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Desenvolvimento sustentável

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Desenvolvimento Sustentável 
 
 
 
 
2 
www.soeducador.com.br 
 Desenvolvimento Sustentável 
Sumário 
Conceitos Básicos ............................................................................................................. 6 
Ambiente ........................................................................................................................... 7 
Ambiente e Abordagem Sistêmica................................................................................... 10 
Ambiente e Desenvolvimento .......................................................................................... 16 
A polêmica do desenvolvimento ...................................................................................... 16 
Sustentabilidade e recursos ............................................................................................ 18 
O ambiente social ............................................................................................................ 19 
Ambiente e Educação Ambiental ..................................................................................... 21 
Ambiente e Participação .................................................................................................. 23 
Meio Ambiente Físico ou Natural ..................................................................................... 27 
Atmosfera ........................................................................................................................ 29 
Solo ................................................................................................................................. 31 
Água ................................................................................................................................ 32 
Flora e Fauna .................................................................................................................. 34 
Minerais ........................................................................................................................... 37 
Energia ............................................................................................................................ 37 
O desenvolvimento sustentável como conceito básico .................................................... 42 
Sustentabilidade e modificação de estruturas ................................................................. 43 
Críticas ao conceito do desenvolvimento sustentável ..................................................... 45 
Convênios, tratados e políticas de alcance internacional realizados em torno do 
desenvolvimento sustentável ............................................................................................... 45 
O primeiro relatório do Clube de Roma (1972) ................................................................ 47 
A conferência de Estocolmo (1972) ................................................................................. 47 
Convênio sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora 
Silvestre (CITES) ................................................................................................................. 48 
O relatório da comissão Brandt - Programa para a sobrevivência e crise comum .......... 49 
O relatório do Instituto Worldwatch .................................................................................. 49 
O relatório Brundtland ...................................................................................................... 49 
O protocolo de Montreal .................................................................................................. 50 
A primeira Cúpula da Terra (1992): uma estratégia para o futuro ................................... 50 
A Declaração do Rio ........................................................................................................ 51 
Declaração do Rio ........................................................................................................... 51 
A Agenda 21 .................................................................................................................... 54 
AS SETE BASES DE ATUAÇÃO DO PROGRAMA 21 ................................................... 55 
A declaração de princípios relativos às florestas ............................................................. 56 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
RESUMO DA DECLARAÇÃO DAS FLORESTAS ........................................................... 57 
O convênio marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática ............................... 59 
A conferência Habitat II (1996) ........................................................................................ 61 
A 2ª Cupula da Terra + 5 (1997) ...................................................................................... 62 
Outros Protocolos, Conferências e Cúpulas .................................................................... 62 
Protocolo de proteção da Antártida (1998) ...................................................................... 62 
A conferência de Haia (2000) .......................................................................................... 63 
A cúpula do clima de Bonn (2001) ................................................................................... 64 
A cúpula de Marrakech (2001) ........................................................................................ 64 
A cúpula de Johannesburgo (2002) ................................................................................. 65 
Atuações das ONGs ........................................................................................................ 67 
Os desafios do Desenvolvimento Sustentável ................................................................. 68 
Desafios Integrados do Desenvolvimento Sustentável Dimensão Humana .................... 71 
Perspectivas e Condições ............................................................................................... 71 
Problemática ambiental global ......................................................................................... 72 
Introdução ........................................................................................................................ 72 
Mudança Climática e Efeito Estufa .................................................................................. 73 
Aspectos gerais ............................................................................................................... 73 
Balanço e fluxos de radiação ........................................................................................... 74 
Os gases do efeito estufa ................................................................................................ 75 
O dióxido de carbono (CO2) ............................................................................................ 77 
O metano (CH4) .............................................................................................................. 78 
Os óxidos de nitrogênio (N2O) ........................................................................................ 79 
Halocarbonos .................................................................................................................. 79 
Hexafluoreto de enxofre (SF6) ........................................................................................ 80 
Acordos e compromissos ................................................................................................ 81 
PRINCIPAIS ASPECTOS DEBATIDOS DURANTE O PROTOCOLO DE Quioto ........... 82 
EXTRATO DO PLANO DE AÇÃO DA CÚPULA DE JOANESBURGO 2002 EM RELAÇÃO 
À MUDANÇA CLIMÁTICA ................................................................................................... 83 
O esgotamento da camada de ozônio .............................................................................87 
Generalidades ................................................................................................................. 87 
O gás ozônio ................................................................................................................... 87 
Regeneração da camada de ozônio ................................................................................ 91 
Situação atual do tamanho do buraco da camada de ozônio .......................................... 92 
Acordos e compromissos ................................................................................................ 93 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
Perda da Biodiversidade .................................................................................................. 94 
Acordos e compromissos ................................................................................................ 95 
Degradação do solo e desflorestamento ......................................................................... 96 
Chuva Ácida .................................................................................................................... 98 
Origem e efeitos da chuva ácida ..................................................................................... 98 
O enxofre como poluente .............................................................................................. 100 
O nitrogênio como poluente ........................................................................................... 101 
Conseqüências da acidificação sobre o meio ambiente ................................................ 101 
Acidificação das águas subterrâneas ............................................................................ 101 
Acidificação dos solos ................................................................................................... 102 
Efeitos sobre a flora, a fauna e a saúde humana .......................................................... 102 
Medidas preventivas e corretivas a adotar para reduzir os efeitos da chuva ácida ....... 103 
Acordos e compromissos .............................................................................................. 104 
A névoa fotoquímica ...................................................................................................... 105 
Produção e consumo ..................................................................................................... 106 
Novas pautas de produção e consumo ......................................................................... 106 
Produção limpa .............................................................................................................. 107 
Consumo sustentável .................................................................................................... 108 
Ambiente no Brasil ......................................................................................................... 109 
Biomas brasileiros - Natureza e impactos antrópicos .................................................... 109 
Amazônia ....................................................................................................................... 112 
Mata Atlântica (Floresta Atlântica) ................................................................................. 113 
Cerrado .......................................................................................................................... 114 
Caatinga ........................................................................................................................ 114 
Pantanal ........................................................................................................................ 115 
Pampas ......................................................................................................................... 115 
Zona costeira e marinha ................................................................................................ 116 
Principais problemas ambientais no Brasil .................................................................... 116 
Impacto sobre a biodiversidade ..................................................................................... 116 
Impacto sobre os recursos hídricos ............................................................................... 117 
Impacto sobre o solo ..................................................................................................... 118 
Impacto da urbanização ................................................................................................ 118 
Políticas ambientais, programas e legislação ................................................................ 119 
Sistema de Licenciamento Ambiental - SLA .................................................................. 119 
Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro - PNGC .................................................... 120 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
Programa de Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona Econômica 
Exclusiva - REVIZEE ......................................................................................................... 120 
Política Nacional de Recursos Hídricos ......................................................................... 120 
Sistema Nacional de Unidade de Conservação ............................................................ 121 
Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 .................................. 122 
Programa Nacional de Educação Ambiental ................................................................. 123 
Atribuições e competências ........................................................................................... 124 
Ministério do Meio Ambiente - MMA .............................................................................. 124 
Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA .......................................................... 124 
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA .. 125 
Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA ........................................................ 125 
Relação de entidades ambientalistas ............................................................................ 127 
Endereços selecionados ................................................................................................ 127 
Bibliografia/Links Recomendados.................................................................................. 128 
Portais de Interesse ....................................................................................................... 128 
Bibliografía ..................................................................................................................... 130 
Artigos de revista ........................................................................................................... 134 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
 
 
Conceitos Básicos 
Como ponto de partida para esta jornada de estudos em formação ambiental, é 
necessário estabelecer o cenário onde estarão estruturados os conhecimentos 
oferecidos ao longo do curso. Assim, nesta disciplina de introdução serão abordados 
conceitos e marcos de referência internacionais e nacionais - históricos e ambientais - 
como apoio ao desenvolvimento de nossas atividades nos próximos meses de estudo. 
 
O primeiro conceito que trazemos à reflexão é Ambiente ou Meio Ambiente. 
 
Um pouco de história... 
Uma discussão recorrente a respeito do termo meio ambiente é a suposta redundância 
que existe entre ambos os termos: a palavra meio significa o mesmo que ambiente. 
O motivo desta reiteração obedece razões históricas, já que,durante a Conferência 
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Estocolmo, 1972), a imprecisão 
semântica das traduções do inglês acabou por gerar o termo meio ambiente como de 
uso comum, em vez de se utilizar somente um deles (ou meio ou ambiente). 
 
