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UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 1 MÚSICA uu Elaboração e Direção de Conjuntos Instrumentais / Elaboração e Direção de Conjuntos Instrumentais II SEMESTRE 6 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 2 MÚSICA Créditos e Copyright Este curso foi concebido e produzido pela Unimes Virtual. Eventuais marcas aqui publicadas são pertencentes aos seus respectivos proprietários. A Unimes Virtual terá o direito de utilizar qualquer material publicado neste curso oriunda da participação dos alunos, colaboradores, tutores e convidados, em qualquer forma de expressão, em qualquer meio, seja ou não para fins didáticos. Copyright (c) Unimes Virtual É proibida a reprodução total ou parcial deste curso, em qualquer mídia ou formato. SANTOS, Antônio C. Elaboração e Direção de Conjuntos Instrumentais. Unimes Virtual. Santos: Núcleo de Educação a Distância da UNIMES, 2015.55p. (Material didático. Curso de musica). Modo de acesso: www.unimes.br Ensino a distância. 2. Música. 3.Elaboração e Direção de Conjuntos Instrumentais. I. Título CDD 780 http://www.unimes.br/ UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 3 MÚSICA UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS PLANO DE ENSINO CURSO: Licenciatura em Música COMPONENTE CURRICULAR: Elaboração e Direção de Conjuntos Musicais SEMESTRE:6º CARGA HORÁRIA TOTAL: 80 horas EMENTA: Aquisição de ferramentas didáticas com a finalidade de aplicação prática em múltiplos contextos. Orientação pedagógico-musical para a elaboração de grupos musicais instrumentais de diferentes formações e diferentes faixas etárias. Conhecimentos básicos sobre a organologia dos instrumentos de cordas (dedilhadas e de arco), sopros e percussão, bem como, noções básicas de regência e elaboração de pequenos arranjos. Exemplos de práticas contextualizadas e analisadas criticamente. OBJETIVO GERAL: Demonstrar noções básicas na formação de diversos grupos musicais, bem como mostrar cada família dos instrumentos de Cordas, Sopros, Percussão; também o Canto Coral e a regência, apresentando material didático que irá servir de ferramenta de apoio para o professor em sala de aula. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Desenvolver noções básicas como orientador de um grupo musical, dar orientações sobre como trabalhar a percussão corporal, que irá contribuir para o a percepção rítmica do aluno individualmente e em grupo. Desenvolver noções básicas como orientador na construção de instrumentos musicais feitos de materiais do cotidiano. http://campus20182.unimesvirtual.com.br/mod/resource/view.php?id=74205 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 4 MÚSICA Apresentar metodologia e prática do canto coral, demonstrando diversas técnicas e práticas contemporâneas que irão contribuir para o trabalho do professor em sala de aula. Desenvolver noções básicas de cada família dos instrumentos apresentando materiais didáticos que servirão de apoio ao professor e aluno. Unidade I - A prática de conjunto na educação musical: Tem como objetivo introduzir os fundamentos primordiais de como montar e conduzir um conjunto musical, como também da importância da construção de instrumentos musicais feitos com materiais do cotidiano e no quanto ajudará o professor em sala de aula. Unidade II - PERCUSSÃO CORPORAL: Apresentar a percussão corporal e suas vertentes, exemplificando com alguns grupos, através de aulas texto, vídeos e áudios; aprenderão sobre sua diversidade e o quanto é importante usá-la em suas aulas. Unidade III – Canto Coral: Apresentar a metodologia da prática do canto coral, como prática-educativa e demonstrando diversas técnicas e práticas contemporâneas que irão contribuir para o trabalho do professor em sala de aula. Unidade IV – O ensino da música: Abordar o ensino da música de forma panorâmica, para dar ao aluno noções do ensino formal e informal, dos projetos socioculturais, de como proceder diante de situações diversas. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: Unidade I - Desenvolver noções básicas de como montar e conduzir um grupo ou conjunto musical conciliando a prática com a criatividade. Aprender sobre a importância e a construção de instrumentos musicais feitos com materiais do cotidiano, e como conduzir o grupo na exploração do som, sempre com o auxilio de aulas texto, vídeos, vídeo aulas e áudios. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 5 MÚSICA Unidade II - A percussão corporal, que irá contribuir para o a percepção rítmica do aluno individualmente e em grupo – o corpo como instrumento musical, os sons que podemos tirar dele e usar em aula, a técnica, em associação a culturas populares; serão abordadas os diversos tipos de percussão corporal. Unidade III - Será abordado “O canto coral”; suas estruturas e as diversas possibilidades de montagens, a importância na prática educativo-musical; a classificação de vozes de um coral, as tessituras, o posicionamento dentro do conjunto, seus naipes e o ensaio. Unidade IV - Orientar o aluno sobre o ensino da música em nossa sociedade, no conhecimento que vai além das técnicas musicais, e sim, do conhecimento de associações de música na educação, dos projetos socioculturais, o ensino musical dentro e fora da escola, a música na arte ensinada nas escolas, a qualificação dos professores de música, criação e condução de grupos musicais. BIBLIOGRAFIA BÁSICA: BARBOSA, J. L. S. Da Capo Criatividade: Método para o Ensino Coletivo e/ou Individual de Instrumentos de Sopro e Percussão. 2008. (Desenvolvimento de material didático ou instrucional – Didático). SOUZA, Luciano de. Música e Educação (livro digital). Clube de autores, 2007. JOLY, I. Z. L. Educação e Música: Ensino de Música, propostas para pensar e agir na sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: CAZES, H. Choro: do quintal ao Municipal. São Paulo: 34, 1998. COSTA, C. P. Contribuições da ergonomia à saúde do músico: considerações sobre a dimensão física do fazer musical. Música Hodie, v. 5, n. 2, p. 53-64, 2005. http://campus20182.unimesvirtual.com.br/mod/resource/view.php?id=74205 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 6 MÚSICA CRUVINEL, F.M. Música e transformação social: uma experiência com ensino coletivo de cordas. Goiânia: ICBC, 2005. FRANÇA, C. C. Performance instrumental e Música: a relação entre a compreensão musical e a técnica. Per Musi, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 52-62, 2000. SANTIAGO, D. Construção da Performance Musical: Uma investigação necessária. Performanceonline, 2008. METODOLOGIA: A disciplina está dividida em unidades temáticas que serão desenvolvidas por meio de recursos didáticos, como: material em formato de texto, vídeo aulas, fóruns e atividades individuais. O trabalho educativo se dará por sugestão de leitura de textos, indicação de pensadores, de sites, de atividades diversificadas, reflexivas, envolvendo o universo da relação dos estudantes, do professor e do processo ensino/aprendizagem. AVALIAÇÃO: A avaliação dos alunos é contínua, considerando-se o conteúdo desenvolvido e apoiado nos trabalhos e exercícios práticos propostos ao longo do curso, como forma de reflexão e aquisição de conhecimento dos conceitos trabalhados tanto na parte teórica como na prática e habilidades. Prevê ainda a realização de atividades em momentos específicos como fóruns, chats, tarefas,avaliações a distância e Prova Presencial, de acordo com a Portaria de Avaliação vigente. A Avaliação Presencial, está prevista para ser realizada nos polos de apoio presencial, no entanto, poderá ser realizada em home seguindo as orientações das autoridades da área da saúde e da educação e considerando a Pandemia COVID 19. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 7 MÚSICA Sumário Aula 01_A prática de conjunto na educação musical .............................................................................. 8 Aula 02_A conciliação da prática com a criatividade ............................................................................. 10 Aula 03_A exploração musical e o desejo de experimentar .................................................................. 13 Aula 04_Proposta prática – Funga Alafia ............................................................................................... 15 Aula 05_O corpo como instrumento musical na prática de conjunto ................................................... 17 Aula 06_Sons do corpo - Introdução à percussão corporal ................................................................... 20 Aula 07_Diferentes tipos de percussão corporal - parte I ..................................................................... 25 Aula 08_Diferentes tipos de percussão corporal - parte II .................................................................... 28 Aula 09_Técnicas de percussão corporal ............................................................................................... 31 Aula 10_Vivenciando a percussão corporal ........................................................................................... 34 Aula 11_Uma orquestra em formação a partir da criação dos seus próprios instrumentos musicais .. 37 Aula 12_Música Indígena ....................................................................................................................... 40 Aula 13_Trabalhando com a Música Indígena ....................................................................................... 