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07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 1/44 MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL –MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL – AGLOMERADOS E AGREGADOSAGLOMERADOS E AGREGADOS INTRODUÇÃO AOS MATERIAISINTRODUÇÃO AOS MATERIAIS DE ENGENHARIADE ENGENHARIA Autor: Dr. Marvin Marco Chambi Peralta R e v i s o r : Pa u l a d e L i m a S a l u m I N I C I A R 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 2/44 introdução Introdução Você já parou para pensar qual é importância dos materiais na vida do ser humano? Quais são os tipos de materiais utilizados em obras de construção civil? E quais são as suas propriedades? Já se imaginou fazendo a escolha e especi�cação de materiais para uma determinada aplicação? Pois bem, ao longo desta unidade, vamos aprender um pouco sobre a importância dos materiais no nosso dia a dia, sobre a importância da normalização e especi�cação dos materiais e sobre os critérios básicos que norteiam a escolha dos materiais para aplicações na engenharia. Por �m, iniciaremos o estudo dos aglomerantes, apreendendo sobre a cal e o gesso, e nos aprofundaremos no estudo do cimento Portland, que é um dos aglomerantes mais importantes no mundo e é utilizado em inúmeras aplicações de engenharia. 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 3/44 Os materiais in�uenciam a vida do ser humano, desde a idade de pedra até hoje em dia. Os primeiros ancestrais do ser humano tinham à disposição uma pequena porção de materiais, principalmente naturais, como rochas, ossos, madeira e �bras vegetais (Figura 1.1) que, apesar de serem limitados, permitiram o desenvolvimento de ferramentas para a caça e o início da agricultura e pecuária. Com a passagem das gerações, o ser humano adquiriu conhecimentos para desenvolver técnicas para derreter e moldar metais. O desenvolvimento de metais (inicialmente o bronze) e ligas mais resistentes (ferros fundidos e aços) foi fundamental para o desenvolvimento da agricultura, formação dos primeiros centros urbanos e construções e desenvolvimento de um sistema econômico. Nas primeiras civilizações, as construções eram predominantemente elaboradas usando materiais naturais, principalmente pedras, madeira e barro. Os metais eram empregados em menor escala e, ainda menos, os couros e as �bras vegetais. Aos poucos, as exigências do homem aumentaram e, consequentemente, o desempenho requerido dos materiais foi aumentando também progressivamente. O homem passou a demandar materiais de maior resistência e maior durabilidade do que aqueles até então empregados. Assim, por exemplo, tornava-se necessário um Estudo Geral dos MateriaisEstudo Geral dos Materiais 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 4/44 material de fabricação e moldagem mais fácil, que fosse trabalhável, como o barro, e resistente, como a pedra. Surgiram, assim, em diversas culturas e lugares no mundo, materiais de características cimentantes, similares a argamassas e concretos. Posteriormente, para melhorar a resistência e a �exão das construções, os metais foram adicionados a esses materiais, dando lugar ao início da tecnologia do concreto armado (ISAIA, 2010). Nas últimas décadas, os avanços tecnológicos têm possibilitado a produção de materiais tradicionais com melhor desempenho e menor custo e o surgimento de novos materiais que têm, progressivamente, substituído esses materiais tradicionais. Por exemplo, o espaço das ligas metálicas para aplicações em diversas áreas da engenharia vem sendo gradualmente ocupado por materiais poliméricos e materiais compósitos (Figura 1.1), principalmente devido à sua baixa densidade, ao seu baixo custo e à possibilidade de ser reciclado. Além disso, o número de materiais disponíveis para aplicações em engenharias vem crescendo exponencialmente, atingindo, na última década, dezenas de milhares (ASHBY; SHERCLIFF; CEBON, 2012). O estudo dos materiais é de grande importância para cientistas e engenheiros das diversas áreas da engenharia, sejam eles mecânicos, civis, químicos ou elétricos, Figura 1.1 – Evolução dos materiais ao longo da história da humanidade Fonte: Ashby (2012, p. 1). 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 5/44 principalmente em problemas que envolvam o projeto de componentes ou a escolha de materiais para uma aplicação em particular. Classi�icação dos Materiais de Construção Antes de qualquer coisa, vamos de�nir o que são materiais de construção. Eles podem ser de�nidos como todos os corpos, objetos ou substâncias utilizadas em obras de engenharia civil (BAUER, 2000). Existem diversas maneiras de classi�car os materiais e uma das classi�cações mais utilizadas na engenharia divide os materiais sólidos em quatro grandes grupos. Segundo Callister e Rethwisch (2018), eles podem ser de�nidos como: Metais: são materiais compostos por um ou mais elementos metálicos (por exemplo, ferro, alumínio, cobre, titânio, ouro e níquel), frequentemente com a presença de elementos não metálicos (por exemplo, carbono, nitrogênio, oxigênio) em quantidades relativamente pequenas (na forma de saiba mais Saiba mais Você sabia os romanos utilizavam um tipo de concreto mais durável que o moderno? Quando em contato com água do mar, o concreto moderno é atacado e entra em colapso em poucas décadas, enquanto que estruturas marítimas construídas há dois mil anos, na época do Império Romano, ainda continuam em pé. Para saber mais sobre o assunto acesse o link disponível em: ACESSAR https://crea-am.org.br/src/site/noticia.php?id=298 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 6/44 impurezas). Metais são bons condutores de eletricidade e de calor e apresentam considerável rigidez e resistência mecânica e ainda assim são dúcteis (isto é, podem se deformar intensamente sem sofrer fratura), por