Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A Célula: Conceitos Gerais Sobre Componentes e Compartimentalização Funcional Organelas Membranosas (ou Compartimentos) + Componentes Proteicos Organizados (por ex., Citoesqueleto, Ribossomas, etc.) + Citossol Membrana Plasmática I. Constituição Geral • Lipídios de membrana bicamada lipídica (folheto externo ou extracelular + folheto interno ou citossólico) • Proteínas de membrana; • Glicocálice cadeias de carboidratos associadas ao folheto externo da membrana plasmática. I.1 Lipídios de Membrana Fosfolipídios Colesterol Glicolipídios A. Fosfolipídios: Estrutura Geral Á C ID O G R A X O Bicamada Lipídica Folheto externo (extracelular) Folheto interno (citossólico) Á C ID O G R A X O Á C ID O G R A X O Á C ID O G R A X O Á C ID O G R A X O Á C ID O G R A X O Á C ID O G R A X O Á C ID O G R A X O Á C ID O G R A X O Principais Tipos de Fosfolipídios Fosfatidil-inositídeos lipídios que ocorrem em pequenas quantidades na membrana plasmática, restritos ao folheto interno da bicamada lipídica Fosfatidil-inositol Participação em eventos de sinalização celular B. Colesterol Regiões da membrana plasmática ricas em esfingolipídios e colesterol, e contendo proteínas específicas que os estabilizam nessas regiões. Geralmente são áreas mais espessas, devido ao maior comprimento das caudas dos esfingolipídios. C. Glicolipídios Lipídios dotados de radicais glicídicos associados, restritos ao folheto externo (extracelular) das membranas plasmáticas de todas as células. Ex.: gangliosídeos e galactocerebrosídeos. Assimetria da bicamada lipídica diversidade e especificidade dos lipídios na bicamada • fosfatidil-colina e esfingomielina predominantes no folheto externo; • fosfatidil-serina e fosfatidil-etanolamina apenas no folheto interno; • colesterol presente em ambos os folhetos. Aspecto Trilaminar das Membranas à Microscopia Eletrônica de Transmissão Devido à afinidade do tetróxido de ósmio (OsO4) pelos grupamentos polares ou hidrofílicos dos lipídios de membrana, membranas se apresentam ao M.E.T. como 2 faixas elétron-densas (externa e interna) e uma faixa elétron-lucente ao centro (caudas apolares ou hidrofóbicas dos lipídios). Principal propriedade fisiológica de uma bicamada lipídica Fluidez Principais movimentos dos lipídios em uma bicamada lipídica Transporte Através da Bicamada Lipídica Difusão simples passagem direta de pequenas moléculas através da bicamada lipídica; o índice de difusão varia enormemente, dependendo em parte do tamanho da molécula ou principalmente de sua relativa solubilidade em lipídios Quanto menor a molécula e quanto mais solúvel ela for em lipídios, mais rapidamente ela se difundirá através de uma bicamada lipídica. A bicamada lipídica é altamente permeável a gases e a compostos de natureza lipídica (por ex., hormônios esteroides), relativamente permeável a moléculas pequenas não-carregadas (por ex., água, ureia e glicerol), e altamente impermeável a grandes moléculas carregadas e a íons. I.2 Proteínas de Membrana Responsáveis pelas principais funções específicas das membranas e, consequentemente, pelas propriedades funcionais características de cada tipo de membrana plasmática. Classificação das proteínas de membrana quanto à sua relação com a bicamada lipídica: transmembranares – atravessam uma ou mais vezes a bicamada lipídica não-transmembranares – unidas a um dos folhetos da bicamada através de ligações com lipídios de membrana • Proteínas periféricas – não atravessam a bicamada lipídica, estando associadas a um dos dois folhetos através de ligações iônicas, tornando fácil sua extração • Proteínas integrais Mantêm ligações covalentes com lipídios de membrana que tornam difícil sua extração. Domínios = Regiões específicas das moléculas de proteínas integrais transmembranares em relação à bicamada lipídica Proteína integral transmembranar de passagem única (“single-pass”) Proteína integral transmembranar de passagem múltipla (“multi-pass”) Principais Classes Funcionais de Proteínas de Transporte • Proteínas Transportadoras