privadas após uma visita para orientação e esclarecimentos de dúvidas que pudessem existir referente as perguntas. Este formulário teve como finalidade buscar opiniões e percepções referente a implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, 28 destacando os motivos que pudessem caracterizar as razões da não implementação da Lei no município de Russas. 3.5 Análise de Dados Para Gil (2010) o processo de análise de dados envolve diversos procedimentos, como codificação das respostas, tabulação dos dados e cálculos estatísticos e embora os procedimentos só se efetivem após a coleta dos dados, convém que a análise seja minuciosamente planejada antes da coleta de dados para evitar trabalho desnecessário. Esta foi realizada com base na análise de conteúdo de Bardin (2011). A obra desta autora tem por objetivo apresentar uma apreciação crítica de análises de conteúdo como uma forma de tratamento em pesquisas qualitativas e quantitativas. Godoy (1995), afirma que a análise de conteúdo, segundo a perspectiva de Bardin, consiste em uma técnica metodológica que se pode aplicar em discursos diversos e a todas as formas de comunicação, seja qual for à natureza do seu suporte. Nessa análise, o pesquisador busca compreender as características, estruturas ou modelos que estão por trás dos fragmentos de mensagens tornados em consideração. Bardin (2011) distribui o conteúdo da obra em quatro partes distintas: a primeira como história e teoria (perspectiva histórica); a segunda como prática (análises de entrevistas, de comunicação de massa, de questões abertas e de testes); a terceira como métodos de análise (organização, codificação, categorização, inferência e informatização das análises) e a quarta como técnicas de análise (análise categorial, de avaliação, de enunciação, proposicional do discurso, de expressão e das relações). Por se tratar de análise de conteúdo de ordem prática (BARDIN, 2011), categorizou-se os formulários por etapas: Legislação existente que beneficia as Micro e Pequenas Empresas; Principais desafios referente a implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas; Ações e programas voltados para a implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas no município. 29 Razões que justificam a não implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas Estratégia da Gestão Pública para a implementação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas Optamos pela análise de conteúdo de ordem “prática”, a segunda categoria, pois trata de questões abertas, material compatível com os formulários que realizamos junto aos Gestores dos Órgãos e entidades públicas e privadas do município de Russas/CE. Foi utilizado o código “E” para as Entidades Púbicas e Privadas. Exemplo: E1 – Entidade 1 e F para as perguntas do formulário. 3.6 Aspectos Éticos e Legais A pesquisa foi desenvolvida em conformidade com as normas vigentes e expressa na Resolução nº466/12 (BRASIL, 2012), que atualmente regulamenta os aspectos ético-legais da pesquisa com seres humanos. Aos participantes, foi assegurada, a autonomia, não maleficência, beneficência, anonimato, privacidade e o direito à desistência em qualquer etapa da pesquisa. Foi solicitada aos participantes a assinatura do termo de Consentimento Livre e Esclarecido, após os devidos esclarecimentos sobre o mesmo (BRASIL, 2007), permanecendo uma cópia com o participante e outra com o pesquisador. O material coletado na pesquisa foi utilizado com a única finalidade de fornecer elementos para a realização da pesquisa. Foi assegurada aos participantes a confidencialidade dos dadose das informações que possibilitem a identificação dos participantes, para tanto, foi utilizado um código de identificação de cada escola e gestor. 30 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES O debate acerca da importância das Micros e Pequenas Empresas vem ocupando o cenário do desenvolvimento local há alguns anos, principalmente quando se aprovou a Lei Geral da Micros e Pequenas Empresas. A pesquisa cerceia o Vale do Jaguaribe, com foco na cidade de Russas/CE, nos órgãos gestores da cidade e atores do desenvolvimento. Realizamos a pesquisa com Gestores Locais e Atores do Desenvolvimento tomando como embasamento a análise de conteúdo de Bardin (2011). A obra desta autora tem por objetivo apresentar uma apreciação crítica de análises de conteúdo como uma forma de tratamento em pesquisas qualitativas e quantitativas. A seguir categorizamos as respostas dadas pelos Atores de Desenvolvimento correspondentes aos órgãos escolhidos da nossa pesquisa (E1; E2; E3). Conforme a análise de conteúdo de Bardin(2011), abstraímos as principais ideias expressas nas respostas dadas pelos participantes e interpretamos com base na temática e perfil dos profissionais. As Micro e