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1. Introdução Ao analisarmos os fatos relacionados ao caso do pior acidente já ocorrido na mineração brasileira, nos questionamos se seria possível que as empresas responsáveis já houvessem detectado os problemas que estavam ocorrendo, evitando assim a tragédia, bem como quais motivos levaram ao ocorrido no dia 05.11.2015, no Distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, no Estado de Minas Gerais e se houve algo que poderia ter sido feito, anteriormente, para evitar a catástrofe que acabou gerando a morte de pessoas, perda de moradias, além dos impactos ambientais irreversíveis. Visando apontar as causas, consequências e identificação dos responsáveis pelo impacto ambiental, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) instaurou um Inquérito Civil, o qual teve como objetivo a análise dos pontos do caso para a possível responsabilização dos envolvidos, quais sejam as empresas e o Estado, a partir de sua responsabilidade objetiva. Paralelamente, inúmeras ações foram ajuizadas visando a reparação de danos causados pelo acidente. Tanto a apuração quanto a responsabilização advém da adesão, pelo Estado Brasileiro, aos tratados internacionais que viabilizam a proteção ambiental, para propiciar meios de prevenção e combate às práticas danosas ao meio ambiente natural enquanto bem jurídico difuso, além da apuração de condutas e atividades que lhe causem danos, por ações ou omissões, a fim de que gerem as respectivas consequências jurídicas. Isso deve-se ao fato de o Direito Ambiental se tratar de um direito fundamental de terceira geração, previsto na Constituição Brasileira, onde seu resguardo e proteção objetivam a manutenção da vida terrestre e a partir do momento que há lesão ao meio, os instrumentos de proteção são acionados para identificar os prejuízos e os autores desses prejuízos. Atualmente, as consequências oriundas da tragédia de Mariana não foram sanadas, persistindo os danos ambientais, os quais verificaremos que foram devastadores. 2. A origem do Caso Mariana/MG Na tarde de 05 de novembro de 2015, inicialmente a partir de uma movimentação incomum de pessoas, carros e helicópteros dos órgãos de segurança e defesa 4 (Corpo de Bombeiros e Polícia Militar) confirmou que havia acontecido o maior desastre da mineração brasileira no Distrito de Bento Rodrigues, cidade de Mariana, em Minas Gerais, causando estragos materiais e ambientais, deixando feridos e ocasionando 19 (dezenove) mortes, bem como a aniquilação dos Distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, além de centenas de pessoas desabrigadas. A tragédia teve origem quando uma das barragens de rejeitos denominada Fundão, da Samarco Mineradora S/A, rompeu-se. A Samarco Mineração é uma joint venture1 entre a Vale e a BHP Billiton, sendo a primeira a maior produtora de minério de ferro do mundo e a segunda a maior mineradora do mundo. A formação da empresa ocorreu no ano 2000, quando a Vale adquiriu uma participação de 63,06% na Samitri (Sociedade Anônima Mineração da Trindade), por US$ 525 milhões. A Samitri detinha, na época, 51% da Samarco Mineração e a BHP 49%. Com a joint venture, cada sócio passou a deter 50%, segundo a US Securities and Exchange Comission (SEC,2016). A barragem do Fundão apresentava como características técnicas uma altura de aproximadamente 100 m, comprimento de 761 m e um volume armazenado da ordem 41 milhões de m³, sendo utilizado o método de alteamentoto a montante, utilizando o próprio rejeito arenoso no alteamento. (SENADO, 2016). Com o colapso da barragem e seu consequente rompimento, aproximadamente 62 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos foram despejados diretamente no meio ambiente, atingindo ainda a barragem de Santarém que transbordou devido à quantidade exorbitante de resíduos irrecuperáveis, gerando a morte de animais de diferentes espécies e da flora, avançando nos afluentes, alcançando o próprio Rio Doce chegando até o mar. A lama percorreu mais de 600 km através do rio e chegou até a foz em Linhares, no Estado do Espírito Santo, no dia 21 de Novembro de 2015. Nesse trajeto, edificações foram soterradas, vários hectares de vegetação foram comprometidos e cidades como Governador Valadares, tiveram o abastecimento de água potável interrompido. 2 1 Join venture é a associação de sociedades empresariais, sem caráter definitivo, para a realização de determinado empreendimento comercial, dividindo as suas obrigações, lucros e responsabilidades; consórcio. 2 BRASIL, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 2020. Rompimento da Barragem de Fundão: documentos relacionados ao desastre da Samarco em Mariana/MG. Disponível em: <https://www.gov.br/ibama/pt-br/assuntos/notas/2020/rompimento-da-barragem-de-fundao-documentos- relacionados-ao-desastre-da-samarco-em-mariana-mg> Acesso em: 30 de ago 2020. 5 As figuras abaixo podem demonstrar a extensão do dano provocado, a pré e pós-comparação das áreas afetadas em Bento Gonçalves e entorno por conta do rompimento da barragem da Samarco: Figura 1. Extensão do dano. Fonte: Fonte: CNES (2015) Figura 2. Áreas afetadas no entorno: Mariana, Paracatu de Baixo, Camargo, Gesteira e Barra Longa. Fonte: CNES (2015) 6 Figura 3. Cidades afetadas no entorno (Mariana, Paracatu de Baixo, Gesteira e Barra Longa) Fonte: CNES (2015) Frise-se que o modelo utilizado pela Vale na barragem de Fundão - rejeitos em montantes - é o mais vantajoso economicamente no ponto de vista da empresa, todavia, é menos seguro. Neste modelo de barragem, as camadas são edificadas sobre o dique inicial com os próprios rejeitos retirados da área de mineração. Segundo Luís Enrique Sánchez, Engenheiro especializado em minas e Professor da Escola Politécnica da USP: "é o método menos seguro que os outros dois", referindo-se aos modelos jusante e linha de centro que também existem no Brasil. 3 Embora seja o mais utilizado pela maioria das mineradoras, o método de montante apresenta um baixo controle construtivo, tornando-se crítico principalmente em relação à segurança. O agravante neste caso está ligado ao fato dos alteamentos serem realizados sobre materiais previamente depositados e não consolidados. Assim, sob condição 3 JULIO. Rennan A. Modelo de barragem usado em Brumadinho e Mariana é o mais barato e menos seguro. Época Negócios. 