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Universidade Iguaçu – campus V Curso: Direito/ Período: 1°/ Turma: 102 Noite Disciplina: Ciência Política e Teoria do Estado Profa. Dra. Taís de Cássia Badaró Alves Discente: Thays Vitoria da Silva Santos Fichamento MAQUIAVEL. O Príncipe. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1997. Capítulo II “Digo, então, que, nos estados hereditários, e ligados ao sangue de seu príncipe, são bem menores as dificuldades de mantê-los que os novos, porque basta somente não preterir a ordem de seus ancestrais e, depois, contemporizar com as situações acidentais; de modo que, se tal príncipe for de inteligência comum, sempre se manterá no seu estado, a não ser que haja força extraordinária e excessiva, que o prive deste; e, mesmo que seja privado deste, por pior que seja o ocupante, pode readquiri-lo.” (p. 22) “[...] o príncipe herdeiro tem menores causas e menores necessidades de causar mal; daí provém que seja mais amado; e, se defeitos extraordinários não o tornam odiado, razoável é que naturalmente seja benquisto por sua gente.” (p. 23) Capítulo III “Primeiro, se não for tudo novo, mas sim membro acrescentado a um estado hereditário (que se pode chamar de quase misto), as variações nascem, em primeiro lugar, de uma dificuldade natural, comum aos principados novos; a saber, que os homens mudam, de boa vontade, de senhor, acreditando melhorar; e esta crença os faz tomar armas contra o atual; no que se enganam, ao perceberem, por experiência, terem piorado.” (p. 24) “Por aí se nota que os homens devem ser mimados ou exterminados; porque, se se vingam das ofensas leves, das graves não o podem; assim, a ofensa a um homem deve ser tal qual que não se tema a vingança.” (p. 28) Capítulo VI “Digo, pois, que nos principados totalmente novos, onde reine um novo príncipe, se encontra, para mantê-lo, certa dificuldade, conforme seja mais ou menos habilidoso aquele que os conquista e porque o fato de um particular tornar-se príncipe pressupõe habilidade ou sorte e para que uma ou outra destas duas coisas diminua, em parte, muitas dificuldades; entretanto, aquele que tem tido menos sorte, se mantém por mais tempo.” (p. 45) Capítulo VII “Aqueles que somente por sorte se tornam, de particulares, príncipes, conseguem- no com pouco esforço, mas se mantêm com muito; e não encontram nenhuma dificuldade no caminho, porque voam, mas as dificuldades surgem ao chegarem.” (p. 49) Capítulo VIII “Chamam-se bem usadas (se do mal é lícito falar bem) as crueldades que se fazem de uma só vez pela necessidade de prover a própria segurança, e depois não são colocadas de lado, mas se convertem em mais vantagens para os súditos. Mal usadas, as crueldades que, embora, a princípio, sejam poucas, não se extinguem, mas crescem com o tempo. Os que observam o primeiro modo, podem, com Deus e com os homens, ter a seu dispor, qualquer remédio, como sucedeu a Agástocles; aos outros, é impossível manter-se.” (p. 66) Capítulo IX “Aquele que atinge o principado com a ajuda dos poderosos consegue manter-se com mais dificuldade do que aquele que sobe com o auxílio do povo, porque se encontra príncipe com muitos ao redor, que lhe parecem iguais, e, por isso, não os pode comandar nem manejar a seu modo, mas, ao contrário, aquele que chega ao principado com o favor popular, acha-se só, e tem em torno de si ou nenhum ou pouquíssimos que não estão preparados para obedecê-lo.” (p. 69) “Deve, portanto, quem se torna príncipe, mediante apoio do povo, mantê-lo amigo, o que é fácil, porque o povo quer apenas não ser oprimido. Aquele que, entretanto, se torna príncipe, com apoio dos poderosos, deve procurar, antes de tudo, conquistar o povo; o que é fácil, quando lhe consegue a