Mas, o que é ambiente? 
Todos nós, certamente, possuímos uma definição de ambiente (ou meio ambiente) que 
vem sendo construída a partir de leituras, conversas, vivências ou mesmo no exercício 
de nossas atividades profissionais. 
Será que existe um conceito certo ou um conceito errado de ambiente? Com essa 
questão iniciaremos nosso processo de reflexão conjunta nesta disciplina. 
Iniciamos esse caminho a partir da construção de relações conceituais entre cinco 
elementos com alto grau de interdependência: 
- Ambiente; 
- Ambiente e Abordagem Sistêmica; 
- Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; - Ambiente e Educação Ambiental; - 
Ambiente e Participação. 
Neste momento inicial, mantenha atenção redobrada sobre esses primeiros conceitos, 
pois cada um irá requisitar e complementar o entendimento dos outros conceitos 
estudados. 
O importante será exercitar a capacidade de compreender e analisar as questões 
ambientais de maneira integrada e relacional permitindo que, na hora de atuar sobre 
elas com os conhecimentos técnicos trazidos pelo Curso, esteja amadurecida uma 
forma renovada de realizar essa aplicação. 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
Ambiente 
O conceito de ambiente, ou meio ambiente, está em constante processo de 
construção. É possível encontrarmos diferentes definições para esse termo que, de 
acordo com o momento de sua elaboração, ora o restringe, ora o amplia. 
Segundo a FEEMA (1990) e o IBAMA (1994), existem diversas definições de meio 
ambiente. Estas estão apresentadas no quadro a seguir, organizadas 
cronologicamente, para que você possa perceber como esse conceito vem se 
desenvolvendo ao longo do tempo. 
 
 
 
Observando este quadro de construção conceitual, percebe-se que a inclusão das 
relações entre os efeitos das ações humanas e a degradação da natureza é 
relativamente recente. Antes dos anos 1960, a definição de ambiente ou estava mais 
próxima das observações das ciências biológicas ou físicas (ecossistemas, ambiente 
natural etc.), ou então das ciências humanas (ambiente cultural, social etc.). Não 
estava estabelecida a relação entre ambos! 
Foi somente a partir de meados da década de 60 do século XX que se iniciaram, 
oficialmente, discussões mais amplas que buscavam integrar os "ambientes" físicos 
aos sociais. Esse movimento foi potencializado pela tomada de consciência e pela 
conseqüente tentativa de reversão dos graves efeitos que as ações da sociedade 
contemporânea imprimiram sobre o planeta. 
Compreende-se, desta forma, por que refletir sobre o conceito de ambiente é 
importante, uma vez que está por trás dessa definição a forma na qual se propõem as 
ações ou se verificam seus impactos ou resultados concretos. 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
Da mesma forma que o conceito se constrói teoricamente, também influencia as ações 
formais da sociedade. Um exemplo claro disto pode ser observado na inserção 
paulatina da definição de ambiente nos textos de Leis Federais, Estaduais e 
Municipais, conforme apresentados pela FEEMA (1990) e pelo IBAMA 
(1994). 
• Decreto-Lei nº 134, de 16/06/1975 - Estado do Rio de Janeiro: "considera-se 
meio ambiente todas as águas interiores ou costeiras, superficiais e subterrâneas, o 
ar e o solo". 
• Art. 3º, Lei 6938, de 31/08/1981 - Brasil: "Meio ambiente - o conjunto de 
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que 
permitam proteger e normalizar a vida em todas suas formas". 
• Art. 2º, Lei nº 33, de 12/02/1981 - República de Cuba: "É o sistema de elementos 
abióticos e socioeconômicos com os quais o homem interage à medida que ele se 
adapta, transformando-o e utilizando-o para satisfazer suas necessidades". 
• Environmental Quality Act, 1981 - Estado da Califórnia (USA): "as condições 
físicas existentes em uma área, incluindo o solo, a água, o ar, os minerais, a flora, a 
fauna, o ruído e os elementos de significado histórico e estético". 
• Decreto-Lei nº 28.687 de 11/02/1982 - Estado da Bahia: "Considera-se 
ambiente tudo o que envolve e condiciona o homem, constituindo seu mundo e dando 
suporte material a sua vida biopsicossocial [...] São considerados sob esta 
denominação, para efeito deste regulamento, o ar, a atmosfera, o clima, o solo e o 
subsolo, as águas interiores e costeiras, superficiais e subterrâneas e o mar territorial, 
bem como a paisagem, a fauna, a flora e outros fatores condicionantes da salubridade 
física e social da população". 
Destaca-se ainda o art. 225, capítulo VI da Constituição Brasileira de 1988, que trata 
do estabelecimento de direitos e deveres do Estado e dos cidadãos no que tange ao 
meio ambiente: "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem 
de uso comum do povo e essencial à saudável qualidade de vida, impondo-se ao 
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes 
e futuras gerações". 
Começamos a perceber que o amadurecimento do tema tornou mais complexa a 
definição de ambiente. A razão disso é que esse é um processo que articula, 
simultaneamente, estudos teóricos e aprendizados práticos que renovam os 
conhecimentos e produzem novas possibilidades de entendimento do tema. 
 
Alguns autores contemporâneos oferecem abordagens complexas de ambiente, 
incluindo variáveis que contemplam não só seus elementos, mas também os 
processos gerados a partir de seus relacionamentos. Por exemplo: para Medina 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
(1985), o ambiente é gerado e construído ao longo do processo histórico de ocupação 
de um território, por uma determinada sociedade, em um espaço de tempo concreto. 
Surge como a síntese histórica das relações entre a sociedade e a natureza. 
Para Sauvé (1997), a complexidade das inter-relações se expressa através da 
explicitação de diferentes ambientes: 
- ambiente-natureza - refere-se ao entorno original, puro, do qual a espécie 
humana se afastou ao privilegiar as atividades antrópicas que têm provocado sua 
deterioração; 
- ambiente-recurso - refere-se ao ambiente como base material dos processos 
de desenvolvimento; 
- ambiente-problema - refere-se ao ambiente ameaçado, deteriorado pela 
contaminação, pela erosão ou pelo seu uso excessivo; 
- ambiente-meio de vida - refere-se ao ambiente da vida cotidiana, na escola, 
no lar, no trabalho. Incorpora, portanto, elementos socioculturais, tecnológicos e 
históricos; - ambiente-biosfera - refere-se ao ambiente como uma nave espacial - 
Planeta Terra, assim como ao conceito de Gaia (Lovelock), que partem da tomada de 
consciência quanto à finitude do ecossistema planetário como lugar de origem no qual 
encontram unidade os seres e as coisas; 
- ambiente comunitário - refere-se ao ambiente como entorno de uma 
coletividade humana; meio de vida compartilhado com seus componentes naturais e 
antrópicos. 
Já para Leff (2001), o ambiente é conceituado como uma "visão das relações 
complexas e sinérgicas gerada pela articulação dos processos de ordem física, 
biológica, termodinâmica, econômica, política e cultural". 
Embora atualmente haja grande possibilidade de variação, em quantidade e qualidade, 
de definições para meio ambiente, elas estão diretamente relacionadas ao processo 
de transformação do pensamento na sociedade contemporânea. Destacamos que, 
mesmo com grande variedade, há em todos os conceitos a presença inter-relacionada 
de três elementos comuns: 
- a natureza (com sua diversidade físicae biológica); - a sociedade (com sua 
diversidade social, cultural, econômica e política); 
- suas dinâmicas de articulação (tanto as relações entre os elementos da 
natureza entre si e os da sociedade, como também as relações entre natureza e 
sociedade). 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
 
Esses devem ser os principais elementos a serem observados e compreendidos nas 
considerações que fizermos sobre o ambiente. Deverão estar sempre em evidência, 
durante todos os momentos do nosso estudo e de nossa ação profissional, para que 
seja possível elaborar um conceito dinâmico de AMBIENTE, em que devemos 
perguntar: Qual a natureza, qual a sociedade e quais são os inter-relacionamentos que 
validam os processos que estamos analisando? 
 
 
Nos próximos tópicos iremos enriquecer esse conceito de ambiente a partir de uma 
perspectiva complexa, em que estaremos relacionando o ambiente com diferentes 
conceitos complementares. 
Ambiente e Abordagem Sistêmica 
A inserção de elementos da abordagem sistêmica é responsável por grande parte das 
alterações conceituais apresentadas para meio ambiente, nos últimos 50 anos. Assim, 
os conceitos sobre meio ambiente, trabalhados no item anterior, podem ser melhor 
entendidos quando compreendemos o meio ambiente como um sistema. Para isso, é 
necessário, primeiro, estabelecer o que é sistema. 
O termo sistema é utilizado por todos nós, quase que intuitivamente, quando buscamos 
nos referir às várias categorias de organizações ou grupos de elementos inter-
relacionados: sistema solar, sistema nervoso, sistema organizacional, ecossistema, 
sistema econômico, sistema de comunicação etc., ou seja, sempre que pretendemos 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
enfatizar interrelacionamento, organização e interdependência, entre vários elementos 
que compõem um grupo ou conjunto avaliado. 
A base conceitual de sistemas foi formulada inicialmente por Bertalanffy, ainda na 
década de 30, precisamente em 1937, para oferecer um conjunto de novas explicações 
e metodologias que pudessem dar conta dos problemas ligados à dinâmica dos 
sistemas vivos na natureza. 
 