29 de janeiro de 2019. Disponível em: <https://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2019/01/modelo-de-barragem-usado-em-brumadinho-e- ariana-e-o-mais-barato-e-menos-seguro.html> Acesso 3em 30 Ago 2020. 7 saturada e estado de compacidade fofo, estes rejeitos (granulares) tendem a apresentar baixa resistência ao cisalhamento e susceptibilidade à liquefação por carregamentos dinâmicos e estáticos (ARAUJO, 2006). Vide comparação abaixo: Figura 4. Métodos construtivos de barragens de rejeito Fonte: Araújo, 2006. A norma brasileira NBR-13028 (ABNT, 2017) não aconselha a utilização do método a montante devido aos grandes riscos atribuídos a este tipo de barramento. 4 3. As causas do rompimento da barragem de Mariana A construção da Barragem de Rejeitos de Fundão (BRF), em Mariana, Minas Gerais é datada de 2007, entrando em operação no ano de 2008, e apenas 05 (cinco) meses após sua inauguração começou a apresentar diversas irregularidades, culminando com o rompimento ocorrido em 05/11/2015. Após o fato diversos órgãos estatais abriram investigações, com o intuito de apurar o que de fato havia ocasionadoa tragédia. Conforme Laudo Pericial da Polícia Civil de Minas Gerais, o rompimento da barragem se deu em razão da liquefação dos rejeitos arenosos que sustentavam as elevações 4 Esta norma especifica os requisitos mínimos para a elaboração e apresentação de projeto de barragens de mineração, incluindo as barragens para disposição de rejeitos de beneficiamento, contenção de sedimentos gerados por erosão e reservação de água em mineração, visando atender às condições de segurança, operacionalidade, economicidade e desativação, minimizando os impactos ao meio ambiente. 8 da barragem. A liquefação ocorre quando a camada de areia depositada na área frontal da barragem acaba por operar em sentido contrário à sua função, ou seja, ao invés de expelir a água, ela a retém, transformando a areia em lama, deixando de filtrar os resíduos. O Ministério do Trabalho e da Previdência Social também investigou o ocorrido em abril de 2016, sendo investigado minuciosamente vários pontos da barragem como a estrutura, o funcionamento e a manutenção da mesma. Com a investigação, foi traçada uma linha do tempo contendo diversos eventos anormais ocorridos no local durante o seu funcionamento (BRASIL, 2016). As anormalidades citadas na linha do tempo começam a ser datadas em abril de 2009, com apenas 05 (cinco) meses de funcionamento da barragem. As investigações apontaram sucessivos problemas de intensidades e gravidades variáveis na construção, entre as quais estão: acúmulo de água, falha na drenagem, erosões, falhas em instrumentos de monitoramento, entre outros fatores que são apontados como contribuintes diretos ao rompimento da barragem. Ao longo desse período, vários problemas foram identificados pela Samarco, empresa dona da barragem, bem como por órgãos governamentais de fiscalização e empresas de consultorias. Em razão disso, foram promovidas medidas corretivas que acabaram se mostrando insuficientes e ineficientes na tentativa de se evitar a tragédia (LACAZ, 2016). O relatório apresentado pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social é taxativo, afirmando que as urgências que ocorreram entre os anos de 2013 e 2015 e as grandes trincas que surgiram no ano de 2014 na região demonstravam que a barragem apresentava diversos problemas em relação à percolação de água na estrutura da construção, o que pode estar associado às várias obras que ocorriam no local, com o trânsito constante de máquinas pelos vários níveis da barragem e com as detonações que eram realizadas na mina localizada próxima BRF, pode-se concluir que a liquefação foi o fenômeno responsável pelo rompimento da barragem no dia 05/11/2015, ocasionando a ruptura total. Vale ressaltar que o ocorrido foi um evento multicausal, ocasionado pela interação de uma série de fatores de naturezas diversas, que vão desde a alteração de premissas do projeto, desconsideração total de relatórios de auditorias que apontavam irregularidades, até grandes falhas na construção, operação e manutenção do reservatório da Barragem de Rejeitos do Fundão. 9 Um fato, contudo, é inconteste, o de que a Mineradora Samarco S/A visou ao lucro em detrimento à segurança da população, que foi ignorada, dando assim origem a uma tragédia que destruiu o meio ambiente, as cidades e principalmente vidas. 4. Legislação relativa a barragens de rejeitos no Brasil Com o objetivo de melhorar a gestão da segurança das barragens em nível nacional, o Governo Federal implantou a Política Nacional de Segurança de Barragem – PNSB, através da Lei n° 12.334/2010, que é aplicada à acumulação de água para quaisquer usos, não somente para as barragens de rejeitos, mas para toda disposição final ou temporária de usos múltiplos, hidrelétrica e resíduos industriais, desde que enquadram ao definido no artigo 1° dessa lei. Um dos grandes avanços da legislação foi definir as entidades responsáveis pela regulação e fiscalização da segurança das barragens, para todas as possibilidades de uso. Assim, ficou definido que para fins de disposição de rejeitos provenientes das usinas de beneficiamento de minérios, a fiscalização caberia ao Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM. No entanto, mesmo após a instituição da Política Nacional de Segurança de Barragens aconteceram mais dois acidentes relevantes envolvendo barragens de rejeito, como o ocorrido na Barragem “B1” da empresa Mineração Herculano Ltda., localizada em Itabirito/ MG no ano de 2014, e o ocorrido na Barragem Fundão, da empresa Mineração Samarco S/A., em novembro de 2015. Segundo Saldiva (2015), o acidente com a barragem do Fundão é a maior tragédia ambiental de toda a história do Brasil. De acordo com a classificação realizada pelo DNPM, através da Política Nacional de Segurança de Barragens, a Barragem “B1” foi classificada no ano anterior à sua ruptura como Classe E, ou seja, risco baixo e Dano Potencial Associado baixo. A Barragem do Fundão estava classificada como Classe C, ou seja, categoria de risco baixo e dano potencial associado alto. 5. Legitimidade de ação e a responsabilização dos agentes 10 5.1 Legitimidade para propor a Ação Civil Pública O caso do rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, no Estado de Minas Gerais, é situação na qual se verifica necessária a análise da legitimidade para propositura da ação, bem como a configuração da responsabilidade dos agentes, quais sejam, o Estado, a Empresa Samarco e a Vale do Rio