isso são amplamente utilizados em aplicações estruturais. Alguns exemplos são vergalhões, cordoalhas e �os de aço, arame recozido, per�s de aço e esquadrias metálicas. Cerâmicas: são materiais formados por elementos metálicos e não metálicos formados, na maioria das vezes, por óxidos, nitretos e carbetos. Cerâmicas também são materiais tipicamente isolantes à passagem de calor e eletricidade, relativamente rígidos e resistentes, com valores de rigidez e de resistência comparáveis aos dos metais. Entretanto, as cerâmicas são tipicamente muito duras e extremamente frágeis (suscetíveis à fratura). Alguns exemplos são o cimento Portland, tijolos e blocos de cerâmica, manilhas, pisos cerâmicos, porcelanatos, vidros planos e blocos de vidros. Polímeros: são materiais compostos de carbono, hidrogênio e outros elementos não metálicos (por exemplo, O, N e Si). Os polímeros têm baixa condutividade elétrica, apresentam baixa densidade e muitos polímeros são extremamente dúcteis e �exíveis (plásticos), o que signi�ca que são facilmente conformados em formas complexas. Alguns exemplos são esquadrias, forros e painéis de PVC, colas, componentes à base de tintas e vernizes, emulsões e mantas asfálticas. Compósitos: são aqueles formados por dois (ou mais) materiais individuais, os quais se enquadram nas categorias discutidas anteriormente (metais, cerâmicas e polímeros). O objetivo de projetar um compósito é atingir uma combinação de propriedades que não é exibida por nenhum material isolado e incorporar as melhores características de cada um dos materiais que o compõem. Alguns exemplos são concreto armado, concreto protendido, caixas-d’água, piscinas e telhados de resina epóxi reforçada com �bra de vidro. Os materiais de construção podem ser também classi�cados de acordo com sua função na construção civil, podendo ser divididosem: 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 7/44 Materiais estruturais: são materiais que têm por função suportar e transmitir cargas sem sofrer ruptura ou deformação excessiva. Alguns exemplos são concreto armado, concreto protendido, tijolos e blocos estruturais, madeira, cordoalhas e �os de aço em pontes estaiadas. Materiais não estruturais: são materiais que não têm função estrutural, ou seja, não transmitem cargas, porém podem suportar cargas menores. Normalmente são destinados a compartimentar espaços (tijolos e blocos cerâmicos de vedação, chapas de drywall, blocos e painéis de vidro, forros de isopor etc.) ou proteger outros materiais de agentes nocivos e aumentar a durabilidade e a vida útil da construção (tintas e vernizes, mantas e emulsões asfálticas etc.). praticarVamos Praticar Materiais usados em engenharia podem ser classi�cados em três grandes grupos: cerâmicos, metálicos e poliméricos. Cada grupo de materiais apresenta comportamentos e propriedades diferentes quando expostos a estímulos ou mudanças no seu meio ambiente. Utilizando os conhecimentos aprendidos na unidade sobre propriedades mecânicas, assinale a alternativa correta. a) Todos os materiais poliméricos são dúcteis e �exíveis. b) Materiais metálicos são muito resistentes e não sofrem deformação antes da fratura. c) Materiais poliméricos apresentam valores baixos de condutividade térmica semelhantes aos materiais metálicos. d) Os materiais cerâmicos apresentam valores de rigidez e deformação semelhantes aos dos metais. 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 8/44 e) Materiais cerâmicos são rígidos e resistentes, porém suscetíveis a fraturas. 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 9/44 Para auxiliar na escolha dos materiais a serem utilizados na construção civil, um dos pontos importantes é conhecer as propriedades dos materiais. As propriedades mecânicas e físicas terão destaque a seguir. Propriedades Mecânicas Podemos de�nir propriedades mecânicas como o comportamento ou a resposta peculiar que um material apresenta quando sujeito a cargas de diversas naturezas (estáticas, dinâmicas ou oscilantes). As propriedades mecânicas são de grande importância, particularmente em aplicações estruturais (por exemplo, estruturas de concreto armado e concreto protendido) e em elementos submetidos a desgaste (por exemplo, apoios de viadutos e pavimentos). A seguir, serão apresentadas algumas das principais propriedades mecânicas: Resistência mecânica: pode ser de�nida como a propriedade que o grau de resposta de um material apresenta frente a uma carga ou esforço aplicado. É uma das propriedades mais importantes dos materiais, principalmente para no projeto estrutural de obras de engenharia (BAUER, 2000). Propriedades Mecânicas ePropriedades Mecânicas e Físicas dos MateriaisFísicas dos Materiais 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 10/44 Dureza: é a medida da resistência que um material oferece a uma deformação plástica (permanente) localizada (por exemplo, uma indentação ou um risco) (CALLISTER; RETHWISCH, 2018). Tenacidade: é a medida da capacidade de um material absorver energia durante a deformação (elástica e plasticamente) até sofrer a fratura. Materiais com grande tenacidade têm boa resistência a impactos (BAUER, 2000). Resiliência: é a medida da capacidade do material absorver energia durante sua deformação elástica e após a remoção da carga permitir a recuperação dessa energia (CALLISTER; RETHWISCH, 2018). Ductilidade: é a medida do grau de deformação plástica que um material pode desenvolver até a fratura. Os materiais extremamente dúcteis podem ser reduzidos a �os sem se romperem. Materiais que apresentam elevadas deformações plásticas são denominados dúcteis. Por outro lado, materiais que apresentam pequenas ou nenhuma deformação plástica são denominados frágeis (CALLISTER; RETHWISCH, 2018). Resistência à abrasão: É a resistência que um material apresenta ao desgaste super�cial gerado pela ação