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Leitura e produção de textos - UNIDADE 03

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Leitura e 
Produção de Textos 
PEDAGOGIA 
Curso de Graduação Online | UNISUAM 
 
 
 U
N
ID
A
D
E
 3
 
 
Modos de Organização Textual:Tipologia Textual Básica Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
2 
 
 
 
 
 
 
 
Modos 
de Organização 
Textual:Tipologia 
Textual Básica 
 
 
 
 
Objetivo do estudo 
- Reconhecer os diferentes processos de elaboração de textos: narração, descrição e 
dissertação, bem como as características e os elementos presentes em cada um. 
- Identificar as feições do texto dissertativo: exposição e argumentação 
- Reconhecer os modos de desenvolvimento da dissertação. 
- Descrever as manifestações da tipologia textual em diferentes gêneros. 
- Dissertar sobre a interpenetrabilidade dos diferentes modos de organização. 
 
 
 
INTRODUÇÃO: 
Dependendo do tipo de texto que se queira produzir, o desenvolvimento dos parágrafos precisará 
atender a algumas características específicas. Há três tipos básicos de textos, amplamente 
utilizados em nosso dia a dia. Em linhas gerais, são eles: 
Modos de Organização Textual:Tipologia Textual Básica Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
 
 
 
 
 
NARRAÇÃO: quando se deseja contar (ou relatar) um fato que tenha ocorrido; 
 
DESCRIÇÃO: quando se deseja mostrar os detalhes (ou características) que se referem a 
um lugar, objeto ou pessoa; 
 
DISSERTAÇÃO: quando se deseja apresentar uma noção, opinião ou ideia (dissertação 
expositiva); ou quando se deseja defender um ponto de vista e tentar convencer outra pessoa 
(dissertação argumentativa). 
 
Narrar, descrever e dissertar são, portanto, os três processos fundamentais de redação que 
fazem parte da comunicação do dia a dia e, por isso, são muito utilizados na prática da escrita. 
Veremos, nesta Unidade, como isto se dá em termos práticos, através de variados exemplos. 
 
Que tal começarmos? 
 
 
 
 
 
 
Narrar, descrever e 
dissertar são, portanto, 
os três processos 
fundamentais de redação 
Processos de Elaboração do Texto 
Para começarmos o nosso estudo, imagine a seguinte 
situação: 
 
Na rua onde você mora, realiza-se semanalmente uma feira. 
Você decide escrever sobre isso. Dependendo do enfoque 
que você queira dar ao seu texto, o processo de elaboração 
vai ter de ser diferente. 
 
 
Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/ 
SaoPaulo/foto/0,,35281167-EX,00.jpg 
3 
3 
Modos de Organização Textual:Tipologia Textual Básica Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
4 
 
 
 
 
 
a) Se você quer mostrar ao leitor como é a feira (isto é, o que existe nela, que produtos são 
vendidos, como são as barracas, etc.), vai ter de recorrer à descrição; 
 
b) Se você quer contar ao leitor algum fato que tenha acontecido na feira (vamos supor, um 
assalto, um desentendimento entre fregueses, etc.), terá de recorrer à narração; 
 
c) Mas se você decidir analisar a presença da feira em sua rua de modo mais profundo e 
escrever sobre a importância da feira para sua comunidade (proporcionar o encontro entre 
os vizinhos, a aquisição de alimentos mais frescos e em conta etc.), neste caso, teremos de 
recorrer à dissertação expositiva, para que você possa expor suas ideias; 
 
d) Por fim, pode-se ainda abordar este tema sob outro enfoque. Digamos que você deseja 
provar a superioridade da feira, enquanto atividade econômica, em relação às redes de 
supermercados, por exemplo. Neste caso, vai recorrer à dissertação argumentativa, com o 
intuito de convencer o leitor de sua opinião. 
 
 
Há mais algumas características, sobre os quatro tipos de 
textos, que podemos destacar: 
 
 
 
 
atenção 
É difícil que um texto apresente apenas um destes 
processos de construção em sua elaboração. O 
mais comum é que eles coexistam, isto é, que um 
texto apresente dois ou mais destes processos 
simultaneamente. 
- Descrever é caracterizar. Ao descrever, você explica 
com suas palavras o que percebeu de um fato ou objeto, 
buscando passar para o leitor, o mais fielmente possível, 
a visão que você teve do elemento que busca descrever. 
Portanto, o texto descritivo costuma fazer uso constante da 
adjetivação, para enriquecer os detalhes e ajudar a compor 
os cenários e/ou personagens; 
 
- Narrar é contar. Ao narrar, você conta um fato acontecido, 
com quem aconteceu, onde, quando, como, por que etc. Por 
dar ênfase às ações ocorridas, na narração é constante o 
uso de verbos, notadamente os de ação; 
 
- Dissertar de forma expositiva é dar sua opinião sobre um 
fato ou tema. Neste caso, o autor deve procurar desenvolver 
uma ideia central, explicando seus pontos de vista, propondo 
novos aspectos ao tema central, até chegar ao seu principal 
objetivo, ou seja, concluir de modo claro e coerente seu 
pensamento; 
 
- Dissertar de forma argumentativa é defender um ponto 
de vista, buscando convencer o leitor a assumi-lo também. 
É nesse aspecto de sedução do leitor que consiste a 
diferença básica entre textos dissertativos expositivos e 
argumentativos. Bons exemplos de textos dissertativos 
argumentativos são os discursos políticos, em que se busca 
aliciar o leitor ou ouvinte para que assuma determinada 
posição ideológica. 
 
Vamos, agora, ver separadamente cada uma dessas 
tipologias textuais básicas. 
Modos de Organização Textual:Tipologia Textual Básica Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
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 T1 O Texto Narrativo: características e elementos 
Vamos ler o texto seguinte e perceber como ele se estrutura, quais são seus principais 
elementos e características. 
 
 
INFERNO NACIONAL 
 
A historinha abaixo transcrita surgiu no folclore de Belo Horizonte e foi contada lá, numa 
versão política. Não é o nosso caso. Vai contada aqui no seu mais puro estilo folclórico, 
sem maiores rodeios. 
 
