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ESTUDO DE CASO ROMPIMENTO BARRAGEM EM MARIANA MG

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1. Introdução
Ao analisarmos os fatos relacionados ao caso do pior acidente já ocorrido na
mineração brasileira, nos questionamos se seria possível que as empresas responsáveis já
houvessem detectado os problemas que estavam ocorrendo, evitando assim a tragédia, bem
como quais motivos levaram ao ocorrido no dia 05.11.2015, no Distrito de Bento Rodrigues,
em Mariana, no Estado de Minas Gerais e se houve algo que poderia ter sido feito,
anteriormente, para evitar a catástrofe que acabou gerando a morte de pessoas, perda de
moradias, além dos impactos ambientais irreversíveis.
Visando apontar as causas, consequências e identificação dos responsáveis
pelo impacto ambiental, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) instaurou um
Inquérito Civil, o qual teve como objetivo a análise dos pontos do caso para a possível
responsabilização dos envolvidos, quais sejam as empresas e o Estado, a partir de sua
responsabilidade objetiva. Paralelamente, inúmeras ações foram ajuizadas visando a reparação
de danos causados pelo acidente. 
Tanto a apuração quanto a responsabilização advém da adesão, pelo Estado
Brasileiro, aos tratados internacionais que viabilizam a proteção ambiental, para propiciar
meios de prevenção e combate às práticas danosas ao meio ambiente natural enquanto bem
jurídico difuso, além da apuração de condutas e atividades que lhe causem danos, por ações
ou omissões, a fim de que gerem as respectivas consequências jurídicas. 
Isso deve-se ao fato de o Direito Ambiental se tratar de um direito fundamental
de terceira geração, previsto na Constituição Brasileira, onde seu resguardo e proteção
objetivam a manutenção da vida terrestre e a partir do momento que há lesão ao meio, os
instrumentos de proteção são acionados para identificar os prejuízos e os autores desses
prejuízos.
Atualmente, as consequências oriundas da tragédia de Mariana não foram
sanadas, persistindo os danos ambientais, os quais verificaremos que foram devastadores.
2. A origem do Caso Mariana/MG
 Na tarde de 05 de novembro de 2015, inicialmente a partir de uma
movimentação incomum de pessoas, carros e helicópteros dos órgãos de segurança e defesa
4
(Corpo de Bombeiros e Polícia Militar) confirmou que havia acontecido o maior desastre da
mineração brasileira no Distrito de Bento Rodrigues, cidade de Mariana, em Minas Gerais,
causando estragos materiais e ambientais, deixando feridos e ocasionando 19 (dezenove)
mortes, bem como a aniquilação dos Distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, além
de centenas de pessoas desabrigadas. 
 A tragédia teve origem quando uma das barragens de rejeitos denominada
Fundão, da Samarco Mineradora S/A, rompeu-se. 
 A Samarco Mineração é uma joint venture1 entre a Vale e a BHP Billiton,
sendo a primeira a maior produtora de minério de ferro do mundo e a segunda a maior
mineradora do mundo. A formação da empresa ocorreu no ano 2000, quando a Vale adquiriu
uma participação de 63,06% na Samitri (Sociedade Anônima Mineração da Trindade), por
US$ 525 milhões. A Samitri detinha, na época, 51% da Samarco Mineração e a BHP 49%.
Com a joint venture, cada sócio passou a deter 50%, segundo a US Securities and Exchange
Comission (SEC,2016). 
 A barragem do Fundão apresentava como características técnicas uma altura
de aproximadamente 100 m, comprimento de 761 m e um volume armazenado da ordem 41
milhões de m³, sendo utilizado o método de alteamentoto a montante, utilizando o próprio
rejeito arenoso no alteamento. (SENADO, 2016). 
 Com o colapso da barragem e seu consequente rompimento, aproximadamente
62 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos foram despejados diretamente no meio
ambiente, atingindo ainda a barragem de Santarém que transbordou devido à quantidade
exorbitante de resíduos irrecuperáveis, gerando a morte de animais de diferentes espécies e da
flora, avançando nos afluentes, alcançando o próprio Rio Doce chegando até o mar. A lama
percorreu mais de 600 km através do rio e chegou até a foz em Linhares, no Estado do
Espírito Santo, no dia 21 de Novembro de 2015. Nesse trajeto, edificações foram soterradas,
vários hectares de vegetação foram comprometidos e cidades como Governador Valadares,
tiveram o abastecimento de água potável interrompido. 2
1 Join venture é a associação de sociedades empresariais, sem caráter definitivo, para a realização de
determinado empreendimento comercial, dividindo as suas obrigações, lucros e responsabilidades; consórcio.
2 BRASIL, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 2020. Rompimento da
Barragem de Fundão: documentos relacionados ao desastre da Samarco em Mariana/MG. Disponível em:
<https://www.gov.br/ibama/pt-br/assuntos/notas/2020/rompimento-da-barragem-de-fundao-documentos-
relacionados-ao-desastre-da-samarco-em-mariana-mg> Acesso em: 30 de ago 2020.
5
 As figuras abaixo podem demonstrar a extensão do dano provocado, a pré e
pós-comparação das áreas afetadas em Bento Gonçalves e entorno por conta do rompimento
da barragem da Samarco: 
Figura 1. Extensão do dano.
Fonte: Fonte: CNES (2015)
Figura 2. Áreas afetadas no entorno: Mariana, Paracatu de Baixo, Camargo, Gesteira e Barra Longa. 
 
Fonte: CNES (2015)
6
Figura 3. Cidades afetadas no entorno (Mariana, Paracatu de Baixo, Gesteira e Barra Longa)
Fonte: CNES (2015)
 Frise-se que o modelo utilizado pela Vale na barragem de Fundão - rejeitos
em montantes - é o mais vantajoso economicamente no ponto de vista da empresa, todavia, é
menos seguro. Neste modelo de barragem, as camadas são edificadas sobre o dique inicial
com os próprios rejeitos retirados da área de mineração. Segundo Luís Enrique Sánchez,
Engenheiro especializado em minas e Professor da Escola Politécnica da USP: "é o método
menos seguro que os outros dois", referindo-se aos modelos jusante e linha de centro que
também existem no Brasil. 3 
 Embora seja o mais utilizado pela maioria das mineradoras, o método de
montante apresenta um baixo controle construtivo, tornando-se crítico principalmente em
relação à segurança. O agravante neste caso está ligado ao fato dos alteamentos serem
realizados sobre materiais previamente depositados e não consolidados. Assim, sob condição
3 JULIO. Rennan A. Modelo de barragem usado em Brumadinho e Mariana é o mais barato e menos seguro.
Época Negócios. 29 de janeiro de 2019. Disponível em:
<https://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2019/01/modelo-de-barragem-usado-em-brumadinho-e-
ariana-e-o-mais-barato-e-menos-seguro.html> Acesso 3em 30 Ago 2020. 
