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processual civil 1 - 2020

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SÁ
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 01
PROFESSOR AGAPITO MACHADO JÚNIOR
2020.1
01. DIREITO PROCESSUAL CIVIL.
Pode ser entendido como o ramo do conhecimento jurídico que estuda e investiga as normas processuais (regras e princípios) as quais cuidam do exercício do direito de ação, do direito de defesa e da própria jurisdição civil.
A jurisdição civil é aquela decorrente da violação da norma jurídica não penal, não militar, não eleitoral e não trabalhista.
É considerado ramo do Direito Público, pois regula a função do Estado.
Liebman – “Ramo do Direito destinado precisamente à tarefa de garantir a eficácia prática e efetiva do ordenamento jurídico, instituindo órgãos públicos com a incumbência de atuar essa garantia e disciplinando as modalidades e formas da sua atividade”.
Alexandre Freitas Câmara – “Ramo da ciência jurídica que estuda e regulamenta o exercício, pelo Estado, da função jurisdicional”.
Humberto Theodoro Jr. – “Ramo da ciência jurídica que trata do complexo das normas reguladoras do exercício da jurisdição civil”.
Misael Montenegro Filho – “conjunto de normas jurídicas que regulamentam a jurisdição, a ação e o processo, como forma de eliminar conflitos de interesses de natureza não penal e não especial”.
02. CONCEITOS BÁSICOS.
Para termos um curso de qualidade é fundamental resgatarmos alguns conceitos básicos inerentes à Teoria Geral do Direito e Teoria Geral do Processo, e que, por sua vez, agora est]ao também presentes no Livro I, da Parte Geral do NCPC (Das Normas Processuais Civis).
O homem é por essência um ser insaciável estando sempre em busca de um determinado bem da vida para satisfazer uma necessidade pessoal. 
Por sua vez, o bem da vida é tudo aquilo que visa a satisfazer uma necessidade humana, o que pode ser algo material (ex: dinheiro, carro novo, casa) ou mesmo imaterial (paz de espírito, amor, felicidade).
De outro lado, é também intrínseca à realidade do homem a necessidade de viver em grupo[footnoteRef:1], pois em coletividade o homem poderá desenvolver todas as suas virtudes[footnoteRef:2]. [1: Onde quer que se observe o homem, seja qual for a época e por mais rude e selvagem que possa ser na sua origem, ele sempre é encontrado em estado de convivência com os outros. De fato, desde o seu primeiro aparecimento sobre a Terra, surge em grupos sociais, inicialmente pequenos (família, clã, tribo) e depois maiores (aldeia, cidade, Estado). (BETIOLI, Antônio Bento. Introdução ao Estudo do Direito. 10ª edição. São Paulo: Saraiva, 2008, p.03).
] [2: “A própria vida em sociedade já constitui um processo de adaptação humana. Para atingir a plenitude do seu ser, o homem precisa não só da convivência, mas da participação na sociedade”. (NADER, Paulo. Introdução ao estudo do Direito. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 16).] 
Constatadas, pois, essas duas características imanentes ao ser humano, ou seja, o fato de o mesmo sempre desejar algo (bem da vida) para lhe satisfazer uma necessidade e a importância de viver em ambiente coletivo (sociedade), tem-se uma realidade que tende a levar o homem a uma difícil posição quanto à perpetuação do grupo e de si mesmo.
Thomas Robert Malthus em sua Teoria da População[footnoteRef:3] já defendia que a população (homem em grupo) cresce em progressão geométrica enquanto os alimentos (bens da vida) crescem em progressão aritmética de forma que com o passar do tempo haverá muitos homens para poucos bens. [3: MALTHUS, Robert. Ensayo sobre el Principio de la Población. Fundo de Cultura, 1798.] 
Diante desse impasse é possível o homem adotar duas posições possíveis: a cooperação ou o conflito.
A cooperação seria a postura em que o grupo social buscaria compartilhar os bens da vida de forma racional em favor de todos, assim, cada um teria a oportunidade de ter acesso a um dado bem da vida. Tal postura tende, portanto, a conservar o grupo humano. 
O conflito seria a postura em que o indivíduo do grupo age em proveito próprio sem considerar a existência do grupo, age, pois, de forma egoística já que busca o bem da vida para si com exclusão dos demais membros do grupo, chegando a, ser for o caso, a partir para agressão física ou moral. Tal postura tende à eliminação do grupo social, e, por sua vez, do próprio homem.
Outrossim, é visível que o homem enquanto ser racional precisa adotar a postura que melhor atenda às suas necessidades, por isso a cooperação (Princípio da Solidariedade) é desejável e o conflito é postura que deverá ser eliminada.
Como se disse a cooperação é postura mais difícil de ser espontaneamente adotada enquanto o conflito é postura mais comum e quase inevitável a ser praticada pelo homem. 
Diante disso, espontaneamente o homem tenderia ao conflito em detrimento da cooperação o que seria prejudicial ao grupo. Seria necessário, portanto, criar uma técnica de controle social apta a reverter este quadro natural, ou seja, encontrar uma forma de o homem não incorrer em conflito e, ao contrário, agir de forma solidária, com espírito de cooperação.
Buscando de forma racional incentivar o homem a adotar a cooperação em detrimento do conflito surge uma das técnicas mais avançadas de controle social: o Direito. 
O Direito é, pois, o conjunto de normas que traduzem comportamentos ideais, previamente racionalizados, para o homem que existe em uma sociedade, o que favorece o convívio harmonioso pela cooperação e ainda busca a eliminação dos conflitos sociais.
O Direito hoje é criado pelo Estado, é o que se chama de Direito Objetivo, Direito Posto ou ainda norma de direito material.
Sabe-se, porém que a norma jurídica traduz uma conduta ideal, algo que depende inicialmente da vontade e da consciência do homem para observá-la, ou seja, a norma jurídica indica um “dever-ser”, o que poderá ou não vir a ser observado pelo homem. 
Outrossim, acaso o Direito não crie ferramentas para seu próprio cumprimento o mesmo seria automaticamente desconsiderado pelo homem isso por força de sua postura natural tendente ao conflito e não à cooperação.
A sanção jurídica surge, portanto, como uma ferramenta criada pelo Direito (norma jurídica) para garantir sua observância, podendo ser: premial ou punitiva.
Apesar disso, ainda não bastaria criar a norma jurídica e a respectiva sanção, sendo necessária a imposição das mesmas ao infrator, o que será feito provavelmente contra a vontade do mesmo, ou seja, usando a força se necessário for (coerção).
 “Feitas as leis, não se considera ainda plenamente realizada a função do direito. Elas ditam realmente as regras de conduta a serem observadas pelos membros da sociedade, mas, como ordinariamente essas regras têm conteúdo abstrato e geral, é preciso assegurar, na medida do possível, a sua estrita observância, em nome da liberdade e dos direitos de cada um na ordem objetiva da convivência social; em outras palavras, sempre que falte observância espontânea é necessário identificar, declarar e dar atuação a essas regras, caso por caso, na vicissitudes concretas da vida de cada dia, eventualmente até mediante meios coercitivos”. (LIEBMAN, Enrico Tullio. Manual de Direito Processual Civil. 3ª edição, vol.I, 2005, p.19).
Nesse ínterim, oportuno esclarecer o que vem a ser pretensão.
Quando o Estado legisla criando a norma jurídica de direito material (Direito Objetivo), esta mesma norma por sua vez atribui certo bem da vida a alguém o que se chama direito subjetivo[footnoteRef:4]. [4: Entre nós, tradicionalmente, chama-se de direito objetivo ao direito como elemento normativo e de direito subjetivo ao direito como atributo pessoal, prestando-se a adjetivação para diferenciar esses dois principais sentidos do mesmo nome. (...) Na verdade, ninguém ou quase ninguém discorda que a palavra direito, quando empregada no seu sentido subjetivo, pretenda designar “algo” pertencente a um sujeito. MARTINS NETO, João dos Passos. Direitos Fundamentais: conceito, função e tipos. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003, p.18/19.] 
Outrossim, no momento em quealguém do grupo social ousa descumprir a norma jurídica (direito objetivo), seja efetivamente ou a título de ameaça, há um impedimento não legítimo em detrimento do titular do bem da vida em poder ter acesso ao mesmo, o que se diz violação ou ameaça a direito subjetivo. 
Diante disso, e apoiado na norma jurídica que defere o bem da vida em seu favor (direito subjetivo), o titular de tal direito poderá reagir à postura do agente violador da norma jurídica e exigir-lhe a observância. Tal poder de reação é chamado pretensão.
A pretensão é, pois, o poder[footnoteRef:5] conferido pelo Estado de alguém invocar em face de outrem o ordenamento jurídico para lhe cobrar a observância e com isso, resguardar um direito subjetivo (bem da vida). Só se pode falar em pretensão, portanto, diante da existência de norma jurídica (direito subjetivo) violada ou ameaçada por outrem. [5: É o direito como o poder ou faculdade de uma pessoa de agir, amparada pela norma jurídica. BETIOLI, Antônio Bento. Introdução ao Estudo do Direito. 10ª edição. São Paulo: Saraiva, 2008, p.94.] 
É o direito como o poder ou faculdade de uma pessoa de agir, amparada pela norma jurídica. BETIOLI, Antônio Bento. Introdução ao Estudo do Direito. 10ª edição. São Paulo: Saraiva, 2008, p.94.
A pretensão surgiria em favor do titular do direito subjetivo exatamente com a suposta violação ou ameaça de violação à norma jurídica por outrem, é o que o Direto Romano chamava de actio nata.
