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Teoria geral do direito do trabalho (NPG1096)

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PÓS-GRADUAÇÃO
PROPOSTA ESTUDO DE CASO
DISCIPLINA DE TEORIA GERAL DO DIREITO DO TRABALHO
(NPG 1110)
Autora: Ana Maria Almeida Marques[footnoteRef:1] [1: Professora do Centro Universitário Estácio do Ceará. Contato: marques.ana@estacio.br] 
 
1. PONDERAÇÕES ACERCA DA APLICABILIDADE DO CONCEITO DE DIGNIDADE HUMANA E O PRINCÍPIO PROTETOR: O CASO DE MARIA SANTINHA
RESUMO: A dedução de que a terra deixou de ser apenas uma referência astronômica para se re-significar enquanto sociedade global, na qual as pessoas são reconhecidamente diferentes, com culturas peculiares a cada povo, na forma de ser, agir, sentir, pensar, querer, reivindicar, enfim, revelaram ao homem contemporâneo a certeza de que o globo não é apenas um conglomerado de países isolados ou inalcançáveis, mas transmutou-se em um novo tipo de sociedade. Sob vários aspectos percebe-se que a reprodução global do capital ocorre de forma intensa e irreversível, compreendendo principalmente as forças produtivas, através de iniciativas como a intensificação da divisão social do trabalho, a racionalização cada vez mais apurada da produção, o investimento maciço em tecnologia, a busca incessante pela lucratividade, o consumismo, a descartabilidade das coisas e pessoas, enfim, o reconhecimento de que a dinâmica neo–liberal ganha contornos que dinamizam em escala mundial a reprodução de sua lógica pungente. Esta nova configuração humana, que debilita a própria identidade/subjetividade, instabiliza as relações socialmente travadas. Para Maria do Espírito Silva Santos (Santinha), nesta nova realidade de mercado, especialmente após ter completado 40 anos, parecia algo que rompia o sentido do trabalho enquanto parte essencial de sua estrutura subjetiva, tornando escasso o resultado objetivo que busca pela atividade laboral e depreciando o resultado do que produz, fazendo-a sentir-se como mero recurso e pouco considerando a sua dignidade, enquanto valor máximo que persegue para si e para a condição de vida de sua família, por meio de sua atividade laborativa. 
PONDERAÇÕES ACERCA DA APLICABILIDADE DO CONCEITO DE DIGNIDADE HUMANA E O PRINCÍPIO PROTETOR FRENTE AOS INTERESSES DE MERCADO 
Sociedades sem oposição, sem sujeito ou indivíduos, fazem com que as esperanças revolucionárias sejam preteridas até que surja um novo agente revolucionário, um outro agente histórico. “A ideia de que o indivíduo está sendo destruído ainda é por demais otimista”.
Olgária Matos
A dedução de que a terra deixou de ser apenas uma referência astronômica para se ressignificar enquanto sociedade global, na qual as pessoas são reconhecidamente diferentes, com culturas peculiares a cada povo, na forma de ser, agir, sentir, pensar, querer, reivindicar, buscar, que são completamente diversas, revelaram ao homem contemporâneo a certeza de que o globo não é apenas um conglomerado de países isolados ou inalcançáveis, mas transmutou-se em um novo tipo de sociedade. 
Essa inferência deu ao mundo uma roupagem de sociedade global ou, para usar uma expressão de McLuhan (1971), “aldeia global”, cujos contornos ainda deixam pasmos os homens. Daí falar-se em cortes epistemológicos, rupturas de concepções que no passado deixavam todos mais seguros, e dos quais, seja através da ciência ou da história, o homem foi radicalmente separado. Primeiramente foi tirado do centro do universo, com a visão coperniana (século XVI) para depois deixar de ser filho de Deus, na perspectiva darwinista (século XIX). Em seguida deixa de ter plena consciência de domínio sobre as formas de produção, já que alienado, conforme Marx (século XIX), para na sequência, Freud (século XX) declarar que o homem é determinado pelo inconsciente, pelo que não sabe de si. 
Não fossem esses cortes narcísicos que efetivamente operaram na humanidade clivagens extremamente importantes para que a história operasse rumos inimagináveis, tem-se em Adam Smith (século XVII) o reconhecimento de que há uma mão invisível que opera na economia e, a partir daí, a constatação de que se vive numa economia-mundo.