7
saturada e estado de compacidade fofo, estes rejeitos (granulares) tendem a apresentar baixa
resistência ao cisalhamento e susceptibilidade à liquefação por carregamentos dinâmicos e
estáticos (ARAUJO, 2006). Vide comparação abaixo: 
Figura 4. Métodos construtivos de barragens de rejeito
 
 Fonte: Araújo, 2006. 
 A norma brasileira NBR-13028 (ABNT, 2017) não aconselha a utilização do
método a montante devido aos grandes riscos atribuídos a este tipo de barramento. 4
 
3. As causas do rompimento da barragem de Mariana 
 A construção da Barragem de Rejeitos de Fundão (BRF), em Mariana, Minas
Gerais é datada de 2007, entrando em operação no ano de 2008, e apenas 05 (cinco) meses
após sua inauguração começou a apresentar diversas irregularidades, culminando com o
rompimento ocorrido em 05/11/2015. Após o fato diversos órgãos estatais abriram
investigações, com o intuito de apurar o que de fato havia ocasionadoa tragédia.
 Conforme Laudo Pericial da Polícia Civil de Minas Gerais, o rompimento da
barragem se deu em razão da liquefação dos rejeitos arenosos que sustentavam as elevações
4 Esta norma especifica os requisitos mínimos para a elaboração e apresentação de projeto de barragens de
mineração, incluindo as barragens para disposição de rejeitos de beneficiamento, contenção de sedimentos
gerados por erosão e reservação de água em mineração, visando atender às condições de segurança,
operacionalidade, economicidade e desativação, minimizando os impactos ao meio ambiente. 
8
da barragem. 
 A liquefação ocorre quando a camada de areia depositada na área frontal da
barragem acaba por operar em sentido contrário à sua função, ou seja, ao invés de expelir a
água, ela a retém, transformando a areia em lama, deixando de filtrar os resíduos.
 O Ministério do Trabalho e da Previdência Social também investigou o
ocorrido em abril de 2016, sendo investigado minuciosamente vários pontos da barragem
como a estrutura, o funcionamento e a manutenção da mesma. Com a investigação, foi traçada
uma linha do tempo contendo diversos eventos anormais ocorridos no local durante o seu
funcionamento (BRASIL, 2016). 
 As anormalidades citadas na linha do tempo começam a ser datadas em abril
de 2009, com apenas 05 (cinco) meses de funcionamento da barragem. As investigações
apontaram sucessivos problemas de intensidades e gravidades variáveis na construção, entre
as quais estão: acúmulo de água, falha na drenagem, erosões, falhas em instrumentos de
monitoramento, entre outros fatores que são apontados como contribuintes diretos ao
rompimento da barragem. 
 Ao longo desse período, vários problemas foram identificados pela Samarco,
empresa dona da barragem, bem como por órgãos governamentais de fiscalização e empresas
de consultorias. Em razão disso, foram promovidas medidas corretivas que acabaram se
mostrando insuficientes e ineficientes na tentativa de se evitar a tragédia (LACAZ, 2016). 
O relatório apresentado pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social é
taxativo, afirmando que as urgências que ocorreram entre os anos de 2013 e 2015 e as grandes
trincas que surgiram no ano de 2014 na região demonstravam que a barragem apresentava
diversos problemas em relação à percolação de água na estrutura da construção, o que pode
estar associado às várias obras que ocorriam no local, com o trânsito constante de máquinas
pelos vários níveis da barragem e com as detonações que eram realizadas na mina localizada
próxima BRF, pode-se concluir que a liquefação foi o fenômeno responsável pelo rompimento
da barragem no dia 05/11/2015, ocasionando a ruptura total.
Vale ressaltar que o ocorrido foi um evento multicausal, ocasionado pela
interação de uma série de fatores de naturezas diversas, que vão desde a alteração de
premissas do projeto, desconsideração total de relatórios de auditorias que apontavam
irregularidades, até grandes falhas na construção, operação e manutenção do reservatório da
Barragem de Rejeitos do Fundão.
9
 Um fato, contudo, é inconteste, o de que a Mineradora Samarco S/A visou ao
lucro em detrimento à segurança da população, que foi ignorada, dando assim origem a uma
tragédia que destruiu o meio ambiente, as cidades e principalmente vidas. 
4. Legislação relativa a barragens de rejeitos no Brasil
Com o objetivo de melhorar a gestão da segurança das barragens em nível
nacional, o Governo Federal implantou a Política Nacional de Segurança de Barragem –
PNSB, através da Lei n° 12.334/2010, que é aplicada à acumulação de água para quaisquer
usos, não somente para as barragens de rejeitos, mas para toda disposição final ou temporária
de usos múltiplos, hidrelétrica e resíduos industriais, desde que enquadram ao definido no
artigo 1° dessa lei. 
Um dos grandes avanços da legislação foi definir as entidades responsáveis
pela regulação e fiscalização da segurança das barragens, para todas as possibilidades de uso.
Assim, ficou definido que para fins de disposição de rejeitos provenientes das usinas de
beneficiamento de minérios, a fiscalização caberia ao Departamento Nacional de Produção
Mineral – DNPM. 
No entanto, mesmo após a instituição da Política Nacional de Segurança de
Barragens aconteceram mais dois acidentes relevantes envolvendo barragens de rejeito, como
o ocorrido na Barragem “B1” da empresa Mineração Herculano Ltda., localizada em Itabirito/
MG no ano de 2014, e o ocorrido na Barragem Fundão, da empresa Mineração Samarco S/A.,
em novembro de 2015. Segundo Saldiva (2015), o acidente com a barragem do Fundão é a
maior tragédia ambiental de toda a história do Brasil.
De acordo com a classificação realizada pelo DNPM, através da Política
Nacional de Segurança de Barragens, a Barragem “B1” foi classificada no ano anterior à sua
ruptura como Classe E, ou seja, risco baixo e Dano Potencial Associado baixo. A Barragem
do Fundão estava classificada como Classe C, ou seja, categoria de risco baixo e dano
potencial associado alto. 
