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Capacidade de uso da Terra

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______________________________________________________________________________ CAPÍTULO 3
CAPACIDADE DE USO DAS TERRAS
Por
Ari Délcio Cavedon
e Edgar Shinzato
3.1 Metodologia
As categorias do sistema de capacidade de uso
preconizadas pelo Manual para Levantamento
Utilitário do Meio Físico e Classificação de Terras
no Sistema de Capacidade de Uso são assim
hierarquizadas:
• Grupos de capacidade de uso: A, B e C,
baseados na intensidade de uso das terras.
• Classes de capacidade de uso: I a VIII,
baseadas no grau de limitação de uso.
• Subclasses de capacidade de uso: IIs, IIIs, Va,
identificando a natureza da limitação de uso.
• Unidades de capacidade de uso: IIs4, IIIe1,
VIIe4, identificando condições específicas
que afetam o uso e o manejo das terras.
3.1.1 Grupos de Capacidade de Uso
Grupo A – compreende as classes I, II, III e IV
de capacidade de uso, que podem ser utilizadas com
culturas anuais, perenes, pastagens, reflorestamentos
ou proteção da vida silvestre.
Grupo B – compreende as classes V, VI e VII,
adaptadas para pastagem e/ou reflorestamento e/ou
proteção e manejo da vida silvestre, que podem ser
utilizadas com culturas especiais protetoras de solos
e de encostas.
Grupo C – compreende a classe VIII, imprópria
para cultivos, pastagens ou reflorestamento e
indicada para preservação e conservação da
natureza, recreação, armazenamento de água e
manejo sustentado da flora e fauna silvestres.
3.1.1.1 Classes e Subclasses de Capacidade de Uso
Representam terras com o mesmo grau de
limitação e uso ou de riscos de degradação. Em
número de oito (I a VIII), com a intensidade de uso
decrescendo do primeiro ao oitavo algarismo
romano.
A caracterização procura considerar a
complexidade maior ou menor das práticas
conservacionistas, ou seja, o conjunto de medidas
que devem ser utilizadas para controlar a erosão e
melhorar as condições de produtividade das terras.
Entre as primeiras estão o plantio direto, plantio em
curvas de nível, terraceamento, faixas de retenção,
rotação de culturas, abertura de canais divergentes e,
entre as demais, calagem, adubação química e verde,
subsolagem, drenagem, manejo de pastagens,
destinadas a aumentar a cobertura dos solos.
3.1.1.1.1 Classe I
Compreende terras sem limitações ao uso com
culturas anuais ou perenes, pastagens e
reflorestamento. Os solos são férteis, profundos,
com boa retenção d’água, sem riscos de inundação e
sem lençol freático elevado.
Não há subclasses na classe I.
Os solos presentes na região, nos relevos
correspondentes, não obedecem aos requisitos para
serem enquadrados na classe I.
3.1.1.1.2 Classe II
Compreende terras boas, que podem ser
cultivadas mediante práticas especiais de
conservação. Admite as subclasses:
• IIe – terras situadas em relevo suave
ondulado;
• IIs – terras com ligeira limitação pela
capacidade de retenção d’água, caráter
distrófico, baixa CTC;
• IIa – terras com algum excesso d’água e com
pequena probabilidade de salinização;
• IIc – terras situadas em relevo plano ou suave
ondulado, com ligeiras limitações climáticas.
Na área em estudo, somente as unidades PAd1 e
PEe1 têm as propriedades para integrar essa classe.
3.1.1.1.3 Classe III
Compreende terras que, se cultivadas sem os
necessários cuidados, podem sofrer degradação
rápida e requerer medidas complexas de
conservação para produção de culturas anuais
climaticamente adaptadas. As subclasses dividem-se
em:
• IIIe – terras situadas em relevo suave
ondulado e/ou ondulado, com riscos de erosão
sob cultivos intensivos ou constituídas por
solos muito erodíveis;
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• IIIs – terras com fertilidade muito baixa, solos
álicos, podendo ser limitadas por
profundidade, drenagem ou devido à presença
de pedregosidade superficial;
• IIIa – terras praticamente planas, com riscos
acentuados de inundações;
• IIIc – terras com moderadas limitações
climáticas.
Foram incluídos nessa classe os solos de
tabuleiro das unidades LAd1, PAa1 a PAa6, PAad6
a PAad10 e PAd2 a PAd4, todos situados em relevo
plano e suave ondulado.
3.1.1.1.4 Classe IV
Terras cujas limitações permanentes são
muito severas, se utilizadas com culturas
anuais. Os solos não são adequados a cultivos
intensivos e podem, também, apresentar sérios
obstáculos à motomecanização. Compreende as
subclasses:
• IVe – terras limitadas por risco severo de
erosão, com declividade entre 10 e 15%;
• IVs – terras com limitações de profundidade
e/ou com pedregosidade entre 30 e 50%, com
baixa retenção d’água e problemas de
fertilidade natural;
• IVa – solos com riscos muito altos de
inundação;
• IVc – terras com limitações climáticas
ocasionadas por secas ou riscos de geadas.
Na área de estudo, os solos não foram incluídos
na classe IV, especialmente porque os relevos,
quando há risco severo de erosão, são mais íngremes
do que 15%.
3.1.1.1.5 Classe V
São terras praticamente planas, não adaptadas
para culturas anuais comuns em razão de
impedimentos como encharcamento e risco
freqüente de inundação. O solo apresenta poucas
limitações para pastagens, silvicultura ou para a
cultura, por exemplo, do arroz. As subclasses são:
• Vs – terras com drenagem interna muito
rápida ou pequena profundidade efetiva, ou
rochosidade e pedregosidade intensas;
• Va – terras planas não sujeitas à erosão,
limitadas pelo excesso d’água e/ou risco
freqüente de inundação;
• Vc – terras planas, com limitações climáticas
muito sérias, devido a períodos secos
prolongados.
Foram classificados como Va, com subunidades,
os Solos Aluviais das unidades de mapeamento
ALe1, ALae3 e ALae4.
3.1.1.1.6 Classe VI
Constituem essa classe terras impróprias para
culturas anuais, porém, aptas a culturas permanentes
como pastagens, reflorestamentos ou seringueiras e
cacau. Para seu uso, faz-se necessário levar em conta
que são solos suscetíveis à erosão e, por isso, devem
ser observados os processos de proteção e
conservação mais indicados para cada caso.