de outro material sólido ou �uido (BAUER, 2000). Índices Físicos Os índices físicos correspondem a características especí�cas que estão ligadas em particular a uma determinada substância. Os índices físicos incluem massa, volume, massa especí�ca real, massa especí�ca aparente, ponto de fusão, permeabilidade etc. Densidade relativa e massa especí�ca: A massa especí�ca (ρ), também conhecida como densidade absoluta, corresponde à relação entre a massa (m) de uma substância e seu volume (v), descrita pela equação 1. Segundo o sistema internacional (SI), a massa especí�ca é expressa em quilogramas por metro cúbico (kg/m3), quilograma por litro (kg/L) ou em gramas por centímetro cúbico (g/cm3). (Equação 1)ρ = m Vs lidó o 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 11/44 Densidade relativa: é a relação entre massa especí�ca (densidade absoluta) de uma determinada substância pela massa especí�ca de outra substância tomada como referência. Normalmente, a substância de referência usada é água destilada a 4 ºC, que apresenta uma massa especí�ca de aproximadamente 1000 Kg/m3. Assim, a densidade relativa é um número adimensional, isto é, o valor é somente numérico, sem unidades. Massa especí�ca real e massa especí�ca aparente: a massa especí�ca real de uma substância pode ser de�nida como a relação entre sua massa e seu volume real, isto é, o volume considerado é referente somente à porção sólida da substância descontando os espaços vazios. Por outro lado, a massa especí�ca aparente (δ), também conhecida como massa unitária, é a relação entre a massa da substância e seu volume aparente (equação 2), ou seja, o volume é calculado incluindo os espaços. (Equação 2) A massa especí�ca aparente é geralmente menor do que a massa especí�ca real, uma vez que o volume aparente é maior do que o volume de sólidos. O volume aparente é medido geralmente pelas dimensões externas do corpo ou pelo volume do recipiente preenchido. É importante mencionar que o volume aparente ainda pode ser in�uenciado pelo grau de compactação e também pela umidade do material (BAUER, 2000). A massa especí�ca real pode ser utilizada na dosagem de misturas de argamassas e concretos. A massa especí�ca aparente (massa unitária) é usada frequentemente para calcular as quantidades de materiais granulares (solos, areias e britas) em volume (latas, padiolas ou caçambas) ou em massa (quilogramas ou toneladas). Compacidade: é a relação entre o volume de sólidos (sem vazios) e o volume total (aparente), dado em porcentagem, descrita na equação 3. (Equação 3) A compacidade pode ser expressa pelas massas especí�cas aparente e real como: (Equação 4) δ = m Vaparente C = x100V s lidosó Vaparente C = x100 δ ρ 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 12/44 Porosidade: é a relação do volume de vazios para o volume total × 100 %, descrita na equação 5. A compacidade e a porosidade (p) podem in�uenciar consideravelmente várias outras propriedades dos materiais, tais como: resistência mecânica, absorção da água, permeabilidade, condutibilidade térmica, resistência ao congelamento e resistência a agentes agressivos. ou • (Equação 5) Absorção: a absorção (A) é o grau da capacidade de um material absorver e reter um �uido, especialmente a água. A determinação é feita dividindo-se o valor da massa da água presente na amostra (diferença entre a massa de uma amostra saturada e sua massa seca) pela massa da amostra seca, expressando-se em porcentagem da massa do material seco. (Equação 6) Permeabilidade: é a capacidade do material de permitir a passagemde gases ou líquidos, em particular a água. Resistência ao congelamento: é a capacidade de o material não se deteriorar sob a ação do congelamento e degelo sucessivos. Resistência ao fogo: é a capacidade de o material não ser atacado pelo fogo. Segundo Bauer (2000), esses materiais podem ser classi�cados como: - incombustíveis: aqueles que não se in�amam sob a ação do fogo ou de altas temperaturas, podendo ou não se deformar; - fracamente combustíveis: os que di�cilmente se in�amam, mas se consomem e calcinam sob a ação do fogo ou de alta temperatura; - combustíveis: os que se in�amam e se consomem sob a ação do fogo ou de altas temperaturas. Resistência ao calor: é a capacidade de o material resistir à ação prolongada de altas temperaturas, sem se deformar ou sofrer fratura por choque térmico, isto é, fratura devido a tensões originadas por mudanças bruscas de temperaturas. Segundo Bauer (2000), os materiais podem ser classi�cados como: p = x100 Vaparente −Vs lidosó Vaparentev p = 1 − x100V s lidosó ρ p = x100 massa saturada −massa seca massa seca 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 13/44 - refratários: resistem a temperaturas acima de 1580 oC; - di�cilmente fundidos: resistem a temperaturas de 1300 a 1580 oC; - facilmente fundidos: resistem a temperaturas abaixo de 1300 oC. Critérios Básicos na Escolha dos Materiais Para escolher adequadamente um material, primeiramente é preciso ter evidente qual será a função do componente ou da estrutura (por exemplo, se tem função estrutural ou de vedação), suas restrições ou requisitos (resistência mecânica, custo, tempo de execução, densidade, forma etc.) e variáveis livres (parâmetros que podemos mudar livremente). Essas informações devem ser especi�cadas adequadamente tanto no projeto, como na construção e execução das obras de engenharia civil. Normalmente, além do uso de plantas, desenhos e cálculos, memoriais descritivos são utilizados para descrever as especi�cações dos materiais e dos serviços de execução (BAUER, 2000). Ao especi�car os materiais, é necessário que se use da maior exatidão possível, procurando sempre citar os dados técnicos do material desejado. Além disso, é imprescindível conhecer as propriedades físicas, químicas e mecânicas daqueles materiais a serem utilizados, pois delas dependerão seu desempenho adequado (BAUER, 2000). Com base nas informações colhidas da especi�cação, é possível pré-selecionar um grupo reduzido de materiais candidatos (materiais que podem cumprir a função requerida do componente) e comparar as qualidades e os defeitos de cada material, com base em critérios adequados que garantam a qualidade. Segundo Bauer (2000), os critérios básicos que norteiam a escolha de materiais são: de ordem técnica: o material deve atender aos requisitos solicitados de forma racional e seguros; de ordem econômica: o material deve ter um preço viável, levando em conta sua qualidade e quantidade; de ordem estética: o material deve apresentar, se necessário, um acabamento agradável e a conservação da estética (cor, textura e forma). 