Um pouco de história... 
"Essa idéia [a Teoria Geral dos Sistemas], remonta há muito tempo. Apresentei-a pela 
primeira vez em 1937 [...] entretanto, nessa ocasião, a teoria tinha má reputação em 
biologia e tive medo [...] Por isso, deixei meusrascunhos na gaveta e foi somente 
depois da guerra que apareceram minhas primeiras publicações sobre oassunto 
[surpreendentemente] verificou-se ter havido uma mudança no clima intelectual [...] 
Mais ainda, umgrande número de cientistas tinha seguido linhas semelhantes de 
pensamento [...] Assim, a Teoria Geral dosSistemas não estava isolada [...] mas 
correspondia a uma tendência do pensamento moderno". (BERTALANFFY, 1973) 
 
Segundo Bertalanffy (1973), os motivos que o levaram a desenvolver a Teoria Geral 
dos Sistemas estabeleceram-se a partir da observação da inadequação do postulado 
do reducionismo da física teórica (o princípio segundo o qual a biologia e as ciências 
sociais e do comportamento deviam ser tratadas de acordo com o paradigma da física 
e, finalmente, reduzidas a conceitos de entidades do nível físico), para tratar os novos 
problemas específicos das outras ciências. 
"A inclusão das ciências biológicas, sociais e do comportamento junto à moderna 
tecnologia exige generalizações de conceitos básicos da ciência. Isto implica novas 
categorias do pensamento científico, em comparação com as exigências da física 
tradicional, e os modelos introduzidos com esta finalidade são de natureza 
interdisciplinar."(BERTALANFFY, 1973). 
 
Mas o que é um sistema? 
"Por definição, um sistema compõe-se de partes, ou elementos, interrelacionados. Isso 
acontece com todos os sistemas mecânicos, biológicos e sociais. Todos os sistemas 
têm, pelo menos, dois elementos em inter-relação. Num sistema, o todo não é apenas 
a soma das partes; o próprio sistema pode ser explicado apenas como totalidade." 
(KAST & ROSENWEIG, 1976). 
Na concepção de Bertalanffy (1973), um sistema apresenta as seguintes 
características gerais: 
• um todo sinergético, maior que a soma de suas partes - assim, para 
compreender um sistema não basta considerar as partes "funcionando" isoladamente. 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
Estas devem ser observadas a partir de suas relações (umas com as outras e com o 
próprio sistema); 
• um modelo de transformação - considera-se, assim, que um sistema é uma 
estrutura dinâmica que está em constante processo de transformação; 
• um conjunto de partes em constante interação, com ênfase na interdependência 
- considera-se, assim, que um sistema possui interação entre suas partes constituintes 
e estas têm características de interdependência; 
• uma permanente relação de interdependência com o ambiente externo, 
influenciando e sendo influenciado, com capacidade de crescimento, mudança e 
adaptação ao ambiente externo - considera-se, assim, que um sistema também não 
pode ser observado de forma isolada, sem compreender suas relações com seu 
ambiente externo. 
 
Essa capacidade de interação entre Ambientes Externo e Interno representa uma das 
principais características dos sistemas. 
Segundo Gondolo (1999), eles podem ser fechados, quando não há troca com o meio 
externo ou abertos, quando existem fluxos contínuos de energia, matéria e informação 
com o ambiente externo. 
 
O sistema fechado é aquele dentro do qual circula energia, mas que por si só não 
mantém trocas de energia ou matéria com o meio. Por exemplo, poderíamos imaginar 
uma reação química que se passa dentro de um contêiner totalmente vedado. Também 
poderíamos citar como outro sistema, não tão fechado assim, um motor de um carro 
que, para funcionar, precisa de combustível, mas que não é por si capaz de extraí-lo 
do meio. Uma vez abastecido e bem articuladas as partes, o carro tem certo grau de 
autonomia de funcionamento; porém, não havendo input de combustível, acabará o 
output de energia e o motor "morrerá". 
Os sistemas abertos são, portanto, sistemas que dependem do ambiente externo. 
Dele, recebem elementos, os transformam mediante seus processos internos e 
devolvem novos elementos ao meio externo. Os sistemas abertos necessitam de 
entradas (ou inputs) para se manterem em funcionamento, uma vez que recebe deste 
ambiente "matéria-prima" (matéria, energia e informação), para desenvolver seu 
processo interno. 
 
 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
 
Relacionando esses conceitos iniciais, podemos caracterizar o Meio Ambiente como 
um sistema aberto, que desenvolve seus processos internos em constante interação 
e interdependência com o ambiente externo. 
Destaca-se, porém, que as bases conceituais sobre sistemas estão apoiadas 
 sobre modelos teóricos que vêm se desenvolvendo ao longo dos últimos 
50 anos. Neste sentido, as teorias sobre a complexidade, presentes em diversos 
campos da ciência, têm enriquecido o enfoque sistêmico para muito além do que 
Bertalanffy formulou inicialmente (NOVO, 1996). 
O que chamamos de sistemas complexos ampliam e agregam novos conhecimentos 
sobre a dinâmica dos sistemas, incluindose questões ligadas aos processos de 
irreversibilidade, de incertezas, do caos e da ordem e desordem. Nessa perspectiva, 
Garcia (1986) aponta que "o sistema não está definido, mas é possível ser definido. 
Uma definição adequada só pode surgir em cada caso particular ou durante o 
transcurso da própria pesquisa/investigação". 
Pergunta-se então: quais são os elementos da teoria dos sistemas que permitem 
estabelecermos uma postura sistêmica em nossos estudos,análises e trabalhos 
práticos? 
Novo (1996) apresenta alguns elementos que irão nos auxiliar a estabelecer esta 
postura: 
• As relações entre o todo e as partes: sabendo-se que um sistema compõe-se 
de partes, podemos pensar em desmembrálo para analisá-las em separado. Porém, 
devemos lembrar que estas partes só adquirem seu verdadeiro sentido quando 
integradas ao TODO do sistema, que se configura, justamente, pelo conjunto criado 
pelas inter-relações de suas partes. 
 
Esse princípio estabelece o caráter de interdependência entre as PARTES e o TODO. 
A compreensão deste caráter nos ajuda a observar que os problemas que afetam os 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
sistemas naturais (poluição da água, do ar e do solo, escassez de recursos etc.) não 
podem ser interpretados sem a devida conexão com o que acontece nos sistemas 
sociais, econômicos, entre outros. Os ambientes interno e externo de um sistema 
aberto possuem forte grau de interação e interdependência. 
• Emergência e restrições do sistema: compreender qualquer conjunto como um 
sistema pressupõe considerar que ele pode ser maior e menor que as partes que o 
constituem. Maior que as partes, por causa da emergência, ou seja, os resultados das 
interações das partes que permitem o estabelecimento de um "produto novo", que não 
pode ser observado em separado na análise das partes. E menor que as partes, 
quando o sistema impõe limites ou restrições às partes, que passam a não poder 
realizar "plenamente" suas potencialidades. Como exemplo, Novo (1996) cita o dizer 
popular "A liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro". Neste 
caso, o "sistema social", em sua totalidade, impõe limites a cada pessoa como parte 
ou componente dele mesmo, de forma que o indivíduo isolado nem sempre pode pôr 
em prática toda sua potencialidade. 
• Relações entre sistema e entorno (sistemas abertos): como já abordado 
anteriormente, os sistemas abertos estão em constante processo de intercâmbio 
(matéria, energia e informação) com o entorno, além de necessitarem dele para 
semanterem em funcionamento. Essa característica de interdependência com o 
entorno não possibilita aos sistemas abertos um estado de estabilidade e de 
permanência estático, sendo necessário incorporar noções de ordem e desordem para 
explicar a realidade sistêmica como um processo dinâmico. 
• Equilíbrio dos sistemas: um sistema aberto é uma unidade dinâmica, que se 
transforma ao longo do tempo. Para compreender esse processo, é necessário que 
conheçamos quais são os mecanismos internos utilizados pelo sistema para manter 
seu equilíbrio dinâmico através dos constantes intercâmbios de matéria, energia e 
informação com seu entorno. O conceito de equilíbrio dinâmico incorpora a idéia de 
mudança: uma mudança temporária que, por sua vez, incorpora os conceitos de 
evolução e de mudança espacial, que têm a ver com a idéia de estrutura. 
Segundo Garcia (1986), para estudarmos os sistemas 
complexos, devemos observar os seguintes componentes: 
Limites: estabelecem a definição das "fronteiras" físicas dos sistemas que vamos 
estudar ou observar (o interno e o externo). Destaca-se que esta definição não 
restringe somente o limite físico do sistema, mas também as relações que estarão 
sendo analisadas. 
Elementos: para determinar os subsistemas (elementos) de um sistema complexo, é 
fundamental definir as escalas espaciais e temporárias que serão consideradas. 
Estrutura: um grande número de propriedades de um sistema é determinado por sua 
estrutura, e não por seus elementos, em que as propriedades dos elementos 
determinam as suas relações, e estas, sua estrutura. 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
 