Diz que uma vez um camarada que abotoou o paletó. Em vida o falecido foi muito 
dado à falcatrua, chegou a ser candidato a vereador pelo PTB, foi diretor de instituto de 
previdência, foi amigo do Tenório, enfim... ao morrer nem conversou: foi direto ao Inferno. 
Em chegando lá, pediu audiência a Satanás e perguntou: 
- Qual é o lance aqui? 
Satanás explicou que o inferno estava dividido em diversos departamentos, cada um 
administrado por um país, mas o falecido não precisava ficar no departamento administrado 
pelo seu país de origem. Podia ficar no departamento do país quer escolhesse. Ele agradeceu 
muito e disse a Satanás que ia dar uma voltinha para escolher o seu departamento. 
Está claro que saiu do gabinete do Diabo e foi logo para o departamento dos Estados 
Unidos, achando que lá devia ser mais organizado o inferninho que lhe caberia para toda a 
eternidade. Entrou no departamento dos Estados Unidos e perguntou como era o regime ali. 
- Quinhentas chibatadas pela manhã, depois passar duas horas num forno de duzentos 
graus. Na parte da tarde: ficar numa geladeira de cem graus abaixo de zero até as três horas, 
e voltar ao forno de duzentos graus. 
O falecido ficou besta e tratou de cair fora, em busca de um departamento menos 
rigoroso. Esteve no da Rússia, no do Japão, no da França, mas era tudo a mesma coisa. 
Foi aí que lhe informaram que tudo era igual: a divisão em departamento era apenas para 
facilitar o serviço no Inferno, mas em todo lugar o regime era o mesmo: quinhentas chibatadas 
pela manhã, forno de duzentos graus durante o dia e geladeira de cem graus abaixo de 
zero, pela tarde. 
O falecido já caminhava desconsolado por uma rua infernal, quando viu um 
departamento escrito na porta: Brasil. E notou que a fila à entrada era maior do que a dos 
outros departamentos. Pensou com suas chaminhas: "Aqui tem peixe por debaixo do angu". 
Entrou na fila e começou a chatear o camarada da frente, perguntando por que a fila era 
maior e os enfileirados, menos tristes. O camarada da frente fingia que não ouvia, mas ele 
tanto insistiu que o outro, com medo de chamarem atenção, disse baixinho: 
- Fica na moita, e não espalha não. O forno daqui está quebrado e a geladeira anda 
meio enguiçada. Não dá mais de trintae cinco graus por dia. 
- E as quinhentas chibatadas? - perguntou o falecido. 
- Ah... O sujeito desse serviço vem aqui de manhã, assina o ponto e cai fora. 
 
 
(Sérgio Porto - Stanislaw Ponte Preta) 
Modos de Organização Textual:Tipologia Textual Básica Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
6 
 
 
 
 
 
 
exemplo 
Para sua informação, trata-se de um texto do cronista 
Sérgio Porto, que ficou mais conhecido como Stanislaw 
Ponte Preta, pseudônimo que adotou com fins humorísticos. 
Crítico inteligente e preciso das mazelas do país, seus textos, 
mesmo tendo sido escritos em boa parte nos anos 1960, 
permanecem atuais, como é o caso deste. 
 
Elementos da Narrativa 
Vamos ler o texto que se segue: 
 
O PADEIRO 
 
 
Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a 
porta do apartamento - mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro 
de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido”. De resto não 
é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões; que suspenderam o trabalho noturno; 
acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não 
sei bem o quê do governo. 
Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto 
tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha 
deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar 
os moradores, avisava gritando: 
- Não é ninguém, é o padeiro! 
Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo? 
“Então você não é ninguém?” 
Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe 
acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra 
pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a 
pessoa que o atendera dizer para dentro: “não é ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim 
ficara sabendo que não era ninguém. . . 
Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis 
detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. 
Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada 
que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina - e 
muitas vezes saía de lá levando na mão um dos primeiro exemplares rodados, o jornal ainda 
quentinho da máquina, como pão saído do forno. 
Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque 
no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, 
ia uma crônica ou artigo com meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta 
de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre 
todos útil e entre todos alegre: “não é ninguém, é o padeiro!” 
E assobiava pelas escadas. 
 
 
(BRAGA, Rubem. In: Para gostar de ler, Vol. 1, Ática, São Paulo, 1977) 
Modos de Organização Textual:Tipologia Textual Básica Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
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Como você deve ter observado através da leitura do texto “O padeiro”, os acontecimentos 
são contados por alguém: o narrador. Na história, aparecem as personagens envolvidas em 
fatos que se desenrolam em certo tempo e em determinado espaço. São esses elementos 
que caracterizam a narrativa. 
 
O narrador relata episódios imaginados ou presenciados por ele ou, até mesmo, dos quais 
tenha participado. No primeiro caso, temos o chamado narrador em 3ª pessoa, pois ele não 
toma parte na narrativa e os verbos aparecem em terceira pessoa, como no caso do primeiro 
texto que lemos, Inferno Nacional (“Diz que uma vez um camarada que abotoou o paletó.”). 
Se o narrador participa da história, temos o chamado narrador em 1ª pessoa, já que os 
verbos aparecem em primeira pessoa, como no texto O padeiro (“Levanto cedo, faço minhas 
abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento - mas não 
encontro o pão costumeiro.”). 
 
Quando se dispõe a contar uma história, o narrador já tem em mente a ideia-chave, que é 
a base da narrativa. Para que a narrativa tenha qualidades, o assunto deve ser relatado de 
forma original e despertar no leitor interesse pelo desenrolar da história. A linguagem deve 
ser simples, clara, correta. A história deve ser verossímil, ou melhor, deve dar ao leitor a 
“impressão” de que pode, de fato, acontecer. 
 
Os principais elementos da narrativa são: 
 
 
 
Quando se dispõe a contar 
uma história, o narrador já 
tem em mente a ideia-chave, 
que é a base da narrativa 
 
 
 
aprofundando 
Se quiser ler um texto muito interessante sobre a 
questão do tempo nas narrativas, acesse: 
 
http://www.recantodasletras.com.br/ 
teorialiteraria/410685 
ENREDO: o enredo ou trama é formado pelos fatos que se 
desenrolam durante a narrativa. Não é suficiente tirar os fatos 
da realidade e passá-los para o papel; é preciso selecioná- 
los. Só deve fazer parte da narrativa o que é importante para 
o desenvolvimento da história. 
 
PERSONAGENS: os fatos envolvem personagens. É de 
acordo com ações, comportamento e características das 
personagens que a história se desenvolve. Por isso elas 
são elementos fundamentais da narrativa. 
 
ESPAÇO: os fatos acontecem em um determinado ambiente, 
o espaço. Ele pode funcionar como pano de fundo para a 
história ou até como expressão do estado de espírito das 
personagens, dependendo do tipo de tratamento que o autor 
dá à narrativa. 
 