5. Legitimidade de ação e a responsabilização dos agentes
10
5.1 Legitimidade para propor a Ação Civil Pública
O caso do rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, no Estado
de Minas Gerais, é situação na qual se verifica necessária a análise da legitimidade para
propositura da ação, bem como a configuração da responsabilidade dos agentes, quais sejam,
o Estado, a Empresa Samarco e a Vale do Rio Doce, frente ao crime ambiental.
 No que concerne à legitimidade do Ministério Público da União e dos
Estados para impetrar Ação Civil Pública, esta encontra amparo no art. 129, inciso III, da
Constituição, visto que busca a defesa dos chamados interesses difusos/coletivos relativos
ao patrimônio público, ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico, paisagístico, da ordem econômica e da economia popular,
dentre outros (BRASIL, 1988). 
Essa ação insere-se no quadro de grande democratização do processo e
num contexto daquilo que, modernamente, vem sendo chamado de “teoria da
implementação”, atingindo, no Direito brasileiro, características peculiares e inovadores
(MILARÉ, 2016). 
Regulamentada pela Lei Federal nº 7.347/85, que em 1988 ganhou status
constitucional, a ACP foi reconhecida como função institucional do Ministério Público, sem
prejuízo da legitimação de terceiros, em razão da particular característica de proteção de
interesses transindividuais.
Assim, há um rol de legitimados para propositura da ação: 
Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: 
I - o Ministério Público; 
II - a Defensoria Pública; 
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; V - a
associação que, concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um)
ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a
proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à
ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou
religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
11
(BRASIL, 1988).
 Ademais, “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados” (BRASIL, 1988,
Art. 225 , § 3º ). Não obstante, conforme o §3º da Lei 9.605/98, “as pessoas jurídicas serão
responsabilizadas administrativa, civil e penalmente"
 Dessa forma, a seguir será destrinchada a responsabilizaçãode cada agente
frente ao desastre ocorrido em Mariana.
5.2 Da Responsabilidade Objetiva do Estado
Diante da realidade apresentada com a tragédia de Mariana, muito há que se
falar na responsabilização objetiva do Estado e dos danos causados frente à omissão deste, no
fatídico dia do rompimento da barragem do Fundão, em 05 de novembro de 2015. Tal
omissão por parte do Poder Público abre margem para que as pessoas afetadas direta e
indiretamente, bem como as vítimas sobreviventes, possam pleitear junto à Justiça seus
direitos. Ademais, quando se fala em responsabilidade objetiva, não há que se exigir prova da
culpa do agente público para que a pessoa tenha direito à indenização, pois a legislação
brasileira adota a teoria objetiva, também conhecida como teoria do risco integral.
 Para Milaré (2016) na “responsabilidade objetiva não há necessidade de
comprovação da intenção do agente, basta apenas a comprovação do dano causado”. Isso
quer dizer que, há necessidade apenas da demonstração do nexo de causalidade entre o dano
sofrido pela parte e a ação ou omissão das autoridades ou agentes públicos responsáveis.
Frisa-se que, quando se fala da ação do agente público, refere-se à conduta comissiva deste,
isto é, do ato comissivo praticado mediante ação natural, que cause por si só mudança no
cenário. Por outro lado, a omissão do agente destaca-se na ausência de ação quando ele tinha
o dever de exercê-la. 
No caso sob análise, a responsabilidade objetiva do Estado encontra amparo
legitimo, pois o mesmo não tomou nenhuma providência essencial, ou promoveu mudanças
nas fiscalizações das obras das barragens e da mineradora, o que causou a devastação de uma
parte significativa do meio ambiente, bem como, trouxe interferências na economia,
12
agricultura, pesca e turismo não somente da região de Mariana, mas também de regiões
próximas.
Sem contar que, as pessoas direta e indiretamente atingidas podem pleitear
pensão em relação ao período em que estejam impossibilitadas de trabalhar, sendo possível
ainda, em relação aos que eram dependentes das pessoas falecidas no desastre, proporem
judicialmente pedido de pensão mensal, calculada de acordo com os proventos que o falecido
tinha em vida. 
A responsabilização do Estado quanto ao dano moral sofrido pelos familiares
próximos as vítimas, relacionado ao sofrimento causado pela perda, tendo em vista as
circunstâncias geradas pelo evento danoso e o abalo psicológico causado aos sobreviventes,
também é passível de indenização.
 Deve-se levar em consideração o aspecto punitivo que as decisões judiciais
estabelecem mediante a omissão estatal, numa tentativa satisfativo-punitiva, em confortar
materialmente os familiares diante da perda de seu ente querido. Ressalta-se neste ponto, que
não se trata de dá uma quantia em dinheiro para satisfazer a perda afetiva, pois nada substitui
uma vida, mas sim de estabelecer uma espécie de punição ao infrator, neste caso, o Estado.
Outrossim, visando a responsabilidade objetiva do Estado pelos danos
causados às pessoas e seu patrimônio por ação ou omissão de seus agentes, preconiza o art.37,
§6º da CF/88 que: 
“§6º. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
O Estado deve ser compelido a indenizar e reparar os danos causados ao meio
ambiente e a terceiros afetados, mediante sua omissão, sendo importante o papel exercido
pelo Ministério Público da União e dos Estados, como órgãos legitimados para propor ação de
responsabilidade civil e criminal pelos danos causados ao meio ambiente, afinal, no caso de
Mariana, o que se busca é amenizar o fato ocorrido, por meio da reparação do dano ambiental
em face aos danos imediatos e futuros causados pelo desastre. 
13
No que se refere à responsabilização na esfera penal do agente público que
pratica ato ilícito contra o meio ambiente, quando não surtirem efeitos na esfera civil e
administrativa, conforme dispõe a Lei de Crimes Ambientais, a ação penal é pública
incondicionada. Para que haja a responsabilização administrativa, é necessária a abertura de
um processo administrativo, para a identificação do infrator, do fato constitutivo de infração e
do local. 
Além de prever a responsabilidade objetiva do Estado, a Constituição Federal
de 1988, estabelece como um de seus fundamentos, o respeito ao Princípio da Dignidade da
Pessoa Humana. Deste modo, todas as ações econômicas do Estado, devem ser voltadas a
assegurar a existência digna para as pessoas, tendo este princípio um papel fundamental na
responsabilização do Poder Público, como forma de punição aos seus agentes. 
Assim, diante da nítida omissão estatal frente ao caso de Mariana, o Estado
deveria não somente indenizar as vítimas, mas estas por via de regresso buscariam
concomitantemente ressarcimento junto à empresa Mineradora Samarco, assim como
assegura a Constituição Federal.