Destarte, com a violação da norma jurídica (ou ameaça de violação) por parte de outrem, surge para o titular do direito subjetivo (bem da vida atribuído) o poder de invocar a proteção estatal para obstar a postura do agente agressor, ou seja, surge a pretensão. 
Quando a pretensão é exercida pelo titular do direito subjetivo espera-se que o agente violador espontaneamente observe a norma jurídica violada ou ameaçada. Aqui ainda não há o uso da força.
Uma vez manifestada a pretensão em face do agente agressor caberá ao mesmo adotar alguns comportamentos possíveis, entre os quais, resistir a pretensão. 
Nesse momento, surge a lide, que seria um conflito de interesses qualificado por uma ou mais pretensões resistidas. O agente violador não observou espontaneamente a norma jurídica, mesmo lhe sendo exigida pelo titular do direito subjetivo.
Quando a pretensão é exercida e é resistida (lide), não havendo uma solução consensual entre as partes envolvidas, surge a necessidade de o titular do direito subjetivo usar a força para superar a resistência da parte contrária é o que alguns doutrinadores chamam de ação de direito material (para outros, tal situação seria a mesma pretensão só que agora resistida). 
Aqui já não se espera o cumprimento voluntário da norma por parte do agente violador do direito subjetivo.
Assim, uma vez resistida a pretensão, seria o caso de o titular do direito subjetivo poder exigir o cumprimento do seu direito, independentemente da vontade da parte contrária (usando a força, se necessário).
“Se, todavia, o titular da pretensão exige do obrigado a satisfação, e tal exigência torna-se infrutífera, porque o sujeito passivo viola o dever jurídico e o infringe, nasce ao titular da pretensão a ação de direito material, que é o agir – não mais o simples exigir – por meio do qual o titular do direito realizá-lo-á por seus próprios meios, ou seja, independentemente da vontade ou de qualquer conduta positiva ou negativa voluntária do obrigado”. (DA SILVA, Ovídio A. Batista. Curso de Processo Civil, volume 01, São Paulo: RT, 2000, p. 80.)
Atualmente, como regra, o ordenamento jurídico veda o exercício da autotutela privada (exercício da ação de direito material diretamente pelo próprio particular – art.345 do CP), cabendo ao Estado o exercício da ação de direito material mediante provocação do particular (que tem direito à chamada ação de direito processual ou simplesmente direito de ação ou acesso à justiça – art.5º, XXXV, da CF/88 e art.3º do CPC), através da qual dá-se o exercício da uma faz funções políticas, a jurisdição.
Importante, contudo, dizer que o Estado prezará pela solução consensual, ou seja, ele incentiva que as próprias partes se entendam, de forma que não seja necessário o uso da força estatal (§2º do art.3º do CPC).
Surgindo, pois, um conflito social (com a ameaça ou violação a direito subjetivo) é possível resolvê-lo pelas seguintes técnicas: 
a) ajuste entre as partes, evitando-se a lide. A solução é consensual e dada pelas próprias partes (autocomposição), podendo valer-se de colaboração de outras pessoas para alcançar este objetivo (mediação, conciliação e negociação).
b) surgida a lide (pretensão exercida e resistida) é necessário usar a força para impor a solução encontrada, seja pelo próprio titular do direito (autotutela) ou pelo Estado (jurisdição ou arbitragem).
Portanto, a doutrina costuma identificar basicamente duas formas de solução de conflitos considerando como critério de classificação o titular do poder de decisão do conflito: a) autonomia ou forma homogênea (as próprias partes resolvem o conflito) e b) heteronomia ou forma heterogênea (um terceiro resolve o conflito).
 
A autonomia ou forma homogênea de solucionar o conflito se dá quando o mesmo é decidido pelas próprias partes envolvidas, o que poderá ocorrer nas hipóteses de autotutela e de autocomposição.
Já a heteronomia ou forma heterogênea ocorre quando um terceiro decide o conflito em substituição à decisão das partes nele envolvidas, o que poderá ocorrer na arbitragem e na jurisdição.
O art.3º do CPC cuida das formas de solução de conflitos, prevendo não só a jurisdição, mas também a arbitragem, e outras técnicas de solução consensuais.
Obs: Tanto na mediação como na conciliação haverá um terceiro estranho ao conflito, mas a solução do mesmo continuará a cargo das partes envolvidas.
02. JURISDIÇÃO
Interessa-nos aqui estudar com maior profundidade exatamente a forma de solução dos conflitos sociais, através do Estado, no caso: a jurisdição.
2.1. CONCEITO.
A palavra jurisdição traduz a noção de atividade cujo objetivo é dizer o direito. Contudo, tal noção merece ser aprimorada.
Oportuno dizer que a jurisdição que nos interessa é a civil, ou seja, aquela que visa a resolver o conflito resultante da violação ou ameaça de norma não penal, não eleitoral, não trabalhista e não militar.
Art.16 do CPC - A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território nacional, conforme as disposições deste Código.
A jurisdição pode ser entendida sob 03 (três) aspectos ou prismas distintos e complementares:
a) Aspecto político – é uma das funções políticas do Estado sendo uma decorrência da sua soberania (art.2º da CF).
Em sendo atividade decorrente da soberania estatal é exercida, como regra, no âmbito do território nacional (Princípio da Territorialidade).
b) Aspecto social ou sociológico – é meio ou atividade heterônoma de solução dos conflitos sociais, sendo um instrumento de pacificação social.
Considerando que é forma heterogênea (o terceiro resolve o conflito), decorrem dessa situação mais duas características: a imparcialidade (quem resolve o conflito não é parte nele envolvida) e a substitutividade (quem resolve o conflito substitui as partes).
A característica da substitutividade foi explicitada por CHIOVENDA - “parece-nos que o que é característica da função jurisdicional seja a substituição por uma atividade pública de uma atividade privada de outrem” – (DA SILVA, Ovídio A. Batista. Curso de Processo Civil, volume 01, São Paulo: RT, 2000, p.27.)
c) Aspecto jurídico – é atividade de verificação, interpretação e aplicação do direito, sendo instrumento de garantia do ordenamento jurídico.
O conceito de Lide: conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida (CARNELUTTI).
“É preciso perceber que a jurisdição sempre atua em uma situação concreta; mesmo nos processos objetivos de controle de constitucionalidade, há uma situação concreta, embora não relacionada a qualquer direito individual, submetidaà apreciação do Supremo Tribunal Federal, em que se discute a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de algum específico ato normativo”. (DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil – volume 01. 7ª edição. Editora: Podivm, 2007, p.65).
Daí resulta que nas decisões de mérito transitada em julgado decorre a qualidade da definitividade – coisa julgada.
- Coisa julgada – atributo das decisões jurisdicionais de mérito – estabilidade das relações jurídicas (CALAMANDREI);
“Diz-se que a decisão judicial é ato jurídico que contém uma norma jurídica individualizada, ou simplesmente norma individual, definida pelo Poder Judiciário, que se diferencia das demais normas jurídicas (leis, por exemplo) em razão da possibilidade de tornar-se indiscutível pela coisa julgada material”. (DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil – volume 01. 7ª edição. Editora: Podivm, 2007, p.65).
Além das já referidas, há mais uma importante característica que identifica a jurisdição: a Inércia da jurisdição ou ainda Princípio da Demanda (art.2º do CPC)
Assim, a jurisdição só será dada pelo Poder Judiciário se alguém a pedir (demanda), e só será dada dentro do limite e que foi pedida.
Todavia, rompida a inércia da jurisdição o processo segue por impulso oficial (pelo próprio órgão judiciário), não dependendo de pedido a cargo das partes. 
2.2. TUTELA JURISDICIONAL (ART.2º DO NOVO CPC).
A parte deduz a pretensão em juízo (demanda), afirmando, pois, a ameaça ou violação a um direito subjetivo, esperando assim receber a tutela (proteção ou remédio) de seu suposto direito através da função jurisdicional.
Através do exercício do direito de ação (direito subjetivo de ter acesso à justiça) a parte pede a tutela jurisdicional de um direito ameaçado ou violado (pretensão), tendo assim o direito de receber uma resposta do Estado.
“Mas a iniciativa do processo é, ao mesmo tempo, também um direito da parte, ou seja, o direito de provocar o exercício da jurisdição com referência a uma situação jurídica em que ela é interessada, visando a obter do juiz a proteção de um interesse próprio ameaçado ou violado, ou a satisfação de um direito próprio que se afirma insatisfeito. (...) Naturalmente, só tem direito à tutela jurisdicional aquele que tem razão, não quem ostenta um direito inexistente. Mas a única maneira de assegurar a quem tem razão a possibilidade de impor o reconhecimento desta em juízo consiste em permitir que todos tragam suas demandas aos tribunais, incumbindo a estes a tarefa de examiná-las e afinal acolhê-las ou rejeitá-las, conforme sejam procedentes ou improcedentes”. (LIEBMAN, Enrico Tullio. Manual de Direito Processual Civil. 3ª edição, vol.I, 2005, p.19)”. 
Assim, a parte interessada pede uma tutela jurisdicional apta a satisfazer seu suposto direito, cabendo ao Estado, acaso o autor tenha razão, deferir tal tutela nos moldes requeridos.
Cabe ao autor, através de seu advogado, pedir a tutela adequada à satisfação de seu direito, exercendo o direito de ação, pois o juiz não poderá dar o que não foi pedido (Princípio da Inércia).
Para dar essa tutela requerida pelo cidadão o Estado praticará uma série de atos juntamente com as partes envolvidas e outras pessoas auxiliares é o que chamamos de processo.