TEMPO: o narrador conta fatos que ocorrem em determinado 
intervalo de tempo - elemento que indica quando ocorrem as 
ações das personagens. No texto que lemos, estão presentes 
duas formas de tempo: a) cronológico - espaço de tempo real 
em que a personagem realiza suas ações. Os verbos aparecem 
no presente: “Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a 
chaleira no fogo (...) e abro a porta.”; b) psicológico - é o que 
aparece em momentos da narrativa que não correspondem a 
ações efetivas das personagens, mas a lembranças, devaneios, 
sonhos, etc. Os verbos não aparecem no presente, já que as 
ações não estão sendo realizadas naquele momento. Nesse 
texto que lemos, quando o narrador se lembra da história do 
padeiro, os verbos aparecem no pretérito: “E enquanto tomo 
café vou me lembrando de um homem modesto que conheci 
antigamente. (...) Ele abriu um sorriso largo. Explicou que 
aprendera aquilo de ouvido.” 
Modos de Organização Textual:Tipologia Textual Básica Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
 
 
 
 
 
 T2 
O Texto Descritivo: sua estruturação 
 
 
Vamos ler, juntos, o texto que se segue: 
 
A GUERRA DO FIM DO MUNDO 
 
O homem era tão alto e tão magro que parecia sempre de perfil. Sua pele era escura, 
seus ossos proeminentes e seus olhos ardiam como fogo perpétuo. Calçava sandálias de 
pastor e a túnica azulão que caía sobre o corpo lembrava o hábito desses missionários que, 
de quando em quando, visitavam os povoados do sertão batizando multidões de crianças e 
casando os amancebados. Era impossível saber sua idade, sua procedência, sua história, 
mas algo havia em seu aspecto tranquilo, em seus costumes frugais, em sua imperturbável 
seriedade que, mesmo antes de dar conselhos, atraía pessoas. 
 
(Mario Vargas Llosa – A Guerra do Fim do Mundo) 
 
 
 
 
Notou que o texto A Guerra do Fim do Mundo é uma descrição? Percebemos o mundo pelos 
sentidos. Através deles, construímos as imagens que temos de pessoas, coisas, lugares. 
Quando queremos transmitir a alguém uma imagem, recorremos de novo a nossos sentidos 
para reconstruí-la e depois exterioriza-la por meio da linguagem. Quando utilizamos a 
linguagem para expressar a imagem que temos de coisas, cenas ou pessoas, construímos 
um texto descritivo. 
 
Como você já viu, na narração ocorre uma sequência de fatos que se desenrolam no tempo de 
tal forma que os personagens vão sofrendo transformações à medidaque os acontecimentos 
sucedem. Na descrição não há essa sucessão de acontecimentos no tempo, de sorte que não 
haverá transformações de estado da pessoa, coisa ou ambiente que está sendo descrito, mas 
sim a apresentação pura e simples do estado do ser descrito em um determinado momento. 
 
A descrição se caracteriza por ser o retrato de pessoas, objetos ou cenas. Para produzirmos 
retrato de um ser, de um objeto ou de uma cena, podemos utilizar a linguagem não verbal, 
como no caso das fotos, pinturas e gravuras, ou a linguagem verbal (oral ou escrita). Veja, 
abaixo, uma estátua que representa Antônio Conselheiro, a mesma personagem descrita no 
texto verbal que lemos: 
 
Fonte: http://www.canudos.ba.gov.br/ 
prefeitura/guerra-de-canudos.asp 
8 
Modos de Organização Textual:Tipologia Textual Básica Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
 
 
 
 
 
A utilização de uma dessas linguagens não exclui necessariamente a outra: pense, por 
exemplo, nas fotos ou nas ilustrações com legendas, em que a linguagem verbal é utilizada 
como complemento da linguagem não verbal. Pense também num anúncio de animal de 
estimação perdido em que, ao lado da descrição verbal do animal, também é apresentada, 
como complemento àquela informação, a foto dele. 
 
As Sequências Descritivas 
 
importante 
Dificilmente você encontrará um texto exclusivamente 
descritivo (isso ocorre em catálogos, manuais e 
demais textos instrucionais). O mais comum é haver 
trechos descritivos inseridos em textos narrativos 
ou argumentativos. Em romances, por exemplo, 
que são textos narrativos por excelência, você 
pode perceber várias passagens descritivas, tanto 
de personagens como de ambientes. 
O texto que abre o assunto sobre descrição é o início do 
romance “A guerra do fim do mundo”. Nele o escrito peruano 
Mário Vargas Llosa reconta a história da guerra de Canudos. 
Romance é um gênero textual que em que predomina as 
sequências narrativas. Isso não impede, porém, que nele 
possamos encontrar sequências textuais de outros tipos. 
 
O texto faz um retrato de Antônio Vicente Maciel, o Antônio 
Conselheiro, líder da revolta de Canudos (Bahia, 1897), 
assunto tratado em textos dos mais diversos gêneros: 
romances, filmes, músicas, ensaios, textos didáticos 
e históricos. O parágrafo que lemos trata-se, portanto, 
de uma sequência descritiva num texto pertencente ao 
gênero narrativo. 
 
No texto descritivo, há um predomínio de verbos no pretérito imperfeito e no presente do 
indicativo. Como nas sequências descritivas o autor procurava fazer com que aquilo que 
se descreve apareça como um quadro vivo à nossa frente no momento em que tomamos 
contato com a descrição, o uso desses tempos verbais é fundamental. 
 
No exemplo, usou-se o pretérito imperfeito porque se trata da descrição de um personagem 
histórico. O uso desse tempo verbal permite ao autor recuar no tempo, tornando presente 
aquilo que é passado. A figura do Conselheiro, alguém que viveu na segunda metade do 
século XIX, pelo uso do pretérito imperfeito, surge a nós como uma figura presente. 
 
Veja um exemplo de descrição em que se empregam os verbos no presente do indicativo: 
exemplo 
http://sanzovo.files.wordpress. 
com/2013/10/fernando-de-noronha-pe.jpg 
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Noronha não é grande (vinte vezes menor que Ilha Bela, em São Paulo, por exemplo), mas 
também não chega a ser uma ilhota de desenho animado. De uma ponta à outra são cerca de 
dez quilômetros, que, no entanto, não podem ser percorridos pelas areias das praias porque 
a maioria delas não se comunica entre si, nem na maré baixa. 
 
 
 
exercício 
Agora que já estudou sobre os tipos de texto, é hora de mostrar que você compreendeu bem 
o assunto. Realize o exercício seguinte! 
 
Oficina de Produção 
 
Escolha uma das propostas seguintes e produza o texto proposto, de acordo com as 
características textuais estudadas. Depois, envie-o para que seja avaliado pelo professor 
da disciplina. 
 
1ª Proposta: 
 
Elabore uma narrativa sobre uma cena de rua. Seguem alguns tópicos, para ajudar a organizar 
as suas ideias. Mas atenção: o texto é seu. Novos tópicos são muito bem-vindos. 
• Como é o início da história? 
• O tema sugere o espaço da narrativa; determine o lugar da rua; 
• Como está o ambiente? Chuvoso, ensolarado, nublado? 
• Que personagens participam da trama? O que fazem? 
• O cenário exerce alguma influência no comportamento delas? De que forma? 
• Observe o tempo da narrativa: utilizando o tempo cronológico, indique quando ocorreu 
o fato narrado e a sequência em que se desenvolveram as ações; se possível, insira 
um momento em que seja empregado o tempo psicológico. 
 
2ª Proposta: 
 
Escolha um dos tópicos a seguir e desenvolva um texto descritivo claro, coerente, coeso e 
correto. Não se esqueça de fornecer o máximo de detalhes possíveis, para tornar seu texto 
interessante e variado: 
 
1) Descreva: o bairro onde você mora ou trabalha. Destaque seus principais aspectos 
ou peculiaridades, diga como são as pessoas, as casas, o comércio etc. Enfim, procure 
traçar um bom retrato do bairro em questão, para que, mesmo quem nunca foi lá, possa 
ter uma boa ideia de como é. 
 