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 14/44 Nos últimos anos, o conceito de sustentabilidade tem ganhado espaço em diversas áreas, inclusive no setor da construção civil. Assim, o quarto critério a ser considerado na escolha de um material está relacionado a todos os possíveis impactos ambientais que o material apresenta ao longo do seu ciclo de vida (extração das matérias-primas, consumo de energia, emissões de gases de efeito estufa, disposição, etc.). Controle da Qualidade na Construção Civil e Normalização Para que a qualidade nas obras de construção civil seja alcançada, não é su�ciente especi�car e escolher adequadamente os materiais. É necessário realizar a veri�cação da qualidade dos materiais recebidos no canteiro de obra, seguindo rigorosamente os critérios mínimos de aceitação estabelecidos pelas normas técnicas. saiba mais Saiba mais Você sabe o que são edi�cações sustentáveis? Uma edi�cação sustentável é, entre outras coisas, aquela que procura reduzir os impactos ambientais e sociais negativos e otimizar seu desempenho econômico. Para saber um pouco mais sobre o assunto, assista ao vídeo: ASS I ST IR 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 15/44 As normas técnicas têm o objetivo de regulamentar a qualidade, a classi�cação, a produção e o emprego dos diversos materiais e produtos (BAUER, 2000). As normas são elaboradas e regulamentadas por organismos o�ciais regionais, nacionais ou internacionais de normalização, tais como a Organização Internacional para Padronização (ISO), a Associação Mercosul de Normalização (AMN) e a Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas (COPANT). No Brasil, a normalização técnica é regulamentada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). As Normas Brasileiras são denominadas NBR e são fontes de referência em diferentes áreas para estabelecer especi�cações, métodos de ensaio, terminologias, simbologias e classi�cações. Além das normas técnicas, na construção civil, é comum o uso de documentos que ajudem a garantir o atendimento a padrões de qualidade. Por exemplo, Fichas de Veri�cação de Material (FVM) são usadas para o controle de qualidade dos materiais recebidos no canteiro de obras e Fichas de Veri�cação de Serviço (FVS) são usadas para garantir a qualidade dos procedimentos de execução de um serviço. praticarVamos Praticar Os critérios básicos que norteiam a escolha de um material para uma determinada aplicação na construção civil são os critérios de ordem técnica, ordem econômica e ordem estética. Além desses três critérios, que outros critérios devem ser considerados para fazer a seleção de um material? Assinale alternativa correta. a) Critério de sustentabilidade. b) Critério de segurança. c) Critério estrutural. 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 16/44 d) Critério de localização. e) Critério de durabilidade. 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 17/44 Podemos de�nir os aglomerantes como materiais pulverulentos que, quando misturados com água, formam uma pasta resistente capaz de aglutinar agregados (por exemplo, areias e britas), dando origem a argamassas e concretos (RIBEIRO, 2002). Um conceito muito importante durante o manuseio dos aglomerantes é a pega, que corresponde ao início da solidi�cação da pasta (quando começa a perder sua plasticidade) até o �m da pega (quando a pasta está completamente sólida). Após o �m da pega, ocorre o endurecimento do material, que corresponde ao período de tempo em que o material começa a ganhar resistência ao longo do tempo. Classi�icação dos Aglomerantes Os aglomerantes podem ser quimicamente inertes, como é o caso das construções de barro cru, que endurecem por simples secagem sem que ocorram mudanças químicas na sua composição, ou eles podem ser quimicamente ativos, ou seja, endurecem por reações químicas, como é o caso da cal, do gesso e do cimento Portland. Os aglomerantes ativos podem ser classi�cados em dois grupos que são: Introdução ao Estudo dosIntrodução ao Estudo dos AglomerantesAglomerantes 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 18/44 aglomerantes hidráulicos: aqueles que enrijecem por reações de hidratação e, quando completamente solidi�cados, são resistentes à ação da água; aglomerantes aéreos: aqueles que endurecem quando expostos ao ar, pela reação química do gás carbônico presente no ar. Esses aglomerantes não apresentam resistência quando expostos à água. Cal Cal é o nome genérico que se dá aos produtos derivados da calcinação de rochacalcária, a qual, por sua vez, é formada basicamente por carbonatos de cálcio (CaCO3). As cales são compostas basicamente de cálcio e magnésio e podem ser encontradas na forma de pedras ou pó muito �no. Existem duas formas de cal no mercado: a cal virgem e a cal hidratada. A cal virgem é constituída predominantemente de óxidos de cálcio e magnésio, enquanto a cal hidratada (de uso mais comum na construção) é constituída de hidróxidos de cálcio e magnésio com a presença de pequenas quantidades de óxidos não hidratados (ISAIA, 2010). Calcinação