Doce, frente ao crime ambiental. No que concerne à legitimidade do Ministério Público da União e dos Estados para impetrar Ação Civil Pública, esta encontra amparo no art. 129, inciso III, da Constituição, visto que busca a defesa dos chamados interesses difusos/coletivos relativos ao patrimônio público, ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico, paisagístico, da ordem econômica e da economia popular, dentre outros (BRASIL, 1988). Essa ação insere-se no quadro de grande democratização do processo e num contexto daquilo que, modernamente, vem sendo chamado de “teoria da implementação”, atingindo, no Direito brasileiro, características peculiares e inovadores (MILARÉ, 2016). Regulamentada pela Lei Federal nº 7.347/85, que em 1988 ganhou status constitucional, a ACP foi reconhecida como função institucional do Ministério Público, sem prejuízo da legitimação de terceiros, em razão da particular característica de proteção de interesses transindividuais. Assim, há um rol de legitimados para propositura da ação: Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I - o Ministério Público; II - a Defensoria Pública; III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; V - a associação que, concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. 11 (BRASIL, 1988). Ademais, “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados” (BRASIL, 1988, Art. 225 , § 3º ). Não obstante, conforme o §3º da Lei 9.605/98, “as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente" Dessa forma, a seguir será destrinchada a responsabilizaçãode cada agente frente ao desastre ocorrido em Mariana. 5.2 Da Responsabilidade Objetiva do Estado Diante da realidade apresentada com a tragédia de Mariana, muito há que se falar na responsabilização objetiva do Estado e dos danos causados frente à omissão deste, no fatídico dia do rompimento da barragem do Fundão, em 05 de novembro de 2015. Tal omissão por parte do Poder Público abre margem para que as pessoas afetadas direta e indiretamente, bem como as vítimas sobreviventes, possam pleitear junto à Justiça seus direitos. Ademais, quando se fala em responsabilidade objetiva, não há que se exigir prova da culpa do agente público para que a pessoa tenha direito à indenização, pois a legislação brasileira adota a teoria objetiva, também conhecida como teoria do risco integral. Para Milaré (2016) na “responsabilidade objetiva não há necessidade de comprovação da intenção do agente, basta apenas a comprovação do dano causado”. Isso quer dizer que, há necessidade apenas da demonstração do nexo de causalidade entre o dano sofrido pela parte e a ação ou omissão das autoridades ou agentes públicos responsáveis. Frisa-se que, quando se fala da ação do agente público, refere-se à conduta comissiva deste, isto é, do ato comissivo praticado mediante ação natural, que cause por si só mudança no cenário. Por outro lado, a omissão do agente destaca-se na ausência de ação quando ele tinha o dever de exercê-la. No caso sob análise, a responsabilidade objetiva do Estado encontra amparo legitimo, pois o mesmo não tomou nenhuma providência essencial, ou promoveu mudanças nas fiscalizações das obras das barragens e da mineradora, o que causou a devastação de uma parte significativa do meio ambiente, bem como, trouxe interferências na economia, 12 agricultura, pesca e turismo não somente da região de Mariana, mas também de regiões próximas. Sem contar que, as pessoas direta e indiretamente atingidas podem pleitear pensão em relação ao período em que estejam impossibilitadas de trabalhar, sendo possível ainda, em relação aos que eram dependentes das pessoas falecidas no desastre, proporem judicialmente pedido de pensão mensal, calculada de acordo com os proventos que o falecido tinha em vida. A responsabilização do Estado quanto ao dano moral sofrido pelos familiares próximos as vítimas, relacionado ao sofrimento causado pela perda, tendo em vista as circunstâncias geradas pelo evento danoso e o abalo psicológico causado aos sobreviventes, também é passível de indenização. Deve-se levar em consideração o aspecto punitivo que as decisões judiciais estabelecem mediante a omissão estatal, numa tentativa satisfativo-punitiva, em confortar materialmente os familiares diante da perda de seu ente querido. Ressalta-se neste ponto, que não se trata de dá uma quantia em dinheiro para satisfazer a perda afetiva, pois nada substitui uma vida, mas sim de estabelecer uma espécie de punição ao infrator, neste caso, o Estado. Outrossim, visando a responsabilidade objetiva do Estado pelos danos causados às pessoas e seu patrimônio por ação ou omissão de seus agentes, preconiza o art.37, §6º da CF/88 que: “§6º. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”. O Estado deve ser compelido a indenizar e reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros afetados, mediante sua omissão, sendo importante o papel exercido pelo Ministério Público da União e dos Estados, como órgãos legitimados para propor ação de responsabilidade civil e criminal pelos danos causados ao meio ambiente, afinal, no caso de Mariana, o que se busca é amenizar o fato ocorrido, por meio da reparação do dano ambiental em face aos danos imediatos e futuros causados pelo desastre. 13 No que se refere à responsabilização na esfera penal do agente público que pratica ato ilícito contra o meio ambiente, quando não surtirem efeitos na esfera civil e administrativa, conforme dispõe a Lei de Crimes Ambientais, a ação penal é pública incondicionada. Para que haja a responsabilização administrativa, é necessária a abertura de um processo administrativo, para a identificação do infrator, do fato constitutivo de infração e do local. Além de prever a responsabilidade objetiva do Estado, a Constituição Federal de 1988, estabelece como um de seus fundamentos, o respeito ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. Deste modo, todas as ações econômicas do Estado, devem ser voltadas a assegurar a existência digna para as pessoas, tendo este princípio um papel fundamental na responsabilização do Poder Público, como forma de punição aos seus agentes. Assim, diante da nítida omissão estatal frente ao caso de Mariana, o Estado deveria não somente indenizar as vítimas, mas estas por via de regresso buscariam concomitantemente ressarcimento junto à empresa Mineradora Samarco, assim como assegura a Constituição Federal. 