 
Observa-se que os mesmos elementos podem, sob determinadas circunstâncias, 
estabelecer diferentes estruturas. 
• Retroalimentação: os mecanismos de retroalimentação (feed- 
back) são aqueles que permitem ao sistema ser realimentado pela informação gerada 
por ele mesmo. Podem ser de três tipos: 
- Positiva: são considerados sistemas explosivos, pois os efeitos das causas iniciais 
aumentam a variação do sistema em relação ao seu ponto de equilíbrio; 
- Negativa: em que a informação gerada permite ao sistema 
alterar-se para restabelecer seu equilíbrio; e 
- Regulação antecipatória: são informações que, embora atuem de acordo com o 
comportamento presente do sistema, apresentam um sentido de futuro. 
 
"Quando trabalhamos com sistemas submetidos a flutuações, como os sistemas vivos, 
os experimentos queplanejamos e as possíveis soluções que traçamos, ante os 
problemas, não podem estar estabelecidos comocertezas absolutas, mas sim em 
termos de probabilidades, de modo que a incerteza, o acaso, sejamreconhecidos como 
elementos da própria vida". (NOVO, 1996) 
• Adaptação e inovação: um dos objetivos dos sistemas vivos é manter-se em estado 
de estabilidade. Para atingir talobjetivo, os sistemas desenvolvem processos de 
adaptação, que buscam conduzi-lo de novo à estabilidade inicial. Nos sistemas 
abertos, esses processos são muito importantes para a manutenção da integridade do 
sistema, em virtude do alto grau de interdependência com as alterações de seu 
entorno. Em alguns casos, quando as alterações são muito intensas, provocam 
mudanças que podem alterar o próprio sistema. Neste caso, há a inovação no sistema. 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
Ambiente e Desenvolvimento 
A preocupação com a deterioração ambiental, que se manifestou aos finais da década 
de 1970, trouxe implícita uma violenta crítica ao conceito de desenvolvimento 
dominante, no qual prevaleciam aspectos econômicos, em particular a idéia de 
crescimento. Nesta perspectiva, o crescimento/desenvolvimento era negativo, havia 
adquirido um caráter cancerígeno, e a sobrevivência da espécie humana e do planeta 
requeria que os crescimentos explosivos, tanto o populacional como o da economia, 
deviam terminar. Difundiu-se, assim, a expressão "crescimento zero", de claro caráter 
malthusiano (1). 
O malthusianismo sustenta que a população aumenta em proporção geométrica, 
enquanto os recursos disponíveis para a subsistência crescem apenas em proporção 
aritmética. A população aumenta, portanto, até mais além do limite de subsistência, 
fenômeno que apenas o próprio ser humano, a guerra e as enfermidades podem 
conter. Então, para o malthusianismo, a possibilidade de aumento sustentado da 
população encontra um limite no caráter finito dos recursos disponíveis. 
Ante esta teoria, outras propuseram uma visão do conceito de desenvolvimento que 
explicitasse explícitas suas múltiplas dimensões, entre elas a ambiental. 
A polêmica do desenvolvimento 
Conforme mencionado, os anos sessenta e setenta foram testemunhas de uma crítica 
cruel ao desenvolvimento (crescimento) visto por alguns como primeira causa da 
deterioração ambiental. No entanto, a década de 1980 presenciou o esgotamento e o 
retrocesso do bem-estar de uma grande parte da Humanidade. A falta de crescimento 
econômico impediu o desenvolvimento e se traduziu em maior pobreza, causando, 
além disso, uma maior pressão sobre o sistema natural, última fonte de subsistência, 
assim como de recursos para o desenvolvimento. 
Em meados dos anos 80, promoveu-se o conceito de desenvolvimento em escala 
humana, construído sobre uma interessante proposta de Max-Neef, Elizalde e outros 
(1986). Esse desenvolvimento se sustenta "na satisfação das necessidades humanas 
fundamentais, na geração de níveis crescentes de autodependência e na articulação 
orgânica dos seres humanos com a natureza e com a tecnologia, dos processos 
globais com os comportamentos locais, do pessoal com o social, do planejamento com 
a autonomia, e da sociedadecivil com o Estado". Junto a esse conceito, trabalhou-se 
também o de pobreza, passando da noção clássica e estritamente econômica (que se 
refere à situação das pessoas que se encontram abaixo de determinado nível de 
renda) a uma noção ampla que abrange a ausência de satisfação de necessidades 
humanas fundamentais: pobreza de subsistência (por alimentação e abrigo 
insuficientes); de proteção (por sistemas de saúde ineficientes, por violência, carreira 
armamentista, etc.); de afeto (devido ao autoritarismo, à opressão, às relações de 
exploração do ambiente natural, etc.); de entendimento (pela baixa qualidade da 
educação); de participação (pela marginalização e pela discriminação das mulheres, 
das crianças e das minorias); de identidade (pela imposição de valores alheios a 
culturas locais e nacionais, pela emigração forçada, pelo exílio político, etc.); e assim 
sucessivamente. 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
Posteriormente, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, PNUD, 
difundiu o conceito de desenvolvimento humano, definido como o processo de 
ampliação da gama de opções para as pessoas, oferecendo-lhes maiores 
oportunidades de educação, atenção médica, rendas e emprego, e abrangendo o 
espectro total de opções humanas, do entorno físico em boas condições a liberdades 
econômicas e políticas. O "índice de desenvolvimento humano" - IDH - combina 
indicadores de esperança de vida, educação, e rendas. O PNUD sugeriu um índice de 
liberdade humana e política (ILH) para avaliar a situação em matéria de direitos 
humanos, índice que foi posteriormente revogado por desacordo de alguns países. 
Em todo caso, estamos de acordo com Bifani (1997), quando afirma que hoje, em 
função das diversas perspectivas sob as quais pode ser analisado o conceito de 
desenvolvimento é difícil de definir. No entanto, poder-se-ia afirmar que sempre está 
associado ao aumento do bem-estar individual e coletivo. Embora esse aspecto tenda 
a ser medido exclusivamente pelas magnitudes econômicas, é cada vez mais evidente 
a importância que se atribui às outras dimensões, como o acesso à educação e ao 
emprego, à saúde e à segurança social ou a uma série de valores tais como a justiça 
social, a eqüidade econômica, a ausência de discriminação racial, religiosa ou de outra 
natureza, a liberdade política e ideológica, a democracia, a segurança e o respeito aos 
direitos humanos, e a qualidade e a preservação do meio ambiente. 
No entanto, a problemática do desenvolvimento geralmente é considerada como 
econômica e política e a tarefa de alcançalo tem sido responsabilidade de economistas 
e políticos. Entre estes tem sido freqüente considerar que a industrialização é o meio 
através do qual é possível obter níveis superiores de desenvolvimento ou, em outros 
termos, aceita-se comumente que as sociedades desenvolvidas são aquelas que têm 
experimentado mudanças estruturais que as têm levado de uma economia 
predominantemente agrária a outra na qual as atividades dinâmicas e dominantes são 
as fabris e de serviços. Então, a partir dos finais da década de sessenta é enfatizada 
a dimensão social do desenvolvimento e fala-se de desenvolvimento econômico e 
social. 
Contudo, é um fato evidente que a maioria das interpretações tende a privilegiar um 
conceito de desenvolvimento no qual se destaca a idéia de crescimento econômico, 
medido pela expansão do produto nacional bruto. Esse enfoque, que tem dominado a 
ação política e a gestão econômica, parecia não haver permitido alcançar plenamente 
seus objetivos. A frustração, a impaciência e o desespero manifestam-se abertamente, 
aumentando a inquietação social, embora por motivos diferentes, em países 
desenvolvidos e em desenvolvimento. 
Os primeiros parecem não alcançar nunca o horizonte denominado "qualidade de 
vida", em favor do qual sacrificam muitas vezes sua própria liberdade como pessoas, 
quando não sua saúde, agredida constante e sutilmente através dos numerosos e 
excessivamente processados alimentos que consomem. Quanto aos países em 
desenvolvimento, tampouco alcançam seu horizonte, neste caso o de uma existência 
digna, pois vêem como as cifras macroeconômicas deixam-lhes sempre em uma 
posição marginal. 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
Neste contexto de desenvolvimento, situa-se o conceito de sustentabilidade, que 
reconhece as condições ecológicas, sociais e culturais para manter um crescimento 
econômico, que não se dá sozinho. 
Não se pode, portanto, dissociar a sustentabilidade físico-natural da socioeconômica, 
já que os dois tipos de ambiente estariam no mesmo sistema global. 
O conceito de sustentabilidade tem duas vertentes principais: a referente ao 
ambiente físico-natural e a referente ao ambiente socioeconômico. 
 