da Cal A cal é produzida a partir da calcinação de rochas carbonáticas, calcário ou dolomito, a elevadas temperaturas, entre 900 e 1100 °C, utilizando fornos industriais contínuos ou descontínuos. Independentemente do tipo de forno empregado na calcinação, a rocha denominada calcário, essencialmente constituída por calcita (CaCO3), dá origem à cal virgem cálcica (CaO) através de um processo de dissociação térmica que envolve a liberação de CO2, descrito pela reação: —> Hidratação da Cal Um dos principais usos da cal virgem é a produção de cal hidratada. A cal virgem é um produto bastante higroscópico, isto é, tem elevada a�nidade com a água. A formação da cal hidratada ocorre pela reação da cal virgem com a água, portanto, por hidratação da cal virgem. Essa reação química se dá com forte liberação de calor. CaCO3 CaO + CO2 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 19/44 A cal virgem cálcica (CaO) dá origem à cal hidratada cálcica, constituída essencialmente por hidróxido de cálcio [Ca(OH)2] através da reação: CaO + —> Ca(OH)2 Nos últimos anos, o mercado nacional da construção civil tem optado pelo uso da cal hidratada comercial, no lugar da cal virgem, uma vez que a cal virgem é um produto cáustico, de elevada reatividade química e liberação de calor ao reagir com a água, por isso, exigindo cuidados especiais e demorados no seu manuseio e na etapa de hidratação ou “apagamento” (BAUER, 2000). Endurecimento da Cal O endurecimento da pasta de cal ocorre por meio de reação com o dióxido de carbono (CO2) do ar. Esse fenômeno é denominado carbonatação e envolve a liberação e evaporação da água, conforme a reação: + —> + O fenômeno da carbonatação transforma a cal hidratada basicamente num carbonato tão sólido quanto o calcário que a originou. Ciclo da Cal Os processos de calcinação, hidratação e endurecimento da cal envolvem transformações químicas sequenciais que ocorrem inicialmente com a descarbonatação térmica das rochas carbonáticas, seguindo a hidratação da cal virgem e a recarbonatação da cal hidratada. Essas transformações formam um ciclo de transformações denominado ciclo das cales (Figura 1.2). OH2 Ca(OH)2 CO2 CaCO3 OH2 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 20/44 Requisitos da Normalização Técnica da Cal A cal virgem utilizada na construção civil, para ser comercializada no país, deve atender a alguns requisitos químicos e físicos especí�cos estabelecidos na ABNT NBR 6453:2003 e apresentados no Quadro 1.1. A cal virgem pode apresentar três tipos de categorias: cal virgem especial (CV-E), cal virgem comum (CV-C) e cal virgem em pedra (CV-P). Os óxidos totais (produtos efetivamente calcinados) e o conteúdo de anidrido carbônico (corresponde a carbonatos que foram dissociados termicamente) são indicativos da qualidade de cada tipo de cal virgem. Figura 1.2 – Ciclo de transformações da cal Fonte: Isaia (2010, p. 702). 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 21/44 Quadro 1.1 – Exigências químicas e físicas para cal virgem, estabelecidas pela ABNT NBR 6453:2003 Fonte: Bauer (2000, p. 45). Por sua vez, a cal hidratada para argamassas, para ser comercializada no país, também deve atender a alguns requisitos químicos e físicos especí�cos Exigências Parâmetros Limites especi�cados na ABNT NBR 6453:2003 CV-E (%) CV-C (%) CV-P (%) Químicas Anidrido carbônico ( ) Na fábrica ≤ 6,0 ≤ 12,0 ≤ 6,0 No depósito ou na obra ≤ 8,0 ≤ 15,0 ≤ 15,0 Óxidos totais na base não volátil ( + ) ≥ 90,0 ≥ 88,0 ≥ 88,0 Água combinada Na fábrica ≤ 3,0 ≤ 3,5 ≤ 3,0 No depósito ou na obra ≤ 3,6 ≤ 4,0 ≤ 3,6 Física Finura (% retida acumulada) Peneira 1,00 mm ≤ 2,0 ≤ 5,0 ≥ 85,0 Peneira 0,30 mm ≤ 15 ≤ 30 – CO2 CaOtotal MgOtotal 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 22/44 estabelecidos na ABNT NBR 7175:2003 e apresentados no Quadro 1.2. O teor de óxidos totais e óxidos de cálcio e magnésio não hidratados é indicativo relevante vinculado ao desempenho desses materiais. 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 23/44 Exigências Parâmetros Limites especi�cados na ABNT NBR 7175:2003b, por tipo de cal CH-I (%) CH-II (%) CH-III (%) Químicas Água combinada Na fábrica ≤ 5 ≤ 5 ≤ 7 No depósito ou na obra ≤ 7 ≤ 7 ≤ 15 Óxidos de cálcio e magnésio (CaO + MgO) não hidratados ≤ 10 ≤ 15 ≤ 15 Óxidos totais na base não volátil ( + ) ≥ 90 ≥ 88 ≥ 88 Físicas Finura (% retida acumulada) Peneira # 0,6 mm ≤ 0,5 ≤ 0,5 ≤ 0,5 Peneira # 0,075 mm ≤ 10 ≤ 15 ≤ 15 Retenção de água ≥ 75 ≥ 75 ≥ 70 Incorporação de areia ≥ 3,0 ≥ 2,5 ≥ 2,2 CaOtotal MgOtotal 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 24/44 Quadro 1.2 – Exigências químicas e físicas para cal hidratada, estabelecidas pela ABNT NBR 7175:2003 Fonte: Bauer (2000, p. 46). In�uência da Cal nas Propriedades das Argamassas O uso principal da cal na construção civil é como ligante em argamassas mistas de cimento, cal e areia. A presença da cal na argamassa confere aumento de plasticidade (devido ao papel lubri�cante das suas partículas �nas). A retenção de água da cal permite que essa água seja liberada posteriormente durante o processo de carbonatação e, então, aproveitada na cura do cimento, evitando a formação de trincas por retração da massa. Adicionalmente, a cal melhora a durabilidade de argamassa, diminuindo as e�orescências (fenômeno de lixiviação de sais minerais do interior da argamassa para a superfície) e combatendo a presença de fungos e bactérias (RIBEIRO, 2002). Gesso O gesso é um aglomerante aéreo constituído predominantemente de sulfato de cálcio, CaSO4, obtido pela desidratação da mineral gipsita. O processo de desidratação da gipsita consiste na queima a temperaturas especí�cas que variam em função do tipo de gesso a ser obtido. A gipsita, quando calcinada entre 130 e 180 oC, perde uma e meia molécula de água, transformando-se em um sulfato de cálcio hemidratado, produto