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Direito e Meio Ambiente apostila completa

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Direito e MeioAmbiente
	Prof. Fernando Sergio Sacconi
	Curso de Direito – Campus Limeira
	Material 
	
Sumário
1.	Elementos De Ecologia	4
1.1.	Meio Ambiente e Recursos Naturais	4
1.2.	Dinâmica Interna, Dinâmica Externa e Intemperismo.	6
1.3.	Minerais, Cristais, Rochas e Solos.	12
1.4.	Recursos Hídricos, Ecossistemas e Biodiversidade.	17
2.	Economia e Natureza Ecológica	21
2.1.	Relação Homem-Natureza	21
2.2.	Economia como Subsistema da Natureza	22
2.3.	Padrões de Consumo e as Implicações Ambientais	23
2.4.	Externalidades Ambientais da Economia.	23
3.	Consciência Ecológica e Educação Ambiental	25
4.	Ética Ambiental e Cidadania	31
5.	Visões do Meio Ambiente	34
6.	Conceito Legal De Meio Ambiente	35
7.	Classificação Do Meio Ambiente	36
8.	Bens Ambientais	38
9.	A Tutela Constitucional do Meio Ambiente	40
9.1.	Competência Ambiental dos Entes Federativos no Brasil	40
9.2.	Art. 225 da Constituição da República Federativa do Brasil	42
BIBLIOGRAFIA	44
Direito e Meio Ambiente Prof. Fernando Sergio Sacconi
1. Elementos De Ecologia 
1.1. Meio Ambiente e Recursos Naturais
O homem sempre se utilizou de tudo a sua volta para suprir suas necessidades e melhorar sua vida, fazendo uso do que o ambiente podia oferecer.
Meio ambiente 
O meio ambiente, (do latim ambiens/ambientis, com o sentido de envolver algo) é o conjunto das substâncias, circunstâncias ou condições em que existe determinado objeto ou em que ocorre determinada ação, envolve todas as coisas vivas e não-vivas que existem na Terra, que afetam os ecossistemas e a vida dos seres que vivem nela.
Inicialmente o conceito de meio ambiente era visto apenas como panorama natural sem a participação humana, porém com o surgimento da chamada sociedade industrial ocorre um amento da exploração dos componentes dos ecossistemas e suas funções. Esta sociedade tem feito maior uso dos ecossistemas em relação a outras sociedades e aos animais, porque suas "necessidades" são maiores e diferentes, assim como as maneiras de satisfazê-las.
Pode se dizer que o meio ambiente se configura no ambiente natural e no meio transformado pela ação antrópica.
Ação humana
Antropia é a ciência que estuda a ação do ser humano sobre o meio ambiente ou a natureza. Também pode ser a ação, o ato ou o resultado da atuação humana sobre a natureza, com intencionalidade de modificação, independentemente do juízo de valor que se lhe (à modificação da natureza) atribua.
A ampliação do conceito de ambiente que inclui o homem foi constituída muito recentemente.
Essa tendência foi notada a partir da conferência de Estocolmo, Suécia, em 1972, quando o meio humano passa integrar o ambiente. 
Meio Ambiente é "o conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e as atividades humanas”.
As preocupações ambientais ganham notoriedade em alguns setores do meio científico, a partir das projeções para o final do século XX, de eminente escassez de alimentos e redução dos recursos naturais que função da previsão de explosão demográfica, resultaria em fome e miséria, entre outras consequências sociais.
Recursos naturais 
Recursos naturais são elementos da natureza que são úteis ao ser humano, em sociedade, no processo de desenvolvimento da civilização, sobrevivência e conforto da sociedade em geral. São componentes, materiais da paisagem geográfica, mas que ainda não tenham sofrido importantes transformações pelo trabalho humano e cuja própria gênese é independente do Homem, mas aos quais lhes foram atribuídos, historicamente, valores econômicos, sociais e culturais. Portanto, só podem ser compreendidos a partir da relação homem-natureza.
Recurso natural é qualquer insumo de que os organismos, as populações e os ecossistemas necessitam para sua manutenção. Portanto, recurso natural é algo de extrema importância para a continuidade da vida de todos os seres. 
Classificação dos recursos
Os recursos naturais, também chamados de recursos ambientais, podem ser classificados de acordo com alguns critérios:
Quanto à origem 
· Bióticos: originam-se de fatores do meio ambiente que possuem vida, ou seja, de seres vivos.
· Abióticos: originam-se de fatores do ambiente que não possuem vida.
Quanto à reposição 
· Não-renováveis: são substâncias que não podem ser recuperadas em um curto período de tempo ou que de maneira alguma não se renovam, ou demoram muito tempo para se produzir.
· Renováveis: são aqueles que podem se renovar ou recuperados, com ou sem interferência humana 
Recursos naturais São pré-requisitos indispensáveis para a vida dos organismos em seus ambientes, visto que são consumidos à medida que crescem e se reproduzem, permitindo a manutenção da vida. 
Direito e Meio Ambiente Prof. Fernando Sergio Sacconi
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1.2. Dinâmica Interna, Dinâmica Externa e Intemperismo.
O relevo terrestre é o resultado da ação das forças endógenas (agentes internos) e exógenas (agentes externos) que agiram e agem no decorrer dos anos e das eras geológicas. Essas forças são chamadas agentes do relevo. 
Quando essas forças ou agentes agem de dentro para fora da Terra, são denominados agentes formadores internos (endógenos), como o tectonismo, o vulcanismo e os abalos sísmicos. 
Quando ocorrem da atmosfera para a litosfera, isto é, na superfície, temos os agentes modeladores externos (exógenos) do relevo, como: as chuvas (ação pluviométrica), o gelo (ação glacial), mares (ação marítima), rios (ação fluviométrica ou hidrométrica), animais e vegetais (ação biológica, o intemperismo), e o próprio homem (ação antrópica) que altera (construindo e/ou reconstruindo e/ou destruindo) a superfície do planeta.
Dinâmica Interna
Tectonismo
Os movimentos tectônicos resultam de pressões, vindas do interior da Terra e que agem na crosta terrestre. Quando as pressões são verticais, os blocos continentais sofrem levantamentos e baixamentos. Os movimentos resultantes de pressão vertical são chamados epirogenéticos. Quando as pressões são horizontais, são formados dobramentos ou enrugamentos que dão origem às montanhas. Esses movimentos ocasionados por pressão horizontal são chamados orogenéticos.
O diastrofismo (distorção) caracteriza-se por movimentos lentos e prolongados que acontecem no interior da crosta terrestre, produzindo deformações nas rochas. Esse movimento pode ocorrer na forma vertical (epirogênese) ou na horizontal (orogênese).
A epirogênese ou falhamento consiste em movimentos verticais que provocam pressão sobre as camadas rochosas resistentes e de pouca plasticidade, causando rebaixamentos ou soerguimentos da crosta continental. São movimentos lentos que não podem ser observados de forma direta, pois requerem milhares de anos para que ocorram.
A orogênese ou dobramento caracteriza-se por movimentos horizontais de grande intensidade que correspondem aos deslocamentos da crosta terrestre. Quando tais pressões são exercidas em rochas maleáveis, surgem os dobramentos, que dão origem às cordilheiras. Os Alpes e o Himalaia, dentre outras, originam-se dos movimentos orogênicos. A orogênese também é responsável pelos terremotos e maremotos.
Vulcanismo
Chama-se vulcanismo as diversas formas pelas quais o magma do interior da Terra chega até a superfície. Os materiais expelidos podem ser sólidos, líquidos ou gasosos (lavas, material piroclástico e fumarolas). Esses materiais acumulam-se num depósito sob o vulcão até que a pressão gerada faça com que ocorra a erupção. As lavas escorrem pelo edifício vulcânico, alterando e criando novas formas na paisagem. O relevo vulcânico caracteriza-se pela rapidez com que se forma e com que pode ser destruído.