Compreende as seguintes subclasses:
• VIe – terras que, mesmo sob culturas
protetoras do solo, são moderadamente
suscetíveis à erosão, em declives acentuados e
relevo forte ondulado ou ondulado;
• VIs – solos rasos ou com forte pedregosidade
ou, ainda, muito arenosos em locais planos;
• VIa – solos com lençol freático muito
elevado, com pequenas chances de drenagem
artificial;
• VIc – terras com limitações climáticas
severas.
Na área mapeada, foram incluídas na classe VI as
unidades de mapeamento PAad1, PAad5 e PVad1.
3.1.1.1.7 Classe VII
Terras que possuem severas limitações
permanentes para culturas anuais, inclusive aquelas
consideradas protetoras, pastagens e
reflorestamentos. São necessários processos
conservacionistas intensos para prevenir erosão,
mesmo para reflorestamento. As subclasses
admitidas são:
• VIIe – terras com declividade muito
acentuada, maior que 40%, muito suscetíveis
à erosão;
• VIIs – terras com pedregosidade em excesso,
mais de 50% de cobertura do terreno, com
associações rochosas ou com solos rasos e
baixa capacidade de retenção d’água;
• VIIc – terras com limitações climáticas
severas, situadas em climas semi-áridos.
Foram incluídas na classe VII, com distintas
unidades de uso, as unidades de mapeamento de
solos PAad2 a PAad4, PAad11, PVa1, PVad2 a
PVad4, PVd2 e PVd3, PEed1, PEed2, HP1 a HP4,
AM1 e AM2, sempre considerando as características
do primeiro componente.
3.1.1.1.8 Classe VIII
Nessa classe são incluídas as terras impróprias
para cultivo, inclusive as de florestas comerciais ou
para produção econômica de qualquer forma de
vegetação. São indicadas, apenas, para proteção do
meio ambiente e/ou da flora e fauna, preservação
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permanente, recreação, turismo e para represamento
d’água.
Podem ser terras encharcadas ou extremamente
declivosas, mangues ou terras extremamente
pedregosas.
As subclasses admitidas são:
• VIIIe – terras com declives extremamente
acentuados, com riscos muito altos de erosão,
inclusive eólica. São áreas com
voçorocamento ou de dunas costeiras;
• VIIIs – terras muito pedregosase/ou com
solos muito rasos, que impedem o uso com
florestas artificiais;
• VIIIa – áreas encharcadas, pântanos ou com
solos tiomórficos;
• VIIIc – terras com limitações climáticas muito
severas, situadas em regiões semi-áridas.
Na área mapeada, foram incluídas na classe VIII as
unidades de mapeamento PVad5, SM1, SM2, Rda1 e
parte da unidade ALda5, sempre considerando-se o
primeiro componente da associação.
3.1.1.2 Unidades de Capacidade de Uso
As unidades de capacidade de uso representam
grupamentos de terras com riscos, limitações e, de
certa forma, manejo agrícola também semelhantes.
No Quadro 3.1 são apresentadas as unidades
utilizadas para classificação da capacidade de uso
das terras, por subclasse. Em princípio, cada classe,
à exceção das unidades I e II, pode comportar
qualquer uma das unidades de uso. Foi excluída a
subclasse “c”, referente a clima, pois, embora na
área de estudo, considerando o litoral e o interior,
haja variações climáticas, principalmente relativas à
pluviosidade e temperatura, quanto à capacidade de
uso não devem ser estabelecidas subclasses e
unidades na escala 1:100.000.
3.2 Descrição das Unidades de Mapeamento
Para simplificação, preferiu-se descrever, em
alguns casos, as unidades de mapeamento por
grupos, englobando classes com diferenças nas
subclasses e unidades.
Unidades Ie1 e Ie1,5,s3 – A primeira refere-se à
unidade de mapeamento de solos PAd1, constituída
por Podzólico Amarelo, ocupando vertentes do rio
dos Frades. Originalmente distrófico, contém
importantes resíduos de calagem e adubação e se
situa em relevo suave ondulado, com impedimento
apenas pela declividade e, mesmo assim, ligeiro. A
segunda caracteriza o principal componente da unidade
de mapeamento PEe1, o Podzólico Vermelho-Escuro
eutrófico, em relevo suave ondulado, no vale do rio
Buranhém. Trata-se de solos com boas possibilidades de
produtividade, desde que manejados corretamente. Têm
suscetibilidade à erosão por serem abrúpticos.
Situam-se em posição privilegiada devido à oferta de
recursos hídricos e à possibilidade de escoamento de
produção, pois há uma via importante de acesso à
região.
Classe Subclasse Unidade de Capacidade de Uso
 e1 – relevo plano e/ou suave ondulado; nula a ligeira
suscetibilidade à erosão
 e2 – relevo suave ondulado e/ou ondulado; ligeira a moderada
suscetibilidade à erosão
 e3 – relevo ondulado e/ou forte ondulado; moderada a forte
suscetibilidade à erosão
 e4 – relevo montanhoso e/ou forte ondulado/montanhoso; forte
suscetibilidade à erosão.
e
e 5 – horizonte A arenoso e/ou solos abrúpticos
s1 – pouca profundidade
s2 – textura arenosa
s3 – pedregosidade, rochosidade, solos cascalhentos
s4 – baixa fertilidade natural
s6 – solos tiomórficos ácidos
s
s8 – presença de camadas impeditivas
a1 – lençol freático elevadoa
a2 – riscos de inundação
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
Quadro 3.1 – Classes e subclasses de capacidade de uso.
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Unidade IIIe1s4 – Compreende solos de
tabuleiros com relevo plano e dominância de
Latossolo Amarelo Podzólico, distrófico com textura
argilosa, LAd1 no mapa de Reconhecimento de
Solos; Podzólicos Amarelos das unidades de
mapeamento PAa2, ao sul da BR-101, em
interflúvios tabulares de afluentes do rio Caraíva, e
PAa5 na região de Barrolândia, de texturas
média/argilosa e arenosa/média/argilosa, ambos
álicos. A fertilidade natural (s4) é baixa e a
suscetibilidade à erosão, nula a ligeira. São
utilizados com fruticultura e reflorestamento com
eucaliptos, pastagens e culturas de subsistência.
Um sistema de manejo e conservação de solos
com tecnologia apropriada pode tornar esses solos
produtivos, melhorando sua fertilidade natural,
agregando matéria orgânica e mantendo suas
condições físicas.
