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Solos da região amazônica

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Pedologia
111III - Solos da Região Amazônica
III - SoloS da RegIão amazônIca
Carlos Ernesto G.R. Schaefer1/, Hedinaldo N. de Lima2/, Wenceslau G. Teixeira3/, 
José Frutuoso do Vale Jr.4/, Kleberson W. de Souza5/, Guilherme R.Corrêia6/, Bruno A.F. 
de Mendonça7/, Eufran F.Amaral8/, Milton C.C.Campos9/ & Maria de Lourdes P. Ruivo10/
1/ Professor Titular, Departamento de Solos, Universidade Federal de Viçosa. E-mail: carlos.schaefer@ufv.br
2/ Professor Adjunto, Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Amazonas. 
E-mail: hedinaldo@ufam.edu.br
3/ Pesquisador, Embrapa - Centro Nacional de Pesquisa de Solos, Rio de Janeiro - RJ. 
E-mail: wenceslau.teixeira@embrapa.br
4/ Professor Titular, Centro de Ciências Agrárias, Departamento de Solos e Irrigação, Universidade Federal de 
Roraima. E-mail: ale.junior@click21.com.br
5/ Pesquisador, Embrapa Cerrados - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Brasilia, DF. 
E-mail: klebersonws@gmail.com
6/ Professor Adjunto, Instituto de Geografia - Campus Santa Mônica, Universidade Federal de Uberlândia. 
E-mail: correasolos@gmail.com
7/ Professor, Instituto de Florestas, Departamento de Silvicultura, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. 
E-mail: brunoafmendonca@gmail.com
8/ Pesquisador, Embrapa Acre - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro de Pesquisa Agroflorestal 
do Acre. E-mail: eufran.amaral@embrapa.br
9/ Professor, Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente, Universidade Federal do Amazonas. 
E-mail: mcesarsolos@gmail.com
10/ Pesquisadora, Museu Paraense Emílio Goeldi, Coordenação de Ciências da Terra e Ecologia. 
E-mail: ruivo@museu-goeldi.br
Conteúdo
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................ 112
TERRAS FIRMES DO MÉDIO E BAIXO AMAZONAS E AFLUENTES ................................................................. 115
As Terras Pretas de Índio da Amazônia: exceções no ambiente de Terra Firme............................................. 117
VÁRZEAS HOLOCÊNICAS: PURUS, JURUÁ E AMAZONAS ............................................................................... 121
BACIA DO RIO NEGRO E SISTEMAS ARENÍCOLAS ............................................................................................. 126
BACIA DO ALTO AMAZONAS – SOLIMÕES .......................................................................................................... 129
BACIA SEDIMENTAR DO ACRE ................................................................................................................................. 132
ILHAS DE SAVANA (RORAIMA, AMAPÁ, TIRIÓS, HUMAITÁ E MONTE ALEGRE) .................................... 137
PLANALTOS E SERRAS DE RORAIMA ..................................................................................................................... 137
PLANALTOS DISSECADOS SOBRE ROCHAS CRISTALINAS .............................................................................. 147
PLANALTOS E SERRAS DE RONDÔNIA .................................................................................................................. 149
SOLOS DA REGIÃO DE CARAJÁS E SUDESTE DA AMAZÔNIA ........................................................................ 153
Curi N, Ker JC, Novais RF, Vidal-Torrado P, Schaefer CEGR, editores. Pedologia - Solos dos Biomas Brasileiros. 
Viçosa, MG: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo; 2017
Pedologia
112 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.
ZONA LITORÂNEA E MARAJÓ ................................................................................................................................. 163
SÍNTESE SOBRE OS SOLOS DA AMAZÔNIA ........................................................................................................... 166
AGRADECIMENTOS ...................................................................................................................................................... 167
LITERATURA CITADA .................................................................................................................................................. 167
InTRodUÇão
A Amazônia é constituída por uma das mais extensas e antigas áreas geologicamente 
estáveis do mundo, o Cráton amazônico, que se estende de Roraima ao Planalto Central, 
cuja parte central é recoberta por sedimentos de idades variadas. Neste amplo espaço de 
áreas predominantemente baixas, a intensidade de soerguimento da crosta foi reduzida, e 
os relevos tendem a apresentar formas atuais mais suavizadas pelo entalhe fluvial, limitado 
pelas baixas altitudes em relação ao nível de base do mar (Figura 1). 
Apesar de a Amazônia ser dominada por terras baixas, boa parte da região é associada 
a solos bem drenados e se encontra muito influenciada por oscilações do nível do mar, que 
acompanharam as grandes mudanças climáticas do Quaternário. Poucas regiões brasileiras 
possuem uma influência tão marcante dos regimes hidrológicos fluviais e marinhos nos 
solos quanto a Amazônia, fenômeno este operante em escalas de tempo variáveis. Podem-
se experimentar anos de pouca chuva, quando o nível dos lagos e rios descem muito, 
até cheias extraordinárias, quando fenômenos climáticos continentais (El Niño, La Niña) 
influenciam toda a extensão da bacia Amazônica. 
Dada à vasta extensão da região, o conhecimento dos solos da Amazônia, cujos 
estudos sistemáticos tiveram início a partir de 1950 (Rodrigues, 1996; Falesi, 1986a), é 
ainda comparativamente incipiente, com muitos estudos concentrados em certas partes da 
região. Apesar de inúmeros trabalhos e do esforço de um grande número de pesquisadores, 
os quais têm contribuído para o avanço do conhecimento dos solos da Amazônia, há, no 
interesse de todas as ciências naturais, necessidade de ampliar este conhecimento para 
uma melhor compreensão dos ecossistemas amazônicos, especialmente seus solos, suas 
inter-relações e adaptações, em resposta às intervenções humanas. O interesse atual da 
pedologia Amazônica é bem-destacado pela realização de duas das últimas Reuniões 
Brasileiras de Correlação e Classificação de Solos (IX e X RCCs), além do planejamento da 
próxima reunião, em Rondônia (Anjos et al., 2013; Schaefer et al., 2015).
Salienta-se que é urgente e fundamental conhecer as limitações impostas pelo 
ambiente, sejam físicas ou químicas, e as práticas de convivência desenvolvidas pela 
população Amazônica, especialmente das populações ribeirinhas, para enfrentar as 
limitações do meio. 
Apesar de a região Amazônica estar submetida a um longo e profundo 
processo de intemperismo, as características químicas e mineralógicas dos solos são 
surpreendentemente variadas e ditadas pela natureza do material de origem e pelas 
variações climáticas (regionais e locais). Áreas extensas de solos eutróficos só existem 
onde há influência atual (ao longo da planície aluvial do Amazonas) ou pretérita (terraços 
e baixos planaltos das bacias do Acre e do Alto Amazonas) de sedimentos andinos ou, 
ainda, onde afloram rochas de riqueza química maior (calcários e pelíticas carbonáticas em 
Monte Alegre-Ererê; e basaltos e diabásios em Roraima, Pará e Amapá). De modo geral, 
PEDOLOGIA
113III - SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA
nas demais áreas, as condições bioclimáticas atuais, aliadas a certa homogeneidade das 
características do material de origem sedimentar ou cristalino, e geoformas suavizadas 
levam à formação generalizada de solos muito profundos, intemperizados e pobres. 
Figura 1. O Cráton amazônico e as sub-bacias sedimentares que formam a Bacia Sedimentar 
Paleozoica do Amazonas na Região Norte do Brasil.
Pedologia
114 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.
O controle geomorfológico na distribuição dos solos amazônicos é marcante: num 
esboço geral, geoformas colinosas e morros residuais aplainados de baixos platôs estão 
geralmente associados aos Latossolos Vermelho-Amarelos,em áreas de rochas cristalinas, 
ou LatossolosAmarelos, em áreas de sedimentos terciários. Nos terços médio e inferior das 
colinas ou morros residuais aplainados, ocorrem Argissolos, podendo apresentar plintita 
ou petroplintita, e ainda Neossolos Quartzarênicos e Espodossolos (Figura 2). Na planície 
aluvial (várzea) dos rios de águas brancas, predominam-se Gleissolos e Neossolos Flúvicos. 
Plintossolos e solos com caráter plíntico são predominantes nas terras baixas do Alto 
Amazonas, nos interflúvios Madeira/Purus/Juruá e Solimões/Japurá (Schaefer et al., 2000).
A planície de inundação fluvial de deposição holocênica, que margeia os rios de águas 
brancas (rios de águas barrentas ricas de sedimentos em suspensão, como o Amazonas, Madeira 
e Purus), e que está sujeita a inundações sazonais é, regionalmente, denominada várzea. A 
várzea compreende grandes faixas de áreas marginais aos rios de águas brancas, compondo 
uma planície aluvial que pode alcançar até 100 km de largura, o que evidencia um sistema 
complexo de canais, lagos, ilhas e diques marginais (Sioli, 1951; Moreira, 1977; Iriondo, 1982). 
Figura 2. Corte geral ilustrando o controle goemorfológico na distribuição dos solos amazônicos, num 
corte topográfico das terras altas de Roraima até Carajás. RL: Neossolo Litólico; LA: Latossolo 
Amarelo; PVA: Argissolo Vermelho-Amarelo; FX: Plintossolo Háplico; CX: Cambissolo Háplico; 
LVA: Latossolo Vermelho-Amarelo; FF: Plintossolo Pétrico; RQ: Neossolo Quartzarênico; GX: 
Gleissolo Háplico; LV: Latossolo Vermelho; d: distrófico; b: argila de atividade baixa; e e: 
eutrófico. 
Fonte: Schaefer et al. (2000).
Objetivando facilitar uma visão pedológica mais ampla possível da vasta extensão 
amazônica, a região foi dividida em 11 setores principais, que possuem características 
singulares, com certa homogeneidade e uma diferenciação em relação aos demais setores. 
Assim, discutir-se-á a seguir cada setor desta vasta região em relação aos solos dominantes, 
ilustrando algumas das relações genéticas e ecológicas existentes (Figura 3).
Pedologia
115III - Solos da Região Amazônica
Figura 3. Setores pedológicos da Amazônia.
TeRRaS FIRmeS do mÉdIo e BaIXo amazonaS e 
aFlUenTeS
Desde muito se reconhece a existência na Amazônia de duas ordens de paisagem 
inteiramente diferentes: as várzeas e as terras firmes. Enquanto nas várzeas predominam 
solos muito jovens, formados a partir de sedimentos quaternários, com processo incipiente 
de pedogênese, nas terras firmes os solos são bem mais evoluídos, formados a partir de 
sedimentos mais antigos ou de rochas cristalinas mais antigas.
Sobre estas diferentes formações pedológicas, umas mais ricas em nutrientes, 
outras mais pobres, se desenvolvem uma exuberante e rica vegetação, fato que levou 
os primeiros naturalistas que visitaram a Amazônia a associarem a riqueza da flora a 
uma riqueza química do ambiente: “as florestas primordiais das zonas equatoriais são 
soberbas e grandiosas por sua vastidão e por mostrarem uma força de desenvolvimento 
e um vigor nunca testemunhados em climas temperados” (Wallace, 1870).Bates (1844) 
também imaginou que a floresta dependia de uma riqueza abundante do solo. Todavia, o 
conhecimento atual nega essa correlação, notadamente no ambiente mais bem-drenado de 
terra firme, onde a biomassa florestal alcança máxima expressão.
As porções de terra situadas acima das áreas de influência dos rios e que, portanto, 
não sofrem hidromorfismo ou inundação fluvial, são regionalmente denominadas “Terra 
Firme”. Os solos bem-drenados de terra firme da bacia sedimentar do Amazonas são 
formados a partir de sedimentos terciários da formação Alter do Chão/Barreiras, originados 
Pedologia
116 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.
de material pré-intemperizado proveniente da erosão dos dois flancos do Cráton (Guianas 
e do Brasil Central). 