Localização dos vulcões: A maioria dos vulcões da Terra está concentrada em duas áreas principais: Círculo de Fogo do Pacífico: desde a Cordilheira dos Andes até as Filipinas, onde se concentram 80% dos vulcões dasuperfície.
Outras localizações: América Central, Antilhas, Açores, Cabo Verde, Mediterrâneo e Cáucaso.
Abalos sísmicos ou terremotos
Um terremoto ou sismo se origina devido aos movimentos convectivos que ocorrem na astenosfera. Esses movimentos forçam as placas tectônicas da litosfera (camada rochosa) movendo-as, como resultado as placas podem se chocar (formando bordas convergentes), se separar (formando bordas divergentes) ou deslizar (formando bordas transformantes). O terremoto é resultado do alívio da pressão que existe entre essas placas gerando, desta maneira, uma vibração. Essa vibração propaga-se através das rochas pelas ondas sísmicas. O ponto do interior da Terra onde é gerado o sismo é designado por hipocentro ou foco enquanto que o epicentro é o ponto da superfície terrestre. Os sismógrafos são os aparelhos que detectam e medem as ondas sísmicas. A intensidade dos terremotos é dada pela Escala Mercalli Modificada, que mede os danos causados pelo sismo.
Dinâmica Externa 
Os agentes externos modificam o relevo, estes são: as águas do mar, dos rios e das chuvas, o gelo, o vento e o homem, causando a erosão marinha, erosão fluvial, erosão pluvial, erosão glacial, erosão eólica e erosão antrópica.Eles agridem a superfície terrestre fazendo dela formatos e tamanhos diferentes.
As geleiras, ou glaciares
Em algumas zonas de clima muito frio, a neve não derrete durante o verão. O peso das camadas de neve acumuladas durante invernos seguidos acaba por transformá-la em gelo. Quando essa enorme massa de gelo se desloca, corre como um poderoso rio de gelo. As geleiras, ou glaciares, realizam um trabalho de erosão nas rochas que as cercam, formando vales em forma de U. O acúmulo de sedimentos transportados pelas geleiras são chamados moreias, morenas ou morainas.
Rios, os grandes construtores
A união de várias correntes acaba formando os rios, que são correntes de água com leito definido e vazão regular. A vazão pode sofrer mudanças ao longo do ano. Essas mudanças devem-se tanto a estiagens prolongadas quanto a cheias excepcionais, às vezes com efeitos catastróficos sobre as populações e os campos.
Quanto maior for o poder erosivo de um rio, maior será sua vazão e a inclinação do seu leito, que pode sofrer variações ao longo do percurso.
Em seu curso, os rios realizam três trabalhos essenciais para a construção e modificação do relevo:
Erosão, ou seja, escavação dos leitos. Quanto maior for o poder erosivo de um rio, maior será sua vazão e a inclinação do seu leito;
Transporte dos sedimentos, os chamados aluviões;
Sedimentação, quando há a formação de planícies e deltas.
Podemos dividir o caminho que o rio percorre da nascente até a foz em três porções que podem ser comparadas com as três fases da vida humana: alto curso, equipara-se à juventude; o curso médio equivale à maturidade; e o baixo curso, à velhice.
Alto Curso: O curso superior do rio é sua parte mais inclinada, onde o poder erosivo e de transporte de sedimentos é muito intenso. A força das águas escava vales em forma de V. Se as rochas do terreno são muito resistentes, o rio circula por elas, formando gargantas ou desfiladeiros.
Curso médio: No curso médio do rio, a inclinação se suaviza e as águas ficam mais tranquilas. Sua capacidade de transporte diminui e começa a depositar os sedimentos que não pode mais transportar.
Na época das cheias, o rio transborda, depositando nas margens grande quantidade de aluviões. Nessas regiões formam-se grandes planícies sedimentares, onde o rio descreve amplas curvas, chamadas meandros. A sedimentação é um processo muito importante para a humanidade. Culturas antigas, como as do Egito, Mesopotâmia e Índia, são relacionadas à fertilidade dos sedimentos depositados por rios.
Baixo Curso: O curso inferior do rio corresponde às zonas próximas de sua foz. A inclinação do terreno torna-se quase nula e há muito pouca erosão e quase nenhum transporte. O vale alarga-se e o rio corre sobre os sedimentos depositados.
A foz pode estar livre de sedimentação ou podem surgir aí acumulações de aluviões que dificultam a saída da água. No primeiro caso, recebe o nome de estuário e no segundo, formam-se os deltas.
Abrasão marinha
A ação das águas do mar
O que é? O mar exerce um duplo trabalho nos litorais dos continentes. É um agente erosivo, que desgasta as costas em um trabalho incessante de destruição chamado abrasão marinha. As águas dos mares e oceanos desgastam e destroem as rochas da costa mediante três movimentos: as ondas, as marés e as correntes marítimas. Ao mesmo tempo, o vaivém de suas águas traz sedimentos que são depositados nos litorais, realizando um trabalho de acumulação marinha.
A ação contínua das ondas do mar ataca a base, os paredões rochosos do litoral, causando o desmoronamento de blocos de rochas e o consequente afastamento do paredão.
Esse processo dá origem a costas altas denominadas falésias. Algumas falésias são cristalinas, como as de Torres, no Rio Grande do Sul. No Nordeste do Brasil, encontramos falésias formadas por rochas sedimentares denominadas barreiras.
Ação das ondas
Quando a costa é formada por rochas de diferentes durezas, formam-se reentrâncias (baías ou enseadas) e saliências no lado escarpado, de acordo com a resistência dessas rochas à erosão marinha. A ação da água do mar pode transformar uma saliência rochosa do continente em uma ilhota costeira.
Se um banco de areia se depositar entre a costa e uma ilha costeira, esta pode unir-se ao continente, formando então um tômbolo. Caso um banco de areia se deposite de modo paralelo à linha da costa, fechando uma praia ou enseada, poderá formar uma restinga e uma lagoa litorânea.
As praias são depósitos de areia ou cascalho que se originam nas áreas abrigadas da costa, onde as correntes litorâneas exercem menos força. Quando o depósito de areia se acomoda paralelamente à costa, formam-se as barras ou bancos de areia.
Ação dos ventos
O vento é o agente com menor poder erosivo, pois só pode mover partículas pequenas e próximas do solo. Estas pequenas partículas são chamadas de sedimentos. Ainda assim, ele transporta partículas finas a centenas de quilômetros de seu lugar de origem. A ação erosiva do vento, que atinge o ponto máximo nas zonas desérticas, secas e de vegetação escassa, também contribui para a destruição do relevo da Terra. O vento desprende as partículas soltas das rochas e vai polindo-as até transformá-las em grãos de areia.
A erosão eólica tem dois mecanismos diferentes:
A deflação, que é a ação direta do vento sobre as rochas, retirando delas as partículas soltas;
A corrosão, que é o ataque do vento carregado de partículas em suspensão, desgastando não só as rochas como as próprias partículas.
O trabalho de movimentação da indumentrologia nuclear pode ser transferida involuntariamente pela areia até depositá-la nas praias e nos desertos, onde pode formar grandes acumulações móveis conhecidas como dunas. São enormes montes de areia acumulada pelo vento e que mudam freqüentemente de lugar.
As dunas são elevações móveis de areia, em forma de montes. Em uma duna podem ser distinguidas duas partes: uma área de aclive suave ou barlavento, pela qual a areia é empurrada, e uma área de declive abrupto ou sotavento, por onde a areia rola ao cair.