Unidade IIIe1,5,s4 – Compreende,
principalmente, Podzólicos Amarelos situados em
relevo plano (e1), com marcante gradiente textural
entre os horizontes A e B, portanto, abrúpticos (5),
álicos e distróficos, com baixa fertilidade natural
(s4). Ocupam pequenos platôs ao norte do Parque
Nacional do Monte Pascoal, PAa1 no mapa de
Reconhecimento de Solos, e extensas áreas da
unidade de mapeamento de solos PAad6, nos
interflúvios tabulares dos rios Pedra Branca e João
de Tiba e seus afluentes, onde são usados com
plantio de eucaliptos e fruticultura. Na região da
fazenda Batalha, são terras ocupadas por
significativo plantio de seringueiras em produção,
unidade de mapeamento de solos PAa3.
Correspondem, também, à unidade de
mapeamento de solos PAad7, que ocupa expressiva
região de platôs de relevo plano entre o rio Caraíva e
o córrego Jambeiro, onde são utilizados com
fruticultura, reflorestamento, pastagens e agricultura
de subsistência. No Parque Nacional do Monte
Pascoal, são destinados à preservação permanente.
À exceção da área do parque, são solos
agricultáveis, necessitam de redução de acidez pela
calagem e de aporte de nutrientes através de
adubação completa. Têm como limitação principal a
presença de um horizonte A arenoso sobre B
argiloso, o que influencia diretamente a percolação
d’água, a lixiviação de íons e da matéria orgânica, a
penetração de raízes e os tratos culturais. Os planos
de manejo devem sempre levar em conta essa
característica, para o sucesso de qualquer
empreendimento agrossilvipastoril.
Unidade IIIe1,s4/8 – Compreende as unidades
de mapeamento PAad 9, PAa4, PAad8 e PAd4,
álicos e distróficos, com baixa fertilidade natural
(s4) ocupando áreas de relevos plano e suave
ondulado (e1). Um dos componentes da associação,
Podzol, tem um horizonte Bsh, “ortstein”
endurecido, constituindo uma camada impeditiva à
percolação d’água, à penetração de raízes e,
dependendo da profundidade de sua ocorrência, aos
tratos culturais.
Ocupam extensas áreas nos interflúvios tabulares
situados entre os rios João de Tiba e Buranhém e
entre esse último e o rio dos Frades.
Além dessa característica, a textura arenosa dos
Podzóis não os recomenda ao uso agrícola, por isso,
em nível de propriedade, essas áreas arenosas devem
ser diferenciadas das demais, quando se planejarem
plantios e uso agrícola.
Os solos dessa classe de capacidade de uso são
intensamente usados com plantios de eucalipto,
fruticultura e agricultura de subsistência, além de
pastagens plantadas. No caso de plantio de essências
florestais, cujas raízes atingem horizontes profundos,
deve ser feita subsolagem, para romper a camada
impeditiva dos Podzóis.
Unidade IIIe1,5,s4/8 – Compreende as unidades
de mapeamento PAd2, PAa6, PAad10 e PAd3, todas
representando solos situados em relevos plano e
suave ondulado (e1), com marcante gradiente
textural entre os horizontes A e B, portanto,
abrúpticos. Um dos componentes subdominantes na
associação de solos contém camada impeditiva. Nas
duas primeiras, trata-se de Podzol e valem as
recomendações já feitas para a classe anterior de
capacidade de uso. Nas duas últimas, trata-se de
Podzólico Amarelo com fragipã, camada impeditiva
definida no capítulo Levantamento de
Reconhecimento de Solos. Para conseguir plantar
eucalipto com sucesso, a Veracel Celulose S.A.
chegou a desenvolver um subsolador especial, para
atingir profundidades superiores a 80cm e quebrar o
fragipã, utilizando tratores de alta potência em área
ao norte de Ponto Central, unidade de mapeamento
PAd3.
O fragipã, descontínuo na paisagem, ocorre ora
em forma de lamelas sobrepostas e espessas, ora
como um horizonte compacto, também espesso, que
só se fragmenta com extrema dificuldade a seco.
Trata-se, verdadeiramente, de exemplo de utilização
de solos dessa categoria, envolvendo custos
apreciáveis no preparo do terreno para plantio.
Unidade Va2 – Compreende Solos Aluviais
eutróficos, da unidade de mapeamento ALe1, com
textura média, situados nas várzeas do rio Santo
Antônio e alto curso do rio João de Tiba. Na planície
aluvial do rio Buranhém, associam-se com Aluviais
gleicos álicos, da unidade de mapeamento ALae4,
utilizados com pastagens e, em locais mais drenados,
com cacau. Por definição, foram incluídos na classe
V, com limitações devidas ao excesso d’águae risco
de inundações. Por serem solos com boa reserva de
nutrientes, podem se tornar produtivos, mediante
drenagem eficiente e controle das enchentes.
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Unidades Va2s2 e Va2s4 – Solos Aluviais com
textura arenosa e indiscriminada. Situam-se em áreas
alagadas durante a maior parte do ano. Foram
incluídos na primeira unidade solos álicos e
eutróficos com textura média e arenosa da unidade
de mapeamento ALae3, principalmente nos cursos
médio e baixo do rio João de Tiba. À segunda
unidade de capacidade de uso correspondem solos
distróficos e álicos, com baixa fertilidade natural
(s4) e textura indiscriminada. Situam-se nas
planícies aluviais dos rios Caraíva e Corumbau e de
seus afluentes. Como os demais situados em vales
semelhantes, os solos dessa classe têm limitações
por excesso d’água e riscos de inundação.
Unidade Va2s4/8 – A área mapeada nessa
unidade situa-se ao norte de Santa Cruz Cabrália,
associação de solos ALa2, com as mesmas
limitações dos demais Aluviais por excesso d’água.
A fertilidade natural é muito baixa (s4), pois são
álicos. Na associação, um dos componentes é Podzol
com “ortstein”, camada impeditiva no nível do
lençol freático. Trata-se de área litorânea, cujo
destino deverá ser a urbanização ou obras para fins
de lazer. As características desses solos – textura
média, presença de horizonte endurecido
subsuperficial, camadas gleizadas em subsuperfície,
lençol freático elevado – interferem diretamente nos
procedimentos de engenharia para construções.
