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Revista Os Puritanos 03, 2010_ A Vergonha do Pecado

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EDITORIAL Manoel Canuto
2 Revista Os PuRitanOs – 3, 2010
“A Ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e 
injustiça dos homens...” (Rm 1:18)
Com mais de sessenta anos vividos posso olhar para trás e para hoje e comprovar experimental e pragmaticamen-te aquilo que a Bíblia fala tão veementemente: “... todos, 
tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado... Não há 
justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem 
busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inú-
teis; não há quem faça o bem, não há um sequer” (Rm 3:9-12). 
O homem é por natureza ímpio e tende sempre para a mal-
dade e corrupção. No entanto, para o crente, a maior com-
provação de que a Bíblia é a verdade não é porque ele pode 
comprová-la experimentalmente, mas porque é a Palavra de 
Deus e ele crê nisso. 
A iniquidade tem se multiplicado como nunca vi antes. 
Apreensivo, mas consciente, vejo se cumprir o que Jesus dis-
se: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de 
quase todos” (Mt 24: 12). A cultura brasileira é acentuada-
mente supersticiosa, religiosa, idólatra, mas também liberal, 
incrédula e agnóstica, em nada diferindo das outras nações; 
mesmo aquelas que no passado foram guiadas por princípios 
bíblicos e que receberam forte influência cristã. 
Recentemente estive relendo um livro sobre reforma na 
Igreja. O autor de um dos capítulos fala o que aconteceu nos 
Estados Unidos nas décadas de sessenta a noventa. Os crimes 
violentos aumentaram 560%; o número de filhos ilegítimos 
aumentou 400%; desde a legalização do aborto em 1973, es-
tima-se que tenha havido a morte de 28 milhões de crianças 
que não nasceram; o índice de suicídio entre os adolescente 
aumentou 200%; menos de 60% das crianças moravam com 
seus pais biológicos. Na década de 90 apenas 13% das pessoas 
acreditavam na validade dos Dez Mandamentos e por isso a 
consequência era a de que 74% destas pessoas afirmavam que 
podiam roubar sem dor na consciência; 64% afirmavam que 
mentiriam se soubessem que com isso teriam alguma vanta-
gem; 53% diziam que se tivessem oportunidade cometeriam 
adultério; 41% pretendiam usar drogas recreativas; 30% iriam 
falsificar o seu imposto de renda; a pornografia cresceu as-
sustadoramente tornando-se uma indústria de 21 bilhões de 
dólares. Esses números são de um país colonizado debaixo dos 
princípios da Bíblia. Imagine o Brasil...!
Mas Paulo diz que a ira de Deus se revela do céu contra toda 
esta perversão moral, que algumas traduções chamam corre-
tamente de “injustiça (adikia) dos homens” que é basicamente 
a quebra dos mandamentos da segunda tábua da Lei; mas o 
apóstolo tem o cuidado de colocar uma outra razão pela qual 
a ira de Deus se manifesta punitiva — a impiedade (asebeia), 
que se encontra expressa na primeira tábua. Por que Paulo 
usa estes dois termos? Alguns comentaristas acham que a ex-
pressão “impiedade e injustiça dos homens” retratam a única 
idéia de uma perversão ímpia. Mas fico com a posição do Dr. 
Lloyd-Jones de que a impiedade define toda transgressão da 
primeira tábua da Lei e refere-se especialmente a atitude do 
homem para com Deus; injustiça trata de nossas falhas em 
relação a nossos semelhantes; é a quebra dos mandamentos 
da segunda tábua Lei — É a falha em qualquer ponto de nos-
sas relações com os homens. J. B. Lightfoot diz que asebeia 
é “contra Deus”, e adikia é “contra os homens”. É óbvio que 
Paulo está pensando na lei de Deus e no resumo que Cristo 
fez dela: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e 
de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas 
as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, 
semelhante a este é: amarás o teu próximo como a ti mesmo”. 
Nós nunca devemos separar a piedade da justiça, pois são o 
resumo da Lei. No entanto, a piedade deve vir antes da justiça. 
Acho que Paulo entendia ser assim. Por quê? Porque a essên-
cia do pecado é a quebra do relacionamento do homem com 
Deus, é não viver para honrar e glorificar a Deus, sendo este 
o propósito pelo qual Deus criou o homem. Em Adão caímos 
em impiedade quando não fizemos a vontade do Criador e 
nesta condição vivemos. Dessa forma posso entender o porque 
dos mandamentos da primeira tábua da Lei — a glorificação 
ao único e verdadeiro Deus. Fazer Sua vontade em tudo. Não 
fazê-la é desprezar a Deus — isso é impiedade. Dr. John Mur-
ray diz que a impiedade é precursora da injustiça. A injustiça 
para com nossos semelhantes existe, porque primeiro nos foi 
imputada a impiedade de Adão. Por desconhecer isso, muitos 
moralistas dizem que não são pecadores porque nunca ma-
taram, nem roubaram, nunca foram infiéis a suas esposas... 
Deixe-me ilustrar. Tenho um amigo ateu. Quando conver-
samos certo dia sobre estas questões morais ele me disse ser 
melhor do que muitos crentes e sua vida moral era exemplar. 
Ele tem um filho judeu, pois uma de suas quatro mulheres que 
teve é judia. Perguntei o que ele achava da Lei de Moisés. Ele 
disse que achava muito inteligente. Mas quando lhe perguntei 
se concordava com os primeiros quatro mandamentos da lei 
mosaica ele pensou e retrucou dizendo que tudo era “bobagem” 
e religiosidade judaica. 
Portanto, pensar que pode existir moralidade e ética sem 
relacionamento e conhecimento de Deus é algo tolo e grave 
que detrata a glória de Deus e provoca Sua ira que se revela do 
céu contra toda impiedade e injustiça. O homem é corrompido 
dos pés à cabeça, mesmo buscando a moralidade. Este homem 
não merece outra coisa a não ser a condenação eterna, mas 
se reconhecer seus pecados, toda sua impiedade e injustiça, e 
se arrepender aos pés da cruz, perdoado manterá um relacio-
namento de amor, honra e glória com seu Criador e Salvador. 
Boa leitura!
Impiedade e Injustiça
REVISTA OS PURITANOS
Recife, Ano XIX - Número 3 - 2010 
Editor
Manoel Canuto
mscanuto@uol.com.br
Conselho Editorial
Josafá Vasconcelos e Manoel Canuto
Revisores
Manoel Canuto
Tradutores
Linda Oliveira, Márcio Dória e Josafá Vasconcelos
Projeto Gráfico Miolo e Capa
Heraldo F. de Almeida
Impressão
Facioli Gráfica e Editora Ltda.
Fone: 11- 6957-5111 — São Paulo-SP
OS PURITANOS é uma publicação trimestral da CLIRE — 
Centro de Literatura Reformada
R. São João, 473 - São José, Recife-PE, CEP 52020-120
Fone/Fax: (81) 3223-3642
E-mail: ospuritanos@gmail.com
DIRETORIA CLIRE: Ademir Silva, Adriano Gama, Waldemir 
Magalhães.
3, 2010 – Revista Os PuRitanOs 3
Depravação Total — 
O que Isto Significa?
“Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque.” (Ec.7:20)
Dr. Joel Beeke
Há seis meses me encontrei com uma mulher que conheci ainda quando criança. Não a tinha vis-to há mais de 30 anos. Ela me disse: “Quero lhe 
agradecer por uma coisa que você me falou quando ain-
da éramos jovens”. Então explicou que nós estávamos 
numa reunião de jovens e ela me teria dito que estava 
com problemas com a doutrina da predestinação. Pensa-
va: “Como pode um Deus bom mandar qualquer pessoa 
para o inferno?”. Ela afirmou que eu teria dito: “Eu tam-
bém tenho problemas com a doutrina da predestinação, 
mas meu problema é o oposto do seu problema; meu 
problema é: ‘Se temos um coração tão corrupto, como 
é possível Deus mandar um de nós para o céu?’”. Ela 
acrescentou que naquele momento eu teria dito ainda: 
“Minha única esperança é a eleição soberana”. 
Aqui temos a raiz do problema. Se o homem não é 
tão mal como Romanos 3 afirma, se nossa natureza não 
for tão corrupta como o apóstolo Paulo diz que é, e se 
de fato nós temos condições de fazer alguma coisa es-
piritualmente boa por nossa própria força, então, com 
certeza a eleição seria ofensiva para a natureza humana 
porque de fato, na essência, nós teríamos a capacida-
de de nos salvar a nós mesmos escolhendo a Deus por 
nosso livre arbítrio. Mas se de fato o homem é tão mal 
e maligno como Paulo descreve, pela graça eu aprendo 
a amar a eleição, não como um inimigo, mas como um 
amigo. A eleição é um amigo do pecador porque prega 
que há um caminho para mim em Deusquando em mim 
não há nenhum caminho, por causa do pecado. 
Vejamos uma definição de Depravação Total. A de-
pravação total é nosso demérito que nos faz merecer 
o inferno; é a nossa corrupção decorrente do pecado 
original e dos pecados atuais, diante de um Deus que é 
santo; por causa desta corrupção somos incapazes de 
apagar nosso demérito e de fazer qualquer coisa que 
mereça o favor salvífico de nosso Deus. 
Essa definição implica em 4 coisas:
1) A Depravação Total é inseparável do pecado. 
O pecado está no coração, na essência do nosso pro-
blema. A Bíblia nos diz que o pecado é a transgressão 
da Lei de Deus; é qualquer falta de conformidade com a 
Lei moral de Deus; envolve nossos atos, nossas atitudes 
e a nossa natureza, seja por comissão ou por omissão. 
Omissão significa não fazer as coisas que a Lei exige 
serem feitas; comissão significa fazer as coisas que a 
Lei proíbe serem feitas. 
Há três palavras importantes no Novo Testamento 
relativas ao pecado. 
a) A primeira é delito que literalmente significa “não 
atingir o alvo”. Imagine um arqueiro que mira o alvo 
com sua flecha, mas não o acerta; ou um pai ensinando 
ao filho a atingir o centro do alvo. Ele treina seu filho a 
usar o arco, mas o filho não consegue atingir este alvo. 
É isso que Deus diz a nosso respeito. Em Adão Deus nos 
fez perfeitos e retos e fomos criados com capacidade de 
alcançar o centro do alvo, de glorificá-lo e honrá-lo, mas 
em nossa queda profunda em Adão não mais consegui-
mos alcançar este alvo. Todo dia vivemos neste pecado 
original. Não adianta o quanto nos esforçamos para 
limpar nossas vidas exteriormente. Martinho Lutero 
disse que o pecado original é como a nossa barba, pois 
nós a tiramos hoje e pensamos que tudo está limpo, 
mas no outro dia já está crescendo novamente. Nós 
estamos sempre errando o alvo que Deus estabeleceu. 