Pequenas Empresas (MPE’s) possuem papel essencial dentro do contexto socioeconômico do país, tanto pela sua alta representatividade em número de empresas existentes e capilaridade geográfica, quanto pela sua capacidade na geração de ocupação e renda. Segundo o Marseguerra (2014, p. 70), “os pequenos negócios são, em qualquer parte do mundo, os atores essenciais da produção, da inovação e da inclusão social”. Na categoria “benefícios gerados pelas micro e pequenas empresas para os municípios”, os Atores do Desenvolvimento, principalmente: E1 e E3, analisaram a importante participação das micro e pequenas empresas na geração de emprego no município, enquanto ao E2 releva a importância para o aumento da arrecadação municipal. As MPEs são os elementos que movimentam a economia local, são entidades que contribuem para a circulação de dinheiro e riqueza nos pequenos negócios e geram a maior parte dos empregos da região, contribuindo também para a movimentação das riquezas. (E1) Muitos, pois veio facilitar a formalização de muitos informais, como também aumentar a arrecadação municipal, regularização de pessoas físicas sem vínculo empregatícios. (E2) 31 Geração de empregos; Distribuição de renda; Evita movimento migratório para os grandes centros; Estimula o empreendedorismo; Amplia a geração de impostos e Maior capilaridade na produção de bens e serviços. (E3) As micro e pequenas empresas são de extrema relevância na estrutura econômica brasileira e para o emprego. Em 2017, o segmento representava no Brasil - segundo os dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), registro administrativo do Ministério do Trabalho – cerca de 7,3 milhões de estabelecimentos, responsáveis por 17,7 milhões de empregos formais privados. Mesmo com a crise econômica brasileira recente, com queda da produção e aumento do desemprego, os micro e pequenos empreendimentos tiveram papel significativo na geração de postos de trabalho. Entre 2009 e 2017, as MPEs geraram 2,8 milhões de empregos. (DIEESE, 2019). Como podemos analisar, conforme dados do DIEESE (2019) entre 2009 e 2017, o número de MPEs cresceu 10,2%, gerando 2,8 milhões de novos postos formais de trabalho. Em 2017, 99% dos estabelecimentos faziam parte das MPEs e eram responsáveis por mais da metade dos empregos com carteira de trabalho (54,8%) e pelo pagamento de 44,8% da massa de salários do país. Para que a Administração Pública exerça seu poder como executor de políticas públicas de desenvolvimento local, é importante um apoio voltado às MPE’s, para que essas dê resultados gerando mais riquezas e empregos à população. Trata-se de uma ação afirmativa, uma implementação de política pública em busca não só da isonomia real entre participantes, como também pela busca do bem-estar social. Analisando o tema, Ulliana (2015) ressalta que políticas públicas de incentivo ao empreendedorismo são essenciais e ultrapassam os benefícios concedidos às MPE’s, geram mais empregos, renda e o desenvolvimento econômico do país. Na categoria “importância do Gestor público em apoiar as Micro e Pequenas Empresas”, observamos um consenso entre os Atores de Desenvolvimento, de forma unanime acreditam que o apoio do Gestor Público para as MPEs é bastante necessária para que os resultados positivos possam serem alcançados. O Gestor Público que deseja ver o desenvolvimento local, precisa atuar, investir e facilitar a manutenção dos pequenos negócios de um município. São os pequenos negócios que geram riqueza, emprego e aquecem a economia da cidade. (E1) Muito importante porque o Gestor tem o poder para criar mecanismo de apoio e assessoria sem custos para os Micro e Pequenas Empresas. (E2) 32 É de fundamental importância, pois a partir do envolvimento do gestor com a causa da MPES serão abertas inúmeras possibilidades de integração entre os diversos órgãos da Administração Pública para a promoção do desenvolvimento dos pequenos negócios no município. (E3) Percebe-se que para efetivação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, os gestores públicos exercem o papel fundamental para oportunizar e garantir o cumprimento das Lei, permitindo que o Desenvolvimento Local seja realmente efetivo através das Micro e pequenas Empresas. Considerando a importância da implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, entende-se que implementar é executar, é conseguir uma forma de tornar concreto. Para tirar a Lei 123/2006 do papel foi necessário estabelecer um parâmetro para delimitar o que o conceito de implementação a ser utilizado. Vale ressaltar que de acordo com o SEBARE (2007), a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, instituída pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às Microempresas (ME) e às Empresas de Pequeno Porte (EPP) no âmbito dos poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, nos termos dos artigos 146, 170 e 179 da Constituição Federal. Percebe-se que a implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa na íntegra dar acesso as MPEs a grande benefícios nas áreas fiscais, de logística, de acesso ao crédito e facilidades de acesso ao mercado. Na categoria “a importância da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa para o município de Russas”, os Atores do Desenvolvimento Local destacam o impulso à economia local como resultado direto a implementação da Lei Geral das MPEs. Para toda a cidade que tem vocação para ser pólo regional, é necessário fortalecer sua economia. Grandes empresas trazem e levam muitos empregos. Só o empreendedorismo e o pequeno negócio podem melhorar a qualidade de vida das pessoas e gerar riquezas. Os impostos são pagos pelos contribuintes quando compram e quando vendem. É até uma medida para assegurar a arrecadação municipal, já que o poder público não produz riqueza. (E1) Muito importante para o desenvolvimento econômico do município, pela questão da formalização e geração de emprego e renda. (E2) Os benefícios são inúmeros, pois uma Lei Geral Municipal bem elaborada e que vá além dos itens obrigatórios, é capaz de dar um novo impulso à economia local, cujo final é o desenvolvimento socioeconômico do município. (E3) A Lei Geral é de grande importância para o futuro dos pequenos negócios, pois introduz uma maior justiça tributária, simplifica o pagamento de impostos, diminui 33 a burocracia para a abertura e fechamento de empreendimentos, facilita o acesso ao crédito, estimula as exportações, incentiva a cooperação, entre outras inovações. De acordo com Silva e Ricc (2014), a implementaçãoda lei nas cidades devem ocorrer após análise de quatro indicadores: desburocratização, compras governamentais, empreendedor individual e agente de desenvolvimento. Tais indicadores devem ser priorizados porque tratam de ações sobre as quais as prefeituras possuem interferência direta; têm reflexos diretos e rápidos no dia-a-dia dos pequenos negócios e podem ser aplicados por municípios de qualquer porte. Percebe-se que a implantação da Lei Geral das MPE ́s traz melhorias ao ambiente desse segmento refletindo diretamente no fomento à economia local. Vale aqui ressaltar que o desenvolvimento dos Municípios depende do aumento da quantidade de MPEs e desenvolvimento sustentável das já existentes. Na categoria “Benefícios gerados após a implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa no município de Russas”, é destacado que a implementação da Lei Geral com critérios mínimos pode alavancar o desenvolvimento local, reduzindo a informalidade e incluindo os trabalhadores de pequenos negócios no mundo da cidadania, garantindo-lhes direitos sociais, contribuindo para a distribuição de renda e transformando nossa sociedade em modelo de sustentabilidade. O principal beneficiado na implementação da Lei Geral e também é o que mais precisa de orientação e suporte para sua manutenção é o Microempreendedor Individual. Muitas pessoas conseguiram sair da informalidade e ter acesso a benefícios de seguridade por conta de abrirem o seu CNPJ. Ser dono de um pequeno negócio não é somente estar formalizado, é necessária toda a orientação para que ele possa melhorar sua gestão, buscar informações para emissão de notas fiscais, orientações da previdência e outras obrigações do porte. Sem esse suporte, que a Lei detalha, muitos dos empresários de Russas estariam na informalidade, ou estariam sujeitos a sanções por desconhecer suas obrigações. A Lei Geral abre os olhos do poder público para o desenvolvimento econômico. (E1) Aumento da arrecadação municipal Melhoria da qualidade de vida. (E2) Aparato legal para impulsionar o desenvolvimento local; Surgimento de novos negócios; Distribuição de renda e geração de empregos; e Rede SIM. (E3) Com a regulamentação da Lei Geral, o maior desafio é formar uma rede de apoio técnico e político para efetivar o processo de implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa nos municípios. De acordo com o SEBRAE (2012, p.3), o projeto de implementação estabelece 04 (quatro) pilares da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa – Agente de 34 Desenvolvimento, Desburocratização, Compras Governamentais e Empreendedor Individual – reconhecidos como os principais instrumentos de efetivação. Na categoria “os desafios enfrentados na implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa em Russas”, é apontado ações ligadas diretamente a falta de interesse da Gestão Pública, destacando principalmente a falta de uma secretaria de Desenvolvimento Econômico. Conscientização da relevância dos pequenos negócios junto ao poder público. Necessário também perceber que quem faz a