As principais feições pedológicas dominantes nos ambientes de terra firme da 
Amazônia são os Latossolos Amarelos com caráter distrófico, às vezes alumínico, nas 
posições de topo transicionando para plíntico no terço superior, e argissólico,nos sopés 
das encostas. Nos ambientes de várzeas amazônicas, há presença marcante de Neossolos 
Flúvicos ou Gleissolos com atividade alta de argila e caráter eutrófico (Lima et al., 2006; 
Campos et al., 2011), fato este decorrente do caráter deposicional, representado por terraços 
fluviais holocênicos (Quadro1).
Quadro 1. Atributos do solo em perfis modais de terra firme e várzeas do médio rio Madeira, 
Amazonas
Hor. Prof. Cor Matriz Cor Mosq. Areia Silte Argila pH H2O C org. SB V m
cm -------------------g kg-1------------------- gkg-1 cmolc kg-1 ---%---
Terra Firme - Latossolo Amarelo Alumínico
A 0-16 10YR 4/3 - 362 244 394 4,6 13,8 0,3 2 93
AB 16-30 10YR 4/3 - 375 229 396 5,0 7,1 0,2 2 95
BA 30-48 10YR 4/6 - 357 261 382 4,5 5,3 0,2 2 95
Bw1 48-79 10YR 5/6 - 303 287 410 4,6 4,3 0,3 2 94
Bw2 79-115 10YR 6/8 - 270 284 446 5,3 3,7 0,3 3 94
Bw3 115-149 10YR 5/8 - 209 301 490 4,5 3,5 0,2 2 96
Bw4 149-180+ 5YR 5/8 - 174 335 491 4,7 3,1 0,3 3 95
Bwf1 70-96 7,5YR 6/8 2,5 YR 5/6 120 262 618 4,4 5,4 0,8 16 67
Bwf2 96-124 7,5YR 6/8 2,5 YR 5/8 109 270 621 4,5 3,3 1,0 17 63
Bwf3 124-190 7,5YR 6/8 2,5 YR 4/8 181 192 627 4,6 1,4 0,5 10 75
Várzeas - Neossolo Flúvico Ta Eutrófico
A 0 -18 5YR 4/2 - 6 626 368 4,4 15,6 15,9 73 9
AC 18-51 7,5YR 6/3 5YR 5/8 5 658 337 4,5 4,1 11,5 75 13
C1 51-89 10YR 5/3 7,5YR 5/6 7 654 339 4,6 2,9 13,5 85 8
C2 89-120 10YR 5/3 7,5YR 5/6 15 500 485 4,6 3,8 13,4 70 11
C3 120-150 10YR 5/3 10YR 5/8 18 506 476 4,7 3,5 17,2 71 12
C4 150-200 10YR 6/4 10YR 5/8 31 502 467 4,8 1,1 13,4 78 9
A 0 -23 10YR 4/2 5YR 5/8 3 464 533 4,3 7,9 11,4 62 20
AC 23-58 10YR 4/3 5YR 5/6 2 469 529 4,5 4,8 17,5 72 12
C1 58-91 7,5YR 5/3 5YR 5/8 8 446 546 4,6 3,8 25,9 75 9
Cg 91-123 10YR 7/1 7,5YR 5/6 6 414 580 4,6 3,5 32,4 78 9
C2 123-165 7,5YR 6/3 5YR 5/8 9 412 579 4,8 2,9 40,5 82 7
C3 165 + 10YR 4/3 2,5YR 5/8 15 404 581 5,2 2,2 41,7 93 2
Fonte: Campos (2009); Campos et al. (2011).
As características do material de origem, as boas condições de drenagem, o tempo 
de exposição e a atuação dos agentes bioclimáticos resultaram em solos profundos e em 
avançado estádio de intemperismo, não tão proeminente quanto os solos das chapadas 
do Cerrado do Planalto Central. São solos ácidos, pobres em nutrientes, com teores 
relativamente elevados de alumínio trocável e baixos valores de soma de bases e de 
PEDOLOGIA
117III - SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA
capacidade de troca de cátions (Falesi, 1986a; Vieira e Santos, 1987; Rodrigues, 1996). 
A composição mineralógica destes solos é completamente dominada por caulinita; 
ocorrem ainda goethita, gibbsita, hematita, mica, quartzo, minerais fi lossilicatos 2:1 e 
feldspatos,como minerais acessórios ou traços (Kitagawa e Moller, 1979). 
Com base na vegetação e no relevo, a paisagem pode ser subdividida em quatro 
unidades pedoambientais: campo alto: situado no platô rebaixado da paisagem, com 
ocorrência de gramíneas e árvores retorcidas e espaçadas (Cerrado); campo baixo: formado 
por depressões inundadas durante as chuvas e secas na estiagem, com predominância de 
gramíneas; zona de ecótono: caracterizam-se por um ambiente de tensão ecológica entre os 
dois ecossistemas (Campos/Floresta), com presença de gramíneas e espécies de pequeno 
e médio porte (Cerrado); e fl orestas: localizadas nas áreas mais elevadas e de melhor 
drenagem da paisagem, funcionando com um divisor de águas, e exibindo uma fi siografi a 
de fl oresta densa (Figura 4).
De modo geral, os solos que ocorrem nesta topossequência têm relação direta com 
a variação do relevo, que condiciona a drenagem e o nível do lençol freático. O grau de 
desenvolvimento dos perfi s, a presença e profundidade de mosqueados e de horizontes 
plínticos e glei comprovam esta afi rmação.
Figura 4. Perfi l esquemático apresentando a vegetação, o relevo e as classes de solos em topossequência 
típica da transição campos/fl oresta na região de Humaitá, sul do Amazonas. PV: Argissolo 
Vermelho;CX: Cambissolo Háplico; GX: Gleissolo Háplico; alf: alítico plíntico; alg: alítico 
gleissólico; e alt: alítico típico.
Fonte: Adaptado de Braun e Ramos (1959) por Campos (2009).
as Terras Pretas de Índio da amazônia: exceções no ambiente de 
Terra Firme
As Terras Pretas de Índio (TPI), denominadas Amazon Dark Earths, na língua inglesa, 
são áreas cujos solos apresentam horizontes superfi ciais escuros e férteis (epieutrófi cos). 
As cores escuras destes horizontes superfi ciais são em razão da elevada concentração 
de algumas formas aromáticas de carbono (black carbon), de origem predominantemente 
pirogênica (Glaser, 2007). Estas formas de carbono são muito estáveis e com alto poder 
pigmentante, apresentando também uma grande densidade de cargas negativas, o que 
confere elevada capacidade de troca de cátions (CTC) (Liang et al., 2006). 
As TPI são também caracterizadas por elevadas concentrações dos cátions cálcio, 
magnésio, zinco e manganês (Smith, 1980; Lehmann et al., 2003; Kämpf e Kern, 2005; Glaser, 
2007). Os horizontes enriquecidos das TPI também apresentam normalmente artefatos 
cerâmicos arqueológicos e elevada concentração de fósforo (P) total e disponível quando 
Pedologia
118 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.
comparados com os solos adjacentes, formados do mesmo material de origem (Sombroek, 
1966; Kern e Kaempf, 1989; Lehmann et al., 2003; Glaser e Woods, 2004; Kämpf e Kern, 2005; 
Woods et al., 2009; Teixeira et al., 2009). Datações por meio de técnicas radiocarbônicas 
indicam que a formação e ocupação das áreas de TPI ocorreram principalmente entre 500 
e 2.500 anos antes do presente (AP) (Neves et al., 2004) (Quadro 2).
Os solos que apresentam os horizontes típicos das TPI (Figura 5) não têm uma 
classificação específica no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, sendo caracterizados 
nos levantamentos pedológicos como solos com horizonte A antrópico, sendo relatados 
frequentemente nas classes dos Argissolos e Latossolos e, menos frequentemente, nas classes 
dos Plintossolos e Espodossolos (Teixeira et al., 2008). A profundidade de ocorrência dos 
horizontes antrópicos varia bastante. Segundo Campos et al. (2011), na região sul do Amazonas 
as profundidades encontram-se entre 37 e 50 cm, sugerindo que estes sítios apresentam 
semelhanças entre si, refletindo tempo de ocupação e densidades populacionais similares. O 
mesmo foi encontrado por Kern et al. (2003), que afirmam que a maioria das TPI possui a 
espessura do horizonte A variando entre 30 e60 cm. Ocorrem também TPI nas várzeas, onde 
constituem paleossolos, enterrados pela sedimentação Holocênica (Souza, 2011).
Quadro 2 Características do solo em perfis modais em áreas de Terras Pretas Arqueológicas na região 
do médio rio Madeira, Amazonas
Hor. Prof. Cor úmida Frag. Cer. Mat. Lít. Areia Silte Argila pH H2O P SB V m
cm --------g kg-1-------- -------------g kg-1-------------- mg kg-1 cmolc kg-1 -----%-----
P1 - Argissolo Vermelho-Amarelo Eutróficoabrúptico antrópico
A1 0-19 10YR 2/2 310 14,8 438 319 243 7,0 144 14,5 75 1
A2 19-37 10YR 3/2 110 11,8 420 343 237 6,5 231 9,2 62 2
Bt1 37-70 5YR 4/6 0 0 218 261 521 5,8 24 9,4 71 2
Bt2 70-100 5YR 4/6 0 0 197 248 555 5,6 12 5,6 73 3
BC 100-120 - 0 0
P2 – Argissolo Acinzentado Eutrófico antrópico
A1 0-32 10YR 2/1 112 74 666 147 187 6,1 156 29,9 77 1
A2 32-50 10YR 3/1 96 53 736 105 159 6,0 17 15,9 62 1
AB 50-75 10YR 4/2 0 0 708 100 192 5,9 13 7,5 67 1
Bt 75-105+ 10YR 6/3 0 0 564 81 355 5,6 6 3,2 54 4
P3 – Argissolo Amarelo Eutróficoabrúptico antrópico
A1 0-20 10YR 2/1 120 33 684 140 176 6,0 35 26,4 79 1
A2 20-40 10YR 3/1 65 23 697 129 174 5,9 26 13,9 61 1
BA 40-70 10YR 5/6 0 0 479 144 377 5,9 16 7,5 66 2
Bt1 70-110 10YR 5/6 0 0 295 140 565 5,6 8 3,2 51 1
Bt2 110-150+ 10YR 5/6 0 0 299 116 585 5,7 2 3,0 52 3
P4 – Argissolo Amarelo Distrófico abrúptico
A1 0-20 10YR 3/1 185 59 340 247 413 6,0 26 16,0 59 1
A2 20-42 10YR 3/2 165 51 372 280 348 6,1 24 15,5 59 1
AB 42-63 10YR 4/3 0 0 299 307 394 5,8 14 9,9 51 2
BA 63-108 10YR 4/6 0 0 218 182 600 5,7 12 5,0 46 2
Bt1 108-153 10YR 5/6 0 0 174 189 637 5,5 9 2,3 34 6
Bt2 153-170 10YR 6/6 0 0 174 145 681 5,5 1 1,6 31 6
Frag. Cer.: fragmentos de cerâmica; e Mat. Lít.: material lítico.
Fonte: Campos (2009); Campos et al. (2011).
PEDOLOGIA
119III - SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA
 Figura 5. Perfi s de Terras Pretas Aqueológicas da região sul do Amazonas. (a) – NeossoloLitólico, 
Apuí, AM; e (b) - Argissolo Amarelo, Rorainópolis, RR.
A maioria das TPI estudadas e mapeadas até o momento no Estado do Amazonas 
se encontra principalmente nas áreas de terra fi rme (livres da inundação anual dos rios) 
e em barrancos altos (bluffs) próximos às calhas dos grandes rios (Solimões, Amazonas, 
Urubu e Negro). Nas áreas de várzeas (Gleissolos), também são encontrados os horizontes 
antrópicos, entretanto, frequentemente estão soterrados (Teixeira et al., 2005; Macedo, 
2009; Souza, 2011). 