Unidade VIe3s4 – Engloba três unidades de
mapeamento de solos: PAad1, PVad1 e PAad5,
todas representando solos em relevo ondulado (e3) e
com baixa fertilidade natural (s4). A primeira situa-
se no domínio dos interflúvios tabulares, em
cabeceiras de vales menos encaixados, com
vertentes convexas e declives que impedem uma boa
mecanização. Esses solos precisam ser conservados,
por sua presença em área de proteção dos
mananciais hídricos.
Os solos das duas outras unidades situam-se,
também, em áreas de relevo ondulado e têm muito
baixa a baixa fertilidade natural. A textura com
cascalho na classe PVad1 não constituiria, em
princípio, empecilho ao seu uso. Os solos são
suscetíveis à erosão e ocupados com pastagem. As
principais restrições são a baixa fertilidade natural e
a suscetibilidade natural à erosão dos Podzólicos
Amarelos.
Unidade VIIe4 – Compreende solos das
unidades de mapeamento PEed1 e PEed2, em sua
maioria eutróficos e, em menor proporção,
distróficos. Situam-se em elevações de forte
declividade entre a BR-101 e o Parque Nacional do
Monte Pascoal e no alto curso do rio dos Frades. As
principais restrições ao uso agrícola são
condicionadas pelo relevo e pela suscetibilidade à
erosão desses solos, essa última, característica
interna, devida à estrutura em blocos do horizonte B
e à textura mais arenosa no horizonte superficial,
permitindo a ação rápida dos processos erosivos.
Em que pesem as restrições, localiza-se um
assentamento de agricultores em área de solos
distróficos e eutróficos, em relevo forte ondulado.
Sem muita preocupação com a conservação, os
agricultores vivem de plantios para sua subsistência
e algum lucro com venda da produção,
principalmente de feijão, farinha de mandioca e
milho, na localidade denominada Pedra Mole, à
esquerda da estrada para o monte Pascoal. É uma
comunidade que necessita de assistência técnica,
principalmente, no sentido de evitar a degradação do
solo e melhorar os processos de manejo em áreas
com forte declividade, solos erodíveis e elevado
índice de precipitações pluviométricas.
Unidade VIIe3s1,3 – Unidade de solos situados
em colinas com relevo ondulado (e3), pouco
profundos (s1) e cascalhentos (s3). Não têm
expressão para agricultura ou silvicultura.
Correspondem à unidade de mapeamento de solos
PVd1.
Unidade VIIe3s4 – Foram incluídos nessa
unidade solos álicos e distróficos, situados em relevo
ondulado e forte ondulado, em áreas de cabeceiras
de drenagem e altos cursos de afluentes dos
principais rios da região dos tabuleiros. São
Podzólicos Amarelos Latossólicos e Não
Latossólicos, suscetíveis à erosão por suas
características internas e, principalmente, pela forte
declividade das encostas onde se situam. São
válidas, aqui, as mesmas recomendações feitas para
solos situados em posição semelhante: por serem
áreas de proteção de mananciais, deveriam ter sido
preservadas. Agora, devem ser manejadas com
cuidado. A melhor recomendação é a recuperação de
encostas e vales por meio de replantio de espécies
nativas, se possível as de aproveitamento
econômico.
Unidade VIIe4s4 – Unidade das mais
importantes do ponto de vista de extensão, presente
nos principais vales dos rios Caraíva, dos Frades,
Buranhém, João de Tiba e Santo Antônio e seus
afluentes principais e secundários. A grande maioria
dos vales de rios menores, encaixados, distribuídos
em toda a área do mapeamento dos municípios de
Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, tem encostas
ocupadas por Podzólico Amarelo e Podzólico
Vermelho-Amarelo, em relevo forte ondulado e
montanhoso, identificados no mapa de
Reconhecimento de Solos pelas unidades PAd11,
PVad2, PVad4 e PVd2 e, no de Capacidade de Uso
das Terras, VIIe4s4.
A área mapeada é intensamente cortada por vales
no sentido geral oeste-leste. À exceção dos situados
em terras da Veracel Celulose S.A., cuja vegetação
natural foi recuperada, todos os demais estão em
59
processo de erosão, que se inicia pelo pisoteio e
sulcamento provocado pelos animais. Caso não
sejam tomadas medidas preventivas e de contenção
eficientes, o voçorocamento será inevitável e a perda
de solos irreversível.
Essas áreas têm solos distróficos e álicos, por
isso, com baixa fertilidade natural. Não devem ser
indicadas para agricultura e silvicultura. A proteção
das vertentes mais íngremes e pastagem cultivada
nas mais suaves pode ser uma alternativa fácil e
possível de ser introduzida.
Unidade VIIe4s4/s – Unidade de grande
expressão em termos de extensão geográfica,
delimitada no mapa de Reconhecimento de Solos
com a letra-símbolo PVa1, isto é, Podzólico
Amarelo, situado em relevo montanhoso (e4) e álico
(s4) como dominante na associação. A notação “/s”
significa que um segundo componente tem
fertilidade melhor. Trata-se de Podzólico Vermelho-
Escuro eutrófico, também em relevo montanhoso.
Essas terras ocupam a parte do extremo oeste da
região, ao sul da BR-101, entre Eunápolis e Itabela,
e constituem um conjunto de colinas e montes com
declividades acentuadas ocupadas, praticamente em
toda a sua extensão, por pastagens e alguns relictos
florestais, de onde foram extraídas as madeiras mais
nobres. Também ocorrem, em menor proporção,
perto das nascentes do rio Caraíva e de alguns de
seus afluentes.
Muito problemáticas em termos de manejo, essas
terras, sejam álicas ou eutróficas, não podem
continuar a ser exploradas da forma atual. Não se
identifica nenhum manejo conservacionista, ao
contrário, onde a vegetação tende a se degenerar, e
junto às nascentes d’água, é cortada e queimada sem
razão, contribuindo para acelerar ou iniciar
processos erosivos. A região é de fazendas de
criação de gado de corte e o pisoteio de animais
favorece a erosão em sulcos, que se aprofundam
com o passar do tempo. Um alerta urgente precisa
ser dado para a conservação desses solos, sendo
válidas, aqui, todas as recomendações de manejo
feitas anteriormente para áreas com forte
declividade: plantio de essências florestais naturais
em encostas íngremes, pastagens nas mais suaves
em terço inferior de elevações e regeneração natural
da floresta nativa.