economia girar são os pequenos negócios. Será muito importante a atuação do município nesse momento de reabertura. (E1) Muitos e até hoje continuamos a enfrentar estes desafios: falta de apoio pela gestão municipal. (E2) Não haver na Época uma Secretaria de Desenvolvimento Econômico ou Empreendedorismo no município. (E3) De acordo com o SEBRAE (2013), estimular as MPEs traz: trabalho e renda para a população; aumento de arrecadação para o Município; inclusão social; menor dependência de grandes empresas; ciclo de investimentos locais que proporcionam condições de receber as novas gerações. O objetivo do Município é promover o bem-estar de sua população, portanto precisa estimular a criação de locais de trabalho para que os moradores tenham recursos financeiros para atender às suas necessidades básicas e fomentar o desenvolvimento local. A cada avanço alcançado, surgem novos desafios, porém, de acordo com Schwingel e Rizz (2013), há muito que se avançar na aplicação efetiva da legislação, tanto em nível federal, quanto, principalmente, por parte dos estados e municípios, construindo uma política integrada e que de fato proporcione ao empreendedor um ambiente capaz de incentivá-lo a implementar suas ideias e prosperar com elas. Na categoria “ações que podem ser implementadas para que a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa no município de Russas seja de fato implementada em sua totalidade”, os atores do desenvolvimento percebe que a Lei Geral prevê vários benefícios para as pequenas empresas em diversos aspectos usuais nos pequenos negócios, como a simplificação e desburocratização, as facilidades no acesso ao mercado, ao crédito e a justiça, o estímulo à inovação e à exportação, e que ainda não foi totalmente aplicada. Neste momento, o mais relevante é o de estímulo as compras do município com os pequenos negócios. É muito importante que esse orçamento municipal fique dentro da cidade, que seja atendido por pequenos negócios aptos a vender para o município. Imprescindível valorizar o pequeno negócio local, orientá- 35 lo a participar dos processos e dar tratamento diferenciado, ao pagar o mais rápido possível, para não prejudicar o capital de giro dos pequenos negócios. (E1) Criação de comitê local dos pequenos negócios. (E2) Apresentação de propostas do comitê para o município para o apoio as MPES; Editais específicos para as MPES; e Fiscalização pelo comitê do cumprimento da lei. (E3) As políticas públicas concebidas a partir das diretrizes trazidas pela Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, com suas alterações posteriores, têm se mostrado capazes de melhorar o ambiente de negócios no país, especialmente no que diz respeito à redução e simplificação da burocracia e da carga tributária (SCHWINGEL e RIZZ, 2013). Destaque-se que a Lei Geral é apenas um dos instrumentos para promoção do desenvolvimento e que o caso da implementação da Lei Geral certamente alcançará resultados superiores a partir do estabelecimento de um plano de trabalho com direcionamentos objetivos e que respeitem a legislação. 36 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo geral deste estudo foi verificar quais são os principais Desafios enfrentados pela Gestão Pública na implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa no Município de Russas-Ce. Assim, a partir da análise das informações apresentadas até aqui, é possível concluir que que a gestão pública pouco investiu na implementação da Lei Geral. Tendo em vista os aspectos observados é necessário que as políticas públicas sejam definidas no sentido de estabelecer condições para dar apoio às Micro e Pequenas Empresas, especialmente o de menor porte. Diversas decisões e ações no âmbito da gestão municipal podem ser tomadas para fortalecer e apoiar as MPEs em âmbito local. São projetos e Políticas Públicas de apoio à criação de incubadoras de empresas, incentivo à formação de distritos industriais, feiras e exposições para dinamização do comércio local, provimento e manutenção da infraestrutura adequada para produção e comercialização de bens, execução de programas de educação empreendedora nas escolas, incentivo ao microcrédito, desburocratização, compras governamentais locais, entre outras. É de extrema necessidade criar um clima favorável nos municípios regulamentando a Lei Geral, simplificando o processo e abertura das empresas, além de garantir a elas preferência nas licitações públicas de até R$80 mil. Para se desenvolver boas Políticas Públicas, entretanto, é necessário planejamento, envolvimento dos setores da sociedade e recursos, aqui percebe-se a necessidade de criação do Comitê de Municipal da Micro e Pequena Empresas e do Fórum Permanente da Micro E Pequena Empresa, espações estes de discussãocom a sociedade civil. É