As dunas deslocam-se a velocidades que podem ultrapassar 15 metros por ano. Quando o avanço das dunas ameaça as populações humanas ou a plantação, colocam-se obstáculos, tais como estacas, muros ou arbustos, para detê-las.
Os ventos atuam, em especial, no litoral e no deserto, agindo constantemente na formação e transformação do relevo, essa é denominada de erosão eólica, um exemplo comum são as dunas formadas parcialmente de sedimentos.
Intemperismo
Meteorização ou intemperismo é um conjunto de processos físicos, químicos e biológicos que atuam sobre as rochas provocando sua desintegração ou decomposição.
A rocha decomposta transforma-se num material chamado manto ou regolito, um resíduo que repousa sobre a rocha matriz, sem ter ainda se transformado em solo.
As rochas podem partir-sesem que se altere sua composição: é a desintegração física ou mecânica.
Nos desertos, as variações de temperatura entre os dias e as noites chegam ao ponto de partir as rochas.
Nas zonas frias, a água que se infiltra na rachadura das rochas pode congelar, se dilatar e partir a rocha, num processo denominado gelivação. O intemperismo químico acontece quando a água, ou as substâncias nela dissolvidas, reage com os componentes das rochas. Nesse processo, as rochas modificam sua estrutura química, sendo mais facilmente erodidas, com o material sendo levado pelos agentes de transporte (vento, chuva, rios).
O oxigênio que existe na água oxida os minerais que contêm ferro e forma sobre as rochas o que costumamos chamar de ferrugem. A ação da água sobre o granito, por exemplo, o converte em quartzo e argilas.
Ação das águas das chuvas. Quando as chuvas caem sobre a Terra, suas águas podem seguir três caminhos: evaporar-se, indo para a atmosfera; infiltrar-se no solo para dentro do lençol freático; e escorrer pela superfície da Terra, sob a forma de enxurradas e torrentes. São um dos mais eficazes agentes de erosão, muitas vezes causando deslizamentos.
1.3. Minerais, Cristais, Rochas e Solos.
MINERAIS
Minerais são substâncias sólidas homogêneas, inorgânicas com composição química e estrutura cristalina bem definida.
Os minerais estão presente em diversos setores dia indústria, agricultura e no ambiente. Muitos minerais como a calcita (CaCO3), a gipsita (CaSO4.2H2O) a silvita (KCl), a apatita (fosfatos de cálcio) e diversos outros são matéria prima para a produção de diversos fertilizantes empregados para garantir a produção agrícola. Além disso, minerais como bauxita (Al2O3) e hilmenita (TiO4) são empregados pela indústria para a produção de diversas matérias primas. No ambiente, os minerais exercem funções muito importantes como o fornecimento de nutrientes às plantas quando de decompõem e ao mesmo tempo, são responsáveis pela retenção de nutrientes liberados por matéria orgânica, fertilizantes e outros minerais. Esses minerais são conhecidos como minerais secundários, e devido sua importância na Gênese do Solo, serão abordados em um tópico a parte, desta apostila
Sistemas cristalinos
O que determina a estrutura cristalina dos minerais é a presença da célula unitária. Célula unitária é a unidade fundamental que forma o sistema cristalino do mineral como ilustra a figura abaixo. Assim, inicialmente as moléculas formam a célula unitária pela repetição ordenada destas moléculas seguindo determinado padrão. As células unitárias formam os sistemas cristalinos ou cristais (Figura 2.2) para então formar o mineral visível ao olho nú.
Rochas
Rocha é um agregado sólido que ocorre naturalmente e é constituído por um ou mais minerais ou mineraloides. A camada externa sólida da Terra, conhecida por litosfera, é constituída por rochas. O estudo científico das rochas é chamado de petrologia, um ramo da geologia. Os termos populares pedra e calhau se referem a pedaços ou fragmentos soltos de rochas.
Para ser considerada como uma rocha, esse agregado tem que ter representatividade à escala cartográfica (ter volume suficiente) e ocorrer repetidamente no espaço e no tempo, ou seja, o fenômeno geológico que forma a rocha ser suficientemente importante na história geológica para se dizer que faz parte da dinâmica da Terra.
Tipos de rochas
Ígneas ou Magmáticas
Rochas ígneas (mais conhecidas como Magmáticas) são resultado da solidificação e consolidação do magma (ou lava), por isso o nome rochas magmáticas. O magma é um material pastoso que, há bilhões de anos, deu origem às primeiras rochas de nosso planeta, e ainda existe no interior da Terra. As rochas ígneas podem, de maneira geral, ser classificadas sob dois critérios: texturais e mineralógicos. O critério textural é especialmente útil na identificação do ambiente onde a rocha se cristalizou, enquanto o mineralógico é baseado na proporção entre seus minerais principais. 
· Vulcânicas (ou extrusivas) - são formadas por meio de erupções vulcânicas, através de um rápido processo de resfriamento na superfície. Alguns exemplos dessas rochas são o bas alto e a pedra-pomes, cujo resfriamento dá-se na água. O vidro vulcânico é um tipo de rocha vulcânica de resfriamento rápido.
· Plutônicas (ou intrusivas) - são formadas dentro da crosta por meio de um processo lento de resfriamento. Alguns exemplos são o granito e o diabásio. 
Sedimentares
Na superfície da terra, as rochas sofrem a ação de diversos fatores, como o calor, frio, chuva, vento, neve e gelo. Durante milhares de anos, uma rocha vai se partindo em pedaços e vão ficando cada vez menores e sendo arrastados para outros lugares. Então, esses pequenos fragmentos vão se acumulando, se apertando e se depositando uns sob os outros, formando novas rochas que, por serem constituídas por sedimentos acumulados, recebem o nome de Rochas Sedimentares. Fazem parte de 80% da superfície dos continentes. Classificam-se em:
· Detríticas - são as rochas formadas a partir de detritos de outras rochas. Alguns exemplos são o arenito, o argilito, o varvito e o folhelho.
· Quimiogénicas - resultam da precipitação de substâncias dissolvidas em água. Alguns exemplos são o sal-gema, as estalactites e as estalagmites.
· Biogénicas - são rochas formadas por restos de seres vivos. Alguns exemplos são o calcário conquífero, formado através dos resíduos de conchas de animais marinhos. Possui o mineral cálcite.; e o carvão, formado a partir dos resíduos de vegetais.
Rochas Metamórficas
São as rochas formadas através da deformação de outras rochas, magmáticas, sedimentares e até mesmo outras rochas metamórficas, devido a alterações de condições ambientais, como a temperatura e a pressão ou ambas simultaneamente. Alguns exemplos são o gnaisse, formado a partir do granito; a ardósia, formada a partir do argilito; o mármore, formado a partir do calcário, e o quartzito, formado a partir do arenito.
As rochas mais antigas são as magmáticas seguidas pelas metamórficas. Elas datam das eras Pré-Cambriana e Paleozoica. Já as rochas sedimentares são de formação mais recente: datam das eras Paleozoica, Mesozoica e Cenozoica. Essas rochas formam um verdadeiro capeamento, ou seja, encobrem as rochas magmáticas e as metamórficas quando estas não estão afloradas à superfície da Terra.
Solos
O solo é um corpo de material inconsolidado que cobre a superfície terrestre emersa, entre a litosfera e a atmosfera. Os solos são constituídos de três fases: sólida (minerais e matéria orgânica), líquida (solução do solo) e gasosa (ar).
É produto do intemperismo sobre um material de origem, cuja transformação se desenvolve em um determinado relevo, clima, bioma e ao longo do tempo.