Sustentabilidade e recursos 
 
Os recursos a serem realmente considerados quando se aplica o conceito de 
sustentabilidade são aqueles que, sendo renováveis, podem-se esgotar caso sejam 
explorados num ritmo superior ao de sua renovação. Seu uso sustentado é regido 
pelas leis da ecologia, e quando esses recursos são explorados num ritmo excessivo, 
sofrem perturbações que impedem sua renovação (por exemplo, a impossibilidade de 
recarga de um aqüífero) e os convertem em recursos não renováveis. 
Os recursos não renováveis, tanto para prover materiais quanto como fonte de energia, 
por existirem em quantidades finitas, estabelecem problemas relacionados com o 
esgotamento dos próprios recursos, a eliminação direta de comunidades e 
ecossistemas, a perda de recursos culturais (por exemplo, as jazidas arqueológicas) 
no processo de extração, e os efeitos indiretos da exploração, como a contaminação 
produzida nos trabalhos de transporte e na transformação do produto base em produto 
útil. Em todo caso, a sustentabilidade não é aplicável a esses recursos. 
Se combinamos os aspectos teóricos da sustentabilidade ecológica com as conclusões 
da Conferência do Rio de Janeiro em 1992, é possível fazer uma síntese dos principais 
problemas que apresenta a gestão sustentável em nível mundial. Porém, em todo 
caso, a raiz do problema não é outra senão a capacidade de carga da biosfera, em 
relação ao aumento da população, tanto em número como em taxa de consumo per 
capita. 
O cálculo dos limites de pressão que pode suportar o planeta é um problema de 
ecologia, difícil de resolver, tal como evidencia o Relatório sobre os Limites do 
Crescimento do Clube de Roma, que destaca o caráter sociológico, econômico, 
político, cultural, ético, e até religioso da questão. Com efeito, enquanto o controle do 
crescimento das populações animais e vegetais se faz por mecanismos puramente 
biológicos, na população humana atual esses mecanismos atuam apenas em casos 
extremos, tendo sido substituídos por mecanismos socioculturais. 
Em resposta ao documento do Clube de Roma, a Fundação Bariloche, com um grupo 
de especialistas, elaborou o estudo 
"Catástrofe ou Nova Sociedade? Um Modelo Mundial Latinoamericano", no qual se 
estabelece um conjunto de políticas que, se aplicadas, poderiam permitir à 
Humanidade alcançar níveis adequados de bem-estar em um prazo de um pouco mais 
de uma geração. E sublinha que os obstáculos que se opõem ao desenvolvimento 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
harmônico da humanidade não são físicos ou econômicos, em sentido estrito, mas 
essencialmente sociopolíticos. 
Os problemas mais estritamente ecológicos da sustentabilidade estariam para alguns 
representados pelo desflorestamento e suas seqüelas, como a seca, a erosão e a 
desertificação, o perigo de degradação dos ecossistemas mais frágeis (áreas úmidas 
e montanhosas, costeiras, ilhas) e a diminuição da diversidade biológica. 
Enfim, hojetodo o mundo, aparentemente, está de acordo em que o atual modelo 
econômico não se pode manter de forma indefinida, sendo necessário estabelecer um 
novo modelo que não esteja baseado exclusivamente na expansão e no crescimento 
econômico e que respeite as margens de tolerância do sistema planetário. 
Chegamos, assim, ao conceito de desenvolvimento sustentável, cujo uso e significado 
foi consolidado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento 
como a "capacidade de atender necessidades atuais sem comprometer as das 
gerações futuras", explicitando seu conteúdo e pondo-o em conexão com políticas 
socioeconômicas de caráter internacional, cristalizadas nos debates e nos acordos da 
Conferência do Rio, em 1992. 
Outras definições, mais atuais, aprofundam o conceito ao referirem-se a ele como "um 
tipo de desenvolvimento orientado a garantir a satisfação das necessidades 
fundamentais da população e elevar sua qualidade de vida, através do controle 
racional dos recursos naturais, propiciando sua conservação, recuperação, melhoria e 
usos adequados, por meio de processos participativos e de esforços locais e regionais, 
de modo que tanto esta geração como as futuras tenham a possibilidade de desfrutálos 
com equilíbrio físico e psicológico, sobre bases éticas e de eqüidade, garantindo a vida 
em todas suas manifestações e a sobrevivência da espécie humana". 
Estamos de acordo, contudo, de que o desenvolvimento sustentável e a 
sustentabilidade não são, propriamente, um conceito, mas um metaconceito, ou seja, 
um conceito que, por sua, vez gera todo um campo de reflexão e conhecimento (em 
permanente evolução) sobre si mesmo, cuja principal característica é o aparente 
consenso que provoca em todo o mundo, embora não isento de uma visão crítica. 
 
O ambiente social 
O ambiente social compreende os seres humanos e suas atividades, as quais têm 
como ponto de partida o aproveitamento dos recursos naturais. Considera-se aqui todo 
tipo de infraestruturas (edificações, maquinaria e equipamentos) e, geralmente, tudo o 
que seja resultado da invenção da humanidade (ciência, tecnologia). Compreende 
também o comportamento dos seres humanos para com seus semelhantes e com a 
natureza, incluindo aspectos positivos (criatividade, preservação do ambiente) e 
negativos (destruição, poluição ambiental). 
"O homem é ao mesmo tempo obra e operário do meio que o rodeia, o qual lhe 
proporciona sustento material e lhe oferece a oportunidade de se desenvolver 
intelectual, moral, social e espiritualmente. Na longa e tortuosa evolução da raça 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
humana neste planeta, tem-se chegado a uma etapa em que, graças à rápida 
aceleração da ciência e da tecnologia, o homem tem adquirido o poder de transformar, 
de inumeráveis formas e em uma escala sem precedentes, tudo que o rodeia. Os dois 
aspectos do meio ambiente, o natural e o social, são essenciais para o bem-estar do 
homem e para a satisfação dos direitos humanos, inclusive o direito à vida" 
(Declaração sobre o Meio Humano, Item 1, Conferência das Nações Unidas sobre o 
Meio Humano, Estocolmo, 1972). 
Ante essa afirmação, há que se considerar também outro aspecto importante: o 
aumento da população mundial, que crescerá 40% nos próximos vinte e cinco anos, 
até alcançar os 8.300 milhões em 2025, dos quais grande parte viverá nos países em 
desenvolvimento. 
Em dezembro de 2005, a população mundial alcançou a cifra de 6500 milhões de 
pessoas. 
Toda essa população se encontra numa terça parte da superfície do planeta, 
concentrada nos continentes onde se utiliza cada vez menos cuidadosamente os 
recursos oferecidos pelo meio natural. O mau uso dos recursos naturais se traduz em 
uma crescente deterioração que se apresenta sob forma de contaminação da 
atmosfera por emanações gasosas, de destruição progressiva da camada de ozônio 
que protege a Terra da influência prejudicial das radiações ultravioletas, de poluição 
sonora provocada por todo tipo de ruídos desagradáveis, de contaminação da água 
doce e marinha por dejetos tanto industriais quanto domésticos, de contaminação dos 
solos por lixos, produtos agroquímicos e resíduos industriais e, finalmente, de 
destruição progressiva da natureza em desacordo com a ecologia, por atividades tais 
como o desflorestamento massivo, a exploração dos lençóis freáticos (cuja 
conseqüência é a má drenagem e a salinização dos solos), a caça indiscriminada e a 
superpesca (que provoca a extinção de espécies valiosas e a ruptura de ciclos 
ecológicos), o mau manejo dos solos (cuja conseqüência é a erosão), bem como o uso 
de terras agrícolas para outros fins, tais como a fabricação de materiais de construção 
e a urbanização. 
São problemas também do meio ambiente os de ordem social, que se encontram 
relacionados com a falta de um planejamento no uso dos espaços e na construção de 
moradias inadequadas, a falta de educação em todo âmbito (que se traduz em 
ignorância) e os problemas de saúde e salubridade. 
 