5.3. Responsabilidade da Empresa Samarco
A responsabilidade da Empresa Samarco frente ao desastre da barragem de
fundão em Mariana, é administrativa, civil e penal. Sobre a responsabilidade administrativa,
tanto a Samarco quantos os órgãos de fiscalização foram negligentes no caso. A Samarco por
ter conhecimento das falhas ou erros na barragem de Fundão antes da tragédia acontecer, e o
governo por ter autorizado o licenciamento à Samarco sem ver o projeto executivo da
barragem.
Ademais, a mineradora, foi multada pelo Ibama em R$ 250 milhões. Os
danos ao meio ambiente, decorrentes do rompimento da barragem de Fundão, da mina
Germano, resultaram até o momento em cinco autos de infração no valor de R$ 50 milhões
cada, o máximo previsto na Lei de Crimes Ambientais. A infração administrativa ambiental
advém de toda ação ou omissão que violem regras que promovam a recuperação ou proteção
do meio ambiente.
Noutro giro, as atividades de risco geram responsabilidade civil, sendo
14
exemplo de atividade risco, à mineração. A responsabilidade civil da mineradora é objetiva,
ou seja, não há a necessidade de comprovação da intenção do agente, basta apenas à
comprovação do nexo causal entre a conduta e o dano causado. 
Desse modo, àquele que causar dano a outrem tem a obrigação de repará-lo,
através de indenização, conforme o art. 927, par. único, do Código Civil Brasileiro, in verbis: 
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.
(BRASIL, 2002, Art. 927).
Sendo assim, a Samarco deve ressarcir os danos provocados pelas
atividades que exercia e que estavam sob o seu controle e interesse. Destaca-se que na
responsabilidade civil objetiva leva-se em consideração o dano sofrido pela vítima e a
situação de risco promovida pelo agente, conforme também estabelecido na Lei da Política
Nacional do Meio Ambiente (lei nº 6.938/81).
Ressalta-se que, as vítimas são partes legítimas para ajuizarem demandas
individuais, a fim de requerer indenização da mineradora, por danos patrimoniais e
extrapatrimoniais.
Já a responsabilidade penal é amparada pela Constituição Federal de 1988 e
pela Lei 9.605/98, onde as atividades lesivas ao meio ambiente geram sanções penais, que
poderão ser: a pena de multa, as restritivas de direito e prestação de serviço à comunidade.
Diferente da responsabilidadecivil objetiva, a responsabilidade penal e subjetiva.
No que se refere à responsabilização penal pelo dano ambiental ocasionada
pela Samarco, constata-se que a responsabilização pelos direitos violados não é apenas da
mineradora, mas, também, de suas controladoras e todos os envolvidos, como os responsáveis
por dirigir a empresa. 
O Ministério Público Federal à época ofereceu denúncia, responsabilizando
15
a mineradora por homicídio, lesão corporal, crimes de inundação e desabamento. Porém, no
ano de 2019 houve o trancamento da ação para os crimes de homicídio e lesão corporal, a
defesa alegou que as provas utilizadas eram ilegais. Desse modo, a Mineradora atualmente
responde pelos crimes ambientais (desabamento e inundação), processo ainda em trâmite.
Diante do exposto, observa-se que, que pessoas físicas e jurídicas
respondem por crimes ambientais, na esfera administrativa, civil e penal.
5.4 Responsabilização Civil Vale do Rio Doce
Com o advento da Revolução Industrial foi necessário ser visualizado no
campo do direito moderno a necessidade de obrigação coercitiva de reparação de todo e
qualquer dano ambiental causado por aquele que de tal medida obter proveito econômico, ou
seja, de quem criou o risco, devendo o degradador a indenização e reparação aos danos
independentemente da existência de culpa.
Fundamentada no artigo 14, parágrafo 1º da Lei 6.938/81 a teoria do risco
estabelece a responsabilidade objetiva por danos ambientais causados colocando em questão a
equidade geracional possuindo o ser humano ética solidária em relação a todas as formas de
vida. 
É importante frisar que, no âmbito dos danos ambientais, pode haver a
desconsideração da personalidade jurídica se a personalidade jurídica servir de obstáculo para
promoção da reparação integral dos danos causados.
Avaliando-se a postura da empresa Vale diante do caso Mariana não
podemos deixar de relembrar a Decisão do STJ em evento semelhante ocorrido em 2007 o
qual manteve o dever de indenizar mesmo tendo ocorrido evento ocasionado pela força da
natureza.
Presume-se portanto, que a Vale ao exercer atividade exploradora a qual
ocasiona o desgaste ambiental, independente de culpa não pode eximir-se de arcar com as
consequências dos danos resultantes de suas atividades, sejam eles cíveis ou criminais.
Por outro lado, importante mencionar jurisprudência no sentido contrário,
que foi reconhecida a ilegitimidade da Vale S/A para figurar no polo passivo da demanda: 
16
CARLOS SIMÕES FONSECA EMENTA APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO
INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS TRAGÉDIA DE MARIANA VALE S/
A ILEGITIMIDADE PASSIVA DANOS AO MEIO AMBIENTE ILEGITIMIDADE
ATIVA DO AUTOR PREJUIZO DE NATUREZA TRANSINDIVIDUAL
SUSPENSÃO NO FORNECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL MENOR DANOS
MORAIS OCORRÊNCIA RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. A VALE S/
A não possui legitimidade para figurar no polo passivo de demandas indenizatórias
decorrentes da tragédia de Mariana/MG, cuja responsabilidade se imputa à
SAMARCO S/A, uma vez que, no sistema jurídico pátrio, as criadoras de uma joint
venture não possuem responsabilidade solidária por danos, ainda que de natureza
ambiental, ocasionados por esta última. Precedentes. 2. Tratando-se de danos
ambientais, bens de natureza transindividual, o particular não tem legitimidade para
pleitear sua indenização em juízo, eis que não possui representativa para tanto.
Ilegitimidade do autor, neste ponto, reconhecida. Precedentes. 3. A ocorrência
de tragédia ambiental que culminou com a suspensão no fornecimento de água para
toda uma região e por longo período de tempo acarreta danos morais indenizáveis
em favor dos residentes atingidos, mormente quando ostentem a condição de
incapazes. Precedentes. 4. Montante indenizatório fixado em R$ 1.000,00 (mil
reais), em consonância com precedentes deste e. Tribunal de Justiça para casos
específicos. 5. Recurso parcialmente provido. 6. Condenação honorária
redimensionada. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, ACORDA a
Colenda Segunda Câmara Cível, na conformidade da ata e notas taquigráficas da
sessão, por maioria de votos, DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, nos
termos do voto do relator. Vitória (ES), 09 de julho de 2019. DES. PRESIDENTE
DES. RELATOR 
(TJ-ES-APL-0001181052017808014, Relator: CARLOS SIMÕES FONSECA, Data
do Julgamento:09/07/2019, SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Data da Publicação:
22/07/2019. 