 “Sabe-se que não existe apenas um tipo de processo. A tutela jurisdicional se apresenta de várias formas, com conteúdo diverso, tudo em função da natureza do direito a ser protegido. A modalidade de tutela processual depende única e exclusivamente do tipo de proteção de que o direito material necessita”. (BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Tutela Cautelar e Tutela Antecipada: tutelas sumárias e de urgência. 3ª edição. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 13).
“Sendo várias necessidades de proteção que o direito subjetivo pode apresentar, diversas hão de ser também as respostas do órgão jurisdicional, dando lugar ao surgimento de mais de uma modalidade típica de tutela jurisdicional”. (GUERRA, Marcelo Lima. Direitos Fundamentais e a Proteção do Credor na Execução Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p.18)
O interessado só poderá receber se tiver razão o que ele pediu, não podendo receber do Judiciário coisa distinta.
2.3. PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
Apesar de o autor pedir a tutela de seu suposto direito (tutela jurisdicional) esta só será dada se o mesmo tiver razão, o que será examinado pelo juiz através de uma série de atos chamada processo.
Contudo, independentemente de o autor ter ou não razão, tendo ou não direito a receber a tutela jurisdicional, o certo é que uma vez provocada a jurisdição (pelo exercício do direito de ação) terá o direito a receber do Estado alguma resposta a sua provocação, é o que se chama prestação jurisdicional.
A prestação jurisdicional é, pois, a resposta do Estado-Juiz à demanda ainda que não sendo deferida a tutela pretendida pelo autor (tutela jurisdicional), podendo, pois, traduzir a decisão que encerra a discussão com ou sem análise do mérito. 
 “A essa prestação jurisdicional que ultrapassa a simples resposta ao direito de ação para definir ou satisfazer o direito material dá-se o nome de tutela jurisdicional. Assim, diferencia-se a prestação jurisdicional da tutela jurisdicional, haja vista que esta só será concedida àquele (autor ou réu) que efetivamente seja titular do direito subjetivo, ao passo que aquela é inexorável, desde que haja provocação do Estado para tal fim”. (DONIZETTI, Elpídio. O Novo Processo de Execução, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p.04).
3.0. DO DIREITO DE AÇÃO (art.5º, XXXV, da CF/88 e art.3º do CPC).
É o direito de pedir a tutela jurisdicional de um direito e assim deflagrar a jurisdição.
3.1. CONCEITO.
Aquele que afirmar ter um direito material (subjetivo) ameaçado ou violado poderá pedir ao Estado a jurisdição como forma a tutelá-lo – é a ação de direito processual, ou, simplesmente, direito de ação, com previsão no art.5º, XXXV, da CF/88 e art.3º do CPC.
Veja que o direito de pedir a jurisdição (tutela jurisdicional) não tem como pré-requisito o autor de fato ter esse direito subjetivo afirmado. Ou seja, mesmo quem não tem razão (efetivo direito) pode pedir ao Estado que analise a questão, pois só se saberá ao certo com quem está a razão de um conflito após o exame feito pelo julgador.
“Pode-se afirmar, com apoio na moderna doutrina processual, que a ação configura direito ou poder vinculado não a direito substancial existente, mas apenas afirmado”. (BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Tutela Cautelar e Tutela Antecipada: tutelas sumárias e de urgência. 3ª edição. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 67).
A parte deduz a pretensão em juízo, afirmando, pois, a ameaça ou violação a um direito subjetivo, esperando assim receber a tutela de seu suposto direito através da função jurisdicional. Assim, pede uma tutela jurisdicional apta a satisfazer seu suposto direito, cabendo ao Estado, acaso o autor tenha razão, deferir tal tutela nos moldes requeridos. O autor, portanto, sempre pede a tutela jurisdicional (tutela do direito material através da jurisdição), contudo, só a terá se o Estado-Juiz reconhecer que o mesmo tem razão.
Obs1. Hoje prevalece que o CPC de 1973, assim como também o Novo CPC, adotou a Teoria Eclética ou Mista de Liebman para explicar a natureza jurídica do direito de ação, de forma a entender que o direito de ação é autônomo em relação ao direito material supostamente ameaçado ou violado, mas pode sofrer certos condicionamentos pela lei processual (as condições da ação).
Obs2. Segundo a Teoria de Liebman, já atualizada para os dias atuais, só se chegará a uma decisão de mérito se a demanda (exercício do direito de ação) atender às condições da ação (art.17 do CPC).
3.2. DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO.
Segundo a Teoria de Liebman (nos moldes atuais) só se chegará ao exame de mérito pelo juiz quem atentar a certos requisitos legais mínimos chamados condições da ação, que funcionam como uma verdadeira triagem para evitar o exercício abusivo ou desnecessário do direito de ação.
Art. 17 do CPC -  Parapostular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.
As condições da ação são, portanto, requisitos legais mínimos e obrigatórios para se chegar ao provimento jurisdicional de mérito.
O juiz pode examiná-las de ofício, podendo fazê-lo ou as partes alegar a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição.
Oportuno esclarecer que modernamente a doutrina defende que para o juiz examinar as condições da ação ele deverá fazê-lo desde o início do processo a partir das afirmações feitas pelo autor na petição inicial (tomando como se a estória relatada fosse verdade), sem necessidade de ouvir o réu ou de produzir provas – é a Teoria da Asserção.
3.2.1. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO (não mais é considerada condição autônoma da ação, mas aspecto interno ao interesse de agir, pelo NCPC).
A situação afirmada pelo autor, em tese, deve ser protegida pelo ordenamento jurídico pátrio, não sendo vedada por ele.
Segundo o CPC de 1973 era tratada como mais uma condição da ação, tanto que motivava a carência de ação com extinção do processo sem resolução de mérito (art.267, VI, do CPC de 1973), ao lado da falta de interesse e de legitimidade. 
Agora, o Novo CPC adotou a teoria já revista pelo próprio Liebman de que a possibilidade jurídica do pedido estaria inserida dentro da noção de interesse de agir, sendo por ele absorvida, de forma que agora se restringem apenas a 02 (duas) as condições da ação: interesse e legitimidade.
3.2.2. INTERESSE PROCESSUAL OU DE AGIR
Para verificar o interesse processual é necessário que estejam satisfeitos 03 (três) aspectos:
a) Necessidade – deve-se afirmar que há lide ou conflito (pretensão resistida) e que não cabe a autotutela para resolver o conflito neste caso.
b) Utilidade – o provimento jurisdicional acaso deferido deverá ser útil em termos práticos ao autor.
c) Adequação – o meio processual deverá ser coerente com a pretensão do autor, devendo o advogado do autor escolher a tutela jurisdicional e a via processual ideal para ganhar a causa.
3.2.3. LEGITIMIDADE PARA CAUSA
Como regra, as mesmas pessoas que integram a relação de direito material deverão também constar da relação de direito processual. 
Neste caso fala-se em LEGITIMIDADE ORDINÁRIA PARA CAUSA. A pessoa vem em nome próprio defender direito próprio.
A LEGIMITAÇÃO EXTRAORDINÁRIA se dá quando pessoa distinta da relação de direito material está autorizada a fazer parte da relação de direito processual. A pessoa vem em nome próprio defender direito alheio. 
Quando o legitimado extraordinário (substituto) vem em nome do legitimado ordinário (substituído) tem-se a SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL, que é modalidade de legitimação extraordinária.
Observe-se que o substituído pode ingressar no processo ao lado do substituto, na condição de assistente litisconsorcial, tal como está no novo CPC, abaixo:
Art. 18 do Novo CPC.  Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.
Parágrafo único.  Havendo substituição processual, o substituído poderá intervir como assistente litisconsorcial.
3.3. A CARÊNCIA DE AÇÃO – art.485, VI, do CPC.
A ausência de uma ou mais condições da ação provoca a extinção do feito sem análise do mérito – art.485, VI, do CPC.
Tal como dito, o CPC de 1973 incluía a possibilidade jurídica do pedido como uma das condições da ação e, portanto, a sua ausência, importava na carência da ação com extinção do processo sem resolução de mérito. 
Já o Novo CPC inseriu a possibilidade jurídica do pedido dentro do interesse de agir, de forma que a carência de ação agora só cuida de 02 (duas) condições da ação:
Art. 485 do Novo CPC.  O juiz não resolverá o mérito quando:
(...)
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
4. DO PROCESSO.
4.1. CONCEITO.
Do latim – procedere. Seguir adiante, marchar em frente.
Para que a jurisdição seja exercida é necessário que alguém a peça (Princípio da Demanda), o que será feito por meio do exercício do direito de ação. Por outro lado, para que a tutela jurisdicional recaia sobre a outra parte (ré) é fundamental que o réu tenha a chance de ser ouvido e de se defender (direito de defesa ou de reação). 
Assim, para que a jurisdição seja dada é necessário exercer concomitantemente o direito de ação e de defesa. 
Tanto o direito de ação como o direito de defesa como a própria jurisdição são exercidos através de vários atos praticados de forma coordenada pelo juiz (e seus auxiliares), pelas partes (e seus advogados) e outros interessados, esse conjunto de atos praticados é o que chamamos de processo.
 Processo, portanto, é o instrumento e a atividade através dos quais são exercidos a jurisdição, o direito de ação e de defesa (reação).
É ainda a série de atos praticados pelos órgãos judiciários (servidores e juiz), com a necessária participação das partes, tendentes a realizar o direito no caso concreto e em última instância.
4.2. AUTOS – é a documentação dos atos processuais, podendo se dar pode meio físico (papel e cartolina) ou por meio virtual (processo eletrônico).
4.3. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS – são requisitos mínimos para formação e continuidade válida da relação processual.