O solo, contudo, pode ser visto sobre diferentes óticas. Para um engenheiro agrônomo o solo é a camada na qual pode-se desenvolver vida (vegetal e animal). Para um engenheiro civil, sob o ponto de vista da mecânica dos solos, solo é um corpo passível de ser escavado, sendo utilizado dessa forma como suporte para construções ou material de construção. Para um biólogo, através da ecologia e da pedologia, o solo infere sobre a ciclagem biogeoquímica dos nutrientes minerais e determina os diferentes ecossistemas e habitats dos seres vivos.
O processo de origem dos solos é chamado de pedogênese.
Todo o processo de formação do solo começa com a desagregação e a decomposição de rochas. Em contato com a atmosfera, as rochas têm sua composição química e suas características físicas alteradas pela ação do calor do sol, da água das chuvas, dos ventos e de outros fatores ambientais. Dizemos em outras palavras, que as rochas sofrem intemperismos físicos e químicos.
Com a ação dos intemperismos, as rochas são reduzidas a pequenos fragmentos, formando um material solto, que pode servir de habitat para microrganismos, plantas e pequenos animais. Então, esses seres vivos, à medida que completam seu ciclo de vida, vão sendo decompostos, dando origem ao húmus, camada de matéria orgânica do solo.
Simultaneamente, osminerais mais vulneráveis ao intemperismo se transformam em argila, que pode ser conduzida de uma região para outra através das águas das chuvas infiltradas naquela porção de terra.
1.4. Recursos Hídricos, Ecossistemas e Biodiversidade.
Recursos Hídricos 
Recursos hídricos são as águas superficiais ou subterrâneas disponíveis para qualquer tipo de uso de região ou bacia.
As águas subterrâneas são os principais reservatórios de água doce disponíveis para os seres humanos (aproximadamente 60% da população mundial tem como principal fonte de água os lençóis freáticos ou subterrâneos).
À princípio, sendo a água um recurso renovável estaria sempre disponível para o homem utilizar. No entanto, como o consumo tem excedido a renovação da mesma, atualmente verifica-se um stress hídrico, ou seja, falta de água doce principalmente junto aos grandes centros urbanos e também a diminuição da qualidade da água, sobretudo devido à poluição hídrica por esgotos domésticos e industriais.
No âmbito do desenvolvimento sustentável, o manejo sustentável dos recursos hídricos compreende as ações que visam garantir os padrões de qualidade e quantidade da água dentro da sua unidade de conservação, a bacia hidrográfica.
É atualmente aceito o conceito de gestão integrada dos recursos hídricos como paradigma de gestão da água. Quase todos os países já adotaram uma "legislação das águas" dentro da disciplina de Direito Ambiental. No Brasil é a Lei 9.433/97 também denominada Lei das Águas.
Ecossistemas 
O termo ecossistema foi proposto pela primeira vez pelo ecólogo inglês Sir Arthur G. Tansley em 1935 na revista científica Ecology. E podemos definir como sendo um sistema composto pelos seres vivos (meio biótico) e o local onde eles vivem (meio abiótico, onde estão inseridos todos os componentes não vivos do ecossistema como os minerais, as pedras, o clima, a própria luz solar, e etc.) e todas as relações destes com o meio e entre si.
Consideram-se como fatores bióticos os efeitos das diversas populações de animais, plantas e bactérias umas com as outras e abióticos os fatores externos como a água, o sol, o solo, o gelo, o vento. Em um determinado local, seja uma vegetação de cerrado, mata ciliar, caatinga, mata atlântica ou floresta amazônica, por exemplo, a todas as relações dos organismos entre si, e com seu meio ambiente chamamos ecossistema ou seja, podemos definir ecossistema como sendo um conjunto de comunidades interagindo entre si e agindo sobre e sofrendo a ação dos fatores abióticos.
São chamados agro ecossistemas quando além destes fatores, atua ao menos uma população agrícola. A alteração de um único elemento pode causar modificações em todo o sistema, podendo ocorrer a perda do equilíbrio existente. O conjunto de todos os ecossistemas do mundo forma a Biosfera.
Mas não se deve confundir “ecossistema” com “bioma”. O bioma é geograficamente mais abrangente e é predominantemente definido de acordo com um conjunto de vegetações com características semelhantes além de outros requisitos (como a Mata Atlântica).
Bioma - um conjunto de ecossistemas com um tipo similar de vegetação, localizada em uma zona natural climática" ( Akimova TA , Khaskin VV )
	'Biomas terrestres classificadas por tipo de vegetação'
	  Deserto polar
  Tundra
  Taiga
  Floresta Ombrófila
	  Steppe
  Florestas húmidas subtropicais
  Biomas do Mediterrâneo
  Monção florestas
	  Deserto árido
  Arbustos xerófitas
  Estepe sul
  Semi-árido deserto
	  Savannah
  Savannah com vegetação lenhosa (floresta)
  Floresta subtropical
  Floresta tropical
	  Alpine Tundra
  Florestas de montanha
Biodiversidade
Biodiversidade pode ser definida como a variabilidade entre os seres vivos de todas as origens, a terrestre, a marinha e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais fazem parte. Essa variabilidade aparece apenas como resultado da natureza em si, sem sofrer intervenção humana. Assim, ela pode variar de acordo com as diferentes regiões ecológicas. Refere-se, portanto, à variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade genética dentro das populações e espécies, a variedade de espécies da flora, da fauna, de fungos microscópicos e de microrganismos, a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; e a variedade de comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos.
A biodiversidade deve ser avaliada e sua evolução, analisada (através de observações, inventários, conservação…) que devem ser levadas em consideração nas decisões políticas. Está começando a receber uma direção jurídica.
A relação "Leis e ecossistema" é muito antiga e tem consequências na biodiversidade. Está relacionada aos direitos de propriedade pública e privada. Pode definir a proteção de ecossistemas ameaçados, mas também alguns direitos e deveres (por exemplo, direitos de pesca, direitos de caça).
"Leis e espécies" é um tópico mais recente. Define espécies que devem ser protegidas por causa da ameaça de extinção. Algumas pessoas questionam a aplicação dessas leis.
"Lei e genes" tem apenas um século. Enquanto a abordagem genética não é nova (domesticação, métodos tradicionais de seleção de plantas), o progresso realizado no campo da genética nos últimos 20 anos leva à obrigação de leis mais rígidas. Com as novas tecnologias da genética e da engenharia genética, as pessoas estão pensando sobre o patenteamento de genes, processos de patenteamento, e um conceito totalmente novo sobre o recurso genético. Um debate muito caloroso, hoje em dia, procura definir se o recurso é o gene, o organismo, o DNA ou os processos.
A convenção de 1972 da UNESCO estabeleceu que os recursos biológicos, tais como plantas, eram uma herança comum da humanidade. Essas regras provavelmente inspiraram a criação de grandes bancos públicos de recursos genéticos, localizados fora dos países-recursos.
Novos acordos globais (Convenção sobre Diversidade Biológica), dá agora direito nacional soberano sobre os recursos biológicos (não propriedade). A ideia de conservação estática da biodiversidade está desaparecendo e sendo substituída pela ideia de uma conservação dinâmica, através da noção de recurso e inovação.
Os novos acordos estabelecem que os países devem conservar a biodiversidade, desenvolver recursos para sustentabilidade e partilhar os benefícios resultantes de seu uso. Sob essas novas regras, é esperado que o bio prospecto ou coleção de produtos naturais tem que ser permitido pelo país rico em biodiversidade, em troca da divisão dos benefícios.