5.5. Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR) relacionados ao Caso
Mariana - IRDR nº 1.0273.16.000131-2/001 - TJ/MG
A Segunda Seção Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG),
presidida pelo 1º vice-presidente do TJMG, desembargador Afrânio Vilela, julgou nesta
quinta-feira (24/10) o IRDR nº 1.0273.16.000131-2/001. 
A primeira tese firmada é a de que toda pessoa que alegar que à época dos
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fatos se encontrava em localidade abastecida pela captação de água do Rio Doce é parte
legítima para interpor uma ação requerendo indenização.
Para comprovar a condição de vítima do dano, a segunda tese estabelece que
as partes deverão comprovar a sua legitimidade apresentando contas de água, de luz, de
telefone fixo ou móvel, fatura de cartão de crédito, correspondência bancária, entre outros
documentos que comprovem a residência na região atingida. Essa documentação precisa ter
sido emitida entre novembro e dezembro de 2015.
A terceira tese diz que apenas a dúvida subjetiva sobre a qualidade da água e
sobre a sua aptidão para o consumo não caracteriza o dano moral. Segundo entendimento dos
desembargadores da 2ª Seção Cível, para que se configure o dano moral – em razão da
suspensão do fornecimento de água ou da distribuição de água contaminada –, é necessário
que seja produzida prova técnica no processo judicial ou que a prova seja emprestada de outro
processo que trate da aferição da qualidade da água.
A quarta tese refere-se aos critérios de extensão dos danos. Deve ser
avaliado, por exemplo, se as alegações apresentadas nos autos são genéricas ou se detalham
particularidades do caso.
Por fim, a última tese definiu o valor da indenização, que foi fixado em R$ 2
mil para as ações em que o pedido se baseia em alegações genéricas,
referentes exclusivamente à interrupção do fornecimento da água.
6. Histórico do Processo
 De acordo com dados fornecidos pelo Ministério Público de Minas Gerais
(MPMG)5, em 06/11/2015, por meio do Núcleo de Resolução de Conflitos Ambientais
(Nucam) e do Núcleo de Combate a Crimes Ambientais. inicialmente houve instauração de
um Inquérito Civil para apurar as causas, as consequências e os responsáveis pelo
rompimento da barragem da empresa Samarco, no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana,
região central de Minas Gerais. 
O referido procedimento culminou no ajuizamento da Ação Civil Pública nº
0400.15.004335-6, pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), distribuída para a 2ª
Vara da Comarca de Mariana. 
5 Ministério Público do Estado de Minas Gerais. Histórico de notícias sobre o desastre de Mariana. Disponível
em: <https://www.mpmg.mp.br/comunicacao/noticias/historico-de-noticias-sobre-o-desastre-de- 
mariana.htm>. Acesso em 29 de agosto de 2020. 
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 Inicialmente, em 11/11/2015 foi expedida a liminar que determinou que a
mineradora custeasse medidas de emergência a fim de garantir abastecimento de água em
Governador Valadares. 
Após a instauração do Inquérito, num histórico processual, até a presente data
destacamos as seguintes movimentações importantes para a compreensão do caso: 
 Em 16 de novembro de 2015, o MPMG e MPF assinaram um Termo de
Compromisso Preliminar com a Samarco, garantindo um montante mínimo de R$ 1 bilhão
para tutela ambiental emergencial. Bem como, foi expedida uma Liminar determinando quea
mineradora custeasse medidas de emergência para garantir o abastecimento de água em
Galileia, no Vale do Rio Doce. Na mesma data, também foi expedida uma liminar
determinando a indisponibilidade de R$ 300 milhões da Samarco para resguardar direito de
indenização de vítimas de desastre em Mariana.
 Em 19 de novembro 2015, o MPMG apresentou o diagnóstico preliminar de
danos ao patrimônio cultural decorrente do rompimento da barragem de Fundão. Quatro dias
depois, o MPMG pediu providências em relação às buscas por pessoas desaparecidas no
desastre de Mariana.
 Ainda no mesmo mês, o MPMG ingressa com o pedido judicial para que a
Samarco entregue água mineral diretamente nas residências de Governador Valadares e
expede recomendação para que a Samarco adote medidas emergenciais de assistência às
vítimas diretas do rompimento das barragens em Mariana.
 Na data de 27 de novembro 2015, foi noticiado que até a data de 02 de
dezembro de 2015, a Samarco pagaria parte do valor acordado em TCP. Assim, o MPMG
divulgou resultados de análises laboratoriais da qualidade da água no rio Doce. No dia
seguinte, a Justiça Estadual acata pedido do MPMG e do Estado de Minas Gerais para
garantir segurança das estruturas remanescentes do complexo de barragens da Samarco.
 Já em Dezembro 2015, o MPMG firma Termo de Compromisso com a
Samarco para proteger e evitar maiores danos aos bens culturais remanescentes em distritos
de Mariana, assim como, o MPMG apresenta parecer científico sobre laudos de análise da
água do rio Doce tendo como recomendando que em 04/12/2015 ocorresse monitoramento da
qualidade da água tratada em Governador Valadares.
 Dentro do mesmo mês, o MPMG propõe ação contra mineradoras para
garantir direitos das vítimas afetadas pelo rompimento da barragem de Fundão. Na data de
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14/12/2015, a Samarco assina TAC relativo ao abastecimento de água em Galileia, no mesmo
momento, o MPMG promove encontro de famílias atingidas pelo rompimento da barragem de
Fundão com membros do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU.
 Para o dia 16/12/2015, foi marcada pela Justiça uma audiência de conciliação
com MPMG, mineradoras e representantes dos atingidos pelo rompimento de barragem em
Mariana.