2) Descreva: seu melhor amigo (ou amiga). Como a pessoa é, fisicamente? E quanto 
ao seu caráter, seu temperamento, suas atitudes, que traços mais se destacam? Fale o 
que puder para traçar um retrato fiel da pessoa escolhida. 
 
Qualquer que seja a opção escolhida, ao elaborar seu texto, não se esqueça de observar 
questões como a ortografia, a concordância, o emprego de termos adequados etc. Problemas 
nesses aspectos podem comprometer a compreensão de suas ideias. 
 
Use sua imaginação para explorar o tema, sua capacidade de ordenação lógica para desenvolvê- 
lo de modo claro e coerente de acordo com as características do tipo básico escolhido, envie 
para ser avaliado pelo professor e... boa sorte! O importante é não ter medo de tentar! 
Modos de Organização Textual:Tipologia Textual Básica Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
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 T3 
O Texto Dissertativo e suas Diversas Feições: 
exposição e argumentação 
 
 
O texto dissertativo expositivo é uma sequência de ideias e opiniões a respeito de um 
determinado assunto. A elaboração de um texto dissertativo expositivo pressupõe espírito 
crítico, raciocínio, clareza e objetividade na exposição dos fatos e opiniões. 
 
Outro aspecto importante da dissertação, tanto expositiva quanto argumentativa, diz respeito 
aos assuntos propostos que, na maioria das vezes, são muito amplos. Torna-se necessário, 
portanto, delimitá-los, antes de abordá-los em um texto dissertativo. 
 
Tomemos como exemplo o assunto “futebol”, que pode ser abordado sob os mais diferentes 
aspectos. Seria impossível abranger, num único texto, todas estas possibilidades. Faz- 
se imprescindível, portanto, definir o ângulo, ou seja, o tema sob o qual o assunto em 
questão será abordado. 
 
• O futebol e a criança 
• O futebol e as torcidas organizadas: incitação à violência? 
• A paixão do brasileiro pelo futebol 
• O futebol de rua: tradição brasileira 
 
...e assim por diante. São inúmeras as possibilidades de abordagem de assuntos amplos. 
Caberá ao(s) autor(es) do texto definir que caminhos, que temas serão escolhidos e 
abordados. 
 
Vale destacar que tema e assuntos são coisas distintas: 
 
Tema (mais restrito, tem caráter mais específico) 
Assunto (mais geral, tem caráter mais abrangente) 
 
Estrutura Básica do Texto Dissertativo (de 
qualquer tipo) 
Para que um texto dissertativo apresente lógica e coerência, deve ter uma determinada 
estrutura. A estrutura-padrão é constituída de: 
 
“Os meios de comunicação 
social constituem, 
paradoxalmente, meios 
de elite e de massa.” 
(José Marques de Melo). 
a) introdução: deve conter a ideia principal a ser desenvolvida. 
Uma vez delimitado o assunto sobreo qual se vai escrever 
e elaborado um plano para estruturar o texto, é importante 
pensar no parágrafo que vai introduzir o tema. Esse 
parágrafo deve, antes de mais nada, chamar a atenção do 
leitor para dois itens essenciais: os objetivos e o plano de 
desenvolvimento do texto. Vejamos exemplos disso: 
 
“Os meios de comunicação social constituem, paradoxalmente, 
meios de elite e de massa.” (José Marques de Melo). 
 
Observe como o autor, em poucas palavras, chama a atenção para a contradição existente nos 
meios de comunicação social e, ao mesmo tempo, nos dá ideia do que pretende desenvolver 
(claro, uma discussão em torno dessa contradição). 
Modos de Organização Textual:Tipologia Textual Básica Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
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“De um tecido rústico para cobrir barracas, surgiu a roupa mais universal do homem. Adotadas 
pela juventude, as calças jeans tornaram-se símbolo de uma nova maneira de viver.” (Revista 
Superinteressante). 
 
VOCÊ SABIA? 
Como saber se um texto dissertativo está bem 
desenvolvido? Aqui vai um truque, para saber se 
um texto dissertativo está bem desenvolvido, com 
começo, meio e fim: após ler o texto na íntegra, 
releia apenas a introdução e a conclusão. 
 
Se estes dois parágrafos se complementarem, ou 
seja, se na conclusão estiverem “fechadas” ideias 
lançadas na conclusão, é porque o texto está bem 
estruturado e com seu sentido completo. 
Através deste parágrafo, nota-se claramente que o autor 
pretende traçar uma evolução histórica do uso do jeans 
e demonstrar o porquê de ser a roupa mais universal e 
símbolo de um novo estilo de vida. Os objetivos e o plano de 
desenvolvimento do texto ficam bem claros nesse parágrafo 
introdutório. 
 
b) desenvolvimento: exposição de opiniões que vão 
fundamentar a ideia principal; 
 
c) conclusão: é a retomada da ideia principal, que deve 
aparecer de forma mais convincente, uma vez que já foi 
fundamentada durante o desenvolvimento. Deve conter 
de uma forma resumida o objetivo proposto na introdução, 
acrescido da ideia básica empregada no desenvolvimento. 
 
 
Modos de Desenvolvimento da Dissertação 
Conforme vimos anteriormente, a estrutura básica da dissertação compreende uma introdução, 
o desenvolvimento do tema e uma conclusão, que retome e dê um “fecho” ao tema do texto. 
Este desenvolvimento da dissertação pode ser elaborado de diferentes modos. Vamos ver 
os mais comuns: 
 
A) Por Definição 
 
A definição de um dos termos – geralmente o mais importante – do tema do texto serve como 
ponto de partida para o desenvolvimento da dissertação. Exemplo: 
 
Um dos mais sérios problemas que o Brasil enfrenta é o da saúde. 
Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e emocional, define a 
Organização Mundial de Saúde – OMS, órgão vinculado às Nações Unidas. No 
caso, saúde é mais do que não estar doente. 
(Isto é, abr., 1985) 
 
Observe como, no segundo parágrafo, o termo “saúde” é definido, deixando claro ao leitor 
sobre o que o texto realmente vai discorrer. Como o próprio texto diz, o termo “saúde” aqui 
está sendo usado em um sentido bem mais amplo que o habitual. 
 
B) Por Comparação 
 
Neste caso, o autor do texto compara seres, fatos, ideias, destacando semelhanças ou 
diferenças entre eles. 
 