A origem das TPI causou muito debate no passado. Várias hipóteses de origens 
geogênicas foram levantadas, entre elas o acúmulo de cinzas vulcânicas e a sedimentação 
de lagos. As primeiras suposições da origem antrópica das TPI surgiram na década de 
1940, mas até a década de 1980 a hipótese de origem não antrópica das TPI era comum. 
Kämpf e Kern (2005) fazem uma revisão histórica desta questão e fornecem todas as 
referências originais dos trabalhos com as diferentes hipóteses. Ranzani et al. (1970) 
classifi ca adequadamente alguns horizontes superfi ciais tipicos das TPI como sendo 
de origem antrópica. Sombroek (1966) descreve no platô de Belterra, às margens do rio 
Tapajós no Pará, alguns perfi s de TPI e também alguns horizontes amarronzados, que 
chamou de Terras Mulatas (TM), ambos creditados como antrópicos, em que as TM seriam 
resultado de manejo intencional, realizado com fi nalidade de melhoria da qualidade do 
solo para produção agrícola. 
A infl uência antrópica na formação e nas características das TPI e TM foram corroboradas 
por dados de Hilbert (1968), Pabst (1985), Smith (1980), Glaser e Woods (2004), Woods e 
McCann (2001), Neves et al. (2003) e Teixeira et al. (2007). As TPI na Amazônia Central têm 
teores de MOS resultantes da incorporação de resíduos orgânicos estabilizados (recalcitrantes) 
pelo uso do fogo (origem pirogênica). Os resíduos vegetais carbonizados apresentam uma 
elevada CTC retendo nutrientes adicionados pela incorporação de resíduos de origem animal 
(ossos, sangue, pele e vísceras) e de origem vegetal, oriundos de cultivo e extrativismo (cascas, 
sobras de alimentos, folhas de palmeiras utilizadas nas coberturas das habitações) (Lima et al., 
2002; Schaefer et al., 2004; Kämpf e Kern, 2005). Recentemente, tem sido também estudado o 
provável enriquecimento das TPI por excrementos humanos (Birk et al., 2011). 
(a) (b)
PEDOLOGIA
120 CARLOS ERNESTO G. R. SCHAEFER et al.
A área de solos com horizontes antrópicos (TPI) na Amazônia foi estimada em 0,1 a 
0,3 % da Amazônia, uma área correspondendo entre 6.000 e 18.000 km2 (Sombroek et al., 
2003). As TPI normalmente são áreas de aproximadamente dois a quatro hectares (Smith, 
1980), mas TPI com dezenas de hectares, como os sítios Hatahara, Caldeirão e Açutuba, no 
município de Iranduba, AM,e sítios com centenas de hectares, têm sido também relatadas 
(Santarém,PA, e Autazes,PA). Dada à grande extensão de muitos sítios arqueológicos na 
Amazônia Central (Petersen et al., 2001) e considerando-se a inefi ciência dos instrumentos 
agrícolas de madeira e machados de pedra para a prática da agricultura de corte e queima 
(Denevan, 2001), acredita-se que as tribos pré-colombianas provavelmente utilizavam 
métodos de cultivo intensivo nas áreas de várzea, onde estas eram disponíveis; cultivo 
semipermanente, nas Terras Mulatas; e permanente, nas Terras Pretas de Índio. A elucidação 
das formas da agricultura pré-colombiana é um fator crucial que poderá embasar práticas 
agrícolas para o cenário atual da região amazônica. 
A elevada fertilidadee a sustentabilidade das TPI incitam esforços para a compreensão 
da sua gênese e dos mecanismos da sua estabilidade, que apresentam grande resiliência 
mantendo suas boas qualidades químicas (elevada fertilidade e altos teores de matéria 
orgânica) e físicas, mesmo sob uso intensivo (Teixeira et al., 2003). A possibilidade de 
replicar tal manejo para recuperação de solos com características semelhantes poderá 
aumentar o tempo de uso das terras e reduzir a pressão de desmatamento sobre áreas 
de vegetação primária na Amazônia. Uma vez conhecidos os processos e mecanismos de 
formação das TPI, estes podem ser utilizados para reaver solos degradados, reincorporando 
áreas abandonadas ao processo produtivo. 
O modelo segundo o qual há uma complementaridade entre a formação e ocorrência 
das TPI e sua proximidade das várzeas de solos ricos (Figura 6) foi sugerido por Lima 
et al. (2002). Neste modelo, áreas extensas de TPI só são possíveis onde existem várzeas 
sufi cientemente ricas e extensas, capazes de suportar grandes populações. Tal hipótese foi 
consubstanciada por novos estudos que apontaram a presença de TPI na várzea (Souza, 
2011). 
Figura 6. Bloco-diagrama que representa a paisagem Várzea-Terra Firme, durante a fase de formação 
dos sítios de Terra Preta por populações indígenas.
Fonte: Adaptado de Lima et al. (2002).
Pedologia
121III - Solos da Região Amazônica
VÁRzeaS HolocÊnIcaS: PURUS, JURUÁ e 
amazonaS
As várzeas amazônicas são produtos da dinâmica dos rios, especialmente daqueles que 
carreiam abundante carga de sedimentos em suspensão. Em períodos de clima mais frio e 
seco, quando o nível do mar abaixou globalmente, os rios escavaram proporcionalmente 
seus leitos e, posteriormente, com a elevação marinha e os climas mais quentes e úmidos 
do Holoceno, passaram a depositar os sedimentos sobre suas planícies, entulhando os 
vales e espalhando farta sedimentação por toda a planície inundável do Amazonas e 
afluentes. Nestes ambientes governados pela marcha climática e hidrológica, os sedimentos 
acumulados vêm sofrendo pedogênese e sustentando a sucessão vegetal sobre solos ainda 
jovens.
Os grandes rios de várzea da Amazônia, como Purus, Juruáe Amazonas, continuam 
o processo constante de erosão e deposição de antigas e novas formações sedimentares, 
adicionando novos aportes sedimentares trazidos de cabeceiras andinas ou subandinas, 
num processo de constante renovação química. São rios de várzeas quimicamente ricas.
Os solos de várzea desenvolvem-se sobre sedimentos Holocênicos, mais recentemente 
depositados, onde o nível elevado do lençol freático e a inundação periódica limitam os 
processos pedogenéticos. Por sua natureza sedimentar recente, estes solos guardam estreita 
relação com o material de origem, no caso do rio Amazonas, sedimentos provenientes 
das regiões andina e subandina e depositados na planície aluvial (Gibbs, 1964; Irion, 1976; 
Junk, 1980; Falesi, 1986a).
Na várzea, os solos normalmente possuem teores elevados de silte e areia fina. São, 
predominantemente, eutróficos, com elevada capacidade de troca de cátions e elevados 
teores de cátions trocáveis, especialmente cálcio, magnésio e, em alguns casos, sódio e 
alumínio. Em contraste aos solos bem-drenados de terra firme, apresentam reação menos 
ácida, níveis mais elevados de nutrientes, inclusive de fósforo, menores teores relativos de 
alumínio trocável e argila de atividade alta (Quadro 3). 
Os solos de várzea apresentam composição mineralógica bastante variada, como 
reflexo da diversidade e da natureza recente do material de origem, das condições 
periódicas de hidromorfismo e do reduzido grau de pedogênese. Os poucos estudos sobre 
a mineralogia destes solos revelam a presença de minerais primários, notadamente mica, 
clorita e feldspatos, além de conteúdo apreciável de esmectita, caulinita e vermiculita 
(Sombroek, 1966; Kitagawa e Moller, 1979; Irion, 1984; Möller, 1986). Os minerais 
considerados acessórios também são bastante variáveis como caulinita, mica, quartzo, 
feldspato, montmorilonita, vermiculita, lepidocrocita, hematita e gibbsita (Möller, 1991). 
Em relação à composição granulométrica, na várzea predominam as frações mais 
finas, silte e argila, com virtual ausência da fração areia grossa (Quadro 3). Os teores de 
silte são elevados na várzea, notadamente nos Gleissolos, com mais de 50 %, o que indica 
o baixo grau de pedogênese deste ambiente.
Pedologia
122 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.
Quadro 3. Composição granulométrica, argila dispersa em água, grau de floculação e classificação 
textural de alguns solos de várzea amazônicas
Horizonte Prof. Areia Silte Argila ADA(1) GF(2) Classe textural
Grossa Fina
cm ----------------------------- % -----------------------------
Gleissolo Háplico Ta eutrófico
A 0 – 13 0 3 70 27 15 44 Franco-argilossiltosa
ACg 13 – 35 1 5 65 29 22 24 Franco-argilossiltosa
Cg 35 – 62 0 6 65 29 20 31 Franco-argilossiltosa
2Cg 62 – 100 0 0 58 42 32 24 Argilassiltosa
Neossolo Flúvico Ta eutrófico
A 0 – 5 0 48 37 15 9 40 Franco
2C2 24 – 34 0 44 38 18 8 56 Franco
5C5 50 –150 0 14 59 27 17 37 Franco-argilossiltosa
Neossolo Flúvico Ta eutrófico
A 0 – 14 1 01 68 30 12 60 Franco-argilossiltosa
C 14 – 28 1 01 46 52 36 31 Argilossiltosa
2C2 28 – 70 1 23 62 14 12 14 Francossiltosa
3C3 70 - 100 1 18 69 12 12 0 Francossiltosa
(1)Argila dispersa em água; (2)Grau de floculação.
Fonte: Souza (2011).
Na várzea está concentrada a maior faixa contínua de solos férteis da Amazônia, 
sob uso mais ou menos permanente há mais de cinco séculos de ocupação, a julgar pela 
presença de TPI neste ambiente. Pelas características de seus solos, proximidade dos rios, 
que servem como canal de transporte, e dos lagos altamente piscosos, a várzea é a parte 
da Amazônia mais intensamente utilizada para pesca e agricultura. Todavia, a drenagem 
mais restrita e a variação anual do nível dos rios, que pode chegar a 10 m entre os picos de 
cheia e de vazante (Irion, 1986), limitam o cultivo a alguns meses do ano. 
A pouca areia grossa nos solos de várzea indica a incapacidade dos cursos d’água 
atuais em transportar sedimentos mais grosseiros de fontes tão distantes até a planície de 
sedimentação, uma vez que sedimentos arenosos, areias médias e finas são transportados 
dos Andes pelas águas do rio Amazonas e, ao se depositarem, formam barras alongadas 
paralelas às margens, extensas barras em pontal ou longos bancos transversais ao rio 
(Hernani et al., 1982). 
A composição mineralógica dos solos de várzea é um reflexo da deposição mais 
recente da maior riqueza do material de origem e das condições atuais de renovação por 
novas deposições, das inundações sazonais e da drenagem mais restrita. Nestes solos, a 
diversidade de composição mineralógica alcança maior expressão. A riqueza em nutrientes 
diminui à medida que os sedimentos tornam-se mais antigos e quando não há renovação 
pela ausência de novas deposições. 
Pedologia
123III - Solos da Região Amazônica
Em contraste com os solos de terra firme, bem-drenados, os solos de várzea apresentam 
uma composição mineralógica da fração argila bastante variada (Quadro 4). Caulinita, 
mica/ilita, vermiculita, pirofilita, quartzo, hematita e goethita constituem os principais 
componentes minerais da fração argila dos Gleissolos e Neossolos Flúvicos (Quadro 4, 
Figura 7). É possível, também, a ocorrência de óxidos de Fe de pior grau de cristalinidade, a 
inferir pelos valores da relação Feo/Fed(Fe-oxalato/Fe-ditionito) da fração argila destes solos. 