Princípios soberanos podem depender do que é melhor conhecido como Access and Benefit Sharing Agreements (ABAs). O espírito da Convenção sobre Biodiversidade implica num consenso informado prévio entre o país fonte e o colector, a fim de estabelecer qual recurso será usado e para quê, e para decidir um acordo amigável sobre a divisão de benefícios. O bio prospecto pode vir a se tornar um tipo de Biopirataria quando esses princípios não são respeitados.
2. Economia e Natureza Ecológica
2.1. Relação Homem-Natureza
A relação do homem com a natureza é antiga, porém, a partir da revolução industrial essa relação passa a adquirir novos contornos e formas de transformação da natureza, dentro do contexto da sociedade de consumo. Esse processo continuo se refletiu nas dinâmicas sociais e culturais.
Através dos novos sistemas de produção industrial, a devastação ambiental foi potencializada a partir do início do século XX, com o fomento ao uso do petróleo e da eletricidade na tecnologia industrial, o que acelerou o processo de intervenção do homem na natureza.
Dennis L. Meadows e um grupo de pesquisadores publicaram em 1972 o estudo sobre limites do crescimento.
As teses e conclusões básicas do grupo de pesquisadores coordenado por Dennis Meadows (1972:20) são:
A Se as atuais tendências de crescimento da população mundial industrialização,poluição, produção de alimentos e diminuição de recursos naturais continuarem imutáveis, os limites de crescimento neste planeta serão alcançados algum dia dentrodos próximos cem anos. O resultado mais provável será um declínio súbito e incontrolável, tanto da população quanto da capacidade industrial.
B É possível modificar estas tendências de crescimento e formar uma condição de estabilidade ecológica e econômica que se possa manter até um futuro remoto. O estado de equilíbrio global poderá ser planejado de tal modo que as necessidades materiais básicas de cada pessoa na Terra sejam satisfeitas, e que cada pessoa tenha igual oportunidade de realizar seu potencial humano individual.
C. Se a população do mundo decidir empenhar-se em obter este segundo resultado, em vez de lutar pelo primeiro, quanto mais cedo ela começar a trabalhar para alcançá-lo, maiores serão suas possibilidades de êxito. 
Na tentativa de alcançar a estabilidade econômica e ecológica, Meadows et al. propõem o congelamento do crescimento da população global e do capital industrial; mostram a realidade dos recursos limitados e rediscutem a velha tese de Malthus do perigo do crescimento desenfreado da população mundial. 
A tese do crescimento zero, necessário, significava um ataque direto à filosofia do crescimento contínuo da sociedade industrial e uma crítica indireta a todas as teorias do desenvolvimento industrial que se basearam nela. As respostas críticas às teses de Meadows et al. surgiram consequentemente entre os teóricos que se identificaram com as teorias do crescimento. O prêmio Nobel em Economia, Solow, criticou com veemência os prognósticos catastróficos do Clube de Roma (Solow, 1973 e 1974). 
Também intelectuais dos países do sul manifestaram-se de forma crítica. Assim Mahbub ul Haq (1976) levantou a tese de que as sociedades ocidentais, depois de um século de crescimento industrial acelerado, fecharam este caminho de desenvolvimento para os países pobres, justificando essa prática com uma retórica ecologista. Essa foi uma argumentação freqüentemente formulada na UNCED no Rio, em 1992, mostrando a continuidade de divergências e desentendimentos no discurso global sobre a questão ambiental e o desequilíbrio sócio-econômico.
2.2. Economia como Subsistema da Natureza
Teóricos da economia neoclássica têm sérias dificuldades em aceitar o fato de que a economia é apenas um subsistema do meio ambiente. Centrados numa visão restrita, na qual empresas fornecem bens e serviços às famílias dadas as condições do mercado e fatores de produção. 
Para os "tradicionais”, as questões de ordem ambiental não passam de setores pertencentes à macroeconomia, como são os casos da pesca, da agropecuária, das florestas, entre tantos outros. Para esses não há limites e obstáculos ditados pelo ambiente e a expansão da atividade produtiva pode ocorrer sem maiores problemas, não vendo a completa inter-relação existente entre a economia e a natureza.
Ignoram o que realmente acontece em termos reais de movimentação dentro de um sistema econômico, no qual entram materiais e saem resíduos, entra matéria e energia, sai poluição e resíduos. Assim, a economia não pode ser vista como um sistema fechado, mas, ao contrário, a economia nada mais é que um sistema aberto dentro de um sistema maior, o ambiente, o qual é finito, ou seja possui capacidade limitada. 
Como aponta Herman Daly, a biosfera é finita, não cresce, é fechada (com exceção do constante afluxo de energia solar) e obrigada a funcionar de acordo com as leis da termodinâmica.
Por isso, cabe destacar que qualquer subsistema, como a economia, em algum momento deve necessariamente parar de crescer e adaptar-se a uma taxa de equilíbrio natural.
Funda-se nesse argumento um fato imperioso: parar de crescer não significa parar de se desenvolver. É perfeitamente possível prosperar sem crescer. Prosperidade é sinônimo de bem-estar para todos. Logo, não pode haver prosperidade em ambientes que são constantemente expostos à degradação, reduzidos a poluição como objeto final, afetando a qualidade de vida das pessoas.
2.3. Padrões de Consumo e as Implicações Ambientais
A modificação dos padrões de consumo relacionado à preservação do meio ambiente é tema que vem ganhando importância, nos últimos anos
Na sociedade de consumo atual há um fenômeno de multiplicação dos objetos, bens e atividades. A enorme quantidade de produtos, associada à velocidade da sua substituição por outros objetos novos, mais tecnológicos e aperfeiçoados, gera grande quantidade de descarte. O desperdício se torna ligado aos mecanismos de reprodução da sociedade de consumo. O resultado é que quanto mais se produz, mais se destrói, e o crescimento significa paradoxalmente a escassez. 
O que se denota é que os padrões de consumo da sociedade globalizada estão conduzindo a um aprofundamento das desigualdades sociais e da pobreza.
Padrões desequilibrados de consumo são estimulados pela produção excessiva, ao mesmo tempo em que estimulam o aumento desta, cujo círculo vicioso traz perdas significativas ao meio ambiente.
A instalação de indústrias em regiões ecologicamente inapropriadas, a necessidade de reparação dos danos causados pela poluição representam os efeitos negativos gerados pela massificação do consumo e pelo aumento desmedido da produção.
2.4. Externalidades Ambientais da Economia.
Externalidades ambientais são os efeitos transversais de bens ou serviços sobre outras pessoas que não estão diretamente evolvidas com a atividade. Referem-se ao impacto de uma decisão sobre aqueles que não participam dessa decisão podendo gerar efeitos positivos ou negativos para a sociedade 
Como externalidades negativas estão incluídos os danos causados aos rios em decorrência de descargas de águas residuais contaminadas, aos ecossistemas devido à eliminação de resíduos sólidos, à poluição do ar por causa das atividades produtivas. Essas são chamadas de custos de externos porque na maioria das vezes não são compensados pelas empresas e recaem sobre a sociedade na forma de aumento no custo da água, problemas de saúde em decorrência da poluição e perda de serviços ambientais gerados pela degradação
A externalidade positiva ocorre quando um proprietário de uma residência ou fábrica mantém seu jardim agradável e o prédio conservado, o que melhora os padrões de vida da vizinhança e gera a valorização real dos imóveis. Os beneficiários, por sua vez, também nada pagam pelos benefícios recebidos.
Custos ambientais compreendem todos os gastos relacionados direta ou indiretamente com a proteção do meio ambiente e que são ativados em função de sua vida útil. 
Externalidades positivas relacionadas a ações preventivas podem reduzir os custos ambientais.