Assim, ao se pensar as relações estabelecidas entre as pessoas, mormente quando se trata de relação de trabalho, faz relevante propositura de uma reflexão que permita análise que trate do conceito de mercado, considerando a dignidade da pessoa humana e o princípio protetor do trabalho, como contrapontos que devem ser considerados. 
A propósito do conceito de mercado, cuja palavra faz menção à negociação, mercancia, é ele o palco onde ocorrem as transações de natureza econômica, cujos reflexos e força se espraiam por todos os campos da sociedade. 
Friedrich Müller (acesso em 21 de abril de 2019) fala da mundialização da monetarização, indicadores aparentes de que o Estado-nação já não consegue impor soberanamente suas regras, sendo levado a acolher os ditames desse movimento mundializado. Comenta o autor a respeito: 
A democracia exige que processos econômicos sejam inseridos em processos sociais. Contrariamente ao que afirma o ultraliberalismo, há fortes razões para supor que pelo menos uma determinada classe de problemas – aqueles relativos a políticas de redistribuição – necessita da intervenção do Estado, tanto hoje, como no passado. Na situação atual, isso parece requerer a ajuda de conjuntos de regras internacionais, na medida em que o Estado-nação não pode mais, sozinho, produzir e impor suas regras. Assim, os processos de mercado, livres do controle estatal, tendem a fazer com que a soberania dos estados constitucionais, e até sua legitimidade democrática, degenerem, paulatinamente, em farsa. 
As chamadas “forças de mercado” não são nem leis da natureza, nem leis históricas com dignidade superior, às quais a política deveria sujeitar-se. 
(...) Cumpre salientar que o ataque mais profundo na direção provém da exclusão social, a qual se amplia e agrava graças à globalização, como indicam as evidências empíricas. A exclusão se afirma inequivocamente às expensas do Estado Democrático de Direito e do Estado do Bem-Estar Social; ela deslegitima o governo, pois faz com que o povo ativo, o povo enquanto instância de atribuição e o povo-destinatário degenerem em “povo” como ícone. (grifo nosso).
Sob vários aspectos percebe-se que a reprodução global do capital ocorre de forma intensa e irreversível. Compreendendo principalmente as forças produtivas, através de iniciativas como a divisão do trabalho social, a racionalização cada vez mais apurada da produção, o investimento maciço em tecnologia, a busca incessante pela lucratividade, o consumismo, a descartabilidade das coisas e pessoas, enfim, a dinâmica capitalista ganha contornos que dinamizam em escala mundial a reprodução de sua lógica pungente. 
Atualmente não há mais como se deixar de reconhecer a inter-globalização do capitalismo, intensificada principalmente após a segunda grande guerra mundial (1939 a 1945) Essa inter-globalização, também universalizou os mecanismos produtivos, fazendo com que os conglomerados empresariais possuam, sem dificuldades, sucursais em diversos países (internacionalização do capital), remunerando de diferentes formas, privilegiando e estabelecendo-se com mais afinco nos locais onde a mão-de-obra é farta e barata, a carga tributária menor, a legislação flexível ou desregulamentada e os custos totais com a produção menos onerosos. 
Octavio Ianni (2001, p. 58) formula, em concordâncias com as ideias neste trabalho defendidas que,
(...) globalizam-se as instituições, os princípios jurídico-políticos, os padrões sócio-culturais e os ideais que constituem as condições e os produtos civilizatórios do capitalismo. Esse é o contexto em que se dá a metamorfose da “industrialização substitutiva de importações” para a “industrialização orientada para a exportação”, da mesma forma que se dá a desestatização, a desregulação, a privatização, a abertura de mercados e a monitorização das políticas econômicas nacionais pelas tecnocracias do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, entre outras organizações multilaterais e transnacionais. (grifonosso).
