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Andressa Ferreira Andrade Andressa Ferreira Andrade 1- Identificar os fatores de risco e a epidemiologia do câncer de mama. 2- Descrever a fisiopatologia do câncer de mama (etiologia, patogênese e manifestações clínicas). 3- Classificar e diferenciar os tipos de cânceres de mama quanto à localização, extensão, expressão gênica e alterações genômicas. 4- Caracterizar o estadiamento usado para o câncer de mama. 5- Identificar as formas de prevenção e a importância da detecção precoce de câncer de mama, relacionando às políticas públicas de saúde. 6- Descrever a abordagem do câncer de mama associado à gavidez, indicando o prognótisco e os efeitos colaterais do tratamento para a mãe e o feto. 1- Fatores de risco e epidemiologia do câncer de mama. REFERÊNCIA: CECIL – Clínica Médica FATORES DE RISCO REFERÊNCIA: Manual de Oncologia – Harrison FATORES DE RISCO Aproximadamente metade das mulheres diagnosticadas com câncer de mama apresentam fatores de risco identificáveis além de faixa etária e sexo. Há fatores hormonais e reprodutivos específicos que aumentam o risco de câncer de mama. Além disso, alguns fatores ligados a modo de vida, dieta e ambiente também são capazes de aumentar o risco de câncer de mama. Antecedentes pessoais ou familiares de câncer de mama, assim como história de doença benigna da mama também aumentam o risco de evolução para câncer de mama. Andressa Ferreira Andrade ➢ Exposição a estrogênios endógenos/fatores reprodutivos Sabe-se que fatores hormonais e reprodutivos influenciam o risco de câncer de mama. A exposição prolongada a estrogênios está associada a aumento do risco de câncer de mama. A exposição a estrogênios é maior com menarca precoce, menopausa tardia e nuliparidade ou primeira gestação após os 30 anos. O aleitamento materno tem efeito protetor sobre o risco de câncer de mama. Nas pacientes pós-menopáusicas, a principal fonte de estrogênios é a desidroepiandrosterona (DHEA), produzida nas suprarrenais e subsequentemente metabolizada a estradiol e estrona. Nas mulheres pós-menopáusicas, níveis mais altos de estrogênios mantêm correlação com risco aumentado de câncer de mama. Maior densidade mineral óssea e maior densidade da mama à mamografia, talvez representantes de maior exposição a estrogênios em longo prazo, também foram associados a maior risco de câncer de mama. ➢ Exposição exógena aos estrogênios A participação dos estrogênios exógenos no risco de câncer de mama é complexa e tem sido extensamente estudada. Em geral, aceita-se que o uso de contraceptivos orais (COs) no passado não resulte em aumento significativo no risco de câncer de mama em mulheres com mais de 40 anos de idade. Os dados sobre o uso de CO em mulheres com história familiar de câncer de mama são conflitantes. Em um estudo, sugeriu-se que as mulheres que fizeram uso de CO antes de 1975 (formulações com doses maiores) e que, além disso, tinham um parente de primeiro grau com câncer de mama, teriam maior risco. Em outro estudo, uma avaliação realizada pela Women’s Health Initiative (WHI) da terapia de reposição de estrogênio (TRE) em pós-menopáusicas, concluiu-se ter havido aumento discreto no risco de câncer de mama entre as mulheres tratadas com uma combinação de estrogênio e progestina. O risco parece aumentar com a duração do uso. Contudo, o uso de TRE em curto prazo (menos de 4 a 5 anos) não foi definitivamente associado a aumento no risco de câncer de mama. Por outro lado, dados recentes do estudo patrocinado pela WHI demonstraram que, o uso apenas de estrogênio por pós-menopáusicas com histerectomia prévia, de fato, reduz o risco de câncer de mama. No momento, os diferentes efeitos produzidos pela combinação de estrogênio e progestina em comparação com estrogênio usado isoladamente não estão totalmente compreendidos. ➢ Estilo de vida Peso e índice de massa corporal (IMC) são considerados fatores de risco de câncer de mama, embora possam ter influências opostas sobre o risco de câncer de mama antes e após a menopausa. Nas pacientes pós-menopáusicas, nas quais a principal fonte de estrogênios é o metabolismo dos androgênios suprarrenais a estrogênios no tecido adiposo, a obesidade está associada a aumento nas concentrações séricas de estrogênios biodisponíveis e maior risco de câncer de mama. Em pré-menopáusicas, os estudos sugerem uma associação inversa entre obesidade e câncer de mama. A obesidade é frequentemente associada a ciclos menstruais mais longos e a ciclos anovulatórios, resultando em menor exposição total a estrogênios e menor risco de câncer de mama. A relação entre exercício e risco de câncer de mama permanece obscura. Há dados sugerindo que níveis maiores de atividade física em pós-menopáusicas reduziriam o risco de câncer de mama. Essa redução talvez possa estar Andressa Ferreira Andrade relacionada com a redução do IMC ou com a redução nos níveis séricos de estrogênios relacionados com o exercício. ➢ Dieta Há evidências epidemiológicas robustas indicando que o risco de câncer de mama é maior entre mulheres com consumo moderado a alto de bebidas alcoólicas (≥ 3 doses diárias) em comparação com mulheres abstêmias. Em um grande ensaio prospectivo, o Nurse’s Health Study, até mesmo o consumo baixo de álcool (equivalente a 3 a 6 copos de vinho por semana) esteve associado a aumento discreto, porém significativo, no risco de câncer de mama, com risco relativo de 1,15 (IC de 95%, 1,06-1,24; 333 casos/100.000 pessoas-ano). Os dados também sugerem que o risco de câncer de mama aumenta linearmente com o consumo cumulativo de álcool ao longo da vida, o que, por sua vez, está associado a aumento nos níveis de estrogênios endógenos. Os estudos que examinaram o consumo de gorduras em relação ao risco de câncer de mama produziram resultados ambíguos, com vários estudos de caso-controle e de coorte sugerindo no máximo aumento discreto no risco para maior consumo de gorduras. ➢ Fatores ambientais O fator de risco ambiental mais contundente para câncer de mama é a radiação ionizante. Doses moderadas a altas de radiação ionizante no tórax na juventude, como nos casos de tratamento de doença de Hodgkin, implicam risco significativo de câncer de mama mais tarde na vida. O risco é máximo nas pacientes expostas na fase pré- puberal ou na puberdade. ➢ Doença benigna da mama As doenças benignas da mama são classificadas como lesões proliferativas e não proliferativas. As não proliferativas não estão associadas a maior risco de câncer de mama. As lesões proliferativas sem atipia, tais como hiperplasia, adenose esclerosante, papilomatose difusa, cicatriz radial e fibroadenomas complexos, resultam em um pequeno aumento no risco relativo, estimado entre 1,5 e 2,0. As lesões proliferativas com atipia (hiperplasia ductal atípica, hiperplasia lobular atípica, atipia epitelial plana e carcinoma lobular in situ) estão associadas a aumento no risco de câncer de mama invasivo. ➢ Fatores de risco para câncer de mama no sexo masculino Entre os fatores de risco para câncer de mama no sexo masculino estão antecedentes familiares, mutações em BRCA2, síndrome de Klinefelter, doença hepática crônica e quadros testiculares, como orquite, criptorquidia e lesão testicular. Supõe-se que o aumento no risco de câncer de mama no sexo masculino seja secundário a um desequilíbrio entre efeitos estrogênicos e androgênicos. AVALIAÇÃO DO RISCO Há dois modelos sendo usados para avaliação do risco de câncer de mama em mulheres sem suspeita de predisposição hereditária: modelo de Gail e modelo de Claus. Com o modelo de Gail, estima-se o risco de câncer de mama específico para a idade com base em idade da menarca, idade quando do primeiro filho nascido vivo, número de biópsias prévias de mama, presença de hiperplasia atípica em biópsia anterior e número de parentes de primeiro grau com câncer de mama. Ao incluirAndressa Ferreira Andrade apenas parentes de primeiro grau, o modelo de Gail tende a subestimar o risco nas mulheres com história familiar robusta. O modelo de Claus estima o risco de câncer de mama específico para a idade em mulheres com pelo menos um parente com câncer de mama. REFERÊNCIA: Oncologia Básica – Sabas Vieira FATORES DE RISCO Entendendo-se a gênese do câncer de mama como sendo multifatorial, sabe-se que diversos aspectos genéticos, ambientais e relacionados ao estilo de vida estão implicados em sua etiologia. Agressões variadas e múltiplas a setores específicos do DNA levam ao acúmulo de lesões genéticas, sejam elas a ativação de proto-oncogenes ou a inibição de genes supressores tumorais, gerando alterações fenotípicas do tecido normal até o aparecimento do câncer de mama. Esta é a sequência de eventos que marcam a carcinogênese desta neoplasia. O câncer de mama considerado esporádico, ou seja, sem associação com o fator hereditário, representa mais de 90% dos casos de câncer de mama em todo mundo. Dados clínicos, epidemiológicos e experimentais têm demonstrado que o risco de desenvolvimento de câncer de mama esporádico está fortemente relacionado à produção de esteróides sexuais. Condições endócrinas moduladas pela função ovariana, como a menarca precoce, menopausa e gestação tardias, assim como a utilização de estrógenos exógenos, são componentes relevantes do Andressa Ferreira Andrade risco de desenvolvimento do câncer de mama. Em sinergismo com os fatores hormonais, estudos observacionais indicam que o comportamento humano relacionado ao estilo de vida como a inatividade física e os descuidos com a dieta tipo obesidade ou alcoolismo, podem contribuir para o aumento da incidência do câncer de mama em todo o mundo. Por outro lado, as neoplasias mamárias do tipo hereditário correspondem a 5 a 10% dentre os casos de câncer de mama, sendo este grupo muito relacionado a alterações