43 Aula 14_O coral como um espaço de motivação, inclusão social e integração..................................... 47 Aula 15_O canto coral como prática educativo-musical ....................................................................... 53 Aula 16_Classificação de Vozes de um Coral ......................................................................................... 62 Aula 17_Iniciando a prática coral ........................................................................................................... 65 Aula 18_O canto coletivo e a educação musical: concepções de Villa-Lobos ....................................... 69 Aula 19_Prática Coral: O coro como atividade Socio-cultural. .............................................................. 72 Aula 20_Ritmos Brasileiros - Contextualização Histórica....................................................................... 75 Aula 21_Aplicação da Catira em sala de aula ......................................................................................... 81 Aula 22_Ensaiando Coral ....................................................................................................................... 87 Aula 23_Associação Brasileira de Educação Musical – ABEM ............................................................... 89 Aula 24_Ensino de música - formal ou informal? .................................................................................. 91 Aula 25_Os projetos socioculturais e a questão da qualificação dos educadores ................................ 93 Aula 26_O Ensino Fundamental e o Ensino de Arte. ............................................................................. 97 Aula 27_ A condução do grupo musical ............................................................................................... 100 Aula 28_Essência dos Conjuntos Musicais ........................................................................................... 103 Aula 29_Instrumentos Musicais I ......................................................................................................... 105 Aula 30_A Organologia e os Instrumentos Musicais ........................................................................... 109 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 8 MÚSICA Aula 31_As Formações Instrumentais.................................................................................................. 114 Aula 32_Trabalhando com as formações Instrumentais ..................................................................... 122 Aula 01_A prática de conjunto na educação musical A experiência musical na condução da construção do saber no espaço escola prepara o indivíduo para uma prática da música em conjunto que procurará atingir o maior número de pessoas. A busca por uma democratização deve ser encarada no ambiente escolar como uma tentativa de democratizar o acesso à arte, de se projetar nessa tarefa de renovação do espaço em que seja possível a ocorrência de uma percepção sensorial. Devemos apoiar e desenvolver a prática de conjunto como atividades pedagógicas no ensino da música. Aspectos fundamentais sobre essa experiências devem ser considerados. Será vantajoso fazê-lo, em face de algumas reflexões que podem ajudar a sugerir uma prática que possa ser um ponto de partida para as aulas. Essa transferência de conhecimento no conjunto musical só surtirá os efeitos desejados na medida em que delinearmos com clareza nossos objetivos e os colocarmos em execução. Não é criação teórica e sim realidade, treinamento. - O que ensinar? Para quê? E para quem? Ou por que ensinar? São indagações necessárias a serem feitas para tornar a prática de conjunto com música algo vivo, tornando seu conteúdo afinado com a realidade do aluno. A agilidade por parte do educador musical é essencial para atuar no campo da realidade da prática de conjunto musical, pois ser maleável é essencial para a tomada de decisões, permitindo críticas às metodologias e às próprias práticas diante da sociedade em que irá atuar. O treinamento de conjuntos musicais leva a uma interação entre os homens, a música, intermediando e intensificando relações em grupo, ajudando a socializar através dessa prática em conjunto, percebendo a formação de um ambiente rico e saudável, elevando o potencial da comunicação estética. Processo criativo mediante o qual se passa de um termo inicial a um termo final. O compositor e educador musical H. J. Koellreutter procurou defender um ensino artístico democrático livre de preconceitos onde a criação deve ser o ponto culminante da sociedade. Um espírito criador que investigue, crie e elabore uma UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 9 MÚSICA prática em grupo privilegiando a socialização na arte musical. E esta é uma verdade que quase sempre os educadores esquecem. Como encontramos em Loureiro (2007, p.163), “hoje há uma tendência a negar e se opor – se aos métodos tradicionais que por muitos anos priorizaram o talento e o virtuosismo, massacrados por uma técnica racional e puramente instrumental, desconsiderando os valores da criação e da expressão”. Ainda mais quando a prática em conjunto deveria ser um momento mágico e não angustiante. Buscar preparar o ambiente para uma atitude positiva longe da intolerância de um saber congênito em lugar de ser adquirido com a experiência do fazer música. Podemos estimular as pessoas a praticar em conjunto o apreço pela música e depois quem sabe estudar aprofundar sua vivência no estudo do instrumento, buscando um aperfeiçoamento. A execução em conjunto possibilita conhecimento de sonoridades novas, timbres e uma consciência de tocar, elaborando uma atuação em conjunto, uma performancemusical em grupo. Vivenciar musicalmente o trabalho em conjunto é um caminho que a escola pode incentivar organizando corais, bandas, mas de certa forma, é um percurso pouco criativo e estimulante nos dias de hoje, tendo em vista o conjunto de indivíduos que depende do ensino formal. O chamado aluno “talentoso” selecionado de forma arbitrária e elitista e excludente na sociedade selecionada. REFERÊNCIAS BECKER, Rosane Nunes. Musicalização: da descoberta à consciência rítmica e sonora. Ijuí: UNIJUÍ, 989. BRITO, Teca Alencar de. Música na educação infantil; São Paulo: Peirópolis, 2003. LOUREIRO, Alícia Maria Almeida. O ensino de música na escola fundamental. 4 ed. Campinas: Papirus, 2007. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 10 MÚSICA Aula 02_A conciliação da prática com a criatividade A realização em conjunto pode despertar a criatividade na sala de aula através da pesquisa da junção entre a criação e o fazer musical. Devemos citar aqui a experiência de construir seus próprios instrumentos como o grupo Uakti, que desenvolve um trabalho profissional e lúdico na arte de construção (ou luteria) de instrumentos musicais não convencionais a partir de materiais do cotidiano como tubos de PVC, vidros, metais, pedras, borracha, cabaças e até água ( como na faixa de abertura, Água – Uakti e o compositor Philip Glass – Rio Amazonas ) utilizando –os para fazer uma música instrumental de rítmica muito complexa e sonoridade única. https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=fh8scfurT30 https://www.youtube.com/watch?time_continue=4&v=MnXVvP97BUY https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=y9jKb_sGT2w Planetário O grupo Uakti é um grande exemplo de como exercer uma prática de conjunto construindo seus próprios instrumentos a partir de materiais do dia a dia, recriando os sons da natureza. Eles demonstram claramente que o processo criativo levou-os a uma sonoridade única em busca de experimentação plenamente sensorial do seu grupo. Apostaram em uma de elaboração de efeitos sonoros em conjunto unicamente criativo e propriamente deles. É uma realização em grupo na qual a sala de aula será incentivada e certamente dará bons frutos. Todas essas considerações realçam a figura do educador musical como mediador do processo do ensino e da aprendizagem no processo musical, como provocador e interlocutor de novas experiências. Incentivar opções que busquem construir uma prática de conjunto criativa, e liberar a práxis da vivência sensorial através de uma atuação em grupo, é algo muitas vezes apropriado muitas vezes para estimular a dinâmica. http://www.youtube.com/watch?v=fh8scfurT30 http://www.youtube.com/watch?v=MnXVvP97BUY http://www.youtube.com/watch?v=y9jKb_sGT2w UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 11 MÚSICA O educador musical deve procurar propiciar através da prática e da improvisação a atividade em grupo, sentir a sonoridade do seu instrumento criado pelo educando e como esses instrumentos podem compor o grupo ritmicamente e timbristicamente durante o trabalho em conjunto. O objetivo é aproximar e despertar o gosto aluno pela música, levando-o a gostar de ouvir e desenvolver uma performance em conjunto, ajudando no aprendizado musical. É necessário refletir sobre a nossa realidade no Brasil: iniciamos a nossa formação com instrumentos tradicionais e esquecemos que estes mesmos instrumentos musicais são frutos da criação a partir de materiais reutilizados, sem função na natureza ou rejeitados pelo próprio homem. No processo de elaboração de uma proposta de prática de ensino e aprendizagem em grupo temos que levar em conta a possibilidade de criar material em conjunto para produzir algo estimulante que provoque uma reação de querer participar. Ao criarmos um ambiente favorável para a música na sala de aula podemos notar que os alunos pesquisam e improvisam livremente, criando sons. Por que não aproveitar a criatividade nesse ambiente para criar instrumentos que proporcionem múltiplas vivências sonoras na sala de aula? SITES http://brinquedosmaterialreutilizado.blogspot.com/2014/07/trompete.html consultado em 29/jan/2019 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 12 MÚSICA fonte:http://revistaguiainfantil.uol.com.br/professores-atividades/99/artigo220021- 1.asp Saiba mais:http://musicalizacaopedagogiaufsj.blogspot.com/2017/12/confeccao-de- instrumentos-foi-proposto.html REFERÊNCIAS GAGNARD, Madeleine. Iniciação musical dos jovens. Lisboa: Estampa 1974. LOUREIRO, Alicia Maria Almeida. O ensino de música na escola fundamental. 