5.3. Responsabilidade da Empresa Samarco A responsabilidade da Empresa Samarco frente ao desastre da barragem de fundão em Mariana, é administrativa, civil e penal. Sobre a responsabilidade administrativa, tanto a Samarco quantos os órgãos de fiscalização foram negligentes no caso. A Samarco por ter conhecimento das falhas ou erros na barragem de Fundão antes da tragédia acontecer, e o governo por ter autorizado o licenciamento à Samarco sem ver o projeto executivo da barragem. Ademais, a mineradora, foi multada pelo Ibama em R$ 250 milhões. Os danos ao meio ambiente, decorrentes do rompimento da barragem de Fundão, da mina Germano, resultaram até o momento em cinco autos de infração no valor de R$ 50 milhões cada, o máximo previsto na Lei de Crimes Ambientais. A infração administrativa ambiental advém de toda ação ou omissão que violem regras que promovam a recuperação ou proteção do meio ambiente. Noutro giro, as atividades de risco geram responsabilidade civil, sendo 14 exemplo de atividade risco, à mineração. A responsabilidade civil da mineradora é objetiva, ou seja, não há a necessidade de comprovação da intenção do agente, basta apenas à comprovação do nexo causal entre a conduta e o dano causado. Desse modo, àquele que causar dano a outrem tem a obrigação de repará-lo, através de indenização, conforme o art. 927, par. único, do Código Civil Brasileiro, in verbis: “Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”. (BRASIL, 2002, Art. 927). Sendo assim, a Samarco deve ressarcir os danos provocados pelas atividades que exercia e que estavam sob o seu controle e interesse. Destaca-se que na responsabilidade civil objetiva leva-se em consideração o dano sofrido pela vítima e a situação de risco promovida pelo agente, conforme também estabelecido na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (lei nº 6.938/81). Ressalta-se que, as vítimas são partes legítimas para ajuizarem demandas individuais, a fim de requerer indenização da mineradora, por danos patrimoniais e extrapatrimoniais. Já a responsabilidade penal é amparada pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei 9.605/98, onde as atividades lesivas ao meio ambiente geram sanções penais, que poderão ser: a pena de multa, as restritivas de direito e prestação de serviço à comunidade. Diferente da responsabilidadecivil objetiva, a responsabilidade penal e subjetiva. No que se refere à responsabilização penal pelo dano ambiental ocasionada pela Samarco, constata-se que a responsabilização pelos direitos violados não é apenas da mineradora, mas, também, de suas controladoras e todos os envolvidos, como os responsáveis por dirigir a empresa. O Ministério Público Federal à época ofereceu denúncia, responsabilizando 15 a mineradora por homicídio, lesão corporal, crimes de inundação e desabamento. Porém, no ano de 2019 houve o trancamento da ação para os crimes de homicídio e lesão corporal, a defesa alegou que as provas utilizadas eram ilegais. Desse modo, a Mineradora atualmente responde pelos crimes ambientais (desabamento e inundação), processo ainda em trâmite. Diante do exposto, observa-se que, que pessoas físicas e jurídicas respondem por crimes ambientais, na esfera administrativa, civil e penal. 5.4 Responsabilização Civil Vale do Rio Doce Com o advento da Revolução Industrial foi necessário ser visualizado no campo do direito moderno a necessidade de obrigação coercitiva de reparação de todo e qualquer dano ambiental causado por aquele que de tal medida obter proveito econômico, ou seja, de quem criou o risco, devendo o degradador a indenização e reparação aos danos independentemente da existência de culpa. Fundamentada no artigo 14, parágrafo 1º da Lei 6.938/81 a teoria do risco estabelece a responsabilidade objetiva por danos ambientais causados colocando em questão a equidade geracional possuindo o ser humano ética solidária em relação a todas as formas de vida. É importante frisar que, no âmbito dos danos ambientais, pode haver a desconsideração da personalidade jurídica se a personalidade jurídica servir de obstáculo para promoção da reparação integral dos danos causados. Avaliando-se a postura da empresa Vale diante do caso Mariana não podemos deixar de relembrar a Decisão do STJ em evento semelhante ocorrido em 2007 o qual manteve o dever de indenizar mesmo tendo ocorrido evento ocasionado pela força da natureza. Presume-se portanto, que a Vale ao exercer atividade exploradora a qual ocasiona o desgaste ambiental, independente de culpa não pode eximir-se de arcar com as consequências dos danos resultantes de suas atividades, sejam eles cíveis ou criminais. Por outro lado, importante mencionar jurisprudência no sentido contrário, que foi reconhecida a ilegitimidade da Vale S/A para figurar no polo passivo da demanda: 16 CARLOS SIMÕES FONSECA EMENTA APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS TRAGÉDIA DE MARIANA VALE S/ A ILEGITIMIDADE PASSIVA DANOS AO MEIO AMBIENTE ILEGITIMIDADE ATIVA DO AUTOR PREJUIZO DE NATUREZA TRANSINDIVIDUAL SUSPENSÃO NO FORNECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL MENOR DANOS MORAIS OCORRÊNCIA RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A VALE S/ A não possui legitimidade para figurar no polo passivo de demandas indenizatórias decorrentes da tragédia de Mariana/MG, cuja responsabilidade se imputa à SAMARCO S/A, uma vez que, no sistema jurídico pátrio, as criadoras de uma joint venture não possuem responsabilidade solidária por danos, ainda que de natureza ambiental, ocasionados por esta última. Precedentes. 2. Tratando-se de danos ambientais, bens de natureza transindividual, o particular não tem legitimidade para pleitear sua indenização em juízo, eis que não possui representativa para tanto. Ilegitimidade do autor, neste ponto, reconhecida. Precedentes. 3. A ocorrência de tragédia ambiental que culminou com a suspensão no fornecimento de água para toda uma região e por longo período de tempo acarreta danos morais indenizáveis em favor dos residentes atingidos, mormente quando ostentem a condição de incapazes. Precedentes. 4. Montante indenizatório fixado em R$ 1.000,00 (mil reais), em consonância com precedentes deste e. Tribunal de Justiça para casos específicos. 5. Recurso parcialmente provido. 6. Condenação honorária redimensionada. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, ACORDA a Colenda Segunda Câmara Cível, na conformidade da ata e notas taquigráficas da sessão, por maioria de votos, DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto do relator. Vitória (ES), 09 de julho de 2019. DES. PRESIDENTE DES. RELATOR (TJ-ES-APL-0001181052017808014, Relator: CARLOS SIMÕES FONSECA, Data do Julgamento:09/07/2019, SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Data da Publicação: 22/07/2019. 5.5. Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR) relacionados ao Caso Mariana - IRDR nº 1.0273.16.000131-2/001 - TJ/MG A Segunda Seção Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), presidida pelo 1º vice-presidente do TJMG, desembargador Afrânio Vilela, julgou nesta quinta-feira (24/10) o IRDR nº 1.0273.16.000131-2/001. A primeira tese firmada é a de que toda pessoa que alegar que à época dos 17 fatos se encontrava em localidade abastecida pela captação de água do Rio Doce é parte legítima para interpor uma ação requerendo indenização. Para comprovar a condição de vítima do dano, a segunda tese estabelece que as partes deverão comprovar a sua legitimidade apresentando contas de água, de luz, de telefone fixo ou móvel, fatura de cartão de crédito, correspondência bancária, entre outros documentos que comprovem a residência na região atingida. Essa documentação precisa ter sido emitida entre novembro e dezembro de 2015. A terceira tese diz que apenas a dúvida subjetiva sobre a qualidade da água e sobre a sua aptidão para o consumo não caracteriza o dano moral. Segundo entendimento dos desembargadores da 2ª Seção Cível, para que se configure o dano moral – em razão da suspensão do fornecimento de água ou da distribuição de água contaminada –, é necessário que seja produzida prova técnica no processo judicial ou que a prova seja emprestada de outro processo que trate da aferição da qualidade da água. A quarta tese refere-se aos critérios de extensão dos danos. Deve ser avaliado, por exemplo, se as alegações apresentadas nos autos são genéricas ou se detalham particularidades do caso. Por fim, a última tese definiu o valor da indenização, que foi fixado em R$ 2 mil para as ações em que o pedido se baseia em alegações genéricas, referentes exclusivamente à interrupção do fornecimento da água. 6. Histórico do Processo De acordo com dados fornecidos pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG)5, em 06/11/2015, por meio do Núcleo de Resolução de Conflitos Ambientais (Nucam) e do Núcleo de Combate a Crimes Ambientais. inicialmente houve instauração de um Inquérito Civil para apurar as causas, as consequências e os responsáveis pelo rompimento da barragem da empresa Samarco, no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, região central de Minas Gerais. O referido procedimento culminou no ajuizamento da Ação Civil Pública nº 0400.15.004335-6, pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), distribuída para a 2ª Vara da Comarca de Mariana. 5 Ministério Público do Estado de Minas Gerais. Histórico de notícias sobre o desastre de Mariana. Disponível em: <https://www.mpmg.mp.br/comunicacao/noticias/historico-de-noticias-sobre-o-desastre-de- mariana.htm>. Acesso em 29 de agosto de 2020. 18 Inicialmente, em 11/11/2015 foi expedida a liminar que determinou que a mineradora custeasse medidas de emergência a fim de garantir abastecimento de água em Governador Valadares. Após a instauração do Inquérito, num histórico processual, até a presente data destacamos as seguintes movimentações importantes para a compreensão do caso: Em 16 de novembro de 2015, o MPMG e MPF assinaram um Termo de Compromisso Preliminar com a Samarco, garantindo um montante mínimo de R$ 1 bilhão para tutela ambiental emergencial. Bem como, foi expedida uma Liminar determinando quea mineradora custeasse medidas de emergência para garantir o abastecimento de água em Galileia, no Vale do Rio Doce. Na mesma data, também foi expedida uma liminar determinando a indisponibilidade de R$ 300 milhões da Samarco para resguardar direito de indenização de vítimas de desastre em Mariana. Em 19 de novembro 2015, o MPMG apresentou o diagnóstico preliminar de danos ao patrimônio cultural decorrente do rompimento da barragem de Fundão. Quatro dias depois, o MPMG pediu providências em relação às buscas por pessoas desaparecidas no desastre de Mariana. Ainda no mesmo mês, o MPMG ingressa com o pedido judicial para que a Samarco entregue água mineral diretamente nas residências de Governador Valadares e expede recomendação para que a Samarco adote medidas emergenciais de assistência às vítimas diretas do rompimento das barragens em Mariana. Na data de 27 de novembro 2015, foi noticiado que até a data de 02 de dezembro de 2015, a Samarco pagaria parte do valor acordado em TCP. Assim, o MPMG divulgou resultados de análises laboratoriais da qualidade da água no rio Doce. No dia seguinte, a Justiça Estadual acata pedido do MPMG e do Estado de Minas Gerais para garantir segurança das estruturas remanescentes do complexo de barragens da Samarco. Já em Dezembro 2015, o MPMG firma Termo de Compromisso com a Samarco para proteger e evitar maiores danos aos bens culturais remanescentes em distritos de Mariana, assim como, o MPMG apresenta parecer científico sobre laudos de análise da água do rio Doce tendo como recomendando que em 04/12/2015 ocorresse monitoramento da qualidade da água tratada em Governador Valadares. Dentro do mesmo mês, o MPMG propõe ação contra mineradoras para garantir direitos das vítimas afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão. Na data de 19 14/12/2015, a Samarco assina TAC relativo ao abastecimento de água em Galileia, no mesmo momento, o MPMG promove encontro de famílias atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão com membros do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU. Para o dia 16/12/2015, foi marcada pela Justiça uma audiência de conciliação com MPMG, mineradoras e representantes dos atingidos pelo rompimento de barragem em Mariana. Consoante, a Samarco assume compromisso de resgatar e cuidar de animais atingidos pela lama, tendo até o final de janeiro de 2016 para cumprir acordo parcial que garante direitos dos atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão. Sendo que em 15/01/2016, o MPMG pediu aumento do valor da multa diária por atraso na entrega de plano de emergencial, pela mineradora; Já em janeiro de 2016, um Acordo garante a indenização dos familiares de pessoas falecidas no desastre de Mariana e o MPMG apresenta um novo diagnóstico dos danos ao patrimônio cultural decorrentes