Quadro 4. Composição mineralógica das frações argila, silte e areia fina dos solos de várzea 
amazônicas
Solo Horiz. Argila Silte Areia fina
GXve A Cl, Vm, Es, Mi/Il, Ct, Qz Qz, Ct, Mi/Il, Es, Cl, Vm, Fs Qz, Mi/Il, Vm, Ct, Fs, Pg
2Cg Cl, Vm, Es, Mi/Il, Ct, Qz Qz, Ct, Mi/Il, Es, Cl, Vm, Fs Qz, Mi/Il, Vm, Ct, Fs, Pg
RYve A Cl, Vm, Es, Mi/Il, Ct, Qz Qz, Ct, Mi/Il, Es, Cl, Vm, Fs Qz, Mi/Il, Vm, Ct, Fs, Pg
5C5 Cl, Vm, Es, Mi/Il, Ct, Qz Qz, Ct, Mi/Il, Es, Cl, Vm, Fs Qz,Mi/Il, Vm, Ct, Fs, Pg
RYve A Cl, Vm, Es, Mi/Il, Ct, Qz Qz, Ct, Mi/Il, Es, Cl, Vm, Fs Qz, Mi/Il, Vm, Ct, Fs, Pg
3C3 Cl, Vm, Es, Mi/Il, Ct, Qz Qz, Ct, Mi/Il, Es, Cl, Vm, Fs Qz, Mi/Il, Vm, Ct, Fs, Pg
GX - Gleissolo Háplico; RY - Neossolo Flúvico; ve: argila de atividade alta e eutrófico; Ct – caulinita; Cl – clorita; Es – esmectita; 
Fs – feldspato; Il – ilita; Mi – mica; Pg – plagioclásio; Qz – quartzo; e Vm – vermiculita.
Fonte: Lima (2001).
As condições restritas de drenagem, resultantes das características ambientais e da 
granulometria fina com elevada atividade de argila dos sedimentos originais, condicionaram 
um processo de intemperismo menos acentuado do que aquele normalmente observado nos 
solos bem-drenados, o que resulta em perfis mais rasos e de maior riqueza de componentes 
minerais, quando comparados com os solos bem-drenados.
Há poucos registros da ocorrência de clorita em ambientes de solo, provavelmente em 
razão da grande instabilidade deste mineral em ambientes pedogenéticos (Allen e Hajek, 
1989). Sua ocorrência em solos da Amazônia Ocidental foi observada por Irion (1984) e 
Marques et al. (2002). Estes poucos registros devem-se, certamente, ao limitado número de 
trabalhos sobre a mineralogia dos solos de várzea da Amazônia, uma vez que neste estudo 
sua presença foi observada em todos os perfis de solos de várzea avaliados. 
A fração areia fina dos solos de várzea também apresenta uma significativa diversidade 
de composição mineral, em cujos difratogramas é possível perceber, além de reflexos 
de quartzo, como componente dominante, reflexos de caulinita, mica/ilita, vermiculita, 
feldspato e plagioclásio (Quadro 4). 
Em relação às características químicas, os solos de várzea são comumente eutróficos. 
Os teores de nutrientes são mais elevados, notadamente Ca, Mg e P, enquanto os teores 
de Al3+ são relativamente baixos, exceto nos Gleissolos. O Ca2+ é o cátion predominante 
nos solos de várzea, todavia os teores de Mg2+ e Na+ são também elevados, o que resulta 
em valores elevados de soma de bases e de saturação por bases e valores reduzidos de 
saturação por alumínio (Quadro 5). Os valores elevados da CTC dos solos de várzea e os 
teores relativamente baixos de argila resultam em solos de argila de atividade alta. 
PEDOLOGIA
124 CARLOS ERNESTO G. R. SCHAEFER et al.
Figura 7. Difratogramas de raios X da fração argila desferrifi cada dos horizontes A (a) e 2Cg (B) de 
Gleissolo Háplico Ta eutrófi co, submetida a diferentes tratamentos (Cl – clorita; Ct – caulinita; 
Es – esmectita; Il – ilita; Mi – mica; Qz – quartzo; e Vm – vermiculita). K 500 oC: amostra saturada 
com K+ e aquecida a 500 oC; K 25 oC: amostra saturada com K+ à temperatura ambiente; Mg: 
amostra saturada com Mg2+; e AD: argila desferrifi cada.
Fonte: Lima (2001).
De modo geral, os teores de carbono orgânico são baixos, não excedendo a 21 g kg-1 
(Quadro 1), não havendo evidências de grande acúmulo de matéria orgânica, exceto nos 
horizontes de TPI, enterrados (Souza, 2011). 
Mesmo nos solos de drenagem mais restrita ou sujeitos à inundação mais frequente, 
como os Gleissolos, onde presumivelmente o processo de decomposição ocorre mais 
lentamente durante parte do ano, os teores de carbono orgânico são baixos. É provável que, 
nos solos de várzea, o teor de COT seja um refl exo do baixo conteúdo médio de COT dos 
sedimentos recentes e pouco alterados depositados periodicamente na várzea, conforme 
observaram Marques et al. (2002).
(b)(a)
Pedologia
125III - Solos da Região Amazônica
Quadro 5. Características químicas de solos de várzea amazônicas
Horiz. H2O KCl P K Na Ca2+ Mg2+ Al3+ H+Al SB CTC T V m
pH ------- mg kg-1 ------ -----------------------*--------- cmolc kg-1 --------------------------------- ------- % ------
Sequência 1 – Médio Amazonas
Gleissolo Háplico Ta eutrófico
A 4,84 3,58 69 46 38 9,86 3,21 2,50 6,37 13,35 19,72 73,36 68 16
ACg 5,83 3,97 34 39 66 12,45 4,99 0,48 3,44 17,83 21,27 74,06 84 3
Cg 5,94 4,02 33 30 73 11,92 5,33 0,35 2,57 17,65 20,22 66,64 87 2
2Cg 6,51 4,47 33 44 80 13,01 7,37 0,08 2,57 20,84 23,41 55,23 89 <1
Neossolo Flúvico Ta eutrófico
A 5,40 3,91 25 79 32 10,62 2,52 0,51 5,53 13,48 19,01 124,9 71 4
C 5,98 4,39 71 52 33 10,79 2,37 0,10 3,15 13,43 16,58 - 81 1
2C2 5,76 4,26 108 38 32 10,88 2,42 0,10 3,20 13,54 16,74 94,15 81 1
3C3 5,21 3,78 78 47 39 10,49 2,50 0,99 5,10 13,28 18,38 - 72 7
4C4 5,48 3,96 67 46 41 11,37 3,11 0,54 3,72 14,78 18,5 - 80 4
5C5 5,60 4,02 45 44 63 11,17 3,44 0,42 3,20 14,99 18,19 68,20 82 3
Sequência 2 – Alto Amazonas
Neossolo Flúvico Ta eutrófico
A 5,38 4,36 92 300 186 9,04 3,34 0,19 5,62 13,96 19,58 65,27 71 1
C 5,62 4,14 14 72 59 10,08 4,41 0,35 3,79 14,93 18,72 36,00 80 2
2C2 6,36 4,43 11 39 44 4,87 4,98 0,13 1,88 10,14 12,02 85,86 84 1
3C3 6,41 4,44 173 35 48 4,04 5,62 0,13 1,73 9,96 11,69 97,42 85 1
SB – soma de bases; CTC – capacidade de troca de cátions a pH 7,0; T – atividade da fração argila; V – saturação por bases; em – 
saturação por alumínio da CTC efetiva.
Fonte: Lima (2001).
Em síntese, os solos de várzea evidenciam maior fertilidade natural, maior teor de silte 
e maior diversidade mineralógica, o que é consistente com um material de origem mais 
rico, deficiência de drenagem e, portanto, menor grau de pedogênese, além da renovação 
anual pela deposição de novos sedimentos. 
As características químicas, a reserva mineralógica das frações silte e areia fina dos solos 
de várzea, o relevo plano e a proximidade dos rios, que podem servir tanto como via para 
o transporte de produtos agrícolas quanto como fonte de água para irrigação nos períodos 
mais secos, configuram o elevado potencial agrícola destes solos. Todavia, as enchentes 
anuais e as alterações na disponibilidade dos nutrientes provocadas pela inundação, as 
dificuldades de mecanização, o grande número de pragas e os riscos de contaminação da 
água por insumos agrícolas constituem importantes características a serem consideradas 
no uso e na ocupação da várzea amazônica. Apesar disso, representa a paisagem de maior 
riqueza química na Amazônia, onde sociedades humanas vêm desenvolvendo atividades 
agrícolas e extrativistas/pesqueiras, há pelo menos 1.000 anos, continuamente.
Pedologia
126 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.
BacIa do RIo negRo e SISTemaS aRenÍcolaS
Esta região representa o mais vasto espaço de podzolização extrema entre os trópicos 
úmidos do planeta, com a formação majoritária de Espodossolos (quase 30% da área 
total mapeada), em expressão geográfica impressionante e incomparável, tanto em escala 
quanto em grau do avanço pedogenético (Figura 3).
A bacia do rio Negro é a região com as taxas de precipitação pluvial anual mais 
elevadas do Brasil, com mais 3 000 mm ano-1 (INMET, 2008), definindo um regime climático 
equatorial úmido. Neste cenário, os solos predominantes são desenvolvidos de material 
de origem do Pré-Cambriano ou sedimentos retrabalhados de idade Plio-Pleistocênica, 
denominados Formação Içá (RADAMBRASIL, 1975a).
Estudos no Estado do Amazonas (Lucas et al., 1984; Bravard e Righi, 1990a;Andrade 
et al., 1997) indicam que esta unidade corresponderia, em sua maior parte, a mantos 
arenosos profundos, formados por uma pedogênese in situ de sedimentos Cenozoicos ou 
de rochas ígneas e metamórficas. A elevada taxa de precipitação pluvial (maior que 2 400 
mmano-1) no oeste amazônico contribui diretamente para os processos de podzolização 
e arenização dos solos, associados à elevada lixiviação e consequente empobrecimento 
químico (Schaefer et al.,2007).
A região compreende um grande domínio de Espodossolos e Neossolos Quartzarênico 
Hidromórficos, desenvolvidos sobre areias quartzosas inconsolidadas resultantes da intensa 
hidrólise das argilas e, ou, empobrecimento pela perda de argilas pela eluviação ou pela 
erosão seletiva (Bravard e Righi, 1990b; Schaefer et al., 2015). Destacam-se os Espodossolos 
gigantes (espessarênicos), solos com horizontes espódicos profundos, variando de 3 a 10 
m(Dubroeucq e Volkoff, 1988, 1998), não identificados em muitos levantamentos de solos 
e, muitas vezes, mapeados como Neossolos Quartzarênicos, em razão das profundidades 
comumente avaliadas (cerca de 2 m). Uma discussão pormenorizada sobre a seção-controle 
em Espodossolo Ferrihumilúvico, hiperespesso (perfil RR5),revela o problema prático nos 
levantamentos de solos, quando se tem necessidade de cavar mais de 300 cm para atingir 
o horizonte Bs (Schaefer et al., 2015).
Alguns autores, como Klinge (1965) e Sombroek (1984), atribuem à ocorrência dos 
Espodossolos e outros solos arenosos nas baixadas da bacia Amazônica a deposição 
de sedimentos nas bordas dos vales. No entanto, outros estudos realizados na Guiana 
Francesa e no Brasil indicam que Espodossolos são formados pela transformação de uma 
cobertura latossólica inicial, sobre diferentes tipos de material de origem (Lucas et al., 1984; 
Dubroeucq et al., 1991; Andrade et al., 1997), sendo estes solos considerados como um 
estádio final de degradação das coberturas pedológicas tropicais (Boulet et al., 1984). Além 
disso, Mafra et al. (2002) sugerem este processo como o principal mecanismo responsável 
pelo aplainamento geral do terreno observado nesta região. 