4 ed. Campinas: Papirus, 2003. JEANDOT, Nicole. Explorando o Universo da Música. São Paulo: Scipione, 1990. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 13 MÚSICA Aula 03_A exploração musical e o desejo de experimentar Construir instrumentos com os alunos, despertar o desejo de explorá-los musicalmente e realizar experiências sensoriais procurando explorar as diferentes sonoridades produzidas pelo mesmo objeto é uma perspectiva que nos interessa ao educador musical. O prazer da construção e execução desmistifica o prestígio dos instrumentos prontos, esquecendo que um dia eles também foram criados rusticamente. Elaborar uma ou várias aulas usando a criatividade para criar e montar alguns instrumentos musicais pode ser de grande utilidade para unir o grupo, gerando interação e união entre os alunos que ao apresentar o seu feito como construtores de instrumentos musicais, mostrando o instrumento que construiram, demonstrando sua sonoridade, o material utilizado, o timbre que produz, apresentando as possibilidades sonoras. Essa prática pode ser entendida e aplicada como uma iniciação àorganologia didática. https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=YnNoba3WSOc Após ter demonstrado seus instrumentos ao grupo, caberá o aluno e/ou professor situar cada família de instrumento criado como uma orquestra tradicional. https://www.youtube.com/watch?v=6VaqtCPSTA0 A partir dai questões rítmicas, sonoridade, timbres poderão ser trabalhados conjuntamente, buscando uma sonoridade equilibrada. Ao propor a construção de instrumentos com papel ou papelão, o professor busca incentivar a criança a descobrir os sons desses instrumentos. Em seguida, ele os agrupa segundo a maneira de tocá-los: bater, sacudir, vivenciando um processo de aprendizado criativo único e dando inicio assim à organização do som, do ritmo e a transformação dessa investigação sonora em uma peça musical. O professor conduzirá o grupo na exploração do som através de sinais indicando a intensidade. http://www.youtube.com/watch?v=YnNoba3WSOc http://www.youtube.com/watch?v=YnNoba3WSOc http://pt.wikipedia.org/wiki/Organologia http://www.youtube.com/watch?v=6VaqtCPSTA0 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 14 MÚSICA Alguns educadores musicais são contra o emprego de instrumentos feito de sucata devido ao tipo de som que eles produzem. São imperfeitos ou “rudes”, o que, segundo eles, prejudicaria o desenvolvimento da percepção musical e da formação de uma sensibilidade musical. A quantidade de instrumentos vai depender do número de participantes no grupo. O número de instrumentos deverá ser maior que o número de participantes para que seja mais fácil o remanejamento dos mesmos. É importante frisar que durante o processo de desenvolvimento dos instrumentos que hoje são considerados tradicionais, esses instrumentos também sofreram críticas de puristas em algum momento da história. O significado de criar, projetar um instrumento musical, principalmente com as novas tecnologias vigentes, é algo inusitado para os alunos e poder tocar em conjunto se torna ainda mais excitante.REFERÊNCIAS STATERI, José Júlio. Estratégicas de ensino na musicalização infantil. Osasco: FITO, 1997. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 15 MÚSICA Aula 04_Proposta prática – Funga Alafia A partir da definição da instrumentação disponível, seja de instrumentos de pequena percussão tradicionais ou instrumentos construídos pelos próprios alunos, pode-se escolher alguma canção de fácil aprendizado para incentivar a execução. Os ensaios devem ser feitos com a apresentação e repetição de pequenos trechos para superar as dificuldades no aprendizado, memorizando o ritmo da peça, bem como a entrada do grupo de instrumentos. Apresentamos um pequeno arranjo da canção africana “Funga Alafia” como sugestão de prática: UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 16 MÚSICA Note que há complexidades rítmicas, mas são padrões repetidos que devem ser aprendidos pelo professor e ensinados aos alunos por repetição. O arranjo acima é sugerido e aplicado por seguidores da Orff Schulwerk, e é disponibilizado aqui como base para adaptações. Sobre a melodia apresentada podem ser realizadas apenas algumas das partes de instrumento sugeridas. Ela pode ser cantada em circulo e com gestual: 1- Mão direita e esquerda na testa significando nenhum pensamento ruim na mente. 2- Mão direita e esquerda na boca significando nenhuma palavra ruim na minha boca. 3- Mão direita e esquerda sobre o coração significando nenhum sentimento ruim. 4- Mão direita esfregando o braço esquerdo e depois a mão esquerda esfregando o braço direito. Pode-se criar dois grupos: enquanto um toca, o outro pode fazer o gestual sugerido acima ou criar uma coreografia própria do grupo para dançar o Funga Alafia. O professor, diretor musical do conjunto, pode ir introduzindo os instrumentos musicais no conjunto, adequando-os à sonoridade do conjunto gradativamente. Realizando esse tipo de condução do trabalho, é despertada no grupo a expectativa de apresentar, a cada momento, um instrumento novo e com isso o aluno estará sempre interessado em tocar e o professor pode continuar ensaiando a mesma música, explorando novas sonoridades com o conjunto. Pelo caráter minimalista da música Funga Alafia, ela poderá ser tocada de modo continuo buscando trabalhar timbre, dinâmica, expressividade e outros aspectos da linguagem e da apreciação musical sem que a atividade se torne enfadonha. Abaixo um exemplo da música Funga Alafia: UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 17 MÚSICA https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=GTegkMJq15M REFERÊNCIAS LOUREIRO, Maristela; TATIT, Ana. Brincadeiras cantadas de cá e de lá. São Paulo: Melhoramentos, 2013. Aula 05_O corpo como instrumento musical na prática de conjunto A utilização do corpo como instrumento musical pode ser muito eficaz na realização de trabalhos em conjunto. A estrutura física do corpo é capaz de emitir sons e timbres de diversas maneiras: por meio da voz, das mãos, do peito, dos pés, das pernas, do rosto. Posto isso, entendemos que é possível realizar vários trabalhos com elementos variados e fundamentais da música usando o corpo como instrumento: melodia, timbre, ritmo, improviso. Pode parecer que a percussão corporal seja um elemento limitador do aprendizado musical na sala de aula. Pelo contrário: ele amplia e dinamiza, uma vez que possibilita o aumento das dimensões musicais no ensino tradicional, ajudando o professor a perceber a utilização da estrutura física, podendo fornecer muitas respostas para trabalhos futuros com instrumentos musicais. A expectativa na percussão corporal é realizar sonoridades com o corpo como instrumento musical: Ritmos, melodias, harmonias e timbres são extraídos através de estalos, batidas com os pés, sons vocais percussivos, entre outros. O objetivo principal é fazer com que alunos que nunca tiveram contato com instrumentos venham aprender uma linguagem musical fundamentada nos sons extraídos do próprio corpo. Desenvolvendo, através da percepção corporal, o senso rítmico, melódico e harmônico. Aspectos de coordenação motora fina e grossa, psicológicos e sociais, preparando o aluno para um conhecimento de si mesmo, passando a olhar para seu próprio corpo como possuidor de um potencial maior. A possibilidade de pesquisar sonoridades através do corpo percutindo-o, proporciona uma rica investigação, criando um repertório de múltiplos sons para cada elemento do grupo utilizar no trabalho especifico com os ritmos. Uma referência para esse tipo de trabalho, no Brasil, é o realizado pelo grupo Barbatuques: UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 18 MÚSICA https://www.youtube.com/watch?v=0Q4aj_te-dw Mas é importante destacar que, guardadas as devidas proporções, trabalhos semelhantes de busca de sonoridades múltiplas com o corpo e voz são uma tradição africana que chegou ao Brasil e acabou se perdendo. É evidente, também, nas tradições indígenas a utilização das batidas de pé. A exploração de diferentes sons musicais produzidos por vibrações das pregas vocais, que não o canto convencional, também acontecem: https://www.youtube.com/watch?v=WUZH3EDzSF4 Referência internacionalmente é o trabalho do cantor, compositor, regente ou condutor musical de conjuntos Bobby Mcferrin, onde realiza um trabalho sem igual no campo da criatividade e qualidade musical. Sua enorme extensão vocal de quatro oitavas possibilita uma variação de efeitos riquíssimos. https://www.youtube.com/watch?v=pO_LV-yInc8 Convidar os participantes do grupo a produzir, juntos, música em conjuntos usando apenas o corpo é uma proposta interessante. Ao formarem uma roda pode- se bater os pés no chão, complementando com outro som do corpo ou voz. Convide o grupo a explorar outras possibilidades. Busque produzir em conjunto algo coletivo, usando