Todo pensamento pecaminoso que nos vem à mente, 
toda palavra pecaminosa que pronunciamos, todo ato 
pecaminoso que praticamos, surgem dessa “barba” de 
pecado. Como ovelhas temos nos desviado, não temos 
alcançado o alvo. Todos somos pecadores. 
b) A segunda palavra do Novo Testamento usada 
para se referir ao pecado é transgressão. Esta palavra 
ilustra a Lei de Deus como uma cerca demarcatória. A 
Lei de Deus é a linha de demarcação. Deus diz: “não 
4 Revista Os PuRitanOs – 3, 2010
JOel Beeke
faças isso”. Transgressão é ultrapassar 
a linha demarcatória, é violar o espaço 
que é de Deus. Nós transgredimos con-
tra o Criador Santo. 
c) A terceira palavra é desobediên-
cia. Isso pode significar também de-
sobedecer ao grande mandamento de 
amar nosso próximo e a Deus acima de 
todas as coisas. 
Por natureza somos culpados de ter 
cometido todos estes três tipos de pe-
cados, pois nunca estamos amando a 
Deus acima de todas as coisas e ao nos-
so próximo como a nós mesmos. A cada 
momento, a cada segundo, estamos pe-
cando contra a Lei de Deus. O pecado 
é o que nos separa de nosso criador. 
Ele nos afastou do paraíso e nos levará 
ao inferno se não nos arrependermos 
e crermos no evangelho. O pecado 
é algo feito contra Deus. O pecado é 
odiar a Deus. O pecado luta contra a 
verdadeira essência de Deus. O pecado 
de fato tenta tornar Deus não Deus. O 
pecado lança um desafio contra a glória 
de Deus. Por isso entendemos que isso 
é nossa depravação natural; queremos 
nos tornar Deus e nos colocarmos no 
trono destronando-o de seu lugar. Isso 
é nossa depravação!
Na livraria da Universidade que es-
tudei havia um grande cartaz colocado 
na porta com a figura da terra. Em cima 
da terra havia um pequeno homem e ao 
lado dele havia algumas palavras que 
diziam: “Eu sou o Deus desta terra”. Este 
é o retrato de todo homem.
2) As Escrituras nos ensinam que 
a Depravação Total é algo primordial-
mente interior. 
O Senhor Jesus disse o que corrompe 
o homem não é aquilo que ele toca, mas 
é o que vem de dentro dele. A deprava-
ção age em nossa vida interior, causa a 
poluição de nossa natureza de dentro 
para fora. Isso se manifesta em nossas 
emoções e afeições. Nunca estamos 
obedecendo ao espírito da Lei. A cul-
pa de Adão não somente foi imputada 
em nossa conta, mas herdamos a sua 
poluição. Quando eu cheguei ao Brasil, 
fui advertido de que não deveria tomar 
água da torneira, pois talvez me trou-
xesse problemas. De uma forma muito 
mais profunda a depravação total signi-
fica que tudo vem de uma fonte que nos 
envenena. Se a fonte tem veneno, tudo 
que chega por meio dela vai nos trazer 
problemas. Por isso, tudo que nós faze-
mos é poluído e manchado pelo pecado.
3) Quando nos olhamos de uma 
forma exigente como seres humanos, 
caídos em Adão, não somente há algu-
ma coisa errada interiormente em nós, 
mas há também algo terrivelmente er-
rado com todas as partes de nosso ser. 
Nossas mentes são depravadas, nos-
sa consciência é depravada, nossa von-
tade está escravizada ao pecado. Isso 
não significa que o homem se torna 
um animal ou como um tipo de diabo, 
como muitos ensinam. E também não 
significa que sempre estamos agindo 
com o pior tipo de depravação que 
poderíamos agir. Se assim fosse, todos 
nos mataríamos uns aos outros. Mas o 
que isso significa é que jamais pode-
mos fazer algo que é completamente 
bom. Deus, em sua graça, restringe o 
pecado e nos impede de nos entregar-
mos completamente à nossa total de-
pravação. Se entendermos dessa forma, 
chegaremos inevitavelmente ao cora-
ção da nossa depravação. Quando Deus 
olha nossas afeições, vontades, cons-
ciências ou qualquer ponto de nossa 
natureza, Ele não encontra nenhuma 
parte que não esteja contaminada pelo 
pecado. Somos alienados de Deus por 
natureza.
João Calvino disse: “Não tem homem 
na face da terra que entenda sequer um 
por cento da realidade da sua depra-
vação”. Certo puritano falou: “Nossos 
corações, por natureza, são fábricas do 
diabo”. Jonathan Edwards falou: “Quan-
do olho para meu próprio coração, vejo 
um abismo mais infinitamente profun-
do do que o próprio inferno”.
4) A depravação naturalmente pro-
cura dominar as nossa vidas. 
Paulo deixa isso claro em Rm. 6:16 
quando diz que somos por natureza es-
cravos do pecado. “Não sabeis que da-
quele a quem vos ofereceis como servos 
para obediência, desse mesmo a quem 
obedeceis sois servos, seja do pecado 
para a morte ou da obediência para a 
justiça?”. Aqui chegamos à essência do 
assunto. Um escravo é propriedade do 
seu senhor, ele não tem tempo para si 
mesmo, não tem nenhuma posse, não 
pode usufruir seus talentos para si mes-
mo somente, não tem riquezas pessoais, 
não tem nenhum momento em sua vida 
em que possa desfrutar consigo mesmo, 
pois é sempre propriedade do seu se-
nhor. Da mesma forma Paulo diz: “Por 
natureza você era escravo do pecado”. 
Antes da graça entrar em sua vida o 
pecado era seu dono, ele lhe domina-
va, era seu o rei, seu déspota absolu-
to; o pecado lhe controlava. É isso que 
Paulo está dizendo em Romanos 3. Por 
natureza somos propriedade do peca-
do. Não há nenhum momento em que 
não sejamos posse do pecado. Não há 
nenhum talento que o homem natural 
desempenhe que não seja manchado 
pelo pecado. Moramos em um mundo 
onde só há escravos do pecado; o Brasil 
é um país de escravos, a América do 
Norte e do Sul são continentes de es-
cravos do pecado. As multidões estão 
escravizadas ao pecado. 
Meu amigo, se hoje você é um incré-
dulo, saiba que está sob o domínio do 
pecado; suas omissões fazem parte do 
seu pecado; mesmo quando fica calado, 
ainda assim, é propriedade do pecado. 
Seus atos são propriedades do pecado, 
porque por natureza somos viciados 
nele. Temos o pecado em nós como 
uma doença que não tem cura. Toda 
3, 2010 – Revista Os PuRitanOs 5
DePRavaçãO tOtal – O Que istO significa?
nossa cabeça está doente, da cabeça 
até os pés somos pecadores miseráveis 
na presença de Deus. 
5) O salário do pecado é a morte. 
O pecado tem uma colheita. Se você 
serve ao pecado, vai receber o salário 
do pecado. Isto é o universo moral. Um 
dia os anjos vão chegare começar a co-
lheita do juízo. Foi ordenado ao homem 
morrer uma só vez e depois disso o juízo. 
O juízo sobre o pecado é a morte física, 
morte espiritual, separação de Deus e 
morte eterna; é afastamento do favor 
de Deus no físico e na alma, para sem-
pre no inferno. Inferno é o que Deus 
acha do pecado, Ele aborrece e condena 
todo pecado, externo e interno. O Deus 
que é luz, e no qual não há nenhuma 
sombra de treva, não tolera o pecado. 
Há outro lugar que nos fala o que 
Deus acha do pecado; é um lugar que 
nos ensina mais do que o próprio infer-
no e esse lugar é o Gólgota. Ali naquele 
lugar Deus mostrou seu ódio contra o 
pecado de tal forma que derramou sua 
ira sobre seu próprio Filho unigênito, 
na cruz. A agonia, o sangue, a coroa de 
espinhos, a ferida no seu lado, tudo isso 
foi necessário para salvar pecadores 
como você e eu. 
O Gólgota não era um lugar bonito. 
Tive o privilégio de visitar este lugar. 
Hoje é um lugar muito comercializa-
do, um local turístico e limpo, mas na 
época de Jesus não era assim. Ali havia 
crânios e esqueletos e carne humana 
em decomposição espalhados por todo 
lugar. Três cruzes rudes e cheias de 
sangue foram erguidas neste lugar e 
três ensanguentados corpos nus foram 
fincados nestas cruzes. O homem da 
cruz do centro foi tratado como o maior 
criminoso de todos os tempos, todo in-
sulto foi colocado sobre ele; os solda-
dos, os expectadores, os sacerdotes e os 
anciãos com suas vestimentas próprias 
do seu ofício, todos se dirigiam ao Se-
nhor Jesus ridicularizando e desafiando 
seu poder. Uma voz apenas se levantou 
em seu favor. Era a voz de um despre-
zado assassino. As mulheres com mente 
impura se calaram e os discípulos que 
amavam o Senhor Jesus, covardemen-
te correram para longe. Ninguém olha-
va nos seus olhos para dizer: “Senhor, 
nós entendemos o que estás sofrendo”. 
Jesus foi alienado da casa de Seu Pai. 
Seus amigos e irmãos o desampararam; 
ele foi desamparado não pelo homem 
apenas, mas desamparado pelo próprio 
Pai. “Meu Deus, meu Deus, por que me 
desamparaste?”. 
Jesus foi também desamparado pela 
própria natureza. O sol se escondeu e 
não quis brilhar sobre Ele. A face do Pai 
que sempre olha o rosto de Seu amado 
Filho se virou para outro lugar. É isto o 
que Deus acha do pecado! O pecado foi 
visto de forma horripilante ao se ouvir 
o estrepitar dos trovões no Sinai, mas 
o pecado é ainda mais aterrorizante e 
amargo na visão do Gólgota. Seu Sal-
vador foi desamparado e entregue nas 
mãos mais cruéis do planeta. Jesus foi 
afastado de tudo que é bom e bonito. Ali 
naquela cruz Ele pagou o preço comple-
to por nossos pecados. 
Seria possível imaginar o Senhor 
derramando seu sangue em vão? Pode-
mos imaginar o Pai derramando sangue 
de Seu Filho sobre todas as pessoas que 
vivem na terra e tudo isso sendo feito 
em vão? De forma alguma! Ele derra-
mou seu sangue para os Seus amados 
da mesma forma que ele ora em favor 
dos seus escolhidos. 
Amigo, se você é um crente, saiba 
que Ele orou em seu favor, sofreu em 
seu lugar; e quando você enxerga como 
é infinita a depravação do seu ser, do 
seu pecado, aí então pode ver o quanto 
isso custou ao seu Salvador. No fundo 
do seu ser você já sabe que não tem 
capacidade para ir à Cristo por sua 
própria força, pois tu és demasiada-
mente maligno. Mas Jesus fez tudo em 
seu favor, Ele o escolheu; fez expiação 
por você; manda seu Espírito com sua 
graça irresistível para atuar em você; 
Jesus lhe preserva até o fim. Quando 
sua alma está se aproximando de uma 
forma experimental da cruz do Calvá-
rio e, sob a luz desta cruz você enxerga 
sua total incapacidade, e a capacidade 
total do Salvador, você clama: “Senhor 
eu creio, ajuda-me na minha increduli-
dade”. Naquela cruz você aprende que 
Ele pode torná-lo aceitável no dia do 
Seu poder por meio do Seu sangue. Ele 
pode lhe dar afeições limpas e uma 
consciência purificada por meio do Seu 
sangue e por meio dele Cristo vence 
sobre você como seu Senhor para que, 
no momento que crer e se arrepender, 
o pecado não mais tenha domínio so-
bre sua vida. Você foi libertado, puri-
ficado e experimenta agora a paz que 
vai além do entendimento e glorifica 
ao Deus vivo. 