3. Consciência Ecológica e Educação Ambiental
Educação ambiental, no Brasil, foi proposta em 1999 com o objetivo de disseminar o conhecimento sobre o ambiente. Sua principal função é conscientizar à preservação do meio ambiente e a utilização de forma sustentável dos recursos naturais. Pode ser incluída como uma disciplina.
No Brasil, assume uma perspectiva mais abrangente, não restringindo seu olhar à proteção e uso sustentável de recursos naturais, mas incorporando a proposta de construção de sociedades sustentáveis. 
A educação ambiental tornou-se lei em 27 de Abril de 1999. A Lei N° 9.795 – Lei da Educação Ambiental.
Tenta despertar em todos a consciência de que o ser humano é parte do meio ambiente. Ela tenta superar a visão antropocêntrica, que fez com que o homem se sentisse sempre o centro de tudo esquecendo a importância da natureza, da qual é parte integrante 
Trata-se de processo pedagógico participativo permanente para incutir uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, estendendo à sociedade a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais.
Conceito
A educação ambiental é um processo de construção de valores, conhecimentos e atitudes voltadas para conservação do meio ambiente, conforme se pode notar no seu art.1º
Art. 1º - Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservaçãodo meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Visando a conscientização em todos os níveis e camadas da população, se faz necessária, como componente essencial e permanente da educação nacional. Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN - sugerem que o tema meio ambiente seja de cunho transversal.
A Constituição Federal define, no Art. 225, §1º, I, como incumbência do poder pública a promoção da Educação ambiental em todos os níveis de ensino. Porém não se trata somente de uma somente pública, mas de toda a sociedade. Como Demonstrado no art. 3º da Lei 9795
Art. 3º - Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental, incumbindo:
 I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;
 II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem;
 III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, promover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;
 IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação;
 V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente;
 VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais.
Princípios 
Por ser um instrumento de base para as ações ambientais, a educação ambiental deve estar pautada por princípios, os quais estão elencados no Art. 4º:
Art. 4o São princípios básicos da educação ambiental:
 I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
 II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
 III - o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade;
 IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
 V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
 VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;
 VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais;
 VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.
Objetivos 
Considerando a busca de metas para a educação ambiental, encontramos no Art. 5º todo o conjunto de objetivos preconizados pela lei.
Art. 5o São objetivos fundamentais da educação ambiental:
 I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;
 II - a garantia de democratização das informações ambientais;
 III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social;
 IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania;
 V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;
 VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;
 VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.
A Educação Ambiental como Política
A Política Nacional de Educação Ambiental envolve, órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, instituições educacionais públicas e privadas, órgãos públicos, e organizações não-governamentais.
Atividades
As atividades vinculadas devem ser desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar, por meio de linhas de atuação em 
· capacitação de pessoas;
· desenvolvimento pesquisas;
· produção e divulgação de material educativo;
· acompanhamento e avaliação.
Capacitação
A capacitação de pessoas para a realidade ambiental deve voltar-se para:
· a formação dos educadores de todos os níveis e modalidades de ensino;
· a formação dos profissionais de todas as áreas;
· a preparação de profissionais para as atividades de gestão ambiental;
· a formação profissionais na área de meio ambiente;
· o atendimento da sociedade em problemas ambientais.
Estudos e Pesquisas
As ações de estudos, e pesquisas devem estar voltadas para:
· desenvolvimento de instrumentos e metodologias para o estudo interdisciplinar do meio ambiente
· a difusão de conhecimentos, tecnologias e informações sobre a questão ambiental;
· desenvolvimento de formas de participação dos interessados na formulação e execução de pesquisas ambientais
· busca de alternativas curriculares e metodológicas de capacitação na área;
· apoio a iniciativas e experiências locais e regionais, incluindo a produção de material educativo;
· montagem de uma rede de banco de dados e imagens, para apoio 
Educação Formal
A educação ambiental na educação escolar formal deve ser desenvolvida através dos currículos oficial das instituições de ensino, considerando a seguinte estrutura:
· educação básica:
· educação infantil;
· ensino fundamental e
· ensino médio;
· educação superior;
· educação especial;
· educação profissional;
· educação de jovem e adultos.
A educação deve ser desenvolvida de forma prática e permanente não como disciplina específica mas presente no currículo de ensino.
Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina específica.
Nos cursos de formação técnico-profissional, em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo de ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas.
Os conteúdos ambientais devem também fazer parte da formação de professores em todos os níveis e disciplinas.
Educação não-formal
As ações educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da educação na qualidade do meio ambiente são consideradas como práticas de educação não formal e envolvem:
· a difusão, de programas e campanhas educativas, acerca de temas relacionados ao meio ambiente;
· a participação da escola, da universidades, e organizações não governamentais na formulação de programas e atividades vinculadas à educação ambiental;
· a participação de empresas no desenvolvimento de programas de educação ambiental em parceria com escolas, universidades e organizações não-governamentais;
· a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação;
· a sensibilização de populações tradicionais ligadas às unidades de conservação;
· a sensibilização de agricultores;
· o ecoturismo.
A educação ambiental se apresenta portanto, como um processo educativo que conduz a um saber ambiental baseado em valores éticos e regras que vão contribuir para a redução de desigualdade. Possui a responsabilidade da construção de uma cultura ecológicaque compreenda natureza e sociedade como dimensões relacionadas e que não podem ser pensadas de forma separada, independente ou autônoma.
4. Ética Ambiental e Cidadania
A palavra "ética" vem do grego ethikos, e significa aquilo que pertence ao ethos, que significa "bom costume", "costume superior", ou "portador de caráter"
Em filosofia, ética e moral possuem diferentes significados. A ética está associada ao estudo dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são os costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade.
“Ética é um conjunto de regras morais que regulam a conduta e as relações humanas”.
Cada sociedade e cada grupo possuem seus próprios códigos de ética.
Além dos princípios gerais que norteiam o bom funcionamento social, existe também a ética de determinados grupos ou locais específicos. Neste sentido, podemos citar: ética médica, ética profissional (trabalho), ética empresarial, ética educacional, ética nos esportes, ética jornalística, ética na política, etc.
Ética e Moral
A ética não se resume à moral (entendida como "costume", ou "hábito", do latim mos, mores), mas busca a fundamentação teórica para encontrar o melhor modo de viver e conviver, isto é, a busca do melhor estilo de vida, tanto na vida privada quanto em público. 
A moral depende de referenciais sociais locais culturais e históricos, podendo variar de acordo com tais parâmetros, os quais representam, quase sempre, valores pessoais de um grupo ou comunidade.
A moral está relacionada principalmente aos costumes privados, enquanto a ética designa valores de ordem pública que permitem o convívio.
A Ética e as leis 
A ética atua no equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando a realização do bem comum. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social.
O bem comum se encontra baseado em valores e princípios fundamentais do comportamento humano. Neste sentido, verifica-se que as Constituições dos países se assentam em princípios éticos, pois guardam de regras de justiça, preservando valores que vão reger a vida social. Deixam de lado as diferenças e as particularidades de cada um, ou da cultura de cada povo, para estabelecer uma relação de igualdade. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU - 1948) constitui uma agenda ética de princípios, que orienta todos os povos.
Ética e Meio Ambiente 
Com relação ao meio ambiente, também existem normas fundadas na ética. A Declaração dos Direitos Humanos e outras legislações específicas determinam limites para à relação do ser humano com os recursos naturais. As ações relativas à natureza devem ser reguladas por princípios éticos, considerando se tratar de patrimônio da humanidade, a qual não se limita à condição presente, mas também com relação às gerações futuras.