Na bacia do rio Negro predomina o relevo plano a suave ondulado, em um sistema de 
solos arenícolas e predominantemente hidromórficos. A bacia possui um extenso mosaico 
de ambientes complexos, desde florestais a não florestais, em associação direta com aspectos 
pedológicos e geomorfológicos correspondentes. Além destes fatores e condições atuais, 
sobressaem as evidências de condições paleoclimáticas e paleoecológicas muito distintas das 
atuais; ilhas florestais mega diversas, como enclaves ou refúgios pleistocênicos, sustentadas 
por residuais do Embasamento Cristalino (inselbergs). Nas suas bordas de transição, abundam 
Pedologia
127III - Solos da Região Amazônica
palmeiras e formações mais abertas, em sucessão, sobre solos mais rasos e pedregosos, solos 
estes formados em condições semiáridas, quando existiam extensas rampas de pedimentos. 
Nas baixadas, dois contrastes: areiais formados in situ pelo hidromorfismo das fases 
superúmidas, quando a acidólise destrói argilas (Brinkman, 1979), e materiais retrabalhados 
pela erosão eólica das fases secas, formando campos de dunas fósseis. 
Nesta paisagem predominam as Campinaranas, herbáceas ou arbustivas, também 
chamadas Campinas, ou ainda “Caatingas Amazônicas” (Anderson, 1981), formações 
vegetais típicas de clima superúmido e solos arenosos hidromórficos. São caracterizadas 
por uma paisagem marcante, de exceção à Floresta Tropical envolvente. Suas variações 
fitofisionômicas são fortemente influenciadas pelos ciclos sazonais e pelas variações 
do lençol freático, em gradientes associados aos diferentes níveis de hidromorfismo 
(Mendonça et al., 2013, 2014). 
Conforme aumenta o hidromorfismo dos solos na paisagem, as Campinaranas 
Florestadas são substituídas por formações de Campinarana Arbórea e Arbustiva, em 
seguida pelas Gramíneo-lenhosas até puramente Herbáceas (Campinaranas Graminosas). 
Há na literatura discussões e controvérsias quanto à origem destas formações (Ducke e 
Black, 1954; Anderson et al.,1975; Anderson 1978; Prance e Schubart, 1978; Anderson, 
1981;Ferreiera, 1997), no entanto, alguns autores (Damasco et al., 2013; Mendonça et al., 2014, 
2017 no prelo) apontam para uma forte relação edáfica na distribuição destas fitofisionomias. 
Sua maior concentração está na Amazônia Central e Ocidental, especialmente na bacia do 
rio Negro, onde a redução da fitomassa acompanha um gradiente climático no sentido 
E-W com o aumento da pluviosidade (Schaefer et al., 2007). 
De maneira geral, o domínio das Campinaranas é caracterizado pelas feições 
diferenciadas por arenização, dentro dos padrões da superfície de aplainamento conservada 
do Pediplano Rio Branco-Rio Negro (RADAMBRASIL, 1975a). O baixo rio Branco e grande 
parte do rio Negro abrangem um amplo sistema palustre ou pantanoso em domínio de 
areias, a rigor um verdadeiro Pantanal Arenoso, batizado por Santos e Nelson (1995) como 
Pantanal Setentrional, em trabalhos geológicos precedentes. 
Os solos são, de maneira geral, arenosos a franco-arenosos, com muita areia fina, 
profundos e, algumas vezes, ricos em material orgânico em subsuperfície (Quadro 7). São 
quimicamente muito pobres e ácidos, representados em sequência de solos estudados no 
Parque Nacional do Viruá (PARNA Viruá), centro-sul de Roraima, com SB (soma de bases) 
menor que 1 cmolc dm-3 e pH entre 4,2e 5,5 (Quadro 7). Destacam-se os baixos valores para 
o Prem em correlação negativa com MOS e Al trocável, o que indica a forte adsorção de 
fosfatos pelos complexos organometálicos presentes nos horizontes Bh e Bhs (Quadro 7). 
A Campinarana Florestada, no PARNA Viruá, ocorre em colinas suaves e patamares 
tabulares arenosos (Figura 8), com solos ricos em matéria orgânica, presença de turfeiras e 
lençol freático pouco profundo. Possui horizonte O com cerca de 10 cm de profundidade, 
com cor bruno-avermelhado-escura (2,5YR 2,5/3, úmida). Apresenta horizonte B espódico 
espesso, com quase 1 m de profundidade, próximo à superfície (Figura 8 e Quadro 7). 
O lençol freático não aflora em superfície, o que permite um porte maior da vegetação, 
constituída por uma fisionomia florestal com árvores relativamente finas, com até 15 m de 
altura. As árvores possuem caules eretos, pouco ou nada tortuosos, e formam um dossel 
quase continuo, às vezes mais aberto. 
Pedologia
128 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.
Quadro 7. Análises químicas e físicas de uma sequência de solos podzolizados no Parque Nacional 
do Viruá, centro-sul de Roraima
Horizonte
pH
H2O
P K Na Ca2+ Mg2+ Al3+ H+Al SB t T V m MOS Prem AG AF Sil Arg
cm
--------mg dm-3 
---------
------------------------------ cmolc dm-3 ----------------------------- ---- % ---- dag kg-1 mg L-1 ---------- dag kg-1 ------------
P1 –Espodossolo Ferrihumilúvico Hidromórfico arênico – Campinarana Florestada
O (0-10) 3,82 0,6 33 38,1 0,02 0,49 3,71 26,7 0,76 4,47 27,46 2,8 83 55,02 59,9 19 26 29 26
A (10-15) 4,52 2,2 15 11,9 0 0,45 3,24 21,1 0,54 3,78 21,64 2,5 85,7 11,2 24,8 23 40 26 11
AE (15-23) 4,95 2,1 3 0,9 0 0,42 1,43 11,9 0,43 1,86 12,33 3,5 76,9 4,8 18,6 18 51 23 8
Bh (23-80) 5,29 0,6 0 0 0 0,43 0,67 9,3 0,43 1,1 9,73 4,4 60,9 3,84 12,1 16 47 27 10
Bhs (80-120) 4,98 0,6 0 0 0 0,42 0,29 3,8 0,42 0,71 4,22 10 40,8 1,28 22,5 17 47 27 9
C (120-180+) 4,75 0,4 0 0 0 0,41 0,19 1,6 0,41 0,6 2,01 20,4 31,7 0,26 46,6 20 45 20 15
Termiteiros* 3,76 17,2 120,7 70,5 0,14 0,27 5,54 54,7 1,03 6,57 55,73 1,83 84 52,7 54,3 40 12 34 14
P2 - Espodossolo Ferrihumilúvico Hidromórfico arênico – Campinarana Arbustiva
A (0-10) 4,22 4,9 30 8,3 0,08 0,09 1,33 9,8 0,29 1,62 10,09 2,9 82,1 6,14 59,9 20 53 23 4
E (10-60) 4,8 1 0 0 0,03 0,04 0,31 1,5 0,07 0,38 1,57 4,5 81,6 0 60 30 49 20 1
Bh (60-80) 4,26 4,1 4 0 0,01 0,04 1,54 9,3 0,06 1,6 9,36 0,6 96,3 1,03 36,2 25 48 24 3
Bhs (80-100) 4,82 1 0 0 0 0,04 1,33 2,5 0,04 1,37 2,54 1,6 97,1 2,58 7,1 22 46 24 8
C1 (100-140) 4,69 0,5 1 0 0,17 0,04 0,51 2,2 0,21 0,72 2,41 8,7 70,8 0,13 44,4 18 48 20 14
C2 (140-200) 4,79 0,4 1 0 0,06 0,04 0,51 1,7 0,1 0,61 1,8 5,6 83,6 0 47,9 18 49 19 14
Termiteiros 3,54 8,3 88,7 34,2 0,08 0,31 5,23 53,7 0,76 5,99 54,46 1,4 87,2 37,2 54,7 11 21 45 23
P3 - Espodossolo Ferrihumilúvico Órtico espessarênico – Campinarana Gramineo-Lenhosa (duna)
O (0-4) 3,52 29 96 59,8 0 0,17 3,28 24,2 0,68 3,96 24,88 2,7 82,8 23,25 60 33 57 3 7
E1 (4-13) 4,52 2,6 7 0,4 0 0,05 0,31 2,7 0,07 0,38 2,77 2,5 81,6 0,52 59,9 23 69 6 2
E2 (13-25) 4,78 1,4 0 0 0 0,04 0,31 3,4 0,04 0,35 3,44 1,2 88,6 0,39 60 21 72 5 2
E3 (25-35/130) 5,54 0,6 0 0 0 0,03 0,51 1,4 0,03 0,54 1,43 2,1 94,4 0,13 60 33 62 3 2
Bh (35-40/135) 5,24 44,2 0 0 0 0,03 0,41 4,1 0,03 0,44 4,13 0,7 93,2 0,39 46,5 31 64 2 3
Bs (40-140) 5,38 5,1 0 0 0 0,03 0,21 2,7 0,03 0,24 2,73 1,1 87,5 0,13 46 31 64 2 3
Termiteiros 4,51 79,8 251,764,8 2,3 2,5 1,9 66,8 5,8 7,6 72,6 8,0 25,4 52,5 60 59 8 16 17
P4 - Neossolo Quartzarênico Hidromórfico típico – Campinarana Graminosa
C1 (0-25) 5,23 0,4 0 0 0 0,04 0,1 1,7 0,04 0,14 1,74 2,3 71,4 0 60 34 58 6 2
C2 (25-65/75) 4,47 0,4 0 0 0 0,03 0,51 1,4 0,03 0,54 1,43 2,1 94,4 0,26 60 43 49 6 2
C3 (65/75-85) 5,13 0,3 0 0 0 0,03 0,21 1,4 0,03 0,24 1,43 2,1 87,5 0 60 43 46 10 1
Termiteiros 3,88 9,3 62 54 0,6 0,6 3,4 43 1,5 5 44,5 3,5 69,5 8,7 60 21 27 30 22
* Os dados correspondem à média de três amostras de termiteiros coletadas no entorno do perfil de solo, na mesma fitofisionomia.
Fonte: Mendonça et al. (2013, 2014).
Nas Campinaranas Arbustivas, observa-se o incremento de MOS em profundidade, 
com associação direta ao aumento de P (Mehlich-1) e CTC. Destaca-se na paisagem a 
presença de cupinzeiros na base dos arbustos, com elevada acidez; no entanto, os teores de 
fósforo disponível, soma de bases, CTC e MOS são muito superiores àqueles dos horizontes 
minerais superficiais dos solos adjacentes (Quadro 7). O mesmo ocorre na Campinarana 
Gramíneo-Lenhosa, onde o lençol freático aflora mais frequentemente. Nestas condições, 
os termiteiros, além de disponibilizarem nutrientes, permitem uma boa aeração do solo e 
favorecem a fixação das plantas. 
Nas Campinaranas Graminosas, o lençol freático alcança níveis superficiais, muitas 
vezes, provocados pelo selamento do horizonte A, possivelmente por causa do rearranjo de 
partículas. Neste espaço, os solos são mais lixiviados e mais pobres (Quadro 7), com mais 
Pedologia
129III - Solos da Região Amazônica
areia grossa, predominando Neossolos Quartzarêncios (Figura 8). O período prolongado 
de inundação sazonal destes solos aumenta a dificuldade para o estabelecimento de 
árvores de maior porte. Neste universo, ocorrem áreas de maior exposição aos ventos, 
que nas fases mais secas de períodos glaciais, que promoveram a ativação dos campos de 
dunas. Destacam-se os campos de dunas dos rios Anauá, Catrimani e Aracá, atualmente 
estacionados e parcialmente vegetados. Constituem dunas parabólicas e longitudinais, 
alongadas paralelamente segundo a direção do vento predominante, de NE para SW. 