de genes supressores de tumor como os genes BRCA 1 e BRCA 2 e o p53. A prevalência de mutação deletéria no gene BRCA 1 é de 1/800 na população geral, sendo mais freqüente nas descendentes de judeus asquenazes. Mulheres portadoras de mutações nesses genes têm um risco estimado que varia de 56 a 85% de desenvolver o câncer de mama durante sua vida, tendendo a apresentá-lo mais precocemente. Outras neoplasias, como as de ovário, câncer de mama em homem, cólon, pâncreas, próstata e linfoma, também foram relacionadas a alterações nos genes BRCA 1 e BRCA 2 REFERÊNCIA: Cecil – Clínica médica EPIDEMIOLOGIA O câncer de mama é o tumor que acomete com maior frequência as mulheres americanas. Nos Estados Unidos, cada ano cerca de 210.000 novos casos de câncer de mama invasivo e aproximadamente 50.000 novos casos de carcinoma ductal in situ (CDIS) são diagnosticados e cerca de 41.000 pessoas morrem de câncer de mama. Embora a maioria das mulheres tratadas de câncer de mama seja curada, recorrências tardias tornam difícil a certeza de cura em qualquer paciente individual. Em pacientes com câncer de estádio precoce que têm prognóstico bom sob todos os demais aspectos, ocasionalmente são vistas recidivas tão tardiamente quanto 30 anos ou mais depois da terapia primária. Uma de cada sete mulheres desenvolve câncer de mama durante sua vida, e câncer de mama é responsável por 32% dos casos de câncer em mulheres. Ele é responsável por 15% das mortes femininas por câncer e é a segunda causa principal de morte por câncer na mulher depois do câncer de pulmão. O câncer da mama masculina responde por aproximadamente 1 % de todos os novos casos e, estádio por estádio, tem uma história natural semelhante à do câncer da mama feminina. A incidência do câncer de mama continua a aumentar lentamente, mas as taxas de mortalidade diminuíram desde começo dos anos 1990. Esta diminuição provavelmente é o resultado de múltiplos fatores, incluindo o uso mais amplo da triagem mamográfica, melhor terapia cirúrgica e radioterápica e o uso de terapia adjuvante sistêmica. Estima-se que, em todo o mundo, mais de 1 milhão de novos casos de câncer de mama sejam diagnosticados anualmente. As taxas de incidência e mortalidade do câncer de mama diferem dramaticamente entre as nações. Em geral, as nações ocidentais mais ricas têm as mais altas taxas de incidência, enquanto as nações em desenvolvimento têm as mais baixas. Embora fatores raciais possam desempenhar um papel na sua incidência, as diferentes taxas de câncer de mama entre as nações estão mais provavelmente relacionadas a fatores sociodemográficos e dietéticos, incluindo renda per capita, condição nutricional e composição da dieta. REFERÊNCIA: INCA EPIDEMIOLOGIA – Estatísticas Estimativa de novos casos: 66.280 (2020 - INCA) Andressa Ferreira Andrade Número de mortes: 17.763, sendo 17.572 mulheres e 189 homens (2018 - Atlas de Mortalidade por Câncer - SIM). REFERÊNCIA: Manual de Oncologia – Harrison EPIDEMIOLOGIA Nos EUA, o câncer de mama é o mais comumente diagnosticado entre as mulheres e o segundo em causa de morte relacionada com câncer, atrás apenas do câncer de pulmão. Em 2013, aproximadamente 234 mil mulheres foram diagnosticadas com câncer de mama nos EUA e 40 mil mulheres morreram em razão da doença. Estima- se que 2.200 homens foram diagnosticados nesse mesmo ano. Nos EUA, a probabilidade de desenvolver câncer de mama, considerando-se todo o período de vida, é de 1 em 8. Desde 1975, as taxas de mortalidade por câncer de mama estão em declínio, que é atribuído, em grande parte, ao uso crescente do rastreamento com mamografia, assim como aos avanços da terapia adjuvante. REFERÊNCIA: Hematologia e Oncologia – Harrison EPIDEMIOLOGIA O câncer de mama é uma doença dependente de hormônios. As mulheres sem ovários funcionais, que nunca receberam reposição estrogênica, não desenvolvem câncer de mama. A proporção da doença entre mulheres e homens é de cerca de 150:1. Na maioria dos cânceres epiteliais, um gráfico logarítmico da incidência versus idade mostra um aumento linear em componente único a cada ano de vida. Um gráfico semelhante para o câncer de mama mostra dois componentes: um aumento em linha reta com a idade, mas com diminuição da inclinação a partir da idade da menopausa. As três datas na vida de uma mulher que exercem maior impacto sobre a incidência de câncer de mama são a idade em que ocorre a menarca, a primeira gestação a termo e a menopausa. As mulheres cuja menarca ocorre aos 16 anos de idade correm apenas 50-60% do risco de desenvolver câncer de mama do que uma mulher cuja menarca ocorre aos 12 anos. Esse risco mais baixo persiste pelo resto da vida. De modo semelhante, a menopausa que ocorre 10 anos antes da idade mediana (52 anos), seja ela natural ou induzida cirurgicamente, reduz em aproximadamente 35% o risco de câncer de mama durante a vida. As mulheres que têm sua primeira gestação a termo até os 18 anos de idade correm um risco 30-40% menor de ter câncer de mama em comparação com as nulíparas. Assim, a duração da vida menstrual - em particular, o período antes da primeira gestação a termo - representa um componente significativo no risco total de câncer de mama. Esses três fatores (idade em que ocorre a menarca, a primeira gestação a termo e a menopausa) podem responder por 70-80% da variação observada na freqüência do câncer de mama em diferentes países. Uma metanálise mostrou que a duração do aleitamento materno se correlaciona com substancial redução do risco, independentemente da paridade ou idade da primeira gestação a termo. A variação internacional na incidência do câncer de mama forneceu um dos mais importantes indícios sobre a carcinogênese hormonal. Uma mulher que vive até os 80 anos de idade na América do Norte tem uma chance em nove de apresentar câncer de mama invasivo. As mulheres asiáticas, em comparação com as norte-americanas ou europeias ocidentais, correm um riscode 10-20% de apresentar câncer de mama. As mulheres asiáticas apresentam concentrações substancialmente menores de estrogênios e progesterona. Essas diferenças não podem ser explicadas em termos genéticos, pois as asiáticas que vivem em ambiente ocidental apresentam concentrações Andressa Ferreira Andrade de hormônios esteróides sexuais e riscos idênticos aos das mulheres ocidentais. Essas mulheres imigrantes e principalmente suas filhas também diferem sobremodo no peso e na estatura das mulheres asiáticas que vivem na Ásia; o peso e a estatura são reguladores fundamentais da idade em que ocorre a menarca e exercem efeitos significativos sobre as concentrações plasmáticas de estrogênios. O papel da alimentação na etiologia do câncer de mama é controverso. Embora haja ligações associativas entre a ingestão total de calorias e gorduras e o risco de câncer de mama, o exato papel da gordura na dieta ainda não foi comprovado. Uma ingestão calórica aumentada contribui para o risco de câncer de mama de múltiplas formas: menarca precoce, idade mais avançada na menopausa e aumento das concentrações de estrogênio na pós- menopausa, refletindo elevação da atividade de aromatase nos tecidos adiposos. Uma ingestão moderada de álcool também eleva o risco por um mecanismo desconhecido. A suplementação com ácido fólico parece modificar o risco em mulheres que consomem álcool, mas não é uma proteção adicional nas abstêmias. As recomendações em favor da abstinência de álcool devem ser avaliadas juntamente com outras pressões sociais e o possível efeito cardioprotetor do consumo moderado de álcool. O uso crônico de baixas doses de ácido acetilsalicílico também parece estar associado à incidência reduzida de câncer de mama. A compreensão do papel em potencial dos hormônios exógenos no câncer de mama tem extraordinária importância, visto que milhões de mulheres norte-americanas fazem uso regular de contraceptivos orais e da terapia de reposição hormonal (TH) após a menopausa. As metanálises mais confiáveis sobre o uso de contraceptivos orais sugerem que esses agentes causam um pequeno aumento no risco de câncer de mama. Já os contraceptivos orais proporcionam um efeito protetor significativo contra tumores epiteliais ovarianos e cânceres endometriais. A terapia de reposição hormonal (TH) possui um efeito poderoso sobre o risco de câncer de mama. Os dados do estudo Womens Health Initiative (WHI) mostraram que os estrogênios equinos conjugados adicionados às progestinas aumentaram o risco de câncer de mama e de eventos cardiovasculares adversos, porém reduziram as fraturas ósseas e o câncer colorretal. No total, houve mais eventos negativos com a TH; 6-7 anos de TH quase duplica o risco de câncer de mama. Um estudo paralelo do WHI com mais de 12.000 mulheres tratadas com estrogênios conjugados isolados (TH em mulheres submetidas à histerectomia) não mostrou aumento significativo na incidência de câncer de mama. Uma metanálise de estudos não randomizados da TH sugere que a maior parte do benefício previamente atribuído à TH pode ser explicada por um nível socioeconômico mais alto entre as usuárias, o que supostamente está associado a melhor acesso à assistência médica e comportamento mais saudável. Certos benefícios em potencial da TH não foram avaliados no WHI. A TH é uma área em rápida reavaliação, mas parece (pelo menos do ponto de vista de câncer de mama e doenças cardiovasculares) que existem sérios motivos para preocupação acerca do uso continuado da TH. Em mulheres já com o diagnóstico de câncer de mama, a TH aumenta os índices de recorrência. A rápida redução no número de mulheres em TH já levou a uma coincidente diminuição na incidência de câncer de mama. Além dos outros fatores, a irradiação é um fator de risco em mulheres mais jovens. As expostas antes dos 30 anos de idade à irradiação, na forma de fluoroscopias