Portanto, o que se assiste na atualidade, é uma homogeneização da exploração pelo capital, no sentido de subsumir o homem, reduzindo o valor do seu conhecimento e até o sentido do próprio trabalho ao fenômeno econômico, fragilizando sua identidade social[footnoteRef:2] construída, principalmente, através do que produz. [2: Manirina Gruska Benevides (2002, p. 67) preceitua que se deve entender por « identidade social o processo de ser reconhecido e reconhecer a si próprio como tal. Este processo emerge da relação dialética indivíduo/sociedade, relação esta que, segundo Berger (1985 ; 1986), só pode ser compreendida na condição de se considerar concomitantemente a objetividade da realidade social de que nos fala Durkheim e as interpretações subjetivas dos atores sociais de que nos fala Weber. Esta dupla perspectiva caracteriza o paradoxo da existência humana : a sociedade nos define e é definida por nós. Ao definir aquilo que somos e fazemos, a sociedade cumpre a primeira condição básica de sua existência : o controle social . »] 
Neste sentido, cede-se à retórica neo-liberal, que situa os trabalhadores em uma realidade pouco consistente, que fragiliza não só sua auto-estima, atingindo sua subjetividade, mas também toca seu espectro social, resultando no que Marinina Gruska Benevides (2002, p. 287-288) descreve como uma nova configuração do homem: 
O homem capitalista é um trabalhador condicionado pela ditadura da oferta do que deve consumir, num tempo que deve ser funcional para o consumo em todos os sentidos, inclusive no lazer, no qual o capital há muito se instalou. Ganhando ou gastando dinheiro, o trabalhador não pode alimentar a utopia do ócio no sentido antigo, ou seja, o tempo livre no qual ocorre a atividade criativa, porque o tempo é funcional para o consumo permanente de mercadorias. Até mesmo os desempregados não escapam dessa ditadura, porque o tempo que têm disponível é para procurar trabalho ou caridade, num mundo onde sua pessoa se tornou desnecessária. Para quem ainda não se tornou desnecessário, as condições de trabalho pioram, porque aumentam as exigências de desempenho nas empresas, sem que o trabalho consiga agregar sentido para os indivíduos. Estes estão sempre à procura de algum tempo livre para se libertarem da escravidão da ditadura do tempo, ainda que como consumidores das mercadorias provenientes da indústria da cultura. Enquanto isso, cresce a concorrência e decresce a solidariedade entre os empregados na luta generalizada pelas escassas oportunidades de trabalho mais bem remuneradas. 
Portanto, no paradoxo da “liberdade é escravidão”, tudo se reduz ao econômico e as pessoas habitam um espaço totalmente suspeito, no qual a segurança também é insegurança. (grifo nosso).
Esta nova configuração humana, que debilita a sua identidade, instabiliza as relações socialmente travadas, rompe o sentido do trabalho enquanto parte essencial de sua estrutura subjetiva, torna escasso o resultado objetivo que se busca pela atividade laboral e deprecia o resultado do que se produz, também tornando descartável objetos e pessoas, distanciando os interesses humanos (na dimensão coletiva), reduzindo o papel do Estado, flexibilizando a legislação e pouco considerando a dignidade da pessoa humana enquanto valor máximo da humanidade. 
Neste contexto então, é que buscou-se analisar em que medida o Direito do Trabalho e o princípio protetor são imprescindíveis para garantir a efetividade do valor dignidade da pessoa humana nesta dimensão global, cujo espaço de não-poder do trabalhador está cada vez mais dilatado, enquanto o do mercado é cada vez mais amplo, sancionador, diretivo, fiscalizador, expropriador e apropriativo da dimensão subjetiva do homem. 
Não é, portanto, sem razão que Aldacy Coutinho Rachid (1998, p. 17) dispõe que
(...) não ter trabalho não significa não ter o que comer, institui um não-ser. Ser trabalhador é constituir-se como tal, construir a sua subjetividade como titular de direitos em uma relação jurídicas complexas e solidárias. A proteção se estabelece, então, como inafastável na estrita medida em que na venda da força de trabalho se constitui mais do que uma relação obrigacional patrimonializada, abrindo espaço para situações jurídicas decorrentes de direitos da personalidade. (grifo nosso).
A mercadorização da força de trabalho (coisificação do labor humano), cujos valores se diferenciam, dado que cada mercadoria tem um preço, se contrapõe à essência do Estado Democrático de Direito, não devendo então a ordem jurídica tolerar distinções quanto ao trabalhador (natureza de sua atividade, seu perfil profissional, sua classe social, enfim, elementos que caracterizam sua individualidade), devendo lançar mão da tutela protetiva, princípio máximo que redimensiona o trabalho humano, na busca de descaracterizar (o trabalho) enquanto mercadoria, imputando-lhe propósito mais favorável, no sentido de entendê-lo como absolutamente necessário a ascensão do valor dignidade da pessoa humana. 