ou Carreadores • Proteínas Canais • Proteínas Transportadoras realizam transporte passivo (= difusão facilitada) E transporte ativo (primário e secundário); • Proteínas Canais realizam transporte passivo (= difusão facilitada). Proteínas transportadoras têm um sítio em sua molécula, ao qual o(s) soluto(s) a ser(em) transportado(s) se liga(m), provocando uma mudança conformacional em sua molécula. Transporte Passivo (Difusão Facilitada) Transporte Ativo Movimento de um único tipo de soluto em uma direção UNIPORTE Movimento de dois solutos diferentes em uma mesma direção SIMPORTE Movimento de dois solutos diferentes em direções opostas ANTIPORTE Transporte ativo primário realizado por proteínas que utilizam a energia obtida da hidrólise de moléculas de ATP (trifosfato de adenosina) ATPases Transporte ativo secundário transporte acoplados de solutos, no qual se utiliza a energia de um gradiente de concentração de um íon (gradiente eletroquímico) para o transporte de um outro soluto Ex.: Simporte de glicose e sódio por carreadores na membrana plasmática apical de células do revestimento do intestino delgado Na+-K+-ATPase (“bomba de sódio e potássio”) A Na+-K+-ATPase realiza o antiporte entre sódio e potássio, onde 3 íons sódio são colocados para o meio extracelular em razão de 2 íons potássio colocados para o meio intracelular. Regiões da membrana plasmática = Domínios da membrana plasmática (essencialmente em células epiteliais): • Domínio apical • Domínios laterais • Domínio basal Os domínios laterais e basal são contínuos = domínio basolateral O confinamento de proteínas carreadoras em diferentes domínios da membrana plasmática em células epiteliais permite uma transferência vetorial de substâncias através da célula (transporte transcelular). PROTEÍNAS CANAIS • Formam poros hidrofílicos através de bicamadas lipídicas; • A maioria das proteínas canais é representada por canais iônicos, com seletividade a íons e com tempo de abertura e fechamento controlados. Amostra biológica congelada Fratura da membrana Sombreamento com platina e carbono Criofratura (“Freeze-Fracture”) Método qualitativo de visualização de proteínas integrais transmembranares Face E superfície interna do folheto externo (extracelular) da membrana menor quantidade de “partículas em relevo” (proteínas integrais transmembranares) Face P superfície externa do folheto interno (protoplasmático) da membrana maior quantidade de “partículas em relevo” (proteínas integrais transmembranares) Criofratura (“Freeze-Fracture”) Membrana Plasmática de Duas Células Adjacentes Criofratura (“Freeze- Fracture”) Membrana Plasmática da Cabeça e Região Inicial do Flagelo de um Espermatozoide Observe a face P, com inúmeras partículas visualizadas em relevo. I.3 GLICOCÁLICE • Conjunto de moléculas de carboidratos associados ao folheto externo da membrana plasmática. • Constituição: - cadeias de oligossacarídeos associadas a glicoproteínas da membrana plasmática; - cadeias de oligossacarídeos associadas a glicolipídios da membrana plasmática; - cadeias de polissacarídeos de proteoglicanos de membrana plasmática.Todas as células apresentam glicocálice em sua membrana plasmática, mas nem todas têm uma função relacionada a seu glicocálice. Eletromicrografia de um linfócito corado com vermelho de rutênio, de modo a evidenciar seu glicocálice. Funções Específicas do Glicocálice em Alguns Tipos Celulares Células epiteliais intestinais (microvilos) proteção contra enzimas digestivas Eritrócitos (hemácias) sistema AB0 de grupos sanguíneos Leucócitos reconhecimento inicial por proteínas receptoras (selectinas) no endotélio de vênulas para subsequentes eventos de diapedese II. MECANISMOS DE TRANSPORTE DE MACROMOLÉCULAS/PARTÍCULAS MAIORES ATRAVÉS DA MEMBRANA PLASMÁTICA: Endocitose Internalização de uma área de membrana plasmática, de modo a formar uma vesícula de transporte, com conteúdo derivado do meio extracelular. Exocitose Fusão de uma vesícula de transporte com a membrana plasmática, com consequente liberação de seu conteúdo para o meio extracelular. II.A