múltiplas (200 a 300 cGy) ou para tratamento da doença de Hodgkin (mais de 3.600 cGy), exibem um aumento significativo no risco de câncer de mama, enquanto a exposição à irradiação depois dos 30 anos parece exercer um efeito carcinogênico mínimo sobre a mama. Andressa Ferreira Andrade 2. Fisiopatologia do câncer de mama (etiologia, patogênese e manifestações clínicas). REFERÊNCIA: Patologia – Bogliolo NEOPLASIAS MALIGNAS → Carcinoma Etiologia e patogênese Os principais fatores de risco são hormonais e genéticos. Em termos etiopatogenéticos, os carcinomas da mama podem ser divididos em dois grandes grupos: (a) carcinomas hereditários; (b) carcinomas não hereditários ou esporádicos. Os carcinomas hereditários representam 5 a 10% dos carcinomas da mama. Os critérios indicativos de câncer da mama hereditário estão resumidos no quadro: Cerca de 90% desses casos são devidos a mutações nos genes BRCA 1 e BRCA 2, ambos genes supressores de tumor. O BRCA 1 localiza-se na região 17q21. Indivíduos com mutação nesse gene têm risco elevado de desenvolver câncer da mama (50 a 80% aos 70 anos; o risco da população normal é de 12%) e do ovário (40 a 50% aos 70 anos; o risco da população normal é de 1,3%). O BRCA 2 localiza-se na região 13q12-13. Mutações constitucionais nesse gene aumentam sensivelmente o risco de desenvolver carcinoma da mama, tanto no gênero feminino (50 a 70% aos 70 anos) como no masculino (5 a 7%; o risco da população geral é de 0,02%). Mutações no BRCA 2 também aumentam o risco de câncer do ovário (10% aos 70 anos). Tanto o BRCA 1 como o BRCA 2 são genes grandes e não possuem sítios preferenciais de mutações, exceto em alguns grupos populacionais, como judeus asquenaze. Muitas vezes, somente critérios clínicos são pouco fidedignos para sugerir alterações nesses genes, tendo os aspectos morfológicos maior interesse; tumores associados a mutações nesses genes têm características histológicas especiais. Os carcinomas associados a mutações no BRCA 1 caracterizam-se por mostrarem-se, em geral, pouco diferenciados e, possuírem margens de crescimento expansivas, terem infiltrado linfocitário e serem negativos para receptores de estrógeno e HER2/neu. O subtipo medular é tão associado a mutações do BRCA 1 que, para alguns autores, o diagnóstico desse tipo de carcinoma em uma mulher é suficiente para indicar teste genético. Ao lado disso, a melhor compreensão do perfil de expressão gênica dos carcinomas da mama possibilitou a identificação de tumores com o chamado fenótipo basal. Carcinomas associados ao BRCA 1 exibem esse fenótipo, que é caracterizado pela expressão dos marcadores ceratina 5, P-caderina, p63 e EGRF. Embora não existam subtipos histológicos associados ao BRCA 2, tumores com anormalidades nesse gene são comumente positivos para receptores de estrógeno e mostram expressão de ciclina D1 e de p27. Andressa Ferreira Andrade Apesar de anormalidades nos genes BRCA 1 e BRCA 2 serem responsáveis por cerca de 90% dos casos de câncer da mama hereditário, mutações germinativas em outros genes, como o TP53 (síndrome de Li-Fraumeni), PTEN (síndrome de Cowden), ATM e CHEK2, também estão associadas ao carcinoma mamário hereditário. Embora grande parte dos carcinomas não hereditários ou esporádicos esteja relacionada com estimulação estrogênica prolongada e tenha uma via carcinogenética que passa por lesões proliferativas (hiperplasias ductais e lobulares, carcinoma in situ e carcinoma invasivo), estudos de genética molecular mostram que esse modelo está simplificado. Mutações nos genes BRCA 1 e BRCA 2 em carcinomas mamários esporádicos (não hereditários) é rara (< 5% dos casos). Como resumido na figura hoje são conhecidas diversas alterações genéticas relacionadas com os diferentes passos da progressão tumoral. REFERÊNCIA: Cecil – Clínica Médica FISIOPATOLOGIA – PATOGÊNESE As causas do câncer de mama ainda são pouco conhecidas, porém diversos fatores de risco já foram identificados. A incidência de tumor de mama aumenta dramaticamentecom o aumento da idade; acima de 50% das mulheres com câncer de mama nos Estados Unidos têm mais de 60 anos de idade, e mais da metade de todas as mortes por câncer de mama ocorrem em mulheres de 65 anos de idade ou mais. Além disso, o número de mulheres mais velhas com câncer de mama está crescendo dramaticamente à medida que a população envelhece. Diversos fatores de risco, tais como menarca precoce e menopausa tardia, são medidas indiretas do número de ciclos menstruais que a mulher apresentou durante sua vida. O aumento do número de ciclos seria capaz de predispor as mulheres a tuna maior lesão do DNA no tecido ductal da mama em proliferação e aumentar assim o risco de mutações que levem diretamente ao câncer de mama. As culturas ocidentais são caracterizadas pela menarca precoce, menopausa tardia, maior idade ao engravidar ou nuliparidade, aumento da obesidade, estilos de vida mais sedentários e aumento do uso da terapia de reposição hormonal. Existe um volume de indícios convincentes de que o risco de câncer de mama tem correlação direta com a concentração do estradiol sérico. O uso de anovulatórios orais aumenta minimamente o risco de câncer de mama, se é que aumenta. O tratamento de reposição hormonal durante cinco anos aumenta o risco de câncer de mama cm cerca de 1,5 vez, e este risco é Andressa Ferreira Andrade maior com os esquemas que empregam a associação de estrogênio-progesterona do que a reposição apenas do estrogênio. O maior aumento no risco associado ao uso de reposição hormonal se encontra nas mulheres menopáusicas mais magras. Os dados disponíveis são sugestivos de que o risco de câncer de mama não é alterado pela ingestão de gorduras saturadas durante a vida adulta ou pelo consumo de vitamina A, C e E.A composição dietética, contudo, pode ser importante. Populações com alto consumo de proteínas de soja, que são fontes ricas em compostos do tipo estrogênio derivados de plantas (fitoestrogênios), apresentam taxas menores de tumores relacionados com os hormônios, como o câncer de mama, endométrio e próstata. A ingestão de álcool também está relacionada com o câncer de mama, e as mulheres que ingerem diversas bebidas alcoólicas apresentam um risco moderadamente superior do que as mulheres abstêmias. As mulheres submetidas a radioterapia torácica como parte do tratamento de doença de Hodgkin apresentam um risco de câncer de mama que é ao menos duas ou três vezes acima da média, com um risco de vida cumulativo entre 30% e 4-0%. A exposição a poluentes ambientais (diclorofeniltricloroctano [DDT] bifonis-policlorados [PCBs] e outros pode aumentar o risco de câncer de mama, mas esta relação não foi confirmada. Vinte por cento das mulheres portadoras de câncer de mama apresentam tuna história familiar positiva e um padrão claro de herança autossômica dominante observado entre 5% e 10% de todas as pacientes portadoras de câncer de mama. A maioria destas pacientes apresenta mutações tanto no gene BRCA1 como no BRCA2. Os genes BRCA l e BRCA 2 podem ser transmitidos para os filhos tanto pelo sexo masculino como feminino. As anormalidades genéticas específicas parecem ser características de grupos étnicos definidos. Por exemplo, apenas três mutações específicas correspondem a 95% das mutações nas portadoras de mutação de BRCA 1 e BRCA 2 em mulheres judias ashkenazi. A síndrome de Li-Fraumeni é um distúrbio raro no gene p53; os pacientes acometidos apresentam tuna elevada incidência de tumores de mama, cérebro, sarcomas e leucemias. Os pacientes com a síndrome de Cowden e anormalidades limítrofes na linhagem germinativa do gene PTEN apresentam um risco de câncer de mama entre 30% a 50% durante a sua vida. Pacientes portadoras do traço da ataxia-telangiectasia (um gene ATM anormal) podem estar cm maior risco para câncer de mama. Andressa Ferreira Andrade REFERÊNCIA: Fisiopatologia da Doença – Lange A mama feminina é uma glândula especializada que se desenvolve após a puberdade a partir de ductos rudimentares que partem dos mamilos. As células acinares e os ductos terminais que elas envolvem compõem a unidade lobular de onde surge a maioria dos carcinomas de mama. O tecido mamário também responde às variações do estrogênio e da progesterona relacionadas com o ciclo menstrual, porém tanto as células do estroma quanto as células epiteliais estão sob o controle de vários fatores de crescimento, incluindo o fator de crescimento semelhante à insulina-1 (FCI-1) e o FCT-α. A hipertrofia das células epiteliais mamárias em resposta ao aumento pré-ovulatório do estrogênio e a hiperplasia durante a gravidez são exemplos de respostas fisiológicas. Os estágios iniciais do crescimento desordenado através da perda do controle do ciclo celular ou das anormalidades hormonais e da resposta ao fator de crescimento, podem resultar em alterações proliferativas benignas como a adenose ou a metaplasia apócrina. Essas alterações, por si só, não estão necessariamente associadas a um risco aumentado do desenvolvimento subsequente do câncer de mama. Entretanto, a hiperplasia do epitélio mamário na ausência de gravidez está associada a um risco aumentado de carcinoma, especialmente se a atipia celular estiver presente. Fatores associados a um risco aumentado do desenvolvimento do câncer de mama podem fornecer indícios das forças primárias determinantes. O uso prolongado de altas doses de estrogênio exógeno é um fator de risco que implica a via de sinalização do estrogênio. Em contraste, a exposição reduzida aos estrogênios protege contra o desenvolvimento do câncer de mama. Isso tem sido demonstrado em modelos de carcinogênese com animais ooforectomizados e é confirmado por estudos clínicos que demonstram que as mulheres que foram submetidas à ooforectomia em idades jovens apresentam uma redução significativa