que é denominado comercialmente como gesso de construção ou simplesmente de hemidrato, ou gesso rápido ou também gesso paris (BAUER, 2000). —> Estabilidade Ausência de cavidades ou protuberâncias Plasticidade ≥ 110 ≥ 110 ≥ 110 CaS .2 OO4 H2 CaS .0, 5 O + 1, 5 OO4 H2 H2 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 25/44 O endurecimento da pasta de gesso ocorre, essencialmente, devido à reação química de hidratação do gesso, na qual o material anidro é transformado em di- hidrato, conforme a reação: —> O gesso é um dos materiais de acabamento mais utilizados devido, principalmente, à sua versatilidade. Dentro das suas características, destacam-se a sua boa trabalhabilidade e elevada plasticidade, a dispensa da aplicação de revestimentos que facilitem a aderência à parede (chapisco), elevada resistência ao fogo, rápido endurecimento (de até 15 minutos para o gesso paris e de até 45 minutos para o gesso de revestimento), isolamentos térmico e acústico. praticarVamos Praticar Os processos de calcinação, hidrataçãoe endurecimento da cal envolvem transformações químicas sequenciais que ocorrem inicialmente com a descarbonatação térmica das rochas calcárias, seguida do processo de hidratação do material calcinado e terminando na recarbonatação da pasta. Assinale a alternativa que apresenta os produtos obtidos, sequencialmente, durante cada um dos processos do ciclo da cal. a) Cal virgem, cal hidratada e carbonato de cálcio. b) Cal hidratada, cal virgem e carbonato de cálcio. c) Rocha calcária, cal virgem e cal hidratada. d) Cal virgem, cal hidratada e rocha calcária. e) Carbonato de cálcio, cal hidratada e cal virgem. CaS .0, 5H2O = 1, 5 OO4 H2 CaS .2 O + calorO4 H2 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 26/44 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 27/44 O cimento Portland é o aglomerante mais utilizado em construção no mundo. Ele é um material na forma de pó �no de cor acinzentada que é constituído basicamente por silicatos e aluminatos de cálcio. A denominação Portland é decorrente da semelhança do cimento fabricado industrialmente com a pedra de Portland, rocha calcária extraída da ilha britânica de Portland (RIBEIRO, 2002). Fabricação O cimento Portland é obtido pela moagem de um produto denominado clínquer, junto com sulfato de cálcio (gesso). O clínquer é obtido pela calcinação, a 1450 oC, de uma mistura de calcário e argila, dosados e homogeneizados convenientemente (RIBEIRO, 2002). O processo de obtenção do clínquer é denominado de clinquerização e é um dos processos mais importantes da fabricação do cimento, uma vez que os compostos responsáveis pelas propriedades do cimento são formados durante esse processo. Após a calcinação, o clínquer resfriado é conduzido para o processo de moagem, no qual é realizada a adição de gesso, cuja função essencial é a de retardar e controlar o Estudo dos Aglomerantes:Estudo dos Aglomerantes: Cimento PortlandCimento Portland 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 28/44 tempo de pega do cimento. Durante a operação de moagem, certos materiais (adições) podem ser adicionados no cimento, com a �nalidade de reduzir o custo do cimento, utilizando um material de enchimento, aproveitar subprodutos de outras indústrias ou modi�car as características dos cimentos, por exemplo, melhorar a trabalhabilidade, aumentar a resistência química e reduzir o calor de hidratação (calor gerado durante a solidi�cação da pasta de cimento). As adições mais utilizadas comercialmente são a escória de alto-forno, pozolanas e materiais carbonáticos. Após a moagem, o produto acabado, o cimento Portland, é então, ensacado em sacos de papel apropriados ou simplesmente encaminhado a granel para os veículos de transporte. Compostos Químicos do Clínquer Durante o processo de clinquerização, ocorrem combinações químicas, principalmente no estado sólido, que conduzem à formação dos principais reflita Re�ita Cada ano, o mundo consome ao redor de 1,5 bilhão de toneladas de cimento Portland. A produção de cimento gera consideráveis quantidades de poluentes ao ar. Para cada tonelada de clínquer produzida, quase uma tonelada de dióxido de carbono, um dos gases responsáveis pelo efeito estufa, é liberada à atmosfera. Entretanto, ao longo da sua vida útil, o cimento chega a absorver metade do dióxido de carbono produzido na sua fabricação. Re�ita sobre esse fato. Fonte: Allen e Iano (2013). 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 29/44 compostos químicos do clínquer: alita ( ), belita ( ), aluminato tricálcico ( ) e ferro aluminato tricálcico ( ). A proporção desses compostos dentro no clínquer tem uma grande in�uência nas propriedades do cimento Portland (endurecimento, resistência mecânica e calor de hidratação). No Quadro 1.3, são apresentados os principais compostos químicos do clínquer e suas propriedades: 3CaO. SiO2 2CaO. SiO2 3CaO. Al2O3 4CaO. A F Ol2O3 e2 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 30/44 Compostos Fórmula Abrev. Propriedades Silicato tricálcico 50- 65% ALITA Endurecimento rápido Alto calor de hidratação Alta resistência inicial Responsável pela resistência Silicato dicálcico 15- 25% BELITA Endurecimento lento Baixo calor de hidratação Baixa resistência inicial Aluminato tricálcico 6-1% Pega muito rápida Suscetível ao ataque de sulfatos Alto calor de hidratação Alta retração Baixa resistência �nal Responsável pela pega instantânea Ferro aluminato tetracálcico 3-8% Endurecimento lento Resistente a meios sulfatados Não tem contribuição para a resistência Cor escura. Cal livre CaO 0,5-1,5% C Aceitável somente 3CaO. SiO2 SC3 2CaO. SiO2 SC2 3CaO. Al2O3 AC3 4CaO. A F Ol2O3 e2 AFC4 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 31/44 Quadro 1.3 – Principais compostos químicos do clínquer Fonte: Ribeiro (2002, p. 36). Hidratação do Cimento Portland