proteção. E por que os homens recebem o bem dos que acreditavam receber o mal, obrigam-se mais com o benfeitor e o povo se torna rapidamente mais benévolo do que se tivesse sido levado ao principado por favores dele.” (p. 71) Capítulo XIV “Deve, então, o príncipe não ter outro objetivo, nem outro pensamento, nem exercer nenhuma outra atividade, a não ser a guerra, suas leis e disciplinas, porque essa é a única arte que se espera de quem governa. E ela é de tal poder, que não só mantém os que nascem príncipes, como muitas vezes eleva os particulares àquele cargo; e, ao contrário, vê-se que quando os príncipes pensaram mais nas boas maneiras do que nos exércitos, perderam o cargo. E a primeira causa que te faz perder aquele é negligenciar esta arte e o que te faz adquiri-la é professa-la.” (p. 94) Capítulo XV “Sendo, porém, minha intenção, escrever algo útil para quem o entenda, pareceu-me mais conveniente ir direto à verdade real da coisa, do que usar a imaginação. E muitos imaginaram repúblicas e principados, que jamais foram vistos ou conhecidos como verdadeiros; pois é tão distante o modo como se vive, do modo como se deveria viver, que quem deixa que se faça o que se deveria fazer, contribui mais à ruína que à sua preservação, pois o homem que deseja fazer, em toda parte, profissão de bondade, arruína-se em meio a tantos que não são bons. É necessário a um príncipe, que pretenda manter-se, aprender a não ser bom, usando ou não usando isso, segundo a necessidade.” (p. 98, 99) Capítulo XVII “Portanto, o príncipe não deve importar-se com a fama de cruel, para manter seus súditos unidos e confiantes, pois, com pouquíssimos exemplos, será mais piedoso que aqueles que, por piedade demais, deixarem acontecer as desordens, das quais surgem morte e rapina; estes prejudicam uma comunidade inteira e as execuções, ordenadas pelo príncipe, prejudicam um só particular. E dentre todos os príncipes, ao novo é impossível fugir à pecha de cruel; por estarem os estados novos repletos de perigos.” (p. 106) “[...] deve o príncipe ser cauteloso ao acreditar e agir, nem deverá ter medo de si mesmo e proceder equilibradamente, com prudência e humanidade, para que a confiança demasiada não o torne incauto e a desconfiança excessiva não o torne intolerante.” (p. 106) “[...] é muito mais seguro ser temido que amado, quando se pode falhar em uma ou em outra, porque dos homens se pode dizer que, geralmente, são ingratos, volúveis, simulados e dissimulados, covardes e gananciosos de ganhos e, enquanto lhes fizeres benefícios, estão todos de teu lado, oferecendo-te o sangue, os bens, a vida, os filhos, como acima se disse, quando a necessidade é dispensável. Quando, porém, a necessidade se avizinha, dirigem-se para outro lugar.” (p. 107) “E os homens têm menos respeito aos que se fazem amar do que aos que se fazem temidos, porque o amor é conservado por um vínculo de obrigação, o qual se rompe por serem os homens maldosos, em todo momento que quiserem, ao passo que o temor é alimentado pelo medo do castigo que nunca te abandona.” (p. 107) “Deve, entretanto, o príncipe fazer-se temer de modo que, se não conquista o amor, afugente o ódio, porque pode muito bem, ao mesmo tempo, ser temido, e não odiado, [...]” (p. 107) Capítulo XVIII “Sendo, pois, o príncipe obrigado a bem utilizar-se do animal, deverá dele extrair as qualidades da raposa e do leão, porque o leão sabe defender-se das armadilhas e a raposa não sabe defender-se dos lobos, precisando, pois, ser raposa para conhecer as armadilhas e leão para afugentar os lobos. Ignoram a arte de governar aqueles que são simplesmente leões. Não pode, assim, o príncipe prudente, nem deve, cumprir a palavra dada, quando esse cumprimento o prejudique ou quando