no risco de desenvolverem o câncer de mama durante toda a vida. O sucesso clínico dos tratamentos antiestrogênicos fornece uma prova do princípio do papel essencial da sinalização do estrogênio na patogenia do câncer de mama. Os agentes que inibem a produção do estrogênio ou a capacidade do estrogênio de ativar os RE são altamente eficazes no tratamento dos pacientes portadores do câncer de mama nos estágios inicial ou avançado; são ativos na interrupção da progressão da doença em pacientes com cânceres de mama pré-invasivos e também são ativos na prevenção primária do câncer de mama em mulheres sob risco. Entretanto, embora atualmente esteja bem estabelecido o papel central da sinalização do estrogênio na patogenia do câncer de mama, as atuais evidências não implicam etiologicamente nas anormalidades genéticas dos RE ou a ruptura de seus alvos, no desenvolvimento do câncer de mama. Parece que a sinalização do receptor de estrogênio é uma via fisiológica existente nas células epiteliais mamárias, cuja manutenção da atividade sinalizadora é favorável, ou talvez até necessária, para o processo oncogênico. No entanto, a via sinalizadora do estrogênio está intacta em apenas a metade das pacientes diagnosticadas com câncer de mama; a outra metade parece não apresentar nenhuma expressão do RE ou nenhuma atividade da via de sinalização do estrogênio. Isso levou alguns investigadores a acreditarem que o câncer de mama negativo para RE seja uma doença diferente com uma fisiopatologia diferente. Mais provavelmente, existem etapas moleculares iniciais no desenvolvimento dos cânceres de mama tanto RE-positivos quanto RE-negativos; entretanto, em uma etapa inicial ou Andressa Ferreira Andrade intermediária, essas vias divergem, levando ao desenvolvimento dos cânceres de mama com fenótipos distintamente diferentes. As vias de sinalização específicas que são patológica ou mutacionalmente ativadas na progressão das células epiteliais mamárias para os cânceres pré-invasivo e invasivo ainda não foram definidas. Entretanto, os receptores tirosino-cinasesdo fator de crescimento da família dos receptores epidérmicos para os fatores de crescimento (HER) são os principais candidatos. A amplificação do gene HER2 e a superexpressão da proteína do HER2 são comuns nos cânceres de mama pré- invasivos e invasivos. A superexpressão do gene HER1, também chamado de EGFR, é igualmente observada, porém com freqüência menor. Da mesma forma, a proteína HER3 está superexpressa na maioria dos cânceres de mama. Os anticorpos que atacam o receptor HER2 apresentam atividade no tratamento do câncer de mama, confirmando ainda mais o papel desse receptor nessa via de sinalização. A família dos receptores HER ativa várias vias de sinalização subsequentes, incluindo: vias proliferativas, apoptóticas e metabólicas. Mutações inativadoras do p53 são também observadas frequentemente nos cânceres de mama e estão associadas a um prognóstico pior. A perda da estabilidade genômica também é um evento comum na patogenia dos cânceres de mama. O grupo de genes envolvidos no mecanismo de reparação do DNA associado aos cânceres de mama foi identificado nas síndromes do câncer de mama hereditário e do câncer ovariano. Cinco a 10% dos casos de câncer de mama parecem estar associados a uma predisposição hereditária e a uma predisposição para o câncer de ovário. Agrupamentos têm sido observados em algumas famílias e isso leva à localização cromossômica da suposta suscetibilidade gênica ao câncer de mama. Esse processo é chamado de “análise de ligação”, por meio do qual a característica do câncer de mama em desenvolvimento pode ser isolada por certos marcadores com localizações cromossômicas conhecidas. A identificação de dois genes contíguos, BRCA1 e BRCA2, pode ser alcançada pelo uso da clonagem posicional, que descreve uma variedade de estratégias para localizar com precisão um gene dentro de um grande segmento do genoma, sem o conhecimento da função do gene, porém pressupondo que mutações nesse gene podem ser observadas nos indivíduos suscetíveis (ex., mulheres com câncer de mama pertencentes a famílias com agrupamentos de câncer de mama). Mutações hereditárias nos genes BRCA1 e BRCA2 parecem estar associadas a uma probabilidade de 80% de desenvolver o câncer durante a vida. As mutações no BRCA1 também são associadas à predisposição ao câncer de ovário, enquanto as mutações no BRCA2 também levam ao câncer de mama nos homens portadores. Ambos esses genes funcionam provavelmente como supressores tumorais, visto que os tumores de mama apresentam tanto a anormalidade hereditária em um alelo, como uma perda somática no alelo restante. Embora casos esporádicos (não-familiares) de câncer de mama raramente apresentem mutações no BRCA1, eles podem apresentar uma redução da expressão desse gene ou anormalidades em outras proteínas que interagem com o BRCA1 para executarem o que parece ser uma função de reparação do DNA, nos casos de quebras da dupla hélice do DNA. É provável que outras anormalidades genéticas sejam identificadas como geradoras de um risco aumentado do câncer de mama. De uma forma geral, será mais difícil identificar aquelas que apresentam apenas uma penetrância modesta (i. e., gerem apenas um aumento leve no risco do câncer de mama). Ainda não está clara a utilidade clínica dos testes genéticos para o Andressa Ferreira Andrade risco de câncer de mama, visto que as informações acerca das intervenções e resultados que seguem tais testes estão sendo reunidas. O esquema demonstrado na figura aplica-se para as alterações progressivas em direção ao carcinoma mamário invasivo, e todo esse espectro pode ser observado em pacientes submetidos à biopsia para avaliar massas mamárias ou anormalidades mamográficas. O carcinoma mamário in sito representa uma lesão pré-invasiva na qual são observadas a proliferação aumentada e a morfologia celular maligna, porém sem nenhuma demonstração de invasão da membrana basal. Portanto, a invasão de linfonodos e as metástases a distância não são encontradas nessa fase, possivelmente porque o fenótipo invasivo ainda não foi adquirido. Certas anormalidades moleculares podem ser observadas nessa fase, incluindo-se a amplificação do oncogene HER2/neu e mutações no gene supressor tumoral p53, embora os mecanismos através dos quais essas anormalidades atuam não sejam bem compreendidos. A fisiopatologia do câncer de mama ilustra como as células do estroma podem ser recrutadas para propagarem o crescimento e a invasão tumorais. Ocasionalmente pode ser observada uma densa reação de fibroblastos e matriz extracelular nos cânceres de mama (resposta desmoplástica). Os fatores solúveis suspeitos de mediarem essa resposta incluem o FCT-α e o FCDP que são reconhecidos como secretados pelas células mamárias tumorais ou pelas células do estroma circundante em resposta às células tumorais. A resposta desmoplástica pode ser um mecanismo para limitar o tumor ou, de forma inversa, pode na verdade facilitar o crescimento e a migração celular. A produção da metaloprotease estromolisina 3 pelas células do estroma é provocada por fatores solúveis não-caracterizados produzidos pelas células mamárias tumorais. A estromolisina 3 pode ser fundamental na Andressa Ferreira Andrade permissão da penetração das células tumorais na membrana basal, no sangue ou nos vasos linfáticos. Fatores angiogênicos, como o fator de crescimento do fibroblasto, também podem ser produzidos pelas células tumorais ou do estroma e promovem a formação de uma nova microvascularização, necessária para a manutenção do crescimento de uma colônia tumoral na mama ou no local da metástase. O câncer de mama decorre quase sempre da transformação maligna das células epiteliais secretoras. Entretanto, dois subtipos distintos são reconhecidos. Os cânceres derivados dos ductos coletores são chamados carcinomas ductais, enquanto aqueles derivados dos lóbulos terminais são chamados de carcinomas lobulares. Os carcinomas ductais abrangem a maioria dos cânceres de mama e os carcinomas lobulares representam uma minoria. Tanto o câncer de mama in situ, como o invasivo enquadram-se nessas duas classificações. Os cânceres ductais e lobulares apresentam características morfológicas distintas, assim como aspectos moleculares específicos de cada grupo. Por exemplo, os carcinomas lobulares apresentam a perda da proteína de adesão celular caderina-E e tipicamente crescem em um padrão mais difuso com menos formação de tumores densos e sólidos. Consequentemente, os carcinomas lobulares são geralmente mais difíceis de serem detectados radiograficamente em seus tumores primários e até mesmo em locais de metástases. Os cânceres lobulares também apresentam menor frequência de anormalidades da proteína supressora tumoral p53 e raramente apresentam a amplificação do gene HER2. As alterações progressivas na morfologia e no comportamento da célula epitelial são observadas em lesões que geralmente antecedem o desenvolvimento do câncer de mama invasivo. As hiperplasias ductal atípica e lobular atípica são anormalidades proliferativas do epitélio mamário e suas presenças conferem um aumento do risco do desenvolvimento subsequente do câncer de mama. O carcinoma ductal in situ (CDIS) e o carcinoma lobular in situ (CLIS) são carcinomas não-invasivos que estão mais fortemente associados ao desenvolvimento concorrente ou subsequente do câncer de mama invasivo. Embora essas alterações celulares progressivas sejam bem descritas na progressão para o câncer de mama, não está claro que elas sejam etapas sequenciais que uma população de células clonais precisa ser submetida para evoluírem para o câncer mamário invasivo. De forma alternativa, podem ser manifestações variadas de um defeito de campo no epitélio mamário, que levam as células