Comparação por semelhança; exemplo: 
 
Não há nenhuma diferença entre a dama da sociedade e o pajé botocudo. Ambos 
anunciam seu “status” social através do volume de sofrimento que infligem à 
natureza para se enfeitar. 
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Uma dessas damas que se apresentam em público com uma pele de onça, sapatos 
de couro de jacaré e bolsa de tartaruga estaria dizendo que, para se vestir naquele 
dia, foi necessário um grande sacrifício da natureza. Ou seja, que ela vale muito 
mais que um jacaré, uma onça e uma tartaruga juntos. Ela se sente valorizada 
tanto quanto o chefe indígena que matou três araras para compor seu exuberante 
cocar e cinco caitetus para fazer um colar de dentes. 
(Rogério C. de Cerqueira Leite) 
 
A comparação, aqui, se dá entre dois elementos bem inesperados, um pajé botocudo e uma 
dama da sociedade. Tais elementos são explicitados no parágrafo de introdução e os pontos 
de semelhança entre eles, no desenvolvimento. 
 
Comparação por contraste; exemplo: 
 
Não deixa de existir uma situação paradoxal no que diz respeito às cargas horárias 
de trabalho para uns e ao desemprego para outros. 
De um lado, trabalhadores em serviço oito horas por dia, quarenta e oito horas 
por semana e, de outro lado, trabalhadores desempregados por não conseguirem 
trabalho. É um dos grandes problemas que estamos enfrentando. 
(Renato Requixá) 
 
No caso, o contraste se estabelece entre trabalhadores com excesso de horas trabalhadas e 
desempregados. Observe como o uso de termos como “de um lado” e “de outro lado” ajuda 
a estabelecer a comparação por contraste. 
 
c) Por Exemplificação 
 
Neste caso, o autor busca comprovar uma afirmativa feita na introdução de seu texto através 
da citação de um exemplo que ilustre aquela regra ou princípio. 
 
No texto a seguir, o autor afirma, no parágrafo de introdução, que maus hábitos são 
comuns no comportamento do brasileiro, mas que haveria diferentes tipos, desde simples 
falta de educação a infrações à lei. Para tornar esta afirmativa mais clara para o leitor, no 
desenvolvimento ele faz uso de exemplos concretos. Observe: 
 
Há maus hábitos brasileiros, disfarçados em falta de educação, que, ultrapassando 
os limites da etiqueta, ingressam no campo das contravenções. Outros são simples 
ilícitos civis. Todos, porém, ligados à ausência de civilização elementar. 
Falar alto no cinema, durante a exibição do filme, constitui simples falta de 
educação. Fumar, porém, na sala é, além de perigoso, uma ofensa à lei, que muitos 
se dão ao luxo de desprezar, pela quase certeza da impunidade. Corresponde a 
uma ação correta buzinar, no trânsito, para um aviso relacionado com a segurança. 
Buzinar repetidamente, em frente de um hospital ou tentando acordar alguém que 
dorme no décimo andar, além de ser coisa de cafajeste, infringe a lei. 
(Walter Ceneviva – Folha de São Paulo, 2 fev. 1996) 
 
 
 
d) Por Causa e Consequência 
 
Por causa, entende-se o fato que provoca ou justifica o que está expresso na ideia principal. 
Por consequência, o fato que decorre daquilo que está exposto na ideia principal. 
 
Leia o texto seguinte. Perceba como a internalização de preconceitos por parte das crianças 
é mostrada como consequência de comportamentos preconceituosos que os adultos 
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diariamente, mesmo sem sentir, exibem. Tais comportamentos, portanto, são a causa e os 
preconceitos, a consequência. 
 
A criança pode formar várias formulações preconceituosas relativas às minorias 
étnicas a partir de seu dia-a-dia. Índios, mulheres e negros, por exemplo, são 
definidos através de estereótipos lamentáveis, não só através da fala cotidiana 
como através dos veículos de comunicação de massas e até dos livros didáticos. 
Como escapar, então, às formulações preconceituosas? Quando se comporta mal, 
a criança é advertida pelos adultos: “Cuidado que o negrão vem te pegar”. Sobre os 
índios, todos “aprendem” que andam nus, caçam com arco e flecha, adoram o sol 
e a lua, moram em ocas e não têm religião. O trabalho doméstico, por sua vez, não 
é o verdadeiro trabalho. E a frase predileta dos mais velhos, relativa às meninas, 
afirma mais ou menos o seguinte: “Você sabe cozinhar, então já pode casar”. 
O preconceito, portanto, nos é tão familiar que acabamos, de certa forma, 
impossibilitados de identificá-lo e incapacitados para combatê-lo. 
(Renato da Silva Queiroz) 
 
e) Por Ordenação Cronológica 
 
Dependendo da natureza do tema que está sendo abordado, pode ser necessário situar os 
fatos tratadosno tempo. Neste caso, essa ordenação no tempo pode se constituir num recurso 
muito valioso, por esclarecer tópicos do tema em questão. Este tipo de desenvolvimento é 
básico em textos de caráter histórico. Veja o exemplo que se segue: 
 
Antes do século XIV, os estudos geográficos e astronômicos eram quase um 
privilégio árabe e bizantino. É bem verdade que os italianos tiveram acesso a 
eles a partir do século XI, mas na Europa ocidental eram bastante desconhecidos. 
Apenas no século XIII tais estudos chegaram em quantidade significativa ao 
conhecimento dos cristãos ibéricos, graças às traduções de textos árabes pelos 
sábios de Toledo. No século XIV, essa cidade, além de Majorca e Barcelona, 
desenvolveu as ciências da navegação, chegando a comparar-se com o saber 
florentino e genovês. Mas em Portugal, embora se registrem no século XIV alguns 
almanaques com tábuas astronômicas e cálculo de latitudes, apenas no século XV 
tomariam impulso os estudos náuticos, graças à ação do Infante. 
 
(Antonio Mendes Jr. et alii. Brasil História – Texto e Consulta) 
 
 
 
 
Que tal praticar o que aprendeu até aqui? Faça o exercício seguinte! 
Vamos ler o texto que se segue: 
 
PEDOFILIA E TRÁFICO DE MENORES NA INTERNET 
 
A Internet, um dos bens da humanidade que muito contribui para o seu desenvolvimento, 
está sendo utilizada pelos pedófilos para realizarem suas fantasias sexuais, trocarem e 
comercializarem fotos, filmes, DVD, entre outras coisas. Dos crimes praticados através da 
Internet, a pedofilia é - sem sombra de dúvida - o que causa maior repúdio à sociedade. 
A pedofilia consiste num distúrbio de conduta sexual, em que o indivíduo adulto sente 
desejo compulsivo por crianças ou pré-adolescentes, podendo ter caráter homossexual ou 
heterossexual. Na maioria dos casos, os pedófilos são homens, muitas vezes casados, que 
se sentem incapazes de obter satisfação sexual com uma pessoa adulta. 
exercício 
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Os números são alarmantes: estima-se que a pedofilia movimente muito dinheiro 
(correspondentes a vendas de fotos e vídeos contendo abuso sexual). Em todo o mundo já 
foram encontrados mais de 17.000 sites de pedofilia na Web. 
 