Foi isso que nossos pais defenderam 
sobre a natureza radical do pecado e da 
natureza radical da graça: um pecador 
pobre e um Salvador rico.
Dr. Joel Beeke
O juízo sobre 
o pecado é a 
morte física, 
morte espiritual, 
separação de Deus 
e morte eterna
6 Revista Os PuRitanOs – 3, 2010
A Corrupção do Homem
“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados”(Ef.2:1)
Robert Selph
Em Efésios 2:1-3 Paulo descreve a condição do homem antes da sua conversão. Ele está falando para crentes e depois de descrever a condição 
do homem caído, ele diz no versículo 4: “Mas Deus...”. 
Deus fez algo maravilhoso na vida daqueles homens, 
agora santos. Mas antes de se regozijar do que Deus 
fez, o crente precisa ver o que ele era antes da conver-
são. Não vamos considerar o estado legal do homem, 
como está referido no final do versículo 3: “... éramos 
por natureza filhos da ira como também os demais”. Esse, 
de fato, era o estado legal destas pessoas não conver-
tidas, diante de um juiz reto, a quem eles haviam ofen-
dido com seus pecados. Mas o que vamos fazer é olhar 
para o estado moral do homem. 
Deus criou o homem reto, espiritualmente vivo à 
imagem de Deus. Ele tinha comunhão com Deus; tinha 
livre arbítrio, uma livre vontade de buscar comunhão 
com seu criador. Em Eclesiastes 7:19 vemos que Deus 
fez o homem reto, justo, mas ele foi atrás de muitas 
invenções próprias. Deus proibiu que ele comesse do 
fruto da árvore do bem e do mal, caso contrário mor-
reria. Eva tomou do fruto e comeu. Ao seu marido, que 
estava com ela, deu do fruto e ele comeu sem adverti-la 
de que não deveria fazer isso. Espiritualmente e ime-
diatamente eles morreram. Paulo descreve isso como 
uma catástrofe sem paralelo, em Romanos 5:12 - “... por 
um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a 
morte, assim também a morte passou a todos os homens 
porque todos pecaram”. É como se você estivesse estado 
lá. Você comeu o fruto quando Adão comeu; quando 
Adão desobedeceu, era você desobedecendo; quando 
Adão pecou, você pecou; quando Adão morreu você 
morreu — 1 Co.15.21-22: “Visto que a morte veio por 
um homem, também por um homem veio a ressurreição 
dos mortos. Porque assim como em Adão todos morrem, 
assim também todos serão vivificados em Cristo”. 
Então, quando o homem morreu, algo devastador 
aconteceu com a alma desse homem. O homem mor-
reu e não mais havia vida nele. Sua mente espiritual já 
não pensava em Deus, pelo menos com pensamentos 
reverentes; o coração já não pulsava com amor para 
com Deus; a boca não mais tinha sede de justiça; o es-
tômago não mais tinha fome de justiça; os seus braços 
já não queriam abraçar a Deus; espiritualmente não 
tinha mais seus sentidos funcionando. Já não se ouvia 
mais a voz do pastor; já não se via mais a beleza da Sua 
santidade; já não se experimentava mais a doçura do 
Seu amor; já não se sentia mais o imprimir do Espírito 
Santo na alma; já não se sentia mais a fragrância que 
existe em Jesus, o Lírio do Vale. 
Para pecadores o Cristianismo é apenas mais uma 
religião. É uma coisa boa para se estar envolvido. A 
Igreja preenche a sua vida social. É difícil imaginar o 
corpo vigoroso de um atleta ou a mente perspicaz do 
erudito ou a personalidade viva de um ator e ver que 
todos estejam mortos! Mortos na esfera mais crucial 
— a alma. Efésios 4:18 nos diz que não há mais vida 
— “alheios a vida...”. Todos os homens continuam nas-
cendo e não estão meio mortos como alguns dizem, e 
sim que não têm nem sequer o suficiente de vida para, 
pelo menos, ter fé. A Bíblia diz que estão totalmente 
mortos. 
O texto sugere que este estado de morte tem algo 
a ver com delitos e pecados. Esta morte está ligada à 
atividade moral e à área em que esta atividade é pratica-
da. Se Deus não está controlando, energizandoa razão, 
a vontade, as emoções, os sentimentos, então alguma 
outra coisa está fazendo isso. Pessoas que estão mortas 
são, na verdade, muito ativas, mas estão controladas e 
energizadas por uma natureza depravada decaída. Per-
cebam que Paulo usa duas palavras cuidadosamente 
escolhidas e que dão uma visão muito cristalina da na-
tureza humana. Toda maldade está ligada a estas duas 
palavras:
3, 2010 – Revista Os PuRitanOs 7
a cORRuPçãO DO HOmem
DELITO → Vem da palavra grega 
paraptōma, que significa se desviar do 
caminho certo, girar para o lado, passar 
por cima de um limite conhecido. Você 
ao caminhar vê um sinal que diz que 
é proibido ultrapassar, mas você passa 
além do limite sinalizado. Este é o 
significado da palavra DELITO. 
PECADO → Do grego hamartia, que 
significa errar o alvo, fracassar no 
propósito de se fazer alguma coisa. É 
usado no grego clássico para se referir 
a um homem atirando a sua lança ou 
poderíamos imaginar o flecheiro usando 
seu arco e flecha numa competição, mas 
a flecha não atinge o alvo onde deveria. 
Esta palavra também significa fracassar 
em obedecer, fracassar em atingir o 
alvo, o padrão. “Pois todos pecaram e 
destituídos estão da glória de Deus”. 
Então, aqueles que não são regene-
rados, estão sempre fazendo o que Deus 
proíbe. Ou seja, nunca estão fazendo o 
que Deus requer. Pecado é a quebra da 
Lei de Deus, isto é, os dez mandamen-
tos. O pecado é a transgressão da lei (I 
Jo.3:4). É não fazer o que a lei ordena 
que façamos. O catecismo diz que o pe-
cado é a falta de conformidade com a 
lei de Deus ou a transgressão desta lei. 
Estas duas palavras (delito e pecado) 
abrangem toda esfera de comporta-
mento: pensamentos, desejos, emoções, 
ações e palavras que proferimos. 
A palavra morte da qual falamos é 
uma “morte viva”. O homem está espi-
ritualmente morto, mas mesmo assim 
está em atividade. Paulo mostra com 
que se parece esta atividade. Há três 
palavras que vemos no texto: andas-
tes (v.2), andamos (v.3), éramos (v.3). O 
texto dá quatro descrições bem claras 
que envolvem esta atividade em todo 
homem não regenerado. 
1. Ele descreve a esfera, o escopo onde 
toda esta atividade se desenvolve. Tudo 
está relacionado com “delitos e pecados”. 
2. Mas podemos ver o padrão onde ela 
é exercida. Isto é o “curso deste mundo”. 
3. Podemos ver também o poder que a 
governa. É o “príncipe da potestade do ar”. 
4. Vemos também as motivações cons-
cientes que lhe dão origem. Elas surgem 
da natureza ou da concupiscência da car-
ne, ou da “vontade da carne”.
1. O texto é uma descrição muito di-
reta da natureza do homem e você per-
gunta: Será que não há virtudes no ho-
mem? Será que não há um só momento 
em que o homem esteja fora do descrito 
aqui? Será que o homem não converti-
do não tem alguns bons pensamentos, 
bons desejos e boas ações? Você talvez 
esteja se lembrando de pessoas que 
vivem de forma positiva na sociedade, 
nas suas famílias e na igreja; elas dão 
duro trabalhando; talvez nem falem 
palavrões ou amaldiçoem a outros; são 
pessoas boas para com seus cônjuges 
e filhos e que trabalham para suprir as 
necessidades da sua casa; são honestas 
com seus semelhantes; estão dispostas 
a fazer qualquer coisa por você. Mesmo 
assim, o apóstolo descreve o homem 
desta forma, nesta condição espiritual: 
A verdade é que os homens não são tão 
maus tanto quanto poderiam ser e Pau-
lo não diz que o homem não é capaz de 
fazer algum bem em algum momento 
da sua vida, mas que tudo aquilo que o 
inconverso faz de bom é pecado. Mes-
mo que esteja batalhando e trabalhan-
do por sua família, ele não está fazendo 
com os olhos voltados para a glória de 
Deus. A verdade é que ele nunca está 
fora do domínio do pecado em tudo isso. 
O apóstolo Paulo, tomou todas suas 
qualidades morais e espirituais, seu pe-
digree e suas realizações religiosas pra-
ticadas antes de se converter, juntou-as 
todas como obras de justiças e, falando 
a respeito de si mesmo, disse que tudo 
aquilo era tão bom quanto o lixo (Fl 3:8). 
Paulo disse que antes de se converter, 
se enquadrava nessa descrição do texto 
de Efésios 
 2. O padrão. (v.2) “... nos quais ou-
trora, andastes no curso deste mundo”. A 
palavra “andastes”, não tem a ver com 
uma passada ou outra, mas com um ca-
minhar constante. É o curso inteiro da 
vida, é a forma como se vive. É como 
diz João: “Se andarmos na luz como ele 
está na luz, temos comunhão uns com 
os outros”. O andar descrito no texto de 
Efésios é o andar nos delitos e pecados. 
Pessoas que andam em seus pecados 
passam o dia inteiro envolvidos com 
eles, cercados e vestidos com eles e de-
sejosos dos mesmos. A frase, “segundo 
o curso...” na verdade envolve uma pre-
posição, e significa “de conformidade 
com” ou “coerentemente com”. É como 
ler cada item de um manual, indo na sua 
ordem certa — segundo o curso deste 
mundo. O termo curso vem de uma pa-
lavra que quer dizer o soprar de. É o 
princípio vital, o espírito reinante neste 
mundo. Ou seja, todo sistema social de 
valores deste mundo é totalmente afas-
tado de Deus. Ele permeia toda socieda-
de humana. Ao fazer isso ele faz com as 
pessoas fiquem presas à sua forma de 
pensar. É um olhar secular que repudia 
Deus de seu trono. É imoral porque re-
pudia todos os absolutos. 
A palavra MUNDO é a mesma usada 
em Romanos 12: 2. “Não vos conformei 
com este mundo...”. Em 2 Timóteo 4:10, 
lemos: “Demas, tendo amado o presente 
século (mundo), me abandonou...”. Mun-
do no texto é a soma completa de todas 
as pessoas não regeneradas. “Se o mun-
do me odiar, há de odiar vocês também...”, 
disse Jesus. “Nós sabemos que somos de 
Deus, e o mundo inteiro jaz no malig-
no” (1 Jo. 5:19). Então, “curso” tem a 
ver com o sistema deste mundo. Mundo 
aqui tem a ver com os homens existen-
tes neste planeta. 
Antes de nos convertermos anda-
mos de acordo com a mentalidade do 
8 Revista Os PuRitanOs – 3, 2010
ROBeRt selPH
mundo, a nossa era presente que é 
totalmente “torta”. Nós temos que ser 
constantemente relembrados que esse 
mundo no qual vivemos, não é etica-
mente neutro. A forma de se viver o 
padrão deste mundo é completamente 
anti-Deus. Os alvos, a filosofia, o siste-
ma educacional, a mídia, todas as ativi-
dades, são governados por um padrão 
que é exatamente “o curso deste mun-
do”. O homem não convertido não con-
segue sair de dentro disso. O homem 
não convertido não vai querer ter Deus. 