sons do corpo, utilizando alguma música conhecida do grupo para que possam cantar e ao mesmo tempo improvisar um acompanhamento para ela, usando os sons corporais. As possibilidades são muitas e com certeza o professor poderá notar que os alunos estarão criando a partir do incentivo que for oferecido com a persistência do professor. Pode-se dividir o conjunto em vários grupos menores, dependendo da quantidade de participantes, e a partir dessa possibilidade utilizar a mesma música com o sentido de criar arranjos sonoros diferentes. Com isso o professor poderá sugerir que a classe escute a realização de cada grupo e formule uma discussão sobre os resultados musicais. https://www.youtube.com/watch?v=0Q4aj_te-dw http://www.ted.com/talks/bobby_mcferrin_hacks_your_brain_with_music.html http://pt.wikipedia.org/wiki/Bobby_McFerrin UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 19 MÚSICA REFERÊNCIAS BARBOSA, Fernando; HOSOI, André (organizadores). Apostila Barbatuques: curso de formação básica. São Paulo: (MIMEO), 2012. BRITO, Teca Alencar de. O humano como objetivo da educação musical. São Paulo: Peirópolis, 2001. MADUREIRA, Sandra. Sonoridades [recurso eletrônico]: a expressividade na fala, no canto e na declamação / Sonorities [eletronicdevice]: speech, singingandrecitingexpressivity / Sandra Madureira (Organizadora). - São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2016. RÜGER, Alexandre Cintra Leite. Percussão corporal como proposta de sensibilização musical para atores e estudantes de teatro. Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho, Instituto de Artes – programa de pós-graduação em música. São Paulo, 2007. SITES https://www.pucsp.br/liaac/download/sonoridades-sonorities.pdf - acesso em 24 Jan. 2020. https://vozteoriaepratica.com.br/overtone-singing-canto-difonico/ - Prof. Ana Cascardo- acesso em 24 Jan. 2020. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 20 MÚSICA Aula 06_Sons do corpo - Introdução à percussão corporal Com o corpo, se podem produzir diversos tipos de sons, voluntários, involuntários, intensos, sutis, graves, médios, agudos, etc e, se listarmos os diferentes timbres que fazem parte do nosso dia a dia, além da voz usada na fala, se pode lembrar também de outros: ronco, palma, assobio, estalo de dedo, respiração, espirro, soluço, etc. Ao falar sobre os sons do corpo, geralmente, não temos noção da infinita variedade sonora que o corpo é capaz de produzir. Pensar neles pode até ser engraçado, porque, no senso comum, quando se fala em sons do corpo, podemos pensar nos sons “inapropriados” ou sons que dão margem a piadas. Isso acontece, pelo pouco desenvolvimento da nossa reflexão sobre este potencial sonoro do UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 21 MÚSICA corpo, inclusive, porque alguns sons estão tão incorporados que chega a ser difícil identificá-los. Pare pra pensar: quantos tipos de som o seu corpo produz? Conforme refletimos, vamos lembrando, aos poucos, dos muitos sons que já produzimos sem perceber. Além dos sons que a gente nem percebe, existem também aqueles que até chegamos a perceber um dia, geralmente quando crianças, mas quando adultos já não usamos mais. O que parece acontecer durante o nosso crescimento é que somos mais estimulados a usar certos tipos de sons e desencorajados a usar outros. Isso acontece, não só porque existem sons considerados culturalmente apropriados e inapropriados, mas também porque se estipula certos sons como padrão na comunicação sonora, por exemplo, a voz na fala (comunicação verbal). Exploração Se pensarmos em relação à evolução dos seres vivos, seria fundamental para toda espécie, no seu processo de sobrevivência, o desenvolvimento da sua capacidade de adaptação ao ambiente. Nessa luta em busca da permanência, os seres vivos acabam explorando e descobrindo os recursos que garantirão o seu desenvolvimento, como, por exemplo, o som. A utilização do som como ferramenta de comunicação entre os indivíduos da espécie vai ajudar a garantir, entre outras coisas, a articulação e a comunicação. Pensando nisso, podemos assumir que as origens da exploração dos sons do corpo estão conectadas às próprias origens do desenvolvimento do ser humano como um ser social. Técnica Nos últimos dez anos, mais atenção veio sendo atraída para este tipo de olhar sobre as práticas que utilizam os sons corporais, e muitos dos estudos também têm explorado os diferentes objetivos e finalidades de cada uso. Existem infinitas possibilidades e utilidades quando se explora esse recurso tão rico, e a percussão corporal, em especial, tem se mostrado um universo muito versátil. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 22 MÚSICA É difícil dizermos que a percussão corporal é uma prática nova, porque provavelmente ela já vem sendo desenvolvida desde nossas origens, mas o que é novo, neste caso, é a maneira com que olhamos, agora, para a exploração dos recursos sonoros do corpo. “Percussão corporal”, se conferirmos no dicionário, significa apenas a prática de percutir o corpo, mas esta expressão tem sido usada, não só em referência à prática de percutir partes do corpo, mas também em referência às técnicas que percutem o corpo e organizam seus sons dentro de uma estrutura musical. A percussão corporal é um recurso que pode ser utilizado em muitas direções e, hoje em dia, já existem registros da prática sendo desenvolvida em áreas da música, educação, matemática, saúde, comunicação, treinamento corporativo, trabalho social e outros. Em geral, as práticas que se utilizam deste universo são muito bem sucedidas, quando o objetivo é relaxar, desenvolver capacidade de comunicação, liberar o estresse, estimular a criatividade, etc. Saúde e bem estar Quando se trata de saúde e bem estar, existe uma série de profissionais que trabalham com a percussão do corpo e redirecionam esta prática para suas áreas específicas. Em alguns ambientes, podemos até encontrar técnicas de percussão corporal sendo desenvolvidas sem nenhum interesse sonoro. Principalmente em certas técnicas de massagem, a percussão do corpo é utilizada unicamente com o objetivo de relaxar o corpo por meio da ressonância causada pela vibração da percussão. Já nos casos de uso com objetivos sonoros, a percussão corporal também disponibiliza uma série de recursos que podem ser utilizados para a criação de ambientes terapêuticos. Na musicoterapia, por exemplo, a prática da percussão corporal tem grande utilidade e eficiência, pelo fato de ser uma prática que, em potencial, envolve e estimula os elementos som e corpo, podendo trabalhar a relação entre indivíduos e sua comunicação. A percussão corporal não precisa necessariamente ser usada como ferramenta terapêutica apenas no ambiente da musicoterapia, pois não se restringe apenas a este tipo de universo terapêutico. Pelo fato de as atividades que trabalham UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 23 MÚSICA com a exploração dos sons do corpo e com a percussão corporal possuírem, potencialmente, aspectos lúdicos, criativos, comunicativos e musicais, elas têm sido muito úteis para a criação de uma atmosfera terapêutica em muitos outros ambientes. Cultura e arte A percussão, de modo geral, já é uma prática bastante associada a culturas populares e a percussão do corpo acompanha este mesmo raciocínio. Em várias culturas, podemos observar a presença deste tipo de prática como recurso musical, e, nas atividades de cultura popular, onde a dança e a música trabalham quase sempre juntas, encontramos vários tipos de percussão corporal. Em cada lugar, ela é desenvolvida dentro de um estilo e, conforme analisamos seu tipo de técnica e nível de complexidade, conseguimos até identificar diálogos com o respectivo contexto cultural. Em alguns casos, surgiram expressões complementares e relacionadas com a percussão corporal, como “música corporal”, “dança percussiva”, “música orgânica”, “dança vocal” e outras, referindo-se a este universo, onde os sons do corpo servem como recurso musical, cênico e artístico. O mais importante talvez não seja nos preocuparmos com a delimitação destas linguagens, mas sim prestarmos atenção na riqueza de cada experiência artística. Texto adaptado de Pedro Consorte. http://pedroconsortebr.wordpress.com/2012/09/05/sons-do-corpo-introducao-a- percussao-corporal/, acesso em 21_10_2013t REFERÊNCIAS BARBOSA, Fernando; HOSOI, André (organizadores). Apostila Barbatuques: curso de formação básica. São Paulo: (MIMEO), 2012. BRITO, Teca Alencar de. O humano como objetivo da educação musical. São Paulo: Peirópolis, 2001. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 24 MÚSICA RÜGER, Alexandre Cintra Leite. Percussão corporal como proposta de sensibilização musical para atores e estudantes de teatro. Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho, Instituto de Artes – programa de pós-graduação em música. São Paulo, 2007. SITES http://www.abemeducacaomusical.com.br/revista_musica/ed7e8/Revista%20Musica %207_Mesquita.pdfacesso em 24 Jan. 2020. https://pedroconsortebr.wordpress.com/ace acesso em 24 Jan. 2020. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 25 MÚSICA Aula 07_Diferentes tipos de percussão corporal - parte I Como você já sabe a percussão corporal é uma prática que pode ser utilizada, entre outras finalidades, como recurso sonoro e musical. Em várias culturas, podemos observar a presença da percussão corporal como recurso sonoro e musical. Em cada lugar, elaé desenvolvida dentro de um estilo e, conforme analisamos seu tipo de técnica e nível de complexidade, podemos até identificar diálogos com o respectivo contexto cultural, conforme afirmamos anteriormente. A percussão, de modo geral, é uma prática bastante associada a culturas populares e a percussão do corpo acompanha este mesmo trajeto. Em atividades de cultura popular, a dança e a música trabalham quase sempre juntas, e nesses ambientes podemos encontrar vários tipos de percussão corporal. Você, também já sabe que exemplos de técnicas de percussão corporal utilizadas na área da música, em geral envolvem a dança também e que, de tão envolvidas, em alguns casos, torna-se difícil distinguir o que é dança e o que é música. Várias práticas utilizam a percussão corporal como recurso sonoro e musical, não necessariamente só na área da música, e isso engloba mais possibilidades. É importante lembrar que, além de se identificar algumas técnicas de percussão corporal e estilos de danças percussivas, no âmbito da apresentação cênica, em áreas como musicoterapia, dinâmicas de grupo, educação musical e muitas outras também desfrutam da percussão do corpo. Na área da percussão corporal pode-se destacar diversos nomes e estilos mais importantes dentro da cena internacional. O detalhamento sobre a origem, timbres explorados e os vídeos de exemplo explicitam melhor as características de cada estilo. Tecnicamente, considerou-se percussão corporal as técnicas que batem partes do corpo umas nas outras ou no chão. Vamos lá? BARBATUQUES, além de ser o nome do grupo, se tornou o nome da sua própria técnica, trabalhada e desenvolvida inicialmente por Fernando Barbosa (“Barba”), criador e diretor do grupo. A técnica começou a ser pesquisada a partir da UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 26 MÚSICA transposição dos sons da bateria para o corpo e se desdobrou em uma pesquisa, de níveis bastante sensíveis, da ampla variedade de timbres corporais, desde os percussivos até os vocais https://www.youtube.com/watch?v=37OP-SOe9dY HAMBONE (Juba Dance) é um estilo de dança rítmica, inventado por escravos afro- americanos que não podiam usar nenhum tipo de instrumento musical. Pelo fato de alguns escravos poderem se comunicar por meio da percussão de tambores, os comerciantes de escravos proibiram qualquer tipo de instrumento, o que acabou estimulando a utilização do próprio corpo. Nesta técnica, leves tapas no peito, coxas e pernas são combinados com batidas dos pés no chão e palmas. https://www.youtube.com/watch?v=pf0E6PlQdEc CLOGGING é um estilo de dança rítmica originada durante a Revolução Industrial no Reuno Unido. Clog é o tipo tamanco utilizado por milhões de trabalhadores naquela época e esta pode ser considerada como uma das primeiras danças urbanas. No Clogging, há basicamente ou batidas dos pés no chão, ou de um pé um no outro. Esta técnica era utilizada como entretenimento, acompanhada de cantigas, e influenciou a criação da Juba Dance e do Sapateado Americano. https://www.youtube.com/watch?v=NMA5kgajhEA TAP DANCE (sapateado americano) é um estilo de dança que utiliza a percussão dos sapatos no chão para criar frases rítmicas. Esta técnica veio de uma junção de três vertentes de dança: Clogging, Step Dance Irlandesa e Juba Dance. Neste estilo, existem linhas de pesquisa mais dançadas e linhas mais tocadas. As dançadas se aproximam do teatro musical da Brodway e as tocadas se aproximam do jazz. No tap, as partes do corpo mais tocadas são os pés, acompanhadas de algumas palmas eventuais. https://www.youtube.com/watch?v=1_IZlvdSwfQ GUMBOOT é um estilo de dança que utiliza a percussão corporal e teve sua origem nas minas de ouro da África do Sul. Neste caso, a técnica de percussão corporal foi, UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 27 MÚSICA inicialmente, desenvolvida para servir como um instrumento de comunicação entre os mineradores que eram proibidos de falar. A princípio, ao utilizar frases rítmicas, batendo as mãos nas botas de borracha, eles se comunicavam dentro das minas, e essa prática foi, mais tarde, convertida em estilo de dança entre os próprios mineradores. https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=U0Q51WVrR40 STEPPING é uma linha das danças percussivas, criada por fraternidades de estudantes universitários afro-americanos por volta de 1900 nos Estados Unidos. Esta prática se utiliza de passos, palmas e “spoken word” (gritos de guerra) para produzir uma combinação rítmica destes elementos e, no universo da percussão corporal, demonstra uma maneira interessante de aliar os sons corporais com os movimentos. https://www.youtube.com/watch?v=r7ErwbvUnu0 ------------------------------------------------------------------------------ Adaptado de Pedro Consorte. http://www.grapevine.com.br/percussaocorporal, acesso em 21_10_2013 REFERÊNCIAS BARBOSA, Fernando; HOSOI, André (organizadores). Apostila Barbatuques: curso de formação básica. São Paulo: (MIMEO), 2012. BRITO, Teca Alencar de. O humano como objetivo da educação musical. São Paulo: Peirópolis, 2001. RÜGER, Alexandre Cintra Leite. Percussão corporal como proposta de sensibilização musical para atores e estudantes de teatro. Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho, Instituto de Artes – programa de pós-graduação em música. São Paulo, 2007. SITES http://www.abemeducacaomusical.com.br/revista_musica/ed7e8/Revista%20Musica %207_Mesquita.pdfacesso em 24 Jan. 2020. http://www.grapevine.com.br/percussaocorporal UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 28 MÚSICA https://pedroconsortebr.wordpress.com/ace acesso em 24 Jan. 2020. Aula 08_Diferentes tipos de percussão corporal - parte II Dando continuidade à apresentação dos diferentes tipos e usos da percussão corporal, temos: STOMP, além de ser o nome do grupo inglês que trabalha com percussão em movimento, também pode ser considerado o nome de um estilo de percussão corporal. Entre percussões de instrumentos não convencionais, o grupo também explora a percussão do corpo de uma maneira bastante original. Os shows possuem caráter cênico e de movimento bastante forte, e os timbres corporais mais usados são a batida dos pés no chão (botas), palmas e batidas nas coxas. https://www.youtube.com/watch?v=MqFz_jmcYF0 FLAMENCO (dança) se desenvolveu em Andaluzia (Espanha), a partir grandes influências de grupos ciganos vindos da Romênia que migraram pra Espanha. O Flamenco é uma combinação de música, canção e dança. Na sua dança, há tapas no corpo, mas a característica mais forte é a presença das palmas e frases rítmicas do sapateado. Musicalmente falando, sua principal fórmula de compasso é o quaternário composto, com acentuações não convencionais para os ouvidos ocidentais. https://www.youtube.com/watch?v=xqxJMCQxb_Q SAMAN (dança) é um estilo de dança da Indonésia que utiliza a percussão corporal de forma bem sutil. Geralmente, apresentada por um grande número de dançarinos, as palmas e tapas leves se tornam audíveis a um grande público. A dança é apresentada com os dançarinos de joelho, e a percussão é feita nas palmas e costas das mãos, coxas e tórax. https://www.youtube.com/watch?v=dT4KdY1o0XM DANÇA ROMENA (Folclórica) é uma dança que se originou principalmente na região da Transilvânia durante o período do Feudalismo. Nas pequenas vilas, a https://www.youtube.com/watch?v=MqFz_jmcYF0 https://www.youtube.com/watch?v=xqxJMCQxb_Q https://www.youtube.com/watch?v=dT4KdY1o0XM UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 29 MÚSICA dança se desenvolveu como uma atividade comunitária e a disposição dos participantes é, geralmente trabalhada, ou em roda ou em pares. Acompanhada de instrumentos musicaise canto, a percussão corporal mais comum neste estilo explora estalos de dedo, pisadas no chão, batidas de mão nos pés, coxas e palmas de mão. https://www.youtube.com/watch?v=Hi-U-6IhO4M DANÇA CIGANA (Hungria e Eslováquia) é uma dança que vem da mesma região da Dança Romena, com as mesmas influências, mas organizada de uma forma diferente. O andamento é bastante rápido e as frases rítmicas são mais complexas. Os timbres corporais tocados são: palmas, pisadas, tapas nos pés, coxas e peito. https://www.youtube.com/watch?v=xiEgSgHM8cc KATHAK, que deriva da palavra “katha”, é uma dança original do norte da Índia. Este estilo de dança, geralmente, conta uma história, por exemplo, sobre a mitologia hindu ou sobre os famosos contos Mahabharata, Raymayana e Purana. A dança possui movimentos de piruetas rápidas e posições estáticas, sendo acompanhada pela música tocada por instrumentos musicais convencionais hindus. Os dançarinos usam guizos nos tornozelos, batem os pés no chão e criam frases rítmicas que acompanham as células musicais sendo tocadas. https://www.youtube.com/watch?v=4wXJWaqFbQc ------------------------------------------------------------------------------ Adaptado de Pedro Consorte. http://www.grapevine.com.br/percussaocorporal, acesso em 21_10_2013 REFERÊNCIAS BARBOSA, Fernando; HOSOI, André (organizadores). Apostila Barbatuques: curso de formação básica. São Paulo: (MIMEO), 2012. BRITO, Teca Alencar de. O humano como objetivo da educação musical. São Paulo: Peirópolis, 2001. https://www.youtube.com/watch?v=Hi-U-6IhO4M https://www.youtube.com/watch?v=xiEgSgHM8cc https://www.youtube.com/watch?v=4wXJWaqFbQc http://www.grapevine.com.br/percussaocorporal UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 30 MÚSICA RÜGER, Alexandre Cintra Leite. Percussão corporal como proposta de sensibilização musical para atores e estudantes de teatro. Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho, Instituto de Artes – programa de pós-graduação em música. São Paulo, 2007. SITES http://www.abemeducacaomusical.com.br/revista_musica/ed7e8/Revista%20Musica %207_Mesquita.pdfacesso em 24 Jan. 2020. https://pedroconsortebr.wordpress.com/ace acesso em 24 Jan. 2020. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 31 MÚSICA Aula 09_Técnicas de percussão corporal Sabemos que na nossa infância desenvolvemos a curiosidade de explorar nosso corpo e os sons que ele produz. Batemos palmas, assoviamos e até arrotamos! Bem, utilizar esses sons do corpo humano na música não é uma técnica nova mundo afora. Existe até partitura de percussão corporal, para vocês verem como isso é levado a sério. Apesar de já estar enraizada em algumas culturas (África, América do Norte, Ásia), no Brasil ainda é algo que está sendo desenvolvido aos poucos. E as técnicas são diferentes em cada lugar. Recordando. Uns utilizam só os pés, como é o caso do CLOGGING, criado por trabalhadores do Reino Unido, durante a Revolução Industrial. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 32 MÚSICA Outros utilizam pés, mãos, peito, coxas e pernas, no caso do HAMBONE, que foi criado por escravos afro-americanos, já que foram proibidos de utilizar tambores e outros instrumentos, para evitar a comunicação entre eles. E olha que não faltam técnicas de percussão corporal. Existe também a TAP DANCE, GUMBOOT, STEPPING, STOMP, FLAMENCO, SAMAN e muitos outros. O grupo precursor dessa arte musical no Brasil é o BARBATUQUES, idealizado por Fernando Barba, que com seus espetáculos incríveis, oficinas e atividades nas escolas, atrai a cada dia um número maior de seguidores (crianças, jovens ou adultos), já que a percussão corporal ajuda e muito na coordenação motora. Conhecendo esse tipo de trabalho de perto, no começo parece que você é o ser mais descoordenado do planeta. No entanto, com o passar dos minutos, vai relaxando e se acostumando a reutilizar algumas técnicas que deixamos pra trás na infância. Além disso, errar é engraçadíssimo e acertar, estimulante. O mais importante dessa técnica é você aprender a escutar seu próprio corpo. Você vai ficar chocado com a infinidade de sons que ele é capaz de produzir. Claro que você não vai sair por aí arrotando, batucando na pessoa que sentou do seu lado no ônibus ou fazendo sons bizarros com a boca no metrô! É algo pra brincar entre amigos ou com aquele seu sobrinho hiperativo que quebra todos os seus objetos pessoais da sala! Quem não conhece nada sobre o assunto, mas ficou com uma pontinha de interesse depois de realizar esta leitura, pode dar uma passada no YouTube e se maravilhar com as várias combinações de estilos e técnicas. É diversão na certa! Vale a pena experimentar e treinar. Vamos Lá? Adaptadode:http://www.sossolteiros.com/tum-pa-tum-pa-conheca-o-mundo-da- percussao-corporal-praouvir/ REFERÊNCIAS http://www.sossolteiros.com/tum-pa-tum-pa-conheca-o-mundo-da-percussao-corporal-praouvir/ http://www.sossolteiros.com/tum-pa-tum-pa-conheca-o-mundo-da-percussao-corporal-praouvir/ UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 33 MÚSICA BARBOSA, Fernando; HOSOI, André (organizadores). Apostila Barbatuques: curso de formação básica. São Paulo: (MIMEO), 2012. BRITO, Teca Alencar de. O humano como objetivo da educação musical. São Paulo: Peirópolis, 2001. RÜGER, Alexandre Cintra Leite. Percussão corporal como proposta de sensibilização musical para atores e estudantes de teatro. Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho, Instituto de Artes – programa de pós-graduação em música. São Paulo, 2007. SITES http://www.abemeducacaomusical.com.br/revista_musica/ed7e8/Revista%20Musica %207_Mesquita.pdfacesso em 24 Jan. 2020. https://pedroconsortebr.wordpress.com/ace acesso em 24 Jan. 2020. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 34 MÚSICA Aula 10_Vivenciando a percussão corporal A percussão corporal é uma prática que pode ser utilizada, entre outras finalidades, como recurso sonoro e musical. Nos últimos 10 anos tem sido dada maior atenção para os tipos de técnicas existentes e para as que ainda em desenvolvimento. Em várias culturas, podemos observar a presença da percussão corporal como recurso sonoro e musical. Em cada lugar, ela é desenvolvida dentro de um estilo e, conforme analisamos seu tipo de técnica e nível de complexidade, podemos até identificar diálogos com o respectivo contexto cultural. A percussão, de modo geral, é uma prática bastante associada a culturas populares e a percussão do corpo acompanha este mesmo trajeto. Em atividades de cultura popular, a dança e a música trabalham quase sempre juntas, e nesses ambientes podemos encontrar vários tipos de percussão corporal. O brasileiro Pedro Consorte vem trabalhando com percussão corporal há alguns anos, e atualmente participa do aclamado STOMP, grupo britânico subdivido em cinco grupos menores que se apresentam ao redor do mundo, misturando artes cênicas e percussão corporal. O STOMP é um grupo que tem pouca ou nenhuma melodia no sentido tradicional, baseando suas performances inteiramente em conceitos rítmicos. O próprio Pedro Consorte conta sua história: "Quando comecei a trabalhar para o STOMP, fiz parte da turnê europeia e viajei para Rússia, Itália, Inglaterra, Alemanha, Áustria e Suíça. Por volta de seis meses depois, fui transferido para o elenco de Londres [...]. Existem quatro elencos ao redor do mundo: Londres, Turnê Europeia, Nova Iorque e Turnê Americana. Para fazer parte do STOMP, você tem que participar de uma das audições abertas e foi isso que eu fiz. Saí do Brasil, cheguei a Londres, fiz a audição e esperei por dois meses até receber a notícia de que havia sido escolhido para o treinamento.Acho que no meu caso, me destaquei principalmente pela percussão corporal, que era o meu forte na época. Mas também foi importante mostrar uma boa noção cênica e de movimento." UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 35 MÚSICA https://www.youtube.com/watch?v=Zu15Ou-jKM0 Pedro afirma, ainda que o STOMP conta com um elenco bastante diversificado e com ótimos profissionais, que vêm das mais diversas formações e cantos do mundo. E que, na realidade tem sido muito inspirador e estimulante poder conviver diariamente com ótimos bateristas, atores, dançarinos e outros artistas. “Além de nós já entrarmos no show com as nossas próprias habilidades, o show em si nos estimula em novas direções, o que faz com que surjam novas competências e aptidões." https://www.youtube.com/watch?v=f8bkvO1XpzM "Eu nasci em uma família fantástica de músicos, artistas, intelectuais e pessoas muito sensíveis e inteligentes. Isso tudo acabou sendo uma enorme fonte de estímulos que, já desde pequeno, me contaminaram e direcionaram para o caminho das artes. Com 3 anos de idade, ganhei uma bateria e, durante a minha infância, sempre participei dos ensaios que aconteciam em casa. Inclusive, considero o suporte da minha família um dos principais responsáveis pelo meu sucesso pessoal e profissional. Sem ele, tudo teria sido muito diferente”. Para Pedro, a percussão corporal foi algo que começou a desenvolver instintivamente, principalmente depois ver pela primeira vez o trabalho do Barbatuques. Quando entrou no Ensino Médio, começou a fazer aulas extracurriculares de Percussão Corporal com o Cadu Granja e porque já tinha alguma experiência com percussão e música, se destacou nas aulas e, pouco depois, foi convidado a participar do Grupo de Estudos orientado pelo Fernando 'Barba', criador dos Barbatuques. Além da música, a percussão pode se envolver com outras linguagens artísticas o que torna muito interessante a mistura e a conexão entre as diferentes áreas das artes. Outro aspecto a considerar é o que envolve as relações entre o corpo, o som e o movimento e, baseado nesses tópicos, pesquisas estão sendo desenvolvidas e o compartilhar dessas experiências será relevante para o aprofundamento dos estudos. https://www.youtube.com/watch?v=f8bkvO1XpzM UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 36 MÚSICA Pode-se afirmar que benefícios para o corpo e para a cabeça são proporcionados pela música, e especialmente a percussão. REFERÊNCIAS BARBOSA, Fernando; HOSOI, André (organizadores). Apostila Barbatuques: curso de formação básica. São Paulo: (MIMEO), 2012. BRITO, Teca Alencar de. O humano como objetivo da educação musical. São Paulo: Peirópolis, 2001. RÜGER, Alexandre Cintra Leite. Percussão corporal como proposta de sensibilização musical para atores e estudantes de teatro. Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho, Instituto de Artes – programa de pós-graduação em música. São Paulo, 2007. SITES http://www.abemeducacaomusical.com.br/revista_musica/ed7e8/Revista%20Musica %207_Mesquita.pdfacesso em 24 Jan. 2020. https://pedroconsortebr.wordpress.com/ace acesso em 24 Jan. 2020. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 37 MÚSICA Aula 11_Uma orquestra em formação a partir da criação dos seus próprios instrumentos musicais Michel Faligand descreve um grupo de alunos que construiu seus próprios instrumentos musicais: cornetas, xilofones, cítara etc Tudo isto reunido e acrescido de metalofone e um jogo de chocalhos, formavam uma orquestra. E a execução ficando a cargo de um dos seus colegas que, através de gestos com o dedo, apontava no quadro negro, de baixo para cima, segundo a segundo, um esquema em que cada instrumento seguia a sua coluna vertical, respeitando o silêncios e as alturas (estas representadas por cores). Mas dentro do compasso, o ritmo podia ser organizado como bem entendesse segundo sua escolha. Neste caso, estamos diante de um trabalho do conjunto, de coesão. Um bom exemplo deste tipo de conjunto, é do Blue Man Group. Assista o vídeo abaixo: https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=dOLBn8GKBlA Faligand teve como objetivo combinar sons e dar aos alunos uma disciplina temporal em relação a um código, sendo essencial que elas acompanhassem a notação em conjunto. Durante o processo utiliza – se uma improvisação dentro de convenções preestabelecidas de desenvolvimento do trabalho musical. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 38 MÚSICA Grupo Uakti,(uma espécie de tubo fone).O condutor do conjunto desempenha uma função fundamental, decidindo o número de instrumentos a utilizar neste ou aquele momento da execução. Decidirá, também, a cor “orquestral” quais os timbres, sonoridade que irá obter da orquestra, a sua condução e elaboração do projeto orquestra ou banda. Tudo será definida por ele obter o melhor aproveitamento da orquestra com sua sonoridade, realizando tudo em andamento muito lento, com ritmos marcados, e, sobretudo, pausas. Tendo como objetivo a sensibilização dos alunos por uma série de sensações através do ritmo, sonoridade e timbre, não somente pela audição, mas pela prática da produção do som em conjunto. Na visão do educador musical, pode ser esta uma das melhores maneiras de fazê-los mergulhar na experiência musical, fazendo com que eles conheçam a sonoridade instrumentos musicais, construídos por eles. O fato é que a experiência e a prática da elaboração de conjuntos musicais pode ser uma estratégia muito eficaz no processo de despertar o gosto pela música, ajudando a romper barreiras das dificuldades que por ventura possam existir no ensino musical. REFERÊNCIAS Loureiro, Alicia Maria Almeida. O ensino de música na escola fundamental.Campinas, SP: editora Papirus, 2003. http://www.youtube.com/watch?v=dOLBn8GKBlA UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 39 MÚSICA Jeandot, Nicole. Explorando o Universo da Música. São Paulo: editora Scipione, 1990. Stateri, José Júlio. Estratégicas de ensino na musicalização infantil. Osasco, SP: Fundação Instituto Tecnológico de Osasco, 19 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 40 MÚSICA Aula 12_Música Indígena Nesta aula vamos estudar um pouco sobre a música indígena. Como o contexto dessa disciplina é tratar da elaboração e direção de grupos instrumentais no ensino fundamental, nada mais apropriado que tratar da música indígena, visto que é um dos importantes pilares da formação cultural brasileira. Há que se tomar cuidado quando se trata de música indígena, pois há muita confusão sobre o que é a verdadeira música indígena brasileira e música que fala sobre os índios. É muito comum nos dias comemorativos como o dia 19 de abril, os professores de arte ou música, fazerem homenagens com os alunos e desenvolverem com a classe o que se chama de música indígena brasileira. Muitas vezes são somente canções infantis que têm como tema a cultura indígena. Esse tipo de atividade também pode ser válido, mas precisa ficar claro para os alunos que não se trata exatamente de música baseada na cultura indígena e muito menos criada pelos índios. Ouça, por exemplo, uma música que pode ser demonstrada e até realizada com um coro infantil, mas que não é música indígena. É “Tu tu tu Tupi” de Hélio Ziskind. Assista ao vídeo: Tu tu tu Tupi de Hélio Ziskind Por outro lado, existem músicos brasileiros não pertencentes a comunidades ou tribos indígenas que sempre se dedicaram à pesquisa e à compreensão da música indígena brasileira e que procuraram incorporar os elementos daquela cultura em suas próprias composições. Nesse caso, também não temos música indígena defato, mas influenciada pela cultura indígena, seja na língua em que é cantada, seja nos ritmos e contornos melódicos ou pelos instrumentos característicos utilizados. Um desses músicos é a premiada compositora, cantora e pesquisadora Marlui Miranda (clique aquipara mais informações). https://youtu.be/fEdZ-_RRRH0 http://www.animamusica.art.br/site/lang_pt/pages/musicos/marlui.html UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 41 MÚSICA Com quase 40 anos de carreira, Marlui Miranda desenvolveu praticamente todo seu trabalho musical pautado na música indígena. Vamos ouvir alguns exemplos de suas músicas: 1. Cantos dos índios caiapós adaptados por Marlui Miranda. ''Kworo Kango'' do álbum "Todos os sons": Kworo Kango 2. Tchori Tchori - Marlui Miranda com o grupo Uakti: Tchori Tchori Agora vejamos uma canção de Marlui Miranda interpretada pelo coro infanto- juvenil “Papo Coral” com direção geral de Cristiane Alexandre e direção cênica de Yamba Daher: Araruna (Marlui Miranda-adaptada dos cantos dos índios Parakanã do Pará) Agora que ouvimos algumas músicas influenciadas pela cultura indígena brasileira, é fundamental estudar um pouco sobre ela, melhor ainda, desde os primeiros tempos da chegada dos portugueses ao Brasil. Leia o texto 500 anos: Música indígena e identidade cultural de Luiz César Marques Magalhães em que o autor discute um pouco sobre o assunto. (Clique aqui para abrir o texto). https://youtu.be/hA8o22lLk64 https://youtu.be/cLSSwpeTkC0 https://youtu.be/vwjWOCHLbnM UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 42 MÚSICA REFERÊNCIAS PATAXÓ HÃHÃHÃE e TUPINAMBÁ: Cantando as culturas indígenas. ALMEIDA, Berenice de, PUCCI, Magda. A Floresta Canta: Uma Expedição Sonora Por Terras Indígenas Do Brasil. Editora Peirópolis: São Paulo, 2015. SITE Amazônia Real: http://amazoniareal.com.br/acervo-inedito-de-cancoes-indigenas- da-amazonia-chega-na-internet/ UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 43 MÚSICA Aula 13_Trabalhando com a Música Indígena Nesta aula, além de ouvir alguns exemplos de música produzidas por tribos indígenas brasileiras (há outros inúmeros que você pode procurar pela internet) vamos apresentar um projeto de aulas sobre o assunto. Temos uma boa referência no projeto intitulado “A Música das Cachoeiras”, onde poderemos encontrar diversas gravações coletadas nas comunidades e tribos indígenas do Alto Rio Negro, no Amazonas. Seguem algumas destas gravações (clique para ouvir): a) ParixaraWapichana b) Bororoi e TukúiMacuxi c) Caapivaia d) Instrumentos Aerófonos Os títulos das músicas que ouviu: a) Parixara Wapichana b) Bororoi e Tukúi Macuxi c) Caapivaia d) Instrumentos Aerófonos (de sopro) do alto Rio Negro O acervo completo pode ser encontrado através do link: https://soundcloud.com/musicadascachoeiras - disponível em 19. 06. 2018. Agora que ouvimos um pouco da música indígena, vamos ver um exemplo de como preparar uma série de aulas sobre música com a professora Roberta Paula Gomes Silva, publicado no site do Portal do Professor (MEC) – (http://portaldoprofessor.mec.gov.br/perfil.html?id=283999 - disponível em 19. 06. 2018): A sugestão para estas aulas são dividi-las em 5 momentos (que podem ser divididos em 5 aulas de 50 minutos): 1º momento: https://campus20201.unimesvirtual.com.br/draftfile.php/131101/user/draft/34962445/Parixara%20Wapichana.wav https://campus20201.unimesvirtual.com.br/draftfile.php/131101/user/draft/34962445/Bororoi%20e%20Tuk%C3%BAi%20Macuxi.wav https://campus20201.unimesvirtual.com.br/draftfile.php/131101/user/draft/34962445/Caapivaia.wav https://campus20201.unimesvirtual.com.br/draftfile.php/131101/user/draft/34962445/Instrumentos%20Aerofonos.mp3 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 44 MÚSICA Ao mesmo tempo em que o professor expõe o tema aos alunos, propor uma série de questões para estimular a reflexão sobre o assunto e descobrir o que eles sabem e o que pensam a respeito. Ela sugere algumas questões que podem ser feitas neste momento: a) Qual a opinião de vocês sobre a música indígena? b) Elas são parecidas com as nossas? c) Vocês conhecem o idioma cantado por esses índios? d) Quais temáticas são abordadas nessas músicas? e) Por que os índios cantam? f) A música é importante para os índios? Por quê? Em seguida, selecionar uma série de exemplos de áudios e/ou visuais para apreciação dos estudantes, sempre com comentários do professor. 2º momento: Propor a leitura de textos (impressos ou online), formando grupos para discussão. E que após esta interação façam um texto sobre o que descobriram e aprenderam, sobre o motivo pelos quais os índios cantam, a importância da música para eles, quais instrumentos foram utilizados para aquela música, etc.... 3º momento: Com recursos audiovisuais (que você tenha disponível), mostre imagens dos instrumentos construídos pelos índios ou baseado na cultura indígena brasileira. Após a demonstração e discussão sobre os instrumentos musicais indígenas, o professor pode propor a construção em sala de alguns destes instrumentos com material reciclável ou que possa substituir a matéria-prima dos instrumentos originais. Sugestão: Site auxiliar: Confecção de instrumento musical: o maracá, disponível em: http://brinquedoscomsucata.blogspot.com.br/2009/04/confeccao-de- instrumento-musical-o.html. Acesso em 18/06/2018. 4º momento: UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 45 MÚSICA Construídos os instrumentos, é chegada a hora de experimentá-los, propondo atividades musicais, com ritmos e/ou com canto também. 5º momento: E, por fim, é o momento de colher dos alunos os resultados percebidos durante essas atividades. Além da redação de um texto pelos alunos sobre o assunto abordado nas aulas, proposta pela professora Roberta Silva, é possível desenvolver uma atividade musical relacionada à música indígena para ser apresentada com a classe toda. Estude a aula completa no Portal do professor, acessando pelo link: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=58662 Caro aluno, esperamos que tenha aprendido algo que lhe auxiliará em sua vida futura. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Berenice de, PUCCI, Magda. A Floresta Canta: Uma Expedição Sonora Por Terras Indígenas Do Brasil. Editora Peirópolis: São Paulo, 2015. SITE Amazônia Real: http://amazoniareal.com.br/acervo-inedito-de-cancoes-indigenas- da-amazonia-chega-na-internet/ - Acessado em 04. 07. 2018. A Música das Cachoeiras: link: https://soundcloud.com/musicadascachoeiras - Acesso em 04. 07. 2018. Confecção de instrumento musical: o maracá, disponível em: http://brinquedoscomsucata.blogspot.com.br/2009/04/confeccao-de-instrumento- musical-o.html.- Acessado em 04. 07. 2018. Editora Peirópolishttps://www.editorapeiropolis.com.br/a-floresta-canta- musicas/Acessado em 22 de janeiro de 2020. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 46 MÚSICA PortalProfessor (MEC): http://portaldoprofessor.mec.gov.br/perfil.html?id=283999 - Acessado em 04. 07. 2018. UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 47 MÚSICA Aula 14_O coral como um espaço de motivação, inclusão social e integração. Profa. Rita Fucci Amato O regente de um coral deve atuar com a perspectiva de realizar um trabalho de educação musical dos integrantes de seu grupo. Para a condução de um trabalho artístico que envolve um grupo diversificado como um coral faz-se necessária a capacidade de estabelecer critérios, motivar cada um de seus integrantes, liderá-los e levá-los a uma meta estabelecida. A partir desse processo, pode-se gerar e difundirconhecimentos musicais e vocais, estimulando a propriocepção1 e o aumento da qualidade de vida dentro de uma comunidade. O canto coral se constitui em uma relevante manifestação educacional musical e em uma significativa ferramenta de integração social. Os trabalhos com grupos vocais nas mais diversas comunidades, empresas, instituições e centros comunitários pode, por meio de uma prática vocal bem conduzida e orientada, realizar a integração (entendida como uma questão de atitude, na igualdade e na transmissão de conhecimentos novos para todas as pessoas, independente da origem social, faixa etária ou grau de instrução, envolvendo-as no fazer o “novo”) entre os mais diversos profissionais, pertencentes a diversas classes socioeconômicas e culturais, em uma construção de conhecimento de si (da sua voz, de cada um, do seu aparelho fonador) e da realização da produção vocal em conjunto, culminando no prazer estético2 e na alegria de cada execução com qualidade e reconhecimento mútuos (enquanto fazedores de arte e apreciados por tal, por exemplo, em apresentações públicas). Além disso, os conhecimentos adquiridos pelos participantes do coral influenciam na apreciação artística e na motivação pessoal de cada um, independentemente de sua faixa etária ou de seu capital cultural, escolar ou social. A motivação é um processo contínuo no qual, fatores de diversas naturezas atuam no indivíduo, que é motivado a partir da concretização de seus desejos. Segundo Herzberg (apud MAXIMIANO, 2004), a motivação concretiza-se a partir da presença de fatores extrínsecos (políticas de administração de recursos humanos, http://campus20181.unimesvirtual.com.br/mod/page/view.php?id=17254&inpopup=1#_ftn1 http://campus20181.unimesvirtual.com.br/mod/page/view.php?id=17254&inpopup=1#_ftn2 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 48 MÚSICA estilos de supervisão, relações interpessoais etc.) e intrínsecos (o trabalho em si, a realização de algo importante, o exercício da responsabilidade, a possibilidade de crescimento etc.). Já para Maslow (apud MAXIMIANO, 2004), a motivação ocorre a partir do cumprimento das necessidades (básicas, de segurança, de participação, de estima e de auto-realização) do indivíduo, como mostra o esquema a seguir. Necessidades Básicas: Abrigo, Vestimenta, Fome, Sede, Sexo, Conforto Físico. Necessidades de Segurança: Proteção, Ordem, Consciência dos perigos e riscos, Senso de Responsabilidades. Necessidades de Participação: Amizade, Inter relacionamento Humano, Amor. Necessidades de Estima: Status, Egocentrismo, Ambição, Exceção. Necessidades de Auto-realização: Crescimento Pessoal, Aceitação de desafios, Sucesso Pessoal, Autonomia. A partir da análise do esquema acima, podemos incluir o canto coral em um cenário de qualidade de vida e equilíbrio social. Assim, após o cumprimento das necessidades básicas e de segurança de dada população, a participação em atividades que promovam o aumento da autoestima e do senso de auto-realização constitui significativo aspecto da formação do indivíduo. Nessa perspectiva, o canto coral auxilia a pessoa no seu crescimento pessoal e, a partir de então, em sua motivação (AMATO NETO; FUCCI AMATO, 2007). Vale lembrar que a motivação é uma consequência da liderança que o regente deve exercer sobre seu grupo. Essa liderança pode ser traduzida em bases de autoridade, que podem ser aplicadas ao regente coral em três UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 49 MÚSICA níveis 3(MAXIMIANO, 2004): carisma, autoridade técnica (competência musical e educacional do regente) e autoridade política (condução do grupo com o estabelecimento de metas e bom nível de relacionamento do regente com o coro). Assim, um regente inovador é facilitador, considera-se parte integrante do coro, cobra resultados dentro das metas estabelecidas, divulga o conhecimento, valoriza a educação, patrocina as boas idéias e sempre busca o consenso do grupo (AMATO NETO, 2005). A partir da liderança do regente, os coralistas passam a se automotivar. Nas palavras de Bergamini (1994, p. 195): Passa-se, então, a supor que cada um tenha dentro de si recursos pessoais que lhe permitem manter o seu tônus motivacional bem como gerir-se a si mesmo de maneira a não permitir que nenhum desvio administrativo venha a drenar esse reduto importante de forças produtivas. A pessoa intrinsecamente motivada se autolidera sem necessidade que algo fora dela a dirija. Seria possível, então, afirmar que estando intrinsecamente motivada, a pessoa seja o líder de si mesmo. É relevante aludir que a participação em um coral, como em qualquer manifestação musical, pode provocar um desejo pela interdisciplinaridade de conhecimentos artísticos, pois, a partir da experiência musical vivenciada, os integrantes do coro podem interessar-se pela literatura, pelas artes plásticas e até mesmo por outras ciências e técnicas, como bem coloca Snyders (1992). Quanto à importância sócio-cultural do canto coral, vale recordar que: “A música, concebida como função social, é inalienável a toda organização humana, a todo agrupamento social” (SALAZAR, 1989, p. 47). Nessa perspectiva, o conceito da inclusão social, como forma de melhoria da qualidade de vida dos indivíduos, revela uma importância ímpar. As oportunidades de participação em todo e qualquer tipo de manifestação artística e cultural devem constituir-se em um direito irrefutável do homem, independentemente de suas origens, raça ou classe social, assim como deveriam ser todos os demais direitos fundamentais à vida humana. Esse processo de inclusão social dá-se a partir do momento da eliminação de quaisquer tipos de barreiras (entre teoria e prática, obrigação e satisfação, grupos http://campus20181.unimesvirtual.com.br/mod/page/view.php?id=17254&inpopup=1#_ftn3 UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS Núcleo de Educação a Distância 50 MÚSICA homogêneos e heterogêneos, especialidades e generalidade, reprodução e produção de conhecimento), como enfatiza Bochniak (1992). A inclusão caracteriza-se na perspectiva de que todos os indivíduos pertencentes a um coral encontram-se na mesma posição de aprendizes, unindo-se na busca de objetivos comuns de realização pessoal e grupal. A partir de então, inicia-se o processo de integração, no qual a cooperação dos integrantes é efetivada por meio de uma união com sentimentos canalizados para a ação artística coletiva. A disciplina rigorosa, o estudo com afinco e dedicação também se incluem nessa perspectiva de um carisma grupal (ELIAS; SCOTSON, 2000). Todas essas ações ganham maior relevância quando inseridas na sociedade em que vivemos, onde a naturalização da exclusão tem se revestido das mais diversas maneiras, com implicações mais profundas no que diz respeito à interiorização da exclusão, retirando o direito às conquistas individuais de todos os excluídos. No que concerne a esse aspecto, cabe ilustrar a eficiência que o coral pode apresentar ao lidar com a quebra deste processo de interiorização da exclusão (FRIGOTTO, 1995). Na experiência da autora, quando regente de um coral formado por funcionário dos mais diversos setores de uma indústria da cidade de São Paulo, foi possível primeiramente verificar uma quebra nos níveis hierárquicos estabelecidos pelo trabalho dentro da empresa; para participar do coral só era necessário querer cantar. O gosto pelo canto estabeleceu as condições para tal quebra e criou a possibilidade de diferentes pessoas de diferentes categorias profissionais se integrarem para realizar um mesmo trabalho. Em certa ocasião, o Theatro Municipal de São Paulo promoveu uma montagem da ópera Cosi fan tutte, de Mozart, a preços populares. Os coralistas foram estimulados para que fossem assistir ao espetáculo e até aludidos quanto à não-necessidade
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