Articulação entre Princípio Protetor e o conceito de dignidade da pessoa humana 
O conceito de dignidade da pessoa humana por vezes parece abstrato o que, de fato, se restringe ao campo da mera aparência. Ingo Wolfgang Sarlet (2003, p. 112-113) expressa que, 
a doutrina e a jurisprudência encarregaram-se de identificar algumas posições que integram o âmbito da proteção da dignidade da pessoa humana, ao menos de acordo com as circunstâncias atuais, e que, portanto, constituem exigências diretas e essenciais do princípio ora em exame. 
Assim, não restam dúvidas de que a dignidade da pessoa humana engloba necessariamente o respeito e a proteção da integridade física e a corporal do indivíduo, do que decorrem, por exemplo, a proibição da pena de morte, da tortura, das penas de natureza corporal, da utilização da pessoa humana para experiências científicas, limitações aos meios de prova, etc. 
(...) Uma outra dimensão intimamente associada ao valor da dignidade da pessoa humana consiste na garantia de condições justas e adequadas de vida para o indivíduo e sua família, contexto no qual assumem relevo de modo especial os direitos sociais, ao trabalho, a um sistema efetivo de seguridade social, em última análise, à proteção da pessoa contra as necessidades de ordem material e à asseguração de uma existência com dignidade. (grifo nosso).
Nesta esteira do pensamento, não há como se falar em direito a uma vida digna, se ao homem não for possível o acesso ao direito, nitidamente fundamental, do trabalho. 
Portanto, para que o Estado Democrático de Direito possa cumprir o papel que lhe é inerente, estar voltado para o cidadão é imprescindível na medida em que proporcione ao homem condição de desenvolver-se plenamente, possibilitando-lhe encontrar sentido no trabalho, lembrando que a ideia do labor totalmente subordinado à ação mercadológica, leva ao aniquilamento da própria lógica societal, enquanto suporte identidário do homem. Para Hannah Arendt (1997b, p. 48) o trabalho cria o homem e sua humanidade é resultado de sua própria atividade.
O que se assiste, a partir da valorização de uma lógica que desprestigia o homem, ameaçando sua própria sobrevivência de forma digna e tranquila, violando seu caráter transformador e participativo no seio social, é uma verdadeira falência dos valores sociais, que acabam por fundamentar uma ideologia de mercado, erodindo o espaço político, deteriorando os fundamentos da democracia, tais como o senso cívico, a preocupação genuína com o outro, a capacidade crítica, contribuindo para uma fragilização da própria subjetividade que lhe é inerente. 
Por isso é possível entender que os valores pertinentes à humanidade, devem preceder a racionalidade manifestada nos interesses preconizados pelo neo-liberalismo, sendo totalmente essencial a incidência do princípio protetor no âmbito trabalhista, objeto desta análise. 
Ricardo Antunes (2005, p. 37) comenta que o mundo produtivo do capital quer a “plenitude” de uma subjetividade inautêntica e heterodeterminada. É extremamentearriscado que o Direito do Trabalho prescinda do princípio protetor, pelo risco de cada vez mais se fragilizar o trabalhador, tornando-o mais vulnerável às premissas do mercado. 
Apontamentos acerca dos interesses de mercado: precarização trabalhista ?
Uma vez que as mudanças na sociedade não ocorrem sem conflitos e, principalmente quando se faz referência ao sistema capitalista, vê-se que as lutas travadas são silenciosas e enigmáticas[footnoteRef:3]. Nesse sentido Noberto Bobbio; Nicola Matteuci; Gianfranco Pasquino (2000, p. 141) conceituam capitalismo destacando aqueles pontos que o diferencia dos demais sistemas, como abaixo se transcreve: [3: Silenciosas por não se assistir na atualidade conflitos violentos entre as classes; enigmáticas pela contradição que encerra o capitalismo por depender da relação entre estas classes para manutenção de sua própria estrutura na concretização dos instrumentos de produção.] 