Nas áreas dos lagos interdunas predominam os buritizais (Mauritia sp.) (Figura 8). De 
acordo com Santos e Nelson (1995), as maiores dunas possuem 20 m de altura e 6 km de 
comprimento e se formaram no Holoceno, com características sedimentares, compostas 
por areia fina bem-selecionada. As formas eólicas bem-preservadas descartam a hipótese 
de uma idade mais antiga para sua origem, relacionada a modificações climáticas (El Niño), 
com diminuição do índice pluviométrico regional e consequente baixa do nível das águas 
dos rios (CPRM, 2000).
BacIa do alTo amazonaS – SolImÕeS
Este setor representa uma das mais homogêneas e monótonas pedopaisagens da 
Amazônia, pela regularidade do relevo tabular, ou fracamente dissecado, e pela evolução 
da paisagem sob fraco soerguimento crustal, com substratos pouco permeáveis.
Os solos do Alto Amazonas/Solimões abrangem a margem direita do sistema 
hidrográfico da bacia do Amazonas, após sua entrada no Brasil, e se estende até Manaus, 
na confluência do rio Negro. Engloba, assim, o vasto interflúvio entre os rios Javari/Juruá/
Purus e Madeira, a jusante da bacia do Acre, separando-se desta pelo Arco de Iquitos, e da 
bacia do médio e baixo Amazonas, pelo Arco de Purus.
Neste amplo espaço predominantemente florestado, e ainda conservado, há um 
absoluto domínio de solos podzolizados e paleo-hidromórficos (plínticos) sobre sedimentos 
síltico-argilosos, e secundariamente arenosos, da Formação Solimões. Os Argissolos, 
a maioria com plintita, somam 58 % da área, enquanto os Plintossolos perfazem quase 
23 %. Possuem fácies bem mais ácidas e pobres que os solos desenvolvidos da bacia do 
Acre, que sofreram influência andina, mas se apresentam mais ricos que os solos do Médio 
Amazonas, a jusante.
O grande diferencial dos solos do Alto Amazonas é a presença do caráter alítico quase 
generalizado, numa combinação de argila de alta atividade com elevados teores de Al 
trocável, e forte acidez superficial. Além disso, muitos evidenciam condições redoximórficas 
pretéritas, na forma de mosqueados abundantes, ou mesmo plintita, quando Argissolos 
Amarelos com plintita transicionam para Plintossolos típicos, na direção das partes com 
drenagem pior, dos topos tabulares aos níveis topográficos mais baixos. Vale a pena 
mencionar que as argilas 2:1, em pH ácido, tendem a se desestabilizar, liberando Al3+ dos 
actaedros para a solução do solo (Resende et al., 2011).
Nas várzeas, os Gleissolos dos rios Javari, Juruá e Purus seguem o que foi abordado 
para as várzeas ricas do Amazonas: solos eutróficos (Neossolos Flúvicos, Gleissolos), 
argila de alta atividade, renovação anual pelas cheias com sedimentos de origem andina/
subandina e ricos em silte e argila. 
PEDOLOGIA
130 CARLOS ERNESTO G. R. SCHAEFER et al.
Figura 8: Vista geral do mosaico de Campinaranas (a), perfi s de Espodossolo Ferrihumilúvico nas 
Campinaranas Florestada (b) e Arborizada (c) e de Neossolo Quartzarênico na Campinarana 
Graminosa (d e e), no PARNA Viruá, centro-sul de Roraima. O bloco-diagrama ilustra a distribuição 
dos perfi s de solo nas formações de Campinarana predominantes no PARNA Viruá (f).
Fonte: Mendonça et al. (2013, 2014).
(a)
(b) (c) (d) (e)
(f)
PEDOLOGIA
131III - SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA
Esta pedopaisagem foi interpretada como desenvolvida de uma antiga paisagem 
lacustre, hidromórfi ca, de grande extensão, que cobriu grande parte da região no inicio 
do Holoceno (11 000 anos atrás) (Schaefer, 2013). Hoje, após o soerguimento e a drenagem, 
evidencia ainda relíquias deste passado hidromórfi co, como as camadas de linhito ou 
turfeiras enterradas, além de concheiras lacustres. O próprio mosqueamento generalizado 
pode ser interpretado como uma relíquia pedológica, denotando maior hidromorfi smo no 
passado (o chamado período do grande lago Sanozama).
Na borda sul desta grande zona, ocorremlocalizadamente Latossolos, ao longo do setor 
mais soerguido do Arco de Iquitos. No entanto, são menos desenvolvidos, intermediários 
para Cambissolos ou Argissolos, e localizam-se nos interfl úvios dos rios Pauini e Mapia. 
Na região próxima à tríplice fronteira entre Brasil, Colombia e Peru, há vasta área com 
Cambissolos,revelando elevados teores de alumínio trocável e com predomínio da fração 
silte (Coelho et al., 2005). 
Marques et al. (2002), utilizando dados mineralógicos e químicos, relacionamos 
elevados teores de Al3+ nos solos do Alto Solimões à presença frequente de minerais 
interestratifi cados com Al-hidróxi entre camadas, em condições de pH baixo; Al3+ este 
facilmente extraível com solução de KCl 1 mol L-1. Entretanto, estes valores elevados não 
necessariamente estão correlacionados com a atividade do alumínio na solução do solo e 
sim com a sua toxicidade.
Lima et al. (2006) evidenciam uma sequênciade solos desde as partes mais elevadas até 
a várzea, sendo classifi cados como Argissolo Amarelo Ta alumínico abrupto, Plintossolo 
Argilúvico alumínico abrúptico e Neossolo Flúvico Ta eutrófi co. Tal sequência ilustrativa 
está apresentada na fi gura 9, com três perfi s selecionados e suas características químicas e 
físicas mais representativas (Quadro 8).
Figura 9. Perfi l esquemático mostrando a sequência de solos do Alto Solimões.
Fonte: Baseada em Lima et al. (2006).
Os resultados evidenciam que estes solos possuem maior riqueza de nutrientes e 
minerais alteráveis, com menor grau de intemperismo, em comparação aos solos mais 
bem-drenados das terras fi rmes da parte oriental da Amazônia, derivados de sedimentos 
mais antigos (Alter do Chão ou Barreiras) ou de rochas cristalinas. Os baixos teores de 
Fe e Mn no Plintossolo em todas as frações analisadas, em comparação aos demais solos 
da topossequência, indicam o predomínio de processos de remoção neste ambiente, 
enquanto no Neossolo Flúvico a remoção é superadapela deposição de novos sedimentos, 
Pedologia
132 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.
possibilitando a ocorrência deteores elevados de Fe e Mn. Os valores de capacidade máxima 
de adsorção de fosfato são baixos nos horizontes superficiais, tornando-se elevados nos 
horizontes subsuperficiais mais ricos em argila ou com ocorrência de plintita.
Quadro 8. Características químicas e físicas de três perfis de solos do Alto Solimões
Horizonte pH ∆pH P K Na Ca2+ Mg2+ Al3+ H+Al SB CTC T V m
H2O KCl
------ mg kg-1----- ------------------------------ cmolc kg-1------------------------------------ ---- % ----
Argissolo Amarelo Ta Alumínico abrúptico
A 5,82 4,70 -1,12 4 46 38 9,9 2,1 0,1 4,8 12,2 17,0 47,8 72 1
Bt 5,41 3,60 -1,81 1 32 28 5,4 1,1 10,8 15,3 6,8 22,1 36,8 31 62
C 6,74 4,78 -1,96 152 34 48 15,4 2,2 0,0 1,7 17,9 19,6 50,2 92 0
2C2 8,09 6,85 -1,24 6 14 65 16,8 3,9 0,0 0,0 20,5 20,5 42,8 100 0
Plintossolo Argilúvico Alumínico abrúptico
A 4,91 3,98 -0,98 6 57 41 1,1 0,4 1,2 6,6 1,8 8,4 46,7 22 40
Bt 4,96 3,53 -1,48 1 42 33 0,5 0,3 11,4 14,9 1,0 16,0 30,7 7 92
C 5,12 3,48 -1,64 1 70 51 0,3 0,5 17,8 21,0 1,2 22,2 37,0 5 93
Neossolo Flúvico Ta eutrófico
A 5,38 4,36 -1,02 92 300 186 9,0 3,3 0,2 5,6 14,0 19,6 65,3 71 1
C 5,62 4,14 -1,48 14 72 59 10,1 4,4 0,4 3,8 14,9 18,7 36,0 80 2
2C2 6,36 4,43 -1,93 11 39 44 4,9 5,0 0,1 1,9 10,1 12,0 85,9 84 1
3C3 6,41 4,44 -1,97 173 35 48 4,0 5,6 0,1 1,7 10,0 11,7 97,4 85 1
SB – soma de bases; CTC – capacidade de troca de cátions a pH 7,0; T – atividade da fração argila; V – saturação por bases; em 
–saturação por alumínio da CTC efetiva.
Fonte: Lima et al. (2006).
Urge a necessidade de mais estudos sobre esta vasta e importante região brasileira 
única, que possui grandes extensões mapeadas de solos Ta com Al trocável elevado, para o 
qual já se propôs, inclusive, a separação em nível de Ordem (Alissolos) no Sistema Brasileiro 
de Classificação, hoje inexistente, em razão que neste elevado nível taxonômico privilegiam-
se atributos morfogenéticos e não químicos e, ou, físico-químicos (Resende et al., 2012). 
BacIa SedImenTaR do acRe
A bacia sedimentar do Acre, que inclui todo o Estado do Acre e parte sudoeste do 
Amazonas, localiza-se a montante do Arco de Iquitos, uma estrutura geológica de “dique” 
não aflorante, que delimitou e controlou, e ainda controla, a deposição de sedimentos 
de origem andina (ou subandina) dirigidos à calha do Amazonas, desde os primeiros 
impulsos de formação da cadeia Andina, forçando a sedimentação na direção contrária à 
sua primitiva disposição de leste para oeste, que passou a inverter. Antes desta inversão, 
a bacia se encontrava numa situação de borda continental, e aberta ao Pacífico durante 
todo o Cretáceo e Terciário Inferior (até cerca de 25 milhões de anos antes do presente), 
momento em que foi bloqueada pelo paulatino soerguimento da cordilheira oriental 
andina, transformando-se em uma bacia intracontinental, fechada (Asmus e Porto, 1973; 
Campos e Bacoccoli, 1973).
Pedologia
133III - Solos da Região Amazônica
Nesse período, o fluxo hídrico mudou drasticamente, o que é comprovado pelos 
planos frontais de estratificação cruzada da Formação Solimões, que mergulham para 
nordeste (RADAMBRASIL, 1976a) no sentido contrário ao fluxo hídrico atual. 
Durante um longo processo de entulhamento interno, a bacia passou a experimentar 
regimes intermitentes mais tranquilos, de deposição lacustre, simulando um verdadeiro 
Pantanal, semifechado (Schaefer, 2013). As evidências atuais da presença de gipsita 
(CaSO4) e concreções carbonáticas (CaCO3) nos solos (Kronberg et al., 1989), fósseis de 
grandes répteis (Cunha, 1963; Ranzi, 2000) e pequena profundidade do solum (Amaral et 
al., 2001) testemunham essas fases lacustres e confirmam a presença de um ambiente de 
esvaziamento de grandes lagos, que recebiam os sais solúveis trazidos pelos rios, sob clima 
árido (RADAMBRASIL, 1976a). 
Os processos de formação do solo ocorrem numa escala de dezenas a milhares de 
anos; porém, as características morfológicas e físicas registram o clima, a vegetação e, ou, 
o ambiente durante o tempo de formação do solo (Wysocki e Schoeneberger, 1999). No 
caso dos solos do Acre, isto é particularmente importante, uma vez que as modificações 
climáticas, ocorridas no Quaternário tardio, modificaram o ambiente, principalmente a 
biota e as condições de temperatura e umidade, e deixaram suas marcas nos solos.
O Estado do Acre é, comparativamente, um dos mais intensamente pesquisados e 
conhecidos da Amazônia, como atesta o volume e a qualidade dos trabalhos apresentados 
durante a última Reunião de Correlação e Classificação de Solos (Embrapa, 2013). 