Ele fala e vive sem considerar as coisas 
do Deus vivo. Os feitos humanitários 
mais bonitos podem ser feitos para o 
próprio homem sem nunca se direcio-
narem para a glória de Deus. 
3. O poder que está por trás do ho-
mem não convertido. Paulo diz que 
há um poder que está por trás desta 
atividade e os pecadores mortos estão 
andando segundo o curso deste mundo, 
envolvido em seus delitos e pecados, e 
o poder que energiza tudo isso é Sata-
nás. Alguém me questiona se eu creio 
num diabo literal e sempre respondo 
perguntando se este alguém crê na Bí-
blia. A Bíblia fala do príncipe da potes-
tade do ar e que ele está continuamente 
operando nos filhos da desobediência. 
Os filhos da desobediência estão em 
relacionamento permanente com Sata-
nás. Jesus disse em Mateus 13:38 - “... 
o joio são os filhos do maligno”. Em João 
8:44, Jesus diz: “Vós sois do diabo, que 
é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe aos 
desejos”. Ele é um assassino e quando 
o não convertido perde a calma e fica 
com sentimento de vingança para agir, 
está agindo como seu pai. Ele também é 
um mentiroso! Quando o homem enga-
na alguém, em qualquer grau que seja, 
está agindo exatamente como o seu pai, 
o diabo. 
Paulo descreve a todos os não con-
vertidos como filhos da desobediência. 
Aqui está a fonte do caráter peculiar dos 
não convertidos: desobediência. Eles 
não são persuadidos e estão andando 
segundo a mesma proposição, de acor-
do com, segundo o curso de todos os 
desejos e poderes do diabo. Em 1 João 
5:19, lemos: “Sabemos que somos de 
Deus, e o mundo inteiro jaz no maligno”.Ainda em 2 Timóteo 25-26, lemos que 
Deus nos dá o arrependimento para fu-
girmos daqueles laços do diabo. Então, 
estas forças do mal estão debaixo do 
comando do diabo e todos os pecadores 
estão seguindo sob sua orientação. Ele 
está no presente ainda trabalhando em 
todos os homens, mulheres, crianças 
não regenerados. A coisa mais assus-
tadora com respeito a isso é que nós 
não sabemos como os espíritos malig-
nos operam. Não sabemos exatamente 
como eles têm acesso à mente humana 
para controlar a operação da mente. 
Não sabemos como eles fazem com 
que pessoas não regeneradas andem 
segundo sua vontade e estejam debaixo 
do seu controle. Satanás está realmente 
engajado com todas as suas forças nes-
se trabalho e ele nunca descansa. 
O homem moderno que é orgulho-
so, “nariz em pé”. Ele é uma pessoa 
“muito instruída” para crer que existe 
um diabo que mexe com o indivíduo e 
jamais reconhece que está debaixo de 
uma escravidão. Mas, a razão porque 
os homens não crêem em Jesus Cris-
to é por que o diabo está ativamente 
trabalhando nas suas mentes. É o que 
se lê em 2 Co 4:4. Mas quando chega 
o Dia do Senhor quando a Palavra é 
pregada dos púlpitos, os homens não 
regenerados, ao invés de estarem na 
igreja, preferem estar praticando al-
gum esporte ou assistindo a algum 
jogo pela TV. Estão afundados no seu 
materialismo, no conforto de seus lares 
ou trabalhando no jardim. O que é que 
está por trás dessa indiferença quanto à 
pessoa de Deus? Será que eles pensam 
que vão viver eternamente? Você fala 
para estas pessoas da eternidade que 
virá e apela para que elas se arrepen-
dam e se voltem para Deus e nada. Eles 
estão enterrando alguém da família e 
devem ser os próximos da fila, mesmo 
assim continuam completamente in-
diferentes ao fato de que um dia irão 
comparecer diante de Deus. Tudo isso 
porque há um espírito atuando dentro 
deles, fazendo com tenham uma visão 
muito curta das coisas espirituais e não 
conseguem enxergar a Deus.
4. Motivações. No versículo 3 Paulo 
faz uma descrição mais genérica. Diz: “... 
andamos outrora, segundo as inclinações 
da nossa carne” e vai para o lado mais 
específico: “fazendo a vontade da carne 
e dos pensamentos”. Repare que ele fala 
isso a respeito de todos os homens. Ele 
diz: “nós andamos”. Paulo está falando 
tanto de gentios como de judeus. 
Vamos ver primeiro a descrição mais 
genérica: “... andamos outrora”, signifi-
ca sermos energizados para... Está no 
passivo grego e significa uma atividade 
contínua e habitual. É algo que acon-
tece de forma contínua, constante. É 
a mesma palavra usada em 2 Co.1:12: 
“temos vivido”. É uma vida toda, um 
comportamento constante que é feito 
na carne. É verdade que esta palavra 
“carne” é usada com grande flexibilidade 
na Bíblia como aquele versículo que diz: 
“Aquele que é nascido da carne é carne”. 
Está falando ali do nascimento físico. 
Mas aqui está falando da totalidade 
da natureza humana toda afastada de 
Deus, que está sob o domínio do pecado. 
Há uma disposição interior em todo o 
emaranhado das faculdades, aptidões 
e disposições do homem (a mente, os 
sentimentos, a vontade) e como ope-
ram. Assim Paulo disse Romanos 7:18: 
“em minha carne não habita bem algum”. 
Os desejos da carne são como um ado-
lescente que diz querer fazer aquilo que 
ele bem entende. “Pai deixe-me fazer o 
que eu bem entenda”. Você pode ser um 
provedor do pão de cada dia que traba-
3, 2010 – Revista Os PuRitanOs 9
a cORRuPçãO DO HOmem
Todo sistema social 
de valores deste 
mundo é totalmente 
afastado de Deus.
lha arduamente em favor de sua família 
e até faz todo bem possível na comuni-
dade, mas não se curva à Lei de Deus. 
Por isso não pode manter comunhão 
com Deus e, portanto, não vive para 
Sua glória. Em síntese este homem diz: 
“Estou feliz, deixe-me em paz!”.
 Agora vamos ver a descrição mais 
específica. Enquanto vivemos nesta 
esfera generalizada, estamos fazendo 
constantemente a vontade da carne 
e dos pensamentos. CARNE e PENSA-
MENTOS. A palavra carne significa 
aquela natureza inferior, apetites ani-
malescos. Eles estão dizendo: matem a 
minha fome! Gratifiquem-me! Então, a 
vontade do homem tira o chapéu e faz 
exatamente o que a carne pede. 
Mas ele usa também a palavra men-
te, pensamentos. Em Cl 1:21 Paulo diz 
que “noutro tempo éramos estranhos e 
inimigos no entendimento”. Paulo era 
um fariseu que cultuava a Deus, mas 
como cultuava? Na ignorância, ele diz. 
A sua mente carnal dizia: Você quer ser 
alguém agradável a Deus? Junte muitas 
boas obras e assim estará honrando a 
Deus; você não precisa aceitar os ensi-
nos a respeito da graça, você é capaz de 
agradar a Deus com suas capacidades e 
com tudo que faz. Esse é o arrazoado de 
uma mente carnal. Fazer ou cumprir a 
vontade da mente. A palavra “fazendo”, 
no grego é poieu. Significa fazer com 
que aconteça. Está no presente do par-
ticípio, é uma ação duradoura que sig-
nifica constantemente fazendo, sempre 
cumprindo, habitualmente realizando 
atos que satisfazem os desejos de uma 
natureza má e de pensamentos maus. 
A palavra “desejos”, que é aqui 
traduzida por vontade, keleimatar, é 
a palavra que dita uma ordem. Será 
que este quadro não é vivo e claro o 
suficiente? Nós estamos sob a ditadura 
dos nossos maus pensamentos, da nos-
sa má natureza. Creio que temos lições 
vitais dessa descrição. Eu creio que essa 
afirmação é um dito eloquente acerca 
da universalidade do pecado. Ou seja, 
todos os homens estão debaixo dessa 
corrupção. Veja que Paulo disse que “to-
dos nós andamos outrora”. Todos os se-
res humanos estão debaixo e incluídos 
nele, não dá para escapar. Não importa 
quão rico, instruído ou religioso sejam. 
Também fala de tudo que se refere a 
nós. Que os pecadores nunca conse-
guem ficar acima da sua própria carne 
e seus desejos. Tudo que fizemos antes 
do Espírito de Deus habitar em nós, era 
feito para satisfazer os desejos da nossa 
carne e da nossa mente. 
Eu creio que não é apenas uma afir-
mação eloquente acerca do pecado, mas 
é um testemunho que fala a respeito da 
escravidão do mal e na qual os homens 
estão presos. Precisamos entender isso 
para podermos compreender a natu-
reza da vontade. Se compreendermos 
de onde veio a nossa salvação, chega-
remos ao “coração” do Evangelho. Por 
isso Lutero escreveu um livro com o tí-
tulo, “A Escravidão da Vontade” (“Nasci-
do Escravo” - Editora FIEL). 
J.I. Packer citou de Spurgeon: “Eu con-
cordarei com Martinho Lutero naquela 
sua grande afirmação quando disse: ‘Se 
qualquer homem pensa que pelo menos 
um mínimo da sua salvação dependeu 
do seu livre-arbítrio, ele nada sabe da 
graça e nada aprendeu de Jesus Cris-
to’”. Se você pensa que a sua salvação 
dependeu um mínimo do livre-arbítrio, 
você não sabe o que é salvação. O grande 
pregador George Whitefield disse que o 
homem só tem o livre-arbítrio para levá-
lo para o inferno e não para o céu. A ver-
dade é que a constante atividade do ho-
mem governada por sua vontade, como 
um todo, está em estado de pecado. 
De quem a vontade recebe as suas 
ordens? Quem é o patrão da nossa 
vontade? Ela não é um pequeno servo? 
Será que a vontade controla a carne e 
os pensamentos? Ou será que a carne e 
os pensamentos controlam a vontade? 
Paulo está ensinando que a vontade 
está escravizada à natureza humana e 
que nunca consegue agir de forma con-
trária à sua própria natureza. 
O homem é uma “caixinha de tesou-
ro” que quando aberta não revela tesou-
ro algum e sim, ferro velho e enferru-
jado. Você pode dizer que nós somos 
salvos pela fé. Mas, que fé? Em Gn 6:5 
lemos que a maldade havia se espalha-
do por toda a terra. Todos os desejos do 
coração humano eram constantemente 
maus. É esse tipo de coração que nós 
estamos desejando trazer para Cristo. 
Estamos fazendo um convite à pesso-
as que, por natureza, não querem vir 
a Cristo. Será que dá para argumen-
tarmos com aquilo que Paulo apresen-
ta? Se você luta com esse conceito da 
escravidão humana quero sugerir-lhe 
que ao chegarao seu quarto, leia estes 
versículos e ajoelhe-se diante de Deus. 