fundamental, portanto, que a política urbana favoreça os pequenos negócios, mediante diminuição da burocracia, liberação de amplas áreas para sua instalação e segregação das atividades incômodas e impactantes em distritos previamente preparados para recebê-las e para isso, é preciso haver um diálogo permanente entre políticos, servidores, urbanistas e empreendedores, usando como instrumento o PPA. Com o objetivo de estimular o bom desempenho das MPEs, observa-se a necessidade de aperfeiçoar os mecanismos públicos de apoio às MPEs no processo de desenvolvimento local em função de sua importância social e econômica, articulação das políticas de qualificação para a definição e o desenvolvimento de habilidades e oportunidades locais. 37 Nesse sentido, é relevante pensar os desafios e perspectivas das MPEs no cenário do desenvolvimento local, de forma a promover o crescimento sustentável das MPEs com inclusão econômica e social. Levando-se em consideração esses aspectos, pode-se citar, como exemplo de ações para beneficiar as MPEs, o incentivo à criação de cooperativas, incentivos fiscais, desburocratização do processo de criação de empresas, acesso a crédito, cursos de profissionalização, cursos de gestão empresarial, desenvolvimento de infraestrutura, dentre outros. De qualquer modo, percebemos o total esforço da Gestão Pública e dos Atores de Políticas Públicas em proporcionar uma melhorar na implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa em Russas-Ce. 38 REFERÊNCIAS ABM – Associação Brasileira dos Municípios. Manual - Empreendedorismo e Política Urbana. 2015 – Brasília-DF. AZEVEDO, A. P. de O. Os benefícios do micro empreendedor individual para o desenvolvimento do municípios e o crescimento da economia brasileira. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Estadual da Paraíba. 2014. 23p. Catolé do Rocha – PB. BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 229 p. 2011. BARROS, A. A., PEREIRA, C.M. M. A., Empreendedorismo e Crescimento Econômico: Uma Análise Empírica. Revista de Administração Contemporânea, 12, 4. 2008. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas - IBGE. Censo de 2010. Rio de Janeiro-RJ, 2011. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ce/russas/panorama. Acesso em: 13 mai. 2020. BRASIL. Lei Complementar N. 123, De 14 de Dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis no 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, da Lei no 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar no 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp123.htm. Acesso em: 05 fev. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde, Comitê Nacional de Ética em pesquisa. Manual Operacional para Comitês de Ética em Pesquisa. 4ª edição, Brasília: Ministério da Saúde; 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de Dezembro de 2012. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html. Acesso em 13 mai. 2020. CAVALCANTI-BANDOS, M. F.; CARVALHO NETO, S. Políticas públicas: aplicações práticas voltadas ao desenvolvimento regional. Marília: Fundepe, Franca: UniFACEF, 2010. CNM - Confederação Nacional de Municípios. Manual de Desenvolvimento dos Municípios – Brasília-DF, 2012. DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. Anuário do Trabalho nos Pequenos Negócios: 2017. Brasília, DF: DIEESE, 2019. DOLABELA, F. Pedagogia Empreendedora. São Paulo: Editora de Cultura, 2003. https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ce/russas/panorama http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp123.htm https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html 39 FERREIRA, Leila da Costa. Indicadores político-institucionais de sustentabilidade: criando e acomodando demandas públicas. In Ambiente e Sociedade, ano III, nº 6/7, 2000. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2012. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2014. GODOY, Arilda Schmidt. Pesquisas qualitativas: tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, v.35, n.3, p.20-29, 1995. HILL, Michael, e HUPE, Peter. Implementing Public Policy, An Introduction to the Study of Operational Governance. 2009, Londres, Sage. HOWLETT, M.; RAMESH, M.; PERL, A. Política Pública: seus ciclos e subsistemas – uma análise de políticas públicas a partir das relações Estado e Sociedade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina Andrade. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011. LOPES, Alana Vitória de Souza. Evolução da participação de mercado de Micro e Pequenas Empresas no Brasil. 