 Consoante, a Samarco assume compromisso de resgatar e cuidar de animais
atingidos pela lama, tendo até o final de janeiro de 2016 para cumprir acordo parcial que
garante direitos dos atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão. Sendo que em
15/01/2016, o MPMG pediu aumento do valor da multa diária por atraso na entrega de plano
de emergencial, pela mineradora;
 Já em janeiro de 2016, um Acordo garante a indenização dos familiares de
pessoas falecidas no desastre de Mariana e o MPMG apresenta um novo diagnóstico dos
danos ao patrimônio cultural decorrentes do rompimento da barragem de Fundão. E os
proprietários de imóveis atingidos por rompimento de barragem têm parte da indenização
antecipada
 Em fevereiro do mesmo ano, a ação judicial requer ressarcimento de danos às
vítimas do rompimento da barragem de Fundão da comarca de Ponte Nova, o MPMG
recorreu da decisão que remeteu Ação Civil Pública contra a Samarco para a Justiça Federal.
Na quinzena do mês, o MPMG pede reconsideração de decisão que suspendeu ações
referentes ao abastecimento de água em Governador Valadares.
 No mês de março, a Justiça acata pedido do MPMG e determina bloqueio de
R$ 500 milhões da Samarco, Vale e BHP Billiton. Em consequência, o MPMG e MPF
requerem remessa de inquérito referente ao desastre de Mariana para a Justiça Federal e
manifestam cautela quanto a acordo assinado entre governos e Samarco.
 Desta forma, a equipe do MPMG avalia o terreno indicado para receber a
comunidade de Bento Rodrigues. No dia 14/03/2016, foi assinado o Termo de Compromisso
definindo a distribuição de doações em dinheiro às vítimas do desastre de Mariana. A vista
disso, a PGJ conclui pela remessa à Justiça Federal de Inquérito Policial sobre rompimento da
barragem de Fundão. 
 Em 06/04/2016, o MPMG recomenda que a pesca nos afluentes do Rio Doce
seja suspensa, na mesma data a Justiça determina que a Samarco adote medidas emergenciais
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para conter vazamento de lama.
 Em maio de 2016, o MPMG denuncia a Samarco Mineração e 14 funcionários
da empresa por crime ambiental e em entrevista coletiva, promotores de Justiça afirmam que,
após seis meses do rompimento da barragem de Fundão, pouco foi feito para reparar os danos,
em virtude disto, o Ministério Público requereu a suspensão judicial das licenças ambientais
da Samarco, recomendando em 25/05/2016 ao órgão ambiental estadual que não autorizasse a
retomada da operação da mineradora.
 Em junho de 2016, o TJMG julgou a competência de processos relacionados
ao rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, bem como, apresentou o relatório em
que se constatava que a barragem de Fundão não teria rompido com a drenagem adequada.
Nesse interim, foi criado um Projeto de lei para garantir a segurança de
barragens em Minas Gerais, alcançando mais de 50 mil assinaturas.
Em julho de 2016, o MPMG recomendou a aprovação prévia de medidas para
o controle da situação decorrente do rompimento da barragem de Fundão, pedindo urgência
na tramitação de projeto de lei que alterasse normas de fiscalização de barragens de
mineração em Minas.
 Agosto de 2016 foi divulgado pelo MPMG novas informações sobre a
qualidade da água em Governador Valadares. Um acordo acaba garantindo acesso dos
atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão ao terreno de Bento Rodrigues, em atitude
de descaso, a Samarco descumpre acordo e o MPMG entra com ação na Justiça. Mais um
acordo garante transporte a funcionários de escola municipal de Bento Rodrigues e ainda no
mês de agosto, a Justiça estadual determina suspensão das licenças ambientais da Samarco, o
MPMG acaba ajuizando ação para garantir recursos à prestação de serviços públicos.
 Em Setembro de 2016, a Samarco, Vale e BHP assinam acordo com MPMG
para indenizar atingidos pela lama de Fundão, tal como, o Estado acata recomendação do
MPMG e convoca a Samarco para licenciamento integral, por fim, o MPMG e MPT ajuízam
ação contra a Samarco, Vale e BHP para garantir emprego de trabalhadores.
 Após ação do Ministério Público, a Samarco inicia remoção de rejeitos em
Bento Rodrigues, em outubro de 2016. Em audiência analisa-se a situação de 31 atingidos por
desastre em Mariana. E o MPMG conclui trabalho de conciliação e a Samarco reconhece
direitos de mais 15 pessoas atingidas pelo rompimento de Fundão.
 No fim do mês de outubro, o MPMG pede condenação da Samarco, Vale e
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BHP por danos provocados a cavidades naturais subterrâneas em Mariana.
 Em novembro de 2016, MPMG pediu à Justiça que a Samarco, Vale e BHP
fossem obrigadas a retirar rejeitos depositados na região de Ponte Nova, por isto, o MPMG
ajuíza ação para proibir o Estado de licenciar barragens de mineração com “tecnologia
assassina”. Em decorrência, a Justiça concedeu uma liminar para afastar cláusulas abusivas
em acordos de indenização dos atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão em
Governador Valadares.
 Em 05/12/2016, Samarco, Vale e BHP são acionadas na Justiça para retirarem
rejeitos da barragem de Fundão acumulados em Mariana.
 Em março de 2017, a Justiça homologou o acordo que permitiu a contratação
de empresas para realização de diagnósticos no caso do desastre socioambiental de Mariana.
No dia 30/03/2017, o MPMG obteve a liminar a fim de garantir indenização antecipada a
famílias atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, em 05/06/2017, é fechado acordo
que prevê assessoria técnica aos atingidos de Barra Longa.
 No dia 13/06/2017 o MPMG e a Samarco assinam acordopara garantir
segurança das estruturas do Complexo Germano, em Mariana.
 Em julho de 2017, foi firmado um acordo entre MPMG e Detran cancelando
a cobrança de IPVA, dando baixa nos veículos atingidos pelo desastre da barragem de
Fundão, em Mariana. Em agosto do mesmo ano, o MPMG cobra na Justiça que Samarco, Vale
e BHP cumpram acordos que garantiam auxílios aos atingidos pelo desastre de Fundão.
 No mês de outubro de 2017, em audiência, o MPMG cobra direitos de
atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão. Em outro momento, em audiência de
conciliação, a Samarco se compromete a adiantar indenizações a vítimas do rompimento da
barragem de Fundão e quase no fim do mês, o MPMG e Samarco assinam Termo de Ajuste
Judicial que prevê realização de auditoria na Usina Risoleta Neves, no dia seguinte, uma
liminar suspendeu a concessão de licença ambiental.
 Em novembro de 2017, MPMG e MPF firmam mais um acordo com
Samarco, Vale e BHP dando conta da assessoria a atingidos pelo rompimento da barragem de
Fundão. No mesmo mês, a pedido do MPMG, Justiça mantém bloqueio de recursos da
Samarco para atender vítimas de Mariana.