_____________________ 
1 Thomas Robert Malthus. (Inglaterra, 1766-1834). Economista. Em 1798, publicou de 
forma anônima sua primeira contribuição destacada no campo da economia política 
com o título "Ensaio sobre o princípio da população" que, na edição de 1803, já 
convertido em um verdadeiro tratado sobre os limites do crescimento demográfico, 
titulou-se "Resumos sobre os efeitos passados e presente relativos à felicidade da 
humanidade". Outras obras suas são, "Princípios de economia política" (1820) e 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
"A medida do valor" (1823). Malthus escrevia principalmente tendo em vista os 
problemas do desemprego e aos apuros econômicos na Inglaterra da primeira 
Revolução Industrial. No século XIX, o colonialismo e a abertura de novas áreas de 
terra cultivável impediram o agravamento dessa situação. 
Ambiente e Educação Ambiental 
Até este momento, estudamos os conceitos de Meio Ambiente, Sistemas e 
Desenvolvimento Sustentável. Tratamos de reformas conceituais que se processaram 
ao longo da última metade do século XX. Tais reformas se produziram a partir de 
transformações ambientais, sociais, tecnológicas, econômicas, políticas e culturais, 
que, por estarem inter-relacionadas, demandam novas necessidades instrumentais em 
cada uma dessas dimensões da sociedade humana. 
É dentro deste contexto de intensa transformação que é imputada à Educação 
Ambiental um grande desafio, consolidado a partir da Conferência de Estocolmo 
(1972), quando a educação ambiental converte-se numa recomendação 
imprescindível para execução de projetos na área. Nesse mesmo ano de 1972 é criado 
o Plano das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), entre cujas tarefas 
figuram a informação, a educação e a capacitação orientadas com preferência a 
pessoas com responsabilidades de gestão sobre o meio ambiente. 
"É indispensável o trabalho de educação em questões ambientais, dirigido tanto às 
gerações jovens quanto aos adultos, e que preste a devida atenção ao setor da 
população menos privilegiado, para ampliar as bases de uma opinião bem informada 
e de uma conduta de indivíduos, de empresas e de coletividade, inspirada no sentido 
de sua responsabilidade em relação à proteção e à melhoria do meio em todas as 
dimensões humanas." (Estocolmo, 1972) 
Vale ressaltar, ainda, que antes desse movimento, em 1971, a UNESCO havia iniciado 
o Programa Homem e Biosfera (MAB) com o fim de prover os conhecimentos 
científicos e pessoal qualificado com vistas a um manejo racional dos recursos. O 
programa representou um novo enfoque de pesquisa e ação, dirigido a melhorar as 
relações do ser humano com seu ambiente, sublinhando a conveniência de se 
"desenvolver um programa interdisciplinar de pesquisa que atribua especialimportância ao método ecológico no estudo das relações entre o homem e o meio" 
(UNESCO, 1971). 
Para Medina (1997), esse novo compromisso colocado para a educação não desafia 
somente o desenvolvimento metodológico das teorias pedagógicas. Diz respeito 
também ao estabelecimento e à inclusão de novas abordagens éticas e conceituais à 
base estrutural das metodologias. Ou seja, não compromete somente as atividades de 
professores (em escolas ou cursos), ou de currículos acadêmicos, mas envolve 
também os cidadãos e os seus cotidianos, estejam eles desenvolvendo atividades 
pedagógicas, técnicas, sociais, comunitárias etc., em um projeto coletivo para criar um 
Ambiente mais equilibrado dentro da perspectiva do Desenvolvimento Sustentável. 
Compreender a Educação Ambiental, dentro de um quadro conceitual mais amplo, não 
exclui a necessidade de se envolver profissionais e metodologias para ações nas 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
escolas e outras atividades de educação formal. Ao contrário, deixa claro a importância 
e a necessidade de se investir nesta área do conhecimento, a partir do 
desenvolvimento de novos processos de ensino-aprendizagem que integrem 
disciplinas e saberes dentro de uma nova ótica solidária. 
 
"...para assegurar a efetividade desse direito (meio ambiente ecologicamente 
equilibrado) cabe ao Poder Público: promover a Educação Ambiental em todos os 
níveis de ensino e a conscientização pública para preservação do meio ambiente". 
(Constituição Federal, Artigo 225 1º) 
"Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a 
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e 
competências, voltados para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do 
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sustentabilidade." (Lei Federal Nº9795 de 
27/04/99 - Dispõe sobre educação ambiental e institui a Política 
Nacional de Educação Ambiental. CAPÍTULO I, ART.1º) 
 
Por outro lado, abre-se o campo da educação não formal, em que os desafios se 
estendem aos programas de educação ambiental que são realizados em diversas 
atividades que possuem como foco a temática ambiental (trabalhos técnicos e sociais, 
auditorias, programas dentro de empresas etc.). Também nesses casos, há 
necessidade de desenvolvimento metodológico específico e de formação de pessoas 
para qualificar os resultados, uma vez que em tais programas estão envolvidas 
pessoas que difundem informações e conhecimentos e estabelecem novas 
perspectivas de ação. 
No quadro a seguir, Medina (1997) procura sintetizar um conjunto de suporte que 
poderá nos auxiliar na compreensão desse conceito em uma dimensão mais 
complexa. 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
 
 
Nos processos de gestão ambiental (urbana ou rural) há, também, uma enorme 
possibilidade de relacionar ações de melhoria da qualidade ambiental com as de 
condições de vida da população, com a aplicação de ações ligadas ao 
desenvolvimento sustentável. Aqui, ações de Educação Ambiental podem ser 
diretamente inseridas no planejamento e na gestão ambiental local, não apenas como 
um elemento de melhoria da qualidade do ambiente, mas também como um processo 
de qualificação social que amplia processos ambientais envolvidos na região e ainda 
intensifica a consciência da sociedade para gerir com mais prudência seus recursos 
naturais, econômicos e sociais. 
A implantação de qualquer forma de gestão ambiental apóia-se necessariamente na 
educação ambiental, que deve ser dirigida a todos os setores, a todas as pessoas de 
todas as idades. Essa participação requer o apoio de processos formativos que não 
apenas tornem viável a participação popular nas atividades, mas que proporcionem 
elementos para o aperfeiçoamento das possibilidades dessa participação, 
 ao fornecerem novos elementos qualitativos a pessoas e grupos. 
Uma boa formação ambiental pode ser a base para entender e intervir em âmbito 
municipal, de modo que se consiga tomar parte ativa e que se possa apresentar 
opiniões quanto aos conflitos ambientais e participar nas diversas tarefas necessárias 
à modificação das situações. 
Ambiente e Participação 
A participação na temática ambiental pode ser abordada dentro de diferentes 
dimensões. Sob a ótica do ambiente como sistema, a participação pode ser entendida 
como a contribuição que cada segmento da sociedade (social, 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
 econômico, político, organizacional, científico etc.) pode oferecer, ou ter capacidade 
de oferecer, para o estabelecimento do equilíbrio ambiental do planeta - equilíbrio este 
entendido a partir da interdependência de equilíbrio de cada um de seus próprios 
componentes. 
Para percebermos a importância potencial dos processos participativos associados 
 à temática ambiental, devemos observar, com atenção, os resultados destas 
contribuições e seus avanços na reversão do quadro de degradação global. Essa 
observação será melhor referenciada através da análise das atividades práticas (locais 
ou globais), e não apenas pelo desenvolvimento das concepções teóricas sobre o 
tema. 
 