a progredirem ao longo de uma entre as várias vias oncogênicas paralelas. Por exemplo, o risco conferido pelo CDIS não é apenas o de um câncer ductal invasivosubsequente, como também, o de um câncer lobular invasivo; e o mesmo é verdade para o CLIS. Além disso, embora perto de 50% dos CDIS apresentem a amplificação e a superexpressão do HER2, apenas 20% dos cânceres invasivos apresentam essa anormalidade molecular oncogênica. É possível que tanto o câncer mamário invasivo quanto o in situ se originem de uma via oncogênica comum que por fim diverge em in situ ou invasivo, como pontos finais diferentes. O selo distintivo do câncer mamário invasivo é a capacidade de as células tumorais ultrapassarem a membrana basal, invadirem o estroma e ganharem acesso às estruturas linfáticas e vasculares. A disseminação das células tumorais da membrana basal para os linfonodos e para órgãos distantes é um resultado de eventos moleculares que ainda não estão bem descritos. As proteínas da superfície celular envolvidas na adesão e na degradação da MEC provavelmente estão envolvidas. O comportamento fenotípico do câncer mamário varia amplamente entre pacientes, indicando a natureza diversa dessa doença. Alguns tipos de câncer metastatizam Andressa Ferreira Andrade com elevada freqüência, enquanto outros raramente o fazem. Alguns metastatizam rapidamente; outros só o fazem após um longo período de latência. Enquanto alguns tipos de câncer metastatizam preferencialmente para os ossos, outros preferem o fígado ou os pulmões como locais de metástases, e outros, ainda, preferem o cérebro. Aspectos moleculares específicos podem estar subjacentes aos diversos fenótipos dos cânceres mamários e, portanto, esse câncer é provavelmente uma compilação de vários diferentes subgrupos de doenças. O desenvolvimento de técnicas para determinar a expressão simultânea de 10.000 ou mais genes está revolucionando a maneira como classificamos os cânceres. Novas iniciativas que provavelmente irão reclassificar os cânceres em subgrupos de doenças com implicações prognósticas e terapêuticas específicas estão em andamento. As análises iniciais dos perfis de expressão gênica de vários pacientes já identificaram subgrupos distintos rotulados como grupo epitélio-semelhante basal, grupo epitélio semelhante luminal, grupo de superexpressão do HER2 e um grupo mamário-semelhante normal. O grupo basal é caracterizado pela expressão baixa ou ausente do RE e de outros fatores de transcrição, assim como altas expressões de algumas ceratinas, de laminina e de certas integrinas. O grupo luminal é caracterizado pela expressão de um agrupamento de fatores de transcrição que incluem o RE e tem sido posteriormente subdividido em subgrupos Luminal A, B e C. O grupo de superexpressão do HER2 é caracterizado pela superexpressão de vários genes no âmplicon HER2. O subgrupo mamário-semelhante normal é caracterizado pela superexpressão de genes normalmente expressos no tecido adiposo e outras células não-epiteliais. Esses perfis moleculares apresentam relevância biológica porque estão associados a distintos desfechos de sobrevivência. Futuros estudos de definição dos perfis moleculares podem redefinir essa classificação preliminar e ainda podem agrupar os cânceres mamários com base nos perfis de sensibilidade aos quimioterápicos. REFERÊNCIA: Manual de Oncologia de Harrison MANIFESTAÇÕES GENÉTICAS DO CÂNCER DE MAMA Embora 20 a 30% das mulheres com câncer de mama tenham pelo menos um parente com história de câncer de mama, apenas 5 a 10% das pacientes com câncer de mama apresentam predisposição hereditária identificável. A maioria dos cânceres de mama hereditários são causados por mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, que também predispõem ao câncer de ovário. Mutações raras em outros genes, incluindo PTEN, p53, CDH1, e STK 11, também foram associadas a aumento no risco de câncer de mama. Andressa Ferreira Andrade BRCA1 E BRCA2 Os genes BRCA1 e BRCA2 foram clonados, respectivamente, em 1994 e 1995. Os genes BRCA1 e BRCA2 são autossômicos dominantes, que se supõe, atuarem como genes supressores tumorais. Eles têm participação na resposta celular a danos no DNA e estão envolvidos no reparo do DNA de dupla fita. O BRCA1 foi mapeado no cromossomo 17q21, enquanto o BRCA2 foi mapeado no cromossomo 11. A prevalência de mutações em BRCA1 e BRCA2 varia entre os grupos étnicos. Observou-se frequência notavelmente mais alta de cerca de 1 em 40 (2,5%) entre indivíduos com ancestrais judeus asquenaze, em comparação com a prevalência de 1% na população geral. As mutações em BRCA1 ou BRCA2 herdadas predispõem as portadoras do sexo feminino a câncer de ovário e de mama. Os portadores masculinos de mutações em BRCA2 têm risco aumentado de desenvolver câncer de mama ou de próstata. Cânceres de pâncreas, estômago e melanoma também são encontrados em portadores de mutações em BRCA1 e BRCA2. Em geral, estima-se que o risco em toda a vida de desenvolver câncer de mama varie entre 50% e 80% entre as mulheres portadoras de mutação em BRCA1 ou BRCA2, e entre 5% e 10% para portadores masculinos de mutação. O risco de desenvolver câncer de ovário durante toda a vida entre portadoras femininas de mutação em BRCA1 foi estimado entre 30% e 45%, enquanto o das portadoras femininas de mutação em BRCA2 varia entre 10% e 20%. Os cânceres de mama associados a BRCA1, geralmente, são tumores de alto grau negativos para receptores de estrogênio e progesterona, sem hiperexpressão de HER2/neu. Os cânceres de mama associados a BRCA2 apresentam espectro de características patológicas e moleculares semelhantes às de cânceres esporádicos de mama. REFERÊNCIA: Cecil – Clínica Médica MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O câncer de mama é em geral detectado pela primeira vez como sendo uma massa palpável ou como tuna alteração mamográfica, mas também pode se manifestar por meio de uma secreção mamilar, alterações na pele da mama ou dor na mama. A presença de massas palpáveis e áreas de espessamento assimétrico do tecido glandular da mama continua a ser a manifestação mais comum e é frequentemente detectada pela paciente. A doença de Paget do mamilo é uma forma de adenocarcinoma que envolve a pele e ductos lactíferos do mamilo; geralmente tem o aspecto de uma lesão eczematosa da pele do mamilo e muitas vezes está associada com escoriações da pele e secreção. Secreção sanguínea ou aquosa espontânea do mamilo está muitas vezes associada com uma malignidade subjacente. Secreção leitosa quase sempre tem uma origem benigna. As pacientes com secreção clara ou sanguinolenta devem realizar um exame da mama e uma mamografia. Se os resultados da mamografia e do exame da mama estiverem normais, a secreção é proveniente de um ou alguns ductos bem definidos, e há indicação para a realização de uma biópsia excisional dos ductos envolvidos. Uma secreção sanguinolenta é frequentemente causada por um papiloma intraductal; um ductograma pode ajudar a localizar tais lesões. Recentemente, a endoscopia de ductos mamários provou ser um método eficaz para localizar tais lesões. A dor no local é um sintoma comum em diversas mulheres e está descrita em cerca de 10% das pacientes com câncer de mama. Nas pacientes portadoras de câncer de mama, a dor está tipicamente associada a um nódulo Andressa Ferreira Andrade palpável ou a uma anormalidade mamográfica. Nas mulheres na pré-menopausa, a mastalgia é um sintoma pré- menstrual comum. Quando a dor está localizada numa região específica da mama e ocorre durante todo o ciclo menstrual, devemos suspeitar da presença de uma lesão subjacente. Todas as pacientes com dor mamária não clínica devem se submeter a um exame de mama e a uma mamografia bilateral. Se não são encontradas alterações, a avaliação mamária pela ressonância magnética ou uma ultrassonografia pode ajudar a excluir a pequena possibilidade de uma malignidade. 3. Classificar e diferenciar os tipos de cânceres de mama quanto à localização, extensão, expressão gênica e alterações genômicas. REFERÊNCIA: Patologia Geral – BoglioloCLASSIFICAÇÃO Os carcinomas da mama podem ser classificados segundo alguns parâmetros: ■ Quanto à localização e à extensão, os carcinomas são classificados em in situ e invasor, que, inicialmente, foram divididos em ductal ou lobular, pois pensava-se que tinham origens distintas. No entanto, ambos se originam na UTDL. Embora haja predominância de acometimento de ductos pelo carcinoma dito ductal e de lóbulos pelo lobular, os critérios citoarquiteturais que permitem a distinção entre esses dois grandes grupos de carcinomas parecem estar relacionados mais com a diferenciação do que com a origem dos tumores, razão pela qual alguns autores preferem designá-los carcinomas do tipo ductal e do tipo lobular. ■ Além da morfologia clássica, os carcinomas da mama, especialmente os invasores, são agrupados de acordo com o perfil de expressão gênica e alterações genômicas em grandes subgrupos: (1) tumores luminais: são receptores de estrógeno (RE)-positivos e HER2/neu-negativos e incluem grande parte dos carcinomas ductais e os carcinomas lobulares (que exibem mutação no gene da E-caderina). De acordo com o índice proliferativo, os tumores luminais são subdivididos em luminais A (baixo índice proliferativo) e B (alto índice proliferativo). Os tumores REpositivos e que exibem hiperexpressão do HER2/neu são considerados luminais B; (2) tumores HER2/neu: exibem hiperexpressão de HER2/neu e são RE-negativos; (3) tumores com fenótipo basal: são RE-negativos, receptores de progesterona negativos e HER2/neu- negativos, também referidos como triplo-negativos. Tumores com fenótipo do tipo basal apresentam marcadores comuns às células mioepiteliais ou basais, como ceratina 5, P-caderina, p63 e EGFR. CARCINOMA IN SITU