Pode-se, assim, oferecer um panorama adequado de sua variabilidade pedológica. 
Surpreendentemente, os Luvissolos Crômicos, eutróficos e Ta dominam a bacia do Acre, 
com 43 % da área.
Em nível de paisagem, considerando o Estado do Acre em escala de 1:250 000, os 
Argissolos ocupam mais de 6 milhões de hectares do território acreano, sendo a ordem 
que ocupa maior extensão territorial, que corresponde a 38 % do território. Entretanto, 
os Cambissolos ocupam mais de 5milhões de hectares (32 % do território acreano), o que 
significa que 70 % do território acreano é ocupado por estas duas ordens de solos. Há que 
se considerar os mais de 2 milhões de hectares de Luvissolos e as áreas de Plintossolos e 
Vertissolos, que ocupam 2,2 e 3,0 % do território acreano, respectivamente.
No ambiente dos Argissolos, há maior variabilidade nas características topográficas, 
que refletem uma maior variabilidade nas características físicas, químicas e morfológicas 
dos perfis descritos no Estado do Acre. Durante a RCC do Acre, foi evidenciada a forte 
condição intergradacional (intermediária) dos Argissolos, Luvissolos e mesmo Vertissolos 
acreanos. Além disso, há grande incidência de solos alíticos ou alumínicos e grande 
dificuldade de distinção morfológica entre grandes grupos de solos do SiBCS (Amaral et 
al., 2013; Oliveira, 2013) neste Estado.
Os teores de carbono orgânico se reduzem, significativamente, em profundidade, com 
teores médios no horizonte A de 2,0 ± 1,2 dag kg-1. Estes teores reforçam o papel da ciclagem 
de nutrientes em solos amazônicos e a concentração dos nutrientes em superfície nos solos 
distróficos e alíticos, principalmente. Ao se fazer uma correlação dos teores de carbono 
orgânico com várias variáveis, houve uma correlação positiva (R = 0,53) apenas com os 
teores de hidrogênio trocável, evidenciando o papel da matéria orgânica de acidificar o 
solo e liberar íons H+ para a solução (Bayer e Mielniczuk, 1999).
Pedologia
134 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.
O teor médio de cálcio no horizonte A de Argissolos descritos no Brasil (Cooper et al., 
2005) é de 1,36 cmolc dm-3. No Argissolo Vermelho no Estado do Acre, o cálcio atingiu um valor 
de 4,9 cmolc dm-3, evidenciando os efeitos do material de origem e de sua gênese peculiar.
Os teores de alumínio trocável crescem, significativamente, com a profundidade 
de 1,0 ±0 ,9 cmolc dm-3 para 5,7 ± 5,6 cmolcdm-3, nos Argissolos Vermelhos, apesar da 
presença de teores médios de cálcio e magnésio. Entretanto, este alumínio trocável não 
aparenta toxicidade para as plantas, nem deve ser utilizado como índice de acidez nos 
solos acreanos; se outras condições não forem limitantes, é possível que a correção do solo 
não seja necessária (Wadt, 2002). Embora este ainda não esteja devidamente esclarecido, 
acredita-se que esteja associado aos teores elevados de alumínio trocável no material de 
origem. No Brasil, a média dos teores de alumínio trocável no horizonte B de Argissolos é 
de 3,2 cmolcdm-3 (Cooper et al., 2005).
No Acre, os teores de alumínio trocável estão correlacionados (R = 0,5) com o 
incremento dos teores de argila. A capacidade de troca de cátions apresenta-se com alta 
variabilidade no horizonte B (10,9 ± 10,7 cmolc dm-3), com valores variando de 2,6 até 
48,6 cmolc dm-3. A CTC é um excelente indicadorda fertilidade do solo, uma vez que indica 
a capacidade deste para adsorver cátions em forma trocável, que, em geral, servirão de 
nutrientes para as plantas (Resende et al., 2002). A média da CTC de solos do Brasil é de 8,9 
cmolcdm-3 (Cooper et al., 2005).
Para os Argissolos do Acre, a cor é um bom indicativo da fertilidade natural, que 
decresce no sentido do Argissolo Vermelho (V = 41,4 % ± 23,3 %) àArgissolo Vermelho-
Amarelo (V = 13,3 % ±17,9 %) à Argissolo Amarelo (V = 6,9 % ± 8,?? %), enfatizando que o 
Argissolo Vermelho-Amarelo é o que apresenta maior variabilidade em seus atributos. Esta 
tendência é possivelmente reflexo de diferenças nos materiais de origem destes Argissolos.
O Acre possui a mais extensa e contínua mancha de Luvissolos da Amazônia, e do 
Brasil. Na paisagem dos Luvissolos, ocorrem altitudes, que variam de 172 a 378 m, ocupando 
posições de topo na paisagem. São solos moderadamente profundos. Neste ambiente, 
os Luvissolos estão associados aos Cambissolos, nas áreas de relevo mais movimentado 
(Figura 10), e aos Gleissolos, nos fundos dos vales, todos com caráter eutrófico.
Os teores de cálcio trocável nos solos do Acre estão fortemente correlacionados 
(R = 0,99) com a soma de bases, o que indica a relevância deste nutriente para o complexo 
de troca e para a disponibilidade de bases trocáveis. Os teores no horizonte A variam de 
3,2 a 58,0 cmolc dm-3; e no B, de 0,7 a 40,0 cmolc dm-3. 
Os teores de alumínio trocável também aumentam com a profundidade- com teor 
máximo de 16,8 cmolcdm-3 em horizonte B de Luvissolo Háplico, apesar da presença de 
altos teores de cálcio e magnésio trocáveis, o que indica que este alumínio trocável não 
apresenta caráter tóxico para as plantas, conforme postula Wadt (2002). Estes teores estão 
associados à mineralogia das argilas presentes nestes solos.
Na paisagem de ocorrência de Cambissolos ocorre uma diversidade de características, 
apresentando variações na atividade de argila, eutrofia, distrofia e caráter vértico (Gama, 
1986; Amaral, 2003; Melo, 2003; Bardales, 2005). Estão associadas a condições de relevo 
mais movimentado. Ocupam, em maior proporção, a parte central e ooeste do Estado 
em uma altitude média de 239,4 ± 51,9 m, porém alcançando altitudes máximas de 381 
m, estando vinculadas à ocorrência de Vertissolos, nas depressões; Plintossolos, no terço 
inferior dos vales; e Gleissolos, nas depressões de fundo de vale.
Pedologia
135III - Solos da Região Amazônica
Figura 10. Bloco-diagrama do ambiente de ocorrência dominante de Luvissolos no Estado do Acre, no 
trecho entre Tarauacá e Cruzeiro do Sul. Tb: argila de baixa atividade (desenho de C. Schaefer).
Grande parte dos Cambissolos do Acre tem argila de atividade alta Ta (Rodrigues, 
1996) e é desenvolvida de sedimentos pelíticos ricos, influenciados, na sua gênese, por 
material andino. Estes solos são submetidos à intensa pluviosidade e, forçosamente, quase 
toda a perda de água que ocorre é por fluxo superficial. Constituem, portanto, um sistema 
que tende a exportar muito pela erosão (Resende e Pereira, 1988).
Em geral, a drenagem dos Cambissolos Háplicos com Ta é de natureza restrita, 
entre maldrenados e imperfeitamente drenados. Somente nos Cambissolos Háplicos Tb 
(argila de atividade baixa), a drenagem é moderada e até boa, com cores acinzentadas 
e brunadas com matiz 7,5YR, 10YR e 5YR. Os teores médios de cálcio trocável variam 
de 11,4 cmolcdm-3 em superfície para 12,8 cmolc dm-3 em profundidade (a média para os 
Cambissolos descritos no Brasil é de 5,0 cmolc dm-3, para o horizonte superficial, e de 
4,4 cmolc dm-3, para o horizonte subsuperficial). Estes altos valores de cálcio e magnésio 
trocáveis estão relacionados à maior riqueza do material de origem, onde foram formados. 
Há uma grande variabilidade na fertilidade natural dos Cambissolos, uma vez que são, 
diretamente, influenciados pelo material de origem que, sendo sedimentar, apresenta 
variabilidade local, embora a maior extensão seja de solos com alta fertilidade natural.
Os teores de alumínio trocável variam de 0,0 a 15,2 cmolc dm-3, nos horizontes 
superficiais,e de 0,0 a 14,2 cmolc dm-3, nos subsuperficiais, o que provavelmente esteja 
relacionado àmenor interferência da matéria orgânica em profundidade, portanto, 
complexando menos alumínio trocável e mantendo maiores teores deste cátion nos 
horizontes subsuperficiais. 
Mesmo com altos teores de Al3+ no complexo de troca, espera-se que estes não 
interfiram de forma acentuada no desenvolvimento das plantas, uma vez que altos teores 
de bases trocáveis foram constatados nos perfis estudados. De certa forma, isto deve limitar 
a atividade do alumínio trocável no complexo de troca, diminuindo sua fitotoxidez.
A capacidade de troca catiônica (CTC) é muito alta (> 10 cmolc dm-3), em sua maioria 
aumentando em profundidade (em média 24,0 ± 14,1 cmolc dm-3), o que reflete os altos 
teores de soma de bases e H + Al, evidenciando a geração de cargas superficiais negativas 
pelos minerais 2:1 predominantes. Nos Cambissolos descritos no Brasil, a média da CTC 
no horizonte subsuperficial é de 8,5 cmolc dm-3(Cooper et al., 2005).
Pedologia
136 Carlos Ernesto G. R. Schaefer et al.
Na região do extremo oeste do Estado, na direção da Serra do Divisor, encontram-se 
pedoambientes totalmente distintos dos demais encontrados no Acre (Figura 11) e solos 
com características de podzolização (Espodossolos), pobreza de nutrientes e baixa CTC 
(Quadro 9), em razão da litologia arenítica predominante nesta área.
Figura 11. Bloco-diagrama da bacia do Moa e Serra do Divisor, extremo oeste do Acre, na divisa com 
o Peru.
Quadro 9. Características químicas e físicas de três perfis de solos da Serra do Divisor, noroeste do Acre
Horizonte
pH
H2O
P K Na Ca2+ Mg2+ Al3+ H+Al SB T V m MOS Prem Cor úmida AG AF Sil Arg
cm ------ mg dm
-3 ----- ------------------- cmolc dm-3 ---------------------- ------ % ------
dag 
kg-1 mg L
-1 ----------- dag kg-1 -----------
P1 – Espodossolo Ferrihumilúvico Órtico arênico – Floresta Ombrófila Densa Submontana com Bromélias – Ceja
O (40-0) 3,4 16,4 86 8,4 0 0,0 2,4 39,1 0,3 39,4 0,8 88,7 29,4 58,3 7,5YR 2/2 - - - -
A1(0-10) 3,7 5,3 29 0,0 0 0,0 1,1 13,5 0,1 13,6 0,7 91,4 2,9 54,1 10YR 2/1 57 32 7 4
E (10-35) 4,2 1,5 9 0,0 0 0,0 0,4 3,2 0,0 3,2 0,9 93,5 0,4 50,9 10YR 4/3 55 38 5 2
Bs (35-45) 4,5 0,9 5 0,0 0 0,0 0,7 8,6 0,1 8,7 0,8 91,1 0,8 26,7 10YR 5/4 60 33 3 4
Bhs (35-70) 4,7 1,4 4 0,0 0 0,0 1,1 19,7 0,0 19,7 0,2 97,2 2,9 6,8 10YR 2/1 55 31 5 9
CR (70-80+) 5,2 1,3 4 0,0 0 0,0 0,2 4,1 0,0 4,1 0,5 90,5 0,5 25,2 10YR 3/3 49 46 1 4
P2 – Organossolo Háplico Fíbrico típico – Floresta Ombrófila Densa Submontana
O (50-0) 3,7 15 217 3,4 0 0,1 2,1 31,2 0,6 31,8 2,0 76,4 31,8 57,5 7,5YR 2/2 - - - -
A1 (0-15) 4,2 4,1 60 0 0 0,1 1,2 13,4 0,2 13,6 1,5 85,3 13,6 34 10YR 2/2 61 29 2 8
C1 (15-70) 4,6 0,9 7 0 0 0,0 0,4 4,9 0,0 4,9 0,6 92,9 4,9 34,8 10YR2,5/2 72 24 3 1
C(h)2 (70-90) 5,0 2,1 6 0 0 0,0 0,4 8,1 0,0 8,1 0,5 91,5 8,1 16,5 10YR 2/2 81 12 3 4
P3 – Neossolo Litólico Distrófico fragmentário – Floresta Ombrófila Aberta com Palmeiras
O (10-0) 4,7 16 131 0,4 1 0,2 0,7 8,6 1,6 10,2 15,3 31,7 4,8 43,3 10YR 3/3 - - - -
A (0-5) 5,0 3,2 27 0 0 0,1 0,4 6,8 0,1 6,9 1,7 78,2 1,6 27,5 10YR 3/4 55 32 6 7
AC (5-15) 5,6 3,3 21 0 0 0,0 0,3 5,7 0,1 5,8 1,7 74,4 1,9 22,1 10YR 4/4 52 31 11 6
C1(15-35) 5,2 1,4 7 0 0 0,0 0,2 3,5 0,0 3,5 1,1 82,6 2,1 27,4 10YR 4/6 62 26 7 5
Fonte: Mendonça (2007).