Algumas características que distinguem o capitalismo dos outros modos históricos de produção são: a) a propriedade privada dos meios de produção, para cuja ativação é necessária a presença do trabalhador assalariado formalmente livre; b) sistema de mercado baseado na iniciativa e na empresa privada, não necessariamente pessoal; c) processos de racionalização dos meios e métodos diretos e indiretos para a valorização do capital e a exploração das oportunidades de mercado para efeito de lucro. 
No Brasil a opção do Estado foi pelo sistema capitalista, claramente assinalada nos artigos 1°, inciso IV e 170 da Constituição Federal. Assim fica marcado tanto no país quanto no mundo um paradoxo que reside na coexistência de duas necessidades para a manutenção desta lógica de produção que assim se dispõe: a) estabelecer mecanismos que garantam que as pessoas atendam aos objetivos da iniciativa privada, resumida no lucro e b) garantir que tais trabalhadores desenvolvam suas atividades sem lhes ferir os limites impostos pela legislação e pelos princípios constitucionais, de modo a favorecer um equilíbrio aparentemente impossível entre força de trabalho e objetivos do mercado: a paradigmática convivência entre o valor do trabalho enquanto uso da mão de obra e o valor de troca, corolário da lógica capital. 
Parece inequívoco que a lei por si, especificamente os dispositivos legislativos e seus respectivos dispositivos judiciais, não garantem a consecução do valor dignidade para a massa trabalhadora assim como aquela que está à margem do mundo do trabalho. Portanto aqui se faz referência à falta de acesso a postos de trabalho, a um salário digno e até às condições humanizantes de labor que como se pode constatar de forma patente, não tem sido privilégio da maioria. 
Essa realidade tem levado os trabalhadores à informalidade, que abrem mão de seus direitos fundamentais implicados nas relações de trabalho, até mesmo pondo em risco a competência jurisdicional da Justiça do Trabalho, pelo fato das partes buscarem a auto-composição, favorecendo um significativo fortalecimento do trabalho informal, à proliferação de greves consideradas abusivas e, por que não dizer, o desacato a uma ordem jurídica legal e legitimamente estabelecida pelo estado Democrático de Direito. 
Culmina então tal discussão no fato da obsolescência do modelo de uma Consolidação de Leis[footnoteRef:4] que se exaure em seu próprio texto por elencar um extenso rol de direitos e deveres que parecem se perde quando analisados sobre o prisma da eficácia e da eficiência, especialmente quando se toma a Lei 13.467/2017. [4: A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) é de 1943. ] 
 Parece ainda preponderar, mais do que nunca, a face do mercado e de seus interesses, bem como observa-se uma incapacidade das instituições em fazer frente às novas e crescentes necessidades sociais[footnoteRef:5]. Necessidades estas reveladas principalmente pela implementação de disposições como privilegiar o negociado sobre o legislado (Artigo 611-A, CLT) e a mitigação do Princípio da Aplicação da Norma Mais Favorável (Artigo 620, CLT). [5: Noberto Bobbio (2000, p. 1124) comenta que “as reformas não têm necessariamente um efeito estabilizador”. ] 
Destarte o esvaziamento da legislação em dar conta das prementes e atuais necessidades de proteção dos direitos dos trabalhadores, enunciados como direitos sociais (Artigo 6º da CF), ainda se verifica uma apatia dos próprios trabalhadores, cuja indiferença é patrocinada pelo mercado, interessado no distanciamento das massas dos debates que poderiam promover uma conscientização ou um maior esclarecimento acerca das contemporâneas condições do mundo do trabalho, resumindo-os a consumidores, diferentemente daqueles trabalhadores que, “tentavam, desesperadamente, preservar direitos, privilégios, leis e costumes que lhe haviam dado justiça na antiga visão de mundo”. (POSTMAN, 1994, p. 52).
Mészáros apud Ricardo Antunes (2006, p. 22) sintetiza: 
Dada à inseparabilidade das três dimensões do sistema do capital, que são completamente articuladas – capital, trabalho e Estado – é inconcebível emancipar o trabalho sem simultaneamente superar o capital e também o Estado. Isso porque, paradoxalmente, o material fundamental que sustenta o pilar do capital não é o Estado, mas o trabalho, em sua contínua dependência estrutural do capital (...). Enquanto as funções controladoras vitais do metabolismo social não forem efetivamente tomadas e autonomamente exercidas pelos produtores associados, mas permanecerem sob a autoridade de um controle pessoal separado (isto é, o novo tipo de personificação do capital), o trabalho como tal continuará reproduzindo o poder do capital sobre si mesmo, mantendo e ampliando materialmente a regência da riqueza alienada sobre a sociedade. (grifo nosso).