Unidade VIIs2,8 – Compreende solos arenosos,
Podzóis ou espodossolos, com presença de
“ortstein”, horizonte endurecido, subsuperficial, rico
em sesquióxidos de alumínio e ferro, Bs, e/ou
sesquióxidos mais matéria orgânica, Bsh. Essas
areias são conhecidas como “mussunungas” e se
situam em topos de tabuleiros, ora contínuas por
quilômetros de extensão, como a oeste de Santo
André, ora associadas com Podzólicos Amarelos de
textura argilosa e muito argilosa.
O lençol freáticositua-se no nível do horizonte
endurecido, fácil de ser identificado, porque dele
escorre uma água escurecida pelos ácidos
principalmente fúlvicos presentes na matéria
orgânica.
Os Podzóis mantêm uma vegetação natural
campestre, com veloziáceas, orquídeas, gramíneas,
melastomatáceas e anonáceas; essas duas últimas e
outras podendo ter porte arbustivo, que muito se
assemelha aos campos rupestres da Chapada
Diamantina e dos campos do norte de Roraima,
sugerindo que são formações vegetais edáficas.
Estão reconhecidos no mapa de Reconhecimento
de Solos pelas unidades HP1 e HP2 e não têm
recomendação para uso agrossilvipastoril, mesmo
porque funcionam como reservatórios d’água que,
devido à sua localização em topo de elevações, são
verdadeiras nascentes.
As areias brancas, ou horizonte E eluvial, são
extraídas para construção civil e para revestimento
de estradas em áreas de atoleiro. Na verdade, a
recomendação para esses solos é a preservação
permanente e não a extração indiscriminada
provocando cortes, poças d’água e cicatrizes
ambientais irreversíveis.
Unidade VIIs2,8a1 – Unidade na qual
predominam os Podzóis hidromórficos, de textura
arenosa (s2), em áreas baixas, alagadiças (al), com
horizonte Bsh endurecido (8), associados a Areias
Quartzosas Marinhas, Solos Aluviais e Solos
Orgânicos maldrenados. Situam-se no litoral, ao
norte de Porto Seguro, correspondendo à unidade de
mapeamento de solos HP3, e, ao sul, em Caraíva,
HP4. Essas áreas estão sendo ocupadas pela
construção civil e não têm vocação para outros usos,
a menos que fossem preservadas.
Unidade VIIe3s3,4 – Unidade representativa de
elevação com relevo forte ondulado (e3), solos
cascalhentos (s3) e de baixa fertilidade natural (s4),
sem indicação para uso em sua parte mais declivosa
e no topo, onde se situa uma estação repetidora. As
encostas menos íngremes, ao norte, são ocupadas
com reflorestamento de eucaliptos e, as mais
íngremes, preservadas com vegetação natural.
Unidade VIIIe4s4 – Corresponde a áreas
montanhosas (e4) no extremo sudoeste da área de
estudo, com solos álicos e distróficos (s4),
impróprios para cultivo devido ao declive acentuado
e à presença, na associação, de solos pouco
profundos e afloramentos de rochas. A classe VIII,
por definição, caracteriza terras para preservação
permanente.
Unidade VIIIs1,3 – Compreende solos pouco
profundos (s1), com presença de afloramentos
rochosos (s3). Indicados para preservação
permanente, mesmo porque situam-se em parque
nacional.
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Unidade VIIIa – São áreas de mangues situados
no litoral, na foz dos principais rios, Santo Antônio,
João de Tiba, dos Frades, Buranhém, Caraíva e
Corumbau, compreendendo as unidades de
mapeamento de solos SM1 e SM2. Essa última
localiza-se no extremo norte do município de Porto
Seguro, constituindo associação com Podzóis e
Aluviais. Por definição, os manguezais são incluídos
na classe VIIIa e se destinam à preservação
permanente pelas leis ambientais.
Unidade VIIIes2 – Também áreas para
preservação, constituídas por dunas, areias marinhas
e praias. Por definição, a subclasse VIIIe destina-se
a identificar áreas de dunas costeiras. A notação de
unidade, s2, permite identificar melhor essas áreas,
também, através da textura.
Associação VIIIa2s6 + Va2s4,8 – Corresponde
aos principais solos mapeados na planície aluvial do
rio dos Frades. Por definição, as áreas alagadas (a2)
com solos tiomórficos (s6) são incluídas na classe
VIII, devido à sua difícil recuperação. Esses solos
têm pH muito ácido, da ordem de 3 a 3,5, com
mosqueados de jarosita, que se forma após
drenagem, pela precipitação de sulfato de ferro, de
cor alaranjada e amarela, caracterizando um
horizonte sulfúrico. A área drenada é utilizada com
criação de búfalos em pastagem adaptada.
Na mesma várzea, mais ao norte, estão presentes
Solos Aluviais, incluídos na classe V de capacidade
de uso das terras, alagados (a2), álicos e distróficos
(s4), com horizonte subsuperficial endurecido,
provavelmente um duripan pela dificuldade com que
se quebra. Trata-se de camada impeditiva, no nível
do lençol freático que, no entanto, pela sua
profundidade, permite o desenvolvimento da
pastagem natural e mesmo plantada, com cuidados
especiais.
Os usos dos principais solos componentes da
associação são compatíveis com as suas limitações.
AR – Afloramentos de Rocha. Sem uso ou
recomendação agrossilvipastoril. Foi conservada a
notação utilizada no mapa de Reconhecimento de
Solos no mapa de Capacidade de Uso das Terras.
O Quadro 3.2 apresenta a distribuição das
subclasses, classes e unidades de capacidade de uso
das terras do projeto.
3.3 Conclusões e Recomendações
Os mapas de Reconhecimento de Solos e de
Capacidade de Uso das Terras mostram, na região
dos municípios de Porto Seguro e Santa Cruz
Cabrália, uma série de tabuleiros ou interflúvios
tabulares, cortados no sentido aproximado oeste-
leste por vales em “V” fechado e de fundo plano.
A importância dos solos de tabuleiros é
inquestionável. Estima-se que ocupem cerca de
200.000km2 de extensão no país, com ênfase para a
área litorânea, do Rio Grande do Norte ao Rio de
Janeiro, com extensão no vale do rio Paraíba, em
São Paulo. Situam-se em posição geográfica
privilegiada em relação às vias de acesso e
comunicação e aos centros consumidores.