Pedologia
137III - Solos da Região Amazônica
Muito ainda se há para estudar sobre as paisagens acreanas que possuem solos muito 
particulares que representam grandes desafios para uso sustentável e para a conservação 
dos recursos naturais nesta região.
IlHaS de SaVana (RoRaIma, amaPÁ, TIRIÓS, 
HUmaITÁ e monTe alegRe)
As maiores extensões de Savana na Amazônia ocorrem no extremo norte, no Estado 
de Roraima, ocorrendo manchas também expressivas no Amapá (Tabuleiros Costeiros), 
no Pará (Tiriós, Monte Alegre), no Amazonas (Humaitá)e na borda sul da Amazônia, em 
contato com o Planalto Central. 
As ilhas de Savana na Amazônia oferecem uma curiosa exceção na paisagem 
predominantemente florestada da região e já foram interpretadas como relíquia de 
coberturas abertas, outrora mais amplas.
Ocorrem sempre onde há alguma ampliação sensível do período de estiagem e 
geralmente em áreas úmidas e baixas, mas com cinco ou mais meses secos. Tal défice 
hídrico, bem como o excesso de precipitação no período chuvoso, marca essas Savanas 
pelos extremos de seca e inundação, incomuns aos Cerrados do Planalto Central, quase 
sempre bem-drenados.
Há diferenças marcantes entre as diferentes manchas, mas pode-se dizer, de 
maneira geral, que são mais pobres floristicamente que os Cerrados do Planalto Central, 
evidenciando-se muitas espécies bem-adaptadas ao fogo e hidromorfismo, condições 
ecológicas que ainda hoje vigoram. São em geral Savanas inundáveis (Humaitá, Roraima, 
Amapá) e sofrem muito com a pressão do fogo no período seco.
Em geral, a diversidade dos solos sob Cerrados (Savanas) de áreas de baixas altitudes 
da Amazônia, com relevo em colinas e tabuleiros, variando de plano a suave ondulado, é 
bem acentuada. Apresenta em geral solos muito pobres, Argissolos, sendo os dominantes os 
Amarelos ou Vermelho-Amarelos, Latossolos Amarelos e Latossolos Vermelho-Amarelos. 
Os solos de Amapá e Roraima, por exemplo, possuem severas limitações químicas e 
físicas, como coesão subsuperficial. Na parte setentrional das Savanas, no sopé da Serra do 
Pacaraima, ocorrem depressões inundáveis em áreas planas e baixas, onde o lençol freático 
aflora em parte do ano (hidromorfismo). Neste cenário transicional para o clima semiárido, 
Planossolos Nátricos e Plintossolos, além de Gleissolos, são destacados. É a maior área 
de solos acometidos por sódio em toda a Amazônia (Schaefer e Dalrymple, 1995). Nos 
solos sob Cerrado de Roraima, contudo, há predomínio absoluto de Latossolos Amarelos, 
Neossolos Quartzarênicos e Plintossolos, todos com tendência à fertilidade natural muito 
baixa (Vale Jr e Schaefer, 2010).
A paisagem do Alto Rio Branco possui padrões considerados atípicos para a 
Amazônia: zonas baixas de Cerrado (lavrado) e Cerrados com vegetação acatingada, com 
cactáceas e acentuado défice hídrico, ladeando Florestas Submontanas Estacionais ou 
Ombrófilas. É grande a heterogeneidade da paisagem, com número significativo de bacias 
hidrográficas, independentes (bacias do Cotingo, Uailã, Maú, Quinô, Surumú, Uraricoera 
e Tacutú), formadoras da bacia do alto rio Branco. Os solos sob Cerrado são mais coesos 
PEDOLOGIA
138 CARLOS ERNESTO G. R. SCHAEFER et al.
subsuperfi cialmente, duros e menos permeáveis que os solos sob Floresta, na mesma área. 
Sofrem também forte efeito da erosão laminar. 
Em Roraima, a maior mancha de Cerrados da Amazônia apresenta várias feições de 
vegetação savânica, ocorrendo também uma variação expressiva de solos, mesmo sob relevo 
plano. Os solos são formados em sua maioria por sedimentos terciários e quaternários, com 
ocorrência de Planossolos Nátricos, Plintossolos, Gleissolos, Neossolos Quartzarênicos, 
Argissolos e Latossolos, predominando os dois últimos, com forte coesão subsuperfi cial 
natural (Figura 12). Organossolos são raros e restritos às partes mal-drenadas de lagoas 
temporárias de Veredas de Buritis.
Figura 12. Blocos-diagramas apresentando as relações entre solos e paisagens nas regiões de Savana 
em Roraima. RY: Neossolo Flúvico; VG: Vertissolo Hidromórfi co; FF: Plintossolo Pétrico; LA: 
Latossolo Amarelo; PA: Argissolo Amarelo; PVA: Argissolo Vermelho-Amarelo; GX: Gleissolo 
Háplico; LV: Latossolo Vermelho; q: psamítico; ve: argila de atividade alta e eutrófi co; o: órtico; 
c: concrecionário; dx: distrocoeso; d: distrófi co; e b: argila de atividade baixa.
Fonte: Benedetti et al. (2001).
Em sua maioria, são solos de baixa fertilidade natural, com problemas de natureza 
física (duros ou coesos em subsuperfície) naqueles de melhor fertilidade natural, e com 
impedimento severo ao desenvolvimento radicular. 
Na parte do extremo nordeste do Estado, em área de Savana sobre rochas vulcânicas 
ácidas, encontram-se Planossolos Nátricos relativamente férteis (Quadro 10), mas com 
desbalanço nutricional, estudados por Schaefer e Dalrymple (1995). Já ao longo das 
margens dos rios Surumu, Tacutú, Maú e Uraricuera, há a predominância de Plintossolos, 
que constituem as maiores áreas de produção de arroz do Estado, hoje descontinuada pela 
criação da reserva indígena Raposa-Serra do Sol (Figura 13).
PEDOLOGIA
139III - SOLOS DA REGIÃO AMAZÔNICA
Figura 13. Bloco-diagrama de solos acometidos por sódio em Roraima (a);e foto destacando a 
paisagem da região (b).
Quadro 10. Características químicas de perfi s de solos acometidos por sódio na região do Surumú
Hor.
pH
Ca2+ Mg2+ K+ Na+ SB Al3+ H+ T V m Sat. Na+ C org.H2O KCl
---------------------------------cmolc kg-1------------------------------------ ------- % -------- dag kg-1
Planossolo Nátrico
A 4,9 4,3 0,8 0,2 0,11 0,03 1,1 0,9 1,8 3,8 30 44 0,8 0,6
AE 4,9 4,3 0,3 0,1 0,15 0,02 0,6 0,5 0,9 2,0 29 47 1,0 0,6
Btn1 6,2 4,5 1,2 1,4 0,18 1,80 4,5 0,1 0,0 4,6 98 02 38 0,7
Planossolo Háplico Eutrófico
A 5,4 4,5 0,2 0,5 0,14 0,09 0,9 0,1 1,1 2,1 44 10 4,2 1,1
E 5,6 4,3 0,3 0,2 0,08 0,07 0,6 0,1 0,8 1,5 43 11 4,0 0,7
Btn1 6,5 4,9 1,0 0,7 0,16 0,30 2,1 0,0 0,5 2,6 81 - 10,9 0,6
Planossolo Háplico Eutrófico
A 5,6 4,2 1,1 0,8 0,10 0,1 2,1 0,3 1,6 4,0 52 13 2,5 1,3
Btn1 5,9 4,3 1,9 1,7 0,10 0,2 3,9 0,1 1,4 5,4 72 3 3,7 0,8
Btn2 6,2 4,5 2,5 2,0 0,10 0,25 4,8 0,1 1,1 6,0 80 3 4,1 0,7
Sat. Na+: saturação por Na+ no complexo de troca.
Fonte: Schaefer e Dalrymple (1995).
(a)
(b)
PEDOLOGIA
140 CARLOS ERNESTO G. R. SCHAEFER et al.
Os Argissolos Amarelos, Argissolos Acinzentados e Latossolos Amarelos encontrados 
nas áreas centrais de Roraima não fogem dos padrões dos demais solos das Savanas do 
Estado. São solos de baixa fertilidade natural e com problemas de natureza física (Figura 
14). Neles, porém, verifi ca-secerta expansão de produção de grãos, como soja e milho, 
fruticultura e cultivos de Acácia para caixotaria.
Em poucas manchas de rochas vulcânicas basálticas, encontram-se Latossolos 
Vermelhos e Argissolos Vermelhos, todos normalmente bem mais férteis, apresentando 
Savana de maior porte (Cerradão).
Figura 14. Região de Savana (a) com Latossolo Amarelo (b) e Argissolo Amarelo (c), com problemas 
de penetração de raízes de Acacia mangium.
(a)
(c)(b)
Pedologia
141III - Solos da Região Amazônica
Em termos de uso e manejo, são solos, em sua maioria, profundos, com horizonte 
A fraco ou A moderado e teores de carbono orgânico baixos. Os Argissolos Amarelos e 
Latossolos Amarelos apresentam-se muito duros (coesos), principalmente entre 20-50 cm 
de profundidade, sendo uma das maiores limitações físicas ao uso com plantas perenes. 
Possuem baixa fertilidade natural, com baixos valores de cátions trocáveis (Ca2+, Mg2+ e 
K+), com Al3+ dominando o complexo de troca, embora com valores não superiores a 0,5 
cmolckg-1 de solo (Quadros 11 e 12). O fósforo disponível é baixo, e a matéria orgânica, 
principalmente pela ação constante do fogo e rápida mineralização, apresenta valores 
inferiores a 2 %. São solos que requerem calagens e adubações para produzir de forma 
satisfatória.
Os solos da área possuem relevo plano ou suave ondulado, favorável à mecanização; 
em sua maioria, são bem-drenados, profundos, apesar da baixa fertilidade natural e 
elevada acidez. A presença de horizonte subsuperficial coeso torna estes solos bastante 
endurecidos, quando secos e durante o período chuvoso; e a infiltração de água é reduzida, 
gerando um gradiente que os torna bastante suscetíveis à erosão, principalmente laminar, 
mesmo em declives suavizados, bastando uma pequena inclinação para que as perdas por 
erosão sejam incrementadas. 
Quadro 11. Características químicas e físicas de dois perfis de solos sob Cerrado em Roraima

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