 Em dezembro de 2017, uma decisão da Justiça de Mariana garante direitos de
atingidos pelo desastre da Samarco.
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 Fevereiro de 2018, a Justiça homologou diretrizes para o reassentamento dos
atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, no mês seguinte, o TJMG
mantem a decisão que bloqueou R$ 300 milhões da Samarco para a indenização das vítimas
da barragem de Fundão.
 Em maio de 2018, Justiça deferiu o pedido do MPMG e determinando
liberação de recursos para conclusão do cadastramento dos atingidos por desastre em
Mariana. Em agosto de 2018, a Nova Bento Rodrigues começou a ser construída, em
Mariana.
 Em 28/09/2018, o MPMG e a Samarco assinam Termo de Compromisso que
prevê a realização de auditoria técnica independente na Cava Alegria Sul, sendo que em
03/10/2018, o MPMG finalizou o acordo para indenização dos atingidos pelo desastre de
Mariana.
No ano de 2019 a Justiça determinou que a Samarco voltasse a pagar
indenização integral aos atingidos pela barragem em Mariana. Em setembro deste ano um
acordo prevê auditoria técnica independente para acompanhar possível retomada das
atividades da Samarco em Mariana.
 Por fim, no dia 12/02/2020, uma decisão mantém obrigação da Samarco de
custear trabalho de precificação dos danos sofridos pelos atingidos em Mariana.
7. O caso Mariana perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos (OEA)
No dia 08 de junho de 2016, foi realizada, no Chile, uma audiência perante a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos para tratar de violações de direitos humanos
decorrentes da exploração mineraria no Brasil. 
Na oportunidade, houve solicitação pelo Ministério Público de Minas Gerais
à CIDH que emitisse recomendações ao Estado brasileiro, especialmente quanto à criação de
uma lei específica sobre direitos dos atingidos por desastres. 
Destaca-se importante trecho da apresentação feita na ocasião: 
Boa tarde aos membros da Comissão, 
Meu nome é Guilherme de Sá Meneghin, sou Promotor de Justiça, do Ministério
Público de Minas Gerais, exercendo o cargo na Comarca de Mariana, cidade onde
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ocorreu o maior desastre tecnológico da história do Brasil, no dia 05 de novembro
de 2015. Em razão do histórico de violações de direitos humanos, provocado pela
omissão do estado brasileiro quanto à atividade mineraria no país e relatados nessa
audiência, consideramos essencial tomar providências para regularizar a mineração
e os desastres tecnológicos decorrentes. Quanto à mineração, requeremos que seja
recomendado ao Brasil que priorize os direitos humanos, por meio das seguintes
medidas: Alterar a lei para exigir estudos de impacto sobre os direitos humanos
como condição para aprovação de empreendimentos mineradores; Fomentar e
permitir a participação popular, especialmente das comunidades afetadas, na
elaboração do marco legal da mineração que está tramitando no Congresso
Nacional; Alterar a lei para vincular os tributos arrecadados com a mineração às
políticas de saúde, educação e diversificação econômica; Realizar a fiscalização
efetiva das barragens e dos empreendimentos minerários, com funcionários
capacitados e em número suficiente; Concernente aos desastres tecnológicos
originados da mineração, requeremos que se recomende ao Brasil que crie uma lei
para regulamentar os direitos e deveres nesses eventos catastróficos, mediante os
seguintes preceitos: Conceito abrangente de atingido/vítima do evento, de maneira
que o Poder Público assuma a tarefa de identificar os atingidos/vítimas, proibindo
expressamente as empresas de dizer quem é ou quem não é digno de reparação;
Definir claramente as competências dos órgãos do Poder Judiciários para conhecer
das causas decorrentes dos desastres tecnológicos, posto que, após o evento do dia
05 de novembro 2015, as providencias judiciais requeridas pelo Ministério Público
estão paralisadas aguardando uma definição sobre a competência jurisdicional;
Alteração da lei trabalhista para garantir a estabilidade no emprego dos
trabalhadores, enquanto durarem os efeitos do desastre; Garantia legal de
participação das vítimas dos desastres nas decisões sobre seus direitos, por meio de
voto direto, de comissões e poderes próprios. Recomenda-se, ainda, à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos que instaure processo perante a Corte
Interamericana de Direitos Humanos, para apurar as violações de direitos humanos
relatadas nessa audiência, especialmente em relação ao desastre tecnológico do dia
05 de novembro de 2015 e que realize uma audiência para coletar os testemunhos
das vítimas em Mariana/MG. 
Santiago do Chile, 08 de junho de 2016. 
Guilherme de Sá Meneghin 
Promotor de Justiça 
Mais recentemente, no ano de 2019, entidades e movimentos populares
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ingressaram com novo caso perante a Comissão e Corte Interamericana de Direitos Humanos
(OEA), pedindo a condenação do Estado Brasileiro pelas violações de direitos humanos
cometidas ao longo da Bacia do Rio Doce, através do Sistema Interamericano de Direitos
Humanos (OEA). 
A petição pugna pela condenação do Brasil por falha sistemática na
fiscalização e reparação aos atingidos, a fim de haja condenação pelas violações ao direito à
vida, às garantias processuais e à proteção judicial, à liberdade de associação, ao direito à
propriedade privada e coletiva, à igualdade perante a lei e ao direito a uma vida digna,
segundo o disposto na Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
 A ação foi proposta por um conjunto de entidades: Centro de Direitos
Humanos e Empresas (HOMA-UFJF), FIAN Brasil, Grupo de Estudos e Pesquisas
Socioambientais (GEPSA), Justiça Global, Movimento dos Atingidos e Atingidas por
Barragens (MAB), e Núcleo de Direitos Humanos da Universidade Federal de Ouro Preto
(UFOP), as quais pediram a condenação do Estado Brasileiro em medidas de não repetição,
em medidas reparatórias direcionadas à população atingida pelo rompimento da barragem de
Fundão e também ao meio ambiente. Passados quatro anos desde o desastre, poucas medidas
de reparação foram efetivamente tomadas para reparar os direitos violados da população que
habita a bacia do Rio Doce. 
O rompimento de uma nova barragem de rejeitos da Vale, em Brumadinho,
também demonstra de maneira evidente que o Estado Brasileiro tem falhado no seu dever de
fiscalização.
Para as entidades, o ingresso deste caso perante o Sistema Interamericano
também se relaciona com o desmonte da política ambiental brasileira e seus órgãos de
proteção. 