O que motiva o autor ajuizar ação na Justiça é a suposta violação a direito material, logo, isso pressupõe a existência de uma prévia relação jurídica de direito material envolvendo pessoas com direitos e deveres entre elas, regida pela lei material.
Quando o autor entra com a ação na Justiça ele gera outra relação jurídica regulada pela lei processual e envolvendo no mínimo 03 (três) pessoas (autor, juiz e réu) é a relação processual. 
Essa teoria foi idealizada por Oskar Von Bülow – Teoria da Relação Processual.
“Para a teoria do processo como relação jurídica, este é uma relação intersubjetiva, ou seja, uma relação entre pessoas, dinâmica, de direito público, e que tem seus próprios sujeitos e requisitos (a estes requisitos deu Bülow o nome de pressupostos processuais). Tal relação jurídica teria como conteúdo uma outra, de direito material (a res in iudicium deducta, já referida), e teria por fim permitir a apreciação desta pelo Estado-Juiz”. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, volume 01, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.141).
A relação processual tem configuração mínima tríplice: autor, Estado-Juiz e réu, que são os sujeitos do processo.
Veja o esquema:
RELAÇÃO PROCESSUAL X RELAÇÃO MATERIAL
Sujeitos: Estado, autor e réu agente e o lesado
Objeto: atividade jurisdicional--------------------------bem da vida
Direito Público---------------------------Direito Público ou Privado
Outrossim, a exemplo de qualquer relação jurídica de direito material em que a lei estabelece certos requisitos para sua formação e desenvolvimento válido (Ex: contrato – agentes capazes, objeto lícito e forma não vedada por lei), da mesma forma a lei processual cria requisitos de formação e desenvolvimento válido da relação processual – são os pressupostos processuais.
O juiz pode examiná-los de ofício, podendo fazê-lo ou as partes alegar a qualquer tempo de grau de jurisdição.
Comumente a doutrina os classifica em pressupostos de existência e pressupostos de desenvolvimento válido, mas, por uma questão didática, ficaremos com a classificação a seguir:
4.3.1. Pressupostos objetivos – dizem respeito ao pedido e à causa de pedir (objeto da demanda).
a) extrínsecos –relação entre a relação processual em exame e outra já ajuizada: coisa julgada, litispendência e perempção.
b) intrínsecos – cumprir certas exigências da Lei processual civil, que se referem ao devido processo legal.
Ex: pagar taxa judiciária.
4.3.2. Pressupostos Subjetivos – diz respeito aos sujeitos do processo (juiz e partes).
4.3.2.1. Do juiz – investidura (pessoa nomeada juiz), competência (absoluta) e não impedimento (imparcialidade).
4.3.2.2. Das partes – capacidade processual em sentido amplo a qual se subdivide em: capacidade de ser parte; capacidade deestar em juízo e capacidade postulatória.
** Quando formos falar dos sujeitos do processo retomaremos estes pontos.
5. COMPETÊNCIA.
O Estado para bem desempenhar a função jurisdicional resolveu racionalizar o seu exercício distribuindo-o em órgãos inerentes ao Poder Judiciário e a partir de certos critérios razoáveis, o que gerou a noção de competência (divisão de trabalho, no exercício da jurisdição).
Vê-se que a jurisdição é função política que se projeta externa e internamente, agora o seu exercício no âmbito territorial brasileiro (âmbito interno) pode ser racionalizado por critérios lógicos de divisão de trabalho chamados critérios de competência. 
Logo, competência é um conceito que só tem sentido no âmbito interno de um dado Estado, sendo o exercício da jurisdição no âmbito interno.
A organização do Poder Judiciário Brasileiro (art.92 do CF/88) considera, pois, os critérios de competência definidos na CF/88, na Lei e nos Regimentos Internos dos Tribunais – art.44 do CPC.
5.1. CONCEITO.
O art.5º, LIII, da CF/88 prevê que ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente, sendo este o fundamento constitucional para a competência.
Conceitualmente a competência é a distribuição das atividades jurisdicionais entre os diversos órgãos do Judiciário de acordo com os critérios estabelecidos na CF/88, na lei e nos regimentos internos dos tribunais.
É também o âmbito ou o limite de exercício da atividade jurisdicional. É a jurisdição exercida no caso concreto – art.42 do CPC.
5.2. CRITÉRIOS ADOTADOS PARA DEFINIÇÃO DA COMPETÊNCIA.
O legislador, no intuito a dividir entre vários órgãos o trabalho que é o exercício da jurisdição, desenvolveu certos critérios que ora se passa a examinar.
A) MATÉRIA.
De acordo com o pedido e a causa de pedir (os fatos e os fundamentos jurídicos da demanda) entendeu-se que seria o caso de criar órgãos especializados para julgar alguns assuntos, otimizando a prestação jurisdicional.
A partir deste critério, o legislador desenvolveu, por exemplo, a noção de Justiça Comum e Especial (com base na CF/88), e ainda, a vara especializada (com base na Lei de Organização Judiciária ou norma infraconstitucional).
B) PESSOA
Aqui o legislador considerou a natureza da parte do processo (autor, réu ou terceiro interessado), definindo um órgão judiciário encarregado de julgar os processos nos quais ela atue.
A partir deste critério é que surgiu a Justiça Federal (Justiça Comum da União – art.109 da CF/88) e as varas da Fazenda Pública da Justiça Estadual (Lei de Organização Judiciária).
C) FUNCIONAL (horizontal e vertical).
C.1. Funcional Horizontal ou (simplesmente) Funcional.
 Aqui se considerou a relação entre demandas que se tocam em uma ordem de complementação ou acessoriedade, de forma que a norma pretende atribuir o poder de julgar o processo acessório aquele que julga o processo principal (ex: ação de conhecimento e ação executiva).
Ex: art.61 do NCPC.
C.2. Funcional Vertical ou Hierárquico.
Aqui o critério leva em consideração dois aspectos: 
I – a necessidade do jurisdicionado de ter uma 2ª opinião sobre o conflito (lide), não ficando a decisão restrita à análise de um único órgão do Poder Judiciário. 
Por isto a estrutura do Poder Judiciário é verticalizada, surgindo a noção de duplo grau de jurisdição (2ª instância).
II - a necessidade de controle interno (no âmbito do próprio Poder Judiciário), através da via recursal, já que num modelo republicano e democrático seria incoerente a existência de órgão de decisão que não se sujeitasse a qualquer controle.
D) TERRITORIAL
Este critério considera a necessidade de o Poder Judiciário estar próximo fisicamente do jurisdicionado, de forma a se “lotear” o exercício da jurisdição no território nacional, dividindo seu exercício a âmbitos espaciais chamados comarcas, regiões, zonas, seções, etc.
Adiante se verá em maiores detalhes este critério, o qual é tratado com minúcia no CPC.
F) VALOR DA CAUSA.
A lei exige que em toda demanda seja definido um valor, que equivalerá ao proveito econômico que o autor terá acaso venha a vencer a causa. 
O valor da causa serve de base para diversas situações processuais (taxa judiciária, multa por litigância de má-fé, fixar o procedimento, etc.), além de ser parâmetro de competência, pois existem alguns órgãos do Poder Judiciário encarregados de processar e julgar causa de pequeno valor (Juizados Especiais).
No NCPC o critério do valor da causa é considerado relativo, apesar de na prática e em legislação especial, ser considerado critério absoluto de competência.
5.3. REGIME JURÍDICO DO CRITÉRIO DE COMPETÊNCIA.
De acordo com a maior ou menor importância do critério de competência o legislador atribuiu um tratamento jurídico absoluto ou relativo, de forma que se o critério for tido como absoluto a competência será absoluta, e se for relativo, a competência será relativa.
5.3.1. Critérios Absolutos (matéria, pessoa, funcional e hierárquico).
As normas que regem este critério de competência visam ao bom exercício da jurisdição sendo ele relevante ao interesse público. 
Os critérios constam de normas jurídicas que são de ordem pública (obrigatórias ou cogentes), são eles: matéria, funcional e pessoal (art.62 do NCPC).
Tais critérios devem necessariamente ser observados, não podendo ser alterados (modificados ou derrogados) pela vontade das partes ou de qualquer pessoa do processo, nem pelo julgador, daí serem considerados absolutos (art.62 do NCPC).
A alegação de desrespeito ao critério absoluto, ou seja, a alegação de incompetência absoluta, pode ser feita pelas partes, pelo MP, por terceiro interveniente e o juiz pode conhecer da matéria de ofício.
Pode ser alegada a incompetência absoluta a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição (art.64, §1º do NCPC), contudo, deve-se observar o pressuposto do prequestionamento para se alegar a incompetência nos tribunais superiores (deve-se ventilar a incompetência no tribunal imediatamente inferior), sendo que agora pelo CPC a alegação tardia de incompetência não mais poderá surtir pagamento de custas da parte contrária tal como restava previsto no CPC de 1973 (art.267, §3º, do CPC).
Pode ser alegada a incompetência absoluta por qualquer veículo processual (petição, contestação, recurso, ação rescisória, etc.), mas, idealmente falando, o réu deveria alegar na contestação (art.64, §1º c/c art.342, II, do NCPC).
5.3.2. Critérios Relativos (valor da causa e territorial).
A norma jurídica dará prevalência a interesse das partes, sendo meramente subsidiária ou supletiva.
Poderá o critério descrito na norma ser alterado ou derrogado pela vontade de ambas as partes, daí serem relativos – territorial e valor da causa. Art.63 do NCPC.
Excepcionalmente, o critério do território e do valor da causa podem vir a ser absolutos.