Ética Ambiental 
Ética ambiental é um conceito filosófico desenvolvido na década de 1960 ampliando o conceito de ética como forma de ação humana em seu meio social, referindo-se também às ações relativas à natureza, considerando a conservação da vida humana ligada à conservação da vida de todos os seres vivos. 
O significado de uma conduta ambientalmente ética se firma na necessidade de se possuir, como princípios, a valorização da vida, traduzida no respeito mútuo, no respeito às particularidades, à diversidade cultural à preservação do meio ambiente. 
Atualmente, denota-se avanço na organização mundial em defesa do meio ambiente e do respeito às diferenças culturais, envolvendo governos, sociedade civil, ONG’s, imprensa, mídia, comunidade científicas e movimentos sociais. 
Busca-se, com a ética ambiental, criar-se um novo ordenamento de conduta, através do qual o ser humano não se fixe apenas na satisfação das necessidades imediatas, mas que, ao agir, busque o atendimento de seus desejos, limitados pelas necessidades de outros seres vivos, bem como os desejos de gerações futuras.
Cidadania
O conceito de cidadania se origina na Grécia, sendo usado para designar os direitos relativos ao cidadão, ou seja, o indivíduo que vivia na cidade e participava ativamente dos negócios e decisões políticas. 
Ao longo da história, o conceito de cidadania se ampliou, englobando um conjunto de valores sociais que determinam o conjunto de deveres e direitos de um cidadão "Cidadania: direito de ter direito".
Atualmente considera-se cidadania como sendo o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e sociais. 
Cidadania e Meio Ambiente 
Considerando que direitos e deveres de um cidadão devem andar sempre juntos, uma vez que ao se cumprir obrigações permite-se que o outro exerça também seus direitos.
Considerando também que a água, o ar, o solo e outros elementos dos recursos naturais são bens que satisfazem as necessidades humanas, portanto, devendo ser mantidos e preservados para realização das necessidades em relação à sobrevivência, diversão, ao lazer e à cultura, tem-se que, o meio ambiente torna-se bem comum e valor a ser assegurado para o uso de todos.
Dessa forma, a manutenção, e se possível a ampliação, das condições da nossa própria existência se consolidam em um dever atual e um direito futuro. 
Sendo assim, o cuidado para com o meio ambiente se traduz no mais puro exercício exercício de cidadania
5. Visões do Meio Ambiente 
A crise ambiental, foi percebida mais intensamente a partir dos anos 1960, nela encontramos uma pluralidade de posições, que tendem a avaliar, de modo diferenciado, as causas e consequências e a estabelecer uma prioridade distinta entre os diversos problemas ambientais e suas respectivas soluções.
Apesar dessa pluralidade de posições, podem identificam-se três perspectivas principais que conceituam a relação do homem com a natureza.
A Antropocêntrica, que se centraliza no do ser humano e valoriza a natureza de um ponto de vista instrumental. Incorporando duas tendências. 
A primeira vê a natureza fundamentalmente como um recurso económico; 
A segunda destaca a sua importância na satisfação de múltiplos interesses que dão significado à vida humana, 
A Ecocêntrica, que defende o valor não instrumental dos ecossistemas e da própria ecosfera, cujo equilíbrio pode obrigar a limitar determinadas actividades humanas. E perante a condição biológica e ecológica da espécie humana, considera-a parte integrante da natureza.
 A Biocêntrica defende o valor intrínseco das outras formas de vida, independentemente do seu interesse para a espécie humana. 
O conceito de ética ambiental relaciona-se com o conceito de ecocentrismo, e por oposição ao antropocentrismo. 
Por esse conceito, o comportamento do homem deve ser considerado em relação a si mesmo e em relação a todos os seres vivos.
Por esse conceito, todos os seres são iguais. O homem, apesar de imbuído de racionalidade, não pode continuar a ver outros seres como inferiores e, portanto, não pode agir de forma predatória em relação aos mesmos. O homem deixa de ser "dono" da natureza para voltar a ser parte dela
6. Conceito Legal De Meio Ambiente
O meio ambiente habitualmente chamado apenas de ambiente, envolve todas as coisas vivas e não vivas que existem na Terra, ou em alguma região dela, que afetam os ecossistemas e a vida dos seres humanos.
Na Conferência de Estocolmo, organizada pelas Nações Unidas em 1972, que abordou o tema a relação da sociedade com o do meio ambiente, sendo assim a primeira atitude mundial a tentar preservar o meio ambiente, este foi definido como sendo "o conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e as atividades humanas."
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) definida pela Lei No. 6.938 de 31 de agosto de 1981 e regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990 define meio ambiente como
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica,que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;
A definição de meio ambiente é ampla, observando-se um conceito jurídico indeterminado, o que possibilita criar um espaço positivo de incidência da norma.
A Constituição Federal de 1988, reforça a idéia a importância do meio ambiente elevando-o à condição de direito fundamental.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
7. Classificação Do Meio Ambiente 
A divisão do meio ambiente em aspectos que o compõem visa facilitar a identificação da atividade degradante e do bem imediatamente agredido, além de atender a uma necessidade didática e metodológica.
São quatro as divisões feitas pela maior parte dos estudiosos de direito ambiental. 
Meio ambiente natural compreende os recursos naturais, como o solo, a água, o ar, a flora e a fauna, e a relação entre eles. É aquele que, criado originariamente pela natureza, não sofrendo qualquer interferência da ação humana resultando em alteração de sua substância.
 Esse é o aspecto citado inciso I do art. 3º da Lei nº. 6938, de 31 de agosto de 1981.
Meio ambiente artificial compreende além do aspecto natural, aquele construído ou alterado pelo ser humano, considerando os edifícios urbanos, espaços públicos e equipamentos comunitários. Assim, considera-se o meio ambiente trabalhado, alterado e modificado, em sua substância, pelo homem é um meio ambiente artificial.
Meio ambiente cultural compreende o patrimônio histórico, artístico, paisagístico, ecológico, científico e turístico e constitui-se tanto de bens de natureza material, a exemplo dos lugares, objetos e documentos de importância para a cultura, quanto imaterial, como a cultura, idiomas, das danças, dos cultos religiosos e dos costumes de uma maneira geral. A Constituição Federal traz a melhor referência na consideração do meio ambiente cultural:
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Meio ambiente do trabalho, considerado como uma extensão do conceito de meio ambiente artificial é aquele em que se verifica o conjunto de fatores que se relacionado às condições do ambiente de trabalho, como, operações, processos, local, ferramentas, máquinas, agentes químicos, biológicos e físicos e a relação entre estes e o trabalhador. Baseado na promoção da saúde e da integridade física e psicológica do trabalhador, independente de atividade, do lugar ou da pessoa que a exerça. Possui referência no art. 200, VIII da CF. 
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
...
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
8. Bens Ambientais
Considerando-se que bem é tudo que possui utilidade para o homem. Assim sendo, por possuírem interesse para o homem também possuem interesse jurídico.
Desta forma pode-se conceituar como bem jurídico tudo o que possui utilidade física ou ideal de interesse do homem e, por isso, tutelada pelo Direito. 
Assim, tudo que possui utilidade e satisfaz de alguma forma, as necessidades individuais, coletivas ou difusas dos seres humanos, é um bem, que adquire juridicidade ao receber a proteção do Direito.
Os bens jurídicos qualificam-se em: individuais, coletivos ou difusos. 
Os bens jurídicos difusos se referem à sociedade de uma forma abrangente, não podendo se divididos em relação aos titulares, tais como as relações de consumo, o meio ambiente, a economia popular, a saúde pública e a proteção da infância e juventude.
Bem de uso comum do povo
Os bens podem ser ainda públicos ou privados.