Na presença de água, os silicatos e aluminatos que formam o cimento Portland se hidratam, formando compostos hidratados que, com o passar do tempo, produzem uma massa sólida e resistente. As reações de hidratação desses compostos são exotérmicas, ou seja, é gerada uma quantidade de calor por grama de cimento até a hidratação completa. Esse aumento de temperatura é denominado de calor de hidratação. Nos cimentos Portland usuais, cerca de 50% do calor de hidratação é liberado entre o 1º e o 3º dia, cerca de 75% em 7 dias e ao redor de 90% em 6 meses (NEVILLE; BROOKS, 2013). Tipos de Cimento Portland No Brasil, são comercializados vários tipos diferentes de cimento Portland que se diferenciam quanto às propriedades, à composição química do clínquer e pelo tipo de adições empregadas na sua fabricação. No Quadro 1.4, são apresentados os principais tipos de cimento Portland, normalizados pela ABNT, e sua composição. As siglas RS e BC são su�xos adicionados no �nal da sigla do tipo de cimento (CPI, CPII, CPIII, CPIV e CPV) e são utilizadas para designar, respectivamente, os tipos comuns de cimentos que apresentam, além das suas propriedades usuais, características de resistência a sulfatos e de baixo calor de hidratação. Por exemplo, a sigla CPII-F-32 RS corresponde a um cimento Portland composto com adição de �ller calcário, resistência a compressão de 32 MPa após 28 dias e resistente a sulfatos. De forma em pequenas quantidades Em maiores quantidades, causa aumento de volume e �ssuras 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 32/44 semelhante, a sigla CPIII-25 BC corresponde a um cimento Portland de alto-forno de resistência à compressão de 25 MPa após 28 dias e de baixo calor de hidratação. 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 33/44 Tipo Sigla Conteúdo (%) Clínquer + gesso Escória Pozolana Fíller calcário Cimento Portland Comum CPI 100 0 Cimento Portland comum com adição CPI-S 99-95 1-5 Cimento Portland composto com adição de escória CPII- E 94-56 6-34 0 0-10 Cimento Portland composto com adição de pozolana CPII- Z 94-76 0 6-14 0-10 Cimento Portland composto com adição de fíller CPII- F 94-90 0 0 6-10 Cimento Portland de Alto-forno CPIII 65-25 35-70 0 0-5 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 34/44 Cimento Portland Pozolânico CPIV 85-45 0 15-50 0-5 Cimento Portland de Alta resistência inicial CPV- ARI 100-95 0 0 0-5 Resistente a sulfatos RS (*) Baixo calor de hidratação BC Branco estrutural (**) CPB — — — — (*) são su�xosadicionados no �nal da sigla e classe dos cimentos Portland; a composição depende do tipo original do qual é derivado. (**) Também é produzido o cimento Portland branco não estrutural. 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 35/44 Quadro 1.4 – Tipos de cimentos Portland normalizados no Brasil e sua composição Fonte: Adaptado de Bauer (2000, p. 92). Resistência à Compressão do Cimento Portland A resistência à compressão do cimento Portland é expressa pela relação entre a carga de ruptura e a área de seção transversal de corpos de prova normalizados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). As dimensões do corpo de prova são 5 x 10 cm, e a argamassa utilizada para sua confecção é preparada usando um traço 1:3 a/c=0,48 e areia normal (RIBEIRO, 2002). A resistência à compressão é uma das propriedades mais importantes do cimento Portland. Por esse motivo, além da sigla, os cimentos são também caracterizados e especi�cados pela classe de resistência mínima à compressão aos 28 dias de idade. O Quadro 1.5 indica os valores de resistência à compressão a diferentes idades de vários tipos e classes de resistência. 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 36/44 Quadro 1.5 – Evolução da resistência à compressão do cimento Portland em função das idades Fonte: Ribeiro (2002, p. 45). Aplicações do Cimento Portland As aplicações dos cimentos Portland são de�nidas conforme suas características químicas e resistência mecânica. No Quadro 1.6, são apresentadas de forma resumida as aplicações mais comuns na construção civil em relação ao tipo de cimento. Tipos e classes de resistência do cimento Resistência à compressão (MPa) por idade (dia s) 1 d 3 d 7 d 28 d 90 d CPI – 32 10 20 32 - CP II E – 32 - 10 20 32 - CP II E – 40 - 15 25 40 - CP III – 32 - 10 20 32 40 CP IV – 32 - 10 20 32 40 CP V – ARI 11 22 32 >32 >32 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 37/44 Tipo Sigla Usos indicados Cimento Portland Comum CPI Usados em trabalhos de construção civil geral, quando não são exigidas propriedades especiais do cimento utilizado. Eles não devem ser utilizados quando há exposição a sulfatos do solo ou de águas subterrâneas. Cimento Portland comum com adição CPI- S Cimento Portland composto com adição de escória CPII- E Usados em obras em geral, desde o preparo de argamassas de assentamento ou revestimento; argamassa armada; concreto simples, armado, protendido, projetado, rolado ou magro; concreto-massa; elementos pré-moldados e artefatos de concreto; pisos e pavimentos de concreto; solo- cimento, entre outros. Cimento Portland composto com adição de pozolana CPII- Z Cimento Portland composto com adição de fíler CPII- F Alto-forno CPIII Apresenta baixo calor de hidratação e alta resistência à expansão, é também resistente a sulfatos. Recomendado em usos de obras de grande volume de concreto (concreto-massa), como barragens, peças de grandes dimensões, fundações de máquinas, pilares, obras 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 38/44 Quadro 1.6 – Aplicações mais comuns dos tipos de cimentos Portland normalizados no Brasil Fonte: Adaptado de Pinheiro e Crivelaro (2016). em ambientes agressivos, esgotos e e�uentes industriais, pilares de pontes ou obras submersas, pavimentação de estradas e pistas de aeroportos. Pozolânico CPIV Usos em obras em geral, especialmente indicado para obras expostas à ação de água corrente e a ambientes agressivos. Alta resistência inicial CPV- ARI Apresenta valores inicias de resistência à compressão elevados, usados em pré- moldados, túneis, concretos protendidos e obras que solicitem ganho de resistência rápido. Resistente a sulfatos RS Usos em ambientes agressivos, tais como redes de esgotos e águas servidas, água salgada do mar e solos ácidos. Baixo calor de hidratação BC Recomendado em usos de obras de grande volume de concreto (concreto- massa), como barragens, peças de grandes dimensões Branco estrutural CPB Usos com objetivos arquitetônicos e estéticos. 