Endocitose: Tipos de endocitose: • Fagocitose • Pinocitose II.A.1 Fagocitose • Internalização de partículas de grande tamanho (células degeneradas ou mortas, restos celulares e de matriz extracelular, microrganismos, entre outros); • Formação de grandes projeções largas da membrana plasmática (pseudópodos), com a participação dos filamentos de actina do citoesqueleto; • Realizada principalmente por células fagocitárias (ou fagócitos) profissionais macrófagos e neutrófilos. Macrófago fagocitando duas hemácias – M.E.V. • A fagocitose é um mecanismo deflagrado pelo reconhecimento específico do material a ser internalizado por receptores da membrana plasmática; fagossoma em formação • Com a internalização do material, os pseudópodos se fecham e se forma um fagossoma (ou vacúolo fagocítico), que se funde a uma outra vesícula (lisossoma ou endossoma) para subsequente processamento inicial do material fagocitado. II.A.2 Pinocitose • Mecanismo de endocitose de partículas de pequenas dimensões, de caráter constante (= constitutivo) em todas as células • Tipos de pinocitose: - Pinocitose de fase fluida (evento constante em todas as células); - Endocitose mediada por receptores. As etapas da pinocitose são dependentes da formação de um envoltório associado à membrana formado pela proteína clatrina. Etapas da pinocitose: Formação de uma depressão revestida por clatrina (“coated pit”, 1 e 2) aproximação das bordas da depressão revestida (3) formação de uma vesícula revestida por clatrina (“coated vesicle”, 4). 1 2 3 4 rede de clatrina Moléculas de clatrina = trisquélios (formados por 3 cadeias pesadas e 3 cadeias leves) Trisquélios isolados e sombreados com platina Cadeias pesadas Cadeias leves Depressões Revestidas (“Coated Pits” e Vesículas Revestidas (“Coated Vesicles”) por Clatrina – M. E. V. Endocitose Mediada por Receptores Ligante = qualquer molécula que se liga a um receptor Dinamina proteína que se organiza como um anel ao redor do pedículo da vesícula revestida em formação e a “estrangula”, fazendo com que ela se destaque da membrana plasmática. Exemplo de Endocitose Mediada por Receptores – Endocitose de Lipoproteínas de Baixa Densidade (LDL – “low-density lipoproteins”) Partícula de LDL (eixo com ésteres de colesterol, capa de fosfolipídios e uma proteína organizadora das moléculas lipídicas) Defeitos nas moléculas de receptores de LDL impedem a adequada endocitose destas moléculas pelas células associação com a formação de placas de ateroma em vasos sanguíneos Nem todas as vesículas de pinocitose têm envoltório de clatrina. Cavéolas vesículas de pinocitose formadas a partir de rafts lipídicos, estabilizados por proteínas denominadas caveolinas. Envolvidas em eventos de transcitose transferência de solutos entre duas regiões da membrana plasmática, sem que haja consumo do soluto pela célula durante o transporte. Por ex., transcitose de substâncias por células endoteliais dos capilares sanguíneos. capilar cavéolas Endossomas Compartimentos membranosos distribuídos pelo citoplasma, dotados de pH ~ 6 (mantido por uma H+-ATPase em sua membrana), encarregados da recepção de materiais endocitados e da reciclagem de receptores envolvidos em endocitose. Os endossomas estão subdivididos em endossomas iniciais (mais superficialmente localizados) e endossomas tardios (mais profundamente situados). Participação de Endossomas na Endocitose Mediada por Receptores Possíveis destinos de proteínas receptoras transmembranares que foram endocitadas. Três vias derivadas dos endossomas são mostradas: • Receptores são devolvidos à mesma região da membrana plasmática da qual eles vieram (reciclagem, 1); • Receptores são devolvidos a uma diferente região da membrana plasmática (transcitose, 2); • Receptores que não são retidos em endossomas podem ser degradados em lisossomas (degradação, 3). II.B Exocitose Eliminação de macromoléculas para o meio extracelular através da fusão de vesículas de transporte com a membrana plasmática. Conteúdo de vesículas de secreção sendo eliminado para o meio extracelular
Compartilhar