Sem dúvidas o mundo mudou; sem dúvidas a velocidade da informação, ancorada na revolução tecnológica, contribuiu essencialmente para uma nova versão de mundo e organização do trabalho, que permeou transformações diversas, registrando a história os passos até os dias atuais. Neil Postman (1994, p. 63) assim discorre: 
Enquanto se multiplicavam os triunfos espetaculares da tecnologia, outra coisa estava acontecendo: velhas fontes de crença foram sitiadas. Nietzsche anunciou que Deus estava morto. Darwin não foi tão longe, mas deixou claro que, éramos filhos de Deus, viemos a sê-lo por um caminho muito mais longo e menos digno do que havíamos imaginado, e que no processo tivemos alguns parentes estranhos e inconvenientes. Marx argumentou que a história tinha sua agenda própria e nos estava levando aonde devia levar, sem considerar nossos desejos. Freud ensinou que não tínhamos nenhuma compreensão de nossas necessidades mais profundas e não podíamos confiar nas maneiras tradicionais de raciocinar para descobri-las. John Watson, o fundador do behaviorismo, demonstrou que o livre-arbítrio era uma ilusão e que nosso comportamento, no final, não era diferente do dos pombos. E Einstein e seus colegas nos disseram que não havia nenhum meio absoluto para julgar algo em algum caso, que tudo era relativo. A verdade de um século de erudição teve o efeito de fazer com que perdêssemos a confiança em nossos sistemas de crença e, por conseguinte, em nós mesmos. Em meio aos escombros conceituais, restou uma coisa segura na qual acreditar – a tecnologia. O que quer que possa ser negado ou transigido, está claro que os aviões voam, os antibióticos curam, os rádios falam e, como sabemos agora, os computadores calculam e nunca comentem erros – somente os humanos defeituosos erram (o que Frederick Taylor estava tentando nos dizer o tempo todo). (Grifo nosso).
O mercado de trabalho e principalmente os trabalhadores, também assolados pela crise de valores e crenças da humanidade, igualmente tiveram poucas condições para absorver os desafios impostos por esta nova realidade. Como decorrência, cada nação com suas peculiaridades culturais, encontraram um meio de lidar com essas realidades diferenciadas, criando modelos de estabelecimento de diálogo com as classes trabalhadoras:alguns encontrando na liberdade negociada uma saída para essa enigmática relação, fazendo renascer, por exemplo, a reafirmação de liberdades que haviam sido supostamente soterradas pelas iniciativas dos Estados. 
Os novos valores surgidos a partir desta realidade pós-moderna, evidentemente revelaram novos conceitos, não menos subjugadores do direito dos trabalhadores, já que se mantiveram o dualismo clássico entre capital e trabalho, impossível de ser superado dentro da lógica capitalista. 
Juridicamente este debate se estabelece de maneira incisiva, principalmente quando se tem em mente que o Direito do Trabalho é um ramo que expressa essa complexa realidade, ainda e talvez nunca pacificada, o que exige dele uma maior adaptabilidade às discrepantes realidades do trabalho, pela extrema dependência aos dispositivos legais, aos objetivos estatais assim como à tutela dos trabalhadores. 
A sociedade desvela contemporaneamente uma crise cujo maior custo do Estado é a real dimensão dos impactos de tal realidade para o mundo do trabalho principalmente para a integridade da imagem do judiciário bem como no custo para se manter todo o aparato jurídico, eficaz e diligente, na solução dos conflitos oriundos de tais relações trabalhistas. 