No CPC o critério do valor da causa é considerado relativo, apesar de na prática e em legislação especial, ser considerado critério absoluto de competência.
O desrespeito ao critério relativo (alegação de incompetência relativa) só pode ser feito pelas partes (réu) e pelo MP (par. único do art.65 do CPC), de forma que o juiz não pode conhecer de ofício da questão (Súmula 33 do STJ) – art.65 do NCPC.
Deve a incompetência relativa ser alegada na primeira oportunidade que a parte puder falar nos autos, sob pena de se prorrogar a competência (ou seja, o juízo que não tinha competência para julgar a causa agora passa a ter, isso por vontade das partes) – art. 65 do NCPC.
Deve ser alegada a incompetência relativa dentro da peça de contestação (art.64 do NCPC), sendo esta uma inovação, já que segundo o CPC de 1973 a alegação antes era feita por meio de peça autônoma chamada exceção de incompetência relativa. 
5.4. A DECISÃO DE INCOMPETÊNCIA.
Todo juiz tem a competência de analisar se é competente para processar e julgar o feito, mesmo que seja incompetente para processar e julgar a causa (é a chamada competência sobre competência).
A decisão que reconhece a incompetência (absolutaou relativa) será de regra interlocutória isto porque a discussão não se encerra continuando no outro juízo competente. Desloca-se a discussão judicial de um órgão (incompetente) para outro (competente).
Na decisão judicial haverá, pois (§§3º e 4º do art.64 do NCPC):
a) reconhecimento da incompetência; 
b) declinação de competência para outro órgão do Poder Judiciário;
c) determinação de remessa dos autos ao órgão competente (§3º do art.64 do CPC).
Obs1. Caberá ao órgão competente manter ou infirmar as decisões do órgão incompetente, a qual continuará, de regra, eficaz (§4º do art.64 do CPC).
Obs2: Há hipóteses em que declarada a incompetência do juízo, o processo será extinto (não havendo a remessa), a exemplo, no rito dos juizados especiais.
5.5. MOMENTO DE DEFINIÇÃO DA COMPETÊNCIA – ESTABILIZAÇÃO DA LIDE (PERPETUATIO JURISDITIONIS).
Quando se dá entrada na demanda (petição inicial) ela deverá ficar em poder de um órgão do Judiciário para processá-la e julgá-la, devendo, pois, o legislador fazer possível para que esta demanda não seja repassada a outro órgão, o que geraria uma instabilidade ou insegurança jurídica.
Por isso, o legislador, adotando o Princípio da Estabilização da Lide ou da Demanda definiu o momento em que é fixada a competência de um órgão, sendo que a partir daí, como regra, não se poderá retirar a demanda daquele órgão. 
Conforme estabelece o art.43 do CPC, a competência é fixada no momento do ato de registro da petição inicial (quando for vara única) ou quando se der a distribuição da petição inicial (quando houver mais de uma vara competente para causa), sendo irrelevantes para alterar esta competência as mudanças de fato ou de direito posteriores, salvo se:
a) suprimirem órgão judiciário. Ex: Tribunais de Alçada – art.4º da EC45/04.
b) competência cujo critério seja absoluto (competência absoluta). 
Súmula 58 do STJ – Proposta a execução fiscal, a posterior mudança de domicílio do executado não desloca a competência já fixada.
5.6. AS CAUSAS DE MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA:
Os critérios relativos de competência podem ser alterados pela vontade das partes ou ainda pela vontade do legislador, acontecendo o fenômeno da prorrogação ou ampliação da competência (alteração do critério de competência).
5.6.1. CAUSAS VOLUNTÁRIAS: 
O critério relativo é feito em proveito das partes do processo, de forma que ninguém melhor que elas para escolherem outro foro distinto daquele escolhido inicialmente pelo legislador.
Assim, as partes (por ambas as vontades) podem modificar o critério legal de competência de duas formas:
a) quando a parte ré não alega no prazo da defesa e na contestação a incompetência relativa, dando-se a prorrogação tácita – art.65 do NCPC.
Aqui a modificação da competência legal se dá após ajuizada a demanda (processo), em função do silêncio do réu em alegar a incompetência relativa do órgão julgador, sendo a vontade do réu implícita.
b) cláusula de eleição de foro – art. 63 do NCPC.
As próprias partes preveem previamente (antes do conflito surgir) em cláusula de um contrato, o lugar (foro) em que os conflitos dele decorrentes serão resolvidos, havendo vontade expressa de ambas as partes em mudar o critério legal CPC.
Obs. Se a cláusula de eleição de for abusiva, poderá o juiz de ofício torná-la sem efeito e remeter os autos do processo ao foro geral do domicílio do réu. Caso o juiz não faça isso de ofício, caberá ao réu na contestação alegar a abusividade da cláusula, sob pena de não poder fazê-lo depois (prorrogação tácita - preclusão) - §§3º e 4º do art.63 do NCPC.
Obs2. O foro de eleição obriga os sucessores e herdeiros das partes - §1º do art.63 do NCPC.
5.6.2. CAUSAS LEGAIS – art.54 do NCPC. 
O próprio legislador criou hipóteses no art.54 do CPC em que o critério por ele já criado seria alterado, isso em proveito da economia processual e para evitar decisões conflitantes, isso se dá quando houver conexão ou continência entre demandas que correm separadamente.
A conexão ocorre quando duas ou mais ações tem em comum o pedido e/ou a causa de pedir, sendo irrelevante se as partes são ou não iguais – art.55 do NCPC.
A continência ocorre que duas ou mais ações possuem as mesmas partes, mesma causa de pedir, mas o pedido de uma é mais amplo e engloba o da outra – art.56 e 57 do NCPC.
Em verdade, a doutrina entende que a continência é uma espécie de conexão (pela coincidência da causa de pedir), daí se aplicar a ela todo o regime jurídico desta última.
Em havendo conexão entre demandas que correm em foros distintos, o juiz verificará (de ofício ou por provocação) se é o caso de reuni-las a fim de julgá-las ao mesmo tempo no foro do juízo prevento, por meio de única sentença, havendo assim a modificação da competência territorial, conforme rezam os §§1º, 2º e 3º do art.55 do NCPC.
Os processos serão reunidos no juízo prevento (o primeiro – o preferencial) que será aquele em que primeiro teve a petição inicial registrada (vara única) ou a petição inicial distribuída (mais de uma vara competente) – arts.58 e 59 do NCPC.
A reunião dos processos, contudo, só caberá se:
a) em causas conexas, se ainda não houver decisão em um deles – §1º do art.55 do CPC e Súmula 235 do STJ (A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado).
Obs: No caso de continência, só haverá a reunião de processo para julgamento em conjunto se a ação ajuizada em primeiro lugar tiver o pedido menor e contido no pedido da ação ajuizada posteriormente.
Se a ação continente (com pedido mais amplo) for ajuizada em primeiro lugar, não haverá reunião de processos, devendo a segunda ação, cujo pedido é menor, ser extinta sem resolução de mérito (por falta de interesse processual) – art.57 do CPC.
b) houver processos que, com ou sem a conexão-continência, denotem risco de decisões conflitantes (§3º do art.55 do CPC).
c) não alterar critério de competência absoluto;
d) o juiz ponderar que trará muito prejuízo ou demora ao processo mais adiantado (causa madura).
5.7. CONFLITO DE COMPETÊNCIAS – art.66 do NCPC.
Quando mais de um órgão julgador exercer a competência sobre competência e o resultado final gerar situação conflituosa de não se saber quem julgará a causa, caberá ao tribunal decidir a respeito em incidente processual chamado conflito de competência.
Considerando o princípio do juiz natural e as regras de fixação de competência, só poderá haver no caso concreto um órgão julgador para causa.
A situação conflituosa pode gerar conflito:
a) positivo, quando mais de um órgão se declara (de forma implícita ou explícita) competente para causa.
b) negativo, quando mais de um órgão se declara incompetente para causa, atribuindo a competência um ao outro.
c) quando entre dois ou mais órgãos julgadores surgir controvérsia acerca da reunião ou separação de processos (conexão ou continência) pendentes que correm separadamente.
Qual seria o tribunal competente para solucionar o incidente?
Aqui se deve examinar as competências previstas na CF/88, valendo a regra geral de procurar o tribunal que tenha hierarquia sobre os dois órgãos envolvidos no conflito.
O STF, contudo, só julga conflito de competência se um dos órgãos envolvidos for tribunal superior – art.102 da CF.
O STJ, poderá julgar conflito de competência quando o conflito se der entre órgãos da justiça comum; da justiça comum e justiça especial (ex: juiz federal versus juiz do trabalho); ou ainda entre justiça especial e justiça especial distintas (junta militar e juiz do trabalho).
O procedimento do conflito de competência está previsto do art.951 ao 959 do NCPC, sendo matéria de direito processual civil III.
Quem provoca o incidente processual?
O incidente pode ser provocado via petição dirigida ao Presidente do Tribunal competente para resolver o conflito, pela parte (através de advogado) ou pelo Ministério Público, ou ainda, pelo próprio órgão julgador envolvido no conflito, mediante ofício dirigido ao tribunal, apresentando suas razões.
5.8. DA COMPETÊNCIA TERRITORIAL.
De regra ocritério territorial é relativo, portanto, poderá ser derrogado ou modificado na forma lei (art.54) ou por vontade das partes (art.63 e 65). 
Há, contudo, foros que indicam competência absoluta (competência territorial funcional), tais como o §1º do art.47 do NCPC e o foro da autoridade coatora no mandado de segurança.
Usa-se a palavra “foro” como sinônimo de competência territorial, ou seja, é o espaço físico em que o julgador exerce a jurisdição. 