do rompimento da barragem de Fundão. E os proprietários de imóveis atingidos por rompimento de barragem têm parte da indenização antecipada Em fevereiro do mesmo ano, a ação judicial requer ressarcimento de danos às vítimas do rompimento da barragem de Fundão da comarca de Ponte Nova, o MPMG recorreu da decisão que remeteu Ação Civil Pública contra a Samarco para a Justiça Federal. Na quinzena do mês, o MPMG pede reconsideração de decisão que suspendeu ações referentes ao abastecimento de água em Governador Valadares. No mês de março, a Justiça acata pedido do MPMG e determina bloqueio de R$ 500 milhões da Samarco, Vale e BHP Billiton. Em consequência, o MPMG e MPF requerem remessa de inquérito referente ao desastre de Mariana para a Justiça Federal e manifestam cautela quanto a acordo assinado entre governos e Samarco. Desta forma, a equipe do MPMG avalia o terreno indicado para receber a comunidade de Bento Rodrigues. No dia 14/03/2016, foi assinado o Termo de Compromisso definindo a distribuição de doações em dinheiro às vítimas do desastre de Mariana. A vista disso, a PGJ conclui pela remessa à Justiça Federal de Inquérito Policial sobre rompimento da barragem de Fundão. Em 06/04/2016, o MPMG recomenda que a pesca nos afluentes do Rio Doce seja suspensa, na mesma data a Justiça determina que a Samarco adote medidas emergenciais 20 para conter vazamento de lama. Em maio de 2016, o MPMG denuncia a Samarco Mineração e 14 funcionários da empresa por crime ambiental e em entrevista coletiva, promotores de Justiça afirmam que, após seis meses do rompimento da barragem de Fundão, pouco foi feito para reparar os danos, em virtude disto, o Ministério Público requereu a suspensão judicial das licenças ambientais da Samarco, recomendando em 25/05/2016 ao órgão ambiental estadual que não autorizasse a retomada da operação da mineradora. Em junho de 2016, o TJMG julgou a competência de processos relacionados ao rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, bem como, apresentou o relatório em que se constatava que a barragem de Fundão não teria rompido com a drenagem adequada. Nesse interim, foi criado um Projeto de lei para garantir a segurança de barragens em Minas Gerais, alcançando mais de 50 mil assinaturas. Em julho de 2016, o MPMG recomendou a aprovação prévia de medidas para o controle da situação decorrente do rompimento da barragem de Fundão, pedindo urgência na tramitação de projeto de lei que alterasse normas de fiscalização de barragens de mineração em Minas. Agosto de 2016 foi divulgado pelo MPMG novas informações sobre a qualidade da água em Governador Valadares. Um acordo acaba garantindo acesso dos atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão ao terreno de Bento Rodrigues, em atitude de descaso, a Samarco descumpre acordo e o MPMG entra com ação na Justiça. Mais um acordo garante transporte a funcionários de escola municipal de Bento Rodrigues e ainda no mês de agosto, a Justiça estadual determina suspensão das licenças ambientais da Samarco, o MPMG acaba ajuizando ação para garantir recursos à prestação de serviços públicos. Em Setembro de 2016, a Samarco, Vale e BHP assinam acordo com MPMG para indenizar atingidos pela lama de Fundão, tal como, o Estado acata recomendação do MPMG e convoca a Samarco para licenciamento integral, por fim, o MPMG e MPT ajuízam ação contra a Samarco, Vale e BHP para garantir emprego de trabalhadores. Após ação do Ministério Público, a Samarco inicia remoção de rejeitos em Bento Rodrigues, em outubro de 2016. Em audiência analisa-se a situação de 31 atingidos por desastre em Mariana. E o MPMG conclui trabalho de conciliação e a Samarco reconhece direitos de mais 15 pessoas atingidas pelo rompimento de Fundão. No fim do mês de outubro, o MPMG pede condenação da Samarco, Vale e 21 BHP por danos provocados a cavidades naturais subterrâneas em Mariana. Em novembro de 2016, MPMG pediu à Justiça que a Samarco, Vale e BHP fossem obrigadas a retirar rejeitos depositados na região de Ponte Nova, por isto, o MPMG ajuíza ação para proibir o Estado de licenciar barragens de mineração com “tecnologia assassina”. Em decorrência, a Justiça concedeu uma liminar para afastar cláusulas abusivas em acordos de indenização dos atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão em Governador Valadares. Em 05/12/2016, Samarco, Vale e BHP são acionadas na Justiça para retirarem rejeitos da barragem de Fundão acumulados em Mariana. Em março de 2017, a Justiça homologou o acordo que permitiu a contratação de empresas para realização de diagnósticos no caso do desastre socioambiental de Mariana. No dia 30/03/2017, o MPMG obteve a liminar a fim de garantir indenização antecipada a famílias atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, em 05/06/2017, é fechado acordo que prevê assessoria técnica aos atingidos de Barra Longa. No dia 13/06/2017 o MPMG e a Samarco assinam acordopara garantir segurança das estruturas do Complexo Germano, em Mariana. Em julho de 2017, foi firmado um acordo entre MPMG e Detran cancelando a cobrança de IPVA, dando baixa nos veículos atingidos pelo desastre da barragem de Fundão, em Mariana. Em agosto do mesmo ano, o MPMG cobra na Justiça que Samarco, Vale e BHP cumpram acordos que garantiam auxílios aos atingidos pelo desastre de Fundão. No mês de outubro de 2017, em audiência, o MPMG cobra direitos de atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão. Em outro momento, em audiência de conciliação, a Samarco se compromete a adiantar indenizações a vítimas do rompimento da barragem de Fundão e quase no fim do mês, o MPMG e Samarco assinam Termo de Ajuste Judicial que prevê realização de auditoria na Usina Risoleta Neves, no dia seguinte, uma liminar suspendeu a concessão de licença ambiental. Em novembro de 2017, MPMG e MPF firmam mais um acordo com Samarco, Vale e BHP dando conta da assessoria a atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão. No mesmo mês, a pedido do MPMG, Justiça mantém bloqueio de recursos da Samarco para atender vítimas de Mariana. Em dezembro de 2017, uma decisão da Justiça de Mariana garante direitos de atingidos pelo desastre da Samarco. 