É definido como proliferação epitelial maligna restrita aos ductos ou dúctulos mamários, distinguindo-se do carcinoma invasor por não ter invasão estromal. Até há pouco tempo, o carcinoma ductal in situ (CDIS) constituía somente pequeno número dos carcinomas mamários diagnosticados (0,8 a 5%). Graças ao uso da mamografia como método de rastreamento, a frequência do carcinoma in situ hoje chega a 25% de todos os cânceres da mama. Algumas alterações mamográficas têm alta correlação com carcinoma ductal in situ, como microcalcificações agrupadas e pleomórficas, com distribuição segmentar. Outras alterações mamográficas, como densidade assimétrica, lesão espiculada do tipo cicatriz radial e presença de nódulo, estão mais associadas a neoplasia invasiva. Andressa Ferreira Andrade Os carcinomas in situ da mama não representam uma entidade única. Além da existência de dois tipos distintos, lobular e ductal, diferenças histológicas e de comportamento clínico reforçam a ideia de que o carcinoma in situ representa um grupo heterogêneo de lesões. Isso se expressa pelo fato de que nem todos evoluem para carcinoma invasor. Além disso, embora em geral as lesões sejam únicas, em 30% das mastectomias realizadas para ressecção de carcinoma in situ se detectam vários focos, o que tem implicações em pacientes submetidas a cirurgia conservadora. Carcinoma ductal in situ (CDIS) Com base no padrão arquitetural da neoplasia, a lesão pode ser classificada nos seguintes tipos: comedocarcinoma, cribriforme, micropapilar, papilar e sólido. Estudos recentes mostram limitações nessa classificação, já que existem pouca definição dos padrões arquiteturais, marcada variação entre diferentes observadores, coexistência de vários padrões na mesma lesão e fraca correlação com o comportamento biológico. Somente os tipos comedocarcinoma e micropapilar apresentam relevância clínica, o primeiro por se associar mais a focos de invasão e o segundo pela tendência à multicentricidade. Comedocarcinoma (ou carcinoma ductal in situ com comedonecrose) refere-se a tumor de alto grau nuclear, associado a área de necrose extensa que ocupa o interior do ducto. Quando extensa, a comedonecrose pode ser visível macroscopicamente como pontos brancos ou amarelados que drenam material necrótico quando se faz a compressão do espécime. Esforços para classificar o CDIS em subgrupos levando em conta o grau de malignidade têm sido feitos com o objetivo de se obter reprodutibilidade diagnóstica, simplificação de tipos e correlação prognóstica. Entre as várias propostas de classificação, a maioria considera dois grupos, de alto e de baixo graus histológicos. Embora a classificação em dois grandes grupos seja operativa e reprodutível, existe um grupo intermediário no qual a taxa de recidiva após cirurgia conservadora é intermediária entre os grupos de alto e baixo grau de malignidade. Além disso, são encontradas alterações genéticas distintas em diferentes subgrupos de lesões, bem como evolução para diferentes tipos de carcinomas invasores. A classificação em graus histológicos baseia-se sobretudo no grau nuclear e na presença ou ausência de necrose. O grau nuclear é determinado de acordo com o pleomorfismo nuclear, o tamanho do núcleo e a presença de nucléolo. O tamanho do núcleo é avaliado pela comparação com os núcleos de ductos mamários adjacentes: pequeno (uma a duas vezes), intermediário (três a quatro vezes) e grande (cinco vezes ou mais). Núcleos grau 1 mostram monomorfismo, tamanho pequeno ou intermediário e nucléolo pouco evidente; Núcleos grau 2 exibem pleomorfismo discreto, tamanho pequeno ou intermediário e, quase sempre, um nucléolo evidente; Núcleos grau 3 apresentam pleomorfismo acentuado, tamanho intermediário ou grande e múltiplos e grandes nucléolos. Necrose só é considerada quando se visualizam pequenas ou grandes áreas de necrose do tipo comedo; necrose de células isoladas não é considerada para a classificação. O quadro resume os dados utilizados para classificação dos carcinomas in situ de acordo com o grau histológico. Andressa Ferreira Andrade O CDIS de baixo grau caracteriza-se por grau nuclear 1 ou 2, ausência de necrose e, frequentemente, arquitetura cribriforme. O de grau intermediário possui grau nuclear 1 ou 2, como o de baixo grau, mas exibe áreas de necrose; pode apresentar-se sob vários padrões (p. ex., cribriforme, sólido com necrose). O CDIS de alto grau mostra necrose e atipias nucleares acentuadas, com grau nuclear 3. Além de recidivar com maior frequência, o carcinoma in situ de alto grau tem maior tendência a desenvolver focos de invasão do estroma. A classificação histológica guarda boa correlação com alguns marcadores biológicos. Aneuploidia e expressão de HER2/neu são mais comuns no grupo de alto grau de malignidade, enquanto receptores hormonais (estrógeno e progesterona) são mais encontrados em carcinomas de baixo grau. Carcinoma lobular in situ (CLIS) Representa 10 a 30% dos carcinomas in situ e quase sempre apresenta-se como lesão não palpável encontrada como achado incidental em mulheres na pré-menopausa. O risco de uma mulher com CLIS removido cirurgicamente desenvolver carcinoma invasor aumenta cerca de 1% ao ano, chegando ao risco relativo de mais de 10 vezes em relação ao da população geral e risco absoluto de 20% depois de 20 anos. O aumento do risco vale para ambas as mamas, podendo o carcinoma que surge ser ductal ou lobular invasor, o que faz com que alguns autores sugiram que o CLIS é mais um marcador do que propriamente um precursor do câncer invasivo. No entanto, o CLIS apresenta alterações morfológicas e genéticas (perda de expressão de E-caderina e perda de heterozigosidade em 16q) semelhantes às encontradas no carcinoma lobular invasor. Histologicamente, o CLIS é multicêntrico e acomete unidades lobulares, nas quais todos os dúctulos estão distendidos e preenchidos por células pouco coesas e com baixo grau nuclear. As células são pequenas, redondas ou poligonais e com citoplasma bem delimitado, às vezes com aspecto em anel de sinete. Mitoses são raras. O CLIS tem tendência a estender-se de forma pagetoideaos ductos maiores. Carcinoma ductal in situ de baixo grau, padrão cribriforme. Carcinoma ductal in situ de grau intermediário, padrão sólido, com necrose focal. Carcinoma ductal in situ de alto grau, padrão comedo carcinoma. Andressa Ferreira Andrade CARCINOMA INVASOR Trata-se de carcinoma que infiltra o estroma, independentemente da coexistência de componente in situ. Como os carcinomas in situ, também os invasores são divididos em dois grandes grupos: ductais e lobulares. Ao lado disso, alguns subtipos (carcinomas tubulares, medulares, mucinosos) e algumas formas especiais de apresentação (doença de Paget, carcinoma inflamatório) têm grande interesse prático devido ao seu prognóstico distinto. No quadro estão relacionados os principais tipos de carcinomas invasores da mama e sua incidência. Carcinoma ductal O carcinoma ductal invasor (sem outra especificação, SOE), que é o tipo mais frequente de câncer da mama, representa um grupo heterogêneo de lesões que se caracterizam pela ausência de achados morfológicos que permitam enquadrá-las em um dos subtipos especiais. O carcinoma ductal tem comportamento mais agressivo do que a maioria dos tipos especiais, com sobrevida de cinco anos em 60% das pacientes. Estudos genéticos confirmam aquilo que os patologistas já reconheciam há muitos anos, ou seja, que este grupo de tumores é muito heterogêneo e engloba lesões muito distintas. Entre os carcinomas ductais, pode-se encontrar todos os subtipos classificados de acordo com o padrão de expressão gênica (luminais, HER2/neu, basais e outros). O tumor apresenta-se como massa palpável, endurecida, em média com 2 a 3 cm de diâmetro. A lesão é bem visualizada à mamografia e manifesta-se por densidade irregular e microcalcificações frequentes. Neoplasia lobular mostrando envolvimento de unidades lobulares por células uniformes e regulares (A). A imuno-histoquímica evidencia células positivas para receptor de estrogênio (B) e negativas para E-caderina (C). Andressa Ferreira Andrade Macroscopicamente, tratase de massa relativamente bem individualizada, de forma variável, com superfície de corte amarelada e consistência firme, contendo trabéculas que se irradiam a partir do centro da lesão. Esse aspecto macroscópico, semelhante a um caranguejo, foi uma das razões para a origem da palavra câncer. Estrias esbranquiçadas semelhantes a riscos de giz, às vezes observadas na superfície de corte, são decorrentes da elastose periductal e não da necrose, como era anteriormente interpretado. Quando o estroma é exuberante, o tumor é brancacento, muito duro e chamado carcinoma cirroso. Microscopicamente, as células formam estruturas glandulares, ninhos sólidos, trabéculas ou ilhotas em padrões predominantes ou mistos. As células têm desde pequeno volume, núcleos pequenos, regulares, cromatina homogênea e poucas mitoses até células grandes com núcleos irregulares, nucléo los evidentes e elevado índice mitótico. Carcinoma lobular O carcinoma lobular representa 10% dos carcinomas invasores da mama e tem bom prognóstico, com sobrevida de 10 anos em 80 a 90% das pacientes. Apesar desse aspecto favorável, o tumor tem maior tendência a bilateralidade e taxa elevada de recidiva sistêmica tardia, com metástases em diferentes locais (cavidade abdominal, pleura, pulmão etc.). As variantes alveolar, sólido, pleomórfico e mista têm evolução semelhante à do carcinoma ductal. Como no tipo clássico, as variantes mostram perda de expressão de E-caderina, o que pode ser útil no diagnóstico diferencial com carcinoma ductal. Macroscopicamente, algumas lesões são firmes e estreladas, outras aparecem como “espessamento” difuso da mama. Ao microscópio, as células