Utilizados praticamente e durante centenas de
anos só com cana-de-açúcar, atualmente há
tendência de diversificação de culturas,
principalmente, fruticultura e, em particular, a
cultura do mamoeiro.
A introdução de essências florestais, tendo em
vista a produção de celulose, ocupou os tabuleiros
com verdadeiras florestas de eucalipto.
Na área mapeada, com cerca de 4.000km2 de
extensão, a Floresta Ombrófila devastada deu lugar
às pastagens, que ocupam não só os tabuleiros, mas
também as encostas, por mais íngremes que sejam.
O Parque Nacional do Monte Pascoal, a Estação
Ecológica Pau-Brasil e a Estação Vera Cruz são,
atualmente, os únicos representantes da floresta
nativa, os dois primeiros sofrendo degradação pela
retirada constante de madeira.
Os problemas referentes a solos já foram
comentados nos capítulos anteriores, na descrição
das unidades de mapeamento. Nos tabuleiros, os
solos são sempre de baixa fertilidade natural,
necessitando de aporte de cálcio pela calagem e
demais nutrientes através de uma adubação completa
e eficaz. Alguns solos são abrúpticos, com horizonte
superficial arenoso e subsuperficial argiloso ou
muito argiloso, precisando de incorporação de
matéria orgânica para melhoramento da estrutura do
horizonte A.
Embora a pluviosidade mensal seja elevada no
litoral, há uma diminuição de 300mm de chuva entre
Porto Seguro, com médias anuais de 1.600mm, e
Eunápolis, com 1.300mm. Segundo Aouad (1998),
há deficiência hídrica em Porto Seguro, de 2½
meses, para capacidades de campo de 125 e 50mm, e
de 7 meses em Guaratinga, para as mesmas
capacidades de campo. Isso significa que, em
direção ao oeste, há cada vez mais necessidade
d’água para as plantas. Hoje, a irrigação de
frutícolas por aspersão é um fato, verificado mesmo
nos meses normalmente bem servidos por
precipitações pluviométricas.
As conclusões são muito claras. Existem
períodos secos, agravados pelas estiagens cada vez
mais freqüentes devidas, em parte, à devastação da
floresta nos vales e nascentes, onde os córregos e
riachos permanecem secos na maior parte do ano.
Nos vales onde a vegetação foi recuperada, por
exemplo, em terras da Veracel Celulose S.A.,
observa-se grande quantidade de água corrente.
Desde 1950, quando foram mapeados pela
primeira vez em Campos dos Goytacazes, no estado
61
Porto Seguro
Santa Cruz
CabráliaClasse, Subclasse,
Unidade de Uso
Descrição
Km2 % Km2 %
II e1
Solos produtivos situados em relevo
suave ondulado (e1), com ligeiro risco
de erosão
3,6 0,16
II e1, 5, s3
Solos produtivos, de boa fertilidade
natural, situados em relevo suave
ondulado (e1), com ligeiras ligeiras
limitações devido a texturas
cascalhentas no horizonte A (s3) e ao
caráter abrupto (5).
21,0 0,82
III e1 s4
Solos situadosem relevo plano e
suave ondulado (e1) com baixa
fertilidade natural (s4), nula a ligeira
suscetibilidade à erosão. Em parte, são
ocupados com plantio de eucaliptos e
fruticultura. Os solos são aptos a usos
múltiplos desde que sejam adotadas
medidas intensas de conservação.
114,8 4,85 125,0 8,08
III el, s4 /8
Solos situados em relevo plano e
suave ondulado (el), com baixa
fertilidade natural (s4). Na unidade
mapeada, existem solos na mesma
condição de relevo que contém
camadas impeditivas ao uso e à
percolação d’água como o horizonte
espódico Bsh (/8)
222,5 8,41 579,35 37,46
III e1,5 s4
Solos situados em relevo plano (e1),
com horizonte A arenoso e marcante
gradiente textural entre este e o B.
Abruptos (e5) e com baixa fertilidade
natural (s4), são usados com
reflorestamentos e fruticultura.
405,0 17,34 138,2 8,94
III el,5 s4 /8
Solos com as mesmas características
da classe acima. Na mesma condição
de relevo, solo subdominante na
associação mapeada, tem limitação ao
uso por conter fragipã ou horizonte
espódico (/8).
361,8 15,48 24,9 1,61
Va2
Solos Aluviais predominantemente
eutróficos, com limitações por excesso
d’água e suscetibilidade à inundações.
Podem se tornar produtivos mediante
práticas de drenagem e de controle de
cheias.
59,6 2,48 34,8 2,25
Va2 s2
Solos Aluviais com textura arenosa.
Quando eutróficos, têm boas
características de fertilidade natural.
Situam-se em vales alagáveis ou
alagados na maior parte do ano. Suas
principais limitações são o excesso
d’água e os riscos de inundação.
50,2 2,07 28,2 1,82
62
Continuação
Va2 s4
Solos Aluviais com textura
indiscriminada. Situam-se em áreas
com riscos frequentes de inundação
(a2) e com lençol freático elevado.
Têm seu uso limitado, também, pela
baixa fertilidade natural (s4)
5,4 0,23
Va2 s4 /8
Solos de baixadas alagadiças, com textura
média, não recomendados para uso
agrossilvipastoril. Componentes da
associação mapeada, têm camada
impeditiva (horizonte espódico), que
influi diretamente na manutenção de
lençol freático elevado.
7,6 0,49
VI e3 s4
Solos suscetíveis à erosão, situados
em cabeceiras de vales, em relevo
ondulado (e3), com baixa fertilidade
natural (s4). Recomendados para
reposição de vegetação com espécies
nativas, com manejo adequado para
áreas com declives acentuados.
40,8 1,67 52,6 3,40
VII e4
Solos com boa fertilidade natural quando
eutróficos, com fortes limitações pelo
relevo forte ondulado e montanhoso (e4).
São suscetíveis à erosão e, embora sejam
utilizados com agricultura de subsistência
e pastagens, só poderão ser utilizados com
êxito mediante manejo e conservação
adequados.
37,3 1,52
VIIe3,s1,3
Elevações e/ou colinas, situadas em
relevo ondulado (e3),com solos
cascalhentos(s3) e pouco profundos (s1),
não recomendados para uso agrícola.