Ives Gandra apud Ney Prado (2001, p. 233) ensina que: 
(...) a partir da realidade nacional e mundial hoje a máquina está substituindo o homem. E essa realidade da máquina substitutiva do homem leva necessariamente a um direito que tem sido alterado em função de novas necessidades. (...) Vale dizer, direitos colocados acima as possibilidades da sociedade suporta-los, acrescidos da dívida de guerra, a hiperinflação, só diminuiu em 1923. Parece-me, pois, que tentar regular os fatos, desconhecendo-os, não é forma de afastar fatalidade. No Brasil, colocamos na Constituição a regulação de fatos que não era fatos, e estamos vivendo a fatalidade do desemprego e da ingovernabilidade no país. E é interessante notar que o problema de desemprego é mundial. O grupo dos 7 se reúne anualmente de desde 1985 estão incluindo na pauta a questão do desemprego. Os paises da União Européia já não têm mais como suportar o estado de bem-estar social. Se analisarmos a situação orçamentária da Espanha, Itália e França, veremos que há sinais de que amargarão um possível descompasso, segundo economistas (...). Grifo nosso. 
A Emenda Constitucional n°45 de 2004 trouxe como inciso LXXVIII do artigo 5° da Constituição Federal[footnoteRef:6] o princípio da efetividade levando a crer que o bom Direito ou o Direito mais adequado é aquele que além de prestar o serviço jurisdicional pleiteado pela parte o faz de maneira célere, com o menor custo para o Estado e para o cidadão e de modo a fazer valer as regras do ordenamento, no sentido de que as soluções encontradas sejam e atendam aos anseios da sociedade, concretizando o valor justiça, dirimindo verdadeiramente os conflitos instalados. [6: Constituição Federal de 1988 - Art. 5º - inciso LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. .] 
Outra vertente que se faz interessante abordar diz respeito à nova ordem nacional que, superados os tempos da ditadura militar e os ciclos populistas, inaugurado por Vargas, encontra na prática democrática inaugurada pela Constituição de 1988, certa estabilidade, muito embora ainda falte bastante para que valores verdadeiramente democráticos sejam arraigados no seio da sociedade brasileira. 
Ao que tudo indica, as políticas que culminaram na “Reforma Trabalhista” (Lei 13.467/2017) têm funcionado como apaziguadoras dos conflitos através do qual se vê uma atenuação do enfrentamento entre capital e trabalho, que atualmente parece ceder lugar a uma reconciliação que ao mesmo tempo invoca a participação da massa trabalhadora, através dos sindicatos (também fragilizados), paradoxalmente a impede de acessar uma postura mais crítica e mais participativa da realidade laboral. 
Assiste-se a uma mudança de perspectiva que deixa de lado as preocupações com o homem trabalhador para voltar à atenção a uma preocupação com o emprego. Com isso os objetivos do país passam pelo distanciamento do Estado de atribuições que talvez deveriam ser mais intervencionistas, mais incisivas, garantidoras da manutenção das instituições democráticas e dos valores que amparam, por exemplo, a classe trabalhadora. É na verdade a travessia e busca de superação do resultado de um enigmático processo que nasceu a partir da cisão entre produção e consumo, o que gerou uma sucessão de incidentes contraditórios entre abundância de oferta produtiva de alimentos versus a fome instalada nas comunidades produtoras; prosperidade de alguns em contraposição à miséria de outros; enfim, um contrassenso distintivo do sistema capitalista[footnoteRef:7]. [7: Neste sentido trata Ricardo Antunes (2005, p. 41) em O caracol e sua concha o que se segue como ideia complementar ao que aqui se aborda: “(...) a sociedade do consumo destrutivo e supérfluo, ao mesmo tempo em que cria necessidades múltiplas de consumo fetichizado e estranhado, impede que os verdadeiros produtores da riqueza social participem até mesmo do universo (restrito e manipulado) do consumo”.] 
2. MARIA DO ESPÍRITO SILVA SANTOS – SANTINHA E SUA HISTÓRIA no (SUB)MUNDO DA CONSTRUÇÃO DA DIGNIDADE PELO TRABALHO 
Maria do Espírito Silva Santos, que fazia questão de ser tratada por Maria Santinha, trabalhava desde os 10 anos, quando ajudava sua mãe na lida na casa de dona Tereza Sarmento de Saldanha Moraes, uma senhora da alta classe pernambucana. 
No cotidiano daquela grande casa, corriam por entre os corredores os netos de dona Tereza, que tinham a mesma idade que ela, mas que nunca iam ao fundo da casa, salvo pra pedir que sua mãe lhes preparasse alguma guloseima ou lhes atendessem algum querer. 