são relativamente pequenas, homogêneas, com padrão de crescimento difuso, Aspectos macroscópicos do carcinoma ductal invasor. A. Tumor bem delimitado, com infiltração da pele. B. Lesão com bordas pouco definidas (entre as setas) em mama densa. C. Tumor de crescimento espiculado (seta). D. Neoplasia com crescimento multifocal. Carcinoma ductal invasor bem diferenciado, com formação tubular evidente. Carcinoma ductal invasor pouco diferenciado com escassa formação tubular, alto grau nuclear e várias mitoses. Andressa Ferreira Andrade infiltrando-se no estroma em forma de fila indiana, em que as células se dispõem entre as fibras colágenas, às vezes com padrão em alvo. Nos subtipos alveolar e sólido, as células crescem em grupos; na variante pleomórfica, as células são isoladas, mas com pleomorfismo nuclear acentuado. Em até 60% dos casos, coexiste carcinoma lobular in situ. Clinicamente, o carcinoma lobular invasor apresenta-se como massa palpável ou lesão difusa que produz pouca alteração na textura da mama, não sendo por isso detectada pela mamografia. A maioria dos carcinomas lobulares é do tipo luminal A; a variante pleomórfica pode ser luminal B ou do tipo HER2/neu. Carcinoma tubular O carcinoma tubular constitui 5 a 10% dos carcinomas da mama e caracteriza-se pela formação de túbulos arredondados, ovoides ou angulados, imersos em estroma fibroelastótico. A lesão apresenta-se como nódulo palpável, duro, com diâmetro médio de 1 cm, na maioria dos casos detectável à mamografia; é multifocal em 10 a 56% dos casos e bilateral em 9 a 38% das pacientes. Macroscopicamente, o tumor tem a aparência dos demais cânceres, por ter aspecto estrelado e consistência firme. Histologicamente, os túbulos são revestidos por camada única de células uniformes, pequenas e com secreção citoplasmática apical; os túbulos não possuem células mioepiteliais, achado importante no diagnóstico diferencial com adenose e com cicatriz radial. Como o tumor pode ser misto, para ser considerado “puro” 90% da lesão devem ter aspecto tubular. O carcinoma tubular “puro” é o câncer mamário invasor de melhor prognóstico. Uma variante é o carcinoma cribriforme invasor, constituído por massas de células pequenas e regulares que formam blocos perfurados por pequenos ácinos, conferindo aspecto cribriforme. O carcinoma cribriforme invasor também tem prognóstico muito bom, com sobrevida de cinco anos em 95 a 100% dos casos. Os carcinomas tubulares podem estar associados a carcinomas lobulares (invasores ou in situ), constituindo os carcinomas tubulolobulares. Esses tumores são mais frequentes em casos familiares, especialmente ligados a mutações no gene BRCA 2. A maioria dos carcinomas tubulares é do tipo luminal A. Carcinoma lobular invasor. Infiltração do estroma por células isoladas, com baixo pleomorfismo, dispostas em fileiras em torno de ducto (aspecto em alvo). Carcinoma tubular invasor. Numerosos túbulos e baixo pleomorfismo nuclear. Andressa Ferreira Andrade Carcinoma medular O carcinoma medular corresponde a cerca de 7% dos carcinomas da mama e tem prognóstico um pouco melhor do que o dos carcinomas ductais em geral. Apresenta-se como massa palpável móvel, bem delimitada, com tamanho variável (2 a 5 cm). O aspecto macroscópico reflete essa apresentação clínica, pois o tumor é bem delimitado, lobulado, homogêneo e de consistência macia, podendo ser confundido com fibroadenoma. Histologicamente, a lesão é formada por grupos sólidos de células com núcleos pleomórficos, nucléolos evidentes, estroma escasso e intenso infiltrado linfoide. Células gigantes bizarras, focos de metaplasia escamosa e necrose podem estar presentes. As margens são bem circunscritas. O tumor é mais frequente em mulheres jovens e em casos familiares, estando associado frequentemente a anormalidades no gene BRCA 1. Os carcinomas medulares são mais frequentemente do tipo basal. Carcinoma mucinoso Também conhecido como carcinoma coloide, mucoide ou gelatinoso, o carcinoma mucinoso representa 2 a 3% dos carcinomas da mama e, em geral, manifesta-se em mulheres após a menopausa;tem bom prognóstico, com sobrevida de 10 anos em 80 a 90% dos casos. Clinicamente, apresenta-se como massa amolecida, com padrão inespecífico à mamografia. Macroscopicamente, o tumor é bem circunscrito, apresenta aspecto gelatinoso e contém áreas de hemorragia. Histologicamente, é formado por pequenos agrupamentos de células malignas com aspecto em geral homogêneo e de baixo grau de malignidade, em meio a lagos de muco; as margens do tumor são mais expansivas do que infiltrativas. Para ser considerado carcinoma mucinoso “puro”, o tumor deve ter mais de 90% do aspecto descrito; somente esses casos têm bom prognóstico. Alguns estudos mostram maior frequência de carcinoma mucinoso em mulheres com mutações no gene BRCA 1. Embora mais frequentemente sejam tumores do tipo luminal A, carcinomas mucinosos do tipo luminal B e com expressão de HER2/neu são também descritos. Carcinoma micropapilar Trata-se de um tipo especial de carcinoma caracterizado por células malignas em arranjos micropapilares no interior de espaços císticos no estroma da mama, sem revestimento epitelial ou endotelial. Metástases axilares são frequentes quando do diagnóstico. Invasão vascular na periferia do tumor é observada em mais de 60% dos casos. Embora raro na forma pura, cerca de 3 a 6% dos carcinomas da mama apresentam pelo menos focalmente Carcinoma mucinoso invasor. Pequenos agrupamentos de células com baixo grau de pleomorfismo, imersas em lagos de muco. Carcinoma micropapilar invasor. No detalhe, micropapilas sem eixo conjuntivovascular. Andressa Ferreira Andrade esse tipo de padrão arquitetural. Estes tumores são mais dos tipos luminais A e B, com frequente expressão de HER2/neu. Doença de Paget Doença de Paget da mama é entidade clinicopatológica caracterizada por lesão eczematosa no mamilo causada por disseminação intraepidérmica de células malignas de carcinoma intraductal ou invasor subjacente. A doença de Paget pode ser sinal tanto de neoplasia localizada e curável como a primeira manifestação de carcinomas de mau prognóstico. Em 50% dos casos, a lesão subjacente é um carcinoma invasor ou intraductal extenso; em apenas 10% das pacientes, o tumor não é palpável e está confinado aos ductos logo abaixo do mamilo. Histologicamente, a doença de Paget caracteriza-se por células grandes, com núcleos vesiculosos, nucléolo evidente e citoplasma claro e abundante, na intimidade da epiderme. As células neoplásicas contêm muco no citoplasma, o qual se cora pelo PAS. O principal diagnóstico diferencial é com melanoma, que tem aspecto histológico semelhante. Em praticamente todos os casos da doença de Paget, suas células são positivas para a proteína codificada pelo gene HER2/neu. Esta proteína atua como fator de motilidade de células malignas e sinaliza que estas sejam atraídas por um componente isolado da epiderme humana. Por tudo isso, a expressão do HER2/neu parece relacionar-se com a capacidade de deslocamento das células no interior do sistema ductal, o que torna esse marcador um determinante da extensão dos carcinomas intraductais e, portanto, um fator prognóstico para recidiva em cirurgias conservadoras. Carcinoma inflamatório Carcinoma inflamatório refere-se a uma forma de apresentação clínica do carcinoma mamário e não a um subtipo histológico. O tumor tem grande importância clínica por produzir sinais semelhantes aos de uma inflamação aguda, como edema, vermelhidão e calor, podendo simular condições benignas (p. ex., abscessos, necrose gordurosa). Histologicamente, caracteriza-se por embolização maciça de vasos linfáticos da derme por células neoplásicas. Na maioria das vezes, trata-se de carcinoma pouco diferenciado e com péssimo prognóstico. Nos últimos anos, contudo, tem-se observado melhora discreta na sobrevida graças à introdução de protocolos intensivos de quimioterapia. Carcinomas da mama que ulceram a pele causando infecção secundária e inflamação não devem ser classificados como carcinomas inflamatórios, cujo diagnóstico histológico depende da demonstração de embolia neoplásica em vasos linfáticos. Carcinoma metaplásico Carcinoma metaplásico engloba um grupo de neoplasias formadas por uma mistura complexa de áreas de tipo usual de carcinoma com elementos escamosos e/ou sarcomatoides. Trata-se de tumor raro (menos de 1% dos carcinomas da mama) que tem comportamento clínico e biológico heterogêneo. Há vários subtipos histológicos: carcinoma adenoescamoso de baixo grau, carcinoma metaplásico do tipo fibromatose-símile, carcinoma epidermoide, carcinoma fusocelular, carcinoma metaplásico com diferenciação mesenquimal e carcinoma Células grandes, com núcleos vesiculosos, nucléolos evidentes e citoplasma claro e abundante, na intimidade da epiderme. Andressa Ferreira Andrade metaplásico misto. É importante distinguir esses subtipos, porque, enquanto a maioria deles tem comportamento agressivo e metastatiza por via hematogênica, algumas variantes (p. ex., carcinoma adenoescamoso de baixo grau e o do tipo fibromatose-símile) têm melhor prognóstico. A maioria dos carcinomas metaplásicos têm fenótipo basal e expressam p63, P-caderina, EGFR e ceratina 5. Outros carcinomas Representam menos de 1% dos carcinomas da mama e incluem subtipos histológicos como carcinoma adenoide- cístico, carcinoma secretor, carcinoma papilífero invasor, carcinoma de células acinares, carcinoma rico em lipídeos e carcinoma apócrino. OUTRAS NEOPLASIAS MALIGNAS Sarcomas de tecidos moles e linfomas podem originar-se na mama. Em geral, têm os mesmos aspecto morfológico e comportamento dos tumores primitivos de outras sedes. Entre os sarcomas, destacam-se angiossarcomas e sarcomas do estroma, expressão genérica para uma neoplasia que parece originar-se no estroma