2019. Revista Acadêmica do Curso de Administração v.01 n.02. Anápolis-GO. MARSEGUERRA, G. Desafios da inovação no Brasil e na Itália. In: SANTOS, J. C.; ANTOLDI, F. (Orgs.). Por um empreendedorismo sustentável e inovador: a experiência das lideranças no sistema SEBRAE. Brasília: SEBRAE, 2014. MICHEL, Maria Helena. Metodologia e Pesquisa Científica em Ciências Sociais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2015. MINAYO, M. C. de S. Desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12ª ed. São Paulo: Hucitec, 2010. MORESI, Eduardo. Metodologia da Pesquisa. Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação. UNIVERSIDADE CATÒLICA DE BRASILIA – UCB. Brasília-DF. 2003. SCHWINGEL, Inês; RIZZ, Gabriel. Políticas públicas para formalização das empresas: Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas e iniciativas para a desburocratização. Mercado de Trabalho, IPEA, 2013. SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Estudo do perfil de aquisições de Dores Do Rio Preto - ES, 2017. SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Atualização de Estudo sobre participação de Micro e Pequenas Empresas na Economia Nacional. 2020. Brasília/DF. 40 SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Políticas Públicas: conceitos e práticas. Belo Horizonte-MG, 2008. 48 p. SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Lei Geral da Micro e Pequena Empresa: Conheça as mudanças, os procedimentos e os benefícios. Brasília-DF, 2007. SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Boletim / de apoio à transformação nos Municípios. Brasília-DF, 2013. SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Manual de Desenvolvimento dos Municípios. Brasília-DF, 2013. SECCHI, L. Políticas Públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013. SILVA, Fabiana Matos da; RICC, Fábio. Micro e Pequena Empresa em Taubaté: panorama da situação atual. II Congresso Internacional de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento. Taubaté-SP, 2014. Disponível em: http://www.unitau.br/files/arquivos/category_154/MCH0075_1427384654.pdf. Aceso em: 09 Jun 2020. SILVEIRA, P. J.; ÁVILA, A. L., Política Pública para Formalização do Microempreendedor Individual (Lei 128/2008): Considerações sobre sua formulação, implementação e efeitos. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer – Goiânia, v. 10, N. 19; p.421, 2014. SOUTO, José Cavalcante Silva. A importância da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa para o desenvolvimento dos pequenos empreendimentos – ocaso do Cariri Oriental Paraibano. Sumé - PB: 2017. TAVARES, D. Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas já está em vigor. Lei Geral - Começa um novo ciclo de desenvolvimento para os pequenos negócios. Revista SEBRAE. 20, janeiro/fevereiro de 2007, pág. 20-39. ULLIANA, Marcelo Rodrigues. Lei geral das Micro e Pequenas Empresas e o tratamento diferenciado aos pequenos negócios nas licitações públicas de Osasco. Dissertação. UNIFESP –Universidade Federal de São Paulo. Osasco-SP, 2015. VALE, G. M. V.; CORRÊA, V. S.; REIS, R. F. DOS. Motivações para o empreendedorismo: necessidade versus oportunidade? Revista de Administração Contemporânea, v. 18, n. 3, p. 311–327, jun. 2014. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2016. VILHENA, Ariane Maíra Chaves. Agricultura familiar e empreendedorismo. SEBRAE, 2019. Disponível em: http://sebraemgcomvoce.com.br/agricultura-familiar-e- empreendedorismo/. Acesso em: 05 fev. 2020. http://www.unitau.br/files/arquivos/category_154/MCH0075_1427384654.pdf http://sebraemgcomvoce.com.br/agricultura-familiar-e-empreendedorismo/ http://sebraemgcomvoce.com.br/agricultura-familiar-e-empreendedorismo/ 41 WENNEKERS, S.; THURIK, R. L. Entrepreneurship and economic growth. Small business economics, v. 13, n. 1, p. 27-56, 1999. 42 APÊNDICES 43 APÊNDICE A – TERMO DE ANUÊNCIA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA Prezado (a), Eu, RAFAEL ROCHA SEGUNDO, graduando do curso de Bacharelado em Administração em Gestão Pública - pela Universidade Federal do Ceará, estou desenvolvendo uma pesquisa cujo objetivo é analisar os desafios enfrentados pela Gestão Pública na implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa no município de Russas, no Estado do Ceará. Assim, solicito sua autorização para que possa participar da pesquisa acima descrita na instituição de ensino no qual gere. Desde já, informo-lhe que os dados serão apresentados ao Curso de ADMINISTRAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA da UFC, podendo ser utilizados também como divulgação no trabalho de conclusão de curso e eventos científicos. Porém, dou-lhe a garantia de que suas informações serão resguardadas de forma anônima. Caso precise entrar em contato comigo, informo-lhe que meu telefone é (88) 99698-7452. ________________________________________ RAFAEL ROCHA SEGUNDO CONSENTIMENTO Tendo sido satisfatoriamente informado sobre a pesquisa acima citado, concordo em participar da mesma, estou ciente de