Aos poucos, Santinha foi entendendo que ela e as “crianças da casa”, como a eles se dirigia sua mãe, eram diferentes e realmente não tinham como gostar das mesmas brincadeiras, ou mesmo dispor do mesmo tempo para brincar, pois aquela precisava ajudar sua mãe, sob pena de chegarem em casa muito tarde, comprometendo o cuidado com seus três irmãos que ficavam sozinhos, pois também seu pai passava o dia trabalhando como catador de resíduos sólidos. 
Santinha, quando não estava ajudando à mãe, ajudava seu pai. Com muito esforço, conseguiu concluir o ensino secundário e, já com 20 anos, na flor da idade, buscou uma formação profissionalizante, pois muito lhe pedira sua mãe que não deixasse de estudar, para não acabar como ela e o pai. 
Iniciou seu curso de gastronomia em uma escola de profissionalização em nível técnico, obtendo oportunidade como trabalhadora aprendiz na Padaria Santo Pão, das 6h às 13h, de segunda a sexta, que ficava a 1 hora de sua casa, com direito a salário mínimo hora e anotação em sua CTPS, o que fez com que sua mãe ficasse muitíssimo feliz. 
A menina se dedicou muito ao seu trabalho como aprendiz, pois sonhava ser contratada como empregada efetiva logo que concluísse seu curso. Contudo, não foi o que aconteceu: ao completar 22 anos, a empresa a dispensou e ela ficou sem saber ao certo o que deveria fazer, pois, dentre outras situações, seu pai estava sem condições de trabalhar em virtude de estar depressivo e dependente de substâncias psicoativas. 
Dona Marinilde Santos, mãe de Santinha, continuava a trabalhar para dona Tereza, e pediu à patroa para passar uns dias em casa com o marido, pois afinal, apesar de receber em dia seus salários nos quase 20 anos que lá estava e de jamais ter tido anotada sua CTPS, nunca usufruíra férias. 
Dona Tereza disse que Marinilde deixasse para pedir essa folga somente em agosto, pois estava se iniciando o mês de julho e vários parentes estariam na cidade para aproveitarem o período de descanso, e ela não poderia ficar sem a sua essencial ajuda. 
Santinha, vendo a situação familiar, resolveu distribuir currículos, e conseguiu no Hotel Nobreza Local oportunidadecomo arrumadeira, firmando contrato de emprego intermitente, recebendo o valor de R$ 4,54 (quatro reais e cinquenta e quatro centavos) por hora/trabalho, desde que se comprometesse a trabalhar exclusivamente para o hotel e que, sempre que convocada, atenderia prontamente à convocação, o que concordou de imediato. 
Maria Santinha trabalhava em média 20 horas por semana, recebendo, mensalmente, a importância aproximada de R$ 363,20 (trezentos e sessenta e três reais e vinte centavos), o que lhe permitia cobrir os custos com transporte, pois sempre comia algo quando dava, no trabalho, e ajudava a mãe a adquirir a medicação para seu pai doente e auxiliava nas despesas de casa. 
A moça não tinha condições de conseguir outro trabalho, pois havia se comprometido a trabalhar de forma exclusiva para o Hotel, e usava o tempo que dispunha livre, para ajudar seus irmãos mais novos com as tarefas e a se preparar para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) a fim de tentar uma vaga em algum curso de nível superior: sonhava com o PROUNI. 
Ela sempre pensava: enquanto tivesse saúde, se esforçaria, trabalharia e ajudaria aos seus, pois em algum lugar havia visto que o mérito daqueles que vencem é agarrarem as oportunidades. E ela estava agarrada àquela oportunidade única no hotel, pois esperava ser efetivada como camareira, seu sonho de realidade no Brasil contemporâneo. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. 2ª. Ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2014.
ANTUNES, Ricardo. O caracol e sua concha. Ensaios sobre a nova morfologia do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2005.
ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho. Ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2006.
ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 1997b.
BENEVIDES, Manirina Gruska. Liberdade é escravidão: uma visão orwelliana das memórias do processo de informação institucional do Banco do Brasil (1984-2000). Fortaleza: LCR, 2002.
BOBBIO, Noberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
BOBBIO, Noberto. Elogio da Serenidade. São Paulo: Unesp, 2000.
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