22 Fevereiro de 2018, a Justiça homologou diretrizes para o reassentamento dos atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, no mês seguinte, o TJMG mantem a decisão que bloqueou R$ 300 milhões da Samarco para a indenização das vítimas da barragem de Fundão. Em maio de 2018, Justiça deferiu o pedido do MPMG e determinando liberação de recursos para conclusão do cadastramento dos atingidos por desastre em Mariana. Em agosto de 2018, a Nova Bento Rodrigues começou a ser construída, em Mariana. Em 28/09/2018, o MPMG e a Samarco assinam Termo de Compromisso que prevê a realização de auditoria técnica independente na Cava Alegria Sul, sendo que em 03/10/2018, o MPMG finalizou o acordo para indenização dos atingidos pelo desastre de Mariana. No ano de 2019 a Justiça determinou que a Samarco voltasse a pagar indenização integral aos atingidos pela barragem em Mariana. Em setembro deste ano um acordo prevê auditoria técnica independente para acompanhar possível retomada das atividades da Samarco em Mariana. Por fim, no dia 12/02/2020, uma decisão mantém obrigação da Samarco de custear trabalho de precificação dos danos sofridos pelos atingidos em Mariana. 7. O caso Mariana perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos (OEA) No dia 08 de junho de 2016, foi realizada, no Chile, uma audiência perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos para tratar de violações de direitos humanos decorrentes da exploração mineraria no Brasil. Na oportunidade, houve solicitação pelo Ministério Público de Minas Gerais à CIDH que emitisse recomendações ao Estado brasileiro, especialmente quanto à criação de uma lei específica sobre direitos dos atingidos por desastres. Destaca-se importante trecho da apresentação feita na ocasião: Boa tarde aos membros da Comissão, Meu nome é Guilherme de Sá Meneghin, sou Promotor de Justiça, do Ministério Público de Minas Gerais, exercendo o cargo na Comarca de Mariana, cidade onde 23 ocorreu o maior desastre tecnológico da história do Brasil, no dia 05 de novembro de 2015. Em razão do histórico de violações de direitos humanos, provocado pela omissão do estado brasileiro quanto à atividade mineraria no país e relatados nessa audiência, consideramos essencial tomar providências para regularizar a mineração e os desastres tecnológicos decorrentes. Quanto à mineração, requeremos que seja recomendado ao Brasil que priorize os direitos humanos, por meio das seguintes medidas: Alterar a lei para exigir estudos de impacto sobre os direitos humanos como condição para aprovação de empreendimentos mineradores; Fomentar e permitir a participação popular, especialmente das comunidades afetadas, na elaboração do marco legal da mineração que está tramitando no Congresso Nacional; Alterar a lei para vincular os tributos arrecadados com a mineração às políticas de saúde, educação e diversificação econômica; Realizar a fiscalização efetiva das barragens e dos empreendimentos minerários, com funcionários capacitados e em número suficiente; Concernente aos desastres tecnológicos originados da mineração, requeremos que se recomende ao Brasil que crie uma lei para regulamentar os direitos e deveres nesses eventos catastróficos, mediante os seguintes preceitos: Conceito abrangente de atingido/vítima do evento, de maneira que o Poder Público assuma a tarefa de identificar os atingidos/vítimas, proibindo expressamente as empresas de dizer quem é ou quem não é digno de reparação; Definir claramente as competências dos órgãos do Poder Judiciários para conhecer das causas decorrentes dos desastres tecnológicos, posto que, após o evento do dia 05 de novembro 2015, as providencias judiciais requeridas pelo Ministério Público estão paralisadas aguardando uma definição sobre a competência jurisdicional; Alteração da lei trabalhista para garantir a estabilidade no emprego dos trabalhadores, enquanto durarem os efeitos do desastre; Garantia legal de participação das vítimas dos desastres nas decisões sobre seus direitos, por meio de voto direto, de comissões e poderes próprios. Recomenda-se, ainda, à Comissão Interamericana de Direitos Humanos que instaure processo perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos, para apurar as violações de direitos humanos relatadas nessa audiência, especialmente em relação ao desastre tecnológico do dia 05 de novembro de 2015 e que realize uma audiência para coletar os testemunhos das vítimas em Mariana/MG. Santiago do Chile, 08 de junho de 2016. Guilherme de Sá Meneghin Promotor de Justiça Mais recentemente, no ano de 2019, entidades e movimentos populares 24 ingressaram com novo caso perante a Comissão e Corte Interamericana de Direitos Humanos (OEA), pedindo a condenação do Estado Brasileiro pelas violações de direitos humanos cometidas ao longo da Bacia do Rio Doce, através do Sistema Interamericano de Direitos Humanos (OEA). A petição pugna pela condenação do Brasil por falha sistemática na fiscalização e reparação aos atingidos, a fim de haja condenação pelas violações ao direito à vida, às garantias processuais e à proteção judicial, à liberdade de associação, ao direito à propriedade privada e coletiva, à igualdade perante a lei e ao direito a uma vida digna, segundo o disposto na Convenção Americana sobre Direitos Humanos. A ação foi proposta por um conjunto de entidades: Centro de Direitos Humanos e Empresas (HOMA-UFJF), FIAN Brasil, Grupo de Estudos e Pesquisas Socioambientais (GEPSA), Justiça Global, Movimento dos Atingidos e Atingidas por Barragens (MAB), e Núcleo de Direitos Humanos da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), as quais pediram a condenação do Estado Brasileiro em medidas de não repetição, em medidas reparatórias direcionadas à população atingida pelo rompimento da barragem de Fundão e também ao meio ambiente. Passados quatro anos desde o desastre, poucas medidas de reparação foram efetivamente tomadas para reparar os direitos violados da população que habita a bacia do Rio Doce. O rompimento de uma nova barragem de rejeitos da Vale, em Brumadinho, também demonstra de maneira evidente que o Estado Brasileiro tem falhado no seu dever de fiscalização. Para as entidades, o ingresso deste caso perante o Sistema Interamericano também se relaciona com o desmonte da política ambiental brasileira e seus órgãos de proteção. 