A Internet também está sendo usada para traficar crianças e adolescentes a fim de serem 
exploradas sexualmente e envolvidas em uma rede de tráfico e prostituição. Muitos dos 
"pacotes turísticos" vendidos pela NET têm a criança como principal atração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os países com maior índice de casos de pedofilia são a Tailândia e o Brasil. Há opções 
de programas com crianças, escolhendo desde a etnia até a idade e conformação física. 
Semelhante ao que ocorre com as mulheres, estas crianças chegam à Tailândia como 
escravas sexuais. 
 
No Brasil, cresce a cada dia esta prática de crime que inclui o tráfico interno de crianças - na 
grande maioria oriundas de regiões pobres, onde são raptadas ou iludidas com promessas 
de adoção ou empregos. Tais crimes tiram da criança o que ela tem de mais valioso, isto é, 
sua inocência e sua infância. Exemplos noticiados são vários: recentemente um arquiteto 
pedófilo de Taguatinga, DF, foi preso graças a uma mulher que se comunicava com ele pela 
internet e fez a denúncia do crime ao Ministério Público. 
 
Exemplos como este são importantes, mas é preciso que haja um trabalho investigativo 
rigoroso, que exige uma estrutura grande, com policiais treinados e com conhecimento em 
informática, computadores de última geração, para que seja feito o rastreamento e localização 
do criminoso da forma mais rápida possível. Também é fundamental a implementação de 
políticas públicas que garantam as necessidades básicas das vítimas e de suas famílias, 
para que possam ser incluídas na sociedade como cidadãs brasileiras. 
 
A internet é um bem que, se soubermos usar, traz inúmeros benefícios; caso contrário, pode 
também trazer a perda de filhos. 
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exercício 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
exemplo 
A partir da leitura do texto “Pedofilia e Tráfico de Menores na Internet”, responda as questões 
seguintes. 
 
1) Que elementos caracterizam este texto como dissertativo expositivo? Justifique sua resposta 
com base em elementos do próprio texto. 
 
2) Caracterize o recurso de construção do segundo parágrafo do texto. 
 
3) Cite uma passagem do texto, em que o escritor utiliza o recurso da exemplificação. 
 
 
 
possíveis respostas 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vejamos um exemplo de texto dissertativo expositivo: 
 
A VIOLÊNCIA NO BRASIL 
 
O Brasil é considerado um dos países mais violentos do mundo. O índice de assaltos, 
sequestros, extermínios, violência doméstica e contra a mulher é muito alto e contribui para 
tal consideração. Suas causas são sempre as mesmas: miséria, pobreza, má distribuição de 
renda, desemprego e desejo de vingança. 
A repressão usada pela polícia para combater a violência gera conflitos e insegurança na 
população que, nutrida pela corrupção das autoridades, não sabe em quem confiar e decide se 
defender a próprio punho, perdendo seu referencial de segurança e sua expectativa de vida. 
O governo, por sua vez, concentra o poder nas mãos de poucos, deixando de lado as 
instituições que representam o povo. A estrutura governamental torna a violência necessária, 
em alguns aspectos, para a manutenção da desigualdade social. Não se sabe ao certo 
onde a violência se concentra, pois se são presos sofrem torturas, maus tratos, descasos, 
perseguições e opressões, fazendo que tenham dentro de si um desejo maior e exagerado 
de vingança. 
Se a violência se concentra fora dos presídios, é necessário que haja um planejamento de 
forma que se utilize uma equipe específica que não é regida pela força, autoridade exagerada 
e violenta. Medidas precisam ser tomadas para diminuir tais fatos, mas é preciso que se 
atente para a estrutura que vem sendo montada para decidir o futuro das cidades brasileiras. 
 
1) O que caracteriza este texto como dissertativo expositivo é o fato de passar informações 
ao leitor, ao mesmo tempo e que expõe as opiniões do autor sobre o assunto. 
 
2) Releia com calma o segundo parágrafo do texto, reproduzido abaixo. Repare que ele se 
desenvolve pela definição de um dos termos do tema do texto, no caso, pedofilia. Portanto, 
é um parágrafo desenvolvido por definição. 
 
A pedofilia consiste num distúrbio de conduta sexual, em que o indivíduo adulto sente 
desejo compulsivo por crianças ou pré-adolescentes, podendo ter caráter homossexual ou 
heterossexual. Na maioria dos casos, os pedófilos são homens, muitas vezes casados, que 
se sentem incapazes de obter satisfação sexual com uma pessoa adulta. 
 
3) O sexto parágrafo, quando é citado o caso do arquiteto de Taguatinga, preso graças à 
denúncia de uma mulher ao Ministério Público. 
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Não é necessário um cenário de guerra com armas pesadas no centro das cidades, 
mas de pessoal capacitado para combater a violência e os seus causadores. Um importante 
passo seria cortar a liberdade excessiva que hoje rege o país, aplicar punições mais severas 
aos que infringirem as regras e diminuir a exploração econômica. 
 
Por Gabriela Cabral (Equipe Brasil Escola) 
Fonte: http://www.brasilescola.com/sociologia/violencia-no-brasil.htm 
 
exercício 
Agora, tente responder as questões seguintes: 
 
1) Qual o assunto principal tratado neste texto? E qual o tema? 
 
2) O que nos leva a crer que este texto é dissertativo expositivo? Justifique sua resposta. 
 
3) Como foi afirmado anteriormente, na conclusão se retoma a tese ou ideia principal exposta 
na introdução, fazendo um “fechamento” dessa ideia. Isto ocorre nesse texto? Justifique sua 
resposta: 
 
4) Observe otexto misto que se segue. A seu ver, ele também apresenta características de 
um texto dissertativo? Justifique sua resposta 
 
 
 
O governo, por sua vez, concentra o poder nas 
mãos de poucos, deixando de lado as instituições 
que representam o povo 
Fonte: http://ajcomenta.files.wordpress. 
com/2013/02/292584_2601534574097 
47_100002452849343_566800_1424 
747337_n.jpg?w=363&h=307 
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possíveis respostas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 T4 Elementos Constitutivos do Texto Argumentativo 
Um dos aspectos importantes a considerar quando se lê um texto deste tipo é que, em 
princípio, quem o produz está interessado em convencer o leitor de alguma coisa. Todo texto 
argumentativo tem, por trás de si, um produtor que procura persuadir o seu leitor (ou leitores), 
usando para tanto vários recursos de natureza lógica e linguística. 
 
Chamamos procedimentos argumentativos a todos os recursos acionados pelo produtor do 
texto com vistas a levar o leitor a crer naquilo que o texto diz e a fazer aquilo que ele propõe. 
 
 
Vejamos um exemplo de texto argumentativo. 
 
REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL DE 18 PARA 16 ANOS JÁ! 
 