1,5 0,07 4,5 0,29
VII e3 s4
Solos situados em cabeceiras de vales
em relevo ondulado e forte ondulado
(e3), com baixa fertilidade natural
(s4). Muito suscetíveis à erosão, são
recomendados apenas para proteção
de encostas com vegetação nativa,
mediante processos de desenvolvi-
mento florestal sustentável.
142,2 6,03 142,8 9,23
VII e4 s4
Solos situados em vales com relevos
forte ondulado e montanhoso (e4),
com baixa fertilidade natural (s4). Por
serem extremamente erodíveis são
indicados para recuperação de
encostas com vegetação nativa.
505,6 21,65 220,75 14,27
VII e4 s4 /s
Solos situados em relevo montanhoso
(e4), com baixa fertilidade natural
(s4). Na associação mapeada, há solos
com alta fertilidade natural, porém,
com impedimento ao uso devido à
suscetibilidade à erosão. Situam-se em
áreas extremamente erodíveis e são
recomendados para recuperação,
preservação e, quando possível,
desenvolvimento florestal sustentável
com espécies nativas.
202,0 8,61
63
Continuação
VIIs2,8
Solos arenosos, Podzóis
(espodossolos), localmente
denominados “mussunungas”. O
horizonte Bs ou Bhs de acumulação de
sesquióxidos e matéria orgânica, é
camada impeditiva à percolação
d’água e penetração de raízes. Não são
recomendados para agricultura. Pela
sua posição, nas partes altas do relevo,
são, praticamente, aqüíferos
superficiais, razão pela qual devem ser
preservados.
VIIs2,8al
Solos com textura arenosa (s2) e
horizonte Bhs ou Bs, situados no
litoral, em áreas alagáveis ou com
lençol freático elevado. Estão sendo
ocupados pelas construções urbanas
ou de lazer, na orla marítima ao norte
de Porto Seguro.
VIIe3s3,4
Solos situados em relevo forte
ondulado (e3), muito suscetíveis à
erosão, cascalhentos (s3) e com baixa
fertilidade natural (s4). Não
recomendáveis para uso
agrossilvipastoril.
VIIIe4s4
Solos impróprios para cultivos e/ou
reflorestamentos devido ao relevo
montanhoso (e4), baixa fertilidade
natural (s4) e presença de solos
litólicos e Afloramentos de Rocha
associados.
VIIIs1,3
Solos pouco profundos (s1), Litólicos
associados a Afloramentos de Rocha
(s3). Não indicados para uso
agrossilvipastoril.
VIIIa
Manguezais. Áreas de preservação
permanente.
VIIIes2
Areias marinhas, dunas e praias. Áreas
de preservação permanente.
VIIIa2s6+ Va2,s4,8
Solos Aluviais tiomórficos (s6),
extremamente ácidos, situados em
planícies inundáveis e alto lençol
freático (a2), utilizados com pastagem
adaptada e bubalinocultura. Estão
associados com solos, também
inundáveis, de baixa fertilidade natural
(s4) e camadas impeditivas a cerca de
lm de profundidade (s8).
AR Afloramentos de Rocha.
Continuação
VII s2, 8
Solos arenosos, Podzóis
(espodossolos), localmente
denominados “mussunungas”. O
horizonte Bs ou Bhs de acumulação de
sesquióxidos e matéria orgânica, é
camada impeditiva à percolação
d’água e penetração de raízes. Não são
recomendados para agricultura. Pelas
sua posição, nas partes altas do relevo
são, praticamente, aquíferos
superficiais, razão pela qual devem ser
preservados.
88,0 3,70 130,9 8,46
VII s2, 8 al
Solos com textura arenosa (s2) e
horizonte Bhs ou Bs, situados no
litoral, em áreas alagáveis ou com
lençol freático elevado. Estão sendo
ocupados pelas construções urbanas
ou de lazer, na orla marítima ao norte
de Porto Seguro.
18,2 0,70 14,8 0,96
VII e3 s3,4
Solos situados em relevo forte
ondulado (e3), muito suscetíveis à
erosão, cascalhentos (s3) e com baixa
fertilidade natural (s4). Não
recomendáveis para uso
agrossilvipastoril.
27,4 1,77
VIII e4 s4
Solos impróprios para cultivos e/ou
reflorestamentos devido ao relevo
montanhoso (e4), baixa fertilidade
natural (s4) e presença de solos
litólicos e Afloramentos de Rocha
associados.
1,5 0,07
VIII s1, 3
Solos pouco profundos (s1),Litólicos
associados a Afloramentos de Rocha
(s3). Não indicados para uso
agrossilvipastoril.
18,35 0,57
VIII a
Manguezais. Áreas de preservação
permanente.
16,8 0,64 7,6 0,49
VIII e s2
Areias marinhas, dunas e praias. Áreas
de preservação permanente.
23,5 0,93 7,3 0,47
VIII a2 s6+ V a2,
s4, 8
Solos Aluviais Tiomórficos (s6),
extremamente ácidos, situados em
planícies inundáveis e alto lençol
freático (a2), uilizados com pastagem
adaptada e bubalinocultura. Estão
associados com solos, também
inundáveis, de baixa fertilidade natural
(s4) e camadas impeditivas a cerca de
l m de profundidade (s8).
48,7 2,01
AR
 Afloramentos de Rocha
Quadro 3.2 – Distribuição das classes, subclasses e unidades de uso
64
do Rio de Janeiro, foi registrada a coesão
subsuperficial dos solos de tabuleiro e, a partir de
então, a atenção dos pesquisadores volta-se para o
seu manejo.
Em 1996, reuniram-se em Cruz das Almas,
Bahia, pesquisadores brasileiros em ciência do solo,
para discussão dos temas: distribuição geográfica,
gênese, evolução, degradação e uso e manejo, cuja
síntese se encontra editada no volume Reunião
Técnica sobre os Solos Coesos dos Tabuleiros
Costeiros (Embrapa, 1996).
Seguem algumas recomendações, consideradas
importantes para elaboração de trabalhos futuros, em
maior detalhe, da região em questão.
a) Distribuição Geográfica, Características,
Classificação
• Executar os levantamentos em um nível de
detalhamento que permita distinguir melhor as
unidades de soloque ocorrem nos tabuleiros,
utilizando, para tanto, levantamentos
pedológicos pormenorizados, em escala maior
ou igual a 1:100.000, não sendo recomendado
o uso de escala igual ou menor que
1:1.000.000.