Finalmente, Paulo diz no versículo 
três: “... entre os quais também todos nós 
andamos outrora...”. Era a nossa verdade 
anteriormente, mas não é mais agora. 
Uma vez cativos, estávamos dentro do 
descrito aqui. Mas agora somos novas 
criaturas em Cristo, temos nova vida, 
nova regra, novo poder e força na 
nossa alma (2 Co 5:17). Nosso prazer 
10 Revista Os PuRitanOs – 3, 2010
está na Lei do Senhor e não na lei da 
carne. Você pode dizer estas palavras? 
Você tem certeza de que um dia já foi 
arrancado de dentro desta escravidão? 
Será que o poder da graça do Deus já se 
estendeu em sua direção e fez de você 
uma nova criatura? Será que o espírito 
de Deus veio e fez você servir de cora-
ção à lei de Deus? Será que Ele já lhe 
deu vida em Cristo Jesus? Será que já 
colocou em você o desejo de viver para 
a glória de Deus? Se a resposta é “sim”, 
dê toda glória a Ele por sua salvação! 
Em Cristo encontramos o perfeito Sal-
vador! Ele é o único que pode nos levar 
ao Deus Santo. Se você não veio ainda a 
Cristo, eu insto para que faça isso.
Robert Selph é Pastor da Igreja Batista da Graça na 
Carolina do Norte, USA. Mensagem proferida nas 
Conferências da Editora FIEL/1990, Águas de Lin-
dóia, SP. 
O Pecado
“pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”(Rm. 3:23)
Jeoffrey Thomas
Há um interesse muito grande no mundo de hoje na ciência do comportamento humano. As pes-soas tiram suas próprias conclusões a respei-
to de como os outros se comportam. Conhecemos o 
conceito de imoralidade e de crime. O marxista fala da 
alienação e o existencialista fala da existência não au-
têntica. Todas essas pessoas estão tentando fazer a sua 
própria avaliação de como o homem vive. Mas quando 
nós olhamos para a Bíblia, descobrimos nela uma pre-
ocupação muito grande com o comportamento huma-
no; temos nela uma compreensão de como funciona e 
como procura dar os remédios, as soluções para este 
comportamento. 
Mas a Bíblia não fala sobre imoralidade, não fala so-
bre crime, e não fala sobre alienação. Ela fala acerca de 
uma grande palavra — PECADO. Dessa forma a compre-
ensão do homem e a compreensão de Deus são comple-
tamente diferentes. A política, a ciência e a educação 
humana nada sabem a respeito de pecado. Mas na Bíblia 
a palavra pecado tem toda importância possível. Essa é 
uma diferença fundamental, porque todas as ciências 
humanas a respeito do comportamento humano julgam 
pela sua própria maneira de classificar e pelas diferen-
tes categorias humanas que elas mesmas inventaram. 
Falam a respeito do consenso de como certa sociedade 
encara a vida, se uma sociedade aprova ou desaprova, 
mas a Bíblia enfoca o assunto de um ponto de vista com-
pletamente diferente. Então, ela não encara a vida por 
uma perspectiva humana, mas sim pela grande norma 
da Palavra de Deus. Ela pesa e avalia por esse padrão. 
Então, o pecado não é violar a nossa consciência, 
não é ir de encontro o que a sociedade estabelece, mas 
pecado é uma violação da lei de Deus. Há três palavras, 
na Bíblia que definem o pecado. A primeira palavra sig-
nifica errar o alvo. O alvo é a lei de Deus. Deveríamos 
amar a Deus acima de todas as coisas e aos outros como 
a nós mesmos, e a Bíblia diz que toda raça humana er-
rou este alvo. A segunda palavra que a Bíblia usa para 
pecado é transgressão. É passar por cima dos limites. 
Há uma linha demarcatória e nós cruzamos essa linha. 
Deus coloca nos Dez Mandamentos a linha demarcató-
ria além da qual nós não devemos ir. Portanto, toda vida 
humana transgride essa linha demarcatória. A terceira 
palavra para representar o pecado é desobediência. É 
a grande voz de Deus dizendo esta é a minha vontade, 
e a constante resposta humana dizendo, NÃO! Então, 
quando a Bíblia diz, “todos pecaram” ela está dizendo 
que toda vida humana errou o alvo, toda vida humana 
passou por cima da linha demarcatória que Deus esti-
pulou e toda vida humana desobedeceu. 
ROBeRt selPH
3, 2010 – Revista Os PuRitanOs 11
JeOffRey tHOmas
Quais são os pontos bem distintos 
que a Bíblia mostra acerca do pecado? 
Quais são os ensinos característicos da 
Palavra a respeito do problema que o 
homem tem? 
1) A primeira coisa que nós dizemos 
é que o pecado é algo interior. É lógico 
que nós vemos pecados ao nosso redor, 
eles são visíveis. Quando nós pensamos 
em pecado, nós geralmente pensamos 
em assassinato, crueldade, ou roubo. 
Algo externo que nós podemos visu-
alizar. Isso é importante, mas a Bíblia 
exige muito mais, pois ela não olha ape-
nas para o exterior, mas olha para as 
profundezas da vida humana e diz que 
é ali que reside o pecado. Não é somen-
te aquilo que falamos ou fazemos, mas 
nossos pensamentos, nossa ambição, 
nossos desejos, nossas emoções. 
A Bíblia diz que o problema reside no 
coração do homem. O coração humano 
errou o alvo. Nós descobrimos que os 
Dez Mandamentos têm os seus para-
lelos em outras religiões, mas quando 
chegamos ao décimo mandamento, 
“não cobiçarás”, vemos que ele é único 
na Bíblia, é singular, porque Deus não 
está olhando para o lado de fora. Deus 
está olhando para o coração do homem 
e a Bíblia diz que a cobiça é um pecado. 
Talvez ela não nos leve a pronunciar 
palavras pecaminosas, não nos leve a 
ações pecaminosas, mas aquele desejo 
ardente por aquilo que pertence a outra 
pessoa, aquela sensação desconfortável 
de que aquilo não é meu, talvez não fale 
de forma audível, não aja, talvez tenha 
uma manifestação exterior, mas se já 
está no coração, já é pecado. Nós somos 
muito inclinados e crer que se conse-
guirmos dominar o pecado, prendê-lo, 
e se ele não se mostrar em uma forma 
externa, então não é pecado. Mas o N.T. 
deixa bem claro que o próprio desejo de 
pecar é pecado. Aquela concupiscência, 
aquele desejo não controlado é pecado, 
porque o pecado é algo interior.
Quando Jesus abre este assunto com 
o sexto mandamento dizendo, “não ma-
tarás”, Ele explica que isso não se aplica 
somente a alguém que bate em outro ou 
o mata com agressão física, ou bate na 
esposa, mas isso se aplica também ao 
ódio que se tem por uma pessoa. Aque-
le desejo odioso por uma pessoa, que 
talvez nunca se externe, mas que por 
dentro nos faz queimar de ódio por ela. 
Nós queremos ter uma aparência res-
peitável por fora, queremos promoção 
no trabalho, então, escondemos aquela 
ira que está lá dentro. Jesus diz que esta 
raiva é pecado. A mesma coisa Jesus diz 
com o mandamento que afirma: “não 
adulterarás”. Novamente, não é apenas 
uma questão do ato que é errado, mas a 
cobiça por uma mulher, a concupiscên-
cia. Esta cobiça no nosso coração, quan-
do a ela damos guarida, isso já é pecado. 
Portanto, pecado não é uma simples 
questão de ações, mas pecado é algo 
interior. Temos de ensinar às crianças 
que pecado é algo lá de dentro, aquele 
desejo da criança que quer mais, mais 
e mais, isso é pecado. Nós temos que 
chegar a Deus e confessar tudo isso. 
Podemos olhar para a nossa vida em 
termos de emoções e dizer às pessoas 
que Deus requer certas normas que vão 
policiar a nossa vida emocional. Quanto 
da nossa preocupação é pecado? Jesus 
diz que nós não devemos andar ansio-
sos. Quanto da nossa depressão é peca-
do? Deus chega para Elias, debaixo da-
quele arbusto e pergunta, “o que é que 
você está fazendo aqui?”. Quanto dos 
nossos temores são pecados? Ficamos 
preocupados porque as pessoas não 
têm um conceito tão alto de nós, quanto 
queríamos que elas tivessem. Algumas 
vezes nos tornamos superemocionais 
acerca de certas coisas na vida. Outras 
vezes nos reprimimos e não mostramos 
emoção suficiente. Podemos ouvir de 
certas tragédias que estão acontecendo 
na congregação e nosso coração não se 
quebranta como deveria. Vemos, então, 
que o pecado afetou a nossa vida emo-
cional como um todo. 
Como pregadores, podemos pregar 
sobre a doutrina correta, sobre o viver 
correto, mas nós temos de pregar ao 
povo sobre emoções corretas, porque 
a Bíblia está repleta de descriçõesda 
emoção autêntica. O fruto do Espírito 
é amor, alegria, paz. São emoções! Mas 
o pecado também afetou esta área da 
nossa vida. Nós não devemos pregar 
que o pecado é somente algo de pala-
vras e atos, mas como algo interior. 
2) A segunda coisa que temos de 
lembrar é que o pecado afeta o todo 
do nosso ser, da nossa existência. Não 
há momento ou área da nossa vida que 
o pecado não tenha afetado. Um dos 
grandes quadros descritivos que a Bíblia 
usa é que o homem é escravo do pecado. 
Tome este quadro descritivo e o encare 
da forma mais literal possível. O escra-
vo era propriedade do seu senhor, não 
tinha tempo que lhe pertencesse, não 
tinha propriedades, não tinha talentos 
que lhe pertencesse. Não havia sequer 
um minuto que ele pudesse dizer que 
fosse dele, pois sempre pertencia ao seu 
senhor. Paulo disse que o homem é es-
cravo do pecado, o pecado é senhor dele. 
Portanto, não há nada que ele possua 
que não pertença ao pecado. O pecado 
disse-lhe que ignorasse a Deus, que não 
lesse a Bíblia, que não orasse, que não 
fosse àquele local onde poderia ser sal-
vo e ele obedeceu. Todo homem obedece 
ao pecado. É o quadro mais assustador 
que nós temos na Bíblia. Isso mexe com 
aquela indiferença dos homens, seus ta-
lentos, suas capacidades, todo seu tem-
po, tudo pertence ao pecado. O pecado 
tem o homem como sua propriedade, 
como seu senhor. Será que você acei-
ta isso? Será que no seu orgulho você 
aceita isso? Que o pecado afetou cada 
parcela de sua vida? Que seus atos de 
justiça são trapos de imundícia? Que até 
nos seus atos de justiça ou quando faz 
12 Revista Os PuRitanOs – 3, 2010
JeOffRey tHOmas
uma reza a Maria você é escravo do pe-
cado? Que o pecado controla cada parte 
da sua vida? Este é o segundo grande 
ensinamento a respeito do pecado.