 
A atual legislação brasileira só considera imputável legalmente os cidadãos acima de 18 
anos. Ou seja, antes desta idade, ele não pode responder legalmente por seus atos, sendo 
aplicado, em caso de infração, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê 
como pena máxima, independentemente do tipo de crime cometido, três anos de reclusão, 
durante os quais seriam aplicadas medidas socioeducativas. 
Pode ser que, quando esta lei foi criada, ela estivesse adequada à realidade daquele 
momento. Mas a verdade é que, nos dias de hoje, ela se mostra totalmente desatualizada. 
Considerar um jovem de 16 anos que rouba, mata e estupra incapaz de responder por seus 
atos chega a ser uma afronta à nossa inteligência. O que se vê é a idade cada vez mais 
precoce dos que cometem crimes, e cada vez mais hediondos, como foi o caso do menino 
João Hélio, em que havia um menor de idade entre os envolvidos. 
Aliás o fato de não serem legalmente imputáveis torna os menores de idade presas 
fáceis de criminosos, como é o caso dos traficantes, que os seduzem com promessas de 
lucro fácil, sabendo que, em caso de prisão, eles não sofrerão os rigores da lei. Há casos 
até em que se atribui ao menor a liderança do bando, a fim de livrar os demais integrantes, 
maiores de idade, de agravantes na pena a ser cumprida. 
 
1) O assunto (mais geral) é a violência. O tema (mais específico) é a violência no Brasil. 
 
2) Ao longo do texto, o autor expõe sua opinião sobre as causas da violência no Brasil, 
passando informações ao leitor e propondo formas de combatê-la. Este aspecto de exposição 
de ideias e informações é o que caracteriza como dissertativo expositivo. 
3) Sim, lendo-se apenas o parágrafo de introdução e o de conclusão, percebe-se que eles 
se complementam. As ideias expostas na introdução são retomadas na conclusão, dando-se 
um “fecho”, sob forma de sugestões para o combate à violência. 
 
4) Sim, na medida em que expõe ao leitor as ideias do chargista sobre o tema abordado, 
que seriam as causas da violência. 
ex
em
plo
 
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Já é hora da sociedade se unir e pedir modificações no código penal. Há muito tempo 
que adolescentes de 16 e 17 anos perderam sua ingenuidade e têm capacidade de discernir 
o certo do errado. Tanto se reconhece isso que, a partir dos dezesseis anos, se permite a 
eles votar no presidente do país. É preciso aumentar o rigor da lei, até para servir como 
desestímulo para que esses jovens caiam na vida do crime. 
 
 
Você reparou como o objetivo do autor do texto “Redução da maioridade penal de 18 
para 16 anos já!” é levar você a concordar com ele e também ser a favor da redução da 
maioridade penal? 
 
Para tanto, ele faz uso de argumentos, visando ao convencimento, como por exemplo afirmar 
que se o adolescente, aos 16 anos, tem maturidade para escolher o presidente do país, 
também teria para responder legalmente por seus atos. Ou ainda, que diminuir a maioridade 
penal desestimularia esses jovens a caírem na vida do crime. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www.culturamix.com/wp-content/gallery/a-maioridade-penal-no-brasil-1/a-maioridade-penal-no-brasil-4.jpg 
 
 
 
 
 
Quem escreve ou lê textos dissertativos argumentativos, 
porém, não pode se esquecer de que todo tema polêmico, 
que são em geral os abordados em textos argumentativos, 
tem sempre dois lados. Ou seja, se há quem argumente a 
favor, sempre haverá quem argumente contra, e vice-versa. 
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Fonte: http://unisinos.br/blogs/ndh/files/2013/04/angeli-reduc3a7c3a3o-da-maioridade-penal.gif 
 
 
 
 
Veja o texto que se segue, que defende uma posição contrária à do 
texto anterior. 
 
REDUÇÃO NÃO É SOLUÇÃO! 
 
Reduzir a maioridade legal de 18 para 16 anos não servirá para nada além de 
superlotar ainda mais as nossas penitenciárias. Não se tira ninguém da vida do crime 
mandando-o para a prisão. Ao contrário, até se piora as coisas, levando-se em conta que 
nossas cadeias são verdadeiras universidades do crime. Mesmo que o jovem tivesse 
chances de recuperação, após uma temporada preso, em vez de recuperado, estaria pós- 
graduado em crime. 
Além disso, reduzir a maioridade indiscriminadamente sujeitaria aos rigores da lei 
tanto os menores que cometem crimes hediondos, quanto aqueles que cometem pequenos 
delitos ou roubam para matar a fome. Ou seja, aumentaria a injustiça já existente em nosso 
sistema legal. Isto sem falar na diferença de tratamento que com certeza ocorreria entre 
os menores infratores das camadas pobres da população e aqueles oriundos das classes 
médias. É bom lembrar que menores de classe média, atualmente, também aparecem nas 
páginas policiais com certa frequência e o fato das famílias poderem contratar bons advogados 
certamente fará toda a diferença. 
Em vez de simplesmente reduzir a maioridade, seria mais efetivo propor medidas 
mais severas de repressão aos menores infratores, para que eles pudessem pagar pelos seus 
delitos sim, mas sem inseri-los em nosso sistema carcerário. Além de penas mais severas, 
implantar medidas de ressocialização efetiva, e liberá-los para a vida em sociedade apenas 
quando comprovada sua ressocialização. 
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Diminuir a maioridade legal combaterá o crime já cometido, mas não o prevenirá. 
Medidas preventivas são sempre preferíveis a medidas meramente punitivas. Portanto, seria 
mais efetivo investir em educação e medidas de ressocialização, visando não combater o 
crime por combater, mas reduzir seus índices, para o futuro. 
 
Observe como, novamente, o autor faz uso de argumentos visando ao convencimento do leitor, 
desta vez citando fatos como a superlotação das cadeias brasileiras e de que é praticamente 
impossível se recuperar alguém já inserido em nosso sistema penitenciário. 
 
exercício 
 
 
 
 T5 
Vamos dar uma paradinha para realizar o exercício?! 
 
Proposta de produção textual 
 
Agora, dê sua própria opinião a respeito do tema tratado nos textos anteriores. A partir da 
visão apresentada por cada um dos textos e de suas próprias convicções, elabore um texto 
versando sobre este mesmo tema, ou seja, a redução ou não da maioridade penal de 18 para 
16 anos. Não se esqueça de elaborar seu texto com cuidado, com parágrafo de introdução, 
um ou mais de desenvolvimento e um de conclusão. Lembre-se também de criar um título 
para seu texto. Mãos à obra! O importante é não ter medo de tentar!Manifestações da Tipologia Textual em diferentes 
Gêneros 
 
Os textos se classificam também de acordo com o seu gênero. Os gêneros textuais, por sua 
vez, estão relacionados à função social e às esferas de circulação a que cada texto está 
relacionado, o tipo de leitura que cada um exige. 
 
“Esfera de circulação” é o nome dado ao público-alvo passível de ser atingido por cada tipo 
de texto. Uma notícia de jornal tem necessariamente uma esfera de circulação bem maior 
(possivelmente milhares de leitores) do que, por exemplo, uma receita médica (restrita, em 
geral, ao médico, ao paciente e ao atendente da farmácia). 
 