8. Realidade Atual em Mariana/ MG. Já decorreramaproximadamente 05 anos do rompimento da barragem em Mariana, a qual ocasionou a morte de 19 pessoas, devastando a fauna e flora por onde os rejeitos de minério passaram, o acidente foi tão complexo que teve início no Estado de Minas Gerais e chegou até o litoral do Espírito Santo, os danos ainda persistem e continuaram por muitos anos, as análises de especialista afirmam que serão necessários 100 anos até a natureza finalmente eliminar os rejeitos do oceano. Esta tragédia já contaminou 392 KM² de área marinha, 680 KM de rios e 25 córregos foram atingidos, dentre eles o Rio Doce, destruindo uma enorme quantidade de vida animal, só de peixes foram 11 toneladas que morreram em apenas um mês nos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, prejudicando todo o ecossistema e acabando com o sustento de quem dependia destas águas para sobreviver. O rompimento da barragem liberou 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, o que equivale a 25 mil piscinas olímpicas, estando entre os conteúdos o óxido de ferro, água e lama, ocasionando 2.600% de aumento na concentração do metal manganês na água do Rio Doce e o aumento de 400% do semimetal arsênio, ambos altamente poluentes, sendo tóxicos e pesados. A lama que inundou as áreas impedirá o desenvolvimento de muitas espécies vegetais por longos anos, uma vez que é pobre em matéria orgânica, o que tornará a região infértil, além da composição dos rejeitos, que acabou por destruir a química do solo. As empresas Vale, Samarco e BHP, responsáveis pelo desastre estão reparando os danos materiais, indenizando famílias e reconstruindo as casas em outros locais e já desembolsaram bilhões através da fundação Renova, a qual administra os recursos para “reparação e compensação” na bacia do Rio Doce e seus afluentes. O total foram 1200 hectares de mata destruídos, sendo que 66% eram consideradas áreas de preservação, menciona-se assim, a necessidade em realizar o reflorestamento das áreas afetadas, para permitir a regeneração do meio. Moradores e especialistas afirmam que o rio mudou, anteriormente o fundo era de areia, hoje em seu fundo contém lama, a água para o consumo só é segura se tratada devido aos metais presentes após o desastre. Sobre as indenizações cabíveis aos afetados, das 825 famílias registradas na Fundação Renova, apenas 151destas (até dezembro de 2018) foram indenizadas, segundo o procurador Guilherme Meneghin6. O valor pago pela Fundação Renova7 em indenização e auxílio financeiro emergencial aos atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão Chegou a R$ 2,5 bilhões em maio de 2020, e cerca de 321 mil pessoas em toda região impactada, em Minas Gerais e no Espírito Santo, receberam indenização por danos materiais e morais e lucros cessantes, 6 ESTADO DE MINAS. Quatro anos após desastre de Mariana, cidades fantasmas emergem da lama. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2019/11/02/interna_gerais,1097978/quatro-anos- apos-desastre-de-mariana-cidades-fantasmas-emergem-da-la.shtml. Acesso em: 31 de ago. 2020. 7 AGÊNCIA BRASIL. Justiça define indenização para atingidos por desastre em Mariana. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2020-07/justica-define-indenizacao-para-atingidos-por- desastre-em-mariana. Acesso em: 31 de ago. 2020 26 além do pagamento de auxílio financeiro emergencial. A Fundação Renova atua também na revitalização ambiental da área atingida, sendo um dos projetos o de renaturalização do rio Gualaxo do Norte, um dos principais afluentes do rio Doce. Para ajudar a frear o curso da água, estão sendo colocados troncos de árvores nas margens do rio, criando remansos que permitam o reaparecimento da vida do rio, para o desenvolvimento do ecossistema local e já há uma ação positivo nas observações iniciais. No entanto, em grande parte do caminho da lama, há danos irreparáveis e imensuráveis. Por fim, os estudos realizados sobre a catástrofe, constataram que esta poderia ter sido evitada, visto que os problemas já haviam sido detectados desde o ano de 2009, 06 anos antes do ocorrido. 27 9. Conclusão A maior tragédia ambiental da história do Brasil não se iniciou no 05 de novembro de 2015, mas sim foi delineada em momento bem anterior, por uma série de fatores: legislação obsoleta, fiscalização falha e o absoluto descaso da Samarco com o meio ambiente e com as vidas humanas. A onde de lama e rejeitos da barragem do Fundão iniciou-se em Bento Rodrigues, percorrendo uma trajetória até o mar do Espírito Santo, e pelo caminho deixou um rastro de destruição jamais visto: vidas humanas perdidas, soterramento de nascentes de rios, contaminação de rios e lençóis freáticos, abalo na fauna e na flora, destruição de florestas inteiras que estavam situadas em Áreas de Preservação Permanente (APP), causando prejuízos sociais, ambientais e econômicos que afetaram e ainda afetam populações interiras do entorno do acidente. A contaminação da bacia hidrográfica do Rio Doce deixou a água turva, imprópria para o consumo tanto humano quanto de animais, afetando diretamente a agropecuária e a piscicultura, prejudicando a já cambaleante economia local. No setor de serviços, inúmeras localidades que dependiam do turismo foram prejudicadas. Logo após o acidente, diversas linhas de investigação foram seguidas, objetivando identificar os responsáveis, as causas e as consequências da tragédia, porém devido à complexidade e a amplitude do desastre, nenhuma delas será capaz de mensurar as perdas sofridas pelo rompimento da barragem de Mariana, o maior acidente ambiental na história do Brasil. Segundo os especialistas do setor de mineração, a liquefação, fenômeno pelo qual a pressão no interior da barragem é abruptamente alterada, fazendo com que a areia torne-se lama e deixe de filtrar a água, foi a causa para o rompimento do dique. Por fim, é possível concluir, diante dos fatos expostos neste estudo, que a tragédia de Mariana poderia ter sido evitada caso já tivessem sido implementadas as mudanças na legislação e na forma das concessões de licenças às empresas mineradoras, isso aliado a uma fiscalização regular e efetiva por parte dos órgãos governamentais competentes, compondo tais fatos medidas urgentes e preventivas para que o desastre não se repita em outras partes do Brasil. 28 10. Referências bibliográficas ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13028. Mineração - elaboração e apresentação de projeto de barragens para disposição de rejeitos, contenção de sedimentos e reservação de água - Requisitos – Riode Janeiro-RJ, 2017. Disponível em: <https://pedlowski.files.wordpress.com/2019/03/nbr13028-2018.pdf> Acesso em: 31 de Agosto de 2020. AGÊNCIA BRASIL. Justiça define indenização para atingidos por desastre em Mariana. 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