A seguir exemplificamos: 
"O relatório Geo 2000, que acaba de ser divulgado em Genebra pelo programa 
Ambiental da ONU, traça um futuro sombrio para o novo milênio. Prevê a destruição 
das florestas tropicais, a contaminação do ar [...], o esgotamento das fontes de água 
potável [...] O documento adverte: até agora nenhum programa de defesa ambiental, 
em escala global, foi levado a sério pela comunidade internacional." (Jornal Diário 
Catarinense, 21/09/2000). 
"O livro "Caminhos e aprendizagens: educação ambiental, conservação e 
desenvolvimento" apresenta 14 projetos desenvolvidos pela WWF, nas cinco regiões 
do Brasil, espalhados por oito estados, que utilizaram metodologias de educação 
ambiental, com o apoio de parceiros locais. Os projetos capacitaram 25 educadores 
na implantação e/ou aprimoramento da educação ambiental. A implantação da 
metodologia levou dois anos e contou com a participação de pequenas comunidades". 
(http://www.wwf.org.br, [Lido: 20/11/2000]). 
"O secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, e o presidente 
da Tetra Pak no Brasil, Paulo Nigro, apresentaram nesta quarta-feira (25) um Plano de 
Ação inédito no Paraná - que será realizado nos próximos dois anos, inicialmente em 
22 municípios pólos, e representam 90% da população paranaense - com o objetivo 
de garantir o escoamento sustentável para a reciclagem das embalagens longa vida 
no Estado". (Fonte: 
http://www.bonde.com.br, [Lido: 25/07/2007]). 
 
Para integrar nossa análise sobre a dimensão participativa presente no conceito de 
Meio Ambiente, utilizaremos como critérios os elementos conceituais já apresentados 
no item Meio ambiente como Sistema (SIERVI, 2000b). São eles: 
• As relações entre o todo e as partes: a participação possui característica de 
interdependência entre a parte (os participantes) e o TODO (o ambiente natureza-
sociedade), podendo-se admitir os subsistemas - indivíduos ou organizações - como 
parte, e os processos participativos resultantes das interações como TODO; 
• Emergências e limites: por ser uma atividade essencialmente prática-reflexiva, 
a participação possui importantes características de emergências, geradas a partir das 
 
 
 
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 Desenvolvimento Sustentável 
articulações entre os diferentes participantes (as partes); e também de limites, 
impostos pela necessidade de respeitar as características particulares dos 
participantes envolvidos (organizações ou indivíduos); 
• Relação com o entorno: compreendendo o meio ambiente comoum sistema 
aberto, ou seja, em constante processo de intercâmbio com o meio externo, podemos 
perceber que as atividades participativas desenvolvidas entre organizações e 
indivíduos geram as transformações que o sistema passa a oferecer como novo 
produto à sociedade (novas formas de conceber ou resolver os problemas); 
• Equilíbrio: o conceito de equilíbrio dinâmico empresta aos processos 
participativos um caráter de aprendizado, havendo constantes fluxos de matéria, 
energia e informação que provocam mudanças temporárias (evolução) e espaciais 
(estrutura) nas organizações, nos indivíduos e nas concepções e resoluções de 
problemas; 
• Retroalimentação: diz respeito aos mecanismos de recarga do sistema. São as 
informações que permitem ao sistema aprender a partir de sua própria prática ou 
operação; 
 
• Adaptação e inovação: os processos participativos, como atividades 
 eminentemente práticas-reflexivas, estão constantemente sujeitos aos 
processos de adaptação e inovação para garantirem sua estabilidade (dinâmica). 
Tem-se assistido a um importante movimento em toda sociedade para viabilizar os 
processos participativos em todos os subsistemas do Meio Ambiente (social, cultural, 
político, tecnológico, econômico, institucional, entre outros). Esse movimento coletivo 
- formal e informal - tem resultado no desenvolvimento de um grande número de novas 
metodologias, instrumentos e mecanismos legais que contribuem para a efetivação da 
dimensão participativa na dinâmica social contemporânea. 
Na perspectiva do conceito de Desenvolvimento Sustentável, a participação é o 
elemento fundamental para garantir a inclusão social, a diversidade de abordagens, o 
respeito à diversidade cultural, a inclusão de perspectivas sobre relações de gênero, 
 
 
 
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a reflexão entre a geração atual e a futura, entre outros aspectos. As experiências de 
construção de Agendas 21 locais têm explicitado os limites e as oportunidades que o 
exercício da prática participativa oferece para o conceito e para que, enfim, sejam 
atingidos os novos objetivos do Desenvolvimento Sustentável. 
 
Em 1992, realizou-se no Rio de Janeiro a Conferência Mundial sobre Meio Ambiente 
e Desenvolvimento, a Cúpula da Terra, convocada pelas Nações Unidas. Nesta 
reunião adotou-se o Programa de Ação 21, conhecido como Agenda 21 que, entre 
outras coisas, promove a realização de diversas Agendas 21 nacionais e locais, 
expressas nos programas de ação pública em favor de um desenvolvimento 
sustentável no século XXI. O Capítulo 28 da Agenda 21 assinala: "devido ao fato de 
que muitos dos problemas e soluções tratados na Agenda 21 têm suas raízes em 
atividades locais, a participação e cooperação de autoridades locais será um fator 
determinante na realização de seus objetivos". 
A Agenda 21 Local é, então, um projeto político de desenvolvimento local para o Século 
XXI e um programa de ações que correspondem a um conjunto de objetivos, princípios 
e características relacionadas com o desenvolvimento sustentável. Esta Agenda está 
estreitamente relacionada ao estabelecimento de um sistema de gestão ambiental 
municipal e aos planos integrais de gestão ambiental no município, porém amplia e 
reforça diversos elementos de caráter econômico, social e cultural, visando um 
município sustentável. 
Este processo corresponde a um mandato acordado pelas Nações Unidas e pelos 
governos do mundo, no qual se reconhece o papelchave das autoridades locais e das 
comunidades no caminho para o desenvolvimento sustentável. Além disso, com esta 
proposta pretende-se fortalecer a responsabilidade de todos na redução dos impactos 
ambientais gerados pelas próprias atividades humanas e pelos efeitos que podem ser 
produzidos por outras comunidades, de modo que se compartilhem experiências entre 
os diversos governos locais. 
 
Quando dirigimos nosso foco de atenção para a base conceitual da Educação 
Ambiental encontramos uma dupla possibilidade de abordagem para os processos 
participativos: 
• em primeiro lugar, podemos perceber que os processos participativos podem 
oferecer uma grande contribuição dentro de uma perspectiva ética, metodológica e 
conceitual, através da potencialização dos trabalhos realizados junto à estrutura formal 
de educação (a escola), bem como à informal (associações de moradores, empresas, 
grupos de jovens, entre outros); 
• por outro lado, destaca-se a importância da Educação Ambiental como geradora 
de processos participativos. 
 
 
 
 
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Meio Ambiente Físico ou Natural 
O estudo do Meio Ambiente Físico ou Natural, de suas dinâmicas próprias e das inter-
relações com os demais subsistemas do Meio Ambiente ajuda-nos a compreender a 
natureza e as dimensões dos impactos sofridos pelo conjunto de seus elementos. 
No documento preparatório para a Rio 92, "Nossa própria Agenda sobre 
Desenvolvimento e Meio Ambiente" (BID/PNUD, 1991), foi apresentado um quadro 
sobre a situação ambiental da América Latina. Os critérios utilizados para 
levantamento do quadro incluíam os seguintes elementos: 
• amplitude geográfica dos processos ambientais considerados; 
• volume da população afetada; 
• volume das atividades econômicas diretamente afetadas; 
• gravidade dos efeitos sobre a população e atividades econômicas; 
• a capacidade, atual e potencial, de enfrentar os processos ambientais implicados. 
 
 
 
 
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Tabela 1.3. Principais temas ambientais para discussão na América Latina e Caribe. 
Fonte: Adaptado a partir de: Nossa Própria Agenda sobre Desenvolvimento e Meio 
Ambiente BIP/PNUD (1991). 
 
Pode-se observar que os principais temas apresentados na Tabela 1.3 possuem íntima 
relação com as ações antrópicas sobre os ecossistemas internacionais (da América 
Latina) e Globais (generalizados para todo planeta). 
ANTRÓPICO 
Relativo à humanidade, à sociedade humana, à ação humana. Termo empregado para 
qualificar: um dos setores do meio ambiente, o meio antrópico, compreendendo os 
fatores sociais, econômicos e culturais; um dos subsistemas do sistema ambiental, o 
subsistema antrópico. 
(FEEMA, 1990) 
 
 
 
 
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Para construir um painel de relacionamento entre a Tabela 1.3 e o Meio Ambiente 
Físico, faremos uma abordagem panorâmica sobre os seguintes assuntos: Clima; 
Solos; Água; Flora e Fauna; Minerais; Energia e Resíduos. Muitos dos temas 
ambientais apontados poderão ser identificados em diferentes momentos do texto, 
explicitando seu interrelacionamento e sua interdependência sistêmica. Fique atento a 
essas relações durante a leitura. 
Atmosfera 
Ao falar do clima, nos referiremos fundamentalmente a um de seus componentes: a 
atmosfera. 
A atmosfera é a camada gasosa que envolve a Terra, com altitude estimada superior 
aos 1.000 km. É composta de grande variedade de gases, dos quais os mais 
importantes são o oxigênio e o nitrogênio, que, conjuntamente, constituem 91% de seu 
volume, formando o que conhecemos por "ar". 
 