3) A terceira coisa que a Bíblia fala 
a respeito do pecado é que ele contro-
la todas as suas faculdades, cada par-
te do seu ser. Isto é o que em teologia 
se chama de Depravação Total. Não 
quer dizer que todos os homens são 
igualmente depravados; não significa 
que cada ser humano seja um animal 
irracional; não significa que todos os 
homens são diabos; que todos sejam 
tão maus quanto poderiam ser; nem 
significa que todos serão tão maus no 
futuro como são agora. Mas, na sua to-
talidade, quando Deus olha para uma 
vida humana, Ele não consegue vislum-
brar qualquer parte do seu ser que te-
nha conseguido escapar da influência 
do pecado. A minha natureza completa, 
foi estragada, massacrada, pelo pecado. 
Se os pastores pregarem esta doutrina 
ela será tremendamente ofensiva para 
a congregação, pois ela diz que tudo no 
ser humano foi corrompido e estragado 
pelo pecado. Isso exatamente o que a 
Bíblia ensina. É o ensinamento de Ro-
manos 3, é o ensinamento de Isaías, o 
profeta, pois ele diz que a cabeça toda 
está doente, o coração todo está toma-
do, toda parte da nossa existência foi 
afetada. 
Pense no intelecto humano, por 
exemplo. Você diz que isso conseguiu 
escapar do pecado. Mas é ali, no inte-
lecto humano, sobre todas as outras 
áreas, que você vê a depravação do 
pecado. Será que o cientista é neutro 
no que ele ensina? Será que ele não 
tem convicções nem preconceitos? 
Será que ele não aborda o seu traba-
lho com essa perspectiva? Será que a 
história de todas as fraudes, de todas 
falsificações, não contribui para mos-
trar isso? Isso tem a ver com a deso-
nestidade do intelecto humano. O que 
diríamos de um repórter que faz um 
programa para a TV ou um editor de 
um jornal diário. Você não vê ali uma 
objetividade, um equilíbrio na busca 
pela verdade, você vê o intelecto hu-
mano pecando. Não há neutralidade 
no intelecto humano. 
Veja a consciência do homem. Você 
pode pensar que ela está livre do peca-
do. Mas, não! Olhe para a consciência 
de um canibal. O canibal faz o que faz, 
através de sua consciência. Olhe para 
a consciência de um nazista, olhe para 
a consciência de um assassino ou toda 
maldade das religiões pagãs através 
do mundo. São maldades conscientes. 
O homem pega o Filho de Deus e cons-
cientemente pune o Filho de Deus, de 
forma consciente prega-o em uma cruz 
e acham que fazem um favor para Deus. 
Tudo isso porque também a consciên-
cia do homem foi afetada. 
 Veja a vontade humana. A vontade 
é a fortaleza da alma. Mas com força 
total esta área também foi afetada pelo 
pecado. Por que as pessoas não que-
rem chegar a Cristo? Cada um tem a 
sua desculpa. Dizem que querem mais 
evidências, mais fatos, mais tempo, pois 
ainda não foram persuadidos. Outros 
dizem que desejam crer, mas afirmam 
que não podem. Eles estão esperando 
que algo ocorra dentro deles, estão es-
perando ser convertidos. Mas a Bíblia 
não diz que eles não são convertidos, 
antes os chamam de desobedientes. 
Porque a Bíblia diz que aquele que de-
seja poderá vir, mas o homem não está 
desejoso de vir. Não é a ignorância que 
o mantém longe de Cristo, não é falta de 
autoridade em Cristo que faz as pessoas 
não se chegarem a Ele, não é que eles 
não tenham direito de se achegarem a 
Cristo, é tudo uma questão da vontade, 
porque a vontade é a cidadela da alma. 
É aí que o pecado reina em homens e 
mulheres. É aí que eles o deixam reinar. 
O pecado afeta toda nossa vida, todas 
as faculdades do nosso ser. 
4) A quarta coisa é que “o salário 
do pecado é a morte”. A morte física, o 
separar de alma e corpo, é um ato do 
juízo de Deus. Ele entrou no mundo por 
causa da nossa solidariedade com Adão. 
O meu pai Adão traiu a Deus, fez a coisa 
da sua forma e a morte passou para to-
dos os homens porque todos pecaram. 
Então, agora, a certeza da morte está 
escrita sobre todos porque toda a hu-
manidade pecou. Mas os homens não 
crêm nisso, crêm que vão viver para 
sempre. Então, nós dizemos para eles 
que aos homens está ordenado morrer 
uma só vez, e depois da morte o que 
vem? Juízo, a realidade daquilo que 
João chama de segunda morte; aquilo 
de que Jesus falou com frequência, com 
lágrimas, de um lugar onde o verme 
não morre e o fogo não se extingue; 
onde há trevas e ranger de dentes, onde 
não há alívio. Ele disse bem claramen-
te que naquele dia dirá: “apartai-vos de 
mim para o fogo eterno”. Foi Jesus que 
disse isso! Para nós, Ele não erra. Então, 
para falarmos sobre o pecado que leva 
à morte, temos de falar nisso que Jesus 
falou. Essa é a lógica do pecado: o que 
o homem semeia, ele também há de co-
lher; se você semeia um vento colherá 
tempestade; se você investe sua vida no 
pecado, pagará esse preço.
 
Estas são as 4 características do 
pecado que a Bíblia apresenta. Mas, o 
que é que Deus diz acerca do pecado? 
Ele condena o pecado! Você algum dia 
já ajuntou as várias descrições bíblicas 
acerca do pecado? Nós evangélicos so-
mos conhecidos pela nossa preocupa-
ção com o tema do pecado. Mas, ainda 
assim, as piores palavras a respeito 
do pecado, não estão nas confissões 
de fé, não foram pregadas por Lutero 
ou Jonathan Edwards, mas as palavras 
mais terríveis se encontram na Bíblia. 
As frases mais terríveis e difíceis de 
serem aceitas estão na Bíblia. Você já 
3, 2010 – Revista Os PuRitanOs 13
O PecaDO
Na sua totalidade, 
Deus não consegue 
vislumbrar qualquer 
parte da vida 
humana que tenha 
conseguido escapar 
da influência 
do pecado. 
parou para pensar como é que Deus vê 
a sociedade humana? É como uma por-
ção de porcos se revolvendo na lama, 
como uma alcatéia de lobos e cachorros 
voltando ao seu próprio vômito e o co-
mendo (2 Pe 2:22). Isso não é uma coisa 
que nos faz enojar? Imagine se Calvino 
tivesse dito isso? Mas, o Senhor Jesus, 
manso e gentil, também falou coisas 
semelhantes. A sociedade humana é 
como ninho de cobras e Isaías descre-
ve este quadro como um ser humano 
coberto de feridas dos pés à cabeça (Is 
1:6). Apocalipse descreve isso como um 
abismo que não tem fim e de repente 
toda fumaça sai dali cobrindo todo o 
mundo. Não dá para se ver mais o sol 
nem a lua e todos os olhos estão choran-
do e a respiração está difícil por causadaquela fumaça. Quando este Deus san-
to e glorioso olha para o mundo, é assim 
que Ele o vê. Diante do Deus santo, os 
anjos que jamais pecaram, escondem 
os seus olhos diante da Sua presença 
gloriosa; não conseguem olhar. 
Quer a prova de que é verdade; você 
acha que estes quadros vão longe de-
mais? Olhe para o pecado ali na cruz 
do Calvário, veja aquele homem crava-
do ali com pregos nos seus pés e em 
suas mãos, com um corpo dilacerado 
por um chicote, ISSO É PECADO! Olhe 
para a civilização ocidental hoje em 
dia, olhe para o seu histórico, veja o 
que esta civilização com o africano, por 
exemplo. Aqueles homens chicoteando 
os seus escravos enquanto cantarola-
vam. Leiam os jornais e vejam como os 
homens tratam uns aos outros, vejam 
como eles tratam as mulheres, como 
tratam as crianças. Páginas e mais pági-
nas são escritas sobre isto, e não temos 
uma só palavra de defesa a essas pes-
soas. Se tentarmos justificar, tentando 
defender estas atitudes, seremos tão vis 
como aqueles que praticam estas coi-
sas e um dia estaremos diante de Deus 
como elas para responder por estes 
atos. Olhe para a civilização ocidental 
e veja o que ela fez com o judeu, com 
seus incineradores e suas câmaras de 
gás. Veja o que a civilização ocidental 
faz com a criança ainda não nascida, 
quando milhares delas são arrancadas 
do ventre materno antes de nascerem, 
e são queimadas, enterradas e nós pas-
mos ficamos em silêncio. Toda a civili-
zação é culpada diante de Deus. Quan-
do eu falo de história, não estou falando 
de outras histórias, não estou falando 
da história a respeito da qual o homem 
irá escrever, mas eu estou falando a res-
peito da minha própria história, como 
eu sou visto, como será o arquivo que 
Deus tem da minha vida. Ousaria eu me 
defender? A minha vida não tem defesa, 
meus pensamentos, minhas fantasias e 
imaginações, minhas emoções, meus 
ressentimentos, minha autocomisera-
ção, minha inveja, meu desespero fácil, 
as minhas palavras sempre cruéis e 
duras, frias, altivas, que não carregam 
amor. Nós somos condenados por nos-
sa boca, porque as nossas palavras são 
uma espécie de barômetro do nosso co-
ração e quando nós falamos da vontade 
de Deus nós não falamos como Moisés 
com as tábuas da Lei nas mãos, descen-
do do monte. Nós estamos falando em 
solidariedade com aqueles que estão 
no vale, ouvindo aquela Lei e sabendo 
que nós mesmos também a quebramos. 
Pense nas nossas ações, o que eu fiz, 
aquilo que eu tenho feito àquelas pes-
soas mais achegadas, às que mais de-
pendem de mim, àquelas de quem eu 
dependo para viver. Fui eu que fiz, meu 
corpo, minha língua, à estas pessoas. Eu 
não preciso olhar para Ritler ou Stalin 
para descobrir as verdades da vida, pois 
eu estou bem familiarizado com tudo 
isso. Faz parte da minha história, está 
no meu arquivo diante de Deus. 
Isto faz parte do diagnóstico a res-
peito do que existe de errado no mundo 
de hoje. É um dilema imenso, que a úni-
ca forma do homem ser salvo do pecado 
é através do Filho de Deus tomar forma 
humana, viver nesse mundo e morrer 
naquela cruz do Calvário carregando 
sobre Si todos os nossos pecados. Esse 
é o único Evangelho que traz esperan-
ça aos homens. O problema grave que 
temos de falar é sobre a “incredulidade 
cristã”, por isso deve ser nosso alvo vol-
tar àquelas verdades fundamentais da 
fé cristã de forma que o nosso pleito 
diante de Deus é nos ver como culpados, 
e por isso dizer: “Ó Deus cobre a minha 
vida”. Nós devemos perder o hábito de 
desculpar os nossos pecados, e pro-
curar explicá-los dizendo a Deus: “Ah! 
Se o Senhor soubesse que pelo menos 
há algumas circunstâncias envolvidas, 
o Senhor saberia que eu estou justifi-
cado em ter agido como agi. Porque o 
Senhor sabe que os meus pecados são 
diferentes daqueles dos outros homens; 
a minha infidelidade para com minha 
esposa é pura, é diferente, é criativa”. 
Eu sei isso porque estou familiarizado 
com meu próprio coração e como nós 
nos desculpamos diante da lei e de Deus.