Vejamos o quadro abaixo, que lista os principais gêneros ligados a cada tipologia: 
 
 
 
 
 
 
gêneros textuais, por sua 
vez, estão relacionados à 
função social 
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TIPO 
 
Exemplo de gêneros necessariamente 
vinculados ao tipo em termos de predominância 
 
 
 
Descritivo 
 
(Objetivo desta tipologia: descrever, 
caracterizar) 
 
Não se observou até o momento nenhum gênero 
necessariamente descritivo. Como exemplos de textos 
descritivos, podemos citar catálogos. Alguns pesquisadores, 
porém, defendem que bulas de remédio constituiriam um 
gênero textual eminentemente descritivo, já que se destinam 
basicamente a descrever um medicamento, seu princípio 
ativo, indicações, posologia e assim por diante. 
 
 
Dissertativo Expositivo 
 
(Objetivo desta tipologia: transmitir 
saberes e informar) 
 
 
Tese, dissertação de mestrado, artigo acadêmico-científico, 
monografia, conferência, palestra, entrevista de especialista, 
verbete de enciclopédia e de dicionário, resenha, relatório 
científico. 
 
Dissertativo Argumentativo 
 
(Objetivo desta tipologia: argumentar 
visando ao convencimento do leitor) 
 
 
Editorial de jornal, carta de leitor, carta de reclamação, 
resenha crítica, ensaio, mensagem religioso-doutrinária, 
textos de orientação comportamental, regulamento. 
 
 
Narrativo 
 
(Objetivo desta tipologia: narrar e 
relatar) 
 
Contos, contos de fadas, fábulas, apólogos, parábolas, 
mitos, lendas, anedotas, piadas, fofoca, caso, biografia, 
poema épico, peças de teatro, romances, novelas (literárias, 
de TV), crônicas, diário pessoal, testemunho, curriculum 
vitae, notícias, reportagem, ata 
 
 
A Interpenetrabilidade dos Diferentes Modos de Organização 
 
É preciso deixar claro que o que define qual tipologia predomina em um texto é o seu objetivo. 
Assim, se o objetivo do texto é contar uma história, ele será classificado como narrativo, 
mesmo que inclua momentos descritivos. É o caso do texto a seguir. 
 
 
A EVIDÊNCIA 
Millôr Fernandes 
 
Ainda que pasmem os leitores, ainda que não acreditem e passem, doravante, a 
chamar este escritor de mentiroso e fátuo, a verdade é que, certo dia que não adianta 
precisar, entraram num restaurante de luxo, que não me interessa dizer qual seja, um ratinho 
gordo e catita e um enorme tigre de olhar estriado e grandes bigodes ferozes. Entraram 
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e, como sucede nas histórias deste tipo, ninguém se espantou, muito menos o garçom 
do restaurante. Era apenas mais um par de fregueses. Entrados os dois, ratinho e tigre, 
escolheram uma mesa e se sentaram. O garçom andou de lá prá cá e de cá prá lá, como 
fazem todos os garçons durante meia hora, na preliminar de atender fregueses mas, afinal, 
atendeu-os, já que não lhe restava outra possibilidade, pois, por mais que faça um garçom, 
acaba mesmo tendo que atender seus fregueses. Chegou pois o garçom e perguntou ao 
ratinho o que desejava comer. Disse o ratinho, numa segurança de conhecedor - "Primeiro 
você me traga Roquefort au Blinnis. Depois Couer de Baratta filet roti à la broche pommes 
dauphine. Em seguida Medaillon Lagartiche Foie Gras de Strasbourg. E, como sobremesa, 
me traga um Parfait de biscuit Estraguèe avec Cerises Jubilée. Café. Beberei, durante o 
jantar, um Laffite Porcherrie Rotschild 1934. 
— Muito bem - disse o garçom. E, dirigindo-se ao tigre — E o senhor, que vai querer? 
— Ele não quer nada — disse o ratinho. 
— Nada? — tornou o garçom — Não tem apetite? 
— Apetite? Que apetite? — rosnou o ratinho enraivecido — Deixa de ser idiota, seu 
idiota! Então você acha que se ele estivesse com fome eu ia andar ao lado dele? 
 
MORAL: É NECESSÁRIO MANTER A LÓGICA MESMO NA FANTASIA. 
 
FERNANDES, Millôr. Fábulas fabulosas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1964, p. 89. 
Fonte: http://www.releituras.com/i_custodio_millor.asp 
 
 
Observe que o objetivo do texto é contar uma história ao leitor, o que o leva a ser classificado 
como narrativo, quanto a sua tipologia. Com relação ao gênero, se trata de uma fábula, que 
é o tipo de texto em geral curto em que os personagens são animais humanizados (isto é, 
que apresentam comportamento de seres humanos) e que apresenta sempre algum tipo 
de ensinamento ao final. 
 
Mas observe também como há aspectos descritivos nesta narrativa: tanto o rato quanto o 
tigre são descritos em suas principais características ao leitor, assim como o restaurante e 
o comportamento do garçom. Há até mesmo quem diga que é impossível elaborar uma boa 
narrativa sem recorrer a momentos descritivos. 
 
aprofundando 
Para saber mais sobre tipologia e gêneros textuais e 
fazer uma revisão dos principais tópicos abordados 
neste módulo, acesse o seguinte vídeo: 
 
h t t p : / / w w w . y o u t u b e . c o m / 
watch?v=w9oR0TncVSM 
 
Observação: quem aparece dando explicações sobre 
a matéria neste vídeo é o professor Pasquale Cipro, 
bastante conhecido por seus livros sobre Língua 
Portuguesa. Você vai notar que ele chama o texto 
dissertativo expositivo de “dissertativo explicativo”, 
mas dá na mesma. É apenas uma variação de 
denominação. 
Do mesmo modo, podemos encontrar textos dissertativos 
que podem incluir pequenas narrativas a título de ilustração 
ou exemplo. Mas, se o objetivo do texto for passar 
informações ou convencer o leitor, tipologicamente ele será 
classificado como dissertativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
Modos de Organização Textual:Tipologia Textual Básica Leitura e Produção de Textos | UNISUAM 
 
 
 
 
 
Conclusão 
Vimos aqui a diferença entre cada uma das tipologias textuais, seus elementos e suas 
características. Verificamos, também, que não há texto puramente de uma única tipologia. 
O que ocorre em geral é que uma das tipologias predomine e outra ou até mesmo outras 
entrem no texto para torná-lo mais claro e completo. 
 
Para encerrar este módulo, uma frase para refletirmos sobre a importância do saber 
argumentar, com eficiência e clareza: 
 
 
 
 
Há até mesmo quem 
diga que é impossível 
elaborar uma boa 
narrativa sem 
recorrer a momentos 
descritivos 
Fonte: http://kdfrases.com/frases-imagens/frase-argumentar-e-discutir-mas-principalmente-e-raciocinar-e-deduzir-e- 
concluir-a-argumentacao-whitaker-penteado-161889.jpg 
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