Considerando a afirmação inscrita no art. 225 da CF: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida” .Temos que a expressão bem de uso comum do povo remete à uma classificação já conhecida conforme se denota do art. 99 do CC.
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
Essencial à sadia qualidade de vida
Interesses difusos são um tipo de interesse que, pertencem a um grupo, classe ou categoria indeterminável de pessoas, que são reunidas entre si pela mesma situação de fato. Eles têm natureza indivisível, ou seja, são compartilhados em igual medida por todos os integrantes do grupo. Diferenciam-se dos interesses coletivos na medida em que estes formam um conjunto determinado de pessoas.
Considera-se que a busca por saúde e qualidade de vida possui características difusas 
Conclui-se que o meio ambiente, exibe os seguintes atributos jurídicos: 
1) de uso comum do povo, desprovido, portanto, de titularidade plena, pois o seu uso não é individual, e sim de todos, o que equivale à existência de titulares indeterminados; 
2) fundamental à qualidade de vida dos seres vivos, por conseguinte juridicamente classificado como relevante, uma vez que os bens ambientais encontram-se intimamente ligados à dignidade da pessoa humana
Desta forma, possuindo características difusas e singulares, é ao mesmo tempo público e privado cabendo a todos sua preservação.
9. A Tutela Constitucional do Meio Ambiente
A tutela jurídica do meio ambiente somente passou a ter status constitucional com a promulgação da Constituição de 1988, que não apenas inseriu o meio ambiente como sendo um direito social do homem, como também sujeitou aqueles que violam tal direito à sanções civis administrativas e penais.
9.1. Competência Ambiental dos Entes Federativos no Brasil
A competência ambiental é a medida do poder de sua tutela relacionada com o pacto federativo e a repartição de poderes e diz respeito à atividade legislativa e administrativa.
A União dispõe das seguintes competências:
· material ou administrativa exclusiva (art.21); 
· legislativa privativa (art. 22); 
· competência comum com os Estado, Distrito Federal e Municípios (art.23);
· competência legislativa concorrente com os Estados (art.24).
A competência material ou administrativa regulamenta o campo do exercício das funções governamentais podendo ser tanto exclusiva da União (com a característica da indelegabilidade), como comum (cumulativa, concorrente administrativa ou paralela).
Na competência material ou administrativa exclusiva, em matéria de meio ambiente vê-se que compete com exclusividade à União: 
a) explorar diretamente ou por autorização, concessão ou permissão os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos d’água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos (inciso XII, alínea 
b) instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso (inciso XIX); 
c) instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos; 
d) atendidos os princípios e condições elencadas em seu inciso XXIII,constitui monopólio estatal da União a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados; 
e) e) estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa.
Na competência comum em que todos os entes federativos podem atuar, a Constituição Federal previu em seu artigo 23, § único, que leis complementares fixarãonormas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. 
Em relação ao meio ambiente, pode-se verificar no tocante à competência comum (art.23) que: a) o inciso III, visa proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; b) o inciso IV visa impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural; c) o inciso VI, especificamente prevê a proteção do meio ambiente e o combate da poluição em qualquer de suas formas; d) o inciso VII objetiva preservar as florestas, a fauna e a flora; e) o inciso XI, visa registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios.
O artigo 22 que trata da competência legislativa privativa da União admite uma autorização aos Estados por meio de lei complementar para que esses legislem sobre questões específicas onde prepondere o aspecto regional.
E essa competência para legislar sobre o meio ambiente é concernente: a) águas, energia (inciso IV); b) jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia (inciso XII); c) atividades nucleares de qualquer natureza (inciso XXVI).
O artigo 24 elenca a competência concorrente entre a União e os Estados e o Distrito Federal, cabendo àquela as normas gerais, e na falta delas, a competência plena dos Estados para atender as suas peculiaridades (é claro, que no caso de superveniência de lei federal sobre normas gerais, suspende a lei estadual, no que lhe for contrário).
No que concerne ao meio ambiente, a competência concorrente da União e Estados e Distrito Federal proposta pelo artigo 24, é: a) direito urbanístico (inciso I); b) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição (inciso VI); c) proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico (inciso VII); d) responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (inciso VIII).
Competência Dos Estado E Distrito Federal
A Constituição Federal, ao contrário do que dispõe à União e ao Município, não elenca as competências dos Estados prevendo, apenas, em seu artigo 25, §1º, que aos Estados são reservadas as competências que não lhes sejam por ela vedadas.
A própria Lei Maior reserva, expressamente, aos Estados e ao Distrito Federal, matérias de competência privativa que podem ter reflexo na qualidade do meio ambiente como na hipótese do artigo 25, §3º, que disciplina a instituição de Regiões Metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões
Competência Municipal
O artigo 30, da Constituição Federal, prevê que compete ao Município legislar sobre assuntos de interesse local (inciso I); suplementar a legislação federal e estadual no que couber (inciso II); promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle de uso, do parcelamento e da ocupação do solo (inciso VIII).
Quanto à competência suplementar, no que concerne ao meio ambiente, competirá aos Municípios legislar, dentre outros, sobre: a) proteção do patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; b) responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico local; c) direito urbanístico local.
9.2. Art. 225 da Constituição da República Federativa do Brasil
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Uma grande inovação trazida pela Constituição Federal foi a de se inserir o conteúdo humano e social nesse conceito, deixando de considerar o meio ambiente do ponto de vista puramente biológico.
A proteção ambiental possui neste artigo seu núcleo normativo. Está envolvido pelo contexto da ordem social – o que tem relevante importância para a natureza da matéria, pois, com isso, a Constituição concebe o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito social do homem.
Desta forma atualmente é preciso considerar que a proteção ambiental existe para proteção do ser humano, sendo este o centro principal das atenções quanto a esse tema. Para isso há que se considerar a necessidade de alcance de um desenvolvimento sustentável que venha alicerçado em três patamares essenciais que são: o ambiental o econômico e o social.
O que o direito visa a proteger a qualidade do meio ambiente, em função da qualidade de vida. Pode-se dizer que há dois objetos de tutela, no caso: um imediato – que é a qualidade do meio ambiente – e outro – mediato que é a saúde, o bem-estar e a segurança da população, que se vem sintetizando na expressão ‘qualidade de vida’.
A Constituição Federal tratou da matéria do meio ambiente, tendo, além de vários outros artigos pertinentes ao tema, um exclusivo para esse tratamento que é o artigo 225. A grande inovação nesse artigo foi justamente a inserção no seu contexto do conteúdo humano e social da proteção ambiental, deixando de considerar o meio ambiente simplesmente como biológico.
BIBLIOGRAFIA
Bibliografia Básica:
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 9ª
ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 16ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2008.
MUKAI, Toshio. Direito ambiental sistematizado. 6ª ed. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 2007.
Bibliografia Complementar:
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 11ª ed. Rio de Janeiro: Lumem
Júris, 2008.
FREITAS, Gilberto Passos de; FREITAS, Vladimir Passos de. Crimes contra a
natureza: de acordo com a lei 9.605/1998. 8ª ed. São Paulo: RT, 2006.
LEMOS, Patrícia Fraga Iglecias. Direito ambiental: responsabilidade civil e
proteção ao meio ambiente. 2ª ed. São Paulo: RT, 2008.
MILARÉ, Edis. Direito do ambiente: a gestão ambiental em foco: doutrina,
jurisprudência, glossário. 5ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.
MORAES, Luis Carlos Silva de. Curso de direito ambiental. 2ª ed. São Paulo:
Atlas, 2004.
SIRVINSKAS, Luis Paulo. Manual de direito ambiental. 6ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2008.

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