Robert Murray McCheynne foi um 
grande pregador escocês. Ele disse que 
a maior necessidade da sua congrega-
ção era um ministro santo. Nós temos 
de voltar àquele lugar, àquele ponto em 
14 Revista Os PuRitanOs – 3, 2010
que toda boca cessa de falar. E quando 
Deus finalmente nos concede permissão 
para falar, nós dizemos : “Deus eu me 
odeio, eu odeio aqueles que crucifica-
ram meu Salvador, porém isso não é su-
ficiente. Ah! Eu odeio aqueles que fazem 
tráfico de escravos, mas isso não basta, 
odeio aqueles que batem nas esposas e 
maltratam os filhos, mas não é suficien-
te. Quando eu olho para Deus e enxergo 
pelo Seu prisma e me vejo como um pe-
cador, tudo o que eu posso dizer para Ele 
é: Senhor eu gostaria que não fosse eu, 
Senhor eu me odeio, mas Senhor, lava-
me, torna-me mais alvo do que a neve; 
‘bem-aventurados os pobres de espírito 
porque deles é o reino dos céus’” . 
Amém.
Conferência proferida por ocasião do III Encontro 
da Fiel, 1987, em Águas de Lindóia, por Jeoffrey 
Thomas que é pastor da Igreja Batista Alfred Place 
Baptist Church em Aberystwyth, País de Gales.
Em que Sentido a 
Depravação é Total?
“Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus”. (Rm. 8:10)
Phil Johnson
Todo membro da raça de Adão nasce totalmente depravado, caído, alienado de Deus, e em escra-vidão ao mal. Em Romanos 6, Paulo chama isso 
de escravidão ao pecado. Ele diz, além disso, em Roma-
nos 6:20, que as pessoas que são escravas do pecado 
são totalmente destituídas da verdadeira retidão. To-
dos os que estão em tal estado de pecado e increduli-
dade são inimigos de Deus (Romanos 5:8,10). Eles são 
"estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas 
obras malignas" (Colossenses 1:21)".
Totalmente → A depravação humana é "total" da 
mesma forma que a morte é total. Você não pode estar 
parcialmente morto. Você pode estar muito, muito 
doente ou extremamente machucado e sendo mantido 
por aparelhos, mas você ou está morto, ou vivo. Não 
existem graus de morte.
De fato, quando a Bíblia descreve a depravação hu-
mana, normalmente utiliza a linguagem da morte es-
piritual.
Efésios 2, por exemplo, diz que as pessoas em seu 
estado decaído estão mortas em delitos e pecados — 
espiritualmente mortos (v. 1). Eles andam em munda-
nismo e desobediência (v. 2). Eles vivem segundo as 
inclinações da carne, enquanto "fazendo a vontade da 
carne e dos pensamentos" e são, "por natureza, filhos 
da ira, como também os demais" (v. 3). Eles estão "sem 
Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos 
às alianças da promessa, não tendo esperança e sem 
Deus no mundo" (v. 12).
Em Romanos 8:6, Paulo diz que "o pendor da carne 
dá para a morte". Ele está falando sobre a mentalidade 
carnal da incredulidade, descrevendo o que significa 
ser totalmente depravado. Ele segue adiante dizendo 
(v. 7-8): "O pendor da carne é inimizade contra Deus, 
pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode 
estar. Portanto, os que estão na carne não podem agra-
dar a Deus"
Em outras palavras, a morte espiritual é uma total 
inabilidade de amar a Deus, uma total inabilidade em 
obedecê-lO, e uma absoluta incapacidade de agradá-lO.
Ora, muitos não-cristãos negarão que eles são hostis 
a Deus. Mas eles estão se auto-iludindo. Na verdade, 
muitos que invocam o nome de Cristo e reivindicam 
amar a Deus não amam, de fato, o Deus da Bíblia. Eles 
amam um deus que só existe na imaginação deles — 
um deus tolerante, profano, passivo, frágil e fraco. Esse 
não é o Deus da Bíblia. O Deus da Bíblia é santo demais 
para o gosto dos pecadores. Ele é irado demais contra 
pecado. Os Seus padrões são por demais elevados. As 
JeOffRey tHOmas
3, 2010 – Revista Os PuRitanOs 15
em Que sentiDO a DePRavaçãO é tOtal
Suas leis não estão de acordo com a pre-
ferência deles. Portanto, apesar deles 
professarem amar a Deus, não amam o 
verdadeiro Deus que se revelou nas Es-
crituras. Eles não são capazes de amá-lo.
Incapacidade de Amar a Deus 
→ A incapacidade de amara Deus 
como devemos é a própria essência 
da depravação total. Ela torna-nos 
impotentes para cumprir o primeiro 
e grande mandamento: "Amarás, pois, 
o Senhor, teu Deus, de todo o teu 
coração, de toda a tua alma, de todo 
o teu entendimento e de toda a tua 
força" (Mc 12:30)". Portanto, tudo o 
que o pecador faz é permeado pelo 
pecado, porque ele está vivendo a vida 
em violação constante do mandamento 
mais importante de todos.
Por outro lado, "depravação total" 
não significa que todos os pecadores 
sempre são tão ruins quanto podem 
ser. Não significa que todo incrédulo 
viverá a sua depravação integralmente. 
Não significa que todos os não-cristãos 
são moralmente iguais a animais irra-
cionais ou serial killers. Não significa 
que pessoas de não-convertidas são 
incapazes de cometer atos de bondade 
ou benevolência para com outros seres 
humanos. Na verdade o próprio Jesus 
declarou que os incrédulos fazem bem 
às pessoas em troca do bem que é feito 
a eles próprios (Lc 6:33).
A raça humana foi criada à imagem 
de Deus. Embora o pecado tenha cor-
rompido aquela imagem, até mesmo 
não-cristãos são capazes de subir a 
altos níveis de bondade humana, ho-
nestidade, decência e excelência. De-
pravação "total" não significa que toda 
mulher não salva deve ser uma terrível 
bruxa, ou que todo homem não-crente 
é um psicopata degenerado. Significa 
que incrédulos, aqueles que estão na 
carne, não podem agradar a Deus.
Assim a palavra "total" em "deprava-
ção total" refere-se à extensão da nossa 
pecaminosidade e não ao grau em que 
nós a manifestamos. Significa que o mal 
contaminou todos os aspectos do nosso 
ser — nossa vontade, nosso intelecto, 
nossas emoções, nossa consciência, 
nossa personalidade, e nossos desejos.
O Coração Corrompido → Usando 
terminologia bíblica, o pecado 
corrompeu totalmente o coração 
humano. Jeremias 17:9 diz, "Enganoso 
é o coração, mais do que todas as coisas, 
e desesperadamente corrupto; quem o 
conhecerá?" Se o coração é corrupto, 
toda a pessoa está contaminada.
Descrevendo nossa depravação 
como corrupção do coração, as Escri-
turas deixam claro que o real problema 
conosco encontra-se no centro do nosso 
ser. Nossa própria alma é infectada pelo 
pecado. Nada em nós permanece puro. 
Nossa tendência para pecar é inflexível 
e, no final das contas, inconquistável. O 
pecado, então, define quem nós somos.
Diante de um Deus perfeitamente 
santo e impecavelmente íntegro nós 
somos profanos, pecadores, completa-
mente degenerados — não importando 
quão bons aparentemente sejamos em 
termos humanos. Ser verdadeiramente 
íntegros não é meramente difícil para 
nós; é impossível.
Isso é tão verdade sobre alguém 
como Mahatma Gandhi ou Madre Te-
resa como é sobre Adolph Hitler ou Je-
ffrey Dahmer1. A relativa bondade das 
melhores pessoas do mundo nunca é 
suficiente para merecer a aprovação de 
Deus. Seu único padrão é a perfeição 
absoluta. O melhor dos pecadores não 
chega nem perto.
Vejamos uma ilustração: suponha-
mos que todos os leitores de Pyroma-
niacs fossem enfileirados em Point 
Dume (a praia mais próxima da minha 
casa), e todos nós tentássemos nadar 
até Cingapura. A maioria de nós pro-
vavelmente se afogaria antes de atingir 
Catalina — que fica apenas a 42 qui-
lômetros. Uma coisa é certa: Ninguém 
chegaria a Cingapura. Todos nós esta-
ríamos mortos muito antes da meta ser 
atingida. Se eu fosse um jogador (e eu 
não sou) eu apostaria tudo o que tenho 
que ninguém chegaria até mesmo até 
o Havaí, que fica a menos da metade 
do caminho.
Uma pergunta: Será que aqueles 
que morreram antes de nadar duas 
milhas são piores do que aqueles que 
morreram a trinta e sete quilômetros 
da praia? É claro que não. Todos esta-
riam igualmente mortos. A meta era 
tão desesperadora para o nadador es-
pecializado e ultra-treinado, como para 
o sujeito gordo que fez seu treinamento 
sentado em frente a um computador es-
crevendo em seu blog o dia inteiro.
É assim que as coisas são com o 
pecado. Todos os pecadores estão con-
denados diante de Deus. Até mesmo os 
melhores da descendência de Adão são 
completamente pecadores no coração. 
Não importa quão bons eles possam 
parecer pela lente do julgamento hu-
mano, eles estão exatamente na mes-
ma condição desesperadora do mais vil 
degenerado — talvez até em um esta-
do pior, porque é mais difícil para eles 
reconhecerem o seu pecado. De forma 
que eles combinam o seu pecado com 
a auto-justificação.
A Religião Prova a Corrupção → As 
pessoas estão preparadas para serem 
chamadas de pecadoras no seu pecado, 
mas elas não querem ser rotuladas de 
pecadoras na sua religião. Mas isso é 
crucial: A religião humana não contradiz 
a depravação. Ela a confirma e prova. A 
religião humana coloca outros deuses 
no lugar legítimo do verdadeiro Deus. 
É a própria essência do ódio a Deus. 
É falsa adoração. Nada além de uma 
tentativa de depor o próprio Deus. É a 
pior expressão da depravação.
Lembrem-se: Foram os fariseus que 
Jesus condenou com a injúria mais se-
16 Revista Os PuRitanOs – 3, 2010
PHil JOHnsOn
vera que Ele jamais proferiu. Por quê? 
Afinal de contas, eles acreditavam que 
as Escrituras eram literalmente verda-
de. Eles tentavam obedecer rigidamen-
te à lei. Eles não eram como os Sadu-
ceus, liberais religiosos que negavam o 
sobrenatural. Eles eram os fundamen-
talistas teológicos dos seus dias.
Entretanto, eles se recusaram a re-
conhecer a falência dos seus próprios 
corações. Eles confiaram em si mesmos 
de que eram íntegros e continuaram a 
tentar estabelecer a sua própria retidão, 
em vez de submeterem-se à retidão de 
Deus (Romanos 10:3). Lembram-se do 
que eles disseram ao cego de nascença 
em João 9:34? "Tu és nascido todo em 
pecado" — como se eles não fossem.
Em outras palavras, eles rejeitaram 
a doutrina da depravação total, e isso 
conduziu à sua absoluta condenação. 
Jesus disse: "Os sãos não precisam de 
médico, e sim os doentes; não vim cha-
mar justos, e sim pecadores" (Mc 2:17). 
"Porque o Filho do Homem veio buscar 
e salvar o perdido" (Lc 19:10).