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 39/44 Armazenamento do cimento Portland O cimento deve ser estocado em local seco e protegido da umidade, e os sacos devem ser colocados sobre estrados de madeira a 30 cm do chão e das paredes. As pilhas de sacos de cimento (sacos de 50 kg) devem ser amarradas (para evitar quedas durante o transporte) e ter, no máximo, 10 unidades. Os sacos devem ser dispostos em forma de lotes de diferentes tipos e marcas para evitar possíveis misturas. A validade do cimento Portland em sacos de papel é de três meses (90 dias). Por esse motivo, os sacos mais antigos devem ser usados preferencialmente. Sacos de cimento que excederem a validade apresentam, normalmente, nódulos que não se desmancham com a pressão dos dedos durante a hidratação. Esse tipo de cimento pode ser usado, após peneiramento, porém somente em serviços secundários não estruturais, como argamassas e pavimentos secundários (BAUER, 2000; RIBEIRO, 2002). praticarVamos Praticar Os cimentos Portland comerciais utilizados em obras de construção civil são especi�cados em função do seu tipo, classe de resistência à compressão e características de resistência a sulfatos ou baixo calor de hidratação. Durante o processo de compra, veri�cação e aceitação de materiais, é necessário identi�car corretamente o tipo de material recebido. Consideremos o recebimento de sacos de cimento com a denominação CPIII-40RS. Assinale alternativa que descreve corretamente as características do cimento Portland recebido. a) Cimento Portland pozolânico, com resistência à compressão a 28 dias de 40 MPa e resistente a sulfatos. 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 40/44 b) Cimento Portland de alto-forno, com resistência à compressão a 28 dias de 40 kN e resistente a sulfatos. c) Cimento Portland de alto-forno, com resistência à compressão a 28 dias de 40 MPa e resistente a sulfatos. d) Cimento Portland pozolânico, com resistência à tração a 28 dias de 40 kPa e resistente a sulfatos. e) Cimento Portland de alto-forno, com resistência à tração a 28 dias de 40 MPa e resistente a sulfatos. 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 41/44 indicações Material Complementar L I V R O O edi�ício até sua cobertura Hélio Alves de Azeredo Editora: Blucher ISBN: 8521214235, 9788521214236 Comentário: ótimo livro para todos os estudantes e pro�ssionais que estão começando a se envolver na tecnologia de construção de edi�cações. Os conhecimentos e termos técnicos aprendidos nesta unidade facilitarão a leitura do livro que tem a vantagem de apresentar de forma clara e objetiva as diferentes etapas que envolvem a construção de uma edi�cação, desde a etapa de estudos preliminares, anteprojeto, projeto até a execução. 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 42/44 F I L M E Maravilhas Modernas: o concreto (episódio 14 da sétima temporada) Ano: 2000 Comentário: o concreto é um material fabricado a partir da mistura de cimento Portland, areia e brita; é um dos materiais mais utilizados pelo ser humano no mundo. Neste documentário do The History Channel, você poderá acompanhar a evolução da tecnologia de edi�cações, o surgimento do concreto, sua fabricação e suas aplicações modernas. T R A I L E R 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller#43/44 conclusão Conclusão Nesta unidade, você teve a oportunidade de aprender a importância dos materiais no desenvolvimento das sociedades humanas, conhecer quais são os tipos de materiais utilizados em obras de engenharia civil, as propriedades físicas e mecânicas gerais dos materiais e os critérios básicos que devem ser seguidos para escolher um material de forma adequada. Foram apresentados, também, conceitos relacionados ao estudo de aglomerantes (pega, tempo de pega e endurecimento), à classi�cação de aglomerantes e, �nalmente, foram apresentados a composição, a fabricação, os tipos e as características dos principais aglomerantes utilizados em diversas aplicações na construção civil (cal, gesso e cimento Portland). referências Referências Bibliográ�cas ALLEN, E.; IANO, J. Fundamentos da Engenharia de Edi�cações. Materiais e Métodos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. ASHBY, M. F. Seleção de materiais no projeto mecânico. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 07/09/2020 Ead.br https://fmu.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller# 44/44 ASHBY, M.; SHERCLIFF, H.; CEBON, D. Materiais Engenharia, Ciência, Processamento e Projeto. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. BAUER, L. A. F. Materiais de Construção. 5. ed. São Paulo: LTC, 2000. CALLISTER JR, W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018. ISAIA, G. Materiais de Construção Civil e Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais. 2. ed. São Paulo: IBRACON, 2010. NEVILLE, A. M.; BROOKS, J. J. Tecnologia do concreto. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. PINHEIRO, A. C. D. F. B. A.; CRIVELARO, M. Materiais de construção. 2. ed. São Paulo: Érica, 2016. RIBEIRO, C. C. Materiais de construção civil. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
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