Se for justiça estadual o foro é a comarca, se for justiça federal o foro é a seção ou subseção judiciária.
Há o foro geral que é aquele que o legislador escolheu como regra para definição do lugar em que deverá ser ajuizada a demanda. O foro especial é quando o legislador usou lugar distinto do foro geral para favorecer alguém ou a instrução processual. 
Há foros concorrentes que é quando a lei prevê mais de um foro possível, todos válidos, a critério da parte que favorece.
O art.46 do CPC traz o foro geral do domicílio do réu para as ações de cuidem de direito pessoal (obrigações em geral) e direito real (art.1225 do C.C) sobre bens móveis.
O conceito de domicílio é jurídico, previsto no direito material, e nem sempre coincide com o conceito de residência (fático).
Os parágrafos do art.46 cuidam de várias situações definindo foros concorrentes envolvendo a existência de mais de um domicílio do único réu ou a ausência ou incerteza de seu domicílio. Assim, também quando houver mais de um réu com domicílios diferentes. Bem como as ações de execução fiscal.
O art.47 do NCPC traz o foro para as ações que envolvam direitos reais sobre bens imóveis, estipulando o foro da situação ou do lugar do imóvel. 
Tal regra sugere a competência territorial como relativa, pois as partes podem derrogá-la, contudo, o §1º do mesmo artigo diz que tal situação não ocorreria quando o litígio envolver direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova, ou seja, nestes casos (que praticamente cobriria todas as ações envolvendo direito reais sobre bens imóveis), a competência seria territorial, mas absoluta.
Nas ações possessórias, a despeito de a posse não ser considerada direito real pela Lei Civil, adotou-se também o critério do foro da situação da coisa, sendo tratado como critério absoluto - §2º do art.47 do CPC.
Art.48 do CPC – No caso de morte, abre-se a sucessão civil, deixando o falecido direitos e obrigações as quais podem, nos limites da herança, ser repassados aos herdeiros.
Portanto, a massa de bens (direito e deveres) deixados pelo falecido, chama-se espólio, e deve ser arrecadado e partilhado entre os sucessores. O espólio não tem personalidade jurídica, mas pode ser parte no processo, representado pelo inventariante.
As ações que envolvam o inventário, partilha, arrolamento dos bens do falecido ou ações em que o espólio seja réu, ou ação de declaração de última vontade ou ação de anulação de partilha extrajudicial (feita em cartório, sem menor incapaz, com advogado) devem ser ajuizadas no foro de domicílio do autor da herança, ou seja, o domicílio do falecido.
O parágrafo único do art.48 do CPC trata de hipóteses especiais em que o falecido não tinha domicílio certo.
Art. 49 do CPC – Considerando que a ausência declarada equivale a uma morte civil, ela deve seguir a mesma lógica do art.48 do CPC, de forma que há regra que cuida das ações em que o ausente é réu, ou que cuide de arrecadação, inventário, partilha e cumprimento de disposições de última vontade cujo foro competente será o do último domicílio do ausente.
Art.50 do CPC – Segundo o Código Civil e o CPC o domicílio do incapaz será o de seu representante legal. Outrossim, as ações em que o réu é incapaz devem ser propostas no domicílio de seu representante ou assistente legal.
Art.51 do CPC – O NCPC praticamente reproduziu os §§1º e 2º da CF/88, definindo competência de foro (seção ou subseção judiciária) das ações envolvendo a União.
Se a União é autora deve-se usar o foro geral do domicílio do réu. 
Se a União é ré, há foros concorrentes, podendo-se ajuizar a demanda no foro do domicílio do autor, no lugar do ato ou do fato, no lugar da coisa (se for direito real sobre imóvel deve-se adotar o critério absoluto do §1º do art.47) ou no DF (domicílio da União).
Obs: O STF decidiu, antes do advento do NCPC, que parágrafo 2º do art.109 da CF se estende às autarquias e fundações públicas federais, segundo (REx 627709).
Obs2: A delegação excepcional de competência federal ao juízo estadual (art.109, §3º, da CF) onde não houver vara federal, só se aplica aos casos previstos na CF (causas previdenciárias de segurado contra o INSS) e na lei (quando a lei criar).
O art.52 do NCPC trouxe novidade não prevista no CPC de 1973, regulando o foro quando os Estados ou o DF foram parte no processo, em regra bem semelhante ao art.51.
Quando o Estado ou o DF forem autor o foro será o do domicílio do réu. 
Quando forem réus, haverá foros concorrentes podendo ajuizar a demanda no foro do domicílio do autor, no lugar do ato ou do fato, no lugar da coisa (se for direito real sobre imóvel deve-se adotar o critério absoluto do §1º do art.47) ou na capital do ente federado (domicílio).
Obs: A súmula 206 do STJ estabelece que: “A existência de vara privativa, instituída por lei estadual, não altera a competência territorial resultante das leis de processo”.
O artigo 53 traz uma série de foros especiais que podem concorrer com o foro geral do art.46 do NCPC.
I – ações de envolvam relação conjugal (divórcio, separação judicial, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável).
Houve a inclusão da situação do divórcio e da união estável os quais não eram contemplados pelo CPC de 1973, pois inexistente antes da CF/88.
Após polêmica gerada no CPC de 1973 se teria sido o inciso I do art.100 recebido pela CF/88 (isonomia entre homem e mulher), o fato é que o NCPC findou com o foro especial da residência ou domicílio da mulher.
Agora, para tais ações o foro será: 
a) do domicílio do guardião do filho incapaz (protege o interesse do incapaz); 
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz (aqui veio a crítica, pois, não se protegeu a mulher que terá que ajuizar a demanda provavelmente onde mora o cônjuge ou companheiro, se o mesmo ainda estiver no último domicílio do casal);
c) do domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal (aqui veio a crítica, pois, não se protegeu a mulher que terá que ajuizar a demanda provavelmente onde mora o cônjuge ou companheiro, se o mesmo for o réu).
d) de domicílio da vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha);            (Incluída pela Lei nº 13.894, de 2019)
II – para a ação em que se pedem alimentos – há regra especial do foro ou residência do alimentando, em proteção do mais fraco da relação, o alimentando, ainda que haja cumulação de pedido com declaração de paternidade (Súmula 01 do STJ).
III – do lugar (aqui há vários foros para diversas situações):
a) da sede, nas ações em que for ré pessoa jurídica. 
b) onde se acha a agência ou sucursal, nas ações contra pessoa jurídica, quanto às obrigações que contraiu.
Súmula 363 do STF – A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio da agência ou estabelecimento em que se praticou o ato.
c) onde exerce suas atividades, para ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica.
d) o lugar em que a obrigação deva ser cumprida, para ação que se lhe exigir o cumprimento.
e) residência do idoso, para causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto (novidade do NCPC agora para ações individuais, pois já tinha regra semelhante no estatuto do idoso para ações coletivas – art.80 da Lei 10.741/2003).
f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício – novidade do NCPC.
IV – do lugar do ato ou do fato: reparação de dano(não decorrente de acidente com veículo) e ação contra réu administrador ou gestor de negócios alheios.
V – de domicílio do autor ou do lugar do fato, para ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidentes de veículos, inclusive aeronaves. 
Súmula 540 do STJ – “Na ação de cobrança do seguro DPVAT, constitui faculdade do autor escolher entre os foros do seu domicílio, do local do acidente ou ainda do domicílio do réu”.
5.9. DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL.
O CPC de 1973 chamava este assunto de competência internacional, contudo, o termo adequado é jurisdição (vez que o termo competência é fenômeno interno), tal como consta agora do NCPC, já que o tema envolve os limites da soberania entre Estados distintos.
A questão aqui é saber se a decisão judicial proferida em um Estado poderá ser efetivada no âmbito de outro Estado soberano. 
Sabe-se que em se tratando de soberanias distintas há que se verificar se há acordo prévio entre os Estados (tratado, convenção ou reciprocidade) a fim de ajustar os limites entres jurisdições distintas, sob pena de se tornar ineficaz a decisão judicial. 
A decisão judicial brasileira, como regra, só vale no território nacional – Princípio da Territorialidade da jurisdição – art.16 do NCPC.
Partindo dessa premissa o ordenamento pátrio regulou o assunto nos artigos do 21 ao 25 do NCPC, de forma que há dois regimes jurídicos: competência concorrente e competência exclusiva, consoante se passa a verificar.
5.9.1. COMPETÊNCIA CONCORRENTE.
O assunto vem regulado nos artigos 21 e 22 do NCPC.
Neste caso o jurisdicionado (autor) tem a opção de ajuizar a ação no Brasil ou no estrangeiro ou em ambos (sem causar litispendência).
Caso inicie o processo no estrangeiro a decisão de outro país poderá valer e ser efetivada no Brasil desde que respeitados certos requisitos, o que envolve a sua homologação junto ao STJ, conforme estabelecidos nos seguintes dispositivos legais: art.105, I, “i”, da CF/88 (EC45/04); art.12, 15 e 17 da LINDB; art.216-A a 216-N do Regimento Interno do STJ e do art.960 ao 965 do NCPC.
Uma vez homologada no STJ, poderá ser executada na Justiça Federal (juiz federal art.109 da CF).
As hipóteses de competência concorrente estão elencadas nos artigos 21 e 22 do NCPC.
O art.21 cuida das seguintes situações:
I – réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil.
Aqui, basta o réu ser domiciliado no Brasil para incidir a competência concorrente, não importando a sua nacionalidade ou onde a obrigação foi assumida.
II – no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação.