mamário mas que não tem o componente epitelial do tumor phyllodes. Embora raros, angiossarcomas podem ser muito bem diferenciados. Toda proliferação vascular na mama deve ser considerada com muito cuidado, o que não significa não existirem nela tumores vasculares benignos; ao contrário, hemangiomas perilobulares são até relativamente comuns. NEOPLASIAS METASTÁTICAS Os tumores primários que mais frequentemente dão metástases na mama são de pulmões, rins, estômago, melanomas cutâneos e carcinoides intestinais. Algumas vezes, a metástase mamária é a primeira manifestação de um desses cânceres. Mais comumente, no entanto, o comprometimento mamário aparece na fase de disseminação sistêmica, como ocorre em tumores do ovário, sarcomas, mesoteliomas e vários tipos de carcinomas. PATOLOGIA DA MAMA MASCULINA Em homens, a mama é rudimentar e inativa, sendo constituída por tecido fibroadiposo com ductos mamários pouco desenvolvidos. Em princípio, todas as lesões encontradas na mama feminina podem acometer a mama masculina, embora sua frequência seja muito menor. Ginecomastia Ginecomastia, que se caracteriza por aumento de volume da mama masculina, resulta de hipertrofia e hiperplasia dos componentes estromal e epitelial. A lesão pode ser uni ou bilateral, apresentando-se como área discoide e de consistência endurecida na região subareolar. Na maioria dos casos, é idiopática e detectada antes dos 25 anos; quando aparece em idade mais avançada, suas causas mais comuns são cirrose hepática, uso de medicamentos (digital, reserpina, clorpromazina etc.), tumores testiculares (produtores de gonadotrofina coriônica), tumores das suprarrenais e carcinoma do pulmão. Histologicamente, ginecomastia caracteriza-se por aumento do tecido fibroso e dos ductos mamários, os quais mostram hiperplasia epitelial. Metaplasia escamosa, formação de lóbulos e hiperplasia pseudoangiomatosa do estroma também são encontradas. Andressa Ferreira Andrade Carcinoma Carcinoma da mama masculina representa apenas 1% de todos os carcinomas mamários. História familiar, alterações hormonais, idade superiora 50 anos, exposição a radiações e obesidade são fatores de risco. Cerca de 4 a 14% dos casos estão relacionados com mutação no gene BRCA 2, e 3 a 8%, à síndrome de Klinefelter. Não há provas de relação causal com ginecomastia. Em geral, o tumor apresenta-se como nódulo em indivíduos idosos. Metástases axilares são comuns no momento do diagnóstico. Descarga mamilar e doença de Paget são formas relativamente comuns de apresentação clínica. Histologicamente, predomina o carcinoma ductal invasor, embora todos os tipos descritos para a mama feminina também possam ser encontrados em homens. Com frequência, o carcinoma da mama masculina é positivo para receptores de estrógeno. Carcinomas da próstata podem metastatizar na mama masculina e simular tumores primários. Como na mama feminina, metástases axilares, tamanho do tumor e grau histológico são os fatores prognósticos mais importantes. Multicentricidade e bilateralidade Multicentricidade refere-se à existência de carcinoma em um quadrante distinto daquele em que está o tumor principal. Quando dois tumores distintos ocorrem no mesmo quadrante, a condição é definida como multifocalidade. Tumores múltiplos na mama são mais comuns em carcinomas lobulares, sendo sua incidência global de 15%. Nesses casos, cerca de 35% dos focos múltiplos são invasores, e o restante, in situ. O risco de uma mulher com câncer de uma mama desenvolver carcinoma na mama contralateral é cinco vezes maior do que em mulheres sem câncer prévio. Bilateralidade é mais comum nos casos de câncer familiar. O carcinoma lobular in situ é o tipo histológico mais encontrado em tumores bilaterais. Não há consenso se biópsia da mama contralateral deve ser realizada em todos os casos, exceto quando há alguma anormalidade detectada por palpação ou mamografia. Disseminação Os carcinomas da mama disseminam-se por invasão local e pelas vias linfática e hematogênica. Invasão local ocorre no próprio parênquima, na pele, no mamilo, no músculo ou na parede torácica. Em 25% dos carcinomas invasores, encontra-se infiltração microscópica do mamilo, dado de importância prática, pois em algumas cirurgias o mamilo não é retirado. Invasão da pele e, sobretudo, da cicatriz cirúrgica ocorre em recidiva da lesão em forma de pequenos nódulos que devem ser diferenciados de granulomas de reparação. Nesses casos, a citologia aspirativa pode ser muito útil. Em 30 a 50% dos carcinomas da mama, no momento do diagnóstico existem metástases em linfonodos axilares. Como já mencionado, o emprego crescente da mamografia tem possibilitado a detecção de tumores pequenos, o que vem aumentando o número de casos diagnosticados ainda sem metástases axilares. Em geral, metástases em linfonodos indicam o potencial metastático a distância e, de forma quantitativa, quanto maior o número de Andressa Ferreira Andrade linfonodos envolvidos, maior a probabilidade de já haver metástases sistêmicas. Tal fato é refletido na sobrevida: 60% das mulheres com um a três linfonodos envolvidos têm sobrevida de 10 anos, taxa que cai para 20% naquelas que têm quatro ou mais linfonodos com metástases por ocasião do diagnóstico. De maneira geral, as metástases linfáticas ocorrem inicialmente nos linfonodos do nível inferior da axila, depois no médio e no superior. Skip metástases (que “saltam” uma cadeia linfonodal) e envolvimento das cadeias mamária interna e supraclavicular sem comprometimento axilar prévio são raros. Metástases sistêmicas ocorrem mais nos pulmões, ossos, fígado, suprarrenais, ovários e sistema nervoso central. Cerca de 30% das pacientes sem metástases axilares desenvolvem posteriormente metástases sistêmicas, o que indica que parte dos carcinomas da mama são doenças sistêmicas no momento do diagnóstico. Esse fato tem mudado consideravelmente a conduta terapêutica e diminuído as intervenções radicais, que pouco influem na sobrevida global. Os carcinomas lobulares disseminam-se para cavidades serosas, trato gastrointestinal e meninges, em geral muitos anos após sua remoção cirúrgica. A abordagem axilar no carcinoma mamário tem duas finalidades: uma terapêutica, para tratar locorregionalmente a doença, e outra de estadiamento, para se avaliar o estado dos linfonodos axilares. Metástases axilares são o principal fator prognóstico no câncer da mama. Por outro lado, esvaziamento axilar completo associa-se a alta morbidade, que inclui linfedema, dor, parestesia, hipoestesia e seroma. Com a adoção de programas de rastreamento populacional para detecção de câncer mamário, o diagnóstico desses tumores está sendo feito com maior frequência em estágios iniciais, em que o envolvimento de linfonodos axilares é menor. Assim, juntamente com a adoção de cirurgias conservadoras, também foi introduzida a biópsia do linfonodo-sentinela. Esta consiste na remoção do primeiro linfonodo que recebe a drenagem linfática proveniente da mama e que, por isso, é referido como linfonodo-sentinela. Quando este é acometido por metástases, há maior probabilidade de acometimento de outros linfonodos da cadeia axilar. Quando é negativo, permite predizer-se negatividade dos demais linfonodos em até 95% dos casos, evitando-se, assim, o esvaziamento axilar completo e a morbidade decorrente desse procedimento. Fatores prognósticos A incidência crescente, a heterogeneidade biológica e a alta taxa de mortalidade do câncer da mama tornam muito valiosos todos os esforços no sentido de se identificarem elementos que possam melhorar a compreensão do comportamento biológico da neoplasia e, em consequência, identificar pacientes sob risco de recidiva e metastatização. Nesse contexto, é indispensável que clínicos, oncologistas, mastologistas e patologistas estejam informados acerca de todos os fatores que possam estar associados à evolução das pacientes. Muita informação a esse respeito tem sido divulgada na literatura mundial, sendo descritos mais de uma centena de fatores potencialmente relacionados com o comportamento biológico do câncer mamário. Embora o exame anatomopatológico tradicional feito com qualidade forneça dados fundamentais para o prognóstico, atualmente torna-se necessário o estudo de outros marcadores, detectados por outros procedimentos, como citometria, biologia molecular e imuno-histoquímica. O desenvolvimento de técnicas que possibilitam o estudo da expressão gênica trouxe contribuição valiosa para identificar tumores com maior ou menor agressividade, o que tem reflexos evidentes no tratamento. Andressa Ferreira Andrade Um marcador de prognóstico pode ser definido como qualquer elemento capaz de, no momento do diagnóstico (ou da cirurgia) da neoplasia, dar informações a respeito da sua evolução. Para tal, o marcador deve estar relacionado com propriedades biológicas envolvidas na transformação neoplásica, no crescimento tumoral ou no processo da cascata metastática. Um marcador preditivo é o que fornece informações para a seleção de pacientes suscetíveis de responderem a determinada terapêutica. O protótipo de marcador preditivo são os receptores hormonais que medeiam a resposta à terapêutica hormonal adjuvante. 4. Estadiamento usado para o câncer de mama. REFERÊNCIA: Manual de Oncologia – Harrison SISTEMA DE ESTADIAMENTO O estadiamento de câncer de mama normalmente é feito de acordo com o sistema TNM. O sistema de estadiamento publicado pelo American Joint Committee on Cancer (AJCC) foi modificado em 2010. A sobrevida em 5 anos, mantém forte relação com o estágio do tumor, variando entre 99% para as mulheres com doença em estágio 0, e 14% para aquelas com doença no estágio IV. Andressa Ferreira Andrade Andressa Ferreira Andrade AVALIAÇÃO PARA ESTADIAMENTO A avaliação
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