8. Realidade Atual em Mariana/ MG.
 Já decorreramaproximadamente 05 anos do rompimento da barragem em
Mariana, a qual ocasionou a morte de 19 pessoas, devastando a fauna e flora por onde os
rejeitos de minério passaram, o acidente foi tão complexo que teve início no Estado de Minas
Gerais e chegou até o litoral do Espírito Santo, os danos ainda persistem e continuaram por
muitos anos, as análises de especialista afirmam que serão necessários 100 anos até a natureza
finalmente eliminar os rejeitos do oceano.
Esta tragédia já contaminou 392 KM² de área marinha, 680 KM de rios e
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córregos foram atingidos, dentre eles o Rio Doce, destruindo uma enorme quantidade de vida
animal, só de peixes foram 11 toneladas que morreram em apenas um mês nos Estados de
Minas Gerais e Espírito Santo, prejudicando todo o ecossistema e acabando com o sustento de
quem dependia destas águas para sobreviver. 
O rompimento da barragem liberou 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos
de mineração, o que equivale a 25 mil piscinas olímpicas, estando entre os conteúdos o óxido
de ferro, água e lama, ocasionando 2.600% de aumento na concentração do metal manganês
na água do Rio Doce e o aumento de 400% do semimetal arsênio, ambos altamente poluentes,
sendo tóxicos e pesados.
A lama que inundou as áreas impedirá o desenvolvimento de muitas
espécies vegetais por longos anos, uma vez que é pobre em matéria orgânica, o que tornará a
região infértil, além da composição dos rejeitos, que acabou por destruir a química do solo.
 As empresas Vale, Samarco e BHP, responsáveis pelo desastre estão reparando
os danos materiais, indenizando famílias e reconstruindo as casas em outros locais e já
desembolsaram bilhões através da fundação Renova, a qual administra os recursos para
“reparação e compensação” na bacia do Rio Doce e seus afluentes.
O total foram 1200 hectares de mata destruídos, sendo que 66% eram
consideradas áreas de preservação, menciona-se assim, a necessidade em realizar o
reflorestamento das áreas afetadas, para permitir a regeneração do meio.
 Moradores e especialistas afirmam que o rio mudou, anteriormente o fundo era
de areia, hoje em seu fundo contém lama, a água para o consumo só é segura se tratada devido
aos metais presentes após o desastre. 
 Sobre as indenizações cabíveis aos afetados, das 825 famílias registradas na
Fundação Renova, apenas 151destas (até dezembro de 2018) foram indenizadas, segundo o
procurador Guilherme Meneghin6.
 O valor pago pela Fundação Renova7 em indenização e auxílio financeiro
emergencial aos atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão Chegou a R$ 2,5 bilhões
em maio de 2020, e cerca de 321 mil pessoas em toda região impactada, em Minas Gerais e
no Espírito Santo, receberam indenização por danos materiais e morais e lucros cessantes,
6 ESTADO DE MINAS. Quatro anos após desastre de Mariana, cidades fantasmas emergem da lama. 
Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2019/11/02/interna_gerais,1097978/quatro-anos-
apos-desastre-de-mariana-cidades-fantasmas-emergem-da-la.shtml. Acesso em: 31 de ago. 2020.
7 AGÊNCIA BRASIL. Justiça define indenização para atingidos por desastre em Mariana. Disponível 
em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2020-07/justica-define-indenizacao-para-atingidos-por-
desastre-em-mariana. Acesso em: 31 de ago. 2020
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além do pagamento de auxílio financeiro emergencial.
A Fundação Renova atua também na revitalização ambiental da área
atingida, sendo um dos projetos o de renaturalização do rio Gualaxo do Norte, um dos
principais afluentes do rio Doce.
Para ajudar a frear o curso da água, estão sendo colocados troncos de
árvores nas margens do rio, criando remansos que permitam o reaparecimento da vida do rio,
para o desenvolvimento do ecossistema local e já há uma ação positivo nas observações
iniciais. No entanto, em grande parte do caminho da lama, há danos irreparáveis e
imensuráveis.
Por fim, os estudos realizados sobre a catástrofe, constataram que esta
poderia ter sido evitada, visto que os problemas já haviam sido detectados desde o ano de
2009, 06 anos antes do ocorrido.
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9. Conclusão
A maior tragédia ambiental da história do Brasil não se iniciou no 05 de
novembro de 2015, mas sim foi delineada em momento bem anterior, por uma série de
fatores: legislação obsoleta, fiscalização falha e o absoluto descaso da Samarco com o meio
ambiente e com as vidas humanas. 
A onde de lama e rejeitos da barragem do Fundão iniciou-se em Bento
Rodrigues, percorrendo uma trajetória até o mar do Espírito Santo, e pelo caminho deixou um
rastro de destruição jamais visto: vidas humanas perdidas, soterramento de nascentes de rios,
contaminação de rios e lençóis freáticos, abalo na fauna e na flora, destruição de florestas
inteiras que estavam situadas em Áreas de Preservação Permanente (APP), causando
prejuízos sociais, ambientais e econômicos que afetaram e ainda afetam populações interiras
do entorno do acidente.
 A contaminação da bacia hidrográfica do Rio Doce deixou a água turva,
imprópria para o consumo tanto humano quanto de animais, afetando diretamente a
agropecuária e a piscicultura, prejudicando a já cambaleante economia local. No setor de
serviços, inúmeras localidades que dependiam do turismo foram prejudicadas. 
Logo após o acidente, diversas linhas de investigação foram seguidas,
objetivando identificar os responsáveis, as causas e as consequências da tragédia, porém
devido à complexidade e a amplitude do desastre, nenhuma delas será capaz de mensurar as
perdas sofridas pelo rompimento da barragem de Mariana, o maior acidente ambiental na
história do Brasil. 
Segundo os especialistas do setor de mineração, a liquefação, fenômeno
pelo qual a pressão no interior da barragem é abruptamente alterada, fazendo com que a areia
torne-se lama e deixe de filtrar a água, foi a causa para o rompimento do dique.
Por fim, é possível concluir, diante dos fatos expostos neste estudo, que a
tragédia de Mariana poderia ter sido evitada caso já tivessem sido implementadas as
mudanças na legislação e na forma das concessões de licenças às empresas mineradoras, isso
aliado a uma fiscalização regular e efetiva por parte dos órgãos governamentais competentes,
compondo tais fatos medidas urgentes e preventivas para que o desastre não se repita em
outras partes do Brasil. 
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10. Referências bibliográficas
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apresentação de projeto de barragens para disposição de rejeitos, contenção de
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Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2020-07/justica-
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