As características físicas e químicas da atmosfera (densidade, pressão e temperatura), 
tal como hoje a conhecemos, variam em relação à altitude, de modo que se possa 
subdividi-la em alguns estratos ou camadas bem diferenciadas: troposfera, 
estratosfera, mesosfera e termosfera (figura 1.8). 
 
 
 
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A poluição atmosférica é um dos problemas ambientais e de saúde humana mais 
típicos das cidades e das áreas industrializadas. A qualidade do ar depende 
exclusivamente da quantidade eda natureza das substâncias geradas pela atividade 
humana, que são os gases tóxicos e as partículas orgânicas e inorgânicas em 
suspensão (pó e alguns metais, como o chumbo). 
Grande parte dos problemas ambientais globais que serão tratados posteriormente, 
tais como o efeito estufa, o esgotamento da camada de ozônio ou a chuva ácida, 
devem-se na maioria às emissões antropogênicas na atmosfera, derivadas das 
atividades industriais. 
Em outubro de 1997, cientistas espanhóis do Instituto Nacional de Técnica 
Aeroespacial (INTA), em colaboração com cientistas de outros países europeus, 
publicaram os dados de um recorde histórico no buraco da camada de ozônio do Pólo 
Norte. 
Segundo esse estudo, durante o inverno europeu de 1995-96, a destruição da camada 
de ozônio nas regiões árticas alcançou 64% do total em alguns níveis, o que constitui 
uma cifra realmente alarmante. O nível de destruição da camada de ozônio depende 
 
 
 
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do clima existente, sendo acelerado pela grande quantidade de compostos de cloro e 
bromo na estratosfera, gerados pela atividade humana. 
O efeito estufa, causa do aquecimento da Terra e da modificação do clima, é outro dos 
grandes problemas atmosféricos, tornandose um tema prioritário a respeito do qual já 
estão sendo tomadas providências. Os Estados Unidos emitem 25% dos gases 
causadores de efeito estufa, motivo pelo qual, em 1993, lançou um plano para que no 
ano 2000 a emissão de "gases estufa" (CO2 principalmente) fosse similar à do ano de 
1990. O departamento de Energia dos Estados Unidos anunciou, no entanto, em 
outubro de 1997, que os "gases estufa" produzidos nesse país simplesmente não 
haviam diminuído, mas aumentaram 8% desde 1990. 
A chuva ácida, produzida pela atividade industrial, também incluise como uma das 
ameaças ao meio aéreo. Trata-se da emissão de compostos de enxofre na atmosfera, 
os quais podem diluir-se no vapor da água, formando pequenas gotas de ácido 
sulfúrico (H2SO4), provocando a chuva ácida. Esse fenômeno não é um problema 
localizado, já que essas gotas podem depositar-se sobre solos a muitos quilômetros 
de distância do ponto em que são originadas. 
A contaminação dos espaços interiores é um tema específico no estudo da poluição 
atmosférica. A maior parte da atividade profissional, familiar, social e recreativa que 
exercemos ocorre dentro de espaços fechados, onde a concentração de substâncias 
poluentes torna-se maior que em espaços abertos. Neste caso, aos contaminadores 
clássicos somam-se outros, como os óxidos de nitrogênio e CO2, emitidos pelo gás 
de cozinha, pelos escapamentos dos automóveis nas garagens, pelas partículas de 
fuligens provenientes dos veículos automotores, e que se introduzem dentro das 
casas, pela fumaça dos cigarros, e outras substâncias voláteis que aparecem em 
produtos de uso doméstico, como tintas e aerossóis. A contaminação por amianto é 
uma das mais conhecidas, pois esse material era amplamente utilizado na construção 
até que se comprovou, na década de 60, que as emanações de suas fibras podiam 
provocar câncer. 
Solo 
O solo nos faz pensar imediatamente na cobertura da superfície terrestre. De acordo 
com o critério científico ou pedológico (do grego pedós = solo), é uma coleção de 
corpos naturais, que ocupa posições na superfície terrestre, os quais suportam as 
plantas, e cujas características são decorrentes da ação integrada do clima e da 
matéria viva sobre o material originário, condicionado pelo relevo, em períodos de 
tempo. Isto é, o clima e a matéria orgânica (raízes, minhocas e outros organismos, 
vivos ou em decomposição) atuam modificando os solos através do tempo, 
decompondo as rochas e transformando a topografia. Não esqueçamos que a 
superfície do solo não é plana, porém, possui uma série de acidentes que favorece o 
escoamento ou a retenção da água. 
Seguindo um critério prático ou edafológico (do grego edafós = solo ou terra 
como suporte de plantas), o solo é concebido como o meio natural onde se 
desenvolvem as plantas. 
 
 
 
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Os seres humanos podem fazer variados usos do solo. A atividade agrícola é em si 
benéfica para o solo; contudo, o prejuízo surge quando práticas inadequadas são 
realizadas, como o manejo inadequado de água para irrigação, que gera uma má 
drenagem e processos de salinização (quando os sais se acumulam, chegam a 
alcançar níveis tóxicos para as plantas). 
Ainda assim, a falta de manejo adequado dos solos (como as práticas da pecuária ou 
a eliminação de árvores e arbustos, que se desenvolvem em solos com encostas 
pronunciadas ou nas margens de um rio) tem como conseqüência a ocorrência de 
processos erosivos. O aparecimento de fendas em lugares com declividade 
acentuada, assim como de aluviões, que são produzidos com a ocorrência de chuvas 
intensas e o assoreamento das margens dos rios, são formas radicais de erosão. 
Finalmente, o uso de terras agrícolas para outros fins, tais como a fabricação de 
materiais de construção (tijolos e acabamentos cerâmicos) e a edificação de infra-
estrutura (residências, fábricas, edifícios diversos, pavimentação de vias de 
transporte), é uma das formas mais nocivas de utilização dos solos cultiváveis. 
O uso inadequado dos solos leva ao surgimento do fenômeno conhecido pelo nome 
de desertificação. Segundo dados das Nações Unidas, estima-se que a cada ano 
desertificam-se entre 6 e 7 milhões de hectares, ou seja, uma superfície equivalente 
ao triplo da ocupada pelo estado de Sergipe /Brasil. Do mesmo modo, uma extensão 
adicional de 20 milhões de hectares (área equivalente ao Estado do Paraná, Brasil) se 
empobrece anualmente, até o ponto de se tornar improdutiva para a agricultura e para 
a pecuária. 
Água 
A definição de água é mais difícil do que geralmente se supõe. Aparentemente simples, 
a água é um dos corpos mais complexos do ponto de vista físico e químico, pois é 
muito difícil obtê-la em estado puro, além de apresentar um maior número de 
anomalias em suas constantes físicas. 
A água é a fonte de toda a vida. Sem água não há vida. Os seres vivos não podem 
sobreviver sem água. A água é parte integrante dos tecidos animais e vegetais. Existe 
na biosfera em seus estados líquido (mares, rios, lagos e lagoas), sólido (gelo, neve) 
e gasoso (vapor de água, nuvens, umidade). É uma bebida elementar, uma fonte de 
energia, uma necessidade para a agricultura e para a indústria. Todas as grandes 
civilizações nasceram ao redor da água. Não se conhece nenhuma civilização que 
tenha se desenvolvido em uma região desprovida de água. 
Não se conhece nenhuma grande civilização que tenha nascido em uma região 
desprovida de água. E é por isso que, há milhares de anos, desde que a 
humanidade foi capaz de representar seus conceitos por símbolos gráficos, tem-
se valorizado a água. 
 
A água renova-se no mundo dentro de um ciclo, conhecido como ciclo hidrológico. 
Com o calor produzido pela insolação, a água evapora-se dos mares e das águas 
 
 
 
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continentais, chegando à atmosfera, onde forma nuvens que logo se precipitam 
(chuva, neve, granizo). Uma vez sobre o continente, parte dessa água escorre 
superficialmente (rios), enquanto o restante, em maior proporção, infiltra-se (águas 
subterrâneas) chegando desta forma novamente aos lagos, lagoas e oceanos, nos 
quais volta a evaporar-se. (figura 1.9) 
A água exerce uma influência decisiva sobre os seres humanos e os recursos naturais 
renováveis. Sua dinâmica natural influi sobre solos, plantas e animais, podendo causar 
deslizamentos e inundações como processos naturais. Porém, a água também tem 
sua dinâmica afetada pelas atividades humanas, que muitas

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