Aqui a questão não é o domicílio ou nacionalidade das partes, mas o lugar em que a obrigação deverá ser cumprida.
III – o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
O fundamento da ação deve ser referente a fato ou ato ocorrido no Brasil, a exemplo, uma ação de indenização por ato ou fato ocorrido no Brasil.
O NCPC ampliou as hipóteses de competência concorrente no art.22:
I – de alimentos, quando:
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil – aqui se priorizou o hipossuficiente (alimentando), permitindo o ajuizamento da demanda no país em que ele tem residência ou domicílio.
b) o réu (alimentante) mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos – aqui apesar de nem o autor ou o réu morarem no Brasil, este último tem bens ou renda vinculada ao país de forma que a execução poderá ser facilitada por aqui.
II – decorrente da relação de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil – novamente se protege a parte mais fraca da relação e favorece o consumidor mesmo nas relação de consumo com empresas ou empresários estrangeiros, lembrando que a pessoa jurídica estrangeira que tenha filial no Brasil poderá ser acionada aqui podendo o gerente desta unidade receber a citação - §3º do art.75 do NCPC.
III – em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.
Aqui se deve verificar que há cláusula de eleição de jurisdição que vincula as partes ou submissão tácita, podendo as partes terem escolhido resolver o conflito no Brasil, ressalvado o art.25 do NCPC que exclui a jurisdição brasileira. 
A existência de demanda idêntica no Brasil e no estrangeiro não induz litispendência (ou seja, elas podem conviver sem que uma delas seja extinta), salvo disposições existentes em tratado ou convenções internacionais (art.24 do NCPC).
Se a sentença estrangeira for homologada primeiro no STJ antes de sair a sentença nacional, o processo brasileiro é extinto sem resolução de mérito (para alguns em função da coisa julgada da sentença estrangeira agora nacionalizada, para outros, por falta de interesse processual).
Se a sentença brasileira de mérito transitada em julgado sair antes da homologação da sentença estrangeira no STJ, este não a homologará, sob pena de ferir a coisa julgada brasileira (soberania nacional).
5.9.2. COMPETÊNCIA EXCLUSIVA – art.23 do NCPC.
Aqui o litígio deve ser necessariamente resolvido pela jurisdição Brasileira, de forma que, acaso a parte tenha ajuizado a demanda no estrangeiro, a decisão sobre a mesma demanda não será homologada pelo STJ e, portanto, não será executada no Brasil.
As hipóteses estão elencadas no art.23 do NCPC:
I – conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil – aqui cuida de ações de direito reais e/ou pessoais sobre bens imóveis situados no Brasil. 
Ex: ação de despejo de imóvel situado no Brasil.
II – em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
Aqui cuida da hipótese de morte (de cujus) de das obrigações decorrente da mesma, como atos de última vontade e sucessão de bens. 
Em havendo bens no Brasil, tanto faz se móveis e/ou imóveis, a demanda será no Brasil, não podendo, por exemplo, inventário estrangeiro decidir sobre partilha de bens aqui situados e vice-versa.
Obs: Ver qual a lei civil será aplicada, conforme art.5º, XXXI, da CF/88.
III – em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
Semelhante ao inciso anterior, com a diferença que a morte aqui não é da pessoa, mas da relação conjugal. 
6.0. OS SUJEITOS DO PROCESSO:
A relação processual é formada e desenvolvida com a participação de vários sujeitos: as partes; seus representantes; o Estado Juiz (e seus auxiliares), além de interessados, como terceiros e o próprio Ministério Público.
Os sujeitos principais do processo, contudo, são as partes (autor e réu) e o órgão julgador (imparcial).
6.1. AS PARTES E SEUS REPRESENTANTES.
O conceito de parte pode ser considerado tomando-se como premissa a relação de direito material (parte da demanda ou da lide) ou a relação de direito processual (parte do processo ou parte formal).
O autor seria aquele que demanda a tutela jurisdicional, quebrando a inércia da jurisdição, apresentando uma pretensão em face de alguém que supostamente lhe causou lesão ou ameaça a direito, ou seja, o réu.
Para a parte atuar no processo devem ser considerados os pressupostos processuais a ela inerentes (pressupostos processuais subjetivos):
a) capacidade de ser parte – possibilidade de ser autor ou réu. 
Quem for titular de direitos e deveres na ordem civil (Capacidade de Direito), pode ser parte no processo.
Em regra, deve-se ter personalidade jurídica, no caso da pessoa física ou natural deverá nascer com vida, já a pessoa jurídica deve ser criada por lei (pessoa jurídica de direito público) ou com o registro de seus atos constitutivos em cartório competente (pessoa jurídica de direito privado).
Obs. Pode, contudo, a lei autorizar entidades despersonalizadas a serempartes no processo, é o que chamamos de capacidade formal ou judiciária.
b) capacidade processual ou de estar em juízo – é a autorização de praticar atos processuais por si mesmo, a qual se relaciona com a capacidade de fato ou de exercício do Direito Civil.
Art. 70 do Novo CPC.  Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo.
Assim, quem for capaz civilmente o será processualmente. Quem não for capaz civilmente deverá suprir a incapacidade processual na forma da lei civil.
Art. 71 do Novo CPC.  O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na forma da lei.
Veja que o artigo 71 do Novo CPC só tem serventia diante da pessoa física, já que a pessoa jurídica sempre será representada por quem a lei ou seus atos constitutivos indicar.
Nesse sentido, as pessoas jurídicas (de Direito Público ou Privado) e algumas entidade não personalizadas (capacidade judiciária), deverão estar necessariamente representadas, consoante se art.75 do Novo CPC.
c) capacidade postulatória – significa a aptidão de apresentar a pretensão diretamente ao Estado-Juiz. É o jus postulandi ou direito de postular em juízo.
De regra, quem possui o direito de postular é o profissional do Direito habilitado, no caso, o advogado, sendo ainda atribuído ao advogado público, ao defensor público e ao ministério público.
Conforme reza o art.133 da CF/88 o advogado é indispensável à Administração da Justiça. Isso porque o constituinte preocupa-se que a apresentação da pretensão em juízo se dê da forma mais técnica e proveitosa possível, daí atribuir tal papel ao profissional preparado para tanto, o advogado:
Art. 103 do Novo CPC.  A parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.
Parágrafo único.  É lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação legal.
Apesar, disso o STF já entendeu que tal regra não é absoluta, podendo eventualmente o direito de postular ser atribuído à própria parte, tal como se dá na Justiça do Trabalho, no habeas corpus, nos juizados especiais, etc.
Para exercer o direito de postular em nome de alguém o advogado (privado) precisará do instrumento de mandato, a procuração: 
Art. 104 do Novo CPC.  O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente.
§ 1o Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, independentemente de caução, exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz.
§ 2o O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos.
Obs: Em sendo o advogado público, defensor público e membro do ministério público o mandato decorre da própria lei que institui a carreira, não sendo necessária a procuração.
Os poderes recebidos pelo advogado mediante mandato podem ser gerais (cláusula ad judicia) e especiais, devendo estes últimos serem expressos:
Art. 105 do Novo CPC.  A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica, que devem constar de cláusula específica.
§ 1o A procuração pode ser assinada digitalmente, na forma da lei.
§ 2o A procuração deverá conter o nome do advogado, seu número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e endereço completo.
§ 3o Se o outorgado integrar sociedade de advogados, a procuração também deverá conter o nome dessa, seu número de registro na Ordem dos Advogados do Brasil e endereço completo.
§ 4o Salvo disposição expressa em sentido contrário constante do próprio instrumento, a procuração outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do processo, inclusive para o cumprimento de sentença.
6.2. DA REPRESENTAÇÃO.
Representar significa atuar em nome alheio e no interesse alheio. O representante não é parte (ela é representada), mas atua no seu interesse no processo.
Na legitimação extraordinária a pessoa atua em seu próprio nome em defesa de interesse ou direito alheio, de forma que o substituto é parte no processo.
A representação pode ser obrigatória ou facultativa.
Ocorre a representação obrigatória quando a ausência do representante provocar a extinção do processo sem resolução de mérito, o que se dá em alguns casos no CPC: 
a) pelo representante no caso de incapacidade civil para suprir a capacidade processual (art.71 do CPC).
b) por quem a lei ou os atos constitutivos indicarem no caso de pessoa jurídica (art.75 do CPC).
c) no caso do curador especial (art.72 do CPC), sendo de regra, tal missão de curadoria especial atribuída à defensoria pública. 
Há ainda a representação voluntária, quando não há exigência legal, sendo faculdade da parte fazer-se representada, por exemplo, no caso das associações e sindicatos em favor de seus associados, bem como do preposto em audiência.
OBS1: As associações e sindicatos são legitimados extraordinários ou representantes processuais? Ver art.8º, art.5º, XXI e LXX, da CF/88. Ver ainda Súmula 629 do STF.
Obs2: No caso de defeito de representação processual deve-se adotar o art.76 do Novo CPC, suspendendo o andamento do processo e dando-se prazo para parte sanar o problema.
6.3. DOS DEVERES DAS PARTES E DE SEUS REPRESENTANTES.
Cada sujeito do processo se sujeita a deveres na relação processual – art.77 do CPC.
O dever jurídico impõe um comportamento ético à pessoa, a qual não cumprindo a norma estará sujeita à sanção (multa processual, por exemplo). 
Já o ônus processual indica comportamento vantajoso para parte, que se não for adotado favorecerá a parte contrária. Não há sanção.
Entende-se que a lei processual civil gera direitos e deveres entre os sujeitos do processo.