que o meu nome não será divulgado e que o pesquisador estará disponível para responder a quaisquer dúvidas. Russas, ______ de _________________ de 2018. _________________________________________ Assinatura do(a) Diretor(a) 44 APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA Estimado (a) Colaborador (a) O Sr(a) está sendo convidado a participar da pesquisa intitulada: OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELA GESTÃO PÚBLICA NA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI GERAL DA MICRO E PEQUENA EMPRESA: O CASO DO MUNICÍPIO DE RUSSAS-CE. A pesquisa está sendo realizada pelo formando RAFAEL ROCHA SEGUNDO, estudante do Curso de Bacharelado em Administração em Gestão Pública da Universidade Federal do Ceará (UFC), sob a orientação do Prof. Esp. Luís Moreira de Oliveira Filho. A participação no estudo não traz riscos e nem complicações legais para você. O benefício será a contribuição da pesquisa para fortalecer o campo de estudos que trata a pesquisa. Você não terá nenhum tipo de despesa para participar desta pesquisa, bem como nada será pago por sua participação. As informações obtidas através deste estudo serão confidenciais. O sigilo sobre a sua participação será garantido. Neste sentido, os dados serão publicados de forma a não revelar sua identificação, preservando o seu anonimato. Após estes esclarecimentos, solicito abaixo o seu consentimento de forma livre para participar desta pesquisa. Ainda, quaisquer dúvidas pode entrar em contato comigo pelo telefone (88) 99706.7958 ou e-mail contato.rafaelrocha2@gmail.com. CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Tendo compreendido a temática, os objetivos, a forma como será desenvolvida a pesquisa, a minha colaboração no estudo, e estando consciente dos riscos e dos benefícios que a minha participação implicam, concordo em participar da pesquisa e para isso eu dou o meu consentimento livre e esclarecido. Russas, ______ de _________________ de 2018. __________________________________________________________________ Nome do Entrevistado _____________________________________________ Assinatura do entrevistado _______________________________________________ Rafael Rocha Segundo mailto:contato.rafaelrocha2@gmail.com 45 APÊNDICE C – FORMULÁRIO IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO 1 Nome (__________________________________________________________________) 2 Sexo A. (_) Masculino B. (_) Feminino 3 Idade A. (_) Até 20 anos B. (_) De 21 a 30 anos C. (_) De 31 a 40 anos D. (_) Até 41 a 50 anos E. (_) Acima de 50 anos 4 Grau de escolaridade A. (_) Ensino fundamental incompleto B. (_) Ensino médio incompleto C. (_) Ensino superior incompleto D. (_) Ensino fundamental completo E. (_) Ensino médio completo F. (_) Ensino superior completo IMPLEMENTAÇÃO DA LEI GERAL Responda as questões abaixo para verificar qual é o estágio de implementação da Lei Geral das MPEs em Russas-CE e quais os desafios encontrados para sua implementação. 1 Quais os benefícios gerados pelas micro e pequenas empresas para os municípios? ______________________________________________________________________ 2 Qual a importância do Gestor público em apoiar as Micro e Pequenas Empresas? ______________________________________________________________________ 4 Conhece os benefícios da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, Lei 123/2006 e suas alterações? Se conhece, por favor, o que considera mais relevante? Por quê? ______________________________________________________________________ 5 Quais foram os primeiros passos para a implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa no município de Russas? ______________________________________________________________________ 6 Quais os desafios enfrentados na implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa em Russas? ______________________________________________________________________ 7 Qual a importância da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa para o município de Russas? ______________________________________________________________________ 8 Quais os Benefícios gerados após a implementação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa no município de Russas? ______________________________________________________________________ 9 Quais ações podem ser implementadas para que a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa no município de Russas seja de fato implementada em sua totalidade? ______________________________________________________________________ 3 Em seu entendimento, o que poderia ser ainda acrescentado pelo Governo Municipal, em termos de benefícios assegurados em legislação para amparar e ampliar a sustentabilidade e a competitividade dos MEIs? ______________________________________________________________________