desaparecerem os motivos que o fizeram prometer. [...] Mas é necessário saber dissimular bem esta qualidade, sendo um grande simulador e dissimulador; e os homens são tão ingênuos e obedecem tanto às necessidades presentes, que aquele que engana encontrará sempre quem se deixe enganar.” (p. 112, 113) “Deve, então, o príncipe, ter o maior cuidado e não deixar escapar da boca, jamais,palavras que não estejam imbuídas das cinco qualidades acima mencionadas, mas deve dar a impressão, a quem o contempla e o ouve, que é todo piedade, fé, integridade, humanidade e religião.” (p. 114) “Nas ações de todos os homens, principalmente na dos príncipes, onde não existe tribunal ao qual recorrer, importa o fim. Trate, pois, o príncipe, de vender e conservar o poder; os meios serão sempre julgados honrosos e louvados por todos, porque o vulgo sempre se deixa levar pela aparência e pelo resultado das coisas; e no mundo só existe o vulgo e a minoria não tem lugar quando a maioria tem onde se apoiar.” (p. 115) Capítulo XXI “E sobretudo um príncipe deve empenhar-se em mostrar, em todas as suas ações, fama de grande homem e de grande talento.” (p. 140) “Um príncipe é estimado ainda quando é verdadeiro amigo e verdadeiro inimigo, isto é, quando, sem nenhuma preocupação, se declara a favor de um e contra outro. Tomar partido é sempre mais útil que ficar neutro, porque, se dois poderosos vizinhos teus venham a brigar, ou acontecer que um vença, deves temer ou não o vencedor.” (p. 140) Capitulo XXII “E o primeiro juízo que se faz da mente de um príncipe é observar os homens que ele tem ao seu lado. Quando eles são capazes e fiéis, podemos considerá-lo sábio, porque soube reconhecê-los suficientemente e mantê-los fiéis; quando, porém, não forem assim, pode-se fazer mau juízo dele, pois o primeiro erro que comete é o desta escolha.” (p. 144, 145) Capítulo XXV “[...] o príncipe que se apóia completamente na sorte, arruína-se, conforme esta varia; creio ainda que seja feliz aquele que adapta seu modo de proceder às condições dos tempos e, igualmente, seja infeliz aquele que com seu procedimento não se adapta aos tempos. [...] Disso depende ainda a variação dos bens, porque se alguém governa com respeito e paciência, os tempos e as coisas variam, de modo que seu governo será bom e estará prosperando; mas se os tempos e as coisas mudam, ele se arruína, pois não muda seu modo de proceder. Nem se encontra homem tão prudente que saiba acomodar-se a isso, pois não pode desviar-se daquilo a que sua natureza o inclina; nem porque, tendo alguém prosperado, caminhando por uma via, não pode persuadir-se a afastar-se dela. Mas o homem respeitoso, quando for tempo de recorrer à violência, não sabe fazê-lo, o que o arruína, pois mesmo que mudasse sua natureza, com os tempos e as coisas, não mudaria sua sorte.” (p. 156, 157) “Concluo, então, que, variando a sorte e ficando os homens, a seu modo, obstinados, são felizes enquanto concordam entre si e infelizes quando discordam, o que jugo bom: que é melhor ser impetuoso que prudente, porque a sorte é mulher e é necessário, para dominá-la, bater-lhe e agredi-la. Vê-se que ela se deixa vencer mais por estes, que por aqueles que procedem friamente, mas, sempre, como mulher, é amiga dos jovens, porque são menos prudentes, mais agressivos e a dominam com mais audácia.” (p. 158, 159) Capítulo XXVI “[...] é necessário, antes de tudo, como verdadeiro fundamento de qualquer empreendimento, prover-se de exércitos próprios, porque não pode haver soldados mais fiéis, mais verdadeiros ou melhores. [...] É necessário, portanto, preparar-se com estes exércitos, para poder, com o valor itálico, defender-se dos estrangeiros.” (p. 163, 164)
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