No NCPC o art.77 tratou do assunto indicando deveres basicamente de Lealdade Processual (as pessoas devem seguir as regras do jogo, não podendo para vencer a causa usar de meios não aceitáveis moralmente), o que envolve: não mentir ou falsear a verdade; não usar meios para adiar ou atrapalhar o andamento do processo; não formular pedido ou defesa destituídos de fundamento, etc.
Entre os deveres processuais, devem as partes cumprir as decisões judiciais com exatidão, sob pena de praticarem Ato Atentatório à Dignidade da Justiça, o que culminará em aplicação de multa processual, independentemente da responsabilização em outras esferas (penal, civil, administrativa, processual).
O NCPC acrescentou ainda como ato atentatório à dignidade da Justiça violar o dever de “não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou de direito”.
Esta multa de até 20% do valor da causa será aplicada por decisão judicial quando o juiz entender caracterizada a situação descrita na lei, mas só será cobrada ao final do processo (após trânsito em julgado), após superado o prazo definido pelo juiz naquela mesma decisão. 
Caso não seja pago, será o valor inscrito em dívida ativa da União (caso o julgador seja da União) ou do Estado ou DF (julgadores estaduais ou distritais) para fins de execução fiscal.
Importante inovação foi o §8º do art.77 que prevê que o advogado não é responsável por cumprir ordem dirigida à parte, o que é lógico, haja vista que não pode ser garantidor desta, de forma a ser responsabilizado pelo descumprimento de ordem judicial.
Havia uma regra de isenção em relação ao parágrafo único do art.14 do CPC de 1973, em favor do advogado sujeito exclusivamente ao Estatuto da OAB, o que ensejou discussão em ADI 2.652 (ANAPE), dando ao par. único do art.14 do CPC interpretação conforme a CF para incluir na idéia de advogados também os advogados públicos.
“O caput do art. 14 foi modificadopara incluir, além das partes, todos aqueles que de qualquer forma participem da relação processual, de modo que os dispositivos referentes à litigância de má-fé passam a abranger os terceiros interessados, membros do Ministério Público e Juízes. Esta lei acrescentou o inciso V, que reforça o princípio da lealdade processual em casos de embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final. 5. O parágrafo único do art. 14 traz uma ressalva em relação aos advogados, que serão sujeitos exclusivamente aos estatutos da OAB, criando a possibilidade de uma punição mais severa pelo embaraço ou descumprimento das decisões judiciais. 6. Segundo, ainda, a Lei nº 8.906/94, Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, constitui infração disciplinar incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional. 7. Precedente do STF: EDcl-AgRg-AI 700.200 - Rel. Min. Cezar Peluso - DJe 09.10.2009 - p. 98). 8. A multa aplicada em decorrência da natureza protelatória destes embargos de declaração deve ser infligida sobre o Ente Público que lhe deu causa, de sorte a provocar um efeito pedagógico no corpo de Procuradores do ente público que representa, de forma que tais situações desrespeitosas não venham a se repetir”. Precedente do STJ: EERESP 435824 - DF - 2ª T. - Relª Min. Eliana Calmon - DJU 17.03.2003). 9. Aclaratórios improvidos.
(EDAMS 20068000006195101, Desembargador Federal Francisco Barros Dias, TRF5 - Segunda Turma, 04/02/2010).
A doutrina defende a regra de isenção do advogado e adverte que a punição é na pessoa do responsável pelo cumprimento da decisão judicial.
Contudo, no caso de ato atentatório ao exercício da jurisdição (descumprimento da decisão judicial) tem-se defendido a penalização do agente público responsável pelo descumprimento da ordem judicial, ressalvando-se, contudo, a figura do procurador que será punido via regime disciplinar. (DA CUNHA, José Leonardo Carneiro. A Fazenda Pública em Juízo. São Paulo: Dialética, 2007, p.140). 
O NCPC trouxe regra semelhante em seu §6º do art.77, mas de logo esclareceu que ela se estende ao advogado público e privado, defensor público e membro do ministério público, os quais não responderão por ato atentatório à dignidade da Justiça (§2º a 5º do art.77).
Agora a isenção foi, portanto, estendida pelo NCPC aos demais membros detentores de capacidade postulatória tais como: advogado público, defensor público e ministério público.
6.4. DA RESPONSABILIZAÇÃO DAS PARTES E DE SEUS PROCURADORES.
Consoante se vê do art.79 do NCPC a parte que causar dano a outra dentro do processo, terá o dever de indenizá-la por perdas e danos, o que indica uma responsabilidade civil, podendo o prejuízo ser apurado no mesmo processo em que o dano foi gerado, ou em ação autônoma.
O art.80 do NCPC define as hipóteses de litigância de má-fé, que são os comportamentos violadores dos deveres de lealdade processual e, portanto, passíveis de punição processual com a multa prevista no art.81 do NCPC.
Como o agente público (e procurador) é órgão do ente público que é parte no processo, as penalidades por litigância de má-fé são aplicadas ao próprio ente público que violar os deveres do art.77 do NCPC.
Só haverá litigância de má-fé nas hipóteses previstas em lei, sendo o rol taxativo.
Obs. Há diferenças entre a multa aplicada com base no art.77 e aquela aplicada com base no art.81 do NCPC? Sim.
- O art.81 configura litigância de má-fé, já o art.77 cuida de ato atentatório à dignidade da justiça.
- O art.81 é aplicado sobre a pessoa jurídica de direito público, já a multa do art.77 poderá ser aplicada ao agente público responsável (pessoa física).
- A multa do art.81 do NCPC reverte em proveito da parte contrária (art.96 do NCPC), já a multa do art.77 reverte ao Estado configurando dívida ativa.
- O art.81 impõe valor distinto para multa em relação ao art.77 do NCPC.
 
- Há imunidade para o advogado no caso da multa do art.77, não havendo no caso do art.81 do NCPC.
6.5. DAS DESPESAS PROCESSUAIS - A REGRA DA SUCUMBÊNCIA – JUSTIÇA GRATUITA.
O acesso à justiça não é, como regra, gratuito, sendo que para exercer esse direito há certas despesas gerais a serem custeadas pela parte interessada, a saber: honorários do seu advogado; emolumentos de cartório; taxas; honorários de perito; valor de exames; transporte de testemunhas, tal como agora resta previsto em lei, no art.84 do NCPC.
Na doutrina, costuma-se dizer que as despesas processuais são: as custas (taxas devidas ao Estado), emolumentos (taxas devidas ao cartório extrajudicial e despesas em sentido estrito, que são valores pagos a terceiros no processo (Ex: perito, exames, transporte de testemunha.
Os honorários advocatícios (contratuais e de sucumbência), não são propriamente considerados despesas processuais, ainda que na prática assim possa assim ser entendido.
Obs: Súmula 667 do STF – viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa.
Assim, com exceção do acesso gratuito à Justiça que é conferido pelo Estado a quem não disponha de tais recursos, a regra é que, cada um deva suportar inicialmente as despesas que lhe dizem respeito, antecipando-lhes o pagamento – art.82 do NCPC.
Agora se o ato foi determinado de ofício pelo juiz ou pelo ministério público atuando como fiscal da lei, quem deve suportar inicialmente o gasto é o autor (§1º do art.82 do NCPC), sendo ao final, suportado pela parte perdedora (art.91 do NCPC).
A Lei fala em antecipar a despesa porque ao final do processo, a parte que deu causa a demanda e que perdeu, será condenada a ressarcir as despesas da parte que venceu – é a regra da Sucumbência – prevista no §2º do art.82 do NCPC.
Como decorrência ainda da regra da sucumbência, caberá ainda a parte derrotada pagar os honorários em favor do advogado da parte vencida, uma espécie de gratificação pelo êxito do profissional – art.85 do NCPC. 
Assim, o advogado da parte vencedora receberá os honorários contratuais de seu cliente (parte vencedora) e os honorários sucumbenciais da parte vencida.
Os honorários sucumbenciais são direito do advogado da parte vencedora, tendo natureza de verba de caráter alimentar (§14), devendo ser fixado pelo juiz na sentença observando os parâmetros dos parágrafos do art.85 do NCPC.
Novidade foi o §3º do art.85 do NCPC que estipulou percentuais diferenciados e gradativos em relação aos honorários sucumbenciais a serem pagos pela Fazenda Pública, assim como agora há previsão de que os advogados públicos têm direito a honorários sucumbenciais na forma da lei (§19).
Haverá sucumbência recíproca quando o litigante for vencedor e vencido ao mesmo tempo (procedência parcial do pedido), no que cada um suportará suas despesas (art.86 do NCPC), salvo o dever de pagar honorários de sucumbência à parte contrária (§14 do art.85), pois não caberá compensação de honorários sucumbenciais.
Quem desistir da ação, renunciar ou reconhecer o direito arcará com a sucumbência – art.90 do NCPC. 
Se houver transação e nada for ajustado, serão divididas igualmente as despesas.
O Estado tem o dever constitucional de assegurar o acesso gratuito aos necessitados, entendidos como aqueles que não têm como bancar antecipadamente despesas processuais sem prejuízo de seu sustento e de sua família.
A Lei 1.060/50 regula o assunto, sendo que agora o NCPC também tratou do mesmo, de forma que derrogou alguns dispositivos daquela lei, mas agregou um bocado de novidade.
Uma novidade é que agora resta previsto em lei que a pessoa jurídica pode ser beneficiária do acesso gratuito, quando antes tal aspecto só era tratado pela jurisprudência. 
Súmula 481 do STJ – Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.
A diferença é que a pessoa física uma vez declarando-se pobre na forma da lei goza de presunção relativa e não precisa em princípio comprovar sua condição (§3º do art.99

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