Boas Obras Corruptas → Eles 
pensavam que todas as suas boas obras 
os tornavam justos. Mas religião e boas 
obras não cancelam a depravação. A 
depravação corrompe até as formas 
mais elevadas de religião e boas obras. 
George Whitefield disse que Deus 
poderia nos condenar pela melhor 
oração que nós pudéssemos fazer. 
John Bunyan concordou. Ele disse que 
achava que a melhor oração que ele já 
tivesse feito tinha pecado suficiente 
nela para condenar o mundo inteiro. 
Isaías escreveu: "Mas todos nós somos 
como o imundo, e todas as nossas 
justiças, como trapo da imundícia; 
todos nós murchamos como a folha, e 
as nossas iniquidades, como um vento, 
nos arrebatam" (Is 64:6).
Pecadores não remidos são, portan-
to, incapazes de fazer qualquer coisa 
que agrade a Deus. Eles não podem 
amar o Deus que se revela nas Escritu-
ras. Eles não podem obedecer à lei de 
coração, com uma motivação pura. Eles 
não podem sequer compreender a es-
sência da verdade espiritual. 1Co 2:14 
diz: "O homem natural não aceita as coi-
sas do Espírito de Deus, porque lhe são 
loucura; e não pode entendê-las, por-
que elas se discernem espiritualmente". 
Incrédulos são, portanto, incapazes de 
ter fé. E "sem fé é impossível agradar a 
Deus" (Hb 11:6).
Notem: A palavra chave em tudo isso é incapaci-
dade. Pecadores são totalmente incapazes de res-
ponder a Deus, à parte da Sua graça capacitadora.
Este é o ponto de partida para um entendimento 
saudável e bíblico da soteriologia.
Extraído do www.bomcaminho.com
Confissão de Fé de Westminster
Capítulo V → Da Queda do Homem, do Pecado e do Seu Castigo
I. Nossos primeiros pais, seduzidos pela astúcia e tentação de Satanás, 
pecaram, comendo do fruto proibido. Segundo o seu sábio e santo 
conselho, foi Deus servido permitir este pecado deles, havendo de-
terminado ordená-lo para a sua própria glória.
II. Por este pecado eles decaíram da sua retidão original e da comu-
nhão com Deus, e assim se tornarammortos em pecado e inteira-
mente corrompidos em todas as suas faculdades e partes do corpo e 
da alma.
I. Ref. Gen. 3:13; II Cor. 11:3; Rom. 11:32 e 5:20-21. II. Ref. Gen. 3:6-8; Rom. 3:23; Gen. 2:17; Ef. 2:1-3; Rom. 5:12; Gen. 6:5; Jer. 17:9; Tito 1:15; Rom.3:10-18.
3, 2010 – Revista Os PuRitanOs 17
Incapacidade de Vir a Cristo
“Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o 
ressuscitarei no último dia” (João 6.44)
Robert Murray M'Cheyne
Quão surpreendente é a depravação do homem natural! As Escrituras nos ensinam isso abun-dantemente. Todo pastor fiel levanta a sua voz 
como uma trombeta, para mostrar isto às pessoas. E a 
primeira obra do Espírito Santo, no coração, é conven-
cer do pecado. 
Na Palavra de Deus, não existe uma descoberta mais 
terrível sobre a depravação do homem natural do que 
estas palavras do evangelho de João. Davi afirmou: “Eu 
nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha 
mãe” (Sl 51.5). Deus falou por meio do profeta Isaías 
(48.8): “Eu sabia que procederias mui perfidamente e 
eras chamado de transgressor desde o ventre materno”. 
E Paulo disse: “Éramos, por natureza, filhos da ira, como 
também os demais” (Ef 2.3). Mas nesta passagem de João 
somos informados de que a incapacidade do homem na-
tural e sua aversão por Cristo são tão grandes, que não 
podem ser vencidas por qualquer outro poder, exceto o 
poder de Deus. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que 
me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no últi-
mo dia” (Jo 6.44). Nunca houve um mestre como Cristo. 
“Jamais alguém falou como este homem” (Jo 7.46). Ele 
falava com muita autoridade, não como os escribas, mas 
com dignidade e poder celestial. Ele falava com grande 
sabedoria. Falava a verdade sem qualquer imperfeição. 
Seus ensinos eram a própria luz proveniente da Fonte de 
Luz. Ele falava com bastante amor, com o amor dAquele 
que estava prestes a dar a sua vida em favor de seus 
seguidores. Falava com mansidão, suportando a ofensa 
contra Ele mesmo vinda dos pecadores, não ultrajando 
quando era ultrajado. Jesus falava com santidade, por-
que era Deus “manifestado na carne”. Mas tudo isso não 
atraía os seus ouvintes. Nunca houve um dom mais pre-
cioso oferecido aos homens. “O verdadeiro pão do céu 
é meu Pai quem vos dá... Eu sou o pão da vida; o que 
vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais 
terá sede” (Jo 6.32, 35). O Salvador de que as pessoas 
condenadas necessitavam estava diante delas. Sua mão 
lhes foi estendida. Ele estava ao alcance delas. O Salva-
dor ofereceu-lhes a Si mesmo. Oh! Que cegueira, dureza 
de coração, morte espiritual e impiedade desesperadora 
existem na pessoa não-convertida! Nada pode mudá-la, 
exceto a graça do Todo-Poderoso. Ó Homem destituído 
da graça de Deus, seus amigos o advertem, os pastores 
clamam em voz alta, a Bíblia toda o exorta. Cristo, com 
todos os seus benefícios é colocado diante de você. To-
davia, a menos que o Espírito Santo seja derramado em 
seu coração, você permanecerá um inimigo da cruz de 
Cristo e destruidor de sua própria alma. “Ninguém pode 
vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer”.
Quão invencível é a graça de Jeová!
Nenhuma criatura tem o poder de atrair o homem a 
Cristo. Exibições, evidências miraculosas, ameaças, ino-
vações são usadas em vão. Somente Jeová pode trazer a 
alma a Cristo. Ele derrama seu Espírito com a Palavra e 
a alma sente-se alegre e poderosamente inclinada a vir 
a Jesus. “Apresentar-se-á voluntariamente o teu povo, 
no dia do teu poder” (Sl 110.3). “Acaso, para o Senhor 
há coisa demasiadamente difícil?” (Gn 18.14.) “Como 
ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do 
Senhor; este, segundo o seu querer, o inclina” (Pv 21.1). 
Considere um exemplo: um judeu estava assentado 
na coletoria, próxima à porta de Cafarnaum. Sua testa 
estava enrugada com as marcas da cobiça, e seus olhos 
invejosos exibiam a astúcia de um publicano. Provavel-
mente ele ouvira falar de Jesus; talvez o tivesse ouvido 
pregando nas praias do mar da Galiléia. Mas seu cora-
ção mundano ainda permanecia inalterado, visto que ele 
continuava em seu negócio ímpio, assentado na coletoria. 
O Salvador passou por ali e, olhando para o atarefado 
Levi, disse-lhe: “Segue-me!” Jesus não disse mais nada. 
Não usou qualquer argumento, nenhuma ameaça, ne-
nhuma promessa. Mas o Deus de toda graça soprou no 
18 Revista Os PuRitanOs – 3, 2010
ROBeRt muRRay m’cHeyne
coração do publicano, e este se tornou 
disposto. “Ele se levantou e o seguiu” (Mt 
9.9). Agradou a Deus, que opera todas 
as coisas de acordo com o conselho da 
sua vontade, dar a Mateus um vislumbre 
salvador da excelência de Jesus; a graça 
caiu do céu no coração de Mateus e o 
transformou. Ele sentiu o aroma da Rosa 
de Sarom. O que significava o mundo 
agora para ele? Mateus não se importa-
va mais com os lucros, os prazeres e os 
louvores do mundo. Em Cristo, ele viu 
aquilo que é mais agradável e melhor 
do que todas essas coisas do mundo. 
Mateus se levantou e seguiu a Jesus.
Aprendamos que uma simples pala-
vra pode ser abençoadora à salvação 
de almas preciosas. Frequentemente 
somos tentados a pensar que tem de 
haver algum argumento profundo e 
lógico para trazer as pessoas a Cristo. 
Na maioria das vezes colocamos nossa 
confiança em palavras altissonantes. 
No entanto, a simples exposição de 
Cristo aplicada ao coração pelo Espíri-
to Santo vivifica, ilumina e salva. “Não 
por força nem por poder, mas pelo meu 
Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 
4.6). Se o Espírito age nas pessoas, estas 
simples palavras: “Segue a Jesus”, fala-
das em amor, podem ser abençoadas e 
salvar todos os ouvintes.
Aprendamos a tributar todo o louvor 
e glória de nossa salvação à graça so-
berana, eficaz e gratuita de Jeová. Um 
falecido teólogo disse: “Deus ficou tão 
irado por Herodes não lhe haver dado 
glória, que o anjo do Senhor feriu ime-
diatamente a Herodes, que teve uma 
morte horrível. Ele foi comido por ver-
mes e expirou. Ora, se é pecaminoso um 
homem tomar para si mesmo a glória 
de uma graça tal como a eloquência, 
quão mais pecaminoso é um homem 
tomar para si a glória da graça divina, 
a própria imagem de Deus, que é o dom 
mais glorioso, excelente e precioso de 
Deus?” Quantas vezes o apóstolo Paulo 
insiste, em Efésios 1, que somos sal-
vos pela graça imerecida e gratuita? E 
como João atribui toda a glória da sal-
vação à graça gratuita do Senhor Jesus 
— “Àquele que nos ama, e, pelo seu san-
gue, nos libertou dos nossos pecados... 
a ele a glória e o domínio pelos séculos 
dos séculos. Amém!” (Ap 1.5, 6). Quão 
solenes foram as palavras de Jonathan 
Edwards, em sua obra Personal Nar-
rative (Narrativa Pessoal)! “A absoluta 
soberania e graça gratuita de Deus, em 
demonstrar misericórdia àquele para 
quem Ele quer expressar misericórdia, 
e a absoluta dependência do homem 
quanto às operações do Espírito Santo 
têm sido para mim, frequentemente, 
doutrinas gloriosas e agradáveis. Estas 
doutrinas têm sido o meu grande delei-
te. A soberania de Deus parece-me uma 
enorme parte de sua glória. Tenho sen-
tido deleite constante em aproximar-
me de Deus e adorá-Lo como um Deus 
soberano, rogando-Lhe misericórdia 
soberana”. 
Ao sentir-me à graça um grande devedor
Sou constrangido sempre, a todo instante!
Que esta graça, com algemas, meu Senhor,
Prenda somente a Ti meu coração hesi-
tante.
Robert Murray M’Cheyne (1813-1843) foi ministro 
de St Peter’s Church Dundee, Escócia (1836-1843). 
Foi um piedoso pastor evangélico e evangelista 
com grande amor pelas almas.
Confissão Belga
Artigo XV → O Pecado Original
I. Cremos que, pela desobediência de Adão, o pecado original se estendeu por todo o gênero humanol. 
Este pecado é uma depravação de toda a natureza humana2 e um mal hereditário, com que até as crianças 
no ventre de suas mães estão contaminadas3. É a raiz que produz no homem todo tipo de pecado. por 
isso, é tão repugnante e abominável diante de Deus que é suficiente para condenar o gênero humano4.

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