• Desenvolver uma classificação utilitária que
inclua indicadores de capacidade de uso das
terras, visando a facilitar o entendimento dos
usuários sobre as suas potencialidades e
limitações.
b) Gênese, Evolução e Degradação de Solos
• Desenvolver estudos visando a delimitar a
ocorrência dos sedimentos tércio-quaternários
para melhor definir os solos sobre esses
sedimentos.
• Estabelecer parâmetros edáficos e econômicos
para avaliação do grau de degradação desses
solos, mantendo um monitoramento
sistemático de sua degradação.
• Identificar os principais processos de
degradação dos solos sob diferentes sistemas
de manejo.
• Estudar a distribuição do sistema radicular das
culturas como indicador do grau de coesão.
• Uniformizar as metodologias de coleta de
dados, aproveitando estudos já existentes e
também desenvolvendo estudos a longo
prazo.
c) Uso e Manejo dos Solos Coesos
• Produzir mudas considerando as limitações
desses solos.
• Intensificar estudos com plantas adaptadas a
sistemas conservacionistas de produção.
• Avaliar o comportamento de culturas perenes,
contemplando sistemas agrossilvipastoris.
• Intensificar pesquisas de plantio direto e
cultivo mínimo.
• Associar o sistema de manejo a ser adotado à
sustentabilidade e à manutenção da
biodiversidade, levantando-se o percentual de
áreas ainda com floresta nativa.
• Estabelecer metodologias de correção da
acidez em sistemas conservacionistas.
• Desenvolver estudos sobre equipamentos
simples de preparo do solo.
• Estudar sistemas de manejo para avaliar as
interações entre implementos agrícolas,
rotação e sucessão de culturas.
• Estudar métodos de subsolagem.
• Selecionar espécies para cobertura e
recuperação dos solos de tabuleiros.
• Estabelecer uma maior interação entre a
pesquisa sobre o manejo dos tabuleiros
costeiros e as comunidades de produtores,
possibilitando um maior acesso dessas
comunidades às opções de manejo a serem
adotadas no sistema produtivo, com
estabelecimento de parcerias.
• Avaliar a relação custo/benefício das práticas
de manejo geradas.
• Adaptar a prática de manejo à realidade do
agricultor, considerando a sua descapi
talização e dificuldades de acesso ao crédito.
Estudando os efeitos da subsolagem em um
latossolo de tabuleiro, Santos (1993) concluiu que
essa técnica não provocou mudanças acentuadas nas
classes texturais dos horizontes atingidos e
recomenda que sejam usadas plantas que possuam
um sistema radicular agressivo com capacidade para
penetrar na camada coesa.
Sampaio (1995), estudando o comportamento de
plantas indicadoras dos efeitos de subsolagem
mecânica e biológica, concluiu que a cultura do
milho é sensível ao adensamento do solo e, a do
feijão-caupi, indiferente. Essa leguminosa pode ser
utilizada tanto para o consumo humano quanto para
melhoria do adensamento do solo, constituindo uma
boa alternativa de uso para os solos em questão.
Os solos mapeados na área dos municípios de
Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália são adensados
logo abaixo dos horizontes superficiais e, mesmo
sob floresta nativa, nota-se uma certa coesão
subsuperficial. É claro que a retirada da vegetação e
substituição por pastagens, a ação do pisoteio, das
chuvas e do sol terminam por ressecar os solos
superficialmente, formando camadas mais
compactadas.
A presença de fragipã em algumas unidades de
solo, ainda que de componentes de segunda ordem,
65
subdominantes, é mais um problema para o usuário,
que é obrigado a investir em subsoladores e
máquinas pesadas para romper a barreira impeditiva.
A presença de Podzóis associados a Podzólicos
Amarelos, não separados em função da escala,
também é problemática devido a um horizonte
impeditivo subsuperficial, definido no subitem 3.2
Descrição das Unidades de Mapeamento. No mapa
de Capacidade de Uso das Terras, essas unidades são
identificadas pela notação /8.
É, sobretudo, a falta de conhecimento de manejo
adequado um dos principais problemas de
conservação dos solos, principalmente aqueles
situados em áreas com declives acentuados.
São necessários programas de orientação para
agricultores e fazendeiros, sobre a melhor maneira
de evitar a degradação de suas terras, com retorno
econômico. Bastaria popularizar o que já vem sendo
feito por empresas particulares, dando ao homem do
campo as condições para que evite utilizar, como
tem feito, as encostas mais íngremes para pastagem
e pisoteio de animais, deixando os relictos de
florestas e capoeiras intactos para poder usufruir de
sua madeira no futuro. Uma das práticas que mais
contribuem para a degradação ambiental é a do fogo
sistemático em capoeiras, como medida para
transformá-las em pastagens.
Observando-se os mapas de Reconhecimento de
Solos e de Capacidade de Uso das Terras, bem como
o de Suscetibilidade à Erosão, produzidos para fins
de planejamento territorial, tem-se uma idéia da
quantidade de vales e encostas que cortam os
tabuleiros e de sua importância para um manejo
global, visando a recuperá-los da situação em que se
encontram. À exceção daqueles conservados pela
ação da Veracel Celulose S.A., praticamente em
nenhum vale nota-se alguma obra destinada a evitar
os resultados nocivos da erosão. Ao contrário, pela
falta da vegetação, há falta d’água e, para construção
de barragens de terra, abrem-se áreas de empréstimo
de material para aterro, no sentido do maior declive
das encostas, em ambos os lados. O resultado é mais
erosão e assoreamento do próprio açude.
A conscientização de agricultores e fazendeiros
é imprescindível, principalmente, de criadores.
Esses últimos costumam ter sua atenção voltada
para o gado e a pastagem, raramente ao solo e à
erosão.
	CAPÍTULO 3 CAPACIDADE DE USO DAS TERRAS
	3.1 Metodologia
	3.1.1 Grupos de Capacidade de Uso
	3.1.1.1 Classes e Subclasses de Capacidade de Uso
	3.1.1.1.1 Classe I
	3.1.1.1.2 Classe II
	3.1.1.1.3 Classe III
	3.1.1.1.4 Classe IV
	3.1.1.1.5 Classe V
	3.1.1.1.6 Classe VI
	3.1.1.1.7 Classe VII
	3.1.1.1.8 Classe VIII
	3.1.1.2 Unidades de Capacidade de Uso
	3.2 Descrição das Unidades de Mapeamento
	3.3 Conclusões e Recomendações

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